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Direitos HUmanos

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1 
UNIP​ ​-​ ​Curso​ ​de​ ​Direito​ ​-​ ​Disciplina:​ ​Direitos ​ ​Humanos 
Professor:​ ​Edílson ​ ​Mendes ​ ​–​ ​2017 
DIREITOS ​ ​HUMANOS 
ASPECTOS ​ ​HISTÓRICOS 
I​ ​Guerra​ ​Mundial​ ​–​ ​1914​ ​a​ ​1918​ ​-​ ​II​ ​Guerra​ ​Mundial​ ​–​ ​1939​ ​a​ ​1945 
Liga das Nações - ​Foi à criação de um organismo internacional de manutenção da paz, tinha como finalidade promover a cooperação, 
paz e segurança internacional, condenando agressões externas contra a integridade territorial e a independência política de seus 
membros. 
Criada em 1919 (Genebra/Suíça) pelo tratado de Versalhes, o qual determinou que todas as colônias alemãs passariam para a Inglaterra 
e​ ​para​ ​França,​ ​que​ ​a​ ​Alsâsia​ ​e​ ​a​ ​Lorena​ ​voltariam​ ​ao​ ​domínio​ ​francês. 
Um dos problemas da Liga das Nações foi ser composta por apenas 63 países, entre as quais não se incluíam todas as nações 
poderosas, como por exemplo, os Estados Unidos. Já nasceu com seus dias contados: EUA não aderiram. Em 1929 Crash da Bolsa de 
NY.​ ​Estava​ ​havendo​ ​diversas ​ ​invasões ​ ​de​ ​países. 
Organização das Nações Unidas - ​A Organização das Nações Unidas (ONU) é uma união de países criada para promover a paz 
mundial, a segurança e a colaboração internacional. A ONU foi fundada em 1945, pela carta das nações unidas, assinada em São 
Francisco, sua sede é em Nova York após a Segunda Guerra Mundial, o motivo da criação foi que A Liga das Nações foi incapaz de 
evitar a Segunda Guerra Mundial e se dissolveu, dando origem a um novo órgão, criado levando em consideração os defeitos e erros 
dela. Possui os seguintes órgãos: Conselho de Segurança (É formado por 05 paises EUA/ China/ Inglaterra/ França/Russia) 
Unanimidade. Assembléia Geral. Secretarias. Conselhos Sociais e econômicos. Corte Internacional de Justiça (composta por 15 juizes 
e​ ​com​ ​sede​ ​em​ ​Haia) 
A Corte Internacional de Justiça - ​A Corte Internacional de Justiça não é, nem um corpo legislativo, nem uma academia. Define-se 
como​ ​um​ ​órgão​ ​do​ ​Direito​ ​Internacional,​ ​destinado​ ​a​ ​prestar​ ​justiça​ ​nos ​ ​limites ​ ​que​ ​lhe​ ​foram​ ​prescritos. 
O​ ​Funcionamento​ ​da​ ​Corte​ ​Internacional​ ​de​ ​Justiça 
A Corte Internacional de Justiça, com sede em Haia (Holanda), é o principal órgão judiciário das Nações Unidas, obedecendo a seu 
funcionamento ao que estipula seu Estatuto, que é parte integrante da Carta da ONU. Todos os membros das Nações Unidas são, ipso 
facto, parte do Estatuto. Estados não membros das Nações Unidas podem tornar-se partes do Estatuto, obedecendo às condições 
estipuladas ​ ​para​ ​cada​ ​caso​ ​pela​ ​Assembléia​ ​Geral,​ ​à​ ​recomendação​ ​do​ ​Conselho​ ​de​ ​Segurança. 
Todos os países que fazem parte do Estatuto da Corte podem recorrer a ela sobre qualquer caso. Outros Estados poderão fazê-lo sob 
condições ​ ​estipuladas ​ ​pelo​ ​Conselho​ ​de​ ​Segurança,​ ​que​ ​pode​ ​encaminhar​ ​à​ ​Corte​ ​qualquer​ ​controvérsia​ ​jurídica. 
Além disso, a Assembléia Geral e o Conselho de Segurança podem solicitar à Corte pareceres sobre quaisquer questões jurídicas; 
também aos outros órgãos das Nações Unidas, assim como as Agências Especializadas, é facultado recorrer à Corte para pareceres 
sobre questões jurídicas dentro do escopo das suas respectivas atividades, desde que tenham para isso autorização da Assembléia 
Geral.​ ​Somente​ ​países ​ ​-​ ​nunca​ ​indivíduos ​ ​podem​ ​recorrer​ ​à​ ​Corte​ ​Internacional​ ​de​ ​Justiça. 
