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Livro Behavior Mod Capitulo 13

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1
 
 
 
 
13 
 
 
INSTALANDO UM COMPORTAMENTO DESEJADO 
ATRAVÉS DE CONDICIONAMENTO POR FUGA 
E ESQUIVA 
 
 
“Fernando, isso não é bom para sua saúde!” 
 
 
CURANDO A POSTURA ENCURVADA DE FERNANDO1 
 
 Fernando era um funcionário-modelo. Como assistente no Anna State Hospital, era trabalhador, pontual e querido 
pelos pacientes. Infelizmente, Fernando constantemente apresentava uma postura corporal encurvada ao trabalhar. À 
primeira vista, pode parecer que esse não era um problema sério. Mas funcionários com má postura representavam um modelo 
inadequado para os pacientes psiquiátricos do hospital. Para tais indivíduos, uma má postura muitas vezes desencoraja a 
aceitação social quando retornam à comunidade. Além disso, muitas autoridades médicas acreditam que boa postura beneficia 
a saúde. 
 Felizmente para Fernando, alguns psicólogos do hospital estavam realizando pesquisas sobre engenharia 
comportamental  a utilização de aparelhos para manejar contingências a fim de modificar comportamento. Fernando 
concordou em usar um aparelho, especialmente projetado para seus ombros, que mantinha um cordão elástico atravessado em 
suas costas. O cordão elástico conectava-se a um gerador de som e a um clicker. Quando Fernando usava camisa e blusão 
sobre o aparelho, este passava completamente desapercebido. 
 O aparelho funcionava da seguinte maneira: quando Fernando se encurvava, o cordão elástico se esticava, causando um 
clique. Três segundos depois, ocorria um som alto que continuava ativo até que Fernando corrigisse sua postura. Assim, 
quando Fernando mantinha uma boa postura, conseguia “fugir” do sinal sonoro. E, se continuasse a manter a boa postura, 
conseguia evitar totalmente esse sinal. Os resultados foram notáveis. Antes de usar o aparelho, Fernando ficava encurvado 
durante quase 60% do tempo. Mas, quando usava o aparelho, encurvava-se durante apenas 1% do tempo. Quando 
Fernando retirava o aparelho, sua postura piorava um pouco (até aproximadamente 11 por cento), mas a clara demonstração 
dos efeitos do aparelho dava-lhe a esperança de curar-se de seu hábito inadequado. 
 
 
CONDICIONAMENTO POR FUGA 
 
 Três princípios comportamentais foram usados no caso de Fernando: 
condicionamento por fuga, condicionamento por esquiva e punição. O princípio do 
condicionamento por fuga expressa que há certos estímulos cuja remoção, imediatamente 
após a ocorrência de uma resposta, aumentará a probabilidade de tal resposta. No 
procedimento de fuga usado com Fernando, a remoção do sinal sonoro, após a resposta de 
apresentar boa postura, aumentou a probabilidade de Fernando apresentar boa postura todas 
as vezes que o sinal fosse apresentado. 
O condicionamento por fuga é semelhante à punição aversiva, uma vez que ambos 
envolvem o uso de um estímulo aversivo (ou evento punitivo). Embora o condicionamento 
por fuga e a punição sejam semelhantes por esse motivo, diferem quanto ao procedimento, 
 
1 Este caso baseia-se em Azrin, Ruben, O’Brien, Ayllon e Roll (1968). 
 2
tanto em relação aos antecedentes, quanto às conseqüências do comportamento. Em relação 
aos antecedentes, no condicionamento por fuga, o estímulo aversivo (o som alto, no caso de 
Fernando) deve estar presente antes de uma resposta de fuga, enquanto que o estímulo 
aversivo não está presente antes de uma resposta que é punida. Em relação às conseqüências, 
no condicionamento por fuga, o estímulo aversivo é removido imediatamente após a resposta, 
enquanto que na punição o estímulo aversivo (ou evento punitivo) é apresentado 
imediatamente após a resposta. Em termos de resultados, com o procedimento de punição, a 
probabilidade de ocorrência da resposta-alvo se reduz, enquanto que, com o procedimento de 
condicionamento por fuga, a probabilidade de ocorrência da resposta-alvo aumenta. 
 Outro nome para condicionamento por fuga é reforçamento negativo (Skinner, 1953). O 
termo reforçamento indica que ele é análogo ao reforçamento positivo, uma vez que ambos 
fortalecem respostas. O termo negativo indica que o efeito fortalecedor ocorre porque a 
resposta leva à remoção (isto é, à retirada ou subtração) de um estímulo aversivo. 
O condicionamento por fuga é comum na vida diária. Na presença de uma luz forte, 
aprendemos a fugir da intensidade da luz fechando os olhos ou cobrindo as pálpebras com as 
mãos. Quando uma sala está muita fria, fugimos da baixa temperatura vestindo um 
agasalho(ver Figura 13-1). Quando está muito quente, fugimos do calor ligando um ventilador 
ou o ar condicionado. Se uma equipe de trabalhadores está consertando a rua em frente ao seu 
quarto, você pode fechar a janela para fugir do ruído. Outros exemplos de condicionamento 
por fuga são apresentados na Tabela 13-1. 
 
