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ASPECTOS NEUROFISIOLÓGICOS DA RELAÇÃO MENTE-CORPO Aspectos neurofisiológicos da relação mente-corpo SENSAÇÃO: processo de captação e obtenção de informações sobre o ambiente e sobresi próprio; PERCEPÇÃO: processo de internalização e interpretação das informações sensoriais; EMOÇÃO: é uma experiência subjetiva, associada ao temperamento, personalidade e motivação. Lúria (neuropsicólogo soviético), aborda a noção de função como um sistema complexo e plástico; As funções cerebrais tem uma localização dinâmica e não restrita e estática como tinha até então; Toda aquisição cognitiva da criança é consequência de uma atividade simultânea e integrada dos centros de trabalho dispersos no cérebro; O cérebro é composto de múltiplas estruturas funcionais sistematicamente integradas em tres grandes unidades funcionais fundamentais. PRIMEIRA UNIDADE FUNCIONAL: Tronco cerebral, medula, cerebelo, diencéfalo; Função: regulação do tônus cortical e postural, estados de alerta (sono e vigília). ATENÇÃO. Formação Reticular: localizada no tronco cerebral (vai do diencéfalo à medula), é responsável pelas atividades automáticas do ser humano. SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL: Zonas hemisféricas posteriores (lobos occipitais – visão; lobos temporais – audição; lobos parietais – tátil-cinestésica); Função: recepção, integração, codificação e processamento. PERCEPÇÃO. SEGUNDA UNIDADE FUNCIONAL: Áreas Primárias: áreas de recepção sensorial (periferia corporal e órgãos sensoriais); Áreas Secundárias: áreas de análise, síntese, retenção e integração da informação intrasensorial; Áreas Terciárias: no lobo parietal dos hemisférios, área responsável pela integração sensorial crosso-modal e simultânea, em oposição à integração sequencial característica das áreas secundárias. TERCEIRA UNIDADE FUNCIONAL: Lobo Frontal; Função : execução motora, planificação, auto-regulação. AÇÃO VOLUNTÁRIA. Resolução de problemas com soluções adaptadas. TERCEIRA UNIDADE FUNCIONAL: Áreas Primárias: unidades motoras (output) onde a execução motora é desencadeada; Áreas Secundárias: centro de organização sequencial e temporal de condutas dependentes de retroinformações cinestésicas e proprioceptivas, de onde surgem os centros de planificação. Áreas Terciárias: pré-frontais, centros de antecipação, auto-regulação, autocontrole, desprogramação-reprogramação, reaferência e retrocontrole emocional, superfocagem da atenção, flexibilidade e plasticidade, etc., que refletem a atividade cognitiva que antecede a produção de competências de aprendizagem. BASES PSICOMOTORAS DO DESENVOLVIMENTO O desenvolvimento se inicia na união dos gametas e após fecundaçao, 3 a 4 dias, surge o SN. Placa neural; Sulco , goteira neural; Tubo neural: 2 aberturas – superior: neurópodo rostral, - inferior: neurópodo caudal (17 a 18 dia). Quando as aberturas não se fecham geram alterações: Anencefalia; Espinha Bífida; O tubo neural cresce, se contorce e se transforma em uma estrutura de três dilatações, vesículas encefálicas primitivas: - Vesícula rostral: prosencéfalo – telencéfalo (córtex e diencéfalo); - Vesícula do meio: mesencéfalo; - Vesícula caudal: rombencéfalo: metencéfalo (cerebelo e ponte) e o mielencéfalo (bulbo). Apgar é o nome de um índice que foi criado por uma anestesista inglesa, Dra. Virgínia Apgar, na década de 50. Tornou-se uma avaliação obrigatória e rotineira muito importante, feita pelo neonatologista na hora em que o bebê nasce. O Apgar de cada bebê consta da Declaração de Nascido Vivo, documento oficial brasileiro fornecido obrigatoriamente pelos hospitais aos pais dos recém-nascidos. Todos os pais devem saber qual foi o Apgar de seu filho e qual o significado das notas. Este índice consiste na avaliação de 5 itens