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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
1 
Contabilidade Societária 
Aula1 
Professor Guilherme Teodoro Garbrecht 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
2 
Conversa Inicial 
Olá, caros alunos! Essa é a disciplina de Contabilidade Societária, que 
objetiva demonstrar os principais aspectos da Contabilidade e relacioná-los 
com o nosso dia a dia. 
Para isso, que tal desmistificarmos um pouco essa disciplina chamada 
de Contabilidade que tanto nos assusta? 
Podemos muitas vezes nem perceber, mas a Contabilidade está 
presente no nosso dia a dia quando recebemos o nosso merecido salário; 
quando efetuamos os temíveis pagamentos das contas ou ainda 
quando conseguimos poupar um dinheirinho para aplicar ou investir em um 
bem. 
Todas essas atividades fazem parte de uma forma ou de outra 
das operações que são objeto do registro contábil. Obviamente, o registro 
e o controle das operações são realizados principalmente nas empresas, 
para apurar seus resultados em determinado período de tempo. Porém, o 
controle dos gastos pessoais também é uma forma de Contabilidade, uma 
contabilidade pessoal, objetivando o controle do nosso patrimônio. 
O foco da nossa disciplina será explicar os principais conceitos e a 
metodologia do registro das operações nas empresas, para que possamos 
posteriormente aplicar na análise e interpretação das Demonstrações 
elaboradas pela Contabilidade. 
Então, vamos adentrar no mundo da Contabilidade? Desejamos a todos 
boas aulas e bons estudos! 
Contextualizando 
A Contabilidade objetiva gerar informações para seus diversos usuários, 
por meio do registro das operações das empresas e da elaboração de 
Demonstrativos que reflitam a realidade patrimonial. Constitui-se em 
uma ferramenta de grande importância para a gestão da empresa, ao 
fornecer informações que auxiliam na tomada de decisão. A partir de 2008, com a edição da Lei n. 11.638 no final do ano de 2007, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
3 
a Contabilidade brasileira passou a adotar normas internacionais. Passamos 
por um processo de harmonização das normas contábeis brasileiras para as 
normas internacionais, permitindo a comparação e a interpretação das 
Demonstrações Contábeis de empresas situadas em mais de 120 países, que 
já adotam o mesmo conjunto de normas contábeis. 
As normas internacionais de Contabilidade são editadas no Brasil pelo 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis e foram posteriormente adotadas pelos 
principais órgãos de classe ou representativos de setores, como Conselho 
Federal de Contabilidade, Comissão de Valores Monetários, Banco Central do 
Brasil, Agência Nacional de Energia Elétrica, entre outros. 
Alguns benefícios da adoção de um conjunto de normas similares em 
diferentes países podem ser citados: 
 Melhora da qualidade da informação contábil; 
 Maior transparência para os investidores; 
 Melhora na captação de crédito em instituições financeiras de outros 
países; 
 Comparabilidade das Demonstrações entre empresas de diferentes 
países; 
 Redução dos custos contábeis em empresas que possuem filiais em 
vários países; 
 Maior acesso aos investimentos estrangeiros. 
Esses são alguns dos benefícios percebidos com o processo de 
convergência aos padrões internacionais, os quais reforçam a utilidade da 
Contabilidade como fonte geradora de informações. Como exemplo podemos 
citar a apuração do resultado de um determinado período, os indicadores de 
rentabilidade e lucratividade, os níveis de endividamento, a apuração do 
patrimônio das empresas, entre outros. 
É neste contexto que serão apresentados os tópicos da presente aula: a 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
4 
Contabilidade como fonte de informações! 
Tema 1 – Origem, objeto e patrimônio 
Origem da Contabilidade 
A Contabilidade é uma ciência do ramo das ciências sociais aplicadas, 
que objetiva o controle do patrimônio das entidades, fornecendo informações 
aos seus diversos grupos de usuários para a tomada de decisão. A 
Contabilidade Financeira elabora demonstrações para atender às 
necessidades de seus usuários. 
O CPC Conceitual Básico (2011) conceitua que as Demonstrações 
contábeis “objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de 
decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo 
o propósito de atender finalidade ou necessidade específica de determinados 
grupos de usuários”. 
Diversos autores destacam a obra “Summa de arithmetica, geometrica, 
proportioni et proportionalita”, publicada pelo Frei Lucca Paccioli em 1494, 
como marco da Contabilidade, pois apresentou o Método das Partidas 
Dobradas, utilizado até hoje na contabilização e no registro das operações. 
Embora essa obra tenha sido marcante, a história da Contabilidade é 
muito mais antiga, como Ludícibus (2010) explica: 
Não é descabido afirmar-se que a noção intuitiva de conta e, 
portanto, de Contabilidade seja, talvez, tão antiga quanto a origem do 
Homo Sapiens. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros 
sinais objetivos da existência de contas a aproximadamente 2.000 
anos a.C. (LUDÍCIBUS, 2010). 
Como o objetivo da Contabilidade é o controle do patrimônio, podemos 
afirmar que o registro dos bens, rebanhos, pertences, objetos de trocas, entre 
outros itens obtidos pelos povos mais primitivos equivale ao registro contábil, 
embora ainda de forma simples. A origem da Contabilidade está ligada 
diretamente à evidenciação da riqueza patrimonial, seja inicialmente em 
inscrições rupestres nas cavernas ou com registros em pedaços de argila, 
papiros ou papel, acompanhando a evolução da humanidade. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
5 
Leitura obrigatória: BAZZI, Samir. Contabilidade em Ação. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. Capítulo 1, Subtítulo 1.1: Origem e Conceitos – págs. 30 a 
33. 
Conceito e o objeto da Contabilidade 
Quando pesquisamos o conceito de Contabilidade, encontramos 
diversos autores e explicações que abordam enfoques diferentes. Vamos ver 
alguns no quadro a seguir: 
Autores Definição 
Franco (1990, p.19) 
A Contabilidade tem a finalidade de manter o 
registro e o controle do patrimônio das entidades, 
com o fim de fornecer informações e interpretações 
sobre a composição e as variações desse 
patrimônio. 
Lopes de Sá (1999, 
p. 42) 
Contabilidade é a ciência que estuda os fenômenos 
patrimoniais, preocupando-se com realidades, 
evidências e comportamentos dos mesmos, em 
relação à eficácia funcional das células sociais. 
Preocupa-se com registros, Demonstrações, 
revisão, apurações de resultados, de custos etc. Ou 
seja, compromete-se com a informação e a 
adequação de evidências numéricas de fatos 
patrimoniais. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
6 
Ludícibus (Org., 2010, 
p. 1) 
A Contabilidade é uma ciência social aplicada, com 
metodologia especialmente concebida para captar, 
registrar, acumular, resumir e interpretar os 
fenômenos que afetam as situações patrimoniais, 
financeiras e econômicas de qualquer ente, seja 
pessoa física, entidade de finalidade não lucrativa 
ou empresa. 
Complicados esses conceitos? Vamos então resumir, pois a definição de 
Contabilidade está ligada diretamente a três conceitos: 
 
Fonte: adaptado de Crepaldi (2010, p. 2). 
A Contabilidade é aplicada nas entidades, sejam pessoas físicas ou 
jurídicas, objetivando o controle do seu Patrimônio. Do registro dos fatos 
contábeis são gerados os demonstrativos, que apuram o resultado das 
entidades, evidenciando se apresentaram lucro ou prejuízo em determinadoperíodo. As informações processadas e organizadas em forma de 
Demonstrativos geram as informações que irão servir para embasar a tomada 
de decisão dos usuários das organizações. 
Em todos os conceitos está presente o termo “patrimônio” das entidades. 
Controlar • O Patrimônio das Entidades.
Apurar
• O Resultado das 
Entidades.
Informar
•Sobre o Patrimônio aos 
Usuários das Informações 
Contábeis.
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
7 
Mas o que é o “patrimônio”? 
É o objeto da Contabilidade. Santos et al. (2011, p. 27) conceituam o 
patrimônio como: 
o conjunto de bens materiais e imateriais, direitos e obrigações 
avaliáveis em moeda e vinculados à entidade pela propriedade, 
posse ou controle, dos quais a mesma possa dispor no 
desenvolvimento de seus negócios. 
Vamos analisar cada um dos termos: 
 Bens: são os itens pertencentes à entidade, avaliáveis em dinheiro e 
utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Podem ser 
classificados de acordo com o ponto de vista contábil ou quanto a sua 
natureza. 
Quanto ao ponto de vista contábil, Ávila (2011) divide em: 
a. Bens de troca: são os que têm por finalidade serem trocados por outros 
bens, direitos ou obrigações. São comumente conhecidos como 
mercadorias, mas o próprio dinheiro constitui-se em bens de troca. 
b. Bens de uso: são os bens utilizados pela empresa de maneira 
permanente, que não desaparecem após o uso, podendo ser utilizados 
mais vezes. Como exemplo citamos os veículos, os imóveis, as 
máquinas, os equipamentos de informática etc. 
c. Bens de consumo: são os bens consumidos durante o processo de 
utilização. Não podem ser utilizados novamente, pois desaparecem 
durante a utilização pela empresa. Como exemplo citamos o material de 
expediente, o combustível, o adubo etc. 
Quanto à natureza, Ribeiro (2011) divide os bens em: 
a. Materiais: são os bens tangíveis, que possuem corpo (corpóreos). 
Como exemplo citamos a matéria-prima, as máquinas, as peças, as 
mercadorias etc. 
 
