Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO CONTEÚDO PARA AV2 Aula 01 - Introdução ao Estudo do Direito - (Paulo VIII) 1. A DISCIPLINA INTRODUÇÃO AO DIREITO - A disciplina Introdução ao Direito trata do estudo introdutório à Ciência do Direito a partir de conhecimentos, recebidos de múltiplas fontes de conhecimento, destinado a oferecer os elementos essenciais ao estudo do Direito, com uma visão preliminar das partes, contribuindo de maneira estratégica e fundamental para os objetivos do curso, na medida em que possibilita o desenvolvimento no aluno de competências e habilidades que o capacitem para a compreensão e análise do discurso próprio do campo jurídico. - O objetivo da disciplina Introdução ao Estudo do Direito é fornece conhecimentos básicos gerais e comuns a qualquer área do Direito, para a compreensão do universo jurídico, propiciando uma visão global de todo o conteúdo existente na área do Direito, e tal visão certamente nunca poderia ser obtida através do estudo isolado de certas disciplinas. Direito: Normas de condutas sociais Lei: São os direitos postos pelo estado com poder de coesão. Justiça: Causa final do direito, sua razão de ser, sua meta. A ordem Jurídica: sistema de legalidade do estado formado pela totalidade das normas vigentes que se localizam em diversas fontes. 2. MUNDO CULTURAL E MUNDO NATURAL Bipolaridade Do Homem: Mundo Cultural (O Dever Ser): Ser coexistente, produto da inteligência e trabalho do homem, fruto daquilo que o homem produz, para viver ou ter melhores condições de vida. (companhia, relacionamento, vida em grupo). Mundo Natural (O ser): Ser existencial, (reino animal, vegetal e mineral) autonomia, individualismo, egoísmo. - O homem é fruto do meio natural (como animal) e meio cultural (como produtor de bens). Juízo de Valor e Juízo de Fato O juízo de realidade (fato) é uma ponderação sobre algo real. Ele representa uma tomada de conhecimento da realidade. Sua formulação tem como finalidade apenas informar, pois se trata de uma constatação objetiva. O juízo de valor, ao contrário, é subjetivo, pois as afirmações emitidas são baseadas em crenças, valores, princípios ou percepções de cada indivíduo. Definições do direito: “Nominais” e “reais ou logicas” Nominais: expressa o significado da palavra, em função do nome. Divide-se em “Semântica” e “Etimológica”. Definição Etimológica: explica a origem do vocábulo. A palavra direito tem origem no Latim directus que significa reto ou oque não tem inclinação desvio ou curvarem. No latim clássico, jus era o termo usado para designar o direito objetivo, o conjunto de normas. O termo ius (jus) originou a criação de palavras como justo, justiça, entre outras. Definição semântica: registra os diferentes sentidos que a palavra alcança em seu desenvolvimento. Reais ou logicas: fixam a essência do objeto, fornecendo as suas notas básicas. Fatos Sociais: são criações históricas do povo, que refletem as suas costumes, tradições, sentimentos e cultura. Aula 02 - DIREITO E SOCIEDADE (Paulo - Capítulo IV) 1. O DIREITO E O CONTROLE SOCIAL - Direito é um conjunto de normas de conduta social, imposto coercitivamente pelo Estado, para a realização da segurança, segundo o critério de justiça. - O direito busca assegurar: segurança, justiça, igualdade e paz. - Funções e finalidades que competem ao direito: controle social, prevenção e composição de conflitos de interesses, promoção de ordem, segurança e justiça. O objetivo do direito é manter pacífica a convivência social, através de "regras de conduta" capazes e eficazes de sustentar e manter a solidez social. - O Direito é uma realidade cultural, porque é o resultado da experiência do homem. 2. O DIREITO COMO CIÊNCIA - Os autores que negam a cientificidade do Direito apoiam-se na ausência de validez universal. - Os que o afirmam defendem a ideia de que no lugar onde ele atua, tem validade universal. 3. RELAÇÃO ENTRE O DIREITO E A MORAL Moral é a conduta, ação, que se é praticada de acordo com os princípios éticos. “Moral é pratica da ética”. Sendo imoral o contra rio da moral. Ética: está relacionada aos valores e princípios que cada um possui. - O Direito a e Moral = ambos são instrumentos de controle social. Dever moral: não é exigível por ninguém, reduzindo-se a dever de consciência, espontâneo, É incoercitivo, o campo da moral é mais amplo. Visa a abstenção do mal para o bem. Dever jurídico (Direito): deve ser observado sob pena de sofrer o devedor os efeitos da sanção organizada, aplicável pelos órgãos especializados da sociedade. Assim, no direito, o dever é exigível, enquanto na moral, não. Visa evitar que se lese ou prejudique o outrem. · O campo da moral é mais amplo; O Direito tem Heteronomia, a moral é autônoma (voluntaria) · O Direito tem coação, a moral é incoercível; · A moral visa à abstenção do mal e à prática do bem. O Direito visa evitar que se lese ou prejudique a outrem; · A moral dirige-se ao momento interno, interioridade psíquico; o Direito, ao momento externo, físico (ato exteriorizado); · A moral é unilateral, o Direito bilateral; · A moral é incoercitivo, o Direito é coercitivo ou seja capaz de acionar a força organizada do Estado, para garantir o direito aos seus preceitos · A moral impõe deveres. Direito impõe deveres e confere direitos. - Diz-se que o Direito é heterônomo, visto ser posto por terceiros aquilo que juridicamente somos obrigados a cumprir. Daí Miguel Reale afirma: "Direito é a ordenação heterônoma e coercível da conduta humana". - O Direito é bilateral (havendo dois lados de uma mesma moeda): então haveria um Direito Subjetivo X Dever Jurídico(este pode ser violado pelo não cumprimento do devedor, por exemplo) - O Direito (exigível pelo titular do direito subjetivo) é bilateral atributivo (exigibilidade do dever) =>A bilateralidade do direito admite a exigibilidade do dever. O direito, apesar de acolher alguns preceitos morais fundamentais, garantidos com sanções eficazes, aplicáveis por órgãos institucionais, tem campo mais vasto que a moral, pois disciplina também matéria técnica e econômica indiferente à moral, muitas vezes com ela incompatíveis. A principal diferença entre a moral e o direito repousa efetivamente na sanção. A moral, tendo em vista o fim a que se destina, só comporta sanções internas (remorso, arrependimento, desgosto íntimo, sentimento de reprovação geral). Do ponto de vista social, tal sanção é ineficaz, pois a ela não se submetem indivíduos sem consciência e sem religião. O direito, ao inverso, conta com a sanção para coagir os homens. Se não existisse esse elemento coercitivo, não haveria segurança nem justiça para a humanidade. O campo da moral é mais amplo, abrangendo os deveres do homem para com Deus, para consigo mesmo e para com seus semelhantes, enquanto o Direito é mais restrito, compreendendo apenas os deveres do homem para com os semelhantes. Ex.: O contribuinte deve comunicar à Receita Federal a mudança de endereço - norma jurídica somente "Deves praticar a caridade"- norma moral somente "Deves falar a verdade- norma moral somente "Deves ser grato ao benfeitor"- norma moral somente "Deves respeitar os mais velhos"- norma moral somente. Norma que proíbe matar - norma moral e jurídica (além de religiosa e de trato social). É no Direito Penal e no Direito de Família que a moral faz-se representar mais fortemente. 4 . AS TEORIAS DOS CÍRCULOS E O “MÍNIMO ÉTICO” Dizer que o Direito representa apenas o mínimo de Moral declarado obrigatório para que a sociedade possa sobreviver. T. dos Círculos Concêntricos - Betham diz que o direito estacontido na moral. Segundo Lucas Paoly essa teoria de assemelha a um ovo, sendo a clara a moral e a gema o direito. Os dois círculos seriam concêntricos, com o maior pertencendo à Moral. Desta teoria infere-se: a) O campo da Moral é mais amplo do que o do Direito; b) O Direito se subordina à Moral. T. dos Círculos Secantes – A mais correta Du Pasquer afirma que o Direito e Moral possuiriam uma faixa de competência comum e, ao mesmo tempo, uma área particular independente. Há assuntos da alçada exclusiva da Moral, como a atitude de gratidão a um benfeitor. De igual modo, há problemas jurídicos estranhos à ordem moral, como por exemplo, as regras de trânsito, prazos processuais, divisões de competência na Justiça. Círculos Independentes - Desvincula o Direito da Moral. Os dois sistemas são esferas independentes. Para o famoso cientista do Direito, a norma é o único elemento essencial ao Direito, cuja validade não depende de conteúdos morais. Segundo Kelsen, o direito é o que está na lei, é o direito positivado. Teoria do Mínimo Ético - Teoria de Jellinek que afirma que o Direito representa o mínimo de moral imposto para que a sociedade possa viver em harmonia. Assim, o Direito estaria implantado, por inteiro, nos domínios da Moral, configurando, assim, a hipótese dos círculos concêntricos. 