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1 13 INSTALANDO UM COMPORTAMENTO DESEJADO ATRAVÉS DE CONDICIONAMENTO POR FUGA E ESQUIVA “Fernando, isso não é bom para sua saúde!” CURANDO A POSTURA ENCURVADA DE FERNANDO1 Fernando era um funcionário-modelo. Como assistente no Anna State Hospital, era trabalhador, pontual e querido pelos pacientes. Infelizmente, Fernando constantemente apresentava uma postura corporal encurvada ao trabalhar. À primeira vista, pode parecer que esse não era um problema sério. Mas funcionários com má postura representavam um modelo inadequado para os pacientes psiquiátricos do hospital. Para tais indivíduos, uma má postura muitas vezes desencoraja a aceitação social quando retornam à comunidade. Além disso, muitas autoridades médicas acreditam que boa postura beneficia a saúde. Felizmente para Fernando, alguns psicólogos do hospital estavam realizando pesquisas sobre engenharia comportamental a utilização de aparelhos para manejar contingências a fim de modificar comportamento. Fernando concordou em usar um aparelho, especialmente projetado para seus ombros, que mantinha um cordão elástico atravessado em suas costas. O cordão elástico conectava-se a um gerador de som e a um clicker. Quando Fernando usava camisa e blusão sobre o aparelho, este passava completamente desapercebido. O aparelho funcionava da seguinte maneira: quando Fernando se encurvava, o cordão elástico se esticava, causando um clique. Três segundos depois, ocorria um som alto que continuava ativo até que Fernando corrigisse sua postura. Assim, quando Fernando mantinha uma boa postura, conseguia “fugir” do sinal sonoro. E, se continuasse a manter a boa postura, conseguia evitar totalmente esse sinal. Os resultados foram notáveis. Antes de usar o aparelho, Fernando ficava encurvado durante quase 60% do tempo. Mas, quando usava o aparelho, encurvava-se durante apenas 1% do tempo. Quando Fernando retirava o aparelho, sua postura piorava um pouco (até aproximadamente 11 por cento), mas a clara demonstração dos efeitos do aparelho dava-lhe a esperança de curar-se de seu hábito inadequado. CONDICIONAMENTO POR FUGA Três princípios comportamentais foram usados no caso de Fernando: condicionamento por fuga, condicionamento por esquiva e punição. O princípio do condicionamento por fuga expressa que há certos estímulos cuja remoção, imediatamente após a ocorrência de uma resposta, aumentará a probabilidade de tal resposta. No procedimento de fuga usado com Fernando, a remoção do sinal sonoro, após a resposta de apresentar boa postura, aumentou a probabilidade de Fernando apresentar boa postura todas as vezes que o sinal fosse apresentado. O condicionamento por fuga é semelhante à punição aversiva, uma vez que ambos envolvem o uso de um estímulo aversivo (ou evento punitivo). Embora o condicionamento por fuga e a punição sejam semelhantes por esse motivo, diferem quanto ao procedimento, 1 Este caso baseia-se em Azrin, Ruben, O’Brien, Ayllon e Roll (1968). 2 tanto em relação aos antecedentes, quanto às conseqüências do comportamento. Em relação aos antecedentes, no condicionamento por fuga, o estímulo aversivo (o som alto, no caso de Fernando) deve estar presente antes de uma resposta de fuga, enquanto que o estímulo aversivo não está presente antes de uma resposta que é punida. Em relação às conseqüências, no condicionamento por fuga, o estímulo aversivo é removido imediatamente após a resposta, enquanto que na punição o estímulo aversivo (ou evento punitivo) é apresentado imediatamente após a resposta. Em termos de resultados, com o procedimento de punição, a probabilidade de ocorrência da resposta-alvo se reduz, enquanto que, com o procedimento de condicionamento por fuga, a probabilidade de ocorrência da resposta-alvo aumenta. Outro nome para condicionamento por fuga é reforçamento negativo (Skinner, 1953). O termo reforçamento indica que ele é análogo ao reforçamento positivo, uma vez que ambos fortalecem respostas. O termo