Buscar

Aula - Direito na Idade Moderna

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 10 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

HISTÓRIA DO DIREITO 
Direito na Idade Moderna - (século XV – XVIII) 
Considera-se, pelo menos no mundo ocidental o início da Idade Moderna a 
partir da queda do Império Romano em 1453. Independentemente desse fato, 
alguns outros fatores e descobertas foram determinantes para o surgimento de 
uma nova forma de pensar (filosofia) e de construir novas normas de conduta 
(Direito) para os homens. 
- Direito da Antiguidade X Direito Moderno 
Se analisarmos o direito historicamente, veremos, no passado, 
estruturas que são chamadas por jurídicas e que são bastante diferentes das 
nossas atuais. Basta pensarmos num grande exemplo. O Direito Romano, o 
mais destacado do passado, é, em grande medida, um direito muito peculiar, 
numa organização política que não é igual aos Estados Modernos, e onde a 
força impera acima das leis, e não só por meio delas. Do mesmo modo, o 
feudalismo tem estruturas políticas, sociais e jurídicas bastante diversas das 
nossas. O modelo de direito atual só vai se formar a partir da Idade Moderna, 
com o surgimento dos Estados Modernos, com a estruturação de uma 
sociedade capitalista. Por isso, as sociedades que são pré-capitalistas têm 
outras formas de direito, que organizam relações diversas das nossas atuais, 
podendo-se até dizer que, em geral, essas sociedades sequer conheceram o 
direito, no sentido moderno da palavra. 
Formação dos Estados Modernos /Capitalismo 
Na Idade Moderna surge, pela primeira vez, uma organização jurídica do tipo 
que conhecemos até a atualidade. Na verdade, com o fim do feudalismo, vai 
acabando o mando direto do senhor sobre o servo e entram em seu lugar as 
atividades tipicamente burguesas, como a compra e venda. Dá-se início, então, 
a uma estrutura econômica de tipo capitalista. 
Para que se realize a atividade mercantil e se desenvolva a nascente classe 
burguesa, é preciso que haja territórios livres e unificados que facilitem o 
comércio, além da necessidade de existir um ente que garanta as relações 
comerciais dos burgueses. Surge então a figura do Estado moderno, que 
unifica os territórios feudais e começa a criar legislações, chamando para si o 
poder de decidir sobre os conflitos sociais. 
Nota-se desde o princípio uma diferença fundamental entre a atividade 
capitalista e a atividade feudal ou escravagista. Enquanto essas últimas são 
explorações diretas, que dependem da força, da violência, da religião ou da 
tradição, a atividade capitalista, pelo contrário, é sempre uma exploração 
indireta. Para que os negócios sejam feitos é preciso a existência de um 
terceiro, que não seja nem o comprador e nem o vendedor, e que garanta que 
o produto seja entregue de um para o outro e seja pago o valor devido. Ora, 
este terceiro, que não é nenhuma das partes, mas que garantirá o lucro que 
venha do contrato é o Estado. Ele estaria acima de qualquer particular, teria 
poder sobre os indivíduos, obrigaria a todos e executaria os contratos que não 
foram cumpridos. 
Claro está que o Estado moderno surge porque as relações mercantis 
capitalistas demandam uma série de aparatos técnicos, institucionais e formais 
que estão diretamente relacionados a um ente políticos e jurídicos distinto dos 
próprios burgueses. 
O Estado, no capitalismo, não é um terceiro qualquer entre duas partes, é o 
Estado institucionalizado juridicamente, que faz de cada qual um sujeito de 
direito, que lhe dá, formalmente, direitos e deveres. Assim sendo, ainda que 
tenha havido instâncias políticas no passado que pudessem ser parecidas com 
o Estado moderno, elas não se assentavam, no entanto, na esfera da 
circulação mercantil capitalista, e, por isso, eram terceiros que funcionavam 
como intermediários entre partes sem lhes emprestar uma lógica autônoma. No 
passado, o que se queria chamar de Estado mandava diretamente, por conta 
própria, nos particulares, ou então nem mandava soberanamente, dado que 
sua força adviria de uma concessão dos senhores. No capitalismo, o Estado 
moderno se estrutura a partir da própria lógica mercantil, que faz de toda 
pessoa um sujeito de direito, a vender-se no mercado sob as garantias da 
chancela Estatal. 