A competência da Corte se estende a todas as questões a ela submetidas pelos Estados e a todos os assuntos previstos na Carta das 
Nações ​ ​Unidas ​ ​e​ ​nos ​ ​tratados ​ ​e​ ​convenções ​ ​em​ ​vigor. 
Os Estados podem comprometer-se antecipadamente a aceitar a jurisdição da Corte em determinados casos, seja por meio de tratados 
ou convenções que estipulem o recurso à Corte ou por meio de uma declaração especial nesse sentido. Tais declarações aceitando a 
jurisdição compulsória da Corte podem, contudo, excluir determinados tipos de questões. Para emitir suas sentenças, a Corte, de 
acordo com o Artigo 38 do Estatuto, recorre às seguintes fontes de direito: Convenções Internacionais que estabelecem regras 
conhecidas pelos Estados litigantes; Costumes Internacionais com evidências de uma praxe geralmente aceita como de direito; 
Princípios Gerais de direito reconhecidos pelas nações civilizadas; Jurisprudência e pareceres de competentes juristas das várias 
nações,​ ​como​ ​elementos ​ ​subsidiários ​ ​para​ ​determinar​ ​as ​ ​regras ​ ​de​ ​direito. 
A Corte pode decidir ex aequo et bono (segundo o que for justo e bom), isto é, lavrar sentença por eqüidade, se as partes litigantes 
estiverem​ ​de​ ​acordo. 
O Conselho de Segurança poderá ser chamado, se necessário, por uma das partes para determinar quais as medidas a tomar, a fim de 
dar​ ​cumprimento​ ​a​ ​uma​ ​sentença,​ ​caso​ ​a​ ​parte​ ​contrária​ ​se​ ​recuse​ ​a​ ​acatá-la. 
A Corte Internacional de Justiça se compõe de quinze juízes chamados "membros" da Corte. São eleitos pela Assembléia Geral e pelo 
Conselho​ ​de​ ​Segurança​ ​em​ ​escrutínios ​ ​separados. 
Os juízes são escolhidos em função de sua competência, e não pela sua nacionalidade, observando-se, contudo, o critério de fazer com 
que estejam representados na Corte os principais sistemas jurídicos do mundo. Não poderá haver dois juízes da mesma nacionalidade 
na​ ​Corte. 
O mandato dos juízes é de nove anos, podendo haver reeleição. Não podem os juízes dedicar-se a outras atividades durante o exercício 
de​ ​seu​ ​mandato. 
Tribunal de Nuremberg - ​Após a II Guerra Mundial, os países aliados resolveram formar um tribunal internacional com a finalidade 
de julgar os "crimes" cometidos pelos inimigos de guerra, o qual ficou conhecido como o Tribunal de Nuremberg que resultou em uma 
série​ ​de​ ​13​ ​julgamentos,​ ​realizados ​ ​em​ ​Nuremberg,​ ​na​ ​Alemanha,​ ​de​ ​1945​ ​a​ ​1946. 
Esse tribunal foi criado por um acordo assinado pelos representantes dos E.U.A., Grã-Bretanha, França e ex-U.R.S.S., em Londres, em 
agosto de 1945. Juízes e promotores públicos de todos os quatro países tomaram parte no primeiro julgamento, que teve como réus 22 
funcionários ​ ​da​ ​Alemanha​ ​nazista. 
 
2 
Para muitos um progresso do direito internacional, para outros um tribunal improvisado e arbitrário, onde se observou a espantosa 
negação de elementares postulados do direito penal tradicional, como o ​princípio da legalidade​, pois deu efeito retroativo a um Plano 
de Julgamento para a incriminação de fatos pretéritos, não considerados crimes ao tempo de sua prática, e impôs aos acusados o 
enforcamento e penas arbitrárias, sem direito a qualquer recurso, além de ter sido um tribunal que foi criado e funcionou segundo a 
vontade​ ​arbitrária​ ​dos ​ ​vencedores,​ ​com​ ​o​ ​exclusivo​ ​propósito​ ​de​ ​uma​ ​vingança​ ​pura​ ​e​ ​simples. 
