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DIREITO PENAL I MAURO CESAR professormaurocesar@gmail.com CONTEÚDO DESTA AULA NOME DA DISCIPLINA Condutas dolosa e culposa Resultado e Nexo de causalidade Tipicidade Antijuridicidade/ilicitude Culpabilidade Erros de tipo e de proibição DIREITO PENAL I 1 – Conduta Dolosa Ocorrerá quando o agente atuar querendo o resultado ou assumindo o risco de produzi-lo. 1.1 – ELEMENTOS a) COGNITIVO: é a consciência de que esta realizando a conduta. b) VOLITIVO: é a vontade de realizar o ato. 1.2 – ESPÉCIES DE DOLO a) DOLO DIRETO: o agente atua querendo produzir o resultado a.1) DOLO DIRETO DE PRIMEIRO GRAU: é a vontade direta do agente. A quer matar B e, para isso, dispara 06 vezes contra seu desafeto. DIREITO PENAL I a.2) DOLO DIRETO DE SEGUNDO GRAU (ou de consequências necessárias): trata-se das consequências necessárias do crime que o agente quer produzir. A quer matar B e, para isso, coloca uma bomba no avião que este irá viajar. A intenção é matar B, mas a consequência necessária dessa conduta é a morte de todos os ocupantes do avião b) DOLO EVENTUAL: aqui, o agente não deseja o resultado, mas assume o risco da sua ocorrência. DIREITO PENAL I 2 – Conduta Culposa 2.1 – ELEMENTOS a) inobservância de um dever de cuidado: o agente age com negligência (um não fazer), imprudência (um fazer) ou imperícia (relacionada a ofício, arte e profissão) b) resultado não querido e não aceito pelo agente: o resultado não age querendo o resultado e, caso o preveja, acredita piamente que ele não acontecerá. c) nexo causal: é o elo entre o resultado e a conduta do agente. d) previsibilidade: o resultado deve ser ao menos previsível. Sendo imprevisível, não poderá haver a responsabilização do agente DIREITO PENAL I 2.2 – ESPÉCIES a) culpa consciente: nessa, o resultado além de previsível, é previsto pelo agente, que acredita piamente que ele não acontecerá. b) culpa inconsciente: o resultado, mesmo sendo previsível, não foi sequer previsto pelo agente 3 – Crime Preterdoloso Trata-se do crime no qual a conduta antecedente é DOLOSA e a conduta posterior, consequente, é CULPOSA. DIREITO PENAL I 4 – Resultado Trata-se da consequência ocorrida em decorrência da conduta do agente. 4.1 – ESPÉCIES a) jurídico: é o resultado previsto em lei. b) naturalístico: é a alteração no mundo dos fatos, visível a olho nu. 4.2 – CLASSIFICAÇÃO DO CRIME QUANTO AO RESULTADO NATURALÍSTICO a) crime formal – há possibilidade da ocorrência do resultado naturalístico, mas não há necessidade que ele ocorra para que o crime seja considerado consumado. Ex: corrupção. b) crime material – há possibilidade da ocorrência do resultado naturalístico, sendo imprescindível que ele ocorra para que o crime seja considerado consumado. Ex: homicídio. c) crime de mera conduta – sequer haverá a possibilidade de alteração no mundo dos fatos. Ex: porte de arma de fogo. DIREITO PENAL I 5 – Nexo Causal Trata-se do elo entre o resultado à conduta do agente. 5.1 – TEORIA DA EQUIVALÊNCIA DOS ANTECEDENTES OU DA “CONDITIO SINE QUA NON” (artigo 13 do CP) Para o Código Penal, causa é toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 5.2 – PROCEDIMENTO HIPOTÉTICO DE ELIMINAÇÃO DE THYREN E REGRESSO AO INFINITO Para se evitar o regresso ao infinito no momento da análise da responsabilização criminal, deveremos eliminar as condutas, hipoteticamente, analisando se o resultado permaneceria após a eliminação. Caso permaneça, não será considerado causa; não permanecendo, será considerado causa. Além disso, deveremos analisar o dolo e a culpa do agente para verificarmos a possibilidade de atribuição do resultado à conduta do agente DIREITO PENAL I 6 – Iter Criminis É o caminho percorrido pelo crime. 