Por isso, desde o início, onde há capitalismo há também a necessidade do 
Estado, como elemento intermediador das sãs atividades econômicas, 
garantindo suas transações. 
Não bastasse o comércio, o Estado é fundamental também para a exploração 
do trabalho. No capitalismo, o trabalhador não é levado ao trabalho como no 
feudalismo ou no escravagismo, pela impossibilidade de outros meios ou pela 
força. Não é a coação física que o obriga, mas o contrato de trabalho. Devido 
às suas necessidades e a sua condição proletária, o trabalhador vende sua 
força de trabalho ao capital, mas o faz assumindo uma obrigação, um contrato 
de trabalho, que, ao contrário da escravidão, não se impôs pela coerção física, 
mas sim por meio de sua deliberação pessoal. Será o contrato de trabalho 
que assegurará este vínculo. O direito, portanto, é essencial tanto ao comércio 
quanto á exploração do trabalho, os dois alicerces fundamentais do 
capitalismo. 
Ao contrário das dominações pré-capitalistas, a dominação capitalista é feita 
sempre por um intermédio, o direito. Vejamos: 
Na exploração mercantil: Vendedor – contrato mercantil – assegurado pelo 
direito estatal – comprador. 
Na exploração produtiva: capitalista – contrato de trabalho assegurado pelo 
direito estatal – trabalhador. 
Nessas duas típicas modalidades da exploração capitalista, só é possível a 
dominação porque o direito assegura suas relações e a propriedade privada. 
O Renascimento 
Na Itália surgiu o movimento Renascentista, financiado pela emergente classe 
burguesa (principalmente comerciantes judeus, que cada vez mais se 
enriqueciam) nos centros comerciais mais prósperos, como em Veneza, 
Florença, Gênova, uma nova arte e filosofia tentava (re) nascer, colocando 
novamente o homem como centro do universo. 
Dessa forma, pode-se dizer que houve um Renascimento do pensamento 
Grego Clássico: o Teocentrismo (Deus como centro de todas as coisas) 
começou a ceder lugar para o antropocentrismo/humanismo/racionalismo 
(homem no lugar de todas as coisas). Principalmente por causa da nova classe 
que acumulava riquezas com o comércio e não mais com a terra – observou-
se, também, no renascimento, a transição do Regime Feudal para o Regime 
Capitalista. O período renascentista foi uma época de grandes modificações 
sociais na Europa. Dessa forma, a tentativa de retorno de uma forma de viver 
pelos padrões gregos sedimentou, inicialmente na Itália e depois em quase 
toda a Europa, um estilo de vida completamente diferente do sistema feudal-
religioso, característico da Idade Média. 
Assim, em quase todas as áreas da cultura humana, tais como economia, 
política, artes (pintura, música, arquitetura, escultura, etc) e até mesmo religião, 
ocorreu uma mudança significativa de paradigmas. Essas modificações sociais 
eclodiram na ruptura com as estruturas medievais, que caracterizaram a 
transição do feudalismo para o capitalismo. O homem europeu começou a 
negar a Idade Média e tentou se aproximar daqueles princípios que nortearam 
a Grécia. 
A natureza humana passava a ser fator de análise e debates nas academias. 
Antes, na Idade Média, o debate limitava-se às questões divinas, agora, no 
renascimento, o homem volta a ser tema de investigação. Por isso, a 
identidade grega foi invocada, nunca na história do homem ocidental se pensou 
e se fez tanto em nome do homem como na Grécia Clássica. Dessa forma, 
para os renascentistas, as questões humanas deveriam ser respondidas pelos 
homens, e não mais por Deus através da Igreja Católica. Com efeito, descobrir 
esse novo homem era a meta dos pensadores renascentistas. 
Portanto, sempre focado na imagem do homem com um ser racional, o 
antropocentrismo (homem como centrode tudo) foi, aos poucos, sedimentando 
se na cultura europeia. Esses questionamentos chegaram à filosofia e ao 
Direito. 
Enfim, pode-se dizer que o renascimento, apesar de o homem daquela época 
se autorreferenciar aos gregos, foi muito mais do que isso. O conhecimento foi 
elevado à categoria de importância máxima. O ensino não mais era monopólio 
da Igreja, mas os Estados, incipientes, também começaram a criar os seus 
núcleos de ensino (faculdades). 