5. A METODOLOGIA DA CIÊNCIA DO DIREITO. Zetética X Dogmática Zetética: Uma ciência zetética caracteriza-se pelo rigor terminológico e investigativo, buscando encontrar a verdadeira representação de um objeto. Para tanto, não adota pressupostos ou pontos de partida fixos (dogmas), problematizando a si própria e a seus objetos iniciais. A Dogmática constrói-se um firme campo de opinião, cuja validade é intangível e com o qual se prova a validade de novas opiniões. A Ciência Dogmática do Direito, assim, não se aprofunda no entendimento do conflito a que precisa tratar. Realiza um mero recorte na realidade, extraindo do conflito uma compreensão fácil e assimilável pelos técnicos do direito, a qual permite a produção de uma decisão que silencie os conflitantes. Aula 03 - CONCEITOS JURÍDICOS FUNDAMENTAIS (Paulo – Cap X e XII) 1 - DIVISÕES DO DIREITO Direito possui várias divisões e subdivisões. A primeira grande divisão que pode ser apresentada para o Direito é a que classifica em Direito Natural e Direito Positivo. 1.1. Direito Natural e Direito Positivo; Direito natural (não é escrito, nem criado pela sociedade nem pelo estado) – deriva da essência de algo imaterial, ou divino; Para os chamados jusnaturalistas (adeptos dessa teoria do direito) a fonte do Direito natural se origina da natureza, dos deuses ou de Deus, ou do pensamento racional do ser humano. É o direito espontâneo, originando-se da própria natureza social do homem. São princípios e não regras; tem caráter universal, eterno e imutável. Ex: direito à vida e à liberdade. No direito natural, as normas não são escritas, são de conhecimento com base na moral e no bom senso. Direito positivo – é aquele que existe institucionalizado pelo estado, sendo ordem jurídica obrigatória em determinado tempo e lugar. Emanam, imediatamente, do Estado. Não é necessário, que esteja escrito, as normas costumeiras, que se manifestam pela oralidade constituem também direito Positivo. Conjunto de normas jurídicas vigentes em determinada sociedade. 1. Direito Natural – Atemporal X Direito Positivo – Temporal, Existe em determinada época 2. Direito Natural - Independe de vigência X Direito Positivo - Vigência, Observância pela sociedade e aplicação pelo Estado 3. Direito Natural - Informal X Direito Positivo – Formal, Depende de formalidades para sua existência 4. Direito Natural - Não hierárquico X Direito Positivo – Hierárquico, Ordem de importância estabelecida entre as regras. 5. Direito Natural - Independe de local X Direito Positivo - Dimensão espacial, Vigência em local definido 6. Direito Natural - Emerge espontaneamente da sociedade X Direito Positivo - Criado pelo homem Fruto da vontade do homem 7. Direito Natural - Não escrito X Direito Positivo -, Escrito, Códigos, leis, jurisprudência, Mutável mediante a vontade humana 1.2. Direito Objetivo e Direito subjetivo; Direito objetivo atribui deveres, "o conjunto de regras jurídicas obrigatórias, em vigor no país, numa dada epóca". Em outras palavras, o direito objetivo são as normas jurídicas, as leis, que devem ser obedecidas rigorosamente por todos os homens que vivem na sociedade que adota essas leis. O descumprimento dá origem a sanções. Direito subjetivo atribui direitos pode ser definido como "a faculdade ou possibilidade que tem uma pessoa de fazer prevalecer em juízo a sua vontade, consubstanciada num interesse." Ou, "o interesse protegido pela lei, mediante o recolhimento da vontade individual." Em outras palavras, é a capacidade que o homem tem de agir em defesa de seus interesses, invocando o cumprimento de normas jurídicas existentes na sociedade onde vive, todas as vezes que, de alguma forma, essas regras jurídicas venham ao encontro de seus objetivos e possam protegê-lo. São normas de direito objetivo: a Constituição, a lei, o decreto, a circular, a portaria e outros tantos atos administrativos, entretanto, as cláusulas de um contrato de locação, por exemplo, embora jurídicas, não são normas de direito positivo, pois não emanam, imediatamente, do Estado, mas sim da vontade dos particulares contratantes. O direito positivo, assim denominado porque é o que provém diretamente do Estado. Diferença entre direito positivo e direito objetivo - Direito Objetivo é gênero do qual o direito positivo, vale dizer, as normas jurídicas emanadas do Estado, é espécie. - “Todo direito positivo é direito objetivo, mas nem todo direito objetivo é direito positivo.” 1.3. Direito Público e Direito Privado; A divisão do Direito em Público e Privado é invenção romana, sendo desconhecida na Idade Média, e recuperada pelo Direito liberal burguês. Vale lembrar que esta divisão variava de intensidade conforme o país e o regime, no Direito Socialista, por exemplo, houve a hipertrofia do Direito Público. Dois critérios são utilizados, atualmente, para a divisão destes dois ramos: 1º Critério do conteúdo ou objeto da relação jurídica(Teoria dos Interesses em jogo): Quando prevalece o interesse geral o direito é público, quando prevalece o particular o direito é privado. A única diferença deste critério para o dos romanos é que estes não mencionam a expressão interesse prevalecente. 2º Critério relativo à forma da relação jurídica(ou Teoria da natureza da relação jurídica): Se a relação é de coordenação(partes envolvidas no mesmo patamar), trata-se, em regra, de Direito Privado, se a relação é de subordinação, trata-se, em regra de Direito Público. Estado é o Subordinante(em regra) Outra parte é o Subordinado - As cláusulas de um contrato são normas de Direito Privado, sendo normas individuais, pois não derivam diretamente do Estado, mas sim da vontade dos particulares. - A clássica bipartição romana do direito em público e privado não corresponde mais à realidade jurídica e não atende mais à complexidade das relações da sociedade Direito Público: regula os interesses gerais da sociedade as normas jurídicas de natureza publica, ou seja, relação entre o estado e o particular. Por exemplo: cobranças de impostos, ação criminal, matéria constitucional e etc. Direito Privado: regula as relações entre particulares, as normas jurídicas de natureza privada, ou seja, relação entre particulares. Por exemplo: locação de bens, cobranças de dívidas, casamento, execução de títulos de créditos e etc. Direito Público e Direito Privado e suas Teorias. TeoriasMonistas (a existência de somente um direito) Existência exclusiva do Direito Público (Hans Kelsen) " Todo Direito é público porque todas as relações jurídicas se apoiam na vontade do estado, já que este é o responsável direto e imediato pela segurança e harmonia social". Teorias Dualistas (a existência de dois) 5 formas Teoria do Interesse em Jogo (ou teoria Clássica ou teoria Romana) - o direito será público ou privado de acordo com a predominância dos interesses. Teoria do Fim - Quando a finalidade do direito for o estado, teremos o Direito Público, quando for o indivíduo, teremos o Direito Privado. Teoria do Titular da ação - Quando a iniciativa da ação for o estado, teremos o Direito Público, quando for o particular, teremos o Privado. Teoria da Natureza da Relação Jurídica - Quando o Poder Público participa da relação jurídica, investido de seu "imperium", impondo sua vontade, em uma relação de Teorias Trialistas ou mista: - Ramos do Direito Público (por estes critérios): Direitos Constitucional, Financeiro, Tributário, Internacional Privado, Administrativo, Processual, Ambiental, Penal... - Ramos do Direito Privado: Direitos Civil, Comercial, Consumidor, Trabalho. Teorias Trialistas Além do Direito Público e Privado, admitem alguns estudiosos um terceiro gênero, chamado por alguns de Direito Misto e por outros de Direito Social Misto. Direito Geral X Direito Particular A distinção entre o Direito geral e o particular tem como ponto de referência o alcance geográfico das normas jurídicas. O primeiro é aplicável a todo o território e o particular a uma parte deste. Uma lei estadual é Direito particular em relação à Federação. Em relação ao Estado-Membro, será geral se aplicável à totalidade de sua área geográfica, e particular se destinada a determinada região. A diversificação de direitos se justifica dentro de um Estado pela necessidade de a ordem jurídica se ajustar à realidade social e ficar em harmonia com a vida e tradição dos lugares. Direito Comum X Direito Especial As regras de Direito Comum visam toda a coletividade e envolvem quaisquer relações jurídicas, como as leis trabalhistas; O Direito Especial é mais centrado, e destinado não à toda coletividade, mas tão somente a uma parcela do todo, como no caso do menor, que possui no Estatuto da Criança e do adolescente (ECA), as disposições sobre os menores. Direito Regular X Direito Singular Direito Regular, é o direito normal quando exercido de acordo com seus princípios e regras, sendo esse o seu estado normal. Direito Singular, que ocorre diante de uma situação excepcional, onde o Direito quebra a estrutura lógica de seus preceitos fundamentais pelas autoridades competentes, isso ocorre, por exemplo, nos períodos de guerras, e estado de sítio. 2. SEGURANÇA JURÍDICA - Vale dizer que a segurança jurídica concede aos indivíduos a garantia necessária para o desenvolvimento de suas relações sociais, tendo, no Direito, a certeza das consequência dos atos praticados. - A segurança jurídica depende da aplicação, ou melhor, da obrigatoriedade do Direito. Aula 04 - FUNDAMENTOS DO DIREITO (Paulo XXXVII e XXXVIII – Miguel VI) 1. A IDEIA DO DIREITO NATURAL. O JUSNATURALISMO; Jusnaturalismo - A corrente do jusnaturalismo defende que o direito é independente da vontade humana, ele existe antes mesmo do homem e acima das leis do homem, para os jusnaturalistas o direito é algo natural e tem como pressupostos os valores do ser humano, e busca sempre um ideal de justiça. - O direito natural é universal, imutável e inviolável, é a lei imposta pela natureza a todos aqueles que se encontram em um estado de natureza. 