 
 Tabela 13-1 EXEMPLOS DE CONDICIONAMENTO POR FUGA 
Situação 
aversiva 
Respostas de fuga 
do indivíduo 
Remoção da 
situação aversiva 
Efeitos no 
longo prazo 
1. Uma criança vê um adulto com 
um saco de balas. A criança 
começa a berrar: “bala, bala, 
bala.” 
Para encerrar o berreiro, o adulto 
dá uma bala à criança. 
A criança pára de berrar. No futuro, o adulto tem maior 
probabilidade de ceder aos berros 
da criança, devido ao 
condicionamento por fuga (e a 
criança tem maior probabilidade 
de berrar quando vir um saco de 
balas, devido ao reforçamento 
positivo que consegue ao agir 
assim). 
2. Uma professora faz uma 
solicitação, a cada 30 segundos, 
para uma criança com 
desenvolvimento atípico. 
A criança começa a fazer birra. A professora dá à criança um 
“descanso” no programa de 
treinamento. 
A criança tem maior 
probabilidade de fazer birra 
quando receber solicitações 
freqüentes da professora. 
3. Foram colocados sapatos 
muito apertados numa criança 
que ainda não fala. 
A criança emite sons altos na 
presença de um adulto e aponta 
para os pés. 
O adulto remove os sapatos 
apertados (e talvez calce a criança 
com sapatos maiores). 
A criança tem maior 
probabilidade de emitir sons altos 
e de apontar para os pés 
doloridos (ou para outras áreas de 
dor) mais rapidamente em futuras 
situações similares. 
4. Um atleta tem uma sensação 
de dor nos lábios ao correr numa 
manhã com muito vento. 
O atleta passa manteiga de cacau 
nos lábios. 
A sensação de dor cessa. O corredor tem maior 
probabilidade de usar manteiga 
de cacau para aliviar a dor nos 
lábios. 
 
 
CONDICIONAMENTO POR ESQUIVA 
 
 O condicionamento por fuga tem como desvantagem o fato de o estímulo aversivo 
ter que estar presente para que ocorra a resposta desejada. No procedimento de fuga usado 
com Fernando, o sinal sonoro tocava antes de Fernando apresentar boa postura. Portanto, 
o condicionamento por fuga geralmente não é uma contingência final para manter 
comportamento; em vez disso, é um treino preparatório para o condicionamento por 
 3
esquiva. Assim, Fernando passou a ser controlado por condicionamento por esquiva, 
depois de ter apresentado comportamento de fuga. 
 O princípio de condicionamento por esquiva afirma que um comportamento 
aumentará em freqüência, caso evite a ocorrência de um estímulo aversivo. Durante o 
procedimento de esquiva usado com Fernando, a boa postura evitava a ocorrência do sinal 
sonoro. Note que tanto o condicionamento por fuga, como o condicionamento por 
esquiva envolve o uso de um estímulo aversivo. E a probabilidade de ocorrência de um 
comportamento é aumentada nos dois casos. No entanto, uma reposta de fuga remove um 
estímulo aversivo que já foi apresentado, enquanto uma resposta de esquiva evita 
totalmente a ocorrência de um estímulo aversivo. 
 O click do aparelho, quando Fernando se encurvava, era um estímulo de aviso 
(também chamado de estímulo aversivo condicionado): sinalizava a ocorrência do sinal sonoro 
três segundos depois. Fernandoaprendeu rapidamente a apresentar boa postura, diante do 
som do clicker, a fim de evitar o evento punitivo final, o som aversivo. Tal tipo de 
condicionamento por esquiva, que inclui um sinal de aviso que permite que o indivíduo 
discrimine um estímulo aversivo subseqüente, é chamado de condicionamento por esquiva 
sinalizada. 
 