6.1 – FASES a) cogitação – FASE INTERNA. É a intenção de praticar o delito. NÃO É PUNIDA, sob pena de violação ao princípio da lesividade. b) preparação – são atos necessários para o agente iniciar a execução do delito. Em regra, NÃO É PUNIDA, salvo se, por si só, configurar algum delito e este não seja absorvido pelo crime-fim. c) execução – aqui se inicia a punibilidade do ato. Pode ocorrer a tentativa, a consumação, a desistência voluntária ou o arrependimento eficaz. d) consumação – diz-se o crime consumado quando nele se reúnem todos os elementos da sua definição legal (art. 14, II do CP). O crime se consuma quando o tipo penal encontra-se realizado. e) exaurimento – é o resultado perseguido pelo agente que poderá acontecer junto ou após a consumação do crime. DIREITO PENAL I 6.2 – CONSUMAÇÃO O crime estará consumado quando nele se reunirem todos os elementos de sua definição legal. 7 – Tentativa (conatus) Ocorrerá quando, iniciada a execução, a consumação não acontecer por circunstâncias alheias à vontade do agente. 7.1 – ELEMENTOS a) prática de um ato de execução; b) presença dos elementos subjetivos do tipo doloso; c) não consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente. DIREITO PENAL I 7.2 – ESPÉCIES 7.2.1 – EM RELAÇÃO AO CAMINHO PERCORRIDO DURANTE A FASE DE EXECUÇÃO a) perfeita (acabada, crime falho ou delito frustrado): o agente esgota a fase de execução do delito, que não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. b) imperfeita (inacabada): a fase executória é interrompida antes de ser esgotada e o crime não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. OBS: crimes unissubsistentes – eles se consumam com apenas um ato, não sendo possível fracionar o iter criminis e, portanto, não sendo possível a tentativa DIREITO PENAL I 7.2.2 – EM RELAÇÃO AO OBJETO DO CRIME a) branca (incruenta): o objeto material não sofre nenhum dano. b) vermelha (cruenta): o objeto material sofre dano. 7.3 – CONSEQUÊNCIAS PARA FINS DE APLICAÇÃO DA PENA (artigo 14, p.ú. do CP) É uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. - quanto maior a proximidade da consumação, menor será a diminuição da pena, e vice-versa. DIREITO PENAL I 8 – Desistência Voluntária e Arrependimento Eficaz 8.1 – DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA (artigo 15, 1ª parte, CP) O agente desiste voluntariamente de prosseguir nos atos de execução e não ocorre a consumação do crime inicialmente almejado. 8.2 – ARREPENDIMENTO EFICAZ (artigo 15, 2ª parte do CP) O agente, depois de realizados os atos de execução, arrepende-se e voluntariamente pratica uma ação, impedindo a produção do resultado. 8.3 – NATUREZA JURÍDICA Para a DOUTRINA MAJORITÁRIA, é CAUSA DE EXCLUSÃO DA ADEQUAÇÃO TÍPICA INDIRETA (AUSÊNCIA DE TIPICIDADE) DIREITO PENAL I 8.4 – REQUISITOS a) início da execução; b) não-consumação do crime por circunstâncias alheias à vontade do agente; c) voluntariedade (agir ou deixar de agir sem coação física ou moral) 8.5 – CONSEQUÊNCIAS O agente só responderá pelos ATOS JÁ PRATICADOS. 9 - Arrependimento Posterior (artigo 16 do CP) Nos crimes consumados, cometidos SEM VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA À PESSOA, reparado o dano ou restituída a coisa, ATÉ O RECEBIMENTO DA DENÚNCIA, a pena será reduzida de um a dois terços. 