Principal​ ​argumentação​ ​para​ ​criação​ ​do​ ​tribunal​ ​foi​ ​de​ ​a​ ​invocação​ ​do​ ​direito​ ​natural,​ ​direito​ ​esse​ ​que​ ​esta​ ​acima​ ​do​ ​direito​ ​formal. 
O ​ ​tribunal​ ​teve​ ​216​ ​sessões.​ ​Funcionou​ ​de​ ​1945​ ​a​ ​1946. 
Principais ​ ​penas:​ ​Prisão;​ ​Prisão​ ​perpetua;​ ​Pena​​de​ ​Morte​ ​–​ ​As ​ ​mortes ​ ​eram​ ​através ​ ​de​ ​enforcamento. 
O​ ​Tribunal​ ​de​ ​Nuremberg​ ​foi​ ​o​ ​grande​ ​incentivador​ ​da​ ​criação​ ​da​ ​Declaração​ ​Universal​ ​dos ​ ​Direitos ​ ​Humanos. 
Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) - ​A presente Declaração Universal dos Diretos Humanos como o ideal comum a 
ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em 
mente esta Declaração, se esforcem, através do ensino e da educação, por promover o respeito a esses direitos e liberdades, e, pela 
adoção de medidas progressivas de caráter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais 
e​ ​efetivos,​ ​tanto​ ​entre​ ​os ​ ​povos ​ ​dos ​ ​próprios ​ ​Estados-Membros,​ ​quanto​ ​entre​ ​os ​ ​povos ​ ​dos ​ ​territórios ​ ​sob​ ​sua​ ​jurisdição. 
 
Tratado é todo acordo formal e escrito, celebrado entre Estados e organizações internacionais, que busca produzir efeitos 
numa ordem jurídica de direito internacional, maior regulador, conhecido como o Tratado dos Tratados, é a Convenção de 
Viena​ ​de​ ​1969. 
 
TPI ​ ​-​ ​​TRIBUNAL​ ​PENAL​ ​INTERNACIONAL​ ​-​ ​ESTATUTO ​ ​DE​ ​ROMA 
O TPI, sediado em Haia (Holanda), foi criado em 2002 para investigar indivíduos acusados de crimes de guerra e contra a humanidade. 
O ​ ​Estatuto​ ​de​ ​Roma,​ ​documento​ ​no​ ​qual​ ​se​ ​funda,​ ​já​ ​foi​ ​ratificado​ ​pelo​ ​Brasil. 
O ​ ​Estatuto​ ​de​ ​Roma​ ​considera​ ​como​ ​graves ​ ​os ​ ​seguintes ​ ​crimes ​ ​que​ ​“afetam​ ​a​ ​comunidade​ ​internacional​ ​no​ ​seu​ ​conjunto”​ ​(artigo​ ​5°): 
a)​ ​O ​ ​crime​ ​de​ ​genocídio:​ ​com​ ​intenção​ ​de​ ​destruir​ ​grupo​ ​nacional,​ ​ético,​ ​racial​ ​ou​ ​religioso. 
b)​ ​Crimes ​ ​contra​ ​a​ ​humanidade 
Artigo 7o. 1. Para os efeitos do presente Estatuto, entende-se por “crime contra a humanidade”, qualquer um dos atos seguintes, 
quando cometido no quadro de um ataque, generalizado ou sistemático, contra qualquer população civil, havendo conhecimento desse 
ataque: 
Extermínio (compreende a sujeição intencional a condições de vida, tais como a privação do acesso a alimentos ou medicamentos, com 
vista​ ​a​ ​causar​ ​a​ ​destruição​ ​de​ ​uma​ ​parte​ ​da​ ​população); 
Tortura (entende-se o ato por meio do qual uma dor ou sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma 
pessoa que esteja sob a custódia ou o controle do acusado; este termo não compreende a dor ou os sofrimentos resultantes unicamente 
de​ ​sanções ​ ​legais,​ ​inerentes ​ ​a​ ​essas ​ ​sanções ​ ​ou​ ​por​ ​elas ​ ​ocasionadas); 
Agressão sexual, escravatura sexual, prostituição forçada, gravidez forçada, esterilização forçada ou qualquer outra forma de violência 
no​ ​campo​ ​sexual​ ​de​ ​gravidade​ ​comparável; 
c)​ ​Crimes ​ ​de​ ​guerra:​ ​ex.​ ​uso​ ​de​ ​arma​ ​proibida,​ ​violação​ ​as ​ ​convenções ​ ​humanitárias. 
d) O crime de agressão: É o planejamento, a preparação, o início ou a execução, por pessoa em posição efetiva para exercer controle ou 
dirigir a ação política ou militar de um Estado, de um ato de agressão o qual, pelo seu caráter, gravidade e escala, constitui violação 
manifesta​ ​da​ ​Carta​ ​das ​ ​Nações ​ ​Unidas. 
