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1 Prática Processual Empresarial Prática Processual Empresarial Vanessa Cristina Moretti 2 Prática Processual Empresarial SEÇÃO I – NOÇÕES BÁSICAS DE PRÁTICA PROCESSUAL 3 1. A DINÂMICA PROCESSUAL 3 1.1 A LIDE 3 1.2 O PROCESSO 4 1.2.1 Pressupostos processuais: capacidade de parte e capacidade processual 4 1.2.2 Espécies de processo 6 1.3 O PROCEDIMENTO 7 1.3.1 Procedimento Sumário 7 1.3.2 Procedimento Ordinário 7 1.3.3 Procedimentos especiais 8 SEÇÃO II - PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL I 8 1. INTRODUÇÃO 8 2. O EMPRESÁRIO E O REGISTRO 9 2.1 EMPRESÁRIO 9 2.1.1 O empresário individual 9 2.1.2 A Sociedade empresária 10 2.1.3 Microempresas e empresas de pequeno porte 11 2.2 O REGISTRO 11 2.2.1 O registro do ruralista 12 2.2.2 O DNRC e a Junta Comercial 13 2.3 PRÁTICA JURÍDICA DO REGISTRO EMPRESARIAL 15 2.3.1 Mandado de segurança 15 3. SOCIEDADES EMPRESARIAIS 15 3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS 15 3.2 ESPÉCIES DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS 16 3.2.1 Sociedade em nome coletivo 16 3.2.2 Sociedade em comandita simples 17 3.2.3 Sociedade limitada 17 3.2.4 Sociedade Anônima 18 3.3 PRÁTICA JURÍDICA SOCIETÁRIA 18 3.3.1 Petição inicial de dissolução de sociedade cumulada com liquidação judicial 18 3.3.2 Petição inicial de retirada ou exclusão de sócio 19 3.3.3 Petição inicial de reparação de danos por ato de administrador de Sociedade Anônima. 20 SEÇÃO III - PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL II 21 1. NOTA PRÉVIA 21 2. PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA E CONCORRÊNCIA DESLEAL 22 3. PROPRIEDADE INDUSTRIAL 25 SUMÁRIO 3.1 MARCA E NOME EMPRESARIAL 25 3.1.1 Marca 25 3.1.2 Nome empresarial 27 3.2 TÍTULO DO ESTABELECIMENTO 28 3.3 A PROPRIEDADE INTELECTUAL 28 3.4 PATENTE 28 3.5 PRÁTICA JURÍDICA DE PROTEÇÃO À CONCORRÊNCIA E À PROPRIEDADE INDUSTRIAL 29 3.5.1 Petição Inicial de Contrafação de propriedade industrial 29 3.5.2 Petição inicial de nulidade de marca/patente/ desenho industrial 29 4. ESTABELECIMENTO E LOCAÇÃO EMPRESARIAL 30 4.1 ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 30 4.1.1 Alienação do estabelecimento 30 4.2 PONTO EMPRESARIAL E SUA PROTEÇÃO 31 4.3 PRÁTICA JURÍDICA DE PROTEÇÃO AO PONTO E AO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL 32 4.3.1 Petição inicial de ação renovatória 32 SEÇÃO IV – PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL III 33 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE RECUPERAÇÃO E FALÊNCIA 33 1.1 ORGÃOS DE ADMINISTRAÇÃO 34 2. RECUPERAÇÃO JUDICIAL 35 2.1 GENERALIDADES 35 3. RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL 35 4. FALÊNCIA 35 4.1 GENERALIDADES 35 5. PRÁTICA JURÍDICA FALIMENTAR E RECUPERACIONAL 36 5.1 PEDIDO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL 36 5.2 PEDIDO DE AUTOFALÊNCIA 37 5.3 PETIÇÃO INICIAL DECLARATÓRIA DE FALÊNCIA 37 SEÇÃO V – PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL IV 37 1. NOÇÕES GERAIS DOS TÍTULOS DE CRÉDITOS 37 2. PRÁTICA JURÍDICA CAMBIAL 38 2.1 PETIÇÃO INICIAL DE EXECUÇÃO 38 2.2 EMBARGOS A EXECUÇÃO 39 2.3 PETIÇÃO INICIAL DE CAUTELAR INOMINADA DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO 39 2.4 PETIÇÃO INICIAL DE REPARAÇÃO DE DANOS – CHEQUE PRÉ-DATADO 39 3. AÇÃO MONITÓRIA 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 40 3 Prática Processual Empresarial SEÇÃO I – NOÇÕES BÁSICAS DE PRÁTICA PROCESSUAL 1. A DINÂMICA PROCESSUAL 1.1 A LIDE Fonte da imagem: http://www.google.com.br/ url?q=http://robertodearaujocorreia.wordpress.com A vida em sociedade implica em um eterno ajuste de interesses entre as pessoas. Todos têm necessidades a satisfazer, no entanto quando a satisfação delas depende da conduta do outro nos deparamos com situação que se resolvem espontaneamente e outras que se transformam num verdadeiro conflito. A lide é justamente esta disputa, este conflito de interesses que se forma em razão de uma pretensão resistida, conforme conceitos clássicos de Francesco Carnelutti trazidos por Fernanda Tartuce, Luiz Dellore e Marco Aurélio Marin: “Em suas relações jurídicas, os indivíduos têm interesses, posições favoráveis à satisfação de uma necessidade. Quando uma delas visa a satisfazer seu interesse e não consegue fazê- lo pela conduta do outro envolvido, surge a pretensão: exigência que a outra parte se sujeite ao cumprimente do interesse alheio. A partir de tais conceitos, podemos chegar à clássica definição de lide: conflito de interesses qualificado por uma pretensão.”1 Diante da formação da lide nasce a necessidade de resolução dela a fim de que não se instale o caos nas relações sociais. Neste sentido Fernanda Tartucce et.all.: “A lide abala as estruturas da sociedade, instalando uma verdadeira crise. Diante dessa situação, foi e é necessário, historicamente, o emprego de meios que solucionem, da melhor forma possível, esse conflito para que a desordem e o caos não se instalem completamente e comprometam a própria manutenção e existência do grupo social.”2 Apontamos como meios de resolução de conflitos a autotulela ou autodefesa permitida por lei em alguns casos, a mediação, a conciliação, a arbitragem nos termos da lei 9.307/96 e a solução jurisdicional. Vale mencionar que atualmente há uma forte tendência às medidas alternativas de solução de conflito e, como exemplo, citamos a resolução 125 de CNJ que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e determina a criação de Núcleos permanentes de métodos consensuais de solução de conflitos: “Art. 7. Os Tribunais deverão criar, no prazo de 30 dias, Núcleos Permanentes de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos, compostos por magistrados da ativa ou aposentados e servidores, preferencialmente atuantes na área, com as seguintes atribuições, entre outras...” Por outro lado, a Constituição Federal em seu artigo 5º, XXXV, garante ao indivíduo, mesmo antes de esgotadas as possibilidades de resolução alternativa de conflito, buscar a solução judicial. Estamos diante do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional que: 1 Fernanda Tartuce, Luiz Dellore, Marco Aurélio Martin. Manual de Prática Civil, 3ªed., rev., atual. e ampliada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008, p.28. 2 Paulo Duarte. Formas de Resolução de Conflitos. Gosto de ler. Disponível em: <http://www.gostodeler.com.br/materia/14204>. Acesso em: 1 set. 2012. 4 Prática Processual Empresarial “...assegura a todos a possibilidade de acesso ao Judiciário, donde, toda vez que, por algum motivo, o cidadão não conseguir obter, espontaneamente, a satisfação de um interesse, poderá socorrer-se do Poder Judiciário e deduzir pretensão.”3 Note-se que a autotutela só pode ser exercida em casos expressamente previstos em lei e assim, diante da proibição da vingança privada concluímos que a solução dos conflitos se verifica em regra por meio do Estado. Sabemos que o Estado, entretanto, é inerte e precisa da provocação da parte para iniciar sua atuação. A instrumentalização deste direito de ação acontece através do processo. 1.2 O PROCESSO É através do processo que o Estado, após a provocação da parte, inicia sua atuação para sanar a situação conflituosa. O processo é o meio pelo qual se exerce o direito a tutela jurisdicional. Fonte da imagem: http://www.reporternews. com.br/noticia.php?cod=312155 Nas lições de Candido Rangel Dinamarco: “Processo é uma série de atos interligados e coordenados ao objetivo de produzir a tutela jurisdicional justa, a serem realizados no exercício de poderes ou faculdades ou emcumprimento a deveres ou ônus.”4 Conforme a pretensão que o autor busca satisfazer, o legislador disponibilizou três espécies de processo para a solução do litígio: de conhecimento, de execução e cautelar. Neste passo é o entendimento de Fernanda Tartuce et. all.: “Há três tipos de processo, conforme o tipo de prestação jurisdicional pedida pelo autor, ao exercer o direito de ação: processo de conhecimento, de execução e cautelar.”5 Imperioso mencionar, no entanto, que o conhecimento da demanda pelo judiciário exige o preenchimento de certos requisitos de admissibilidade, quais sejam: os pressupostos processuais e as condições da ação. Entendemos ser de grande relevância o tratamento dos pressupostos processuais mesmo que em apertada síntese, pois são eles os requisitos necessários para o desenvolvimento válido e regular do processo. 1.2.1 Pressupostos processuais: capacidade de parte e capacidade processual O processo deve preencher certos requisitos para que possa se desenvolver de forma válida e regular. São requisitos de existência e validade chamados de pressupostos processuais, quais sejam: “o órgão julgador competente e imparcial, a petição inicial tecnicamente formulada, a citação do réu e a capacidade das partes.”6 Dentre os mencionados acima, trataremos da capacidade das partes lembrando que tal pressuposto decorre da capacidade de direito prevista no artigo 1º Código Civil. “Art. 1o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.” 