9.1 – NATUREZA JURÍDICA É uma CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. - primordial finalidade é incentivar a reparação do dano. - é um DIREITO SUBJETIVO do agente. DIREITO PENAL I 9.2 – REQUISITOS a) crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa b) reparação do dano ou restituição do objeto material c) ato voluntário d) reparação até o recebimento da denúncia ou da queixa9.3 – DISTINÇÃO ENTRE ARREPENDIMENTO POSTERIOR E EFICAZ No posterior, o crime se consuma e produz os seus efeitos. No eficaz, o agente evita a consumação do delito. 9.4 – CONSEQUÊNCIAS PARA FINS DE APLICAÇÃO DA PENA A pena será diminuída de 1/3 a 2/3. DIREITO PENAL I 10 – Crime Impossível (artigo 17 do CP) Ocorrerá quando, por INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO de execução ou por ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO, for impossível a consumação do crime. 10.1 – NATUREZA JURÍDICA Causa de EXCLUSÃO DA TIPICIDADE 10.2 – INEFICÁCIA ABSOLUTA DO MEIO DE EXECUÇÃO Ocorrerá quando o meio de execução utilizado pelo agente for ABSOLUTAMENTE ineficaz para produzir o resultado pretendido. 10.3 – ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO MATERIAL Ocorrerá no caso de IMPROPRIEDADE do objeto material ou até mesmo pela sua inexistência. Nesse caso, não haverá como consumar o crime em virtude do próprio objeto material. DIREITO PENAL I 11 – Tipo Penal É o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio de um único instrumento – LEI. 11.1 – OBJETIVOS DO TIPO O tipo penal visa impedir que determinada conduta seja praticada, ou determina que seja levada a efeito por todos nós. O tipo, assim, é a descrição precisa do comportamento humano feita pela lei penal. 11.2 – ELEMENTARES São os dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta ou relativa da conduta. A) ATIPICIDADE ABSOLUTA – nesse caso, ausente uma elementar indispensável ao tipo, a conduta do agente será considerada atípica. B) ATIPICIDADE RELATIVA – nesse caso, ausente uma elementar, ocorrerá a desclassificação do fato para outra figura típica. DIREITO PENAL I 11.3 – ELEMENTOS INTEGRANTES DO TIPO PENAL Podem ser divididos em elementos objetivos e elementos subjetivos do tipo. A) ELEMENTOS OBJETIVOS – possuem a finalidade de descrever a ação, o objeto da ação e, em sendo o caso, o resultado, as circunstâncias externas do fato e as pessoas do autor e da vítima. - busca fazer com que o agente tome conhecimento de todos os dados necessários à caracterização da infração penal, os quais, necessariamente, farão parte do dolo. I) elementos descritivos – buscam traduzir o tipo penal, ou seja evidenciar aquilo que pode, com simplicidade, ser percebido pelo intérprete. II) elementos normativos – são criados por uma norma e, para a sua efetiva compreensão, necessitam de um juízo de valor por parte do intérprete. São normativos porque necessitam de um juízo de valor. Ex: arts. 153, 154, 244, 246 e 248 do CP. DIREITO PENAL I B) ELEMENTOS SUBJETIVOS Por excelência, é o dolo. Alguns autores incluem a culpa e o especial fim de agir. 11.4 – TIPICIDADE PENAL Quando alguém realiza uma conduta, para que ela seja punida, é preciso que ela se amolde a um modelo abstrato previsto na lei penal. A) TIPICIDADE FORMAL OU LEGAL É a adequação de uma conduta realiza àquela prevista na lei penal. B) TIPICIDADE MATERIAL Aqui, haverá a necessidade de a conduta do agente violar de maneira significativa o bem jurídico tutelado. Caso a violação não seja significativa, não ensejará a aplicação da lei penal, sendo considerada, portanto, INSIGNIFICANTE. DIREITO PENAL I C) TIPICIDADE CONGLOBANTE É a soma da ANTINORMATIVIDADE + TIPICIDADE MATERIAL. A conduta praticada pelo agente deverá ser antinormativa, ou seja, deverá ser contrária a todo o ordenamento jurídico. Assim, se existir uma norma que determine a realização de determinada conduta, esta conduta será normativa e, portanto, LÍCITA. 