Portugal e Espanha se tornaram as maiores potências navais do mundo. 
Principalmente por causa da exploração do ouro e do tráfico de escravos, 
obtiveram lucros exorbitantes através das colônias ultramarinas. Surgiu, assim, 
uma nova classe de comerciantes, ricos e prósperos. Cada vez mais, com os 
altos lucros mercantis, a nobreza se enriquecia e levava uma vida não tão 
monástica, como preceituava a Igreja Católica. 
A arte e a ciência da época representa muito bem o pensamento do 
homem renascentista. (ruptura entre ciência e fé) 
- Michelangelo e os afrescos da Capela Sistina, onde Deus deixa de ser o 
centro da imagem, tendo proporções equivalentes ao do homem. 
- Nicolau Copérnico e Galileu-Galilei. 
Segunda a teoria defendida pela igreja a terra deveria ocupar um lugar central 
no mundo. Nada feito por Deus era periférico ao homem e nem a Terra poderia 
ser periférica em relação ao mundo. Como Deus iria fazer o homem à sua 
imagem e semelhança, em um lugar periférico do mundo? Tudo deveria girar 
ao seu redor! Copérnico desenvolveu a teoria Heliocêntrica, segundo a qual 
não era o sol que girava ao redor da terra, mas juntamente o contrário, era a 
terra que girava ao redor do sol. A teoria de Copérnico foi posteriormente 
confirmada por Galileu. A questão não era apenas sobre teorias astrológicas, 
mas sim de fundo filosófico. Como a Igreja Católica Apostólica Romana sempre 
sustentou que a Terra era o centro do universo (Teoria Geocêntrica) e as 
ciências estavam provando outra verdade, surgiu um questionamento difícil de 
ser solucionado pela teologia: se a igreja errou em um ponto tão importante e 
central, não poderia ter errado em outros assuntos? 
A igreja católica já se encontrava em certo estado pré-crise antes do 
surgimento do cisma religioso. Os motivos para isso eram muitos, conforme já 
analisado; a peste negra, o avanço das ciências, comprovando versões 
diversas da oficial, o injusto sistema jurídico da inquisição, a incoerência da 
Igreja, que pregava a pobreza, mas vivia em opulência e riqueza. 
Reforma Protestante 
Martinho Lutero (padre) – propôs várias reformas dentro da Igreja Católica, 
tentou, por diversas vezes, convencer o próprio Papa de que a Igreja Católica 
deveria retornar aos seus paradigmas primitivos, em que a pobreza e a 
humildade seriam o ponto central da verdadeira Igreja. Não tinha a intenção de 
romper com a Igreja Católica, mas penas reformá-la. Foi excomungado e com 
medo da inquisição traduziu a bíblia para o alemão, e casou-se com uma freira 
praticando um ato ilícito contra os votos emitidos na Igreja. Com isso criou-se 
um cisma religioso, autorizando segundo a sua filosofia que a interpretação da 
Bíblia poderia ser feita por qualquer pessoa provocando a abertura de novas 
seitas. O eixo da ética não era mais teocêntrico, mas antropocêntrica tudo em 
vista de uma justificativa pessoal desairada. Nessa linha Calvino também lutou 
contra a hegemonia da Igreja Católica. Henrique VIII, rei da Inglaterra, pediu 
para que o Papa concedesse seu divórcio para que ele pudesse se casar com 
sua amante Ana Bolena, o papa se recusou e Henrique rompeu com a Igreja, 
fundando a igreja Anglicana. 
O sistema feudal e o domínio da Igreja Católica definitivamente estavam em 
crise. A peste, bem como a fragmentação da Igreja Católica, com o surgimento 
do Protestantismo e Calvinismo e a descrença do saber absoluto divino, o 
retorno ao pensamento científico, quebraram o monopólio da Igreja Católica e o 
enriquecimento da nova classe social, a saber, a burguesia, operava uma 
profunda mudança em toda a sociedade da época. 
Cada Igreja postulava ser a detentora do único Deus. Cada uma achava que o 
seu Deus era o único e verdadeiro, e que, para a salvação e bênção, deveriam 
combater e destruir a outra igreja. Não havia outra saída senão uma guerra 
entre as religiões. Assim, a guerra religiosa acabou instalando-se na Europa. 