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8 
b. Imateriais: são os bens intangíveis, que não possuem corpo 
(incorpóreos). São gastos realizados pela empresa, embora não 
possuam substância física, são considerados bens com valor 
econômico. Como exemplo citamos marcas, patentes, fundo de 
comércios etc. 
 Direitos: são os valores que a empresa tem a receber de terceiros. As 
operações realizadas pelas empresas originam valores a receber de 
terceiros, que representam os direitos da empresa. Como exemplo 
citamos os valores a receber originados das vendas a prazo, duplicatas 
a receber, aluguéis a receber, impostos a recuperar etc. 
 Obrigações: são os valores que a empresa tem a pagar para terceiros. 
Representam dívidas que a empresa assume com terceiros, que irão 
requerer a saída de recursos. Como exemplo, citamos os valores com 
fornecedores, contas a pagar, salários a pagar, impostos a pagar etc. 
Leitura Obrigatória: BAZZI, Samir. Contabilidade em Ação. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. Capítulo 1, Subtítulo 1.1: Origem e Conceitos – págs. 41- 
42 e 67 – 75. 
Tema 2 – Usuários da Contabilidade 
A Contabilidade é conhecida como a linguagem dos negócios, pois 
traduz as operações realizadas pelas companhias em informações úteis aos 
seus usuários. Mas quem são os usuários da Contabilidade? 
Antes de respondermos a essa questão, imagine que você tenha 
disponível 1 milhão de reais para realizar investimentos e receba uma proposta 
para entrar como sócio em uma empresa do ramo de transportes. Então, deve 
fazer ou não o investimento? 
É muito cedo para fazer essa pergunta e mais ainda para respondê-la, 
pois antes deve-se analisar como está a situação financeira e econômica da 
transportadora. É nesse momento que a Contabilidade pode auxiliar nessa 
 
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9 
importante decisão. As Demonstrações contábeis da companhia podem 
responder a questões como: 
 A empresa possui recursos financeiros em caixa ou no banco? 
 Como está a inadimplência da carteira de clientes da empresa? 
 Os veículos utilizados nas atividades são novos ou já estão com a vida 
útil avançada, necessitando-se de novas aquisições? 
 A empresa está endividada com terceiros, como fornecedores ou 
instituições financeiras? 
 A empresa apresenta lucro e possui custos baixos? 
Essas são algumas das perguntas que podem ser respondidas com a 
análise dos balanços da companhia. Neste caso, é importante que o balanço 
seja confiável e preferencialmente validado por auditores independentes, que 
garantem a qualidade no processo e nos números contábeis apresentados. 
Esse é um grupo de usuários (o grupo de investidores) que pode valer-
se das informações geradas pelas empresas. Os usuários contábeis são 
divididos em internos e externos: 
 Usuários internos: representa o grupo de usuários que tem sua 
atuação dentro da empresa. É o usuário que administra ou participa, 
direta ou indiretamente, na gestão da empresa. Como exemplo pode-se 
citar diretores, gestores e administradores. A Contabilidade voltada para 
esse público é denominada Contabilidade Gerencial, que objetiva o 
fornecimento de informações customizadas, ou seja, elaboradas de 
acordo com as necessidades específicas desses usuários, para que 
possam utilizá-las no controle e direcionamento dos negócios. 
 Usuários externos: representa o grupo de usuários que não participa 
do processo de gestão da empresa. Como exemplo pode-se citar 
investidores, fornecedores, bancos e governo. A Contabilidade que 
fornece informações a esse grupo de usuários é denominada 
 
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10 
Contabilidade Financeira, que elabora Demonstrações Contábeis 
observando as normas e legislação vigente. É mais rígida que a 
Contabilidade Gerencial, pois além de fornecer informações úteis e que 
reflitam as operações da empresa, precisa possibilitar a comparação 
entre empresas. 
Vamos analisar agora alguns usuários e as respectivas necessidades, 
de acordo com Ludícibus et al. (2010). Lembramos que outros usuários podem 
utilizar-se da informação contábil, além dos relacionados a seguir, como 
concorrentes, agências regulamentadoras, sindicatos, entre outros. 
Grupo de usuários Uso da informação contábil 
Sócios e acionistas 
Na qualidade de investidores da empresa, estão 
preocupados com o risco inerente ao investimento e 
com o retorno que irá produzir. Se forem também 
responsáveis pela gestão da empresa, precisam da 
informação contábil para embasar suas decisões, 
definindo suas metas e seus planos de negócio. 
 Administradores 
Precisam de informações que auxiliem a gerir o 
negócio. De maneira similar aos sócios e acionistas 
que participam da gestão, precisam embasar suas 
decisões e verificar indicadores de rentabilidade e 
lucratividade da empresa. 
Empregados 
Estão interessados em informações sobre estabilidade 
e a lucratividade dos seus empregadores. 
Credores por 
empréstimos 
Estão interessados em informações que permitam 
determinar a capacidade de pagamento da entidade, 
em relação aos empréstimos concedidos. 
Fornecedores e outros 
credores comerciais 
Estão interessados em informações que permitam 
avaliar se as importâncias que a empresa lhes deve 
será quitada no seu vencimento. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
11 
 Clientes 
Estão interessados na continuidade operacional da 
empresa. Os clientes esperam se relacionar durante 
um longo período de tempo e as informações 
contábeis auxiliam a determinar a capacidadefinanceira da empresa. 
Governo 
Está interessado nas atividades da empresa e na 
geração de valores para pagamento de tributos. A 
atividade governamental é financiada com os recursos 
arrecadados sobre a atividade da empresa. O governo 
e suas agências também se utilizam das informações 
contábeis para determinar políticas fiscais e 
regulamentações setoriais. 
Público 
O público em geral pode analisar a contribuição da 
empresa para a economia, os empregos gerados e as 
demais contribuições à sociedade. 
Tema 3 – Princípios da Contabilidade 
No mercado acionário, um investidor, ao decidir adquirir ações para 
compor sua carteira de ações, pode analisar diferentes empresas, de diferentes 
setores, antes de optar pela compra das ações de uma entidade. As 
Demonstrações contábeis das empresas fornecem informações que podem 
auxiliar na análise das empresas, indicando aspectos como lucratividade, 
rentabilidade, endividamento, entre outros. 
Essas informações são analisadas e comparadas com os indicadores de 
outras empresas, objetivando determinar, mediante a comparabilidade, a 
empresa que apresenta os indicadores mais favoráveis, embasando a decisão 
da compra das ações. 
Você já se perguntou como é possível a comparação de empresas que 
atuam em setores diferentes e tenham tamanhos e operações distintos? 
A comparação é possível pois a Contabilidade possui estruturas 
conceituais que devem ser observadas por todos as empresas no registro, na 
apuração e na elaboração dos seus demonstrativos. São os Postulados, os 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
12 
Princípios e as Convenções que devem ser seguidos na prática contábil. 
Vamos primeiro definir o que são postulados, princípios e convenções, 
segundo Ludícibus (2010): 
 Postulados: são definidos como pilares da estrutura conceitual da 
Contabilidade, servindo de base para a construção de princípios e 
convenções. Representa uma proposição ou observação de certa 
realidade que pode ser considerada não sujeita à verificação, sendo um 
consenso. 
 Princípios: são conceituados como premissas básicas acerca dos 
fenômenos e eventos contemplados pela Contabilidade, premissas que 
são a cristalização da análise e observação da realidade econômica, 
social e institucional. Representam regras que fornecem a base para a 
doutrina contábil e devem ser observadas pela prática contábil. 
 Convenções: se os princípios representam regras principais e amplas 
acerca dos fenômenos contábeis, as convenções representam os 
limites, restringindo ou qualificando as ações dos profissionais 
envolvidos com a Contabilidade. 
 
 
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13 
As bases conceituais contábeis serão apresentadas na sequência sob 
duas óticas: do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e do Comitê de 
Pronunciamentos Contábeis (CPC): 
 
