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aula 3 serviço soacial direito e cidadania

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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Serviço Social, Direito e Cidadania 
Aula 3 
 
 
Profª. Adriana Accioly Gomes Massa 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Conversa inicial 
Olá, caro aluno! Esta é a terceira aula da disciplina de Serviço Social, 
Direito e Cidadania! 
Nela iremos estudar os direitos da criança e do adolescente inseridos em 
um sistema de garantia de direitos, advindos pós Constituição Federal de 1.988, 
resultante de um processo de lutas sociais pelos direitos infanto-juvenis, 
especialmente com o esgotamento do Código de Menores que anunciava a 
necessidade do surgimento de um novo paradigma que rompesse com a cultura 
menorista voltada para crianças e adolescentes. Assim, crianças e adolescentes 
passam a ser inseridos em um sistema de garantia de direitos e reconhecidos 
como sujeitos de direitos e não mais como objeto do direito, em uma perspectiva 
paternalista. 
No material online, a professora Adriana apresenta os tópicos que 
serão abordados nesta rota. Confira! 
 
Contextualizando 
Ao tratar dos direitos da criança e do adolescente será necessária a 
compreensão histórica da conquista desses direitos, bem como a compreensão 
da atual perspectiva voltada ao público infanto-juvenil, que consiste no sistema 
de proteção integral, rompendo com a perspectiva menorista. Assim, essa aula 
tratará da construção histórica dos direitos da criança e do adolescente até a 
consolidação do sistema de proteção integral. Além disso, tratará da importância 
da previsão constitucional desses direitos, bem como a construção do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, compreendendo sua abrangência concreta. 
Por fim, tratará dos princípios que embasaram a construção da 
legislação especial voltada a criança e ao adolescente, ou seja, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente, e pontos importantes da legislação que visam efetivar 
a proteção integral, dentre eles, as medidas de proteção e as medidas 
socioeducativas. 
 
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Problematização: 
O tema redução da maioridade penal vem sendo discutido atualmente na 
sociedade, principalmente na mídia e nas redes sociais, como uma forma de 
combater a violência. Ainda assim, a proposta legal de redução da idade penal 
de 18 para 16 anos foi rejeitada pelo Senado. 
Será que a redução da idade penal irá de fato reduzir a criminalidade? 
Ou será que a criminalidade na infância e adolescência tem um contexto 
muito mais profundo e complexo a ser enfrentado do que a simples diminuição 
da idade penal? 
Hoje iremos estudar o direito da criança e do adolescente visando 
compreender o seu significado histórico e contextual. O objetivo é compreender 
a importância desses direitos já que crianças, adolescentes e jovens são as 
principais vítimas de violência comunitária, fenômeno que tem adquirido 
proporção significativa especialmente nos grandes centros urbanos. 
Vamos deixar para discutir os questionamentos quanto à redução da 
maioridade penal no final da nossa aula, no fórum de discussões. Agora, procure 
apenas refletir sobre esse assunto. 
 
Tema 1: Criança e Adolescente como sujeito de direitos 
 
Com a Constituição Federal de 1.988 crianças e adolescentes deixam de 
ser objeto de “proteção” para serem sujeitos de direitos, beneficiários e 
destinatários imediatos da proteção integral. Esse novo paradigma trazido com 
a Constituição de 1988 surge com o rompimento da doutrina da situação irregular 
que era até então estabelecida pelo Código de Menores (Lei nº 6.697 de 
10.10.1979) para, então, implementar a doutrina de proteção integral, 
estabelecendo uma diretriz básica e única no atendimento de crianças e 
adolescentes. Além disso, a Constituição de 1988, ineditamente na história do 
Brasil, aborda a questão da criança e do adolescente com prioridade absoluta, 
 
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adotando o princípio da responsabilidade compartilhada para assegurar sua 
proteção, remetendo esse dever à família, à sociedade e ao Estado. 
Essa doutrina de proteção integral adotada no Brasil teve forte inspiração 
na Declaração de Genebra de 1924, considerada a primeira normativa 
internacional a garantir direitos e proteção especial à crianças e adolescentes. 
Em seguida, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (Paris -1948), 
reconhece os direitos e liberdades individuais do ser humano e reconhece o 
princípio da dignidade da pessoa humana. Na mesma linha, o Pacto de São José 
de 1969 (Convenção Americana sobre os Direitos Humanos) que consignou em 
seu artigo 19 medidas de proteção voltadas à criança e adolescente: “Artigo 19º 
- Direitos da criança - Toda criança tem direito às medidas de proteção que a 
sua condição de menor requer por parte da sua família, da sociedade e do 
Estado. ” Esses documentos estão disponíveis nos links a seguir. Confira! 
 