2. O POSITIVISMO JURÍDICO; Juspositivismo - Ao contrário do que defende a corrente jusnaturalista, a corrente juspositivista acredita que só pode existir o direito e consequentemente a justiça através de normas positivadas, ou seja, normas emanadas pelo Estado com poder coercivo, podemos dizer que são todas as normas escritas, criadas pelos homens por intermédio do Estado. - O direito positivo é aquele que o Estado impõe à coletividade, e que deve estar adaptado aos princípios fundamentais do direito natural. Veja as principais diferenças entre o jusnaturalismo e o juspositivismo: JUSNATURALISMO • Leis superiores • Direito como produto de ideias (Metafísico) • Pressuposto: Valores • Existência de leis naturais 4. Teoria Pura do Direito; JUSPOSITIVISMO • Leis impostas • Leis como produto da ação humana (empírico- cultural) • Pressuposto: o próprio ordenamento positivo • Existência de leis formais Como teoria, quer única e exclusivamente conhecer o seu próprio objeto. Quando a si própria se designa como “pura” teoria do Direito, isto significa que ela se propõe garantir um conhecimento apenas dirigido ao Direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa, rigorosamente, determinar como Direito. Quer isto dizer que ela pretende libertar a ciência jurídica de todos os elementos que lhe são estranhos. Esse é o seu princípio metodológico fundamental. 5. A estrutura tridimensional do Direito. A Teoria Tridimensional do Direito foi criada pelo jurista brasileiro Miguel Reale, em 1968. Segundo este filósofo, o direito deve ser estudado como Norma, Valor e Fato Social. O primeiro aspecto, considerado em um evento jurídico, enlaça os demais fatores, que se resumem no fato econômico, demográfico, geográfico, etc. e no valor que imprime significado a este acontecimento, gerando as tendências que guiarão as ações humanas desencadeadas a partir destes fatos. O “Fato” é o acontecimento social que envolve interesses básicos para o homem e que por isso enquadra-se dentro dos assuntos regulados pela ordem jurídica (social, econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica, etc.). O “Valor” é o elemento moral do Direito se toda obra humana é impregnada de sentido ou valor, igualmente o Direito: ele protege e procura realizar valores fundamentais da vida social, notadamente, a ordem, a segurança e a justiça (conferindo ao fato determinada significação que deve ser preservada). A “Norma” consiste no padrão de comportamento social imposto aos indivíduos, que devem observá-la em determinadas circunstâncias (relação ou medida que integra o fato ao valor). A norma jurídica é uma estrutura constituída de vários elementos, entre si vinculados deonticamente, assim como as estruturas normativas, entre si, têm vínculos de subordinação e de fundamentação hierárquico-normativa. Fato, valor e norma não existem para o direito, separados um do outro, mas coexistem numa unidade concreta, resultando desta integração dinâmica o direito. Aula 05 - Fontes do Direito Positivo (Paulo – XV e XVI) 1. FONTES DO DIREITO POSITIVO 1.1. Conceito de Fontes do Direito e Classificação; - A expressão fonte vem do latim fons, fontis, nascente, significando tudo àquilo que origina, que produz algo. Assim, a expressão fontes do Direito indica, desde logo, as formas pelas quais o Direito se manifesta. - Com o termo “fonte” não se quer dizer propriamente aquele lugar no qual se origina o Direito, e sim aqueles lugares dos quais é possível extrair normas jurídicas, ou nos quais se pode buscar o fundamento de validade dessas normas, ou, ainda, indicando, segundo Miguel Reale, “os processos de produção de normas jurídicas”. - MIGUEL REALE - O termo fonte do direito deve indicar somente os processos de produção da norma jurídica, vinculados a uma estrutura do poder, o qual, diante de fatos e valores, opta por dada solução normativa e pela garantia do seu cumprimento. Segundo Reale, a estruturade poder é um requisito essencial ao conceito de fonte. A luz deste conceito, quatro são as fontes do direito: o processo legislativo, a jurisdição (poder judiciário), os usos e costumes jurídicos e o poder negocial. - Fontes Materiais: que seriam as de inspiração do direito; e Fontes Formais: que seriam as de vigência do Direito. 1.2. Distinção entre fontes materiais e formais do direito. - Costuma-se classificar as fontes em materiais, históricas e formais. Fontes materiais (fontes de produção, matéria-prima) São os fatos sociais, as próprias forças sociais criadoras do Direito. Constituem a matéria-prima da elaboração deste, pois são os valores sociais que informam o conteúdo das normas jurídicas. a) Fontes materiais diretas ou imediatas - São aquelas fontes que criam diretamente as normas jurídicas, representadas pelos órgãos legiferantes (que fazem a leis): - O Poder Legislativo- quando elabora e faz entrar em vigor as leis; - O Poder Executivo – quando excepcionalmente elabora Leis; Ex: presidente da republica quando faz a medida provisória, o prefeito pode fazer mediada provisória também. - O Poder Judiciário – quando elabora jurisprudência ou quando excepcionalmente legisla; - Os Doutrinadores – quando desenvolve trabalhos, elaboram doutrinas utilizadas pelo aplicador da lei. Ex os pensadores, autores e até mesmo o professor. - A Própria sociedade- quando consagra determinados costumes. Filas b) Fontes materiais indiretas ou mediatas: - São fatos ou fenômenos sociais que ocorrem em determinada sociedade trazendo como consequência o nascimento de novos valores que serão protegidos pela Norma Jurídica. Ex relações homo afetivos fazem com se criem novas leis. - As fontes materiais não são ainda o Direito pronto, perfeito, mas para a formação deste concorrem sob a forma de fatos sociais econômicos, políticos, religiosos, morais. - As fontes materiais não são objeto de estudo da ciência do Direito, e sim de ciências afins ao Direito, dentre elas a Sociologia e a Filosofia. - O objeto de estudo da ciência do Direito são, portanto, as fontes formais, que podem ser estatais ou não estatais. Fontes Históricas (também são fontes materiais) - São os documentos jurídicos e coleções coletivas do passado que continuam a influir nas legislações do presente. Como exemplo: a Lei das Doze Tábuas, em Roma; o célebre Código de Hamurabi, na Babilônia; o Corpus Juris Civilis, de Justiniano etc. - São fontes históricas do Direito brasileiro, por exemplo, o Direito Romano, o Direito Canônico, as Ordenações do Reino, o Código de Napoleão, a legislação da Itália fascista sobre o trabalho. Fontes formais (As formas que o direito se apresenta). Seriam a lei, os costumes, a jurisprudência e a doutrina. Imediatas e Diretas: Lei e Costume Mediatas e Indiretas: Doutrina e Jurisprudência - O Estado cria a lei e dá, ao costume e à jurisprudência, a força desta. - O positivismo jurídico defende a ideia de que fora do Estado não há Direito, sendo aquele a única fonte deste. (Mentira) - As forças sociais, os fatos sociais seriam tão-somente causa material do Direito, a matéria-prima de sua elaboração, ficando esta sempre a cargo do próprio Estado, como causa eficiente. - A lei seria causa formal do Direito, a forma de manifestação deste – Fonte formal imediata. 2. A LEI 2.1. O processo de elaboração legislativa; - A lei é a mais importante fonte formal para o direito brasileiro. - É toda norma jurídica oriunda dos órgãos de soberania, aos quais, segundo a constituição política do Estado, é conferido o poder de ditar regras de Direito. - O processo de elaboração de uma lei consiste numa sucessão de fases e de atos que vão desde a apresentação de seu projeto até a sua efetiva concretização, tornando-se obrigatória. - Assim temos os passos necessários ao processos de elaboração de uma lei: a iniciativa, discussão-votação- aprovação, sanção-veto, promulgação, publicação e entrada em vigor. 2.1.1. Atos do processo legislativo. - Os atos do processo legislativo é o conjunto de atos preordenados visando à criação de normas de Direito, com previsão constitucional. São eles: 1 - Iniciativa Legislativa - É a faculdade que se atribui a alguém ou a um órgão para apresentar projetos de lei ao Legislativo. (Os deputados, senadores, o presidente da republica, até mesmo o povo /emendas populares na constituição de 88/). Formas do povo participar no processo democrático: o direito de voto, o plebiscito, e o referendo. - Depois de apresentado esse projeto vai para as comissões técnicas permanentes como a comissão orçamentaria (para saber se esse projeto vai ter impactos nos orçamentos), passa pela comissão de constituição e justiça (para ver se fere alguma lei), entre outras. 2 – Votação – As casa do congresso ( Senado e câmara Federal) analisam os projetos de lei. Constitui ato coletivo das Casas do Congresso. Geralmente é precedida de estudos e pareceres de comissões técnicas (permanentes ou especiais) e de debates em plenário. É ato de decisão (art. 65 e 66), que se toma por maioria de votos: a) maioria simples para aprovação de lei ordinária (comum) e de resolução, bem como de Medida Provisória, que pode também ser aprovada por votação simbólica. (50%+1 Dos presentes) (Código civil, penal, estatuto da criança e do adolescente, do idoso). b) maioria absoluta dos membros das Câmaras, para aprovação de projetos de lei complementar (aquela que tem previsão constitucional) e os projetos de decreto legislativo. (50%+1 do total) c) maioria de três quintos dos membros das Casas do Congresso, para aprovação de emendas Constitucionais. 