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) – Resolução CFC n. 750/93: 
Princípio Conceito 
I – Entidade 
Reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e 
afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da 
diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos 
patrimônios existentes, independentemente de pertencer a 
uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou 
instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem 
fins lucrativos. O Patrimônio não se confunde com aqueles 
dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou 
instituição. 
•Emitiu a Resolução CFC n. 750/93 
(posteriormente alterada pela Resolução CFC 
n. 1.282/10), que estabelece os Princípios de 
Contabilidade, obrigatórios no exercício da 
profissão contábil.
Conselho Federal 
de Contabilidade 
(CFC)
•Emitiu o CPC 00 - Estrutura Conceitual para 
Elaboração e Divulgação de Relatório 
Contábil-Financeiro em 2008 (posteriomente 
revogado pelo CPC 00 - R1 em 2011), que 
estabelece as características qualitativas 
fundamentais e de melhoria da informação 
contábil-financeira útil.
Comitê de 
Pronunciamentos 
Contábeis (CPC)
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
14 
II – Continuidade 
Pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro 
e, portanto, a mensuração e a apresentação dos 
componentes do patrimônio levam em conta esta 
circunstância. 
III – Oportunidade 
Refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos 
componentes patrimoniais para produzir informações íntegras 
e tempestivas. A integridade compreende demonstrar o fato 
patrimonial em sua totalidade. A tempestividade objetiva o 
registro dos fatos no momento em que ocorrem ou que são 
percebidos. 
IV – Registro pelo 
Valor Original 
Determina que os componentes do patrimônio devem ser 
inicialmente registrados pelos valores originais das 
transações, expressos em moeda nacional. Posteriormente, 
os valores registrados podem sofrer modificações se forem 
utilizadas outras bases de mensuração ou ainda atualizações 
monetárias. 
V – Competência 
Determina que os efeitos das transações e outros eventos 
sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, 
independentemente do recebimento ou pagamento. 
Pressupõe a simultaneidade da confrontação de receitas e de 
despesas correlatas. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
15 
VI – Prudência 
Determina a adoção do menor valor para os componentes do 
ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se 
apresentem alternativas igualmente válidas para a 
quantificação das mutações patrimoniais que alterem o 
patrimônio líquido. O princípio da prudência pressupõe o 
emprego de certo grau de precaução no exercício dos 
julgamentos necessários às estimativas em certas condições 
de incerteza. 
Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) – CPC 00: 
Características Qualitativas Conceito 
Fundamentais 
Relevância 
Para serem de fatos úteis, as informações 
contábeis devem ser relevantes às 
necessidades dos usuários na tomada de 
decisões. As informações são relevantes 
quando podem influenciar as decisões 
econômicas dos usuários, ajudando-os a 
avaliar o impacto de eventos passados, 
presentes ou futuros, confirmando ou 
corrigindo as suas avaliações anteriores. 
Representação 
fidedigna 
Para ser útil, a informação contábil-
financeira não tem só que representar um 
fenômeno relevante, mas tem também que 
representar com fidedignidade o fenômeno 
que se propõe a representar. Deve possuir 
3 atributos: ser completa, neutra e livre de 
erros. 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
16 
De melhoria 
Comparabilidade 
Os usuários devem poder comparar as 
Demonstrações contábeis de uma entidade 
ao longo do tempo, a fim de identificar 
tendências na sua posição patrimonial e 
financeira e no seu desempenho. 
Verificabilidade 
Significa que diferentes observadores, 
cônscios e independentes podem chegar a 
um consenso, embora não cheguem 
necessariamente a um completo acordo, 
quanto ao retrato de uma realidade 
econômica em particular ser uma 
representação fidedigna. 
Tempestividade 
Significa ter a informação disponível para 
tomadores de decisão a tempo de poder 
influenciá-los. A informação deve ser 
fornecida em tempo hábil para que os 
diversos usuários possam utilizá-la para 
embasar suas decisões. 
Compreensibilidade 
Pressupõe que a informação deve ser 
classificada, caracterizada e apresentada 
com clareza e concisão, tornando-a 
compreensível. Presume-se que os 
usuários tenham um conhecimento 
razoável do negócio. Informações acerca 
de assuntos complexos não devem ser 
excluídas sob o pretextode dificultar a 
compreensão, se relevantes. 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
17 
Além dos princípios e das características qualitativas apresentados, 
Ludícibus (2010, p. 66) ressalta que “sempre que houver discrepância entre a 
forma jurídica de uma operação a ser contabilizada e sua essência 
econômica, a contabilidade deverá privilegiar a essência sobre a forma”. 
Embora uma operação possa estar embasada por documentos fiscais ou 
contratos, é necessário analisar a essência da operação, e essa prevalecerá 
(se for diferente) sobre a forma legal apresentada no documento. 
Leitura Obrigatória: BAZZI, Samir. Contabilidade em Ação. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. Capítulo 1, Subtítulo 1.1: Origem e Conceitos – págs. 49 a 
56. 
Tema 4 – Equação Patrimonial 
O objeto de estudo da Contabilidade é o Patrimônio das entidades, que 
é composto pelos bens, pelos direitos e pelas obrigações. O patrimônio possui 
características qualitativas e quantitativas: 
 Características qualitativas: representam a divisão do patrimônio nos 
elementos que o compõem, como prédios, veículos, máquinas, valores a 
pagar, entre outros. Esses elementos são agrupados de acordo com as 
suas características, ou seja, os veículos da empresa estarão 
nominados na conta de veículos, independentemente do tipo. 
 Características quantitativas: representam os valores atribuídos a 
cada um dos elementos do patrimônio. Demonstram os montantes que 
os bens, os direitos e as obrigações estão registrados na empresa. 
O patrimônio de uma empresa é demonstrado por meio do Balanço 
Patrimonial, que é uma Demonstração Contábil com dois lados, representando 
uma balança que se equilibra entre os bens, os direitos e as obrigações. 
Representação gráfica do Patrimônio 
Na representação gráfica, de acordo com Leite (2010, p. 7), utiliza-se o 
"T" para demonstrar o Patrimônio de uma entidade. Do lado esquerdo do T, 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
18 
coloca-se os bens e direitos, elementos considerados positivos do patrimônio 
que passam a ser denominados Ativo; do lado direito são elencadas as 
obrigações, os elementos negativos que passam a ser reconhecidos como 
Passivo e Patrimônio Líquido de um patrimônio. 
Patrimônio 
Elementos positivos Elementos negativos 
Bens: caixa, estoque, móveis e 
máquinas. 
Direitos: contas a receber e 
duplicatas a receber. 
Obrigações: salários a pagar, 
fornecedores, impostos a pagar e 
capital dos sócios. 
Substituindo os nomes elementos positivos e negativos e utilizando a 
nomenclatura Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, surge a estrutura de um 
Balanço Patrimonial, que trará de um lado os bens e direitos e do outro as 
obrigações com terceiros e com os sócios da empresa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
19 
Balanço Patrimonial 
 Ativo Passivo e Patrimônio Líquido 
Caixa 
Contas a receber 
Impostos a recuperar 
Estoque 
Móveis 
Máquinas 
Prédios 
 
TOTAL 
50,00 
100,00 
50,00 
100,00 
50,00 
100,00 
150,00 
 
600,00 
Passivo: 
Salários a pagar 
Fornecedores 
Impostos a pagar 
Empréstimos 
Patrimônio Líquido: 
Capital Social 
 
TOTAL 
 
100,00 
30,00 
100,00 
70,00 
 
300,00 
 
600,00 
 
O Capital Social representa o montante que os sócios colocam a 
disposição da empresa no momento da sua constituição ou quando ocorre um 
aumento de capital. Na estrutura do Balanço Patrimonial, identificamos também 
a origem dos recursos da empresa e a respectiva aplicação dos recursos. 
 Origem dos recursos: o Passivo e o Patrimônio Líquido representam a 
origem dos recursos da entidade, divididos em Capital de Terceiros e 
Capital Próprio. O capital próprio representa os valores que os sócios 
disponibilizaram para a entidade. O capital de terceiros representa os 
montantes que a empresa obtém com terceiros, como empréstimos, e 
que deverão ser pagos nas datas de vencimento. A partir do momento 
que a atividade da empresa gera resultados, o lucro passa a ser a fonte 
dos recursos, mas como o lucro pertence aos sócios da empresa, 
permanece o Patrimônio Líquido como fonte geradora de recursos. 
 Aplicação dos recursos: os valores originados do Passivo e do 
Patrimônio líquido são investidos no Ativo, na forma de recursos 
 
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monetário em caixa, bancos ou aplicações, aquisição de mercadorias e 
bens para o ativo imobilizado da empresa. São os investimentos 
necessários para as operações da empresa, seja comércio, indústria ou 
prestação de serviços. 
Observe a representação das Origens e Aplicações: 
Aplicações (Ativo) Origens (Passivo e Patrimônio Líquido) 
Bens e Direitos Capital de terceiros 
Capital próprio 
Chegamos então na Equação Patrimonial, que indica que o total dos 
Ativos é igual ao total do Passivo somado ao Patrimônio Líquido: 
Ativo 
Bens e Direitos 
= 
Passivo 
Obrigações 
+ 
Patrimônio Líquido 
Capital dos Sócios 
 
 Lado esquerdo Lado direito 
Vejamos um exemplo: 
Constituição da empresa Modelo Comércio Ltda., com dois sócios que 
integralizaram cada um o montante de R$ 50.000,00. Os sócios se 
integralizaram da seguinte forma: 
 Sócio A = R$ 50.000,00 por meio da entrega de uma sala comercial para 
as atividades da empresa. 
 Sócio B = R$ 30.000,00 por meio da entrega de um veículo e 
R$ 20.000,00 em dinheiro. 
 
 
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O Balanço Patrimonial da Empresa Modelo Comércio Ltda. será assim 
representado: 
Balanço Patrimonial 
Ativo Passivo e Patrimônio Líquido 
Ativo Circulante 
Caixa 
Ativo não Circulante 
Veículo 
Sala Comercial 
 
TOTAL 
20.000,00 
20.000,00 
80.000,00 
30.000,00 
50.000,00 
 
100.000,00 
Passivo Circulante 
 
Patrimônio Líquido: 
Capital Social – Sócio A 
Capital Social - Sócio B 
 
TOTAL 
0,00 
 
100.000,00 
50.000,00 
50.000,00 
 
100.000,00 
 
Vamos interpretar a situação da empresa? 
 O total do Patrimônio da empresa é R$ 100.000,00, composto por 
BENS (dinheiro, veículo e edificação). A empresa ainda não tem Direitos 
a Receber. Os bens registrados no Ativo representam a aplicação dos 
recursos. 
 A origem dos recursos é de Capital Próprio, representado pelos recursos 
dos sócios. Representa a Obrigação da empresa com seus sócios. A 
empresa ainda não tem Obrigações com Terceiros (por exemplo com 
fornecedores). 
 A equação patrimonial sempre demonstrará o total do Ativo igual ao total 
do Passivo somado ao Total do Patrimônio Líquido. 
Podemos reescrever a equação patrimonial e chegar no conceito de 
Patrimônio Líquido, que é a diferença entre o Ativo e o Passivo. Representa o 
valor residual, ou seja, é o valor que sobra para os sócios se a empresa for 
 