11.5 – ADEQUAÇÃO TÍPICA Haverá quando a conduta do agente se amoldar à lei penal. A) ADEQUAÇÃO TÍPICA DIRETA OU POR SUBORDINAÇÃO IMEDIATA Ocorrerá quando houver perfeita adequação da conduta à norma penal. B) ADEQUAÇÃO TÍPICA INDIRETA OU POR SUBORDINAÇÃO MEDIATA Ocorrerá quando o comportamento do agente não se amoldar perfeitamente à norma penal. Assim, será necessário utilizarmos uma NORMA DE EXTENSÃO, para AMPLIAR o tipo penal, a fim de nela abranger hipóteses não previstas expressamente pelo legislador. Ex: tentativa. DIREITO PENAL I 12 – Antijuridicidade/ Ilicitude - é a contrariedade do fato ao ordenamento jurídico. - praticado um fato típico, presume-se a antijuridicidade (ratio cognoscendi). - havendo uma causa que exclua a antijuridicidade (DESCRIMINANTE), o fato será jurídico/ lícito. 12.1 – CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO OU DESCRIMINANTES 12.1.1 – ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS a) elementos objetivos – cada DESCRIMINANTE possuirá seus elementos objetivos previstos em lei, que deverá estar presentes no caso concreto. b) elementos subjetivos – trata-se do conhecimento subjetivo do agente de que está agindo mediante uma causa de justificação. Se não houver esse conhecimento, a descriminante estará afastada. 12.1.2 – POSSIBILIDADE DE EXCESSO (DOLOSO OU CULPOSO) - o excesso nas causas de justificação serão analisados e, caso estejam presentes, poderão levar à responsabilização do agente, caso tenha agido DOLOSA ou CULPOSAMENTE. DIREITO PENAL I 12.2 – ESTADO DE NECESSIDADE (art. 24 do CP) - é uma situação de perigo atual a um direito a que a lei faculta ao agente, preenchidos os requisitos legais, a prática de uma conduta lesiva a direito de outrem para salvaguardar um direito próprio ou de terceiro. 12.2.1 – REQUISITOS A) OBJETIVOS: a) perigo atual – também engloba o perigo iminente, que está prestes a ocorrer. b) ameaça a direito próprio ou alheio c) situação de perigo não causada voluntariamente pelo sujeito – doutrina majoritária entende que causação voluntária é com DOLO, afastando-se as condutas culposas. DIREITO PENAL I d) inevitabilidade da prática do fato lesivo – o estado de necessidade é subsidiário, ou seja, só estará configurado se o sujeito não podia afastar o perigo de outro modo. e) inexistência do dever legal de enfrentar o perigo (§ 1º) – não se exigirá que alguém atue como sendo um super homem. B) SUBJETIVO: consciência de que está atuando em estado de necessidade. 12.2.2 – TEORIA UNITÁRIA: adotada pelo CP O estado de necessidade sempre será CAUSA DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE, não sendo considerado o balanço dos bens, exigindo-se, apenas, o critério da RAZOABILIDADE. DIREITO PENAL I 12.3 – LEGÍTIMA DEFESA - estará presente quando o agente, utilizando-se moderadamente dos meios necessários, repelir injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 12.3.1 – ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS A) OBJETIVOS: a) agressão humana – a repulsa à uma agressão animal, em regra, será considerada (estado de necessidade); se, por um acaso, o animal estiver sendo utilizado como instrumento da prática do crime, será considerado legítima defesa. b) agressão injusta – poderá ser dolosa ou culposa. Não estará incluída a provocação. c) agressão atual ou iminente – é a que se encontra presente ou está prestes a ocorrer. DIREITO PENAL I d) defesa de direito próprio ou alheio e) repulsa com os “meios necessários” – é o que está à disposição do agredido e que menor dano causará. f) uso moderado – escolhido o meio necessário, deverá ser usado de maneira moderada, ou seja, suficiente para repelir a injusta agressão. B) SUBJETIVO: consciência de que está atuando em legítima defesa. 