 
 
 
Figura 13-1 Agasalhar-se bem no inverno é um comportamento fortalecido por condicionamento 
por fuga. 
 
 
 Como o som do click se tornou um evento punitivo condicionado (através de 
pareamento com o evento punitivo subseqüente), o procedimento usado com Fernando 
incluía também um componente de punição. Caso Fernando apresentasse má postura, 
então ocorreria o som de um click, um evento punitivo condicionado. Assim, quando 
Fernando começou a usar o aparelho, a boa postura foi fortalecida através de 
condicionamento por fuga e foi mantida através de condicionamento por esquiva; e a má 
 
Anotação 1 
 4
postura era imediatamente punida. Não é de admirar que os resultados tenham sido tão 
convincentes. 
O condicionamento por esquiva também é comum na vida diária. Em muitas salas 
de aula, infelizmente, as crianças aprendem a dar as respostas corretas principalmente para 
se esquivar da ridiculização e de notas baixas. Nosso sistema legal baseia-se em grande 
parte no condicionamento por esquiva. Pagamos nossos impostos para nos esquivarmos de 
sermos presos. Colocamos moedas nos parquímetros para nos esquivarmos de uma multa. 
Pagamos nossas multas de trânsito para nos esquivarmos de uma intimação judicial. Outros 
exemplos de condicionamento por esquiva são apresentados na Tabela 13-2. 
 Teóricos comportamentais têm debatido sobre a explicação para as respostas de 
esquiva. O aumento de respostas positivamente reforçadas e de respostas de fuga, assim 
como a redução de respostas punidas, são explicados por suas conseqüências imediatas. No 
entanto, a conseqüência de uma resposta de esquiva é a não ocorrência de um estímulo. 
Como a não ocorrência de alguma coisa pode ser causa de comportamento? Uma vez que 
teóricos tendem a não gostar de tais paradoxos, os teóricos comportamentais fizeram-se a 
seguinte pergunta: será que existem conseqüências (estímulos) imediatas, que talvez passem 
desapercebidas para o observador casual, mas que, ainda assim, mantêm as respostas de 
esquiva? 
 
 
 Tabela 13-2 EXEMPLOS DE CONDICIONAMENTO POR ESQUIVA 
Situação Estímulo de aviso Resposta de esquiva Conseqüências 
imediatas 
Conseqüências 
aversivas evitadas 
 
1.. Você está caminhando 
pelo corredor de um 
shopping. 
Você nota uma pessoa de 
quem não gosta saindo de 
uma loja mais à frente. 
Você imediatamente entra 
na loja mais próxima. 
Você não vê mais a 
pessoa de quem não 
gosta. 
Você evita um encontro 
desagradável. 
2.. Uma criança, 
brincando no jardim, fica 
ansiosa ao ver o cachorro 
de seu vizinho (tal 
cachorro, anteriormente, 
já havia assustado a 
criança com seus latidos). 
A criança se sente ansiosa. A criança entra em sua 
casa. 
A criança sente-se menos 
ansiosa. 
A criança evita ouvir os 
latidos. 
3. Um dos autores deste 
livro está prestes a deixar 
o escritório para ir para 
casa. 
Ele lembra-se de que seu 
filho está treinando 
bateria em casa. 
Ele telefona para casa 
para pedir ao filho que 
interrompa o ensaio. 
Cessam os pensamentos 
sobre encontrar o barulho 
da bateria. 
Ele evita o som 
extremamente alto da 
bateria ao chegar em casa. 
 