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liquidada. Também é denominado Situação Líquida. 
 Ativo (A) 
Bens e Direitos 
- 
 Passivo (P) 
 Obrigações 
= 
Patrimônio 
Líquido (PL) 
Capital dos Sócios 
 
Com base na equação do balanço (A-P=PL) pode-se concluir que, em 
dado momento, o patrimônio assume invariavelmente um dos cinco estados, a 
saber (IUDÍCIBUS, 2010): 
 Quando A > P, teremos PL > 0. 
A = P + PL 
 
A 
P 
PL 
 
Revela a existência de riqueza própria. Nesse caso, a situação líquida 
(PL) chama-se Situação líquida Positiva,Superavitária, Favorável, Riqueza 
Patrimonial, Normal. 
 Quando A > P e P = 0, teremos PL > 0. 
 A = PL 
 
A PL 
 
 
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23 
Revela a inexistência de dívidas (Passivo); logo todo o Ativo é dos 
sócios e não há obrigações de terceiros sobre ele. Nesse caso, a situação 
líquida (PL) chama-se Situação Líquida Positiva. 
 Quando A = P, teremos PL = 0. 
 A = P 
 
A P 
 
Revela a inexistência de riqueza própria. Nesse caso, o Ativo é 
inteiramente absorvido pelas Obrigações, e a Situação Líquida é inexistente. A 
Situação Líquida (PL) chama-se Situação Líquida Nula ou Compensada. 
 Quando P > A, teremos PL < 0. 
A + PL = P 
 
A 
P 
PL 
 ou 
A 
P 
(PL) 
 
Revela a má situação, existência de "Passivo a Descoberto" (Patrimônio 
Líquido Negativo). Nesse caso, o Ativo é inteiramente absorvido pelas 
Obrigações e a Situação Líquida é inexistente. A Situação Líquida (PL) chama-
 
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24 
se Situação Líquida Passiva, Negativa, Deficitária, Desfavorável, Passivo a 
Descoberto. 
 Quando P > A e A = 0, teremos PL < 0. 
PL = P 
 
PL P 
 
Revela a inexistência de Ativo, inexistência de bens e/ou direitos. 
Apenas dívidas (obrigações). Chama-se Situação Líquida Negativa. 
De acordo com Iudícibus (2010, p. 29), os dois últimos estados 
patrimoniais (4º e 5º) raramente ocorreram. Na realidade, acontecem, 
principalmente o último, quando a empresa praticamente já não tem condições 
de subsistência. 
Leitura Obrigatória: BAZZI, Samir. Contabilidade em Ação. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. Capítulo 2, págs. 67 a 101. 
Tema 5 – Método das Partidas Dobradas 
Conceito de Contas 
As empresas realizam operações dinâmicas e a todo momento os 
valores dos bens, direitos e obrigações se alteram. Estão continuamente 
aumentando ou diminuindo, de acordo com a realização de compras, vendas, 
recebimentos ou pagamentos. Essas operações são registradas em contas 
contábeis que, conforme explica Leite (2010, p. 23), é o nome técnico que 
identifica os elementos patrimoniais (bens, direitos, obrigações e Patrimônio 
Líquido) e de resultado (despesa e receita). 
As contas são classificadas em Contas Patrimoniais e de Resultado. 
 
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25 
Vamos analisar cada um desses grupos: 
 Contas Patrimoniais 
São utilizadas para controle e apuração do patrimônio. Estão divididas 
em: 
 Contas do Ativo: como exemplo as contas de Clientes, Impostos a 
Recuperar, Estoque de Mercadorias, Equipamentos de informática etc. 
 Contas do Passivo Exigível: como exemplo as contas de 
Fornecedores, Arrendamento Mercantil, Impostos a Pagar, 
Financiamentos etc. 
 Contas do Patrimônio Líquido: como exemplo as contas do Capital 
Social, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Ajuste de Avaliação 
Patrimonial etc. 
Também são consideradas patrimoniais as contas Retificadoras (ou 
Redutoras), isto é, contas negativas dos grupos aos quais pertençam. Tais 
contas não trabalham sozinhas, pois são subtraídas de outras contas, as quais 
chamamos de retificadas (FERRARI, 2013, p. 179). 
Exemplos de contas retificadoras do ativo são a depreciação acumulada 
e a perda estimada em créditos de liquidação duvidosa (conta do grupo de 
clientes). Exemplo de contas retificadoras do exigível são os juros a apropriar 
(juros a transcorrer). Exemplos de contas retificadoras do Patrimônio Líquido 
são o capital a realizar (ou capital a integralizar), ações em tesouraria e 
prejuízos acumulados. 
 Contas de Resultado 
São utilizadas para a apuração do resultado do exercício (lucro ou 
prejuízo). São elas: 
 Contas de receitas: como exemplo citamos as Vendas de Mercadorias, 
Receita de Prestação de Serviço, Juros Recebidos, Variação Cambial, 
 
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26 
etc. 
 Contas de despesas: como exemplo citamos as despesas com 
salários, energia elétrica, impostos, juros pagos etc. 
 Contas de Compensação 
São utilizadas para registro de operações que não interferem no 
patrimônio da empresa. Uma assinatura de um contrato de fornecimento de 
produtos ainda não é uma operação que deve ser contabilizada, pois não altera 
o patrimônio e dependerá de outros acontecimentos. Mas a empresa pode 
controlar tais eventos em contas de compensação, que não correspondem a 
contas patrimoniais ou de resultado. 
Método das Partidas Dobradas 
Crepaldi (2010, p. 108) explica que “o método das partidas dobradas, 
também conhecido como ‘digrafia’, foi estudado e difundido pelo frade italiano 
Luca Paccioli, em 1494, permanecendo até hoje”. O método indica que para o 
registro de qualquer operação contábil deve haver um débito em uma ou mais 
contas e um correspondente crédito em uma ou mais contas. Os montantes 
debitados serão sempre iguais aos montantes creditados. Desta forma, não há 
um débito sem um crédito de igual valor. 
Mecanismos de débitos e créditos 
De acordo com Leite (2010), todas as operações ocasionam aumentos e 
diminuições de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido. Esses aumentos e 
diminuições são indicados por meio dos débitos e créditos efetuados nas 
contas. 
 Debitar uma conta é registrar um valor na coluna do débito. 
 Creditar uma conta é registrar um valor na coluna do crédito. 
 
 
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27 
Exemplo: 
Caixa Capital Social 
D C D C 
 
200,00 200,00 
 
No exemplo, temos o registro a crédito na conta do Capital Social, 
demonstrando a origem do recurso e o respectivo registro da obrigação com os 
sócios, e a contrapartida contabilizada a débito na conta do caixa, 
demonstrando a aplicação do recurso recebido em um bem (dinheiro no caixa). 
Saldo de uma conta 
É a diferença positiva entre o total de débitos e o total de créditos 
efetuados na conta. Dessa forma, demonstrando de acordo com Ferrari (2013, 
p. 183), existem dois tipos de saldo: 
 Saldo a débito / devedor: se o total de débitos for maior que o total de 
créditos; 
 Saldo a crédito / credor: se o total de créditos for maior que o total de 
débitos. 
As contas que possuem os seus saldos a débito (ou devedores) são: 
 Contas do Ativo; 
 Contas retificadoras do Passivo Exigível e PL; 
 Contas de Despesas. 
As contas que possuem os seus saldos a crédito (ou credoras) são: 
 Contas do Passivo Exigível e Patrimônio Líquido; 
 Contas retificadoras do Ativo; 
 
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28 
 Contas de Receita. 
Podemos montar um resumo de como os saldos das contas se 
modificam pelo método das partidas dobradas: 
GRUPO DE CONTAS DÉBITO CRÉDITO 
ATIVO Aumenta Diminui 
RETIFICADORA DO ATIVO Diminui Aumenta 
PASSIVO EXIGÍVEL E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Diminui Aumenta 
RETIFICADORAS DOPASSIVO EXIGÍVEL E PL Aumenta Diminui 
DESPESAS Aumenta Diminui 
RECEITAS Diminui Aumenta 
 
Lançamentos Contábeis 
Lançamento é o nome atribuído ao registro de operações na 
Contabilidade. As operações da empresa geram lançamentos, constituídos de 
cinco elementos essenciais, que são: 
 Data da ocorrência do fato; 
 Conta a ser debitada; 
 Conta a ser creditada; 
 Histórico; 
 Valor. 
As explicações sobre os elementos são detalhados por Favero et al. 
(2011): 
 A data da ocorrência do fato é imprescindível para que possamos 
 
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29 
observar se a escrituração está sendo feita em ordem cronológica. 
 A conta a serdebitada e aquela a ser creditada são informações 
necessárias para que se possam identificar as operações, por exemplo: 
 Mercadorias = conta debitada 
 Caixa = conta creditada 
 O histórico evidencia as características qualitativas da operação 
realizada, destacando detalhes importantes dos bens, dos direitos, das 
obrigações, das despesas e das receitas. 
 O valor representa a característica quantitativa da operação, indicando, 
portanto, sua qualidade de evidenciar o patrimônio das entidades em 
seu aspecto qualitativo. 
 Vamos simular alguns lançamentos contábeis de exemplo utilizando o 
método das partidas dobradas: 
a. Compra de mercadorias para revenda à vista, no valor de R$ 1.000,00, 
pago por meio de depósito bancário: 
Para realizar os lançamentos contábeis, é necessário interpretar a 
operação determinando alguns aspectos como: 
 A operação envolve aquisição de bens? No caso de mercadorias. 
 Houve um pagamento imediato ou a empresa ficou com valores a pagar 
(obrigações)? Houve o pagamento (saída de recursos) pelo banco. 
 Os Ativos possuem saldo a débito (ou devedor), e os valores aumentam 
pelo débito. Portanto, a conta de mercadorias é debitada, sinalizando 
que houve aumento no saldo dessa conta. 
 As contas do Ativo são creditadas quando o saldo diminui. No caso da 
conta do banco, como diminui o valor pelo pagamento efetuado, houve o 
lançamento a crédito. 
 