(Guerra dos Trinta Anos) 
Percebendo que através da pregação da palavra de Deus nunca se iria chegar 
à paz, um novo Sistema deveria ser construído na Europa, a ideia de 
Construção de Estados eclodia no pensamento do homem ocidental como 
forma de combater o antigo sistema. 
 
Contra Reforma 
O movimento da Contra Reforma foi um dos marcos mais importantes deste 
período: a resposta da Igreja Católica ao aparecimento de novas religiões. O 
papado viu o seu poder territorial e influência diminuírem, daí a resposta ser 
urgente. A Contra Reforma serviu também para revitalizar a Igreja e tinha como 
objetivo principal a reafirmação dos dogmas (unidade e trindade de Deus, 
virgindade de Maria, infalibilidade do Papa etc), do culto tradicional e a 
(re)conversão de fiéis para novos valores (prática da religião mediante a 
vivencia segundo o evangelho. Para isso vão ser constituídas reformas internas 
(mediante o Concílio de Trento, em 1545), medidas de um ordenamento 
jurídico canônico jus naturalista, o reforço da evangelização mediante a criação 
de novas ordens religiosas, tais como a Companhia de Jesus (jesuítas, tendo 
por fundador Santo Inácio de Loilola). 
Construção dos Estados Absolutistas 
A Europa estava envolvida em guerras religiosas, os maiores filósofos, políticos 
e doutrinadores combatiam os dogmas e tentavam restabelecer a paz pela 
razão, tendo em vista que através da religião estava impossível obtê-la. Nesse 
período destacam-se Maquiavel – O Princípe, Thomas Hobbes – O Leviatã. 
Pela razão (jus racionalismo) o Direito tendia a construir Estados fortes e 
centralizados (absolutistas), laicos (sem a interferência religiosa) e soberanos. 
A religião passou a ser uma coisa individual e pessoal, não competia ao 
governante tentar impor a sua religião aos seus súditos. 
Assim, foi celebrado o Tratado de Westfália, em 1648, no qual se estabelecia a 
liberdade de culto, com a consagração dos Estados-Nação laicos. A Soberania 
dos Estados foi estabelecida: um Estado não pode interferir nas questões de 
outros Estados. Dessa forma, considera-se o Tratado de Westfália como o 
nascimento dos Estados Modernos. 
Influenciados pelo pensamento renascentista, a política e a filosofia tentaram 
desvencilhar-se da religião. O poder de governar deveria ser do governante e 
não da Igreja, com isso a doutrina se aproximou da criação de Estados fortes, 
em que os governantes deveriam ter mais poder do que o papado. O processo 
de formação dos Estados modernos não se deu da noite para o dia, foi um 
processo não só de transição política, mas cultural, religiosa, científica e 
econômica. 
Um dos principais Estados Nação do Período Moderno foi a França. 
O período áureo do Absolutismo (mercantilismo) Francês ocorreu com o Rei 
Luis XIV, o Rei Sol, que reinou de 1643 a 1715, o qual dizem que proferiu a 
famosa frase: “O Estado sou eu”. Luís XIV foi um político habilidoso, fortaleceu 
a França com um exército bem equipado, desenvolveu um sistema tributário 
eficiente, fomentou o comércio e fez grandes obras, com isso, a França se 
tornou um dos países mais ricos da Europa. 
Grandes Navegações 
A chegada de Cristóvão Colombo às Américas, em 1492, a descoberta do 
caminho marítimo da Europa para o Extremo Oriente por Vasco da Gama em 
1498. 
No início da Idade Moderna, com o absolutismo, o Estado era dominado pela 
nobreza e pelo monarca de modo incontrastável. Nesse primeiro momento do 
capitalismo, embora o Estado já funcionassecomo garantidor dos contratos, 
porque já se impunha como poder soberano, não buscava ainda respeitar e 
executar todas as regras contratuais burguesas, mas fundamentalmente, 
garantir privilégios para a nobreza, que então se opunha aos burgueses. 
Crise do Absolutismo 
O Absolutismo criou duas classes que não trabalhavam, mas que consumiam, 
quais sejam o clero e a nobreza. O descontentamento dos novos ricos 
burgueses (aqueles que começaram a comercializar no regime feudal e 
acabaram por se tornar a classe mais rica) tornou-se evidente. A burguesia 
mercantil que começou a acumular dinheiro, não detinha nenhum poder 
político. 