negativo indica que o efeito fortalecedor ocorre porque a resposta leva à remoção (isto é, à retirada ou subtração) de um estímulo aversivo. O condicionamento por fuga é comum na vida diária. Na presença de uma luz forte, aprendemos a fugir da intensidade da luz fechando os olhos ou cobrindo as pálpebras com as mãos. Quando uma sala está muita fria, fugimos da baixa temperatura vestindo um agasalho(ver Figura 13-1). Quando está muito quente, fugimos do calor ligando um ventilador ou o ar condicionado. Se uma equipe de trabalhadores está consertando a rua em frente ao seu quarto, você pode fechar a janela para fugir do ruído. Outros exemplos de condicionamento por fuga são apresentados na Tabela 13-1. Tabela 13-1 EXEMPLOS DE CONDICIONAMENTO POR FUGA Situação aversiva Respostas de fuga do indivíduo Remoção da situação aversiva Efeitos no longo prazo 1. Uma criança vê um adulto com um saco de balas. A criança começa a berrar: “bala, bala, bala.” Para encerrar o berreiro, o adulto dá uma bala à criança. A criança pára de berrar. No futuro, o adulto tem maior probabilidade de ceder aos berros da criança, devido ao condicionamento por fuga (e a criança tem maior probabilidade de berrar quando vir um saco de balas, devido ao reforçamento positivo que consegue ao agir assim). 2. Uma professora faz uma solicitação, a cada 30 segundos, para uma criança com desenvolvimento atípico. A criança começa a fazer birra. A professora dá à criança um “descanso” no programa de treinamento. A criança tem maior probabilidade de fazer birra quando receber solicitações freqüentes da professora. 3. Foram colocados sapatos muito apertados numa criança que ainda não fala. A criança emite sons altos na presença de um adulto e aponta para os pés. O adulto remove os sapatos apertados (e talvez calce a criança com sapatos maiores). A criança tem maior probabilidade de emitir sons altos e de apontar para os pés doloridos (ou para outras áreas de dor) mais rapidamente em futuras situações similares. 4. Um atleta tem uma sensação de dor nos lábios ao correr numa manhã com muito vento. O atleta passa manteiga de cacau nos lábios. A sensação de dor cessa. O corredor tem maior probabilidade de usar manteiga de cacau para aliviar a dor nos lábios. CONDICIONAMENTO POR ESQUIVA O condicionamento por fuga tem como desvantagem o fato de o estímulo aversivo ter que estar presente para que ocorra a resposta desejada. No procedimento de fuga usado com Fernando, o sinal sonoro tocava antes de Fernando apresentar boa postura. Portanto, o condicionamento por fuga geralmente não é uma contingência final para manter comportamento; em vez disso, é um treino preparatório para o condicionamento por 3 esquiva. Assim, Fernando passou a ser controlado por condicionamento por esquiva, depois de ter apresentado comportamento de fuga. O princípio de condicionamento por esquiva afirma que um comportamento aumentará em freqüência, caso evite a ocorrência de um estímulo aversivo. Durante o procedimento de esquiva usado com Fernando, a boa postura evitava a ocorrência do sinal sonoro. Note que tanto o condicionamento por fuga, como o condicionamento por esquiva envolve o uso de um estímulo aversivo. E a probabilidade de ocorrência de um comportamento é aumentada nos dois casos. No entanto, uma reposta de fuga remove um estímulo aversivo que já foi apresentado, enquanto uma resposta de esquiva evita totalmente a ocorrência de um estímulo aversivo. O click do aparelho, quando Fernando se encurvava, era um estímulo de aviso (também chamado de estímulo aversivo condicionado): sinalizava a ocorrência do sinal sonoro três segundos depois. Fernandoaprendeu rapidamente a apresentar boa postura, diante do som do clicker, a fim de evitar o evento punitivo final, o som aversivo. Tal tipo de condicionamento por esquiva, que inclui um sinal de aviso que permite que o indivíduo discrimine um estímulo aversivo subseqüente, é chamado de condicionamento por esquiva sinalizada. Figura 13-1 Agasalhar-se