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30 
 Banco Conta Movimento Mercadorias para Revenda 
D C D C 
 1.000,00 1.000,00 
b. Compra de um computador para as atividades da empresa a prazo, no 
valor de R$ 3.000,00: 
Vamos interpretar a operação: 
 A operação envolve aquisição de bens? No caso equipamentos de 
informática. 
 Houve pagamento imediato ou a empresa ficou com valores a pagar 
(obrigações)? A aquisição foi a prazo, ficando uma obrigação a ser paga 
= Fornecedores ou Duplicatas a Pagar. 
 Os Ativos possuem saldo a débito (ou devedor) e os valores aumentam 
pelo débito. Portanto, a conta de informática é debitada, sinalizando que 
houve aumento no saldo dessa conta. 
 As contas do Passivo e Patrimônio Líquido são creditadas quando o 
saldo aumenta. No caso da conta Fornecedores, o saldo aumenta com o 
lançamento a crédito, pois é necessário registrar a obrigação (dívida) 
junto ao fornecedor. 
Equipamentos de Informática 
 Fornecedores (Duplicatas a 
Pagar) 
D C D C 
3.000,00 3.000,00 
 
Leitura Obrigatória: BAZZI, Samir. Contabilidade em Ação. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. Capítulo 5, págs. 153 a 163. 
 
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31 
Na Prática 
Para que a Contabilidade consiga desempenhar seu papel de fonte de 
informações, o contador deve seguir um conjunto de princípios e normas que 
possibilitam a uniformidade das informações e a representação fidedigna da 
situação econômica e patrimonial da entidade. 
Um dos mais importantes princípios contábeis é o da Competência, que 
indica que o registro contábil das receitas e despesas deve ser realizado 
quando os mesmos ocorrem, independentemente do recebimento ou 
pagamento. Um exemplo prático que podemos citar é o pagamento dos 
salários dos funcionários, que em muitas empresas é realizado até o quinto dia 
útil. Mas a prestação de serviços por parte do funcionário ocorre no mês 
anterior, somente o pagamento é realizado no mês subsequente. 
A contabilização da despesa com salários (e consequentemente o 
impacto no resultado da empresa) deve ser realizada no dia 30 do mês que 
ocorreu. Deste modo, a contabilização ocorre de acordo com o regime da 
competência (quando o fato ocorreu) e não de acordo com o regime de caixa 
(quando provoca entrada ou saída do caixa). 
Analise as operações realizadas pela empresa Modelo Comércio Ltda. e 
na sequencia calcule o Resultado do período (se apurou lucro ou prejuízo) e o 
saldo de Caixa. 
Operações: 
 04/03: aquisição de mercadorias para revenda, no valor de 
R$ 1.000,00, com pagamento a prazo, para ser pago em 15/04. 
 06/03: venda das mercadorias adquiridas no dia 04/03 pelo valor de 
R$ 2.400,00, com recebimento à vista. 
 10/03: aquisição de material de expediente no valor de R$ 120,00, com 
pagamento à vista. 
 14/03: aquisição de mercadorias para revenda, no valor de R$ 2.500,00, 
 
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32 
com pagamento à vista. 
 18/03: venda das mercadorias adquiridas no dia 14/03, no valor de 
R$ 3.000,00, com recebimento para o dia 20/04. 
 31/03: contabilização da despesa com energia elétrica no valor de 
R$ 300,00, a ser paga no dia 10/04. 
Os resultados apresentados são diferentes? Os dois regimes são 
importantes para a gestão de uma empresa? 
Protocolo de resolução da situação proposta 
Para a resolução do exercício aplicado, o aluno deverá: 
 Analisar as operações, calculando o resultado (lucro ou prejuízo) do 
período. 
 Analisar as operações que impactam o caixa, calculando o saldo do 
Caixa. 
 Verificar que tipo de informação pode ser extraída para auxiliar a gestão 
da empresa se os saldos são diferentes (resultado e caixa). 
Resolução do caso 
Para a resolução do exercício, é necessário calcular o resultado e o 
impacto no caixa, das operações elencadas no enunciado do exercício: 
Resultado do Exercício: 
Receitas R$ 5.400,00 (2.400,00 + 3.000,00) 
(-) Custo da Mercadoria R$ 3.500,00 (1.000,00 + 2.500,00) 
(-) Despesas R$ 420,00 (120,00 + 300,00) 
(=) Lucro do Período R$ 1.480,00 
Obs.: essa é uma representação simplificada da demonstração do 
resultado da empresa. 
 
 
 
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33 
Saldo do Caixa 
(+) Entradas (Receitas) R$ 2.400,00 
(-) Saídas (Custo Mercad.) R$ 2.500,00 
(-) Saídas (Despesa) R$ 120,00 
(=) Saldo de Caixa (R$ 220,00) 
Obs.: essa é uma representação simplificada do Fluxo de Caixa da 
empresa. 
Veja que os valores da apuração do resultado do período e o saldo de 
caixa são diferentes. Isso ocorre, pois o regime de caixa implica o 
reconhecimento no caixa somente dos valores que efetivamente impactam o 
caixa no período. As vendas e compras a prazo não são demonstradas quando 
ocorrem, somente no período de recebimento ou pagamento. 
Os dois resultados devem ser analisados em conjunto, pois o Resultado 
do Exercício demonstra o resultado contábil apurado nesse período, indicando 
se as operações da empresa geraram lucro ou prejuízo. Já a análise do Caixa 
é importante pois demonstra o impacto que as operações da empresa 
provocam nos recursos financeiros do período. 
Em muitas situações, a empresa pode estar apurando resultado contábil 
favorável, mas o resultado no caixa é negativo, pois as operações estão 
“descasadas”, ou seja, a empresa está precisando desembolsar recursos, mas 
não está tendo entradas em contrapartida. As empresas que apresentam 
problemas na gestão do caixa muitas vezes recorrem a recursos financeiros 
obtidos junto a instituições bancárias. Esses recursos financeiros normalmente 
são obtidos a custos altos (taxas e juros), que impactarão negativamente no 
resultado da empresa. 
 
 
 
 
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34 
Síntese 
Na nossa primeira aula de Contabilidade Financeira, estudamos os 
aspectos introdutórios e conceituais relacionados com a disciplina. É de suma 
importância o conhecimento da terminologia utilizada na Contabilidade, pois 
evitará dúvidas na análise e nas interpretações dos números e Demonstrações 
contábeis. 
Vimos que aContabilidade é regida por uma série de princípios que 
norteiam a ciência, objetivando que a informação gerada sobre o patrimônio 
das entidades tenha a melhor qualidade possível, sendo útil para seus 
usuários. 
Porém, não há como falarmos de análise e interpretação de 
Demonstrações sem conhecermos como as operações são registradas. Neste 
sentido, estudamos os lançamentos contábeis, que seguem o método das 
partidas dobradas, e a equação patrimonial, que indica que o total do Ativo será 
sempre igual ao total do Passivo acrescido do Patrimônio Líquido. 
Os assuntos abordados até agora são a base da Contabilidade, sobre a 
qual são geradas informações que tenham utilidade para a gestão da empresa. 
 