3 Andréa Presas Rocha. Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional (direito de ação). Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2497, 3 maio 2010. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/14788>. Acesso em: 1 set. 2012. 4 Cândido Rangel Dinamarco. Instituições de direito processual civil. 2ª ed., São Paulo: Malheiros, v. 2, 2002. p. 25. 5 Fernanda Tartuce, Luiz Dellore, Marco Aurélio Martin. Manual de Prática Civil, 3ªed., rev., atual. e ampliada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008, p.30. 6 Fernanda Tartuce, Luiz Dellore, Marco Aurélio Martin. Manual de Prática Civil, 3ªed., rev., atual. e ampliada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008, p.53. 5 Prática Processual Empresarial No Brasil podem figurar como parte as pessoas físicas, jurídicas, bem como a massa falida e o condomínio que são entes despersonalizados. No que tange a capacidade de ser parte e o empresário individual, oportuno citar o entendimento de Alessandro Sanchez: “O registro demonstra apenas o início da atividade empresarial, sendo que mesmo antes de se falar em registro, devemos falar em capacidade de direito, pois responderá pelos atos empresariais em nome próprio, em vista da atividade empresarial que eventualmente tenha iniciado antes do registro.”7 Depreende-se do entendimento acima esposado que tendo em vista que o empresário individual (excluindo-se o EIRELI) exerce a atividade empresarial em nome próprio, responderá pelos atos praticados inclusive podendo ser parte na demanda. A capacidade processual é a aptidão para estar em juízo sem o auxílio de outrem, ou seja, a aptidão pessoal para o exercício de direitos e obrigações processuais. Ainda conforme Sanchez no que se refere à capacidade para estar em juízo dos empresários individuais: “Obtendo o registro empresarial, em regra, além da capacidade de direito, o empresário individual adquire não somente capacidade para ser parte, mas também capacidade de agir e naturalmente capacidade para estar em juízo.”8 Já em se tratando da capacidade para estar em juízo das pessoas jurídicas é importante destacar que elas atuam, são representadas pelas pessoas naturais. Assim como ocorre com a capacidade para ser parte, têm capacidade processual também alguns entes despersonificados, tais como condomínio, a massa falida, o espólio, as sociedades despersonificadas, entre outros. O maior critério de classificação das sociedades é aquele que trata da personificação jurídica. As sociedades contratuais ou institucionais têm o início de sua personalidade jurídica a partir do registro. As sociedades empresárias arquivam seus atos constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis e as sociedades simples matriculam-se no Cartório de Registro das Pessoas Jurídicas. O artigo 12, em seu inciso VI, trata das pessoas jurídicas regularmente constituídas, ou seja, dos entes personificados. Senão vejamos: “Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: ... VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; ...” Para Alessandro Sanchez “a pessoa jurídica regularmente constituída possui capacidade processual, porém, fica impossibilitada de estar em juízo a não ser representada pelas pessoas naturais que o seu contrato ou estatuto designa”9 Além do tratamento às sociedades personificadas, o artigo 12, VII do Código Civil trata da representação das sociedades despersonificadas que se verificará por meio da pessoa a quem couber a administração de seus bens. 7 Alessandro Sanchez. Prática Jurídica Empresarial. São Paulo: Atlas, 2009, p.1. 8 Alessandro Sanchez. Prática Jurídica Empresarial. São Paulo: Atlas, 2009, p.3. 9 Alessandro Sanchez. Prática Jurídica Empresarial. São Paulo: Atlas, 2009, p.5. 6 Prática Processual Empresarial Apesar de obrigatório o registro do empresário, conforme artigo 967 do Código Civil, algumas sociedades não possuem ato constitutivo ou este não é registrado no Registro Público de Empresas Mercantis. São as sociedades comuns aquelas que são assim classificadas porque ainda não foram registradas, embora haja intenção disso mais adiante, ou aquelas que por opção dos sócios de não registrar sua atividade. Neste tipo societário há o patrimônio especial que tem por titular todos os sócios e que deverá ser esgotado antes do patrimônio deles em caso de cobrança de dívidas. Conforme Enunciado 210 do CJF: “O patrimônio especial a que se refere o art. 988 é aquele afetado ao exercício da atividade, garantidor de terceiro, e de titularidade dos sócios em comum, em face da ausência de personalidade jurídica.” Ainda com relação às sociedades despersonificadas, temos a sociedade em conta de participação prevista no artigo 991 do Código Civil. Neste tipo de sociedade temos a presença do sócio ostensivo que a administra e em nome de quem ela é exercida. Na sociedade em conta de participação o ato constitutivo, ainda que levado a registro, não conferirá personalidade jurídica. “Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade.” O sócio ostensivo é quem suporta as ações já que ele é o único que se obriga perante terceiros, tendo em vista que o sócio participante é apenas investidor. 1.2.2 Espécies de processo Conforme já dissemos, o legislador disponibilizou três tipos de processo que são definidos com base na finalidade almejada pelo autor da pretensão resistida. São o processo de conhecimento, o de execução e o cautelar. O processo de conhecimento também chamado cognitivo é aquele por meio do qual se verifica a existência ou não do direito pretendido no caso concreto. Este processo pode ser meramente declaratório, constitutivo ou condenatório. No processo de execução o autor busca a satisfação de seu crédito representada por um título executivo. Vale destacar que após a alteração trazida pela lei 11.232/05, tal título será necessariamenteum título extrajudicial, pois a execução de título judicial agora é parte do processo de execução, perdendo a autonomia que lhe era peculiar. O processo cautelar é aquele utilizado pela parte em situações de urgência para evitar algum dano que possa prejudicar sua pretensão no deslinde de outro processo. A autora Elisabete Vido em sua obra Prática Empresarial, de maneira muito objetiva e didática arremata: “No processo de conhecimento, o autor busca a certeza sobre uma determinada relação jurídica, a constituição ou desconstituição de uma relação jurídica ou, ainda, a condenação do réu. No processo de execução, o autor busca a satisfação de um título que a lei elevou à condição de título executivo extrajudicial (lembrando que não existe mais execução de título judicial, já que a execução de um processo de conhecimento é realizada por meio do cumprimento de sentença, no qual o juiz fixa no corpo da sentença o prazo para que o réu cumpra o consignado no título judicial). No processo cautelar, o objetivo do autor é assegurar a efetividade de outro processo, das provas ou das pessoas envolvidas(por esse motivo, é sempre incidental ou preparatório 7 Prática Processual Empresarial do processo de execução ou do processo de conhecimento).”10 1.3 O PROCEDIMENTO Apesar de etimologicamente não haver diferença entre processo e procedimento que vêm do latim pro cedere (“caminhar para frente”), para a doutrina ambos não se confundem. Senão vejamos: O prestigiado autor Luiz Rodrigues Wambier entende que a distinção entre processo e procedimento é que o primeiro tem cunho finalístico.11 Na visão de Alexandre Freitas Câmara, “o processo é uma entidade complexa, de que o procedimento é um dos elementos formadores”.12 Fernada Tartuce, Luiz Dellore, Marco Aurélio Martin entendem que “a forma material pela qual o processo se verifica, por meio de uma sequência de atos processuais, é denominada procedimento.”13 Processo é o instrumento para o exercício do direito de ação e procedimento é a maneira como este instrumento se manifesta. De maneira breve relembraremos agora os procedimentos sumário, ordinário e os procedimentos especiais. 1.3.1 Procedimento Sumário Como já sabemos o processo de conhecimento pode seguir pelo procedimento comum ou pelo especial. O procedimento comum pode ser sumário ou ordinário, sendo certo que o primeiro se aplica às causas cujo valor não ultrapasse sessenta salários mínimos, conforme artigo 275 do CPC e o ordinário àquelas em que não se aplicam o sumário e nem os procedimentos especiais. O procedimento comum é mais rápido, mais enxuto, de tal forma que não é possível em sua estrutura a intervenção de terceiros, com exceção da assistência, recurso de terceiros interessados, denunciação da lide em casos de seguro, conforme se depreende da leitura do artigo 280 do CPC: “Art. 280. No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.” 