3 - Sanção e veto - São atos de competência exclusiva do Presidente da República. Sanção e veto somente recaem sobre projetos de lei. Só são cabíveis em projetos que disponham sobre as matérias elencadas. - Sanção é a adesão do Chefe do Poder Executivo ao projeto de lei aprovado pelo Legislativo; pode ser expressa (o presidente tem 15 dias para se manifestar vetando ou sancionando) ou tácita (se o presidente não se manifestar durante os 15 dias será aprovada). - Veto é o modo pelo qual o Chefe do Executivo exprime sua discordância com o projeto aprovado, por entendê-lo inconstitucional ou contrário ao interesse público. - O veto pode ser total, recaindo sobre todo o projeto, ou parcial, quando atingir somente parte dele. -O veto é relativo, não trancando de modo absoluto o andamento do projeto. - Havendo o veto o projeto retorna para as casas, para ser submetido para um novo processo em escrutínio secreto caso o veto seja rejeitado por votação da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, o projeto se transforma em lei, sem sanção, que deverá ser promulgada. (ou seja, um projeto de lei pode ser aprovado sem sanção presidencial quando o congresso nacional derruba o veto). Não se alcançando a maioria mencionada, o veto ficará mantido, arquivando-se o projeto. 4 - Promulgação e publicação - Promulga-se e publica-se a lei, que já existe desde a sanção ou veto rejeitado. É errado falar em promulgação de projeto de lei. (Sancionar ou vetar: Projeto de lei / Promulga e Publica: a lei pronta) - Promulgação (só pode ser depois de aprovado) é a declaração da existência da lei. É meio de se constatar a existência da lei. A lei é perfeita antes de ser promulgada; a promulgação não faz lei, mas os efeitos da lei só se produzirão depois dela. (No diário oficial) - A publicação da lei constitui instrumento pelo qual se transmite a promulgação aos destinatários da lei. É condição necessária para que a lei entre em vigor. 2.2. Técnica legislativa - A elaboração legislativa exige, acima de tudo, bomsenso e responsabilidade, pois as leis interferem, direta ou indiretamente, na vida das pessoas. a) Definição da matéria a ser normatizada b) Verificação da possibilidade jurídica c) Estudo da matéria, pesquisa da legislação e jurisprudência d) (verificar SEMPRE se existe lei pré-existente ou consolidação acerca da matéria) e) Elaboração de anteprojeto f) Revisão do anteprojeto g) Redação final 2.2.1. Regras para redação das normas. 1. PARTE PRELIMINAR a) Epígrafe - indica o tipo da proposição: Projeto de lei, Projeto de lei complementar, Projeto de resolução, Proposta de emenda à Constituição, Projeto de decreto legislativo. b) Ementa – deve resumir com clareza o conteúdo do ato, para efeito de arquivo e, principalmente, pesquisa, devendo, caso altere norma em vigor, fazer referência ao número e ao objeto desta. c) Fórmula de promulgação – deve indicar a autoridade ou o órgão legiferante (ex: A Assembléia Legislativa”) e descrever a ordem de execução, traduzida pelas formas verbais "decreta", "resolve" e "promulga". Exemplos: A Mesa da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nos termos do § 3º do artigo 22 da Constituição do Estado, promulga a seguinte Emenda ao texto constitucional: ou O GOVERNADOR DO ESTADO DE SÃO PAULO: Faço saber que a Assembleia Legislativa decreta e eu promulgo a seguinte lei complementar: 2. PARTE NORMATIVA ORDENAÇÃO DO TEXTO LEGAL a) Artigo – frase que encerra um comando normativo. • Tem numeração ordinal até o 9º e cardinal a partir do 10. • Quando se tratar de um só artigo, deve ser grafado como “Artigo único”. • Deve conter um único comando normativo, fixado em seu caput (a cabeça do artigo) • (abaixo do caput) As exceções ou os complementos devem ser fixadas em suas divisões (parágrafos e incisos) • As palavras em língua estrangeira devem ser destacadas (itálico, negrito, aspas) • Suas frases iniciam-se com letras maiúsculas e terminam com ponto final b) Parágrafo – é a fórmula de umas das divisões do artigo. •Deve completar o sentido ou abrir exceções à norma contemplada no caput do artigo • É representado com numeração ordinal, após o símbolo § •Se houver um só parágrafo, será grafado como “Parágrafo único”. • Pode desdobrar-se em incisos. c) Inciso – é usado para exprimir enumerações relacionadas ao caput do artigo ou ao parágrafo. •É expresso em algarismo romano •É iniciado com letra minúscula e termina com ponto e vírgula; salvo o último inciso do artigo, que termina com ponto final •Pode desdobrar-se em alíneas. d) Alínea – é usada para enumerações relativas ao texto do inciso. •É grafada em letra minúscula, seguida de parênteses •Seu texto inicia-se com letra minúscula e termina com ponto e vírgula, com exceção da última alínea do inciso •Pode desdobrar-se em item. e) Item – é usado para enumerações relativas ao texto da alínea. • É grafado por algarismos arábicos, na forma cardinal, seguido de ponto • O texto do item inicia-se com letra minúscula e termina em ponto e vírgula, com exceção do último item da alínea. 3. PARTE FINAL DA LEI: a) Cláusula de vigência: “ esta lei entra em vigor na data de sua publicação” ou “... entra em vigor “x” dias após sua publicação”. Na ausência da cláusula revogatória, vale a regra da Lei de Introdução ao Código Civil, ou seja, entra em vigor 45 dias após sua publicação. É errado dizer que a lei “entrará” em vigor. b) Cláusula revogatória: deve indicar expressamente as leis ou os dispositivos legais revogados. Em caso de consolidação de leis, utiliza-se a fórmula: "são formalmente revogados, por consolidação e sem interrupção de sua força normativa...“. c) Disposições transitórias: possui numeração própria, iniciando-se por artigo 1º, no final do texto legal. 3. OS COSTUMES - O termo costume deriva do latim consuetudine, de consuetumine, hábito, uso. (Costume não é o mesmo que hábitos) - É a prática social reiterada e considerada obrigatória. O costume demonstra o princípio ou a regra não escrita que se introduziu pelo uso, com o consentimento tácito de todas as pessoas que admitiram a sua força como norma a seguir na prática de determinados atos. - Hermes Lima afirma que os costumes apresentam 02 elementos constitutivos, um é externo e o outro é interno. O externo é o objetivo, de natureza material, é o uso constante e prolongado. O interno é de natureza psicológica ou subjetiva, que é o reconhecimento geral de sua obrigatoriedade. - Embora alguns autores não façam distinção entre costume e uso, outros advertem que o costume se distingue dos usos sociais em geral porque a comunidade o considera obrigatório para todos, e sua violação acarreta uma responsabilidade jurídica e não apenas uma reprovação social. - O costume não se confunde, então, com as demais normas sociais ou de cortesia, desprovidas de coercitividade. (O costume é obrigatório) - O costume é a mais antiga e autêntica fonte de direito. 3.1. Direito costumeiro ou consuetudinário; - Ao conjunto das normas costumeiras em vigor num Estado, convencionou-se chamar direito costumeiro, também denominado direito não-escrito, expressão esta que não tem caráter absoluto, visto que, às vezes, normas costumeiras são consolidadas, como, p. ex., a publicação intitulada "Assentamentos de Usos e Costumes da Praça de São Paulo", elaborada pela Junta Comercial e publicada no Diário Oficial do Estado. 3.2. Espécies de costumes; 1. CONTRA LEGEM (se opõem a lei) - por opor-se à lei não têm admissibilidade em nosso direito. 2. SECUNDUM LEGEM (Segundo a lei, esclarecem a lei) - por estar de acordo coma lei serve de interpretação, é o costume que esclarece a lei por estar em perfeita sintonia com ela. (a fila) 3. PRAETER LEGEM (para além da lei, para completar)- é utilizável quando a lei for omissa para preencher a lacuna existente. Este último; é o costume considerado como subsidiários do direito. 