do exame físico do recém-nascido, logo ao nascimento, com 1 e com 5 minutos de vida. Conforme a necessidade pode ser feito com 10 minutos também. Para cada um dos 5 itens é atribuída uma nota de 0 a 2. Somam-se os escores de cada item e temos o total, que pode dar uma nota mínima de 0 e máxima de 10. Uma nota de 8 a 10, presente em cerca de 90% dos recém-nascidos significa que o bebê nasceu em ótimas condições. Uma nota 7 significa que o bebê teve uma dificuldade leve. De 4 a 6, traduz uma dificuldade de grau moderado, e de 0 a 3 uma dificuldade mais grave. Os aspectos avaliados são: - cor da pele: o neonatologista observa se ela está rosada ou se está azulada, parcial ou totalmente; - freqüência cardíaca: verifica-se a presença ou não dos batimentos cardíacos e se estão acima ou abaixo de 100 por minuto; - esforço respiratório: analisa-se o choro, se está forte, fraco ou ausente; - tônus muscular: observamos se o bebê tem boa flexão dos membros ou se o bebê está flácido; - irritabilidade reflexa: verificamos se o bebê reage ou não aos estímulos, com choro forte. O significado do Apgar é completamente diferente no primeiro e no quinto minuto. O boletim Apgar de primeiro minuto é considerado como um diagnóstico da situação presente. Já o Apgar de quinto minuto e o de décimo minuto são considerados como fatores de prognóstico da saúde neurológica da criança. Os recém-nascidos (RN) apresentam reflexos primitivos que garantem a sua sobrevivência. A ausência desses reflexos em idade que deveriam estar presentes ou a sua persistência após idade em que deveriam ter desaparecido pode ser indicativo de uma possível disfunção neurológica. Os recém-nascidos (RN) apresentam reflexos primitivos que garantem a sua sobrevivência. A ausência desses reflexos em idade que deveriam estar presentes ou a sua persistência após idade em que deveriam ter desaparecido pode ser indicativo de uma possível disfunção neurológica. Relacionados à movimentação – reflexo de preensão palmar (RN até 2 a 4 meses); reflexo tônico cervical assimétrico (aparece aos 02 meses e desaparece entre 03 e 04 meses); reflexo tônico cervical simétrico (aparece por um breve período em criança de 04 meses); reflexo de propulsão ou anfíbio (RN até 1 mês); reflexo gallant (RN até 03 meses); reflexo de moro (RN até 4 a 6 meses); reflexo de preensão plantar (RN até 12 meses); reflexo cutâneo – plantar em extensão ou Babinski (RN até 1 ano); reflexo de retirada (dura toda a vida); reflexo de extensão cruzada (RN até 03 meses); reflexo positivo de suporte (RN até 2 meses); reflexo de marcha automática (RN até 2 meses); Placing ou colocação (RN até 2 meses). Bases Psicomotoras do Desenvolvimento: de 1 a 12 meses Estudar a tabela de reflexos (pág. 27-30); ORGANIZADORES DO PSIQUISMO: segundo Spitz marcadores dos fenômenosdo desenvolvimento psíquico; - Surgimento do sorriso; - Angústia do oitavo mês (estes dois pertencem ao campo das descargas de impulsos pela ação motora; - Comunicação substituindo a ação. Domínio do “não”; No terceiro mês, o bebê começa a perceber melhor o ambiente ao seu redor, interessar-se por vários estímulos e principalmente, cores fortes e vivas, acompanhando-os com o olhar Balbucia; Com os ensaios motores e a maturação do SN, proprocionam a inibiçao de reflexos e surgimentos dos movimentos voluntários; Rola sobre o seu eixo; A partir do quarto mês o bebê dorme menos, sorri mais, reconhece a mãe, emite sons guturais e inicia a dentição; Em sua postura, permanece pouco em supino, inicia o rolar dissociando a cintura pélvica e escapular; Tenta alcançar objetos levando-os à boca; Maior controle da musculatura do tronco; Aos seis meses, liberação dos membros superiores na posição sentada; Na linguagem, imita sons feitos pela mãe (bebes surdos); Membros inferiores flexionam