 
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35 
Referências 
AVILA, C. A. de. Gestão Contábil para contadores e não contadores. 
Curitiba: InterSaberes, 2011. 
BAZZI, S. Contabilidade em Ação. Curitiba: InterSaberes, 2014. 
COMITÊ de Pronunciamentos Contábeis. CPC Conceitual Básico - Estrutura 
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-
Financeiro. CPC, 2011. Disponível em: 
<http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-
Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=80>. Acesso em: 27 jul. 2016. 
CONSELHO Federal de Contabilidade. Resolução CFC n. 750/93. CFC, 1993. 
Disponível em: <http://www.normasbrasil.com.br/norma/?id=94969>. Acesso 
em: 27 jul. 
CREPALDI, S. A. Curso Básico de Contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 
2010. 
FAVERO, H. L. et al. Contabilidade: Teoria e Prática. 6. ed. São Paulo: Atlas, 
2011. 
FERRARI, E. L. Contabilidade Geral: teoria e 1.000 questões. 13. ed. rev. 
Niteroi: Impetus, 2013. 
FRANCO, H. Contabilidade Geral. 22. ed. São Paulo: Atlas, 1990. 
IUDÍCIBUS, S. et al. Manual de Contabilidade Societária. São Paulo: Atlas, 
2010. 
IUDÍCIBUS, S. (Org). Contabilidade introdutória. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2010. 
LEITE, C. Contabilidade Básica. Rio de Janeiro: Quileditora, 2010. 
RIBEIRO, O. M. Contabilidade Comercial Fácil. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 
2011. 
SANTOS, J. L. et al. Introdução à contabilidade: atualizada pela Lei n. 
11.941/09 e pelas normas do CPC. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
1 
Contabilidade Societária
Aula 2 
Prof. Guilherme Teodoro Garbrecht 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
2 
Conversa inicial 
Neste nosso segundo encontro, vamos nos aprofundar nas análises das 
operações contábeis, estudando como ocorre o registro de algumas das 
principais operações realizadas por uma empresa. Esse conhecimento será 
importante para analisarmos posteriormente as principais fontes de 
informações geradas pela Contabilidade: as Demonstrações Contábeis. 
As Demonstrações Contábeis representam todas as operações 
realizadas pela organização, organizadas e estruturadas para permitir a análise 
do Patrimônio da entidade, bem como a variação deste de um período para 
outro. 
Quando olhamos, por exemplo, a posição de nossas aplicações 
financeiras depositadas em uma instituição bancária, verificamos o saldo atual, 
o rendimento proporcionado e o ganho em relação ao período anterior. A 
análise das demonstrações é feita de maneira semelhante. Os donos ou sócios 
de uma empresa precisam saber se o investimento realizado nas empresas 
está tendo o retorno almejado. É possível fazer esta análise pela posição do 
patrimônio e pelo desempenho da empresa em determinado período. Da 
mesma maneira que controlamos nossas aplicações financeiras, os sócios ou 
acionistas das empresas também buscam analisar seus investimentos. Mas 
seriam os sócios ou acionistas os únicos consumidores da informação 
contábil? Já vimos que não, pois os usuários das demonstrações podem ser os 
clientes, os fornecedores, os empregados, o governo, os credores, dentre 
outros. 
É neste cenário que iniciamos o estudo das operações realizadas pelas 
empresas e para chegarmos às Demonstrações Contábeis elaboradas pelas 
entidades. 
Bom estudo! 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
3 
Contextualizando 
A Contabilidade encarrega-se do registro das variações qualitativas e 
quantitativas do patrimônio em um determinado período de tempo. O 
patrimônio é o objeto da Contabilidade, e a geração de informações, a sua 
finalidade. Esta geração de informações só é possível com a elaboração das 
Demonstrações Contábeis. 
As Demonstrações Contábeis obrigatórias são o Balanço Patrimonial, a 
Demonstração do Resultado, a Demonstração do Resultado Abrangente, a 
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a Demonstração dos 
Fluxos de Caixa, a Demonstração do Valor Adicionado e as Notas Explicativas. 
Nem todas as demonstrações são obrigatórias para todas as empresas, como 
a Demonstração do Valor Adicionado, que é obrigatória apenas para as 
empresas de capital aberto. 
O que todas as demonstrações têm em comum é a capacidade de 
informar aos diversos usuários sobre a situação patrimonial, financeira e 
econômica de uma empresa. Cada demonstração é elaborada objetivando um 
tipo de informação que, ao ser analisada em conjunto com as outras, ajuda a 
traçar o cenário da situação da empresa, seus bens, direitos, obrigações e o 
resultado alcançado. 
O CPC 00 que apresenta a estrutura conceitual para a elaboração e 
divulgação de relatórios contábil-financeiros descreve que as Demonstrações 
Contábeis objetivam fornecer informações que sejam úteis na tomada de 
decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo 
o propósito de atender finalidade ou necessidade específica de determinados 
grupos de usuários. Isso significa que as Demonstrações são elaboradas 
seguindo os princípios e normas contábeis e respeitando a estrutura 
determinada para cada demonstração. 
As demonstrações para os usuários externos não são customizadas, ou 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
4 
seja, não são elaboradas para atender aos propósitos dos diferentes grupos de 
usuários. Elas seguem um padrão de elaboração, e, neste sentido, cabe aos 
usuários a leitura e interpretação destas. Neste cenário, o conhecimento das 
demonstrações e de sua estrutura auxilia na interpretação dos números. 
É esse conhecimento que queremos buscar. Primeiramente, vamos 
conhecer como as operações são contabilizadas, para depois nos 
aprofundarmos nos números contábeis apresentados nas Demonstrações. O 
conhecimento dessas informações permite analisar um Balanço e identificar 
problemas de liquidez, níveis de endividamento, percentuais de rentabilidade e 
lucratividade, cruciais na condução dos negócios e na gestão das 
organizações. 
As demonstrações contábeis podem ser como uma bússola a ser 
utilizada em momentos de recessão econômica, em setores de forte 
concorrência empresarial, ou em momentos de expansão das atividades, 
dentre outras decisões imprescindíveis ao sucesso empresarial. 
 
Tema 01: Plano de Contas 
O plano de contas orienta a escrituração contábil de uma empresa, 
introduzindo uma padronização nas contas contábeis utilizadas para o registro 
das operações da empresa. Segundo Iudícibus e Marion (2010, p.49), o plano 
de contas “é o conjunto de contas, previamente estabelecido, para orientar a 
execução da contabilidade de uma empresa”. 
O plano de contas, apesar de apresentar uma padronização de contas 
contábeis, não é padronizado de empresa para empresa. Sua elaboração deve 
levar em consideração algumas características da empresa em que será utilizado, 
como (a) o tamanho da empresa, (b) as atividades desenvolvidas por esta, (c) o 
nível de interesse dos usuários, (d) os sistemas utilizados pela organização. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD5 
Cada um desses itens deve ser analisado, e o plano de contas 
construído de acordo com essas necessidades. Por exemplo, se a empresa for 
uma prestadora de serviços, não precisará da estrutura de contas que 
representam operações como as de uma empresa industrial, como matéria-
prima, produtos em elaboração e produtos acabados. Entretanto, se ela for 
uma grande empresa do setor de fabricação de autopeças, necessitará de um 
detalhamento maior das contas que compõem o custo das peças fabricadas 
pela empresa, em comparação a uma microempresa do mesmo ramo. Esta 
última, por sua vez, precisará de um plano mais simples e objetivo para indicar 
o resultado do período. 
Um bom plano de contas deve ser útil tanto para a contabilização, 
quanto para o fornecimento de informações para os demais setores e/ou 
departamentos da empresa. Uma das principais características de um bom 
plano de contas é a sua flexibilidade, para que assim permita a modificação, 
inclusão e alteração das contas, de acordo com a evolução dos negócios da 
empresa. 
Diversos autores recomendam a codificação do Plano de Contas para 
facilitar a identificação das contas. 
A codificação no primeiro nível seria: 
1. para todas as contas do Ativo; 
2. para todas as contas do Passivo e Patrimônio Líquido; 
3. para todas as contas de Receitas, Deduções da Receita, Custos e 
Despesas (alguns autores e empresas utilizam mais divisões para as 
contas de Resultados, como 3 para Receita, 4 para Despesas, etc.). 
Na sequência, de acordo com os demais subgrupos, criam-se subníveis. 
A divisão dos subníveis obedece à divisão da Lei 6.404/76, atualizada pela Lei 
11.941/09: 
A codificação do segundo nível seria: 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
6 
 
Contas do Ativo 
1.1 Ativo Circulante (curto prazo, até 12 meses); 
1.2 Ativo Não Circulante (longo prazo, acima de 12 meses). 
Dentro de cada um dos subgrupos (1.1 e 1.2), a abertura das contas 
obedece ao critério de liquidez do recebimento, ou seja, as primeiras são as 
que mais facilmente são convertidas em dinheiro. 
 
Contas do Passivo e Patrimônio Líquido 
2.1 Passivo Circulante (longo prazo, acima de 12 meses); 
2.2 Passivo Não Circulante; 
2.3 Patrimônio Líquido. 
Dentro de cada um dos subgrupos (2.1, 2.2 e 2.3) a abertura das contas 
obedece ao critério de prioridade no pagamento, ou seja, as primeiras contas 
são as que primeiramente deverão ser liquidadas. 
 
Contas de Resultado 
A abertura das contas é de acordo com a Estrutura da Demonstração do 
Resultado, que estudaremos nas aulas seguintes. 
A codificação do terceiro nível em diante seria: 
 Caixa e Equivalentes de Caixa; 
 Caixa; 
 Caixa Matriz; 
 Bancos; 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
7 
 Banco A. 
Neste nível são criadas contas de subgrupos contábeis (ex: Caixa) e 
contas contábeis que receberão os lançamentos (ex: Caixa Matriz). 
Para simplificar, vamos acompanhar agora um exemplo das primeiras 
contas da estrutura de um Plano de Contas: 
1 Ativo 
1.1 Ativo Circulante 
1.1.1 Caixa e Equivalentes de Caixa 
1.1.1.1 Caixa 
1.1.1.1.1 Caixa Matriz 
1.1.1.1.2 Caixa Filial 1 
1.1.1.2 Bancos Conta movimento 
1.1.1.2.1 Banco A 
1.1.1.2.2 Banco B 
 
Podemos verificar os seguintes níveis nesse exemplo: 
 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
8 
Contas Sintéticas e Analíticas 
Aproveitando o exemplo apresentado, é preciso observar que algumas 
contas não terão lançamentos contábeis, porém serão utilizadas para mostrar o 
somatório das contas dentro de cada grupo. Os lançamentos são efetuados 
somente nas contas chamadas de analíticas. A divisão entre contas é a 
seguinte: 
 Sintéticas: contas títulos, que não recebem lançamentos, só totalizam os 
valores. Ex: Ativo, Ativo Circulante, Caixa e Equivalentes de Caixa, 
Caixa e Bancos Conta Movimento. 
 Analíticas: contas que recebem lançamentos. Ex: Caixa Matriz, Caixa 
Filial 1, Banco A e Banco B. 
 