bem no inverno é um comportamento fortalecido por condicionamento por fuga. Como o som do click se tornou um evento punitivo condicionado (através de pareamento com o evento punitivo subseqüente), o procedimento usado com Fernando incluía também um componente de punição. Caso Fernando apresentasse má postura, então ocorreria o som de um click, um evento punitivo condicionado. Assim, quando Fernando começou a usar o aparelho, a boa postura foi fortalecida através de condicionamento por fuga e foi mantida através de condicionamento por esquiva; e a má Anotação 1 4 postura era imediatamente punida. Não é de admirar que os resultados tenham sido tão convincentes. O condicionamento por esquiva também é comum na vida diária. Em muitas salas de aula, infelizmente, as crianças aprendem a dar as respostas corretas principalmente para se esquivar da ridiculização e de notas baixas. Nosso sistema legal baseia-se em grande parte no condicionamento por esquiva. Pagamos nossos impostos para nos esquivarmos de sermos presos. Colocamos moedas nos parquímetros para nos esquivarmos de uma multa. Pagamos nossas multas de trânsito para nos esquivarmos de uma intimação judicial. Outros exemplos de condicionamento por esquiva são apresentados na Tabela 13-2. Teóricos comportamentais têm debatido sobre a explicação para as respostas de esquiva. O aumento de respostas positivamente reforçadas e de respostas de fuga, assim como a redução de respostas punidas, são explicados por suas conseqüências imediatas. No entanto, a conseqüência de uma resposta de esquiva é a não ocorrência de um estímulo. Como a não ocorrência de alguma coisa pode ser causa de comportamento? Uma vez que teóricos tendem a não gostar de tais paradoxos, os teóricos comportamentais fizeram-se a seguinte pergunta: será que existem conseqüências (estímulos) imediatas, que talvez passem desapercebidas para o observador casual, mas que, ainda assim, mantêm as respostas de esquiva? Tabela 13-2 EXEMPLOS DE CONDICIONAMENTO POR ESQUIVA Situação Estímulo de aviso Resposta de esquiva Conseqüências imediatas Conseqüências aversivas evitadas 1.. Você está caminhando pelo corredor de um shopping. Você nota uma pessoa de quem não gosta saindo de uma loja mais à frente. Você imediatamente entra na loja mais próxima. Você não vê mais a pessoa de quem não gosta. Você evita um encontro desagradável. 2.. Uma criança, brincando no jardim, fica ansiosa ao ver o cachorro de seu vizinho (tal cachorro, anteriormente, já havia assustado a criança com seus latidos). A criança se sente ansiosa. A criança entra em sua casa. A criança sente-se menos ansiosa. A criança evita ouvir os latidos. 3. Um dos autores deste livro está prestes a deixar o escritório para ir para casa. Ele lembra-se de que seu filho está treinando bateria em casa. Ele telefona para casa para pedir ao filho que interrompa o ensaio. Cessam os pensamentos sobre encontrar o barulho da bateria. Ele evita o som extremamente alto da bateria ao chegar em casa. Parece haver várias possibilidades. Uma possibilidade, no condicionamento por esquiva discriminada, é que a resposta de esquiva é fortalecida porque põe fim, imediatamente, ao estímulo de aviso. Por exemplo: no caso de Fernando, o sinal sonoro era o estímulo aversivo subseqüente. Como o click foi pareado com o sinal sonoro, o click tornou-se um estímulo aversivo. Quando Fernando mantinha uma boa postura na presença do click, o resultado imediato era que tal ruído cessava. Apesar de a boa postura de Fernando ser uma resposta de esquiva em relação ao sinal sonoro, podemos considerá-la como uma resposta de fuga em relação ao click. Tal tipo de explicação poderia explicar o primeiro exemplo de condicionamento por esquiva da Tabela 13-2. Uma outra explicação possível para o condicionamento por esquiva, em alguns casos, é ilustrada através do segundo exemplo da Tabela 13-2. A visão do cachorro fazia a criança sentir-se ansiosa. Imediatamente após a resposta de esquiva, ela se sentia menos ansiosa. A possibilidade de que respostas de esquiva ocorram porque permitem que nos livremos da ansiedade é discutida em mais detalhes no Capítulo 15. 