 
Parece haver várias possibilidades. Uma possibilidade, no condicionamento por 
esquiva discriminada, é que a resposta de esquiva é fortalecida porque põe fim, 
imediatamente, ao estímulo de aviso. Por exemplo: no caso de Fernando, o sinal sonoro era 
o estímulo aversivo subseqüente. Como o click foi pareado com o sinal sonoro, o click 
tornou-se um estímulo aversivo. Quando Fernando mantinha uma boa postura na presença 
do click, o resultado imediato era que tal ruído cessava. Apesar de a boa postura de 
Fernando ser uma resposta de esquiva em relação ao sinal sonoro, podemos considerá-la 
como uma resposta de fuga em relação ao click. Tal tipo de explicação poderia explicar o 
primeiro exemplo de condicionamento por esquiva da Tabela 13-2. 
Uma outra explicação possível para o condicionamento por esquiva, em alguns 
casos, é ilustrada através do segundo exemplo da Tabela 13-2. A visão do cachorro fazia a 
criança sentir-se ansiosa. Imediatamente após a resposta de esquiva, ela se sentia menos 
ansiosa. A possibilidade de que respostas de esquiva ocorram porque permitem que nos 
livremos da ansiedade é discutida em mais detalhes no Capítulo 15. 
 5
Mas como explicamos a resposta de esquiva no terceiro exemplo da Tabela 13-2? É 
possível que pensamentos sobre ouvir o filho tocando bateria fossem aversivos, e tais 
pensamentos cessaram depois do telefonema. (Ou talvez a explicação envolva 
comportamento governado por regras, discutido no Capítulo 17.) Embora tais explicações 
sejam plausíveis, são claramente especulativas. Fica fácil perceber por que os modificadores 
de comportamento sentem-se intrigados sobre como explicar as respostas de esquiva em 
termos da identificação de conseqüências imediatas. 
 
 
CILADAS DO CONDICIONAMENTO POR FUGA E ESQUIVA 
 
 Há muitas maneiras de pessoas aplicarem condicionamento por fuga e esquiva, sem 
o saber e, como resultado disso, comportamentos indesejados são fortalecidos. Por 
exemplo: numerosos estudos demonstraram que professores de pessoas com 
desenvolvimento atípico muitas vezes mantêm, sem o saber, comportamentos-problema de 
tais pessoas através de condicionamento de fuga. Tal fato é ilustrado pelo Exemplo 2 da 
Tabela 13-1 (e demonstrado por Lalli et al., 1999). Comportamentos-problema emitidos por 
pessoas com desenvolvimento atípico freqüentemente lhes permitem fugir de situações de 
ensino, de situações de trabalho e da realização de tarefas domésticas. Observações de 
interações familiares feitas por Snyder, Schrepferman e St. Peter (1997) indicaram que pais 
de crianças rotuladas como anti-sociais freqüentemente fortaleciam o comportamento 
agressivo de seus filhos, ao cederem ou darem-se por vencidos quando ocorria o 
comportamento agressivo. Os pais podem instalar, inadvertidamente, comportamento 
verbal inadequado com um filho que promete desesperadamente: “Vou ser bonzinho; não 
vou mais fazer isso”, para fugir ou esquivar-se de punição por alguma infração da 
autoridade dos pais. Quando tais súplicas são bem sucedidas, o comportamento de suplicar 
é fortalecido e, assim, sua freqüência aumenta sob circunstâncias similares, mas o 
comportamento indesejado que os pais pretendiam reduzir pode ter sido pouco ou nada 
afetado. Comportamento verbal que tem pouca relação com a realidade pode ser 
aumentado, enquanto que a resposta-alvo indesejada talvez mantenha sua força. 
 Outro exemplo pode ser visto, às vezes, quando prisioneiros aprendem a emitir as 
afirmações verbais “corretas” para obter a liberdade condicional. Os comitês de liberdade 
condicional muitas vezes têm dificuldade para determinar que foi apenas o comportamento 
verbal dos prisioneiros que se modificou, não seus comportamentos anti-sociais (p.ex.: 
assaltos, destruição de propriedade alheia). Justificativas, confissões e o “olhar culpado” 
característico dos transgressores, em todas as posições sociais, podem ser atribuídos a 
contingências semelhantes. Mentir ou adulterar os fatos é uma forma de esquivar-se da 
punição, caso a pessoa consiga ficar impune. (Outros exemplos de comportamento 
indesejado mantido por condicionamento por fuga são apresentados no Capítulo 22). 
 Uma segunda cilada da fuga e da esquiva é o estabelecimento acidental de estímulos 
aversivos condicionados, aos quais um indivíduo passa a responder de forma a fugir ou 
esquivar-se dos mesmos. Por exemplo:se um treinador berra, critica e ridiculariza os 
atletas, estes podem apresentar uma melhora no desempenho esportivo, principalmente 
para fugir ou esquivar-se da ira do treinador, mas têm probabilidade, também, de evitar o 
próprio treinador ( que se tornou um estímulo aversivo condicionado), fora do ambiente de 
treinamento. E, caso as táticas de treinamento se tornem excessivamente aversivas, alguns 
atletas podem abandonar o esporte completamente. Como outro exemplo, alguns 
professores, através do uso excessivo da punição, transformam a si próprios, assim como 
às salas de aula e aos materiais de aprendizagem, em estímulos aversivos condicionados. 
Com grande freqüência, tal situação produz indivíduos que evitam professores, escolas e 
 6
livros e que, por isso, não se desenvolvem academicamente. Certamente, essa é uma 
conseqüência muito infeliz do condicionamento por fuga e esquiva. 
Uma última cilada do condicionamento por fuga é que, em muitas situações, ele 
mantém comportamentos indesejados de professores e de outros cuidadores. Isso pode ser 
visto facilmente no primeiro exemplo da Tabela 13-1. 
 