1.3.2 Procedimento Ordinário O procedimento ordinário é o mais amplio e, como já dissemos, tem aplicação residual e subsidiária. Tal procedimento se divide em quatro fases, conforme a Profa. Elisabete Vido, a saber: “1ª Fase Postulatória(que compreende a petição inicial, a citação do réu e as defesas do réu); 2ª Fase Saneadora(que compreende o período no qual o juiz determina as providencias preliminares, aprecia as nulidades, realiza a audiência preliminar e profere o ‘despacho saneador’); 3ª Fase Instrutória(que se destina à atividade probatória iniciada na petição inicial e que tem seu fim na audiência de instrução); 4ª Fase Decisória(em que o juiz profere a sentença).”14 11 Luiz Rodrigues Wambier, Eduardo Tlamini. Curso Avançado de processo civil. 12ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, v.1. 12 Alexandre Freitas Câmara. Lições de direito processual civil. 23ª ed. São Paulo: Atlas. São Paulo: Atlas, 2012, v.1 13 Fernanda Tartuce, Luiz Dellore, Marco Aurélio Martin. Manual de Prática Civil. 3ªed., rev., atual. e ampliada. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2008, p. 30 14 Elisabete Teixeira Vido dos Santos. Prática Empresarial. 3ªed., rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2012. Coleção Prática Forense, v.5, p.137. 8 Prática Processual Empresarial 1.3.3 Procedimentos especiais Os procedimentos especiais são assim denominados porque possuem características diferentes do procedimento ordinário. Tais procedimentos estão previstos no artigo 890 e seguintes do CPC, bem como em leis especiais. Dentre os procedimentos especiais há aqueles que não dizem respeito ao direito empresarial, desta feita, no nosso estudo se restringirá àqueles de matéria empresarial que serão abordados em momento oportuno. Neste primeiro momento relembramos alguns conceitos do direito processual civil de extrema importância para o estudo da prática processual empresarial que é o objeto de nosso estudo. Ao longo de nossa disciplina abordaremos a estrutura de cada ação, trazendo as principais informações sobre sua elaboração diante de cada processo e procedimento. Daremos início na próxima seção ao tratamento das ações anulatórias em vista do registro. SEÇÃO II - PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL I 1. INTRODUÇÃO O Código Civil de 2002, entre outras inovações, trouxe em seu artigo 966 a caracterização da figura do empresário, inaugurando no Brasil a chamada Teoria da Empresa que abandonou por completo a Teoria dos Atos de Comércio do Código Comercial de 1850. Fonte da Imagem: http://www.affectum.com.br/ Percebemos neste momento histórico, a inclusão no texto da lei civilista da maior parte das regras pertinentes à empresa, fato este que reacendeu inúmeras inquietudes em parte da doutrina brasileira sobre a unificação do direito privado. No entanto, tal posicionamento não se sustentou. A unificação formal legislativa nada tem haver com o aspecto substancial de cada ramo do direito. Há que se observar, além da junção formal no mesmo códex, o objeto e os princípios norteadores de cada ramo. Neste sentido é o entendimento de Vera Helena Mello Franco: “A tese da perda de autonomia do direito comercial decorrente do processo de unificação legislativa do direito brasileiro, felizmente não vingou. Afinal, o fenômeno econômico, objeto da disciplina do direito comercial e de suas normas, têm exigências técnicas e econômicas particulares que pressupõem uma organização própria e normas específicas de atuação”.15 No livro II da lei 10.406 de 2002 não apenas o empresário e seus elementos caracterizadores foram abordados, mas também as obrigações inerentes ao sujeito do direito empresarial, tais como a necessidade de sua inscrição no registro de empresas mercantis, conforme preconiza o artigo 967 do mencionado dispositivo legal. “Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.” A seguir faremos uma abordagem mais profunda sobre o registro do empresário e para tanto, necessário se faz uma breve explanação do conceito de empresário e suas obrigações. 15 Vera Helena Mello Franco. Manual de direito Comercial. 2ªed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p.33. 9 Prática Processual Empresarial 2. O EMPRESÁRIO E O REGISTRO Não há como abordar a regularização da atividade empresária, sem tratar do sujeito desta atividade trazido pela teoria daempresa incorporada na legislação brasileira pelo Código Civil em 2002. 2.1 EMPRESÁRIO A teoria traz como principal característica o conceito de empresário, antes denominado comerciante. Aquele que se encaixar nas características trazidas pela lei civilista em seu artigo 966 e não for impedido legalmente, será considerado empresário. Vale destacar que o artigo em comento não elencou o registro como elemento caracterizador do empresário. Esta obrigação apenas regulariza situação já existente, qual seja a existência da figura do empresário. Tendo em vista que estudaremos a diante mais detidamente o registro, deixaremos para a ocasião os comentários sobre a sua natureza. Mas quem é o empresário? O empresário é o sujeito que exerce a empresa, que como já sabemos, é “atividade econômica organizada para produção e circulação de bens ou serviços.”16 No entanto, para que seja caracterizado o sujeito da atividade empresarial, necessário se faz a junção de outros requisitos. Neste momento, percebemos uma divergência doutrinária que Marlon Tomazette apresenta de forma sucinta em sua obra Curso de direito empresarial e que agora transcrevemos: “Asquini, além da condição de sujeito de direito, destaca a atividade econômica organizada, a finalidade de produção para o comércio de bens e serviços e a profissionalidade. Giampaolo dalle Vedove, Francesco Ferrara Junior e Francesco Galgano não destoam da orientação de Asquini, destacando a organização, a economicidade da atividade e a profissionalidade. Remo Fransceschelle indica como elementos do empresário a produção para o mercado, a organização e o fato do empresário suportar o risco do empreendimento, como elementos essenciais do conceito. Tullio Ascarelli destaca os elementos do próprio conceito legal, a atividade econômica organizada, exercida profissionalmente e dirigida à produção ou circulação de bens ou serviços.”17 Assim, temos que os elementos caracterizadores de empresário são o exercício de uma atividade de natureza econômica, organizada, com profissionalismo e a finalidade de produção ou circulação de bens ou de serviços. 2.1.1 O empresário individual Empresário individual é aquele que desenvolve atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou serviços em nome próprio, isoladamente, assumindo todos os riscos da atividade. Ou seja, empresário individual é aquele que exerce atividade descrita pelo art. 966, e que tenha plena capacidade civil (maior de 18 anos e que esteja em plenas condições mentais). Os incapazes (menores de 18 anos, não emancipados e os incapacitados) deverão ser representados ou assistidos. Além disso, é preciso que não haja nenhum impedimento legal ao desenvolvimento dessa atividade. São impedidos de exercer a atividade empresarial os leiloeiros e corretores; os falidos, não reabilitados; servidores públicos e militares na ativa; magistrados e membros do 16 Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito comercial: direito empresarial. 6ªed. São Paulo: Saraiva, 2002, v.1, p.19. 17 Marlon Tomazette. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 43. 10 Prática Processual Empresarial Ministério Público; deputados e senadores (art.54,II,CF); vereadores(art.29,IX,CF), médicos, no exercício simultâneo de farmácia e drogaria e estrangeiros e sociedades sem sede no Brasil para algumas atividades(arts.176 e 222, CF). Entretanto, conforme dispõe o artigo 973 do Código Civil, aquele que exercer atividade empresarial estando impedido responderá por todas as obrigações contraídas. Quanto ao empresário individual, cabe uma breve explanação sobre a EIRELI- Empresa individual de responsabilidade limitada, alteração trazida pela lei 12.441/11 ao artigo 980 do Código civil, observemos: “Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário- mínimo vigente no País.” A empresa individual de responsabilidade limitada é pessoa jurídica formada por uma única pessoa, um único sócio, que detém a totalidade do capital social. O capital social da EIRELI deve ser integralizado na instituição da empresa e no montante de no mínimo 100 salários mínimos. A utilização da expressão “EIRELI” no nome empresarial, ao final da firma ou da denominação social (para diferenciá- la das demais empresas) é imprescindível e há limitação à participação de cada pessoa em apenas uma EIRELI. Quem for sócio de uma EIRELI pode ter outras empresas individuais ou ser sócio em empresas de outras espécies, não mais de EIRELI. As características e requisitos apresentados acima não causam discussões ou entraves na doutrina, porém quando o assunto é composição da EIRELI nos deparamos com muita divergência. Afinal a EIRELI pode ser constituída apenas por pessoa natural? Ao admitir que apenas as pessoas naturais podem constituí-la, no direito brasileiro a única forma de sociedade unipessoal continua sendo a subsidiária integral, de acordo com o art. 251 da Lei nº 6.404/76 (Lei das S/A). Por outra banda, se for admitido que a EIRELI seja formada por uma pessoa jurídica, ela poderá ser tanto um empresário individual (se o seu único sócio for pessoa natural) quanto uma sociedade empresária unipessoal (se composta por uma pessoa jurídica). 