http://www.un-documents.net/gdrc1924.htm 
http://unesdoc.unesco.org/images/0013/001394/139423por.pdf 
https://www.cidh.oas.org/basicos/portugues/c.convencao_americana.ht
m 
 
É importante citar outros instrumentos normativos considerados como 
fundamentação para construção dos direitos direcionados à infância e 
adolescência. Vamos destacar alguns como: 
 Regras de Beijing para a administração da Infância e da Juventude, 
Resolução nº 40.33 de 29 de novembro de 1985 da Assembleia Geral 
da ONU; 
 Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança aprovada pela 
Assembleia Geral da ONU em 20 de novembro de 1989 e ratificada 
pelo Brasil através do Decreto nº 99.710 em 21 de novembro de 1990. 
 
 
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Acesse esses documentos nos links a seguir. 
http://www.sdh.gov.br/assuntos/criancas-e-
adolescentes/pdf/SinaseRegrasdeBeijing.pdf 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm 
 
No Brasil, além da influência de normativas internacionais, o Estatuto da 
Criança e do Adolescente é resultado da articulação de três vertentes: 
 Movimentos sociais (especialmente movimento nacional dos meninos 
e meninas de rua - MNMMR); 
 Agentes do campo político; 
 Políticas públicas. 
Com relação ao Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua 
(MNMMR) importante destacar que foi um movimento que surgiu em um contexto 
de busca de direitos e lutas contra a ditadura militar. Assim, esse movimento 
surge na década de 1980, atraindo várias pessoas na defesa dos direitos das 
crianças e adolescentes, sendo mais um dos movimentos que exigia mudanças 
nas mais diversas esferas da sociedade. 
Na área da construção de políticas públicas e maior protagonismo social 
no campo político, os direitos da criança e do adolescente emergem juntamente 
com a busca de garantias de direitos humanos, tendo em vista que na década 
de 1980 o número de crianças e adolescente nas ruas cresceu de forma 
significativa, bem como os casos de extermínio. 
Com a proteção integral, criança e adolescente passam a ser sujeitos de 
direitos e não mais objeto de proteção, conforme era o entendimento da vigência 
do Código de Menores. Assim, o Brasil, inspirado na luta pela garantia dos 
direitos humanos, passa a consolidar os direitos da criança e do adolescente em 
sua Constituição Federal, que posteriormente se materializa em legislação 
especial – Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/1990, que já em 
 
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seu artigo 1º prevê que esta Lei dispõe sobrea proteção integral à criança e ao 
adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente, em seu artigo 3º esclarece que 
a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à 
pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, sendo 
lhe assegurados, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e 
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, 
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Ademais, os 
direitos enunciados nesta Lei se aplicam a todas as crianças e adolescentes, 
sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou 
cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e 
aprendizagem, condição econômica, ambiente social, região e local de moradia 
ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em 
que vivem. 
 
No material online, a professora Adriana fala mais sobre as 
mudanças legais proporcionadas às crianças e aos adolescentes quando 
estes passaram a ser tratados como sujeitos de direitos. Não deixe de 
assistir! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tema 2: Estatuto da Criança e do Adolescente 
 
A Constituição de 1.988 prevê que a família, a sociedade e o Estado 
devem assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, 
o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária, salvaguardando-os de toda forma de 
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 
A Constituição Federal da forma como se consolidou, na consagração dos 
direitos humanos, é fruto de um processo de expansão da democracia, da 
cidadania e da regulamentação do Estado Democrático de Direito, que ocorre no 
período final da ditadura militar no Brasil. Nesse mesmo contexto, no âmbito dos 
direitos da criança e do adolescente ocorre ampla mobilização nacional, com 
repercussão internacional, visando a ruptura do Código de Menores e de práticas 
político-jurídicas menoristas. 
Nesse sentido, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), criado pela 
Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990, foi resultado de um processo democrático, 
de movimentos populares em busca da inclusão de novos direitos voltados à 
criança e ao adolescente. Com a Constituição Federal de 1.988 e, especialmente, 
com o Estatuto da Criança e do Adolescente, rompe-se com o modelo do menor 
em situação irregular (modelo menorista) para cristalizar uma doutrina da 
proteção integral e da garantia da prioridade absoluta na proteção infanto-juvenil. 
Nesse novo modelo são criadas novas estruturas com o objetivo de 
romper com práticas antigas voltadas a criança e ao adolescente, especialmente 
práticas judiciárias assistenciais, filantrópicas e autoritárias. Cria-se, então, 
nesse novo contexto, o Conselho Tutelar e os Conselhos de Direitos. 
O Conselho Tutelar, eleito pela sociedade, passa a atuar no plano 
administrativo, com a finalidade de proteger e impedir a violação dos direitos 
individuais das crianças e adolescentes. O Conselho Tutelar tem previsão no 
Estatuto da Criança e do Adolescente nos artigos 131 a 135. Trata-se de um 
 