A divisão social francesa era nitidamente de três grupos básicos: o clero que 
representava o primeiro estado, a nobreza que consistia no segundo estado e o 
resto, que incluía os camponeses, artesãos e os comerciantes. O terceiro 
estado compunha cerca de 95% da população. A França passava por uma 
grave crise financeira, mas apesar de todas as conturbações sociais, a nobreza 
e o clero não diminuíam os seus gastos, fazendo com que o Estado, através 
dos impostos recolhidos dos burgueses, mantivesse os altos luxos da corte e 
da igreja. 
Nesse período surgiram novas teorias sociais que influenciaram os fatos que 
iriam eclodir primeiramente na França e depois em quase toda a Europa e no 
mundo ocidental: as ideias Iluministas que defendia o domínio da razão que 
resultaram na Revolução Francesa e na Independência das Colônias. 
Os renascentistas influenciaram o fim da Idade Média e da hegemonia da 
igreja, já o iluminista foi o responsável pela transição dos estados 
absolutistas para os estados democráticos. 
Revolução Francesa - Enquanto a alta nobreza consumia artigo de luxo e 
tinha uma vida abastada, o povo passava fome, o descontentamento daqueles 
que não eram nobres e nem pertenciam ao clero crescia de forma 
insustentável. 
Para tentar resolver a crise foi convocado uma Assembléia dos Notáveis, 
constituída por representantes dos três Estados (burguesia, clero e nobreza), 
porém a assembléia era constituída principalmente por nobres, que se 
recusavam a proceder qualquer reforma que viesse a lhes retirar privilégios. 
Diante do fracasso da Assembléia dos Notáveis foi instituída uma Assembléia 
Nacional Constituinte, que deveria ter poderes para fazer uma nova 
constituição. Assim, foi realizada uma eleição para a Assembléia Nacional, 
contudo, a alta nobreza conseguiu estipular que as votações seriam por classe 
e não por cabeça, dessa forma, cada classe teria um voto: a nobreza teria um 
voto, o clero outro voto e o Terceiro estado outro voto. 
O terceiro estado, o povo, percebendo que sempre iria perder qualquer 
votação, tentou fazer a votação por cabeça. Com isso, a burguesia, com o 
apoio dos intelectuais, do baixo clero e da pequena nobreza, tendo como 
objetivo acabar com o absolutismo e realizar reformas políticas, sociais e 
econômicas, conduziu à proclamação em Assembléia Constituinte, que 
começou seus trabalhos e 1789. 
Iniciou-se assim uma das mais sangrentas revoltas civis. Milhares de pessoas 
foram mortas. A guilhotina tornou-se um método eficiente e rápido para matar 
centenas de pessoas, principalmente os membros da nobreza e do clero. Em 
nome da liberdade, igualdade e fraternidade o rio Sena ficou tingido de 
vermelho sangue. 
Paralelamente às mortes, em agosto de 1789 a Constituinte aboliu o 
sistema feudal e proclamou a Declaração Universal dos Direitos do 
Cidadão, com nítida inspiração das idéias iluministas e burguesas. 
A Revolução Francesa é considerada uma revolução burguesa porque a 
monarquia fora deposta e a nova classe burguesia tomou o poder, um dos 
objetivos principais da nova classe era justamente enriquecer, para isso, dever-
se-ia criar o melhor sistema jurídico que contribuísse para a acumulação de 
capital. Dessa forma, o novo regime deveria ser construído com a propriedade 
sendo um dos focos centrais do mundo jurídico. 
Contudo um dos entraves comerciais do antigo regime na França era 
justamente o excesso de normas jurídicas. Percebendo a insegurança jurídica 
causada pelo excesso e muitas vezes contraditórias, Napoleão instituiu uma 
junta de juristas para elaborar um Código Civil, conforme aos anseios da 
burguesia. 
Uma das características que diferenciava o Código de Napoleão das outras 
codificações era a especificidade, não tratava de matérias penais nem da 
administração pública, só de matéria civil, ou seja, das relações entre 
particulares tendo como foco principal a propriedade. 
A credibilidade alcançada pelo Código foi tamanha que os juristas franceses 
começaram a acreditar que todos os possíveis problemas estariam previstos na 
lei. 
- A independência dos Estados Unidos da América também teve forte influência 
do pensamento iluminista. 