e estendem dando início às diversas formas de arrastar; Por volta dos sete a oito meses, o bebe se protege de quedas, primeiramente para frente e depois para os lados, com apoio das mãos; Noção de permanência: segundo Piaget, é a capacidade de considerar a existência de um objeto, mesmo for a de seu campo visual; No último trimestre, haverá o controle dos membros inferiores permitindo o agachar e levantar; O desenvolvimento se dá segundoa lei céfalo-caudal e a próximo distal Bases Psicomotoras do Desenvolvimento: de 2 a 6 anos As mudanças passam a ser lentas; A criança se movimenta com mais facilidade; Se comunica com clareza cada vez maior; Percebe-se como uma pessoa separada com qualidades específicas; Apresenta habilidades cognitivas e sociais que lhe permitem interagir de modo mais complexo e bem-sucedido com as outras crianças; A criança de 2 anos é muito boa em fazercoisas, mas não é boa em não fazer; Se frustrada bate nos objetos, choraminga, grita ou berra; Os pais precisam impor limites para que a criança aprenda a controlar seus impulsos; Ocorre sociabilização; A linguagem vai se aprimorando e auxilia na sociabilização, negocia com os pais em vez de ter ataques de raiva; EPISTEMOLOGIA DA PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE: DE ONDE VEM? Mito dos deuses apadrinhando a Psicomotricidade; Psiquê: iluminar o que está oculto e sua curiosidade voltada para o conhecimento; Mercúrio: deus do movimento (mov., destreza e agilidade); PSICOMOTRICIDADE Se ocupa de iluminar aquilo que está oculto por detrás do movimento e, para isso, é fundamental a curiosidade voltada para o conhecimento, com o objetivo de desenvolver a destreza e a velocidade. O ser é corpo-alma-espírito; Na Grécia antiga, poetas exaltavam o corpo físico, sua estética,era objeto de adoração, desejo (Homero); Filósofos gregos queriam explicar o universo; Os pré-socráticos referiam-se a um corpo mais realista, preocupavam-se com o próprio homem e seu comportamento (corpo/alma); Sócrates (470-399 a.c.) considerava a imortalidade da alma e o corpo sendo um lugar transitório dessa alma (“conheça-te como a ti mesmo”); Platão : dualismo corpo e alma. - corpo: mundo das coisas, mundo visível, sensibilidade e percepção; - alma: mundo das idéias, pensamentos – princípio de tudo; Aristóteles: corpo é matéria moldade pela alma e responsável por colocar o corpo em movimento; Cristianismo: “corpo não são”, seus prazeres pecaminosos/ alma superior; Descartes (1596-1650), volta ao dualismo corpo/mente: - corpo não pensa; - alma pensa mas nao participa de nada do corpo; -funcionam juntos em perfeita harmonia No campo da ciência, F. Maine de Biran (séc. XIX), psicólogo francês, afirma que a alma precisa do corpo p/ assumir sua intencionalidade e tomar consciência de sua existência; Corpo como componente essencial do EU. “O cérebro imprime ao corpo movimentos e atitudes que desempenham o que o espírito pensa” (Henri Bérgson, 1859-1941); Localizacionaista: cada sintoma uma localização cortical – modelo anatomoclínico; Broca/ Wernicke/Broadman: mapeamento cerebral Homúnculo de Peinfield (1954) Wernicke (1900) emprega pela primeira vez o termo psico-motricidade Na neurofisiologia imperava o modelo de Pavlov (1849-1936): S-R; Sherrington (1907) questiona esse paradigma e descreve a ação integradora do Sistema Nervoso (SN); Ciência médica passa a se preocupar com o funcionamento do organismo e nao com sua estrutura. Charcot (1888) fala sobre “membro fantasma” em amputados, investiga o imaginário referente à integridade corporal do homem inconsciente Freud, França passa a ser o grandecentro de estudos e pesquisa sobre psicomotricidade; Ernest Dupré (1907) correlação motricidadeX inteligência, conceito de debilidade motora (pg. 8) CONTRIBUIÇÕES DE FREUD Compreensão