2.1.2 A Sociedade empresária A sociedade empresária é pessoa jurídica que se forma por meio de um contrato entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a conjugar esforços e recursos para atingir fins comuns. Conforme os ensinamentos de Waldo Fazzio Júnior: “Identifica-se como sociedade empresária a pessoa jurídica de direito privado, implementada por um contrato, cujo objeto social é a exploração de atividade empresarial, ou que, independentemente de seu objeto, adota a forma societária por ações.”18 O nascimento de uma sociedade legalizada se dá pela inscrição no registro competente: a junta comercial, 18 Waldo Fazzio Júnior, Manual de direito comercial, 13ªed. São Paulo: Atlas, p.112. 11 Prática Processual Empresarial o cartório de registro civil de pessoas jurídicas e a OAB (sociedade de advogados). O registro das sociedades confere a elas personalidade jurídica. Assim temos que as sociedades se dividem em duas grandes classes: as sociedades não personificadas e as sociedades personificadas. As sociedades despersonificadas são aquelas que não têm registro e, portanto, não possuem personalidade jurídica. São as sociedadescomuns e as sociedades em conta de participação. Por outro lado, as sociedades personificadas são aquelas dotadas de personalidade jurídica adquirida, como já dissemos, por meio do registro. São elas: as sociedades simples, a sociedade em nome coletivo, a sociedade em comandita simples, a sociedade limitada, a sociedade anônima, a comandita por ações e a cooperativa. 2.1.3 Microempresas e empresas de pequeno porte A Lei Complementar 123/2006 instituiu o Novo Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte e considera como microempresário aquele que aufere receita bruta de até R$ 360.000,00 por ano e como pequeno empresário aquele cujo faturamento bruto anual seja maior a R$360.000,00 e até R$3.600.000,00 por ano. Ambos podem ser empresário individual, EIRELI, sociedade empresária ou sociedade simples devidamente registrados no Registro de empresas Mercantis ou no registro civil de pessoas jurídicas,conforme dispõe o art.3º da Lei 123/2006: “Art. 3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que: (Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos – vide art. 7º da Lei Complementar nº 139, de 2011)...” O legislador constitucional no artigo 179 garantiu tratamento favorecido simplificado à microempresa e a empresa de pequeno por entender que ambas seriam um estímulo ao desenvolvimento econômico. Assim, a ME e a EPP gozam de privilégios registrários, trabalhistas, fiscais e previdenciários, além de condições mais favoráveis relativamente ao seu acesso a certames licitatórios e aos mercados de créditos e capitais entre outros. 2.2 O REGISTRO Conforme já sabemos, o registro é uma das principais obrigações do empresário que deverá se realizar conforme a lei 8.934/94 que regulamenta o registro público de empresas mercantis e atividades afins. O Código Civil no artigo 1.150 também trata do registro, dispondo que os empresários se vinculam ao registro público de empresas mercantis por meio das juntas comerciais, a quem é atribuída à função de realizar efetivamente o registro. Vejamos: Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. Fonte da Imagem: http://www.folhavitoria.com.br/economia/noticia/ 12 Prática Processual Empresarial O registro se faz necessário para garantir a divulgação da intenção de se desenvolver a atividade empresária. Nas lições de Gladston Mamede(2009:64) “com o registro, ele exteriorizou o intuito empresário, a intenção de empresa: disse do seu horizonte que é estabelecer, ainda, que passo a passo, uma atividade econômica organizada, por mais que ínfima em seu nascedouro.” O registro mercantil tem como função principal declarar a existência do empresário (no caso dos ruralistas, constituir na condição de empresários), no entanto funciona também como forma de guardar, manter as informações importantes sobre ele. É através do registro que se mantêm a segurança nas relações interindividuais, haja vista o artigo 1º da lei de Registro Público de Empresas Mercantis. “Art 1.150 ... I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta Lei; ...” Vale mencionar que quanto ao registro do micro e pequeno empresário, cujas características já foram acima citadas, é preciso que tal condição seja comunicada a junta comercial por meio de declaração de microempresa ou de empresa de pequeno porte. 2.2.1 O registro do ruralista São muito comuns no Brasil empreendimentos familiares e mais ainda empreendimentos rurais familiares. Alguns, no entanto, tiveram seu início como uma pequena atividade desenvolvida da propriedade da família e depois se transformaram em grandes empreendimentos chegando até ao mercado externo. Com vistas a esta característica do mercado nacional, o legislador civilista possibilitou a equiparação destes produtores a empresários se assim desejarem. Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.(grifo nosso) Conforme observamos da leitura da norma, há uma faculdade ao ruralista e não uma obrigatoriedade como para os empresários. Desta feita, enquanto o registro do empresário caracterizado pelo art. 966 CC tem natureza declaratória, o registro daqueles que desenvolvem atividade rural tem natureza constitutiva. Senão vejamos: “Enunciado nº 202: - O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção. (Enunciado Aprovado na III Jornada de Direito Civil do - CEJ da CJF).” Assim, apenas diante da opção pelo registro, o ruralista se equipara ao empresário em todos os direitos e deveres e neste sentido é o entendimento dos Tribunais: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. SALÁRIO-EDUCAÇÃO. PRODUTOR RURAL PESSOA FÍSICA. INEXIGIBILIDADE DA EXAÇÃO. 1. A orientação das Turmas que integram a Primeira Seção/STJ firmou-se no sentido de que a contribuição para o salário-educação somente é devida pelas empresas em geral e pelas entidades públicas e privadas vinculadas ao 13 Prática Processual Empresarial Regime Geral da Previdência Social, entendendo- se como tais, para fins de incidência, qualquer firma individual ou sociedade que assuma o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não, conforme estabelece o art. 15 da Lei 9.424/96, c/c o art. 2º do Decreto 6.003/2006. 2. Assim, “a contribuição para o salário- educação tem como sujeito passivo as empresas, assim entendidas as firmas individuais ou sociedades que assumam o risco de atividade econômica, urbana ou rural, com fins lucrativos ou não” (REsp 1.162.307/RJ, 1ª Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 3.12.2010 - recurso submetido à sistemática prevista no art. 543-C do CPC), razão pela qual o produtor rural pessoa física, desprovido de registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), não se enquadra no conceito de empresa (firma individual ou sociedade), para fins de incidência da contribuição para o salário educação.Nesse sentido: REsp 711.166/PR, 2ª Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ de 16.05.2006; REsp 842.781/RS, 1ª Turma, Rel. Min. Denise Arruda, DJ de 10.12.2007. 3. Recurso especial provido.19 2.2.2 O DNRC e a Junta Comercial O sistema do registro de empresas se organiza a partir do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, por meio de seu órgão Departamento Nacional de Registro do Comércio - DNRC. Ao DNRC compete normatizar, supervisionar e controlar o registro de empresas que é efetivamente executado pelas Juntas Comerciais que apenas analisam os aspectos formais concernentes aos serviços de registro, estando impedida da análise do mérito dos atos postos a arquivamento, bem como de interferência no que tange as questões envolvendo sócios ou acionistas. Neste sentido já decidiu o STJ: “a junta comercial não cuida de examinar eventual comportamento irregular de sócio, motivador de sua exclusão, devendo limitar- se ao exame das formalidades necessárias ao arquivamento” Resp 151.838/PE, Relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito. Por outro lado, ao Judiciário compete o exame do mérito no que se refere ao registro. Entretanto, a celeuma gira em torno do foro competente para o ingresso de ações desta natureza. Sabemos que no que tange a matéria comercial a competência legislativa é da União,enquanto que a organização do serviço das Juntas Comerciais é de competência dos Estados e do Distrito Federal. No entanto, a questão é tormentosa na doutrina e na jurisprudência, senão vejamos: Marlon Tomazette em sua o obra Curso de Direito Empresarial trata da questão e arremata: “O STJ entende que nas questões relativas à matéria comercial em si, o foro competente é a Justiça Federal, uma vez que as juntas comerciais efetuam o registro do comércio por delegação federal. Entretanto, no que tange às questões do funcionamento interno da Junta e a sua administração, a competência será da justiça comum estadual.”20 Assim também é o entendimento de Fábio Ulhoa Coelho: 19 REsp. 1242636 / SC RECURSO ESPECIAL 2011/0054205-5, Relator(a) Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES (1141), Órgão Julgador T2 - SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 06/12/2011 Data da Publicação/Fonte DJe 13/12/2011, RB vol. 579 p. 64, disponível em http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia 20 Marlon Tomazette. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 68 14 Prática Processual Empresarial “ Se o registro de uma sociedade limitada é, por exemplo, negado, a pretexto de que o contrato social não atende aos requisitos da lei, a discussão sobre a pertinência, ou não, do indeferimento caberia ser feita, de acordo com esse entendimento, perante os juízes federais, porque a Junta, no caso, atuou como órgão executante das normas emanadas pelo DNRC, integrante da estrutura administrativa da União. Já na hipótese de a Junta, por exemplo, ter inabilitado um licitante, na concorrência pública para construção de sua sede, o conhecimento da matéria seria da competência do juiz estadual, tendo em vista que o objeto da lide, agora, é ato administrativo.”21 O STJ tem pacificamente afirmado ser a Justiça Federal a competente para o julgamento de mandado de segurança contra ato praticado pelo presidente da Junta Comercial. No entanto, quanto a ações ordinárias, o STJ já decidiu no sentido de ser de competência também da Justiça Federal.22 Contudo, recentes precedentes do próprio STJ são no sentido de que competente é a Justiça Estadual. Assim, é pacífico entendimento de que mandado de segurança contra ato do presidente da Junta Comercial, ação de nulidade de marca e ação de nulidade de patente devem ser propostas na Justiça Federal. Já ações ordinárias devem ser propostas na Justiça Estadual. Nesta esteira é o entendimento de Gladson Mamede: “Isso não quer dizer, todavia, que todos os processos que digam respeito à junta comercial sejam da competência da Justiça Federal; se o objeto da demanda é a relação entre os sócios ou qualquer outro litígio afim, para o qual o órgão não seja tomado especificamente na sua condição de delegatário de funções federais, a competência será da Justiça Comum Estadual. Assim, julgando o Recurso Especial 678.405/ RJ, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, afirmou: ‘a jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça tem decidido pela competência da Justiça Federal, nos processos em que figuram como parte a Junta Comercial do Estado, somente nos casos em que se discute a lisura do ato praticado pelo órgão, bem como nos mandados de segurança impetrados contra o seu presidente, por aplicação do art.109, VIII, da Constituição Federal, em razão de sua atuação delegada. Em casos em que particulares litigam acerca de registros de alterações societárias perante a Junta Comercial, esta Corte vem reconhecendo a competência da justiça comum estadual, posto que uma eventual decisão judicial de anulação dos registros societários, almejadas pelos sócios litigantes, produziria efeitos secundários para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente não revela questão afeta à validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o interesse da Administração e, consequentemente, a competência da Justiça Federal para julgamento da causa’”.23 Importante ressaltar, ainda, que a competência estadual é residual, ou seja, não sendo competente a Justiça Federal, será competente a Justiça Estadual, já que em matéria empresarial não há endereçamento para justiça especial. Após uma breve análise do registro e dos órgãos que compõem o Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantil, o SINREM, passemos agora a uma análise mais detida das medidas processuais relacionadas ao registro. 21 Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito comercial: direito de empresa. 13ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, v.1, p 69 22 “As juntas comerciais estão, administrativamente, subordinadas aos Estados, mas as funções por elas exercidas são de natureza federal. Conflito conhecido para declarar competente o Juízo Federal da 3ª Vara de Londrina - SJ/SP.” CC 43225 PR 2004/0059108-7, Relator Ministro ARI PARGENDLER, Orgão Julgador: S2- 2ª seção, data julgamento 25/10/2005, Dj de 1º/2/2006. Fonte: http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia 23 Gladston Mamede. Direito Empresarial Brasileiro: Empresa e Atuação Empresarial. 3ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 67,68 15 Prática Processual Empresarial 2.3 PRÁTICA JURÍDICA DO REGISTRO EMPRESARIAL 2.3.1 Mandado de segurança O mandado de segurança tem como fundamento legal a Constituição Federal e seu art. 5º, LXIX e o art. 1º, caput, da lei 12.016/2009, A competência é da Justiça Estadual ou Federal de acordo com a hierarquia da autoridade que praticou o abuso, lembrando que se a autoridade pertence a um órgão ligado a União ou suas autarquias, a competência será da Justiça Federal(art.109, CF). No caso de ato do presidente da Junta Comercial, conforme já estudado, a competência é da Justiça Federal em razão da submissão hierárquica das Juntas Comerciais ao DNRC no que tange a matéria empresarial. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA____VARA CÍVEL DA COMARCA DE ________________________DO ESTADO DE ___________ Ou ainda, EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA_______VARA CÍVEL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE_____________ O mandado de segurança é cabível quando houver violação de direito líquido e certo, com prova previamente constituída. No que tange as partes, como impetrante aquele que ingressa com o Mandado de Segurança e como impetrado a autoridade coatora. Devemos nos ater ao prazo decadencial de 120 dias para a propositura, contado do dia da ciência, pelo interessado, do ato impugnado, conforme art.23 da lei 12.016/09. O pedido precisa conter: a) A concessão da liminar para suspender o ato que motivou o pedido; b) A procedência do pedido do impetrante e consequente confirmação da liminar; c) A notificação da autoridade coatora para prestar informações; d) A intimação do MP para apresentar parecer no prazo legal; e) A ciência da pessoa jurídica a qual pertence a autoridade coatora, para, querendo, ingresse no feito; f) Indicação do endereço para envio das intimações O valor da causa deverá ser calculado conforme os critérios do artigo 259 do CPC. Além disso, vale lembrar que não há condenação em honorários de sucumbência e no que se refere às provas, como já dissemos, elas deverão ser previamente constituídas e instruir a exordial. 3. SOCIEDADES EMPRESARIAIS 3.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS Trataremos agora das ações societárias e para tanto abordaremos conceitos básicos do direito societário. Ricardo Negrão ensina que “sociedade é o contrato celebrado entre pessoas físicas e/ou jurídicas(ar.1.039), por meio do qual estas se obrigam reciprocamente a contribuir, com bens ou serviços, para o exercíciode atividade econômica e a partilhar, entre si, os resultados”24 24 Ricardo Negrão. Manual de direito comercial e de empresa: evolução histórica do direito comercial, teoria geral da empresa, direito societário. 6ªed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, v.1, p 244 16 Prática Processual Empresarial As sociedades empresariais se diferenciam, basicamente pela responsabilidade dos sócios. No entanto, vale lembrar que a doutrina diverge quanto ao critério de classificação delas. Além da classificação quando a personalidade jurídica, as sociedades se dividem quanto ao seu objeto em duas grandes categorias: sociedade empresária e sociedade simples. As sociedades simples são aqueles que têm por objeto social atividades distintas de empresário. São aqueles que estão na exceção do artigo 966 do Código Civil, mais precisamente no em seu paragrafo único, primeira parte: “Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”(grifo nosso) As sociedades empresárias, de outra banda, têm como características a economicidade, consistente na criação de riquezas; a organização, representada por uma estrutura visível de fatores objetivos e subjetivos de produção; e a profissionalidade, ou habitualidade de seu exercício.25 Ainda sobre a classificação das sociedades quanto ao regime de constituição e dissolução elas podem ser: a) contratuais, cujo ato constitutivo é o contrato social. São sociedades contratuais a sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples e a sociedade limitada, b) institucionais, cujo ato constitutivo é o estatuto social. São sociedades institucionais a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. Nas contratuais a participação societária se concretiza por meio das quotas e nas institucionais por meio das ações. O regime de dissolução das primeiras está previsto no Código Civil, enquanto o das segundas na lei das sociedades por ações (Lei 6404/76). As sociedades podem se dividir, ainda, em sociedades de pessoas ou sociedades de capital. Nesta classificação o que se verifica são as condições para a alienação da participação societária. Nas sociedades de pessoas os atributos pessoais dos sócios são essenciais para a realização do objeto social e nas sociedades de capital o que importa é o capital subscrito, já que os atributos dos sócios são indiferentes para a formação da sociedade. Quanto à responsabilidade dos sócios, podem ser ilimitadas, limitadas ou mistas. Nas sociedades ilimitadas todos os sócios respondem com seus bens particulares pelas obrigações da sociedade; nas sociedades limitadas todos os sócios respondem no limite de determinada contribuição, em de regra, não respondem com seus bens particulares pelas obrigações da sociedade; nas sociedades mistas alguns sócios respondem de forma ilimitada, com seus bens, e outros de forma limitada, não respondendo com seus bens particulares. 