 
DIRETRIZES PARA APLICAÇÃO EFICAZ DO 
CONDICIONAMENTO POR FUGA E ESQUIVA 
 
 As seguintes regras devem ser observadas por qualquer pessoa que aplique 
condicionamento por fuga e esquiva: 
 
1. Caso haja possibilidade de escolha entre manter comportamento com um 
procedimento de fuga ou de esquiva, deve ser dada preferência a este último. Há duas 
razões para isso. Primeiro: no condicionamento por fuga o estímulo aversivo deve 
estar presente antes da resposta-alvo, enquanto que no condicionamento por esquiva o 
estímulo aversivo ocorre apenas quando a resposta-alvo deixa de ocorrer. Em segundo 
lugar, no condicionamento por fuga, a resposta-alvo não ocorre quando o estímulo 
aversivo associado não está presente, enquanto que no condicionamento por esquiva a 
freqüência da resposta se reduz muito lentamente quando houver a possibilidade de o 
estímulo aversivo associado não mais ocorrer. 
 
2. O comportamento-alvo deve ser instalado através de condicionamento por fuga antes 
de ser colocado sob um procedimento de esquiva. No exemplo do início deste 
capítulo, Fernando aprendeu a fugir do ruído alto antes de aprender a se esquivar do 
mesmo. 
 
 
3. Durante o condicionamento por esquiva, um estímulo de aviso deve sinalizar o 
estímulo aversivo iminente. Isso intensifica o condicionamento ao fornecer um sinal 
de que a não emissão da resposta resultará em estimulação aversiva. Um exemplo 
disso no ambiente natural é a palavra INFRAÇÃO impressa no parquímetro, que 
indica que o motorista pode receber uma multa caso não coloque uma moeda no 
aparelho. O clicker tinha função semelhante para Fernando, indicando que o sinal 
sonoro ocorreria três segundos mais tarde, a menos que ele apresentasse uma boa 
postura. E, caso Fernando apresentasse boa postura durante os três segundos, se 
esquivaria do sinal sonoro. (De maneira similar, colocar uma moeda no parquímetro 
remove o sinal de INFRAÇÃO e evita uma multa.) 
 
4. O condicionamento por fuga e esquiva, como a punição, deve ser usado 
cautelosamente. Como tais procedimentos envolvem estímulos aversivos, podem 
resultar em efeitos colaterais prejudiciais, tais como agressão, medo e uma tendência a 
fugir ou a se esquivar de qualquer pessoa ou objeto associado com o procedimento. 
 
 
5. Reforçamento positivo da resposta-alvo deve ser usado junto com o condicionamento 
por fuga e esquiva. Isso ajudará a fortalecer o comportamento desejado e também 
tenderá a neutralizar os efeitos colaterais indesejados mencionados. O procedimento 
usado com Fernando provavelmente teria funcionado até melhor, caso fosse 
 7
acrescentado a ele o reforçamento positivo para a boa postura. (Isso não foi feito 
porque os pesquisadores estavam interessados apenas no procedimento de fuga e 
esquiva.) 
 
6. Assim como ocorre com todos os procedimentos descritos neste livro, a pessoa 
envolvida deve ser avisada — da maneira que melhor compreender — sobre as 
contingências em operação. No entanto, também como acontece com todos os 
procedimentos, as instruções não são necessárias para que o condicionamento por 
fuga e esquiva funcione. 
 