Tais ​ ​crimes ​ ​são​ ​imprescritíveis ​ ​(discussão),​ ​conforme​ ​artigo​ ​29​ ​do​ ​Estatuto​ ​de​ ​Roma. 
Foi​ ​criado​ ​em​ ​1998​ ​pelo​ ​Estatuto​ ​de​ ​Roma,​ ​com​ ​sede​ ​em​ ​Haia,​ ​na​ ​Holanda,​ ​em​ ​funcionamento​ ​a​ ​contar​ ​de​ ​1º ​ ​de​ ​julho​ ​de​ ​2002. 
Os tribunais de: Nuremberg, Ruanda, Iugoslávia eram considerados tribunais de exceção, pois foram criados após o fato (princípio do 
Juízo​ ​Natural). 
O ​ ​TPI​ ​é​ ​um​ ​Tribunal​ ​permanente,​ ​autônomo​ ​e​ ​julga​ ​crimes ​ ​de​ ​abrangência​ ​internacional. 
Penas:​ ​Prisão​ ​de​ ​até​ ​30​ ​anos.​ ​Prisão​ ​perpétua.​ ​Multa.​ ​Perda​ ​de​ ​bens ​ ​(produto​ ​do​ ​crime) 
Não​ ​tem:​ ​Pena​ ​de​ ​morte;​​ ​​Pena​ ​cruel​ ​e​ ​Pena​ ​de​ ​banimento​ ​(tirar​ ​nacionalidade) 
O Brasil é parte no Estatuto de Roma Decreto Legislativo 112/2002. EC 45/04 incluiu ao art. 5º, § 4º, CF afirmando que o Brasil se 
submete​ ​ao​ ​Tribunal​ ​Penal​ ​Internacional. 
 
Entrega​ ​é​ ​diferente​ ​de​ ​Extradição.​ ​Entrega​ ​ocorre​ ​entre​ ​o​ ​TPI​ ​e​ ​um​ ​Estado.​ ​Extradição​ ​ocorre​ ​entre​ ​Estados. 
 
O TPI surge como forma de evitar a criação de tribunais ad hoc internacionais por motivos meramente políticos, como ocorreu 
nos casos dos Tribunais de Nuremberg (1945), Tóquio (1946), para antiga Iugoslávia (1993 – 100mil mortos e 20 mil estupros) e 
Ruanda​ ​(1994​ ​–​ ​800​ ​mil​ ​mortos ​ ​em​ ​100dias). 
 
Direitos Fundamentais são os direitos do homem previstos na Constituição de um país, enquanto os Direitos Humanos são os direitos 
do​ ​Homem​ ​ou​ ​Fundamentais ​ ​previstos ​ ​em​ ​Tratados ​ ​ou​ ​Direitos ​ ​Humanos. 
Exemplo​ ​de​ ​Direito​ ​à​ ​Vida,​ ​art.​ ​5º ​ ​da​ ​CF/88​ ​e​ ​art.​ ​4º,​ ​da​ ​Convenção​ ​Americana. 
 
Os ​ ​Direitos ​ ​Humanos ​ ​são: 
3 
Históricos - Mudam com os tempos, são dinâmicos, passando pelas diversas revoluções e chegando aos dias atuais. Ex: Abolição da 
escravidão,​ ​direito​ ​das ​ ​mulheres. 
Naturais ​ ​​-​ ​Essenciais ​ ​à​ ​pessoa​ ​humana,​ ​mesmo​ ​na​ ​ausência​ ​de​ ​Legislação​ ​específica 
Universais - Independem de fronteiras e leis nacionais, são válidos a todos, indistintamente. Destinam-se, de modo indiscriminado, a 
todos ​ ​os ​ ​seres ​ ​humanos. 