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órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade 
de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. 
O Estatuto da Criança e do Adolescente também prevê, como diretrizes 
da política de atendimento (art. 88, I e II), a criação de conselhos municipais, 
estaduais e nacional dos direitos da criança e do adolescente. Os conselhos são 
órgãos deliberativos e controladores das ações voltadas à área da criança e do 
adolescente, assegurando, todavia, a participação popular paritária por meio de 
organizações representativas, conforme legislação federal, estadual e municipal. 
Assim, os Conselhos de Direitos da Criança e Adolescente tem como importante 
função a elaboração das diretrizes da política de atendimento aos direitos da 
criança e do adolescente, bem como pelo acompanhamento, controle social e 
avaliação dos programas e ações desenvolvidas nessa área. Em suma, uma das 
principais atribuições dos Conselhos de Direitos é garantir a existência e 
efetividade de políticas direcionadas à área da infância e juventude. 
Com relação ao Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do 
Adolescente (Conanda), suas principais pautas são: 
 O combate à violência e exploração sexual praticada contra crianças 
e adolescentes; 
 A prevenção e erradicação do trabalho infantil e proteção do 
trabalhador adolescente; 
 A promoção e a defesa dos direitos de crianças e adolescentes 
indígenas, quilombolas, crianças e adolescentes com deficiência; 
 A criação de parâmetros de funcionamento e ação para as diversas 
partes integrantes do sistema de garantia de direitos; 
 O acompanhamento de projetos de lei em tramitação no Congresso 
Nacional referentes aos direitos de crianças e adolescentes. 
 
 
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Quer saber mais sobre o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e 
do Adolescente (Conanda)? Clique no link a seguir. 
http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/conselho-nacional-dos-
direitos-da-crianca-e-do-adolescente-conanda 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser considerado como 
legislação inovadora, garantista e participativa. Inovadora, no sentido de romper 
com o caráter conservador do Código de Menores, garantindo direitos ao público 
infanto-juvenil. Garantista, tendo em vista que inseriu o sistema de garantias 
constitucionais. E, finalmente, participativa, considerando a expressiva e maciça 
participação da sociedade, na função de instrumento deliberativo, fiscalizador e 
controlador das ações. 
Ademais, o Estatuto da Criança e Adolescente ressalta os direitos 
fundamentais que são titulares as crianças e aos adolescentes, que são: 
 Direito à vida; 
 Direito à saúde; 
 Direito à liberdade; 
 Direito ao respeito e à dignidade; 
 Direito à educação; 
 Direito à cultura, esporte e lazer; 
 Direito à profissionalização e à proteção no trabalho; 
 Direito à convivência familiar e comunitária. 
Em relação à garantia dos direitos fundamentais dirigidos à criança e ao 
adolescente, ela tem seu fundamento no artigo 4º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, que é reprodução quase integral do artigo 227 da Constituição 
Federal, que esclarece que é dever da família, da sociedade e do Estado 
 
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fornecer proteção integral à criança e ao adolescente, inclusive no sentido de dar 
efetividade aos direitos fundamentais inerentes à criança e ao adolescente. 
Assim, é dever de todos garantir os direitos fundamentais à criança e ao 
adolescente, com prioridade absoluta, especialmente por se tratar de uma 
condição peculiar, em fase de desenvolvimento biopsicossocial. 
 
Agora é com a professora Adriana Accioly Gomes Massa. Veja o 
que ela tem a dizer sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente no 
material online. 
 