 
QUESTÕES PARA ESTUDO 
 
1. Defina condicionamento por fuga e dê um exemplo não extraído do livro. 
2. Em que o condicionamento por fuga é semelhante à punição? Quanto ao 
procedimento, quais as duas diferenças entre eles? No que diferem seus efeitos? 
3. Em relação ao procedimento, quais as duas diferenças entre condicionamento por 
fuga e reforçamento positivo? Em que os seus efeitos são semelhantes? 
4. Em relação ao procedimento, quais as duas diferenças entre condicionamento por 
fuga e condicionamento por esquiva? 
5. Em que os reforçadores positivos condicionados e os eventos punitivos 
condicionados são semelhantes e em que diferem? 
6. Cite outro nome para estímulo de aviso. 
7. Descreva dois exemplos de condicionamento por fuga na vida cotidiana. 
8. Descreva dois exemplos de condicionamento por esquiva na vida cotidiana. 
9. Em que um estímulo de aviso se parece com um SD? Em que diferem? 
10. Em que um estímulo de aviso difere de um SDp (Capítulo 12)? 
11. Explique, com um exemplo seu, por que muitas vezes as pessoas reforçam o 
comportamento indesejado de outros indivíduos. (Dica: veja o primeiro exemplo da 
Tabela 13-1.) Identifique com clareza os princípios comportamentais envolvidos. 
12. Explique como o condicionamento por fuga pode manter o comportamento de um 
adulto de responder inadequadamente ao retraimento social extremo de uma criança. 
13. Descreva três tipos de conseqüências imediatas que podem manter respostas de 
esquiva. 
14. Descreva brevemente três exemplos de como os princípios do condicionamento por 
fuga e por esquiva podem funcionar de maneira contrária aos objetivos daqueles que 
não os conhecem. 
 
 
EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO 
 
A. Exercício Envolvendo Terceiros 
Comportamento de esquiva bem sucedido significa que um indivíduo foi 
condicionado a responder (provavelmente diante de um sinal de aviso) de forma a 
evitar a ocorrência de um estímulo aversivo associado. Isso significa que o 
comportamento de esquiva pode persistir mesmo que (por quaisquer razões) o 
ambiente tenha se modificado, de maneira que o estímulo aversivo associado não 
será mais apresentado, independentemente do comportamento do indivíduo. 
Descreva um exemplo que você tenha observado em alguém que não você mesmo e 
que ilustre tal efeito. 
 8
 
 
B. Exercício de Auto-Modificação 
Monte um quadro semelhante à Tabela 13-1, apresentando cinco exemplos de 
condicionamento de fuga que tenham influenciado seu comportamento. Para cada 
exemplo, apresente: a situação aversiva, as respostas de fuga, a remoção do estímulo 
aversivo e os prováveis efeitos de longo termo sobre a resposta de fuga. 
 
 
ANOTAÇÃO E DISCUSSÃO ADICIONAL 
 
1. Nem todos os tipos de condicionamento por esquiva envolvem um sinal de aviso. Um dos tipos em que tal 
sinal não ocorre é conhecido como esquiva de Sidman (devido a Murray Sidman, que pesquisou amplamente tal 
tipo de esquiva em organismos inferiores; p. ex., Sidman, 1953). Num experimento típico de condicionamento 
por esquiva de Sidman com um rato de laboratório, um choque elétrico breve é apresentado a cada 30 segundos, 
sem um estímulo de aviso prévio. Caso o rato emita determinada resposta, o choque será adiado por 30 segundos. 
Sob tais condições, o rato aprenderá a emitir a resposta adequada de esquiva, de maneira regular, e estará 
relativamente livre do choque. Esse tipo de esquiva é chamado também de esquiva não-discriminada, não-
sinalizada ou de operante livre. A esquiva de Sidman foi demonstrada com seres humanos (Hefferline, Keenan e 
Harford, 1959) e parece estar subjacente em algunsexemplos diários de comportamentos de evitação. Considere, 
por exemplo, que, quando as estradas estão enlameadas, os motoristas usam muito mais líquido limpador de pára-
brisas. Para não ficar sem o líquido, a maioria enche o reservatório regularmente, mesmo que muitos carros não 
tenham qualquer estímulo de aviso de que tal reservatório (escondido sob o capô) está quase vazio. (No entanto, 
no Capítulo 17, você verá que tal tipo de exemplo também pode ser explicado como comportamento governado 
por regras.) 
 
 
Questões para Estudo sobre a Anotação 
 
1. O que é condicionamento por esquiva de Sidman? 
2. Explique por que o comportamento de passar filtro solar ou repelente de insetos é um exemplo de esquiva de 
Sidman. Dê outro exemplo da vida cotidiana. (Dica: Alguns aplicativos comuns de computador têm timers que se 
encaixam à definição de condicionamento por esquiva de Sidman.)

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