Indivisíveis e interdependentes – ​Não se podem defender apenas alguns direitos em detrimento de outros. Os direitos humanos 
formam um todo, um dependendo do outro. Não se pode cuidar das mulheres, deixando de lado as crianças, cuidar das crianças e se 
esquecer​ ​dos ​ ​problemas ​ ​raciais,​ ​assim​ ​sucessivamente. 
Irrenunciáveis - Não se renunciam direitos fundamentais. Alguns deles podem até não ser exercidos, mas não se admite sejam 
renunciados. 
Inalienáveis ​- São direitos intransferíveis, inegociáveis, porque não são de conteúdo econômico patrimonial. Se forem conferidos a 
todos,​ ​deles ​ ​não​ ​se​ ​pode​ ​desfazer​ ​porque​ ​são​ ​indisponíveis. 
Imprescritíveis - A prescrição é um instituto jurídico que somente atinge os direitos de caráter patrimonial, não a direitos 
personalíssimos. 
 
As ​ ​Gerações ​ ​de​ ​Direitos ​ ​Humanos 
Primeira​ ​Geração​​ ​-​ ​DIREITOS ​ ​INDIVIDUAIS;​ ​DIREITOS ​ ​DA ​ ​LIBERDADE;​ ​Declaração​ ​da​ ​Virgínia​ ​(Estados ​ ​Unidos ​ ​-1776) 
Declaração​ ​dos ​ ​Direitos ​ ​do​ ​Homem​ ​e​ ​do​ ​Cidadão​ ​(França​ ​-​ ​1789) 
Segunda Geração - DIREITOS SOCIAIS; DIREITOS DA IGUALDADE; Século XIX início do Século XX Direitos Sociais, 
Econômicos ​ ​e​ ​Culturais;​ ​Constituição​ ​Mexicana​ ​(1917);​ ​Constituição​ ​Russa​ ​(1919) 
Terceira Geração - DIREITOS DOS POVOS; DIREITOS DA SOLIDARIEDADE; Dimensão Internacional; Declaração Universal 
dos ​ ​Direitos ​ ​Humanos ​ ​(ONU-​ ​1948);​ ​Declaração​ ​Universal​ ​dos ​ ​Direitos ​ ​dos ​ ​Povos ​ ​(1976) 
Quarta Geração - DIREITOS À VIDA; DIMENSÃO PLANETÁRIA; Direitos a uma vida saudável, em harmonia com a natureza; 
Princípios ambientais e de desenvolvimento sustentável; Carta da Terra ou Declaração do Rio (1992). Para alguns. Conforme Norberto 
Bobbio, a referida geração de direitos decorreria dos avanços no campo da engenharia genética, ao colocaremem risco a própria 
existência​ ​humana,​ ​através ​ ​da​ ​manipulação​ ​do​ ​patrimônio​ ​genético​ ​e​ ​pesquisas ​ ​biológicas. 
 
Primeira​ ​Geração​ ​-​ ​OS ​ ​DIREITOS ​ ​DE​ ​LIBERDADE​ ​(INDIVIDUAIS) 
A grande mudança de rumos na aventura dos direitos humanos foi ditada pelas Declarações do século XVIII. Tais documentos, que 
simbolizaram o coroamento das lutas burguesas e consolidaram as transformações que até então se operavam no mundo ocidental, 
tiveram​ ​o​ ​iluminismo​ ​(ou​ ​ilustração)​ ​como​ ​referencial​ ​teórico​ ​imediato. 
A filosofia iluminista teve suas raízes no século XVII, através do racionalismo e do empirismo, tendências paralelas representadas pelo 
pensamento de Descartes, Spinoza, Leibniz, Newton, Bacon, Berkeley, Hobbes, Locke e outros. E sinalizou uma verdadeira revolução 
intelectual, pois seja na atitude de repúdio às certezas consagradas pela autoridade e pela tradição, ou na busca de novas bases para a 
compreensão dos fenômenos naturais e sociais, o ser humano passou a ser concebido no estado de pura natureza, mediante uma 
dedução​ ​exclusivamente​ ​racional. 
Ora, nesse universo retomou-se a crença num Direito Natural, que nasce com o homem e é inseparável na natureza humana. Porém, ao 
contrário da proposta medieval da dupla verdade – uma revelada por Deus e outra conquistada pela razão, a nova escola Jusnaturalista, 
que tomou forma a partir do século XVII, sustentava que o homem era titular de certos direitos fundamentais, cuja existência 
independia​ ​de​ ​qualquer​ ​justificação​ ​metafísica. 