3.2 ESPÉCIES DE SOCIEDADES EMPRESARIAIS 3.2.1 Sociedade em nome coletivo Essa espécie de sociedade está prevista entre os artigos 1039 a 1044 do Código Civil. A maior característica deste tipo societário é a responsabilidade solidária dos sócios pelas obrigações sociais subsidiariamente ao patrimônio social e de forma ilimitada. É constituída por meio de contrato celebrado apenas entre pessoas naturais e o nome empresarial se verifica na 25 Ricardo Negrão. Manual de direito comercial e de empresa: evolução histórica do direito comercial, teoria geral da empresa, direito societário. 6ªed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, v.1, p 245 17 Prática Processual Empresarial modalidade firma social com a expressão “companhia” ou “Cia” acrescida ao nome de um dos sócios. 3.2.2 Sociedade em comandita simples Tem sua previsão legal nos artigos entre o 1045 ao 1051 do Código Civil e sua principal característica é existência de duas espécies de sócios, os sócios comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota, podendo ser pessoa natural ou pessoa jurídica e os sócios comanditados, pessoas físicas de responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações, de forma subsidiária ao patrimônio social. Ao sócio comanditário é vedado a prática de atos de gestão e o uso de seu nome na composição da firma social. Ausente uma das categorias de sócio por mais de seis meses a sociedade se dissolve (1051CC) e em caso de morte do sócio comanditado há dissolução parcial, a menos que o contrato social expressamente estipule o ingresso de sucessores (1028, I) e de morte comanditário a sociedade não dissolve, sendo possível a continuará por seus os sucessores aos quais cabe indicar representante (1050CC) salvo disposição diversa no contrato. 3.2.3 Sociedade limitada A sociedade limitada foi introduzida em nosso sistema em 1919 pelo decreto 3.708 e era denominada “sociedade por quotas de responsabilidade limitada”. No Código Civil de 2002 está prevista dos artigos 1052 a 1087 CC. É o tipo societário de maior presença na economia brasileira, chegando a noventa por cento das sociedades empresariais registradas nas Juntas Comerciais. A sociedade limitada é aquela cujo capital social se divide em quotas e a responsabilidade dos sócios é limitada ao valor de suas quotas, uma vez que todos os sócios respondem solidariamente do que falta para a integralização do capital social subscrito. Conclui-se, portanto, que as principais características deste tipo societário são a limitação da responsabilidade dos sócios ao valor de suas quotas, embora todos respondam pela integralização do capital social (CC, art.1052) e a contratualidade que permite um maior relacionamento entre os sócios, já que há margem para dispor sobre as cláusulas do contrato sem os rigores do regime legal das Sociedades Anônimas. Sobre a sociedade limitada, vale mencionar, ainda, que em caso de omissão do Código Civil haverá aplicação supletiva das regras da sociedade simples (CC, artigos 997 a 1032) e da lei 6404/76, sendo que no último caso há necessidade de previsão expressa no contrato social. Dessa forma, para Fábio Ulhoa Coelho26 , surgem dois subtipos de sociedade limitada, a sociedade limitada de vinculo instável – aquelas sujeitas à regência supletiva das sociedades simples e a sociedade limitada de vinculo estável – aqueles sujeitas à regência supletiva da lei das sociedades anônimas. A responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais na limitada como o próprio nome diz é “Limitada”. Desta forma, se o patrimônio social é insuficiente para responder pelo valor total das dívidas que sociedade contrair na exploração da empresa, os credores só poderão responsabilizar os sócios com bens de seu patrimônio individual até certo montante, depois desse valor, a perda é do credor. Mas qual é esse limite? Em conformidade no art. 1052 C.C. a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Assim, o limite da responsabilidade dos sócios na sociedade limitada é o total do capital subscrito e não integralizado. 26 Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito comercial: direito de empresa. 13ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, v.2, p 376 18 Prática Processual Empresarial Lembremo-nos que capital subscrito é o montante de recursos que os sócios se comprometem a entregar para a formação da sociedade e capital integralizadoé a parte do capital que eles realmente injetaram na sociedade. Podemos dizer, portanto, que capital subscrito é aquele comprometido e integralizado é aquele que efetivamente foi pago. Dessa forma concluímos que a responsabilidades dos sócios na limitada é subsidiaria, limitada e solidaria. Subsidiária ao capital social, limitada ao valor não integralizada do capital social e solidaria pela integralização do capital. 3.2.4 Sociedade Anônima A sociedade anônima é regida por lei especial, a lei 6404/76, entretanto o Código Civil apresenta suas características, art 1088 e trata da regência supletiva no 1089. Temos, portanto, como características principais das sociedades anônimas a empresarialidade; capital dividido por ações; responsabilidade dos acionistas limitada à integralização das ações subscritas; a impessoalidade (sociedade de capital); exigência mínima de dois acionistas(com exceção da subsidiária integral e qualquer SA por até um ano de exercício.); suas ações são negociadas livremente; penhorabilidade das ações; podem ser abertas ou fechadas, dependendo da possibilidade ou não de negociação de suas ações na bolsa de valores ou no mercado de balcão e a adoção do nome na modalidade denominação seguida pelas expressões SA, sociedade anônima ou CIA, companhia. No que tange às características principais das sociedades anônimas Waldo Fazzio resume: “A sociedade anônima é um ser jurídico, cujo capital é dividido em quinhões transferíveis, adquiridos por acionistas, cuja responsabilidade a eles se circunscreve. Distingue-se das outras formas societárias por um conjunto de características invariáveis. Trata-se, sobretudo, de uma sociedade de capital constituída por frações com titularidade móvel e impessoal, ou seja, seu capital é dividido em ações suscetíveis de transferência, não tendo relevância a pessoa de seus detentores. Por isso, assina-se por uma denominação e não por uma razão social. Também é uma sociedade do tipo limitada, na medida em que a responsabilidade dos acionistas está circunscrita ao preço de emissão das ações por eles subscritas ou adquiridas. A companhia tem natureza empresarial outorgada por lei, independentemente de seu objeto social...”27 (grifo nosso) Após uma breve análise nas sociedades empresárias, passaremos agora ao estudo prático do direito societário, abordando a estrutura das principais ações societárias. 3.3 PRÁTICA JURÍDICA SOCIETÁRIA 3.3.1 Petição inicial de dissolução de sociedade cumulada com liquidação judicial No que se refere às sociedades limitadas, assim como nas sociedades simples (art.1087, CC), vale lembrar que a dissolução pode ser total ou parcial. A dissolução total acontece por vontade dos sócios, decurso do prazo determinado, falência, inexigibilidade do objeto social, unipessoalidade por mais de 180 dias ou em razão de causas determinadas em contrato. 27 Waldo Fazzio Júnior. Direito Comercial: empresário, sociedades, títulos de crédito, contratos, recuperação, falência. 7ªed. São Paulo: Atlas, 2008, v.12, p.67 19 Prática Processual Empresarial Já a dissolução parcial ou resolução da sociedade nas limitadas ocorre por vontade dos sócios, morte dos sócios28 , retirada dos sócios, exclusão de sócio minoritário (no caso de não integralização das quotas, cometimento de falta grave e no caso de exclusão judicial, pela falta grave ou incapacidade superveniente). Nas sociedades anônimas a dissolução pode ser parcial ou total, sendo que a primeira ocorre, unicamente, na hipótese de reembolso de acionista dissidente29 , uma vez que não é possível a exclusão do sócio e, a morte de acionista não afeta a existência da sociedade. A dissolução total, por outro lado, pode ocorrer pelo término do prazo de duração, por decisão judicial ou de autoridade competente, pela cisão total, incorporação e fusão. Quanto à ação propriamente dita, vamos abordar a Dissolução Total de Sociedade cumulada com Liquidação Judicial. Importante se faz apontar a estrutura da mencionada petição iniciando pelo fundamento legal que está no artigo 1.218, VII do CPC e nos artigos 655 e seguintes do CPC/1939. Quanto à competência a petição inicial de dissolução será endereçada ao juiz da comarca do local da sede, se não houver foro de eleição. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA____VARA CÍVEL DA COMARCA DE ________________________DO ESTADO DE ___________ Quanto às partes teremos o autor como sendo o sócio que pretende a dissolução e os réus os demais sócios e a sociedade(tendo em vista que a sociedade será alterada e que seu patrimônio poderá arcar com o ressarcimento ao sócio, ela é parte imprescindível na ação). Esta ação é cabível quando um sócio quer a dissolução total por quebra da affecto societatis e pela impossibilidade da continuação da empresa: “Art. 1.034. A sociedade pode ser dissolvida judicialmente, a requerimento de qualquer dos sócios, quando: I - anulada a sua constituição; II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexeqüibilidade.” No pedido é necessário conter: a) A procedência do pedido do autor para determinar a dissolução da sociedade (art. 655 e ss do CPC/39); b) A liquidação nos moldes do art. 1.102 e ss do CC; c) A citação dos réus, para que, querendo, apresente sua contestação no prazo legal, sob pena de revelia; d) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios; e) O endereço de recebimento das intimações(art.39,I,CPC) f) A produção de provas 3.3.2 Petição inicial de retirada ou exclusão de sócio No que se refere ao direito de retirada ou recesso “mantemos a opinião de que, em qualquer sociedade limitada por prazo indeterminado, os sócios possuem o direito de recesso independentemente de motivação, em função da natureza contratual da sociedade e, sobretudo pela garantia constitucional de que ninguém será compelido a manter-se associado.”30 Quanto à exclusão do sócio, esta pode acontecer quando não há a integralização das quotas pelo sócio (sócio remisso) que deverá ser notificado a pagar em 30 28 Enunciado 221 CJF: “Diante da possibilidade de o contrato social permitir o ingresso na sociedade do sucessor de sócio falecido, ou de os sócios acordarem com os herdeiros a substituição de sócio falecido, sem liquidação da quota em ambos os casos, é licita a participação de menor em sociedade limitada, estando o capital integralizado, em virtude da inexistência de vedação no Código Civil” 29 Dissidentes são aqueles sócios que não concordam com algumas deliberações que possam alterar o estatuto social. Esses sócios têm direito de se retirar da sociedade mediante reembolso do valor patrimonial das ações. 30 Marlon Tomazette. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 371 20 Prática Processual Empresarial dias, transcorrido tal prazo, os demais sócios poderão cobrá-lo judicialmente, reduzir sua quota ao valor que já foi integralizado ou excluí-lo, devolvendo a ele o que disponibilizou para a sociedade, deduzidas as despesas, conforme entendimento do artigo 1004 e 1058 do Código Civil. Pode, ainda, acontecer a exclusão do sócio quando este praticar falta grave que coloque em risco a continuidade da empresa, desde que previsto em contrato social e com a concordância da maioria dos sócios(1/2 do capital social). A exclusão pode acontecer judicialmente pelo cometimento de falta grave e por incapacidade superveniente, devendo a maioria dos sócios ingressar com a ação ora em estudo. Na sociedade anônima como já dissemos,a dissolução parcial somente pode se verificar em caso de reembolso de acionista dissidente, pois a exclusão do sócio é impossível. A estruturação da Petição Inicial de Retirada e Exclusão de Sócio se verifica praticamente da mesma forma, vejamos: O fundamento legal da petição inicial de retirada de sócio se encontra no artigo 282 CPC, assim também no caso de exclusão, acrescido do artigo 1030 CC. A competência para julgamento de ambas será o local da sede, se não houver foro de eleição. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA____VARA CÍVEL DA COMARCA DE ________________________DO ESTADO DE ___________ O autor no caso da ação de retirada é o sócio que pretende se retirar e os réus os demais sócios e a sociedade. No caso da ação de exclusão, os autores são os sócios que pretendem a exclusão e os réus o sócio que será excluído e a sociedade. Já tratamos, acima, das causas de exclusão do sócio, de tal forma, agora, de maneira resumida, podemos disser que é cabível a exclusão do sócio que praticou um ato de inegável gravidade e a retirada, quando há a quebra da affectio societatis. No pedido é preciso conter: a) A procedência do pedido do autor no sentido de determinar a retirada ou exclusão do sócio; b) A apuração dos haveres, conforme art.1031, CC; c) A citação dos réus, para que, querendo, apresente sua contestação no prazo legal, sob pena da revelia; d) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios; e) O endereço de recebimento das intimações(art.39,I,CPC) f) A produção de provas 3.3.3 Petição inicial de reparação de danos por ato de administrador de Sociedade Anônima. Na sociedade anônima denomina-se administrador tanto os membros do Conselho de Administradores, quanto os membros da Diretoria. Essa composição dúplice da administração é obrigatória nas companhias abertas e nas de capital autorizado. Nos demais casos, ficará a cargo do estatuto definir sobre a necessidade do conselho de administradores. De qualquer modo, o administrador deve ser pessoa natural, idônea (não tenha condenação definitiva pelos crimes e infrações previstas no artigo 147,§1º da lei 6404/76). Assim como estes requisitos há, ainda, para à diretoria a exigência de residência no país não sendo necessária a condição de acionista. Já para os componentes do conselho de administradores, exige-se a qualidade de acionista e não a residência no país. O administrador que agiu com dolo ou culpa, ou violou a lei ou o estatuto, causando danos a alguém pode ser responsabilizado por meio de ação própria a saber: 21 Prática Processual Empresarial “ No caso de danos causados à companhia, compete a esta, mediante deliberação da assembleia, promover a ação de reparação (art.159 da Lei 6.404/76), admitindo-se subsidiariamente a legitimidade dos acionistas para o ajuizamento de tal ação. Causando danos a sociedade, é desta o direito de promover a ação de responsabilidade do administrador. Neste caso, ela se manifestará sua vontade por meio de uma assembleia geral, que decidirá a favor ou contra o ajuizamento da referida ação...o administrador será afastado e substituído por outro. Assim, competirá aos demais administradores ajuizar a referida ação, denominada ação social uti universi, porquanto promovida pela própria sociedade.”31 A petição inicial de reparação de danos por ato do administrador de S.A tem por fundamento legal o art. 282 e o art. 159 da lei 6404/76. A competência para ingresso da ação é no local onde os atos foram realizados que normalmente é na sede da empresa. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA____VARA CÍVEL DA COMARCA DE ________________________DO ESTADO DE ___________ Tal ação terá como autor a sociedade anônima, a partir da decisão da assembleia geral ordinária. No entanto, havendo deliberação pelo não ajuizamento da ação, pode ser proposta por qualquer acionista que represente aos menos 5% do capital social (ação social uti singuli32 ). O réu é o administrador que praticou o ato e também que sabia do ato lesivo e não informou a assembleia. Conforme já sabemos, tal ação é cabível no caso de prejuízos causados à sociedade por ato de ação ou omissão de administrador. No pedido deve conter: a) A procedência do pedido do autor para determinar a responsabilidade do administrador a fim de ressarcir a Sociedade pelos prejuízos causados, com juros e correção monetária, conforme art.159 da lei 6404/76; b) A citação do réu, para que, querendo, apresente sua contestação, no prazo legal, sob pena de revelia; c) A condenação ao pagamento das custas e honorários advocatícios; d) O endereço de recebimento das intimações (art.39,I,CPC) e) A produção de provas Vale mencionar, ainda, que o valor da causa nesta ação será o valor do prejuízo causado. SEÇÃO III - PRÁTICA PROCESSUAL EMPRESARIAL II 1. NOTA PRÉVIA Ao longo desta seção trataremos dos meios de repressão civis e penais à concorrência desleal nos seus mais diversos aspectos, passando pela proteção à propriedade industrial e intelectual. Abordaremos, ainda, a proteção ao nome e ao estabelecimento empresarial. Para tanto é fundamental para nosso estudo a abordagem, mesmo que breve, do princípio da livre iniciativa e da concorrência desleal. 31 Marlon Tomazette. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 548 32 Marlon Tomazette. Curso de direito empresarial: teoria geral e direito societário. 