Tema 3: Princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente precisou ser consagrado a partir 
de uma base princípio lógica, para o efetivo rompimento do paradigma menorista 
na área da infância e juventude e o fortalecimento da doutrina de proteção 
integral. Inseridos na legislação, os princípios são considerados fontesfundamentais do direito, cuja função está relacionada a orientação e ao 
esclarecimento das normas jurídicas, especialmente quanto a necessidade de 
aplicação no caso concreto. Essa base princípio lógica congrega alguns 
princípios voltados à área da infância e da juventude, considerados princípios 
orientadores, que são: 
 Prioridade Absoluta; 
 Melhor interesse ou interesse superior da criança e do adolescente; 
 Municipalização. 
É importante destacar que esses princípios não são os únicos, mas são 
os principais que derivam de um meta-princípio que é o da proteção integral. 
 
 
 
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Prioridade Absoluta 
 
Trata-se de um princípio, estabelecido pela Constituição Federal em seu 
artigo 227 e no Estatuto da Criança e do Adolescente, nos artigos 4º e 100, inciso 
II. 
O artigo 227 da Constituição Federal prevê que: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à 
criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, 
à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à 
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além 
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. (CF, art. 227). 
Já os artigos 4º e 100º do Estatuto da Criança e do Adolescente, também 
trazem esse princípio, conforme você pode observar clicando a seguir. 
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do 
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à 
profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária. (ECA, art. 4º). 
Art. 100. Na aplicação das medidas levar-se-ão em conta as 
necessidades pedagógicas, preferindo-se aquelas que visem ao fortalecimento 
dos vínculos familiares e comunitário. 
Parágrafo único. São também princípios que regem a aplicação das 
medidas: 
I - condição da criança e do adolescente como sujeitos de direitos: 
crianças e adolescentes são os titulares dos direitos previstos nesta e em outras 
Leis, bem como na Constituição Federal; 
II - proteção integral e prioritária: a interpretação e aplicação de toda e 
qualquer norma contida nesta Lei deve ser voltada à proteção integral e 
 
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prioritária dos direitos de que crianças e adolescentes são titulares; (ECA, 
art.100, I, II). 
Esse princípio traz consigo a regra que seja qual for o contexto (judicial, 
extrajudicial, administrativo, social ou familiar) o interesse infanto-juvenil deve 
sempre preponderar. A prioridade absoluta nessa área infanto-juvenil, ao 
priorizar o atendimento de crianças e adolescentes, leva em consideração que 
se trata de pessoa em desenvolvimento, com fragilidades peculiares da pessoa 
em formação, correndo risco maior do que um adulto, por exemplo. Essa 
prioridade de ser atendida e assegurada por todos, família, comunidade, 
sociedade em geral e Poder Público, em todas as suas esferas (Executivo, 
Judiciário e Legislativo). 
 
Melhor interesse ou interesse superior da criança e do adolescente 
 
Esse princípio está previsto no artigo 6º do Estatuto da Criança e do 
Adolescente que dispõe: 
Art. 6º - Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os fins sociais 
a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres 
individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente 
como pessoas em desenvolvimento. (ECA, art. 6º). 
A base desse princípio é justamente responsabilizar o Estado no que diz 
respeito às demandas advindas do período infanto-juvenil. 
Ademais, foi a Declaração dos Direitos da Criança que contribuiu para a 
doutrina de proteção integral, já que por meio dela passou-se a adotar como 
paradigma orientador o princípio do melhor interesse da criança e do 
adolescente. Assim, deverão ser levadas em consideração, com base no 
princípio do melhor interesse da criança e do adolescente, as necessidades 
infanto-juvenis, para interpretação das leis e também para elaboração de 
projetos e programas, políticas públicas e novas normativas. 
 
 
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Municipalização 
 
Com a Constituição de 1.988, ficou estabelecida a descentralização das 
ações governamentais na área da assistência social, conforme previsão no 
artigo 204 da CF/1988, que dispõe: 
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão 
realizadas com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 
195, além de outras fontes, e organizadas com base nas seguintes diretrizes: 
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as 
normas gerais à esfera federal e a coordenação e a execução dos respectivos 
programas às esferas estadual e municipal, bem como a entidades beneficentes 
e de assistência social. (CF, art. 204). 
Nessa mesma corrente da assistência social, o Estatuto da Criança e do 
Adolescente, traz em seu art. 88, inciso I, a constatação que a municipalização 
é uma das diretrizes de atendimento. 
Assim, para que se possa atender as necessidades específicas das 
crianças e dos adolescentes de cada região é necessário a municipalização do 
atendimento. Além do que, quanto mais próximo dos problemas existentes, fica 
mais fácil conhecer suas causas e resolvê-los. 
 
A professora Adriana Accioly Gomes Massa fala mais sobre os 
princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente no material online. 
Confira! 
 