Grosso​ ​modo,​ ​podem​ ​ser​ ​resumidas ​ ​em​ ​quatro,​ ​as ​ ​proposições ​ ​esposadas ​ ​pelos ​ ​jusnaturalistas ​ ​da​ ​época: 
a) considerados eternos e absolutos, existem direitos naturais demonstráveis pala razão, extensivos a todas as pessoas em todos os 
tempos ​ ​e​ ​lugares; 
b) o Direito Natural consiste num conjunto de regras, verificáveis à luz da razão, que asseguram perfeitamente todos esses direitos 
naturais; 
c)​ ​a​ ​existência​ ​do​ ​Estado​ ​se​ ​prende,​ ​tão​ ​só,​ ​a​ ​garantir​ ​aos ​ ​homens ​ ​esses ​ ​direitos ​ ​naturais; 
d) o direito positivo, aplicado e executado pelos tribunais, é o meio pelo qual o Estado realiza essa função, obrigando moralmente 
apenas ​ ​enquanto​ ​em​ ​concordância​ ​com​ ​o​ ​Direito​ ​Natural. 
O racionalismo jusnaturalista foi levado ao extremo pelo inglês Thomas Hobbes (na obra “Leviathan”- 1651), que formulou a tese da 
origem contratual do Estado, em cujo favor, após o primitivismo caótico da convivência sem ordem, os homens pactuaram renunciar 
aos seus direitos naturais, objetivando a segurança de todos – o que daria ao governante um poder absoluto. Essa postura, 
modernamente, recebeu forte crítica do jurista italiano Norberto BOBBIO, ao observar que o Direito Natural da Idade Moderna 
(contada em Hobbes), com sua “concepção estreita, particularmente privatista e atomista do homem”, deu origem ao liberalismo. Para 
BOBBIO, Hobbes tomou como ponto de partida o homem isolado, em estado natural egoísta, enquanto o jusnaturalismo medieval viu 
o​ ​homem​ ​em​ ​sociedade​ ​e​ ​dentro​ ​de​ ​uma​ ​perspectiva​ ​comunitária. 
Com John Locke, também pensador inglês, em seu livro “Two Treatises of Government” (1689), desenvolveu-se a teoria da liberdade 
natural do ser humano. Segundo Locke, divergindo de Hobbes, os homens optaram por constituir-se em sociedade no afã de 
alcançarem melhor proteção de seus direitos naturais (a liberdade e a propriedade); eles não renunciaram a seus direitos, mas o 
confiaram a uma autoridade comum, mediante um contrato. O poder, pois, era consentido, não sendo lícito ao soberano exercê-lo de 
maneira despótica, sob pena, dos súditos retomá-lo pela via da rebelião – “direito de resistência” – para recobrar a liberdade originária. 
É curioso notar a relativa identidade entre o trabalho de Locke e o de Francisco Suárez, embora a diferença de mais de cinqüenta anos 
4 
que os medeiam, até para mostrar que a futura noção do liberalismo sobre o Estado de Direito limitou-se, insofismavelmente, a apenas 
uma das correntes do jusnaturalismo (a “racionalista”). Para o teólogo espanhol Suárez, em sua obra “De Legibus ac Deo 
Legislatore”(1612), os homens eram, por natureza, igualmente livres e não súditos uns dos outros. Da natureza a comunidade recebia 
automaticamente a autoridade política, e então a transferia ao príncipe. Destarte, a determinação da forma de governo não deriva da 
natureza, mas da livre escolha da comunidade. E sublinhava que o poder político era de direito divino, quando considerado em si 
mesmo,​ ​abstratamente;​ ​mas ​ ​de​ ​direito​ ​humano,​ ​quando​ ​considerado​ ​concretamente,​ ​enquanto​ ​exercido​ ​por​ ​pessoas ​ ​determinadas. 