5 Mas como explicamos a resposta de esquiva no terceiro exemplo da Tabela 13-2? É possível que pensamentos sobre ouvir o filho tocando bateria fossem aversivos, e tais pensamentos cessaram depois do telefonema. (Ou talvez a explicação envolva comportamento governado por regras, discutido no Capítulo 17.) Embora tais explicações sejam plausíveis, são claramente especulativas. Fica fácil perceber por que os modificadores de comportamento sentem-se intrigados sobre como explicar as respostas de esquiva em termos da identificação de conseqüências imediatas. CILADAS DO CONDICIONAMENTO POR FUGA E ESQUIVA Há muitas maneiras de pessoas aplicarem condicionamento por fuga e esquiva, sem o saber e, como resultado disso, comportamentos indesejados são fortalecidos. Por exemplo: numerosos estudos demonstraram que professores de pessoas com desenvolvimento atípico muitas vezes mantêm, sem o saber, comportamentos-problema de tais pessoas através de condicionamento de fuga. Tal fato é ilustrado pelo Exemplo 2 da Tabela 13-1 (e demonstrado por Lalli et al., 1999). Comportamentos-problema emitidos por pessoas com desenvolvimento atípico freqüentemente lhes permitem fugir de situações de ensino, de situações de trabalho e da realização de tarefas domésticas. Observações de interações familiares feitas por Snyder, Schrepferman e St. Peter (1997) indicaram que pais de crianças rotuladas como anti-sociais freqüentemente fortaleciam o comportamento agressivo de seus filhos, ao cederem ou darem-se por vencidos quando ocorria o comportamento agressivo. Os pais podem instalar, inadvertidamente, comportamento verbal inadequado com um filho que promete desesperadamente: “Vou ser bonzinho; não vou mais fazer isso”, para fugir ou esquivar-se de punição por alguma infração da autoridade dos pais. Quando tais súplicas são bem sucedidas, o comportamento de suplicar é fortalecido e, assim, sua freqüência aumenta sob circunstâncias similares, mas o comportamento indesejado que os pais pretendiam reduzir pode ter sido pouco ou nada afetado. Comportamento verbal que tem pouca relação com a realidade pode ser aumentado, enquanto que a resposta-alvo indesejada talvez mantenha sua força. Outro exemplo pode ser visto, às vezes, quando prisioneiros aprendem a emitir as afirmações verbais “corretas” para obter a liberdade condicional. Os comitês de liberdade condicional muitas vezes têm dificuldade para determinar que foi apenas o comportamento verbal dos prisioneiros que se modificou, não seus comportamentos anti-sociais (p.ex.: assaltos, destruição de propriedade alheia). Justificativas, confissões e o “olhar culpado” característico dos transgressores, em todas as posições sociais, podem ser atribuídos a contingências semelhantes. Mentir ou adulterar os fatos é uma forma de esquivar-se da punição, caso a pessoa consiga ficar impune. (Outros exemplos de comportamento indesejado mantido por condicionamento por fuga são apresentados no Capítulo 22). Uma segunda cilada da fuga e da esquiva é o estabelecimento acidental de estímulos aversivos condicionados, aos quais um indivíduo passa a responder de forma a fugir ou esquivar-se dos mesmos. Por exemplo:se um treinador berra, critica e ridiculariza os atletas, estes podem apresentar uma melhora no desempenho esportivo, principalmente para fugir ou esquivar-se da ira do treinador, mas têm probabilidade, também, de evitar o próprio treinador ( que se tornou um estímulo aversivo condicionado), fora do ambiente de treinamento. E, caso as táticas de treinamento se tornem excessivamente aversivas, alguns atletas podem abandonar o esporte completamente. Como outro exemplo, alguns professores, através do uso excessivo da punição, transformam a si próprios, assim como às salas de aula e aos materiais de aprendizagem, em estímulos aversivos condicionados. Com grande