3.3. Costume e desuso das leis. Como se prova a existência dos costumes? - A prova se fará dos mais diversos modos: documentos, testemunhas, vistorias, etc. Em matéria comercial, porém, devem ser provados por meio de certidões fornecidas pela juntas comerciais que possuem fichários organizados para este fim. - Art. 337 do Código de Processo Civil - “A parte que alegar direito municipal, estadual, estrangeiro ou consuetudinário, provar-lhe-á o teor e a vigência, se assim determinar o juiz”. Aula 06 - Fontes do Direito (Cont.) – (Paulo – XVII, XVIII, XIX, XX) 1. Fontes do direito positivo 1.1 A JURISPRUDÊNCIA - Em sentido amplo é a coletânea de decisões proferidas pelos juízes ou tribunais sobre uma determinada matéria jurídica. Inclui jurisprudência uniforme (decisões convergentes) e jurisprudência contraditória (decisões divergentes). Em sentido estrito é o Conjunto de decisões uniformes prolatadas pelos órgãos do Poder Judiciário sobre uma determinada questão jurídica. - Jurisprudência são decisões reiteradas nos tribunais num determinado sentido sobre determinada matéria. - A jurisprudência vai existir a partir do momento, em que os tribunais começam a dar decisões semelhantes sobre casos semelhantes. - Na prática tem afinidade com o CASE LAW e o que se deseja da jurisprudência é estabelecer a uniformidade e a constância das decisões para os casos idênticos, é em outras palavras a criação da figura do precedente judicial. O CASE LAW tem força obrigatória. Classifica-se em: - Conforme a lei, secundum legem, a interpretação da lei realizada pelos juízes harmonizando o disposto no texto e o seu sentido. (é quando o juiz simplesmente pega a lei e aplica ao caso, justificando o uso dela) - Já a praeter legem,é a jurisprudência que se considera efetivamente fonte subsidiária do direito. É a que preenche as lacunas da lei. - A contra legem não é considerada como fonte legítima. A jurisprudência cria Direito? - Quanto ao Direito anglo-saxão não há a menor dúvida. Nos ordenamentos filiados à tradição romano-germânica, como o nosso, há quem reconheça o seu papel formador do Direito e quem o rejeite. - Os que admitem alegam que as transformações sociais exigem um pronunciamento judicial sobre assuntos que eventualmente não se encontram na lei. O juiz, impossibilitado de alegar a lacuna da lei para furtar-se à decisão, constrói através de uma interpretação ora extensiva, ora restritiva, regras para os casos concretos que lhe são propostos. Em inúmeros casos os tribunais acabaram criando um Direito novo, embora aparentemente tenham se limitado a aplicar as leis existentes. - Os que negam sustentam que o juiz é um mero intérprete da lei. Em verdade, ao dar certa conotação a um artigo de lei interpretando-o restritiva ou extensivamente, está apenas aplicando o Direito positivado. A Jurisprudência Vincula (Ela atrela os juízes no caso de jugar novas questões semelhantes que já tenham sidos jugados) ? Não. Sumula não vincula. - Nos Estados de Direito codificado, a jurisprudência apenas orienta e informa, possuindo autoridade científica sem, no entanto, vincular os tribunais ou juizes de instância inferior. 1.2 SÚMULA VINCULANTE; De No direito brasileiro, chama-se súmula um verbete que registra a interpretação pacífica ou majoritária adotada por um Tribunal a respeito de um tema específico, a partir do julgamento de diversos casos análogos, com a dupla finalidade de tornar pública a jurisprudência para a sociedade bem como de promover a uniformidade entre as decisões. De acordo com a legislação apontada, "o Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei". O objetivo é tentar assegurar o princípio da igualdade, evitando que uma mesma norma seja interpretada de formas distintas para situações fáticas idênticas, criando distorções inaceitáveis, bem como "desafogar" o STF do atoleiro de processos em que se encontra, gerado pela repetição exaustiva de casos cujo desfecho decisório já é de notório conhecimento. Distinção entre jurisprudência e precedente judicial. Reserva-se o termo jurisprudência para as decisões dos tribunais e “precedentes” para as decisões de juízes de primeiro grau. 1.2 A Doutrina A doutrina é o direito resultante de estudos voltados à sistematização, esclarecimento, adequação e inovação. Também alcança diversas posições: *Apresentação detalhada do direito em tese; * Classificação e sistematização do direito exposto; *Elucidação e interpretação dos textos legais e do direito cientificamente estudado; *Concepção e formulação de novos institutos jurídicos. Funções da Doutrina - Criadora => Dinâmica da vida social => Necessidade de evolução do Direito => Novos princípios e formas - Prática ou Técnica => Dispersão e grande quantidade de normas jurídicas => Sistematização => Análise e interpretação - Crítica => A legislação submetida ao juízo de valor sob diferentes ângulos => Acusar falhas e deficiências => Alterar o conteúdo do Direito - Para o professor Paulo Nader: "Os estudos científicos reveladores do direito vigente não obrigam os juizes, mas a maioria das decisões judiciais em sua fundamentação resulta apoiada em determinada obra de consagrado jurista" Procedimentos de integração: analogia legal e os princípios gerais de direito - Tendo em vista que o aplicador do direito não pode deixar sem resposta as questões postas à sua apreciação e, não havendo uma norma jurídica que se encaixe de forma específica ao caso concreto, o juiz deve se utilizar de meios adequados para aplicar o direito. - Dentre os métodos sugeridos pelo próprio legislar, encontra-se a analogia, podendo ser utilizada para a constatação e suprimento das lacunas. O que é analogia? - Olhar leis e normas semelhantes para solução de um caso que não existe lei para o caso. - Quando o juiz para solucionar o caso que não tem previsão em lei, ele se utiliza de outra lei que trata de uma situação parecida, mas que já esta normatizada ele esta utilizando analogia. • Afirma MAXIMILIANO que a analogia consiste em aplicar a uma hipótese não prevista em Lei a disposição relativa a um caso semelhante. • Para VICENTE RÁO, a analogia consiste na aplicação dos princípios extraídos da norma existente a casos outros que não expressamente contemplados. • MARIA HELENA DINIZ entende que a analogia consiste em aplicar a um caso não previsto de modo direto ou específico por uma norma jurídica, uma norma prevista para uma hipótese distinta, mas semelhante ao caso não contemplado, fundado na identidade do motivo da norma e não da identidade do fato. Fundamentos da analogia - É forma primordial para o preenchimento das lacunas no ordenamento jurídico, também sendo conhecida como auto integração, pois é realizada com os próprios recursos do sistema legislativo. Espécies de analogia 1. ANALOGIA LEGIS - é aplicação de lei a caso semelhante por ela previsto, ou seja, parte de um preceito legal e concreto, e faz a sua aplicação aos casos similares. 2. ANALOGIA IURIS é aplicação de princípios de direito nos casos de inexistência de norma jurídica aplicável. - Para TÉRCIO SAMPAIO DE FERRAZ JÚNIOR, a analogia iuris é uma espécie de conjugação de dois métodos lógicos: a indução e a dedução. A partir de casos particulares obtém-se uma generalização da qual resultam princípios os quais se aplicam, então dedutivamente, a outros casos. É um raciocínio quase-lógico. - A analogia do direito tem por finalidade a integração da norma jurídica com seus meios próprios, partindo do pressuposto da coerência intrínseca do sistema. Requisitos Requisitos necessários para a aplicação da lei através da analogia: 1º) o caso deve ser absolutamente não previsto em lei; 2º ) deve existir elementos semelhantes entre o caso previsto e aquele não previsto; 3º ) esse elemento deve ser essencial e não um elemento qualquer, acidental. - Somente após observados tais requisitos é que será lícito ao aplicador da lei valer-se da analogia. - A analogia não é permitida no ramo do Direito Penal, salvo para beneficiar o réu; tampouco em matéria tributária para a criação de novos tributos. Princípios Gerais do Direito. É possível dizer que os princípios gerais de direito são aqueles que decorrem dos próprios fundamentos do ordenamento positivo. A rigor, não precisam mostrar de forma expressa, ainda que constituam pressupostos lógicos de um determinado ordenamento jurídico. Quando se diz, por exemplo, que ninguém deve ser punido por seus pensamentos (cogitationis poenam nemo patitur), ou ninguém está obrigado ao impossível (ad impossibilia nemo tenetur), têm-se clássicos princípios gerais de direito. Entre os princípios que se designam processuais estão o da oralidade, o da publicidade, o da certeza, o da oficialidade (de oficiosidade e de autoridade) (os atos só podem ser praticados por aqueles que têm competência), o da indisponibilidade, o da iniciativa das partes e os dos limites da lide. Já entre os princípios constitucionaisencontram-se o da legalidade (não é crime se não tiver uma lei que diga que é), o do contraditório (precisa saber do que é acusado para poder criar provas para a defesa) e o importantíssimo princípio do juízo natural (e o superlativo aqui se evidencia pela ênfase que a ele têm dado por exemplo a Declaração Universal do Direito do Homem, o Pacto de Costa Rica e outros tratados e convenções internacionais). Equidade É o princípio pelo qual o direito se adapta á realidade da vida sócio-jurídica, conformando-se com a ética e a boa- razão, salvando as lacunas do Direito para melhorá-lo e enobrecê-lo, tal como demonstram os pretores da Roma antiga. Para Paulo Nader, a equidade não é fonte do direito. É um critério de aplicação pelo qual se leva em conta o que há de particular em cada relação. Na concepção de Aristóteles, a característica do equitativo consiste em restabelecer a lei nos pontos em que se enganou, em virtude da formula geral que se serviu. • A equidade, tanto pode ser um “elemento de integração” perante uma lacuna do sistema legal, como ser um “elemento de adaptação” da norma às circunstâncias do caso concreto por ocasião da aplicação do direito. Na primeira hipótese, a equidade pode ser vista como sendo o “direito do caso concreto”; na segunda, como a “justiça do caso concreto” • O art. 127 do Código de Processo Civil estabelece que o juiz decida por equidade nos casos previstos em lei. Direito comparado (Também é fonte do direito) Ao confrontar ordenamentos jurídicos vigentes em diversos povos, o Direito Comparado “aponta-lhes as semelhanças e as diferenças, procurando elaborar sínteses conceituais e preparar o caminho para unificação de certos setores do Direito” (Wilson de Souza Campos Batalha). O direito comparado estuda as diferenças e as semelhanças entre os ordenamentos jurídicos de diferentes Estados, agrupando-os em famílias. Os antigos gregos já se esforçavam por comparar o direito em vigor em diferentes cidades-Estado: Aristóteles estudou 153 constituições de cidades-Estado gregas para escrever a sua Política; Sólon teria feito o mesmo antes de promulgar as leis de Atenas. Os decênviros romanos somente teriam preparado a Lei das Doze Tábuas após consulta às instituições gregas. Na Idade Média, comparava-se o direito romano e o direito canônico. Contudo, apenas no século XX surgiu o estudo sistemático do direito comparado, como ciência. Aula 07 - A Norma Jurídica (Miguel – XV) 1. A NORMA JURÍDICA 1.1 Conceito; A norma jurídica é um comando, um imperativo dirigido às ações dos indivíduos e das pessoas jurídicas e demais entes. É uma regra de conduta social; sua finalidade é regular as atividades dos sujeitos em suas relações sociais. A norma jurídica imputa certa ação ou comportamento a alguém, que é seu destinatário. Ao se dirigir ao destinatário, a norma jurídica proíbe e obriga, onde aquele que deve cumprir estará diante de uma proibição (" É proibido fumar neste estabelecimento") ou de uma obrigação (" É obrigatório o uso de crachá de identificação para a entrada neste setor ") . Segundo o Direito Positivo, a norma jurídica é o padrão de conduta social imposto pelo Estado, para que seja possível a convivência entre os homens. Paulo Nader conceitua como sendo a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social. Segundo Orlando Secco, trata -se das regras imperativas pelas quais o Direito se manifesta, e que estabelecem as maneiras de agir ou de organizar, impostas coercitivamente aos indivíduos, destinando -se ao estabelecimento da harmonia, ordem e da segurança da sociedade. - A palavra norma ou regras jurídicas são sinônimas, apesar de alguns autores utilizarem a denominação regra para o setor da técnica e outros, para o mundo natural. - Existe distinção entre norma jurídica e lei. Esta é apenas uma das formas de expressão das normas, que se manifestam também pelo direito costumeiro e, em alguns países, pela jurisprudência. 1.2. Estrutura lógica e características da norma jurídica; - As categorias mais gerais das normas jurídicas, verificam -se que estas apresentam alguns caracteres que, na opinião dominante dos doutrinadores, são: bilateralidade, generalidade, abstratividade, imperatividade, coercibilidade e heteronomia. Segundo Kant, existem dois tipos de comandos: Imperativo categórico " É mais comum na religião, na moral e nos costumes, embora existam normas jurídicas com este tipo de comando "deve ser A", tem caráter taxativo. É constituído por um único elemento (ou enunciado, dispositivo ou consequência) Subdividindo-se em: · Sentido positivo " determinando -se que se faça alguma coisa. Ex. "silêncio", "respeite a fila" "mão única". ·Sentido negativo " determinando-se que determinada coisa não pode ser feita. Ex. "é proibido fumar", "é proibido falar com o motorista". Imperativo hipotético " O enunciado fica na dependência de ocorrer a hipótese ou fato. A maioria das normas jurídicas são deste tipo, representando o comando ''se for B, então deve ser A", onde "se for B" é a hipótese, suposto ou fato, e "deve ser A" é o enunciado, dispositivo ou consequência. "Além das causas consideradas neste Código, perde -se a propriedade: I....; II.....; III- pelo abandono" " Se for abandonada a coisa (B), deve ser perdida a propriedade da mesma" (A). Porque somente é aplicável na ocorrência da hipótese estipulada, qual seja, o abandono da coisa. 1.3. Principais características: · Generalidade. Temos que a norma jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma, deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei. · Abstratividade. As normas jurídicas visam estabelecer uma fórmula padrão de conduta, aplicável a qualquer membro da sociedade. Regulam casos como ocorrem, via de regra, no seu denominador comum. Se abandonassem a abstratividade para regular os fatos em sua casuística, os códigos seriam muito mais extensos e o legislador não lograria seu objetivo, já que a vida em sociedade é mais rica que a imaginação do homem. · Pela bilateralidade, temos que o direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, conferindo poder a uma parte e impondo dever à outra. Bilateralidade expressa o fato de a norma possuir dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurídico, de tal modo que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em relação à conduta de outro(s) sujeito(s)(relação de alteridade). Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo). Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico). · A imperatividade revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, pois o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Assim, para garantir efetivamente a ordem social, o direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples aconselhamento. · A coercibilidade - Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois elementos: psicológico e material. O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades previstas para as hipóteses de violações das normas jurídicas. O elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente. As noções de coação e sanção não se confundem. Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas. · A atributividade (ou autorizamento) - Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência entre a norma jurídica e as demais normas de conduta: a aptidão paraatribuir ao lesado a faculdade de exigir o seu cumprimento forçado. Então, a essência específica da norma jurídica é a atributividade (ou autorizamento), porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das faculdades humanas. Assim, a norma jurídica é atributiva por atribuir, às partes de uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos. Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. 3.1 Características formais: escrita emanada do Poder Legislativo em processo de formação regular, promulgada e publicada. Lei em sentido formal: é a que atende apenas aos requisitos de forma (processo regular de formação. Em sentido formal-material: a lei deve preencher os requisitos de substância e de forma. Lei Substantiva - Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc.. Lei Adjetiva - Aglutina regras de procedimento no andamento de questões forenses. Ex.: Lei de Direto Processual Civil, Direito Processual Penal etc.. Critério da Destinação - normas de organização (normas de sobredireito) ou estrutura e normas de conduta (normas de direito). Normas de organização (norma de sobredireito) - normas instrumentais que visam à estrutura e funcionamento dos órgãos, ou à disciplina de processos técnicos de identificação e aplicação de normas, para assegurar uma convivência juridicamente ordenada => Destinatário: o próprio Estado. Normas de conduta (norma de direito) - corpo social (pessoas físicas, jurídicas ou autoridades que estiverem na situação nela prevista). Todavia, quando surge o eventual conflito levado ao Poder Judiciário, este passa a ser seu destinatário. 1.4 Classificação da norma quanto: Critério da Existência - norma explícita e norma implícita: A norma explícita é a norma tal qual está escrita nos códigos e nas leis. A norma implícita é aquela subentendida a partir da norma explícita. Só a existência deste direito implícito pode responder pela afirmativa de que o ordenamento jurídico não tem lacunas. Serve ele, portanto, não apenas à interpretação da lei, como, igualmente, à integração do Direito. Por seu intermédio é que o Direito positivo se completa, garantindo-se. Critério da extensão territorial - normas federais, estaduais e municipais: As normas jurídicas são classificadas desta forma em razão da esfera do Poder Público de que emanam, pois todo território de um Estado acha-se sob a proteção e garantia e um sistema de Direito. Assim, as normas jurídicas são federais, estaduais ou municipais, na medida em que sejam instituídas respectivamente pela União, pelos Estados -Membros e pelos Municípios. “Não há, pois, uma hierarquia absoluta entre leis federias, estaduais e municipais, porquanto esse escalonamento somente prevalece quanto houver possibilidade de concorrência entre as diferentes esferas de ação. A rigor, as únicas normas jurídicas que primam no sistema do Direito brasileiro são as de Direito Constitucional.” Critério do Conteúdo - direito público, direito privado e direito social: A teoria que prevalece atualmente para a distinção dessas normas é a teoria formalista da natureza da relação jurídica: Normas de Direito Privado: regulam o vínculo entre particulares => Plano de igualdade => Relação jurídica de coordenação. Ex.: As normas que regulam os contratos. Normas de Direito Público: regulam a participação do poder público, quando investido de seu imperium, impondo a sua vontade => Relação jurídica de subordinação. Ex.: As normas de Direito