 
 
 
 
 
 
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Tema 4: Medidas de Proteção 
 
O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a aplicação de medidas 
protetivas ou medidas de proteção à criança e ao adolescente, que podem ser 
compreendidas como a parte mais relevante do Estatuto, por romper com a 
doutrina da “situação irregular” para implementar a doutrina da “proteção 
integral”. 
Essas medidas estão divididas em duas partes: específicas de proteção 
e socioeducativas. As medidas protetivas são aplicadas às crianças e 
adolescentes em situação de risco, situação tipificada no artigo 98 do ECA. 
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são 
aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou 
violados: 
 I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
 II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
 III - em razão de sua conduta. (ECA, art. 98). 
As medidas socioeducativas estão previstas no artigo 112 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. Assim, pode-se verificar que as medidas 
socioeducativas são aplicadas aos adolescentes, ou seja, pessoa com idade 
entre 12 a 18 anos incompletos. 
As medidas protetivas previstas no Estatuto da Criança e do 
Adolescente, no artigo 101, tem como objetivo proteger a criança e ao 
adolescente. Podem ser aplicadas isoladamente ou em conjunto com outras 
medidas, inclusive com medidas socioeducativas que veremos adiante. 
O ECA traz um rol exemplificativo das medidas a serem aplicadas. Por 
que rol exemplificativo? Por que além das medidas mencionadas no Estatuto da 
Criança e do Adolescente, podem-se aplicar outras medidas que se entender 
necessárias, conforme a situação concreta. Nas medidas socioeducativas temos 
um rol taxativo, ou seja, somente podem ser aplicadas aquelas medidas que lá 
estão citadas. 
 
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As medidas protetivas ou de proteção podem ser aplicadas pelo 
Conselho Tutelar, pelo Ministério Público ou pela autoridade judiciária. Algumas 
medidas, as últimas do artigo 101, só podem ser aplicadas pelo Juiz, pois 
consistem na colocação da criança e do adolescente em família substituta. Em 
casos excepcionais ou situações extremas, o Conselho Tutelar pode proceder a 
colocação da criança e adolescente em família substituta, porém com 
comunicação imediata ao Juiz. O Juiz pode aplicar todas as medidas de 
proteção, já o Conselho Tutelar e o Ministério Público não podem aplicar todas 
as medidas. 
As medidas de proteção são aplicadas sempre que se perceber que a 
criança ou o adolescente se encontram em situação de risco. Assim, conforme 
dispõe o artigo 100 do Estatuto da Criança e do Adolescente, para aplicação de 
medidas protetivas se levará em conta as necessidades pedagógicas e 
psicológicas da criança ou adolescente, dando preferências as medidas que 
visem fortalecer os vínculos familiares e comunitários. 
Verificada a situação de risco, situação prevista no artigo 98 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente, devem ser aplicadas as medidas protetivas, cujo 
a ECA traz um rol de algumas medidas a serem adotadas em seu artigo 101. 
Art. 101. Verificada qualquer das hipóteses previstas no art. 98, a 
autoridade competente poderá determinar, dentre outras, as seguintes medidas: 
I - encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de 
responsabilidade; 
II - orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
III - matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de 
ensino fundamental; 
IV - inclusão em serviços e programas oficiais ou comunitários de 
proteção, apoio e promoção da família, da criança e do adolescente; 
V - requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em 
regime hospitalar ou ambulatorial; 
 
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VI - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e 
tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
VII - acolhimento institucional; 
VIII - inclusão em programa de acolhimento familiar; 
IX - colocação em família substituta. 
(ECA, art. 101). 
 
Quer saber mais sobre as medidas de proteção? A professora 
Adriana Accioly Gomes explica mais esse assunto no material online. Não 
perca! 
 
Tema 5: Família substituta, guarda, adoção e tutela 
 
Para maior compreensão do texto legal, vamos compreender 
inicialmente algumas terminologias. 
Família natural é aquela formada pelos pais ou qualquer um deles e seus 
descendentes, conforme previsão legal no artigo 25 do ECA. 
Família extensa ou ampliada é àquela que se estende para além do 
conceito de família natural, ou seja, para além dos pais, sendo formada por 
parentes próximos com os quais a criança ou adolescente mantém vinculo de 
afinidade e afetividade. Importante a compreensão da família ampliada para 
tratar do tema família substituta, conforme irá se verificar no decorrer do estudo 
desse tema. A família substituta, que é o tema do nosso estudo, é àquela que se 
forma diante da impossibilidade, mesmo que breve, da criança e adolescente em 
permanecer com sua família de origem. A família substituta pode se estabelecer 
por meio da guarda, da tutela e da adoção. 
A família substituta, que é o tema do nosso estudo, é àquela que se 
forma diante da impossibilidade, mesmo que breve, da criança e adolescente em 
 