freqüência, tal situação produz indivíduos que evitam professores, escolas e 6 livros e que, por isso, não se desenvolvem academicamente. Certamente, essa é uma conseqüência muito infeliz do condicionamento por fuga e esquiva. Uma última cilada do condicionamento por fuga é que, em muitas situações, ele mantém comportamentos indesejados de professores e de outros cuidadores. Isso pode ser visto facilmente no primeiro exemplo da Tabela 13-1. DIRETRIZES PARA APLICAÇÃO EFICAZ DO CONDICIONAMENTO POR FUGA E ESQUIVA As seguintes regras devem ser observadas por qualquer pessoa que aplique condicionamento por fuga e esquiva: 1. Caso haja possibilidade de escolha entre manter comportamento com um procedimento de fuga ou de esquiva, deve ser dada preferência a este último. Há duas razões para isso. Primeiro: no condicionamento por fuga o estímulo aversivo deve estar presente antes da resposta-alvo, enquanto que no condicionamento por esquiva o estímulo aversivo ocorre apenas quando a resposta-alvo deixa de ocorrer. Em segundo lugar, no condicionamento por fuga, a resposta-alvo não ocorre quando o estímulo aversivo associado não está presente, enquanto que no condicionamento por esquiva a freqüência da resposta se reduz muito lentamente quando houver a possibilidade de o estímulo aversivo associado não mais ocorrer. 2. O comportamento-alvo deve ser instalado através de condicionamento por fuga antes de ser colocado sob um procedimento de esquiva. No exemplo do início deste capítulo, Fernando aprendeu a fugir do ruído alto antes de aprender a se esquivar do mesmo. 3. Durante o condicionamento por esquiva, um estímulo de aviso deve sinalizar o estímulo aversivo iminente. Isso intensifica o condicionamento ao fornecer um sinal de que a não emissão da resposta resultará em estimulação aversiva. Um exemplo disso no ambiente natural é a palavra INFRAÇÃO impressa no parquímetro, que indica que o motorista pode receber uma multa caso não coloque uma moeda no aparelho. O clicker tinha função semelhante para Fernando, indicando que o sinal sonoro ocorreria três segundos mais tarde, a menos que ele apresentasse uma boa postura. E, caso Fernando apresentasse boa postura durante os três segundos, se esquivaria do sinal sonoro. (De maneira similar, colocar uma moeda no parquímetro remove o sinal de INFRAÇÃO e evita uma multa.) 4. O condicionamento por fuga e esquiva, como a punição, deve ser usado cautelosamente. Como tais procedimentos envolvem estímulos aversivos, podem resultar em efeitos colaterais prejudiciais, tais como agressão, medo e uma tendência a fugir ou a se esquivar de qualquer pessoa ou objeto associado com o procedimento. 5. Reforçamento positivo da resposta-alvo deve ser usado junto com o condicionamento por fuga e esquiva. Isso ajudará a fortalecer o comportamento desejado e também tenderá a neutralizar os efeitos colaterais indesejados mencionados. O procedimento usado com Fernando provavelmente teria funcionado até melhor, caso fosse 7 acrescentado a ele o reforçamento positivo para a boa postura. (Isso não foi feito porque os pesquisadores estavam interessados apenas no procedimento de fuga e esquiva.) 6. Assim como ocorre com todos os procedimentos descritos neste livro, a pessoa envolvida deve ser avisada — da maneira que melhor compreender — sobre as contingências em operação. No entanto, também como acontece com todos os procedimentos, as instruções não são necessárias para que o condicionamento por fuga e esquiva funcione. QUESTÕES PARA ESTUDO 1. Defina condicionamento por fuga e dê um exemplo não extraído do livro. 2. Em que o condicionamento por fuga é semelhante à punição? Quanto ao procedimento, quais as duas diferenças entre eles? No que diferem seus efeitos? 3. Em relação ao procedimento, quais as duas diferenças entre condicionamento por fuga e reforçamento positivo? Em que os seus efeitos são semelhantes? 4. Em relação ao procedimento, quais as duas diferenças entre condicionamento por fuga e condicionamento por esquiva? 