2ªed. São Paulo: Atlas, 2009, v.1, p 549 22 Prática Processual Empresarial 2. PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA E CONCORRÊNCIA DESLEAL Fonte da imagem: http://vocesa.abril.com.br O princípio da livre iniciativa corolário da atividade empresarial tem sua previsão no Texto Constitucional no artigo 170. Conforme explica Fábio Ulhoa Coelho(2009:187), todos os princípios contidos no artigo em comento foram informadores da ordem econômica, sendo a livre iniciativa um elemento estrutural da economia. Continua o autor afirmando que “a Constituição, enquanto assegura aos particulares a primazia da produção e circulação dos bens e serviços, baliza a exploração dessa atividade com a afirmação de valores que o interesse egoístico do empresário comumente desrespeita”33 Citamos como exemplo as práticas concorrenciais ilícitas que o direito brasileiro reprime: a concorrência desleal e a infração à ordem econômica. Importante para uma maior compreensão do objeto de nosso estudo é a análise da concorrência desleal, entretanto, faremos em breve síntese a diferenciação entre ela e a infração à ordem econômica. A concorrência desleal tem por principal diferença da infração a ordem pública o sujeito de passivo de sua atuação, ou seja, a primeira atinge unicamente e diretamente os empresários, ao passo que a segunda tem um alcance muito maior extrapolando os interesses dos empresários e refletindo em toda estrutura econômica do mercado. A dificuldade em conceituar a concorrência desleal surge a partir da importância que as práticas concorrenciais lícitas têm no mercado. Entre a concorrência saudável e a desleal há um caminho muito curto e é disso que alguns empresários se valem na busca por espaço no mercado de consumo. De maneira clara e objetiva a advogada Márcia Elizabete Martins expõe sobre a definição e os requisitos caracterizadores da concorrência desleal em seu artigo sobre a concorrência desleal e os pressupostos empresariais: “A doutrina tem considerado como definição de concorrência desleal, todo ato de concorrenteque, valendo-se de força econômica de outrem, procura atrair indevidamente sua clientela. Nesse sentido é que, na delimitação do campo de incidência da concorrência desleal, são fixados certos pressupostos por doutrina e por jurisprudência, para a identificação de sua existência em concreto. São os seguintes os requisitos assentados na doutrina universal: a) desnecessidade de dolo ou de fraude, bastando a culpa do agente; b) desnecessidade de verificação de dano em concreto; c) necessidade de existência de colisão; d) necessidade de existência de clientela; e e) ato ou procedimento suscetível de repreensão.” 34 Vale lembrar que a busca por espaço necessariamente implica em divisão dele, razão pela qual não há como se desvincular concorrência de prejuízo. A concorrência leal ou desleal implica em diminuição ou perda da área de atuação do empresário- concorrente, mesmo que esporadicamente. 33 Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito comercial: direito de empresa. 13ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, v.1, p 187 34 Márcia Elisabeth Martins. A concorrência desleal e os pressupostos empresariais. Disponível em http://www.fblaw.com.br 23 Prática Processual Empresarial Valiosa é a lição de Fábio Ulhoa Coelho neste sentido: “Como as motivações e os efeitos da concorrência leal e desleal são idênticos, a diferença entre elas se encontra no meio empregado para conquistar a preferencia dos consumidores”35 Aprofundando-nos um pouco mais no tema proposto, a lei cuidou de reprimir a concorrência desleal na esfera cível e penal. A repressão civil implica ao empresário um dever de reparação dos danos sofridos. A averiguação de tais prejuízos inerente às condutas tipificadas como crime, conforme disposto no artigo 195 da Lei nº 9.279/96, que estudaremos adiante, não causa grande dificuldade. A celeuma se forma quando estamos diante de práticas da chamada “concorrência desleal genérica”36 cujas condutas não fazem parte do tipo penal acima citado. O tratamento legal para este tipo de concorrência foi dado no artigo 209 da lei de propriedade industrial: “Art. 209. Fica ressalvado ao prejudicado o direito de haver perdas e danos em ressarcimento de prejuízos causados por atos de violação de direitos de propriedade industrial e atos de concorrência desleal não previstos nesta Lei, tendentes a prejudicar a reputação ou os negócios alheios, a criar confusão entre estabelecimentos comerciais, industriais ou prestadores de serviço, ou entre os produtos e serviços postos no comércio.” Com vistas à teoria do ato ilícito, o Código Civil também garante ao prejudicado o direito ao ressarcimento por prejuízos decorrentes de concorrência desleal de atos que maculem a reputação ou os negócios alheios, conforme se verifica em no art. 927, CC. A par da repressão civil, o legislador brasileiro também se preocupou com os aspectos penais, conforme já dissemos. A lei de propriedade industrial em seu artigo 195 tipifica como crime as condutas de “concorrência desleal específica”37 “Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem: I - publica, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem; II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem; III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem; IV - usa expressão ou sinal de propaganda alheios, ou os imita, de modo a criar confusão entre os produtos ou estabelecimentos; V - usa, indevidamente, nome comercial, título de estabelecimento ou insígnia alheios ou vende, expõe ou oferece à venda ou tem em estoque produto com essas referências; VI - substitui, pelo seu próprio nome ou razão social, em produto de outrem, o nome ou razão social deste, sem o seu consentimento; VII - atribui-se, como meio de propaganda, recompensa ou distinção que não obteve; VIII - vende ou expõe ou oferece à venda, em recipiente ou invólucro de outrem, produto adulterado ou falsificado, ou dele se utiliza para negociar com produto da mesma espécie, embora não adulterado ou falsificado, se o fato não constitui crime mais grave; 35 Fábio Ulhoa Coelho. Curso de direito comercial: direito de empresa. 13ªed. São Paulo: Saraiva, 2009, v.1, p 191 36 “A concorrência desleal genérica se caracteriza quando utilizado meio imoral, desonesto ou condenado pelas práticas usuais dos empresários.” (Coelho, 2009:196) 37 “ ...as práticas empresariais tipificadas como crime de concorrência desleal(LPI, art. 195) são formas de concorrência desleal específica; e as não tipificadas como crime, mas geradoras de direito à indenização por perdas e danos(LPI, art.209), são de concorrência desleal genérica.” (Coelho, 2009:192) 24 Prática Processual Empresarial IX - dá ou promete dinheiro ou outra utilidade a empregado de concorrente, para que o empregado, faltando ao dever do emprego, lhe proporcione vantagem; X - recebe dinheiro ou outra utilidade, ou aceita promessa de paga ou recompensa, para, faltando ao dever de empregado, proporcionar vantagem a concorrente do empregador; XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o término do contrato; XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior, obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou XIII - vende, expõe ou oferece à venda produto, declarando ser objeto de patente depositada, ou concedida, ou de desenho industrial registrado, que não o seja, ou menciona-o, em anúncio ou papel comercial, como depositado ou patenteado, ou registrado, sem o ser; XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição para aprovar a comercialização de produtos. Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa” Portanto a obtenção de vantagem em detrimento do concorrente, por meio de publicação de afirmação falsa; desvio de clientela empregando meio fraudulento, uso indevido de nome empresarial, título do estabelecimento ou insígnia alheios; divulgação, sem autorização, de conhecimento ou dados confidenciais; entre outros são práticas tipificadas como crime. Nesta esteira é o entendimento dos Tribunais: “EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO ORDINÁRIA - VIOLAÇÃO DE MARCA E CONCORRÊNCIA DESLEAL - PROPRIEDADE INDUSTRIAL - EMBALAGEM DOS PRODUTOS - SEMELHANÇAS - RISCO DE CONFUSÃO ENTRE OS CONSUMIDORES - TUTELA ANTECIPADA - REQUISITOS - VEROSSIMILHANÇA DA ALEGAÇÃO E RECEIO DE DANO GRAVE OU DE DIFÍCIO REPARAÇÃO - DEMONSTRAÇÃO - RECURSO NÃO PROVIDO. A propriedade da marca adquire- se pelo registro válido expedido, garantindo, ainda, ao seu titular o uso exclusivo em todo o território nacional, bem como a possibilidade de ver seus direitos resguardados, impedindo a prática da concorrência desleal. A proteção à marca, prevista na Lei 9279/96, estende-se ao direito de uso exclusivo da embalagem dos produtos, denominado “trade dress”, que pode ser definido como os seus elementos distintivos, os quais, em conjunto, fazem com que
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