Administrativo. Ex.: Normas de Direito Família. Critério da Imperatividade - normas impositivas (cogentes) e dispositivas (permissivas) e proibitivas. Imperativas - ordenam, impõem. Normas impositivas (ou cogentes) - Proibitivas - vedam, proíbem. Interpretativas - esclarecem a vontade do indivíduo manifestada de forma duvidosa. Normas dispositivas (ou permissivas) - Integrativas - preenchem lacunas deixadas por ocasião da manifestação da vontade. Enquanto que as normas impositivas são taxativas, ora ordenando, ora proibindo, as normas dispositivas limitam -se a dispor, com grande parcela de liberdade. Critério da Sanção - normas perfeitas, mais que perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas Normas perfeitas – o nome já diz. Normas mais que perfeitas - estabelecem sanções em proporções maiores do que os atos praticados mediante transgressão de normas jurídicas. A sanção é mais intensa do que a transgressão. Normas menos que perfeitas - não invalidam o ato, mas impõem uma sanção ao agente transgressor. Normas imperfeitas - Representam um caso muito especial. Nem invalidam o ato nem estabelecem sanção ao transgressor. Tal procedimento se justifica por razões relevantes de natureza social e, sobretudo, ética. Critério da Natureza: normas substantivas e normas adjetivas Normas substantivas - reúnem normas de conduta social que definem os direitos e os deveres das pessoas em suas relações. Ex.: Direito Civil, Penal, Comercial etc.. Normas adjetivas - aglutinam regras de procedimento no andamento das questões forenses. Ex.: Lei de Direito Processual Civil, Direito Processual Penal etc.. As leis substantivas são, em regra, principais, enquanto que as adjetivas são de natureza instrumental. 1.5 Planos de validade da norma jurídica: Validade das Normas Jurídicas. Válido é aquilo que é feito com todos os seus elementos essenciais. Para que o ato ou negócio sejam válidos, terão que estar revestidos de todos os seus elementos essenciais. Faltando um deles, o negócio é inválido, nulo, não alcançando os seus objetivos. Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurídica pode ser vista sob três aspectos: · Técnico-formal = vigência; · Social = eficácia; · Ético = fundamento. Vigência vem a ser a executoriedade compulsória de uma norma jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração? .(REALE,1986) Exigidos: · Emanada de órgão competente; · Com obediência aos trâmites legais; · E cuja matéria seja da competência do órgão elaborador. Validade Social ou Eficácia. Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz. Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, "é a regra jurídica enquanto monumento da conduta humana" (REALE,1986). Desta forma, quando as normas jurídicas são acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia. Como esclarece Maria Helena Diniz, "vigência não se confunde com eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando". O fato é que não existe norma sem o mínimo de eficácia, de execução ou aplicação na sociedade a que se destina. Daí a relevância a "anacrônicas", isto é, as que envelheceram enquanto a vida evoluía, havendo uma defasagem entre as mudanças sociais e a lei; "leis artificiais", ou seja, fruto apenas do pensamento, mera criação teórica e abstrata, estão distanciadas da realidade que vão governar; "leis injustas", ou seja, aquelas que, traindo a mais significativa revelam-se na prática, sem condições de aplicabilidade, não fornecendo todos os recursos técnicos para a sua aplicação. Validade Ética ou Fundamento. De fato, toda a norma jurídica deve ser sempre uma tentativa de realização de valores necessários ao homem e à sociedade. Se ela visa atingir um valorou afastar um desvalor, ela é um meio de realização desse fim valioso, encontrando nele a sua razão de ser ou o seu fundamento. As regras que protegem, por exemplo, as liberdades são consideradas como tendo fundamento, porque buscam um valor considerado essencial ao ser humano. Realmente, é o valor que legitima uma norma jurídica, que lhe dá uma legitimidade; daí a distinção entre legal (que possui validade formal) e legítimo (que possui validade ética). Ter -se que é a coerção ou a coação que asseguram a obrigatoriedade do Direito é atitude que resulta no amesquinhamento da natureza humana. Nem a coação -ato, nem a coerção -potência podem substituir satisfatoriamente o sentimento enquanto fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado enquanto sistema disciplinador de relações de poder. Aula 08 - Teoria do Ordenamento Jurídico (Miguel XV) 1. O Ordenamento Jurídico à luz da Constituição brasileira. Paulo Nader, afirma que o ordenamento jurídico compreende “o sistema de legalidade do Estado, formado pela totalidade das normas vigentes, que se localizam em diversas fontes”. (É o sistema através do qual o Estado estabelece os seus parâmetros legais). Para Miguel Reale, é “o sistema de normas jurídicas in acto, compreendendo as fontes de direito e todos os seus conteúdos e projeções: é, pois, os sistemas das normas em sua concreta realização, abrangendo tanto as regras explícitas como as elaboradas para suprir as lacunas do sistema, bem como as que cobrem os claros deixados ao poder discricionário dos indivíduos (normas negociais)”. 1.1 Princípio da plenitude do Ordenamento jurídico O ordenamento jurídico não pode deixar a descoberto, sem dar solução, qualquer litígio ou conflito capaz de abalar o equilíbrio, a ordem e a segurança da sociedade. Por isso, ele contém, a possibilidade de solução para todas as questões que surgirem na vida de relação social, suprindo as lacunas deixadas pelas fontes do direito. Os elementos do ordenamento jurídico brasileiro estão estruturados na forma de atenderem à obediência aos ditames da Constituição Federal. Todo o nosso direito positivo para ter validade deriva-se dos princípios constitucionais. 2. Normas, regras e princípios. Conceitos e distinções. Canotilho esclarece que o sistema jurídico deve ser visto como um sistema normativo aberto de regras e princípios: (1) é um sistema jurídico porque é um sistema dinâmico de normas; (2) é um sistema aberto porque tem uma estrutura dialógica traduzida na disponibilidade e ‘capacidade de aprendizagem’ das normas constitucionais para captarem a mudança da realidade e estarem abertas às concepções cambiantes da ‘verdade’ e da ‘justiça’; (3) é um sistema normativo, porque a estruturação das expectativas referentes a valores, programas, funções e pessoas, é feita através de normas; (4) é um sistema de regras e de princípios, pois as normas do sistema tanto podem revelar-se sob a forma de princípios como sob a sua forma de regras. Por sua vez, Ronald Dworkin mostra que, nos chamados casos-limites ou hard cases, quando os juristas debatem e decidem em termos de direitos e obrigações jurídicas, eles utilizam standards que não funcionam como regras, mas, trabalham com princípios, política e outros gêneros de standards. Princípios (principles) são, segundo este autor, exigências de justiça, de equidade ou de qualquer outra dimensão da moral, e que junto com as regras compõem o sistema jurídico. Duas espécies de distintas do gênero norma, habitam o sistema jurídico: REGRAS e PRINCÍPIOS As regras disciplinam uma determinada situação; quando ocorre essa situação, a norma tem incidência; quando não ocorre, não tem incidência. Para as regras vale a lógica do tudo ou nada (Dworkin). Quando duas regras colidem, fala-se em "conflito"; ao caso concreto uma só será aplicável (uma afasta a aplicação da outra). O conflito entre regras deve ser resolvido pelos meios clássicos de interpretação: a lei especial derroga a lei geral, a lei posterior afasta a anterior etc. Princípios são as diretrizes gerais de um ordenamento jurídico (ou de parte dele). Seu espectro de incidência é muito mais amplo que o das regras. Entre eles pode haver "colisão", não conflito. Quando colidem, não se excluem. Como "mandados de otimização" que são (segundo Robert Alexy), sempre podem ter incidência em casos concretos (às vezes, concomitantemente dois ou mais deles). A diferença marcante entre as regras e os princípios, portanto, reside no seguinte: A regra cuida de casos concretos. Ex.: o inquérito policial destina-se a apurar a infração penal e sua autoria – CPP, art. 4º. Os princípios norteiam uma multiplicidade de situações. O princípio da presunção de inocência, por exemplo, cuida da forma de tratamento do acusado bem como de uma série de regras probatórias (o ônus da prova cabe a quem faz a alegação, a responsabilidade do acusado só pode ser comprovada constitucional, legal e judicialmente etc.). Os princípios desempenham funções estratégicas, a saber: fundamentadora, interpretativa e supletiva ou integradora. - por força da função fundamentadora dos princípios, outras normas jurídicas neles encontram o seu fundamento de validade. Ex.: O artigo 261 do CPP (que assegura a necessidade de defensor ao acusado) tem por fundamento os princípios constitucionais da ampla defesa, do contraditório, da igualdade etc. - Os princípios, não só orientam a interpretação de todo o ordenamento jurídico, mas também cumprem o papel de suprir eventual lacuna do sistema (função supletiva ou integradora). No momento da decisão o juiz pode valer-se da interpretação extensiva, da aplicação analógica bem como do suplemento dos princípios gerais de direito (CPP, art. 3º). No caso do conflito entre princípios (ou colisão entre princípios, nos termos de Alexy), diversamente das regras, este se dá no plano do seu "peso" valorativo que entre eles – os princípios colidentes - deverá ser ponderado e não no plano da validade, como no caso do conflito entre regras. Solucionando os conflitos entre princípios (Robert Alexy) O primeiro passo diz respeito à verificação da adequabilidade dos meios jurídicos empregados para a obtenção de um certo fim. Ou seja, uma determinada norma restringe, por exemplo, o direito de propriedade em razão da tutela do meio ambiente. Caberia verificar se a restrição legal atinge o fim proposto ou não. O segundo passo questiona a existência de outro meio, menos gravoso para a propriedade privada, que tutelasse o meio ambiente com a mesma eficácia. Por fim, no estágio da razoabilidade em sentido estrito, procede-se a um cálculo de custo-benefício entre os princípios colidentes de modo a verificar seu maior ou menor grau de eficácia. 