12.3.2 – LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA É a reação do agressor contra a repulsa excessiva da vítima. O inicial agressor passa a ser o agredido em razão do excesso de legítima defesa, justificando a sua reação, uma vez que o excesso constitui uma agressão.DIREITO PENAL I 12.4 – ESTRITO CUMPRIMENTO DE UM DEVER LEGAL O sujeito que cumpre determinação legal não pratica conduta contrária ao direito. OBS: dever legal – é aquele previsto em normas jurídicas (leis, decretos, regulamentos, etc). 12.4.1 – ATUAÇÃO DO POLICIAL QUE MATA O BANDIDO Jamais será considerada estrito cumprimento de um dever legal, pois não está na lei que o policial deverá matar alguém. Se agir de maneira abusiva, responderá pelo excesso. DIREITO PENAL I 12.5 – EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO Se o agente pratica a conduta em exercício de um direito (penal ou extrapenal), não haverá de se falar que essa atuação é contrária ao direito. No entanto, o exercício deverá obedecer às condições objetivas previstas em lei, sob pena de ser abusivo. 12.5.1 – OFENDÍCULAS São mecanismos predispostos visíveis com a finalidade de proteção da propriedade ou de qualquer outro bem jurídico. OBS: natureza jurídica – quando colocada, trata-se de EXERCÍCIO REGULAR DE UM DIREITO; quando funciona em face de um ataque, trata-se de LEGÍTIMA DEFESA PEORDENADA, desde que não atue antes do início da agressão e que a repila de maneira moderada. DIREITO PENAL I 12.6 – CONSENTIMENTO DO OFENDIDO - é uma causa supralegal da ilicitude, já que a analogia, a utilização dos costumes e dos princípios gerais de direito poderão ser utilizadas para beneficiar o agente. 12.6.1 – REQUISITOS a) bem disponível b) agente capaz c) consentimento anterior ou concomitante à conduta d) consentimento livre e consciente DIREITO PENAL I 13 – Culpabilidade Juízo de reprovação do agente por ter praticado um fato típico e antijurídico, quanto podia entender o caráter ilícito do fato e, assim, agir conforme o direito. 13.1 – TEORIA NORMATIVO PURA O processo causal é concebido para uma vontade finalista e a ação típica deve ser concebida como um ato de vontade com conteúdo. Dolo e culpa são estudados no FATO TÍPICO. O elemento normativo do dolo (CONSCIÊNCIA DA CONDUTA) passa a ser estudado na culpabilidade. O dolo se torna natural. FOI A TEORIA ADOTADA PELO CÓDIGO PENAL DIREITO PENAL I 13.2 – ELEMENTOS DA CULPABILIDADE NA CONCEPÇÃO FINALISTA 13.2.1 – IMPUTABILIDADE Atribuição de capacidade para o agente ser responsabilizado. a) responsabilidade – é a consequência, já que toda pessoa imputável deve responder pelos seus atos. 13.2.2 – POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE Para que haja o juízo de reprovação, será necessário que o agente possua a consciência da ilicitude do fato ou que ao menos, nas circunstâncias, tenha a possibilidade de conhecê-la. No que pese não podermos falar em desconhecimento da lei, não se exige o conhecimento desta (art. 21 do CP). O que se exige é o conhecimento do profano, de uma situação lógica, naquela situação. DIREITO PENAL I 13.2.3 – EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA Análise se o agente podia ter praticado a conduta, em situação de normalidade, conforme o ordenamento jurídico. Em situações anormais, será inexigível a conduta diversa. 