Os pensadores Iluministas 
Nesse período destacam-se: 
Montesquieu - “só o poder freia o poder”. Sistema de freios e contrapesos, 
teoria da tripartição dos poderes. Poder executivo, legislativo e judiciário. 
Defendia que o Poder Público não poderia ser exercido apenas por uma única 
pessoa (rei). Cada função pública tinha que ser exercida independentemente 
da outra, senão a concentração invariavelmente acarretaria o abuso de poder. 
Defendia vigorosamente a criação dos Estados Democráticos, nos quais a 
escolha dos governantes deveria ser pelo povo e não através da 
hereditariedade. 
Rousseau - publica O Contrato Social, que contribuiu para maior justiça e 
igualdade reinasse entre os homens. Defendia a ideia de um estado 
democrático que garantia a igualdade de todos. 
Voltaire - Conhecido pela sua perspicácia e espirituosidade na defesa 
das liberdades civis, inclusive liberdade religiosa e livre comércio. É uma dentre 
muitas figuras do Iluminismo cujas obras e ideias influenciaram pensadores 
importantes tanto da Revolução Francesa quanto da Americana. 
Beccaria - O marquês de Beccaria possui amplo destaque no cenário criminal, 
pois suas ideologias mudaram o tratamento dados aos criminosos, julgamentos 
justos e redução de penas cruéis e degradantes. 
Revolução Industrial 
Antes da Revolução Industrial principalmente no sistema feudal, a atividade de 
produção dos bens era artesanal e manual, daí o termo manufatura. As 
próprias casas dos artesãos eram o local de trabalho, que quando feito por um 
grupo eram denominadas oficinas. Assim, não se podia falar em relação 
jurídico-trabalhista. Havia a relação dos senhores feudais e vassalos e os 
poucos trabalhos exercidos eram realizados por artesãos. 
Por volta do ano de 1700 iniciou-se na Grã-Bretanha a Revolução Industrial. A 
Inglaterra foi o palco principal dessas mudanças. E isso se deu por inúmeros 
fatores, dentre os quais podem-se citar: 
a)O acúmulo de capital fornecido através de vários acordos internacionais, 
notadamente o feito entre Portugal, o qual se favorecia com o comércio do 
Brasil; A Inglaterra tinha recursos suficientes para financiar o desenvolvimento 
econômico. Podia comprar máquinas e pagar os salários dos trabalhadores. 
b)O surgimento das máquinas a vapor; Com o advento da máquina a vapor 
surgiram as fábricas, que foi, indubitavelmente, um dos marcos principais que 
caracterizou a Revolução Industrial. Como a mão de obra para operar as 
máquinas era desqualificada, os donos das fábricas empregavam qualquer 
pessoa: idosos, crianças e mulheres. 
c)O excesso de carvão mineral encontrado no subsolo do país inglês, matéria-
prima básica para as emergentes máquinas a vapor; O solo e o subsolo da 
Inglaterra era rico em um dos principais produtos fomentadores da indústria: o 
carvão mineral e o ferro. Assim, as matérias-primas para a industrialização do 
país estavam garantidas. 
d)A política pública de êxodo rural para as cidades; e juntamente com o 
crescimento industrial ocorreu umdeslocamento das populações rurais para as 
cidades. Esse êxodo do campo para as cidades ocorreu principalmente por 
causa da política do enclosures. Com efeito, o Estado inglês promulgou a Bills 
for enclosures of commons (leis para o cerceamento da terra comunal), que 
estipulava a transformação das terras que eram comuns tanto dos senhores 
feudais quanto dos servos, originários das antigas relações feudais (senhores 
feudais e vassalos), para serem destinadas aos pastos para as ovelhas para 
produzirem a lã. Dessa forma, a Inglaterra teria o terceiro produto necessário 
para a expansão industrial: a lã, para fazer os tecidos e desenvolver a indústria 
têxtil, a primeiro do gênero do sistema capitalista. 
e)O acolhimento das teorias econômicas liberais, capitaneadas por Adam 
Smith; 
O excesso de trabalhadores que migraram do campo para os centros urbanos 
fomentou uma diminuição do valor dos salários. Assim, como havia muitos 
trabalhadores disponíveis, os salários diminuíam ao invés de aumentar. Com 
isso, os trabalhadores viviam em condições precárias: moravam em cortiços e 
não tinham recursos financeiros para se sustentarem devido aos salários 
baixos. 