5. Em que os reforçadores positivos condicionados e os eventos punitivos condicionados são semelhantes e em que diferem? 6. Cite outro nome para estímulo de aviso. 7. Descreva dois exemplos de condicionamento por fuga na vida cotidiana. 8. Descreva dois exemplos de condicionamento por esquiva na vida cotidiana. 9. Em que um estímulo de aviso se parece com um SD? Em que diferem? 10. Em que um estímulo de aviso difere de um SDp (Capítulo 12)? 11. Explique, com um exemplo seu, por que muitas vezes as pessoas reforçam o comportamento indesejado de outros indivíduos. (Dica: veja o primeiro exemplo da Tabela 13-1.) Identifique com clareza os princípios comportamentais envolvidos. 12. Explique como o condicionamento por fuga pode manter o comportamento de um adulto de responder inadequadamente ao retraimento social extremo de uma criança. 13. Descreva três tipos de conseqüências imediatas que podem manter respostas de esquiva. 14. Descreva brevemente três exemplos de como os princípios do condicionamento por fuga e por esquiva podem funcionar de maneira contrária aos objetivos daqueles que não os conhecem. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO A. Exercício Envolvendo Terceiros Comportamento de esquiva bem sucedido significa que um indivíduo foi condicionado a responder (provavelmente diante de um sinal de aviso) de forma a evitar a ocorrência de um estímulo aversivo associado. Isso significa que o comportamento de esquiva pode persistir mesmo que (por quaisquer razões) o ambiente tenha se modificado, de maneira que o estímulo aversivo associado não será mais apresentado, independentemente do comportamento do indivíduo. Descreva um exemplo que você tenha observado em alguém que não você mesmo e que ilustre tal efeito. 8 B. Exercício de Auto-Modificação Monte um quadro semelhante à Tabela 13-1, apresentando cinco exemplos de condicionamento de fuga que tenham influenciado seu comportamento. Para cada exemplo, apresente: a situação aversiva, as respostas de fuga, a remoção do estímulo aversivo e os prováveis efeitos de longo termo sobre a resposta de fuga. ANOTAÇÃO E DISCUSSÃO ADICIONAL 1. Nem todos os tipos de condicionamento por esquiva envolvem um sinal de aviso. Um dos tipos em que tal sinal não ocorre é conhecido como esquiva de Sidman (devido a Murray Sidman, que pesquisou amplamente tal tipo de esquiva em organismos inferiores; p. ex., Sidman, 1953). Num experimento típico de condicionamento por esquiva de Sidman com um rato de laboratório, um choque elétrico breve é apresentado a cada 30 segundos, sem um estímulo de aviso prévio. Caso o rato emita determinada resposta, o choque será adiado por 30 segundos. Sob tais condições, o rato aprenderá a emitir a resposta adequada de esquiva, de maneira regular, e estará relativamente livre do choque. Esse tipo de esquiva é chamado também de esquiva não-discriminada, não- sinalizada ou de operante livre. A esquiva de Sidman foi demonstrada com seres humanos (Hefferline, Keenan e Harford, 1959) e parece estar subjacente em algunsexemplos diários de comportamentos de evitação. Considere, por exemplo, que, quando as estradas estão enlameadas, os motoristas usam muito mais líquido limpador de pára- brisas. Para não ficar sem o líquido, a maioria enche o reservatório regularmente, mesmo que muitos carros não tenham qualquer estímulo de aviso de que tal reservatório (escondido sob o capô) está quase vazio. (No entanto, no Capítulo 17, você verá que tal tipo de exemplo também pode ser explicado como comportamento governado por regras.) Questões para Estudo sobre a Anotação 1. O que é condicionamento por esquiva de Sidman? 2. Explique por que o comportamento de passar filtro solar ou repelente de insetos é um exemplo de esquiva de Sidman. Dê outro exemplo da vida cotidiana. (Dica: Alguns aplicativos comuns de computador têm timers que se encaixam à definição de condicionamento por esquiva de Sidman.)
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