13.3 – CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE 3.1 – INIMPUTABILIDADE a) menoridade (art. 27 do CP e 228 da CF): 18 anos (sistema biológico) b) doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (art. 26 do CP): - sistema biopsicológico (art. 26 do CP): verifica se o agente, de acordo com sua anomalia psíquica (biológico) era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (psicológico). - o agente receberá uma MEDIDA DE SEGURANÇA, em decorrência da sentença absolutória imprópria. OBS: SEMI-IMPUTABILIDADE (art. 26, p. ú., CP) – não há exclusão da culpabilidade. É causa de diminuição de pena. - sistema vicariante (art. 98 do CP): substituição da pena pela medida de segurança DIREITO PENAL I 13.3.2 – EMBRIAGUEZ COMPLETA (art. 28, § 1º do CP): É a decorrente de caso fortuito (agente não conhece o efeito inebriante da substância) ou força maior ACIDENTAL e INVOLUNTÁRIA. OBS: teoria da actio libera in causa – faz retroagir o momento da análise da conduta. EMBRIAGUEZ completa acidental (involuntária) isenta de pena (art. 28, § 1º do CP) incompleta acidental (involuntária) não isenta, mas diminui a pena (art. 28, § 2º do CP) não-acidental (voluntária ou culposa) não isenta e nem diminui a pena (art. 28, II do CP) DIREITO PENAL I 13.3.3 – COAÇÃO MORAL IRRESISTÍVEL (art. 22, § 1ª parte) - coator: responde pelo crime com a pena agravada (art. 62, II do CP) - coação resistível: o coagido tem atenuante do art. 65, III, c, CP. 13.3.4 – OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (art. 22, § 2ª parte) 13.3.5 – EMOÇÃO E PAIXÃO (art. 28, I do CP): não excluem a imputabilidade penal. Emoção – perturbação da consciência de curta duração; Paixão – crônica e duradoura. - são circunstâncias atenuantes (art. 65, III, “c”, CP) ou causas de diminuição de pena (ex: art. 121, § 1º, CP) 13.3.6 – ERRO DE PROIBIÇÃO: será visto mais a frente DIREITO PENAL I 14 – Erro de Tipo Erro de tipo é a FALSA PERCEPÇÃO DA REALIDADE - recairá sobre ELEMENTARES, CIRCUNSTÂNCIAS ou QUALQUER DADO do tipo 14.1 – ESPÉCIES DE ERRO DE TIPO a) erro de tipo essencial – é o erro que recai sobre os dados principais do tipo. Se o agente souber que está incidindo em erro, encerra a conduta que estava sendo realizada. b) erro de tipo acidental – é o erro que recai sobre dados periféricos, secundários do tipo. Caso o agente saiba que está incidindo em erro, o corrigirá e continuará agindo ilicitamente. DIREITO PENAL I -O erro de tipo essencial pode ser de duas espécies, enquanto o acidental admite cinco espécies, senão vejamos: ERRO DE TIPO ESSENCIAL inescusável (evitável) escusável (inevitável) ACIDENTAL sobre o objeto sobre a pessoa na execução resultado diverso do pretendido sobre o nexo causal DIREITO PENAL I 14.2 – ERRO DE TIPO ESSENCIAL (artigo 20, caput do CP) É o erro que recai sobre os DADOS CONSTITUTIVOS do tipo legal. Ex: caçador imaginando atirar contra animal, na verdade, mata visitante de um parque. A) ERRO INEVITÁVEL (ESCUSÁVEL) EXCLUI O DOLO (erro afasta a consciência) e a CULPA (não há previsibilidade). B) ERRO EVITÁVEL (INESCUSÁVEL) EXCLUI O DOLO, mas PUNE-SE A CULPA (há previsibilidade) DIREITO PENAL I 14.4 – ERRO DE TIPO ACIDENTAL A) ERRO SOBRE O OBJETO O agente representa de maneira equivocada o OBJETO MATERIAL (coisa) visado e atinge coisa diversa. Não há previsão legal, sendo uma criação doutrinária. - doutrina majoritária entende que o agente responderá pelo crime, considerando o objeto efetivamente atingido. B) ERRO SOBRE A PESSOA O agente representa de maneira equivocada a VÍTIMA do crime e atinge pessoa diversa. Está previsto no artigo 20, § 3º do Código Penal. O erro sobre a pessoa NÃO EXCLUI O DOLO e NEM A CULPA. O agente responderá pelo crime considerando a vítima virtual. DIREITO PENAL I C) ERRO NA EXECUÇÃO (“ABERRATIO ICTUS”) O agente atinge pessoa diversa da pretendida, POR