do inconsciente e conceitos como Transferência, Pulsão, somam p/ que o olhar psicomotor veja além do corpo órgão; Alteridade: o homem social interage e interdepende do outro; Subjetividade: corpo como sendo único, singular, resultado de toda experiência sensóriomotora no contexto da relaçao com o outro. Wallon (1925): diálogo tônico, comunicação mãe-bebê; Piaget: desenvolvimento em fases (processo maturacional); Ajuruaguerra retira o hífen e dá à palavra PSICOMOTRICIDADE uma unidade. CONCEITO DE PSICOMOTRICIDADE “Uma técnica que, por intermédio do corpo e do movimento, dirige-se ao ser na sua totalidade. Ela não visa à readaptaçao funcional por setores e, muito menos, a supervalorização dos músculos, mas à fluidez do corpo no seu meio. Seu objetivo é permitir ao indivíduo melhor sentir-se e, por meio de um maior investimento da corporalidade situar-se no espaço, no tempo, no mundo dos objetos e chegar a uma modificação e uma harmonização com o outro.” (Ajuriaguerra, 1977) PSICOMOTRICIDADE NO BRASIL Chega ao Brasil em 1975/76; Em 1980 surge a Socidade Brasileira de Psicomotricidade (SBP); Em 1990 a primeira graduação em Psicomotricidade no Brasil (RJ); Em 1998 a SBP dá entrada no pedido de legalização da profissão. INTERVENÇÕES METODOLÓGICAS EM PSICOMOTRICIDADE PSICOMOTRICIDADE Na psicomotricidade há várias metodologias de intervenção: - no campo educacional ( berçários, creches, ed. Infantil); - na reeducação; - na clínica (estimulação psicomotora). O lúdico é a marca fundamental de ambas intervenções (campo escolar e clínica). Guilman (1960) e Pierre Vayer (1970) se deteram em estimular o acompanhamento do desenvolvimento normal dos aspectos psicomotores como: Equilíbrio: é a maturação da posição do equilíbrio (estático ou mecânico) do corpo de um animal; Tônus: é o estado de tensão elástica (contração ligueira) que apresenta o músculo em repouso, e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Esquema corporal: é a consciência do corpo como meio de comunicação consigo mesmo e com o meio. ESTRUTURAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL Orientação espacial é a capacidade que o induvíduo tem de situar-se e orientar-se, localizar aoutra pessoa ou objeto dentro de um determinado espaço (tamanho, movimento, forma, volume …) Orientação temporal proporciona à criança a consciência das ações no tempo, solicitando mais a percepção auditiva em contraposição à espacial, que exige basicamente a percepção visual. As duas são indissociáveis. Precisamos estar orientados no tempo e no espaço. “A educação psicomotora procura as técnicas mais eficazes a fim de obter uma melhora progressiva do comportamento geral da criança, sendo trabalhadas as seguintes funções: - consciência do próprio corpo; - domínio do equilíbrio, o controle e a eficácia das diversas coordenações globais e parciais; - o controle da inibição voluntária e da respiração; - a organização do esquema corporal e a orientação no espaço; - estruturação espaço-temporal correta e maiores possibilidades de adaptação ao mundo exterior.” (MASTROIANNI) NO ÂMBITO ESCOLAR O objetivo da psicomotricidade é promover o desenvolvimento integral das crianças envolvendo os aspectos: - cognitivo; - social; - psicoafetivo; - psicomotor. NA CLÍNICA Seu objetivo é compreender e trabalhar no nível da terapia psicomotora, as desordens relativas ao desenvolvimento da criança nas esferas: - motoras; - relacionais; - afetivas e cognitivas. A prática educacional é diferente das metodologias de intervenções reeducativas, terapêuticas ou clínicas que trabalham com os transtornos psicomotores. O FISIOTERAPEUTA busca a recuperação functional O PSICOMOTRICISTA busca o desejo de funcionar. O campo de intercessão entre ambos é a motricidade.
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