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permanecer com sua família de origem. A família substituta pode se estabelecer 
por meio da guarda, da tutela e da adoção. 
A previsão da família substituta está no artigo 28 do Estatuto da Criança 
e do Adolescente, que prevê que “a colocação em família substituta far-se-á 
mediante guarda, tutela ou adoção, independentemente da situação jurídica da 
criança ou adolescente, nos termos desta Lei.” 
Importante destacar que quando se tratar de adolescente, ou seja, 
pessoa com 12 anos completos até 18 anos incompletos, é necessário o seu 
consentimento para colocação em família substituta, que deverá ser colhido em 
audiência judicial. Nos demais casos, sempre que possível, a criança e o 
adolescente devem ser ouvidos por equipe interdisciplinar, que deverá 
considerar o estágio de desenvolvimento e o grau de compreensão da criança e 
do adolescente. 
Comumente, as Varas da Infância e da Juventude contam com uma 
equipe composta por psicólogos e assistentes sociais que, por meio do laudo ou 
de depoimentos informativos em audiência, fornecerão subsídios para o juiz, 
além de atuarem no aconselhamento, orientação, encaminhamento e 
prevenção, conforme previsto nos artigos 150 e 151 do ECA. 
Art. 150. Cabe ao Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta 
orçamentária, prever recursos para manutenção de equipe interprofissional, 
destinada a assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. 
Art. 151. Compete à equipe interprofissional dentre outras atribuições que 
lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, 
mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver 
trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e 
outros, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a 
livre manifestação do ponto de vista técnico. 
(ECA, arts. 150, 151). 
 
 
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Com relação aos critérios para colocação em família substituta o artigo 
28, parágrafo 3º dispõe que “na apreciação do pedido levar-se-á em conta o grau 
de parentesco e a relação de afinidade ou de afetividade, a fim de evitar ou 
minorar as consequências decorrentes da medida. ” 
De modo geral, a colocação de criança e adolescente em família 
substituta deverá levar em consideração os vínculos afetivos já estabelecidos, 
com intuito de minorar as consequências decorrentes da medida. Quando da 
necessidade de colocação em família substituta, como fica quando da existência 
de grupo de irmãos? 
O parágrafo 4º do artigo 28 do Estatuto da Criança e do Adolescente 
esclarece isso. 
§ 4º. Os grupos de irmãos serão colocados sob adoção, tutela ou guarda 
da mesma família substituta, ressalvada a comprovada existência de risco de 
abuso ou outra situação que justifique plenamente a excepcionalidade de 
solução diversa, procurando-se, em qualquer caso, evitar o rompimento 
definitivo dos vínculos fraternais. (ECA, art. 28, 4º). 
Na verdade, com base em um dos princípios já estudados, o princípio do 
melhor interesse da criança, o ECA prevê que o grupo de irmãos não devem ser 
separados quando da colocação em família substituta, evitando o rompimento 
dos vínculos fraternos. 
A colocação em família substituta se dará por meio da guarda, da tutela 
e da adoção. Vamos compreender cada uma dessas três espécies de colocação 
em família substituta. 
A guarda está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente nos 
artigos 33 ao 35 e significa uma obrigação imposta a alguém de prestar 
assistência material, moral e educacional, além do dever de vigilância e zelo, no 
sentido de garantir o pleno desenvolvimento da criança e do adolescente. 
A tutela se traduz em um encargo destinado a alguém para prestar 
assistência, representar e administrar os bens de criança e adolescente que não 
estejam sob o poder familiar. A tutela de criança e adolescente está prevista nos 
 