Questão para Atividade Pedagógica Online (APOL 2) 
O Plano de Contas é o conjunto de contas previamente estabelecido 
para orientar a execução da contabilidade de uma empresa. Analise as 
características descritas a seguir, identificando as que são corretas em relação 
ao Plano de Contas e sua elaboração nas empresas. 
I – O Plano de Contas é elaborado observando-se as características de cada 
empresa. 
II – O tamanho da empresa, a atividade desenvolvida e a necessidade dos 
usuários, são exemplos de itens que devem ser observados na elaboração do 
Plano de Contas. 
III – Para facilitar o uso e entendimento dos usuários, o Plano de Contas deve 
ser elaborado utilizando-se somente um nível de codificação, o que permitirá a 
fácil compreensão das contas contábeis. 
IV – Objetivando preparar o Plano de Contas para o crescimento da empresa, 
ele deve ser flexível, para permitir as modificações, como inclusão de novas 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
9 
contas e alterações de contas existentes. 
Assinale a alternativa correta: 
a) Somente a alternativa I está correta. 
b) Somente as alternativas I e II estão corretas. 
c) Somente as alternativas I, II e IV estão corretas. 
d) Somente as alternativas I, III e IV estão corretas. 
e) As alternativas I, II, III e IV estão corretas. 
Gabarito: 
A alternativa correta é a c. 
A alternativa III está incorreta, pois a criação de níveis de codificação no Plano 
de Contas permitirá que este torne-se mais acessível aos usuários, pois as 
contas estarão mais organizadas, relacionando cada subconta dentro da conta 
Título a que pertence. 
 
Tema 2: Regime de Competência e de Caixa 
Quando uma empresa adquire uma determinada matéria-prima, 
podemos observar algumas datas importantes nesse processo, como a data da 
compra, a data do recebimento da matéria-prima na empresa, a data do 
pagamento, e podemos incluir aí uma nova data, para os casos de produtos 
que ficam estocados na empresa: a data da efetiva utilização. 
Todas essas datas, como foram citadas, são importantes. Mas, em 
termos de contabilidade, qual é a data que embasará o reconhecimento 
contábil? 
A data que embasa o lançamento contábil segue o Regime de 
Competência, que indica que a contabilização é realizada de acordo com o fato 
gerador. Iudícibus et al. (2010, p.74) explicam o Regime de Competência: “De 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
10 
acordo com o Regime de Competência de Exercícios, as Receitas e as 
Despesas são consideradas em função do seu fato gerador, e não em função 
do recebimento da Receita ou pagamento da Despesa em dinheiro”. 
Independentemente de ter havido o recebimento das Receitas, ou 
pagamento das Despesas, o registro contábil é feito na data que o evento 
ocorre, e não na data do recebimento ou pagamento dos valores. 
As demonstrações contábeis são elaboradas obedecendo ao Princípio 
da Competência, com o registro contábil dos eventos dentro do período que 
ocorreram. Além de informar os acontecimentos ocorridos no período contábil, 
as demonstrações contábeis evidenciam os eventos futuros, que ainda serão 
recebidos ou pagos, pelo registro dos valores a receber, e pelo registro das 
obrigações da empresa. 
Vamos ver um exemplo da aplicação do regime de competência no 
registro contábil dos Salários da empresa: 
 Os salários dos funcionários devem ser pagos até o 5º dia útil do 
período subsequente. Por exemplo, o salário do mês de março deve ser 
pago até o 5º dia útil do mês de abril. Caso a empresa opte pelo 
pagamento em abril, a saída de recursos do caixa/banco da empresa 
ocorrerá em abril, no entanto, a prestação de serviços por parte dos 
funcionários para a empresa deu-sedurante o mês de março. O registro 
contábil da despesa com salário deverá ser efetuado em março, que é o 
fato gerador: 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
11 
Mas como fica o registro contábil em março? Na data do último dia deste 
mês? Vamos utilizar os razonetes para demonstrar a contabilização: 
Despesas Com Salários – 
Demonstração do Resultado 
 Salários a Pagar – Passivo 
Circulante 
D C D C 
 
10.000,00 10.000,00 
 
O registro pelo regime de competência gera a contabilização de uma 
DESPESA em março (pois os salários referem-se ao período de março) e um 
registro de uma OBRIGAÇÃO, no Passivo Circulante, indicando que a empresa 
terá que pagar a título de Salário o valor destacado. O pagamento será 
efetuado somente no mês de abril. 
O Regime de Competência deve ser utilizado para o registro e 
elaboração das demonstrações, mas, além do regime de competência, existe, 
conforme Iudicibus et al. (2010, p.74), o “regime de caixa, em que são 
consideradas receitas e despesas do exercício as que efetivamente são 
recebidas e pagas dentro desse período”. 
O regime de caixa é utilizado pela Contabilidade de órgãos públicos e 
para fins tributários, quando a Legislação fiscal permitir a tributação pelo 
regime de caixa. 
Dentre as demonstrações contábeis, a Demonstração dos Fluxos de 
Caixa objetiva evidenciar as entradas e saídas de recursos ocorridas no Caixa 
e Equivalentes de Caixa em determinado período, demonstrando pelo regime 
de caixa a saúde financeira de determinada empresa. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
12 
Questão para Atividade Pedagógica Online (APOL 2) 
A empresa Exemplo Industrial Ltda. possui como principal insumo na 
fabricação de seus produtos a energia elétrica. Em determinado mês, a fatura 
enviada pela fornecedora de energia foi recebida pela empresa no dia 30 de 
abril, tendo como data de vencimento o dia 10 do mês subsequente. A 
empresa realiza o registro contábil da Despesa com Energia Elétrica no dia 30 
do mês de abril. O regime contábil que embasa a contabilização da empresa é 
o: 
a) Regime de Pagamento. 
b) Regime de Caixa. 
c) Regime Misto. 
d) Regime de Competência. 
e) Regime de Despesa. 
Gabarito: 
A alternativa d é a correta, pois o Regime de Competência indica que a 
contabilização deve ocorrer dentro do mês de abril, já que o evento, ou seja, o 
consumo da energia elétrica, ocorreu neste mês. 
 
Tema 3: Operações de Compra 
A Contabilidade objetiva o registro de todos os fatos contábeis 
relacionados a um determinado patrimônio. Fatos contábeis envolvem a 
alteração do patrimônio de uma entidade, podendo ser no seu aspecto 
quantitativo ou qualitativo. 
Vamos analisar, a respeito desse tema, os fatos contábeis relacionados 
às operações de compras de mercadorias, matérias-primas e despesas, 
abordando seus principais aspectos, como a compra, o pagamento e os 
impostos relacionados. 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
13 
Antes, é importante destacar que a compra de mercadorias envolve 
operações de empresas comerciais que possuem como atividade a compra e a 
venda. Por sua vez, as empresas industriais adquirem matérias-primas, que, 
após passar por um processo de transformação, geram os produtos que são 
vendidos pelas empresas. 
 
Compra de Mercadorias 
As empresas comerciais adquirem mercadorias e produtos com o 
objetivo de revendê-las para outras empresas ou para consumidores finais. As 
compras podem ser à vista ou a prazo. Em ambas as operações ocorre o 
registro a débito na conta de Estoque – Mercadorias para Revenda. Veja como 
é o registro contábil dessa operação: 
 Compra à vista: 
Banco Conta Movimento – Ativo 
Circulante 
 Mercadorias para Revenda – 
Estoque – Ativo Circulante 
D C D C 
 1.000,00 1.000,00 
 
O recurso para o pagamento sai do Banco (ou do Caixa), representando 
um crédito na conta do Ativo, diminuindo a conta do Banco. O valor da 
mercadoria entra na conta do Estoque, sendo debitada, representando o 
aumento do valor nessa conta. 
 Compra a prazo: 
Fornecedores – Passivo 
Circulante 
 Mercadorias para Revenda – 
Estoque – Ativo Circulante 
D C D C 
 1.000,00 1.000,00 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
14 
 
O registro na conta de estoque é o mesmo, mas, como não ocorre o 
pagamento, há a necessidade do registro da dívida (ou obrigação), 
representando um crédito na conta do Passivo. 
 
Compra de Matérias-Primas e Outros Insumos 
Quando a empresa é do ramo da indústria, a aquisição é de matérias-
primas, que serão transformadas em novos produtos. Esta compra é registrada 
contabilmente no Ativo da empresa, representando bens pertencentes a esta: 
Banco Conta Movimento – Ativo 
Circulante ou Fornecedores – 
Passivo Circulante 
 
Matéria-prima – Estoque – Ativo 
Circulante 
D C D C 
 1.000,00 1.000,00 
 
A conta de matéria-prima é debitada no Ativo, representando a entrada 
de bens adquiridos. No Estoque são registradas as matérias-primas, material 
de embalagem, material auxiliar, todos utilizados no processo de produção da 
empresa. O fluxo seguinte da matéria prima é: 
 
A matéria-prima, quando utilizada no processo produtivo, é transferida 
para Produtos em Elaboração, e quando o produto final fica pronto, destinado 
para Produtos Acabados, todas as contas pertencentes ao Estoque da empresa. 
Matérias-primas, 
material de 
consumo, 
embalagens
Produtos em 
Elaboração
Produtos 
Acabados
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
15 
Gastos Complementares 
Outros gastos são incluídos, como custo das mercadorias ou matérias-
primas adquiridas. Estes são pagos pelo comprador e necessários para deixar 
os itens em condições de uso: fretes, seguros, despesas alfandegárias, 
honorários de despachantes, etc. Esses valores são registrados no Ativo 
Circulante, na conta do Estoque, a DÉBITO, aumentando o valor das 
Mercadorias ou Matérias-primas adquiridas. 
 