2 - Validade do ordenamento jurídico. Estrutura escalonada de Kelsen: O primeiro doutrinador a lecionar que o sistema jurídico era composto por normas superiores e inferiores interligadas e estruturadas entre si foi Merkel. Porém, a estrutura hierárquica das normas jurídicas ganhou ênfase através de Hans Kelsen. Segundo Kelsen, normas não estão todas num mesmo plano de análise. Existem normas superiores e inferiores. As inferiores são subordinadas às normas superiores, e este escalonamento garante unidade ao sistema. 4. Pirâmide de Kelsen. Aprendemos que no sistema jurídico existe a chamada hierarquia de normas. Assim, as normas de direito encontram sempre seu fundamento em outras normas jurídicas. As normas inferiores encontram seu fundamento de validade em outras normas de escalão superior. Desde a norma mais simples até à própria Constituição ocorre o fenômeno da "pirâmide jurídica". Representa-se esta estrutura hierárquica de um ordenamento atravésde uma pirâmide. O vértice é ocupado pela norma fundamental e a base pelos atos executivos. “Norma Fundamental está sobre a constituição.” Hierarquia e constitucionalidade das leis. Eis uma das mais citadas concepções de hierarquia das normas do ordenamento jurídico brasileiro: 1 .Normas constitucionais: ocupam o grau mais elevado da hierarquia das normas jurídicas. Todas as demais devem subordinar-se às normas presentes na Constituição Federal, isto é, não podem contrariar os preceitos constitucionais. Quando contrariam, costuma-se dizer que a norma inferior é inconstitucional. 2. Normas complementares: são as leis que complementam o texto constitucional. A lei complementar deve estar devidamente prevista na Constituição. Isso quer dizer que a Constituição declara, expressamente, que tal ou qual matéria será regulada por lei complementar. 3. Normas ordinárias: são as normas elaboradas pelo Poder Legislativo em sua função típica de legislar. Exemplo: Código Civil, Código Penal, Código Tributário etc. 4. Normas regulamentares: são os regulamentos estabelecidos pelas autoridades administrativas em desenvolvimento da lei. Exemplo: decretos e portarias. 5. Normas individuais: são as normas que representam a aplicação concreta das demais normas do Direito à conduta social das pessoas. Exemplo: sentenças, contratos etc. Aula 09 - A Lei de Introdução as Normas do Direito Brasileiro (Paulo XXIV) 1. A Lei de introdução ao código civil (ou LICC) É uma "lei sobre a lei". Foi editada em 1942, e está em vigor até hoje. Seu objetivo foi orientar a aplicação do código civil, preencher lacunas e dirimir questões que foram surgindo entre a edição do primeiro código civil (em 1916) e a edição da LICC. Segundo Maria Helena Diniz, a LICC contém normas sobre normas, assinando-lhes a maneira de aplicação e entendimento, predeterminando as fontes do direito positivo, indicando-lhes as dimensões espaço temporais. 1.1 Pontos fundamentais da LICC A Lei de Introdução ao Código Civil, que, em verdade, é a Lei de Introdução de todo o Direito, pois institui normas sobre normas, ou seja, são normas que informam os requisitos legais que as demais normas deverão obrigatoriamente possuir para que penetrem no Direito, enquanto sistema normativo positivado, com os atributos de validade, vigência e eficácia. A lei de introdução ao Código Civil fixa e define algumas questões básicas, como o tempo de vigor da lei, o momento dos efeitos da lei, e a validade da lei para todos. 1.2 O Início da Vigência da Lei. Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. Até o advento da LC 95/98, alterada pela LC 107/01, a cláusula de vigência vinha expressa, geralmente, na fórmula tradicional: “Esta lei entra em vigor na data de sua publicação”. A partir da LC nº 95, a vigência da lei deverá vir indicada de forma expressa, estabelecida em dias, e de modo que contemple prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento, passando a cláusula padrão a ser: “ Esta lei entra em vigor após decorridos (número de dias) de sua publicação”. No caso de o legislador optar pela imediata entrada em vigor da lei, só poderá fazê-lo se verificar que a mesma é de pequena repercussão. Na falta de disposição expressa da cláusula de vigência, aplica-se como regra supletiva a do art. 1º da LICC, que dispõe que a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de oficialmente publicada. 1.3 VACATIO LEGIS Chama-se VACATIO LEGIS o período que medeia a data de publicação da lei e a de sua entrada em vigor. Com o período da vacatio legis (vacância da lei), o próprio legislador procura facilitar ao cidadão o cumprimento da lei, facultando o seu conhecimento prévio. Nada impede, contudo, que a vigência da lei nova seja imediata, dispensando- se a vacatio legis, como se observa na Introdução ao Código Civil. A forma de contagem do prazo da vacatio legis é a dos dias corridos, com exclusão do de começo e inclusão do de encerramento, computados domingos e feriados. Art. 1° § 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada à correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação Nesse caso, observar-se-ão as seguintes situações: – correção da norma em seu texto, por conter erros substanciais, durante a vacatio legis ensejando nova publicação: nova vacatio será iniciada a partir da data da correção, anulando-se o tempo decorrido; – várias publicações diferentes de uma mesma lei, motivadas por erro: a data da publicação será uma só e deverá ser a da publicação definitiva, ou seja, a última (RF, 24:480). Art. 1° § 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. As emendas ou correções em lei que já esteja em vigor são consideradas leis novas, ou seja, para corrigi-la é preciso passar por todo o processo de criação de uma lei, devendo para isso obedecer aos requisitos essenciais e indispensáveis para a sua existência e validade. 1.4 Princípio da Continuidade das Leis Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. Este princípio está contemplado no art. 2º da LICC, quando menciona que uma lei só deixa de vigorar quando modificada ou revogada por outra posterior. Há que se fazer uma distinção entre derrogação e ab-rogação. A derrogação significa revogação parcial enquanto que a ab-rogação diz respeito à revogação total. Ambas, derrogação e ab-rogação, são espécies do gênero revogação. 1.5 Término da vigência das leis Vigência e revogação são matérias disciplinadas pela Lei de Introdução ao Código Civil. A lei nova revoga a anterior quando trata sobre o mesmo assunto de forma diversa. Assim, nos fatos ocorridos após a sua revogação, a lei antiga não produzirá qualquer efeito, cessando, desta forma, sua eficácia. Mas, com relação aos fatos ocorridos anteriormente à edição da nova lei, a lei antiga poderá continuar produzindo efeitos. Tal fenômeno é chamado de ultratividade da lei. 1.6 Princípio da Obrigatoriedade da Lei. Art. 3º. Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Depois da publicação ou decorrida a vacatio legis, a lei torna-se obrigatória, não podendo ser alegada sua ignorância: nemo jus ignorare censetur, sendo aplicada mesmo àqueles que a desconhecem, porque o “interesse da segurança jurídica exige esse sacrifício”. 1.7 A questão da Repristinação A lei posterior revoga a anterior quando trata da mesma matéria de forma contrária. Uma vez revogada a lei nova, volta a vigorar a lei antiga? Art. 2º, parágrafo 3º, da LICC: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência”. Repristinação seria o restabelecimento da lei revogada após a perda da vigência da lei revogadora. Tal fato, como vimos, não é possível em nosso ordenamento jurídico, salvo disposição expressa em contrário. Tal dispositivo não se aplica às leis temporárias. - art. 2º, caput: “Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue.” 1.8 Conflito de Leis no Tempo e no Espaço. A chamada aplicação da lei no tempo e no espaço refere-se à eficácia do Direito segundo a extensão de sua incidência ou em função do tempo ligado à sua vigência. Temos, assim, a eficácia da lei no tempo e no espaço. A eficácia da lei no tempo diz respeito ao tempo de sua atuação até que desapareça do cenário jurídico. Como tal fato pode ocorrer? Em duas hipóteses: · Se a lei já tem fixado
Compartilhar