Essa polêmica adentrou pelo século XVIII, marcado por um confronto direto e definitivo com o carcomido regime absolutista. Nessa 
fase,​ ​foram​ ​da​ ​maior​ ​alta​ ​valia​ ​e​ ​influência​ ​as ​ ​seguintes ​ ​contribuições: 
a) de Montesquieu, em cuja obra-mestra, “O Espírito das Leis” (1748), prescreveu a suprema necessidade da 
separação das funções do Estado em três poderes distintos e independentes (executivo/legislativo/judiciário) denunciando uma 
atentatória​ ​à​ ​liberdade​ ​a​ ​concentração​ ​do​ ​poder​ ​nas ​ ​mãos ​ ​de​ ​uma​ ​só​ ​pessoa​ ​ou​ ​órgão; 
b) de Voltaire, crítico mordaz das idéias e costumes de seu tempo, dono de vasta publicação (“Cartas Filosóficas”, por ex., em 1734), e 
que​ ​foi​ ​um​ ​acérrimo​ ​defensor​ ​da​ ​liberdade​ ​individual​ ​e​ ​implacável​ ​combatente​ ​de​ ​todo​ ​tipo​ ​de​ ​despotismo; 
c) de Jean-Jacques Rousseau, em cujo trabalho mais festejado, “Do Contrato Social” (1762), expôs a tese de que os homens se 
agregaram societariamente por motivos eminentemente pragmáticos, na soma de forças para sobrepujar a resistência. Essa união era 
engendrada pelo contrato social, a se constituir num instrumento que garantia simultaneamente a igualdade e a liberdade – e nisso 
diferia de Locke, que associava liberdade e propriedade. Mais que isso, Rousseau condenou a propriedade privada (“causa primeira da 
miséria social”), porque a igualdade das massas (o povo como “único soberano”), e, enalteceu a vida do “bom selvagem” 
(contrapondo-o​ ​à​ ​civilização​ ​européia); 
d) dos “enciclopedistas”, grupo de filósofos e economistas, dirigidos por Diderot e D’Alembert, que resumiram sistematicamente os 
esforços do intelecto humano, com a famosa “Enciclopédia” (35 volumes – 1751/1772), e em cujas páginas desenvolveu um fervoroso 
programa​ ​de​ ​reivindicações ​ ​sociais ​ ​e​ ​políticas; 
e) de Cesare Beccaria, autor do livro “Dei Delitti e delle Pene” (1764), onde desfiou – fundado numa perspectiva racional, no direito 
natural, no contrato social e no controle do poder – veementemente, seu libelo contra o processo secreto, a desigualdade dos castigos 
segundo​ ​a​ ​qualificação​ ​das ​ ​pessoas,​ ​a​ ​atrocidade​ ​dos ​ ​suplícios,​ ​a​ ​tortura​ ​e​ ​a​ ​pena​ ​de​ ​morte. 
Com todas as características já mencionadas e ante o peso de tamanha efervescência cultural, o Jusnaturalismo espalhou-se por toda a 
Europa e tambémpela América, servindo de base doutrinária para a o surgimento da Declaração de Direitos. Tais documentos, que se 
mostraram verdadeiros manifestos políticos das novas forças sociais que despontavam, passaram a enunciar formal e solenemente os 
direitos fundamentais dos indivíduos. É sobremodo interessante atentar que a expressão “declaração de direitos” deixa transparecer por 
completo o espírito que animava a edição desses diplomas: acreditava-se que os direitos individuais não constituíam uma criação do 
Estado, posto que existiam antes do advento deste, bastando, pois, para fazê-los respeitados, declarar expressamente a existência dos 
mesmos,​ ​depois ​ ​de​ ​racionalmente​ ​reduzidos ​ ​da​ ​natureza​ ​humana. 
Muito embora a Inglaterra tenha dado o impulso inicial, e não obstante situar-se na França o pólo mais ativo da irradiação de idéias, foi 
na América do Norte, na ainda colônia de Virgínia, que surgiu a primeira Declaração de Direitos. Tamanho feito, por parte de uma 
colônia, não deve causar espanto. Ao darem contornos definitivos à sua luta libertária, as colônias inglesas da América reuniram-se 
num Congresso Continental, em 1774, que recomendou a formação de governos independentes. E nisso quem se antecipou às demais 
foi justamente à Virgínia, que em 12 de junho de 1776 publicou sua manifestação formal de direitos (“... do Bom Povo de Virgínia”), e 
cuja cláusula primeira anunciava “que todos os homens são por natureza igualmente livres e independentes” – e com certos direitos, 
inerentes dos quais não poderiam ser privados. Nesse expediente de 16 cláusulas, inequívoco alicerce do constitucionalismo 
americano, percebe-se com nitidez a influência das doutrinas jusnaturalistas e iluministas então em voga, precipuamente das obras de 
Locke, Montesquieu e Rousseau. Outras sete colônias, mirando-se nesse exemplo, adotaram constituições radicalistas com semelhantes 
dispositivos ​ ​de​ ​proteção​ ​individual. 