ACIDENTE ou ERRO NO USO DOS MEIOS DE EXECUÇÃO. Está previsto no artigo 73 do Código Penal. O erro na execução NÃO EXCLUI O DOLO e NEM A CULPA. O agente responderá pelo crime considerando a vítima virtual. Se a vítima pretendida também for atingida, ocorrerá concurso formal de delitos. D) RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (“ABERRATIO CRIMINIS”)O agente provoca um resultado diverso do pretendido, atacando um BEM JURÍDICO DIFERENTE, por ACIDENTE ou ERRO NO USO DOS MEIS DE EXECUÇÃO. Está previsto no artigo 74 DO Código Penal. O resultado diverso do pretendido NÃO ISENTA O AGENTE DE PENA, que responderá pelo resultado pretendido e diverso do produzido, A TÍTULO DE CULPA, se houver previsão legal. DIREITO PENAL I E) ERRO SOBRE O NEXO CAUSAL Não possui previsão legal, sendo uma criação doutrinária. E.1) erro sobre o nexo causal em sentido estrito – o agente, MEDIANTE UM SÓ ATO, provoca o resultado pretendido, porém, com NEXO DE CAUSALIDADE DISTINTO. Ex. agente empurra a vítima de um penhasco para morrer afogada, porém, durante a queda, bate a cabeça, falecendo em face dos traumas cranianos (houve apenas o ato de empurrar). E.2) aberratio causae (dolo geral) – o agente, mediante conduta desenvolvida em DOIS OU MAIS ATOS, provoca o resultado pretendido, porém, com NEXO DE CAUSALIDADE DISTINTO. Ex. o agente, imaginando que matou a vítima com um tiro, lança seu corpo ao mar, vindo a morrer afogada (aconteceram dois atos – atirar e empurrar). - responderá por QUAL NEXO? Segundo DOUTRINA MAJORITÁRIA, o agente responderá considerando-se o NEXO PRODUZIDO. DIREITO PENAL I 14.5 – ERRO PROVOCADO POR TERCEIRO Aqui, o agente erra porque foi provocado por um terceiro. Trata-se de um ERRO NÃO ESPONTÂNEO. Está previsto no artigo 20, § 2º do Código Penal. No erro provocado por terceiro, QUEM DETERMINA DOLOSAMENTE O ERRO RESPONDE PELO CRIME DOLOSO. Se a provocação for culposa, responderá pelo crime culposo, se houver previsão em lei. 14.6 – DELITO PUTATIVO POR ERRO DE TIPO Na verdade NÃO OCORRE INFRAÇÃO PENAL. O agente imagina estar agindo ilicitamente, mas ignora a ausência de uma elementar. Não há previsão legal, é uma criação doutrinária. Ex: o agente quer furtar uma mochila e a leva para casa, mas esta mochila é sua, faltando a elementar “coisa alheia móvel”. É um NADA JURÍDICO e o agente não responde por absolutamente nada. DIREITO PENAL I 15 – Erro de Proibição É o erro que recai sobre a consciência da ilicitude (Teoria Normativa Pura). O agente tem consciência e vontade do que faz, mas não possui a consciência da ilicitude do fato. 15.1 – FORMAS E EFEITOS A) ERRO DE PROIBIÇÃO INEVITÁVEL, INVENCÍVEL OU ESCUSÁVEL – é aquele que, pelas circunstâncias, não era possível atingir a consciência da ilicitude. Qualquer pessoa incidiria. Isenta o agente de pena. B) ERRO DE PROIBIÇÃO EVITÁVEL, VENCÍVEL OU INESCUSÁVEL – é aquele no qual seria possível ao agente alcançar a consciência da ilicitude com esforço da inteligência e com base na experiência da vida comum. Não isenta o agente de pena, mas é causa de diminuição. DIREITO PENAL I C) ERRO DE PROIBIÇÃO GROSSEIRO (crasso) – é aquele no qual a ilicitude é amplamente divulgada na sociedade. 16 – Diferenças entre Erro de Tipo e Erro de proibição ERRO DE TIPO ERRO DE PROIBIÇÃO o agente não sabe o que faz (falsa percepção da realidade) e agente sabe o que faz, mas desconhece a ilicitude do comportamento (não conhecimento da proibição) ex: levar para si uma mochila que estava na sala de aula que é idêntica à sua. ex: agente agride o filho para “corrigí-lo”, ignorando tratar- se de crime.
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