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artigos 36 e 38 do ECA. A tutela será deferida judicialmente, à criança e 
adolescente nos termos da lei e nos casosem que pressupõe a perda ou 
suspensão do poder familiar, implicando, consequentemente no dever de 
guarda. 
Já a adoção, outra modalidade de colocação em família substituta, se 
dará quando da destituição do poder familiar, ou seja, quando do rompimento 
definitivo do vínculo jurídico estabelecido entre a família natural e a criança e 
adolescente. 
Conforme o parágrafo 1º do artigo 39 do ECA, a adoção é uma medida 
extrema e excepcional, aplicada apenas quando todas as tentativas de 
manutenção da criança e do adolescente na família de origem e na família 
extensa já foram adotadas. 
A adoção atribui à criança e adolescente a condição de filho, com os 
mesmos direitos e deveres, inclusive sucessórios e desliga permanentemente o 
vínculo com pais e parentes, exceto pela manutenção dos impedimentos 
matrimoniais. 
Em suma, a adoção é considerada medida protetiva de colocação em 
família substituta, estabelecendo novo parentesco civil, entre o adotado e o 
adotante. 
Saiba mais sobre as principais características da adoção: 
 Ato personalíssimo: a adoção não pode ser realizada por procuração, 
pois trata-se de um ato em que é necessária a presença física dos 
adotantes. 
 Excepcional: somente aplicada essa medida quando já restaram 
esgotados todos os recursos de manutenção da criança e do 
adolescente na família natural ou ampliada. 
 Irrevogável: a adoção produz efeitos definitivos, impossibilitando a 
retomada do poder familiar pela família natural. 
 
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 Incaducável: mesmo o falecimento dos pais adotivos não restabelece 
o poder familiar da família natural. 
 Plena: condição de plenitude do adotado, tendo os mesmos direitos 
dos filhos naturais, sem quaisquer distinções. 
 Constituída por sentença judicial: a adoção só se dá por meio de 
sentença judicial, não sendo admitida por meio de escritura pública. 
Aprofunde os seus conhecimentos sobre família substituta, guarda, 
adoção e tutela assistindo à explicação da professora Adriana Accioly 
Gomes no material online. 
 
Tema 6: Da prática de ato infracional 
 
Agora vamos tratar especificamente das medidas socioeducativas 
previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente. As medidas socioeducativas 
tratam-se de medidas de proteção àqueles adolescentes – e apenas 
adolescentes, pois não se aplica as crianças – que comentam ato infracional. 
Vamos lembrar que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente é 
considerado criança pessoa de 0 a 12 anos incompletos e, adolescente, de 12 a 
18 anos incompletos. 
Ato infracional, conforme o artigo 103 do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, se trata de conduta descrita como crime ou contravenção penal no 
Código Penal, ou seja, quando a conduta infringe normas legais. Porém, quando 
isso ocorre, o adolescente comete um ato infracional e não um crime, isso 
significa que as consequências legais desse ato são diferentes daqueles 
previstas no código penal (aplicada aos maiores de 18 anos). 
Para o adolescente a lógica que se insere não é a de aplicação de uma 
pena restritiva ou privativa de direito, mas a aplicação de medidas 
socioeducativas (constituídas de caráter pedagógico) cuja finalidade não é a 
 
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punição, mas a correção de comportamento, tendo em vista que o adolescente 
ainda está em fase de pleno desenvolvimento. 
Conforme o artigo 228 da Constituição Federal, os menores de 18 anos 
são criminalmente inimputáveis, sujeitos às normas estabelecidas pelo Estatuto 
da Criança e do Adolescente. As medidas socioeducativas são, então, aplicadas 
pelo juiz aos adolescentes que cometem ato infracional, conforme dispõe o artigo 
112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Mas, o que acontece quando a criança comete um ato infracional? 
Quando a criança (0 a 12 anos incompletos) comete ato infracional, 
serão aplicadas a ela as medidas de proteção previstas no artigo 101 do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. Já para o adolescente (12 a 18 anos incompletos) 
que pratica ato infracional serão aplicadas medidas socioeducativas. As medidas 
socioeducativas serão aplicadas, exclusivamente, pelo Juiz de Direito. 
E, quais são essas medidas socioeducativas? 
São aquelas elencadas taxativamente (somente elas podem ser 
aplicadas) no artigo 112 do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Art. 112. Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente 
poderá aplicar ao adolescente as seguintes medidas: 
 I - advertência; 
II - obrigação de reparar o dano; 
III - prestação de serviços à comunidade; 
IV - liberdade assistida; 
V - inserção em regime de semiliberdade; 
VI - internação em estabelecimento educacional; 
VII - qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. (ECA, art. 112). 
 
Com relação à advertência trata-se de uma espécie de “bronca” judicial, 
que tem por finalidade orientar o adolescente levando-o a reflexão acerca do ato 
infracional cometido. 
 