É importante observar que a Europa estava saindo da Revolução Francesa, 
que apregoava o Princípio da Liberdade plena de vontade. É a teoria filosófica 
do liberalismo, em francês Laissez-Faire. 
O capitalismo fortaleceu-se através da filosofia político-econômica do 
liberalismo e do desenvolvimento científico. As máquinas a vapor criaram um 
forte desnível socioeconômico com o surgimento de classes trabalhadoras mal 
remuneradas e de donos de indústrias ricos. 
O desenvolvimento dos Direitos trabalhistas 
O trabalhador era coagido a trabalhar até a exaustão física e mental. Com o 
acúmulo de trabalhadores em volta das fábricas e as condições de vida 
precárias, vários movimentos de revolta aconteceram na Inglaterra. Dentre eles 
pode-se citar o ludismo, que consistia na quebra das máquinas pelos 
trabalhadores, pois consideravam que elas tiravam o emprego dos homens. O 
cartismo que além de certos direitos políticos, exigiam vários direitos 
trabalhistas, como a limitação de 8 horas diárias de trabalho e a folga semanal, 
a regulamentação do trabalho feminino e a extinção do trabalho infantil, e, 
ainda, a estipulação de um salário mínimo. Nesse período é que forma os 
primeiros sindicatos e associações. Os trabalhadores perceberam que 
sozinhos não tinham nenhuma força de negociação com os donos das fábricas, 
mas unidos podiam negociar com mais igualdade. 
Liberalismo econômico de Adam Smith – Lei de mercado 
O Estado não poderia interferir no mercado, deveria ser um Estado mínimo, 
garantidor apenas de que os contratos fossem cumpridos. Essa economia, livre 
de interferências, seria regida por uma “mão invisível” que sempre buscaria 
regular da melhor forma todas as relações econômicas, conduzindo aos 
melhores resultados de mercados desejados. 
 Exemplo clássico trazido com Adam Smith é o padeiro: A sociedade seria um 
complexo de pessoas interligadas pelo desejo individual de cada um em obter 
riqueza (dinheiro). Cada pessoa deveria fazer o que sabe e tentaria vender o 
seu bem ou serviço pelo melhor preço. Assim o padeiro, não faz o pão 
simplesmente porque acha que alguém quer ou precisa comê-lo no café da 
manhã, mas sim porque pretende vendê-lo para alguém. E com a venda do 
pão ganharia dinheiro para poder comprar as coisas que desejaria possuir, mas 
que não produzia. Desse jeito, a roda da economia sempre estaria girando. 
Quando um produto, ou serviço, está em falta no mercado, o seu preço 
aumenta. Se o preço aumenta muito, mais pessoas vão querer produzi-lo, 
provocando um excedente de produção e, consequentemente, o preço acaba 
caindo pelo excesso de oferta. (Lei da oferta e da procura). Se muitas pessoas 
resolverem serem padeiros, haverá um excesso de pão no mercado, 
acarretando a diminuição do preço. Com a queda do preço do pão algumas 
pessoas deixarão de produzir e irão fazer outra coisa. Com a queda da oferta o 
preço aumenta. 
Assim, o equilíbrio entre oferta e demanda é feito pela mão invisível do 
mercado, que acaba produzindo uma economia próspera e dinâmica. 
A consolidação do capitalismo aliado ao rápido desenvolvimento industrial, 
envolto ainda, por um Estado fortalecido (codificação) fez com que 
principalmente a Europa se convencesse de ter ingressado numa fase de 
constante progresso. A Primeira Guerra Mundial a despertou desse sonho e as 
crises que de lá para cá se sucederam abalaram o espírito dos códigos 
referidos, inspirados no individualismo jurídico. (Ex: Código de Napoleão) 
Encíclica Rerum Novarum – Papa Leão XIII 
Com os problemas resultantes da revolução industrial que causaram conflito 
entre o capital e o trabalho o documento enumera de modo preciso e 
atualizado a doutrina católica sobre o trabalho, o direito de propriedade, o 
princípio da colaboração em contra posição à luta de classes sobre o direito 
dos mais fracos, sobre a dignidade dos pobres e as obrigações dos ricos, o 
direito de associação e o aperfeiçoamento da justiça pela caridade.

Outros materiais