Impostos Incidentes Sobre Compras 
Nas operações de compras de mercadorias e matérias-primas incidem 
impostos. Os impostos não cumulativos, como o ICMS (Imposto Sobre 
Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre a Prestação de 
Serviços de Transporte Interestadual, Intermunicipal e de Comunicação), IPI 
(Imposto Sobre Produtos Industrializados), COFINS (Contribuição Para o 
Financiamento da Seguridade Social) e o PIS (Programa de Integração Social), 
são cobrados pelo vendedor do adquirente. Esses impostos são recuperáveis, 
ou seja, o imposto pago na aquisição é compensado com o imposto a pagar, 
recolhendo aos cofres públicos somente a diferença. 
Importante: conforme explica Ribeiro (2010, p.88), os impostos não 
cumulativos são aqueles em que o valor do imposto pago em uma operação é 
compensado no valor do imposto a pagar na operação subsequente. 
Nas compras de mercadorias e matérias-primas, o valor contabilizado no 
Estoque corresponde ao valor líquido dos respectivos impostos, pois os 
mesmos são recuperáveis e utilizados para diminuir os impostos a pagar. Veja 
um exemplo do registro da uma aquisição de mercadoria, com incidência de 
ICMS à alíquota de 18%: 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
16 
Banco Conta 
Movimento – Ativo 
Circulante ou 
Fornecedores – 
Passivo Circulante 
 
Matéria-prima – Estoque 
– Ativo Circulante 
 
ICMS a Recuperar – 
Ativo Circulante 
D C D C D C 
 1.000,00 820,00 180,00 
 
O valor a ser contabilizado no Estoque é líquido do ICMS, representando 
R$ 820,00. O valor do ICMS é registrado em uma conta do Ativo, 
representando um DIREITO que a empresa possui em relaçãoao imposto a 
recuperar. 
Em relação a essa operação, veja a explicação de Ávila (2012, p. 141): 
“Quando as empresas efetuam a compra de mercadorias, uma vez que o imposto 
é considerado por dentro, estas pagam o imposto antecipadamente. Esse 
pagamento não é feito diretamente ao governo, mas depositado ao vendedor, que 
tem a obrigação de recolher esses valores ao governo. Portanto, funciona 
basicamente como se o comprador estivesse fazendo um adiantamento do ICMS 
no momento da compra. Assim, o valor do imposto deve ser descontado do valor 
da mercadoria e lançado em conta separada, haja vista que o comprador efetuou 
um adiantamento do imposto para o governo, tendo então direito de descontar 
esse imposto pago quando efetuar sua venda”. 
 
Devoluções, Abatimentos e Descontos Incondicionais 
Outras operações que alteram os valores do Estoque referem-se às 
devoluções de compras, aos abatimentos sobre compras e aos descontos 
incondicionais. Na sequência vamos conceituar as operações: 
 Devoluções de compras: corresponde à devolução total ou parcial das 
mercadorias e/ou matérias-primas adquiridas em determinado período. 
A devolução pode ser motivada por vários fatores, como erro no envio 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
17 
do material, qualidade indevida, quebras no transporte, dentre outros 
fatores. Os lançamentos contábeis da aquisição são revertidos, 
anulando as operações realizadas. 
 Abatimentos sobre compras: Ribeiro (2010) explica que as mercadorias 
adquiridas de fornecedores podem não atender às expectativas da 
empresa. Neste caso, esta pode devolver (total ou parcialmente) a 
mercadoria. No entanto, caso exista interesse em ficar com o produto, 
um abatimento no preço de compra pode ser negociado, ou seja, o valor 
a ser pago será menor, pois a mercadoria não atende plenamente ao 
que foi negociado entre as partes. Nesse caso o registro contábil deverá 
diminuir o valor no estoque e também o valor da obrigação com o 
fornecedor. 
 Desconto Incondicional: corresponde ao desconto presente no 
documento fiscal (Nota Fiscal) de compra. São destacados na nota fiscal 
e o fornecedor não impõe nenhuma condição (por isso é chamado de 
incondicional ou comercial) para os clientes. 
 
Tema 04: Operações de Vendas 
Após o estudo das operações de compra, passamos agora a analisar 
como ocorre o registro das operações de venda. As mercadorias para revenda 
adquiridas pelas empresas comerciais, que inicialmente são contabilizadas no 
Estoque, são vendidas por um determinado valor que busca cobrir o custo de 
aquisição, as despesas e também proporcionar uma margem de lucro para a 
empresa, garantindo a continuidade dos negócios. Os produtos fabricados 
pelas indústrias possuem o mesmo destino, ou seja, a venda para a obtenção 
de lucro. 
Vamos exemplificar agora a operação de venda, dividindo-a em três 
etapas: (a) venda das mercadorias ou produtos; (b) impostos incidentes sobre 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
18 
as vendas; e (c) custo da mercadoria vendida. 
 
Vendas das Mercadorias ou Produtos 
Para uma empresa comercial ou industrial, a operação de venda é a 
mesma, diferenciando-se somente o nome da conta contábil: Venda de 
Mercadorias ou Venda de Produtos. 
Banco Conta Movimento – Ativo 
Circulante ou Clientes – Ativo 
Circulante 
 Venda de Mercadorias ou 
Produtos – Receita – 
Demonstração do Resultado 
D C D C 
2.000,00 2.000,00 
 
A operação de venda pode ser à vista (envolverá a conta Caixa ou conta 
Bancos) ou a prazo (registrando-a na conta de Clientes ou Contas a Receber). 
São contas do Ativo, representando um BEM, se o pagamento for em dinheiro 
ou depósito, ou um DIREITO, se a venda for a prazo, evidenciando um valor a 
receber do cliente, que é DEBITADA. 
A contrapartida do lançamento contábil (lembrando que para todo o 
débito deve haver um crédito de igual valor) será o registro da RECEITA, 
evidenciada a CRÉDITO na Demonstração do Resultado. 
 
Impostos Sobre as Vendas 
Os impostos calculados sobre o valor da venda guardam 
proporcionalidade com o respectivo valor da transação. São exemplos o ICMS, 
o PIS e a COFINS, que integram a base de cálculo. Já o IPI, que é cobrado 
somente das empresas industriais, é adicionado ao preço de venda dos 
produtos. Vamos analisar a contabilização do ICMS, considerando uma 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
19 
alíquota de 18% sobre o valor de venda de R$2.000,00: 
ICMS a Recolher ou Pagar – 
Passivo Circulante 
 ICMS sobre Venda – Deduções da 
Receita – Demonstração do 
Resultado 
D C D C 
 360,00 360,00 
 
Os impostos sobre vendas são contabilizados a DÉBITO em contas 
REDUTORAS das Vendas. A contabilização a CRÉDITO é realizada em contas 
do Passivo Circulante, representando uma OBRIGAÇÃO da empresa para com 
o Fisco, para efetuar o recolhimento do respectivo imposto. 
Obs.: Lembramos que o valor A PAGAR é compensado com o valor a 
RECUPERAR, referentes aos impostos pagos na aquisição das mercadorias 
ou matérias-primas. Ocorre o pagamento somente se o valor a pagar é superior 
ao valor a recuperar. 
 
Custo das Mercadorias ou Produtos Vendidos 
Quando adquirimos uma Mercadoria, registramos um débito na conta de 
Estoques. O mesmo procedimento é realizado na aquisição de insumos 
utilizados na fabricação de produtos. No momento da venda devemos baixar o 
respectivo valor dos itens vendidos da conta do Estoque, pois a empresa não 
possui mais as mercadorias ou produtos. Acompanhe o lançamento contábil, 
que utilizará os mesmos valores das aquisições do Tema 3, no qual adquirimos 
a Mercadoria por R$1.000,00 e o ICMS a Recuperar representava R$180,00, 
gerando o valor líquido no estoque de R$ 820,00: 
Mercadorias para Revenda – 
Estoque – Ativo Circulante 
 Custo das Mercadorias Vendidas 
– Demonstração do Resultado 
D C D C 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
20 
 820,00 820,00 
Na aquisição da mercadoria, a conta Estoques foi DEBITADA, gerando a 
entrada de um BEM. Considerando que todas as Mercadorias foram vendidas, 
a conta é CREDITADA, registrando a saída de todo o estoque. A conta de 
Custo da Mercadoria Vendida (ou Produtos Vendidos, se for um produto 
produzido pela empresa) é DEBITADA, recebendo o montante do custo 
vendido. 
 
Devoluções, Abatimentos e Descontos Incondicionais Concedidos 
Outras operações que alteram os valores das vendas referem-se às 
devoluções de vendas, aos abatimentos sobre vendas e aos descontos 
incondicionais concedidos. São elas: 
 Devoluções de Vendas: correspondem à devolução total ou parcial das 
mercadorias e/ou matérias-primas vendidas em determinado período. 
Do mesmo modo que as devoluções de compras, as devoluções de 
venda podem ser motivadas por vários fatores, como erro no envio das 
mercadorias, qualidade indevida, quebras no transporte, dentre outros 
fatores. 
 Abatimentos Sobre Vendas: Caso ocorra problema com a mercadoria 
vendida e o cliente opte por não devolver a mercadoria, a empresa pode 
conceder um abatimento, diminuindo o valor que o Cliente deverá pagar 
pela aquisição efetuada. 
 Desconto Incondicional: corresponde ao desconto presente no 
documento fiscal (Nota Fiscal) de venda. São também chamados de 
descontos comerciais, efetivados no momento da venda e destacados 
na Nota Fiscal. 
 
 
 
Pró-reitoria de EaD e CCDD 
 
21 
Tema 05: Demonstrações Contábeis Obrigatórias 
O registro de todos os fatos contábeis envolvendo o patrimônio de uma 
empresa gera informações para serem utilizadas pelos diversos usuários da 
contabilidade, como sócios, diretores e gestores. Contudo, para que as

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