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A obrigação de reparar o dano é o ressarcimento econômico à vítima, ou 
seja, o adolescente ressarce a vítima do dano que lhe causou. 
A prestação de serviços comunitários tem um caráter educativo, tendo 
em vista que o adolescente presta serviços (realiza atividades gratuitas) à uma 
instituição com finalidade social (podendo ser instituição pública ou privada), em 
período não excedente a seis meses, devendo ser encaminhado pelos 
profissionais da política municipal de assistência social (CREAS). 
A liberdade assistida é o acompanhamento do adolescente por equipe 
interdisciplinar, que ocorre (comumente) no âmbito da Política de Assistência 
Social (CREAS), cuja finalidade é o acompanhamento orientado do adolescente, 
especialmente nas dimensões comunitária, familiar e escolar. Essas medidas 
são aplicadas pelo prazo mínimo de seis meses, podendo ser prorrogada, 
revogada ou substituída pelo juiz. 
A medida socioeducativa em regime de semiliberdade trata-se de uma 
privação parcial da liberdade do adolescente, o qual deve permanecer em uma 
unidade de socioeducação pelo tempo determinado pelo juiz, podendo sair 
apenas para estudar ou trabalhar. 
A medida de internação é uma medida de privação de liberdade, que 
pode durar até três anos, período em que o adolescente fica segregado do 
convívio familiar e comunitário, permanecendo em uma unidade de 
socioeducação, em regime integral. Ainda, dentro dessa temática da 
socioeducação, a Lei nº 12.594/2012, instituiu o Sistema Nacional de 
Atendimento Socioeducativo – SINASE, que busca integrar e articular o sistema 
de justiça, as políticas setoriais voltadas às medidas de proteção e 
socioeducação dirigidas aos adolescentes em conflito com a lei, visando 
assegurar a efetividade da execução das medidas socioeducativas, a partir da 
definição de diretrizes operacionais. 
Para conhecer melhor o SINASE, clique no link a seguir e acesse a Lei 
nº 12.594/2012. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12594.htm 
 
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A professora Adriana Accioly Gomes fala mais sobre a prática do 
ato infracional no material online. Confira! 
Trocando Ideias 
Após compreendida toda lógica que envolve os direitos da criança e do 
adolescente, a partir de um sistema de proteção integral, participe do fórum de 
discussões para debater sobre o tema “redução da maioridade penal”. Você é 
contra ou a favor? Justifique sua resposta no fórum. 
Na Prática 
Para compreender um pouco mais sobre a Justiça Restaurativa, 
acesse o material onlinee assista à explanação da professora Adriana 
Accioly Gomes sobre um caso prático. 
 
Síntese 
Iniciamos nossa aula compreendendo o rompimento que ocorreu no final 
do século passado com a doutrina menorista, implementando um novo 
paradigma: o sistema de proteção integral. Verificamos que a criança e o 
adolescente, a partir desse novo paradigma, deixam de ser objeto de proteção e 
passam a ser considerados sujeitos de direito. 
Pudemos também compreender que essa mudança paradigmática teve 
a influência de normativas internacionais, que também influenciaram a 
Constituição Federal de 1988 e o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Com base no Estatuto da Criança e do Adolescente, pudemos conhecer 
os princípios voltados ao público infanto-juvenil, os direitos fundamentais e a 
lógica da doutrina de proteção integral. Além disso, vimos como é o 
procedimento quando a criança e o adolescente se encontram em situação de 
risco, conhecendo as medidas de proteção e quando há necessidade de 
colocação em família substituta. 
 
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Por fim, foi esclarecido o que ocorre quando criança ou adolescente 
cometem um ato infracional, com base no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Para finalizar, confira no material online as considerações da 
professora Adriana Accioly Gomes sobre os tópicos abordados. 
 
Referências 
BERAS, Cesar. Democracia, Cidadania e Sociedade Civil. Editora 
Intersaberes. Curitiba. 2014. (Coleção Temas Sociais Contemporâneos) 
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do 
Brasil. Acesso em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ConstituicaoCompilado.htm 
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Acesso em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069Compilado.htm 
GAMA, Guilherme Calmon Nogueira. Princípios Constitucionais de Direito de 
Família: guarda compartilhada à luz da lei nº 11.698/08, família, criança, 
adolescente e idoso. São Paulo: Atlas. Ano 2008.TAVARES, Marcelo Leonardo. 
Previdência e Assistência Social Legitimação e Fundamentação Constitucional 
Brasileira. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2003. 
MONDAINI, Marco. Direitos Humanos no Brasil. SP. São Paulo. Editora 
Contextos. 2009.

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