Ainda em 1776, como passo decisivo desse processo emancipatório, o 3º Congresso da Filadélfia aprovou a “Declaração de 
Independência dos Estados Unidos”, em 4 de julho daquele ano. O texto, que também traz a herança do mesmo legado entre os 
homens, considerados titulares de certos direitos inalienáveis como a vida, a liberdade e a procura da própria felicidade. Seguem-se-lhe 
a Constituição Federal de 1787, e, uma “Bill of Rights” (Declaração de Direitos), aprovada em 1789 e ratificada em 1791, contendo 
dez emendas à Carta Básica norte-americana. Todos esses acontecimentos e prescrições legais foram de notável significação humana e 
social, de grande qualidade sistemática e de inflamada capacidade de estímulo, influindo nas revoluções libertárias da América 
hispano-portuguesa​ ​e,​ ​inclusive,​ ​na​ ​França​ ​iluminista. 
Todavia, foi a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, aprovada pela Assembléia Nacional francesa, em 26 de agosto de 
1789 que, incontestavelmente, teve desde logo muito maior repercussão do que as precedentes. Para tanto contribuiu, em parte, a 
notória condição francesa de centro irradiador de idéias e iniciativas; mas o seu sucesso defluiu, sobretudo, do caráter universal 
daquela​ ​Declaração,​ ​cujos ​ ​autores ​ ​souberam​ ​enunciar​ ​direitos ​ ​individuais ​ ​como​ ​aplicáveis ​ ​a​ ​todas ​ ​as ​ ​sociedades ​ ​políticas. 
A “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” instituiu um Estado de Direito e, partindo do pressuposto que se fazia mister 
fixar solenemente os “direitos naturais, inalienáveis e sagrados do homem”, tratou de regulá-los em seus 17 artigos, dentre os quais 
destacamos: a) a igualdade de todos, quanto aos direitos (art. 1); b) a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão, 
como direitos naturais e imprescritível da pessoa humana (art. 2); c) a soberania reside na Nação: o povo é quem delega autoridade 
9art. 3); d) a medida da extensão da liberdade de cada um é não prejudicar o direito de outrem (art. 4); e) o princípio da legalidade, 
permitindo-se tudo quanto à lei não proíba e estatuindo que ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não manda (art. 5); f) a 
proibição de acusação, prisão ou detenção, salvo nos casos determinados opor lei e na forma por ela prescrita (art. 7); g) a presunção de 
inocência (art. 9); h) a liberdade de manifestação dos pensamentos e opiniões (art. 11); i) a garantia dos direitos e a separação dos 
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Poderes através da Constituição (art. 16); j) a propriedade como um direito sagrado e inviolável, salvo caso de necessidade pública e 
mediante​ ​justa​ ​e​ ​prévia​ ​indenização​ ​(art.​ ​17). 
A Declaração de 1789, como se sabe, tornou-se uma fonte – obrigatória e permanente – para as novas proclamações do gênero, tanto 
na própria França (em 1793, 1795, 1814 e 1848), quanto no restante da Europa e no continente da burguesia, representou o cortamento 
de uma longa luta pela afirmação das liberdades públicas e princípios basilares da pessoa humana, dando um novo perfil à sociedade e 
acarretando​ ​sensível​ ​progresso​ ​institucional. 
 
SÍNTESE DA 1ª DIMENSÃO - Os direitos da primeira geração ou primeira dimensão inspirados nas doutrinas iluministas e 
jusnaturalistas dos séculos XVII e XVIII são direitos de titularidade individual, embora alguns sejam exercidos em conjuntos 
de indivíduos. Essa geração inclui os direitos à vida, liberdade, segurança, não discriminação racial, propriedade privada, 
privacidade e sigilo de comunicações, ao devido processo legal, ao asilo diante das perseguições políticas, bem como as 
liberdades de culto, crença, consciência, opinião, expressão, associação e reunião pacíficas, locomoção, residência, participação 
política, diretamente ou por meio de eleições. São os primeiros direitos a constarem do instrumento normativo constitucional, a 
saber,​ ​os ​ ​direitos ​ ​civis ​ ​e​ ​políticos,​ ​cujo​ ​princípio​ ​era​ ​a​ ​proteção​ ​do​ ​indivíduo. 
Os direitos fundamentais de primeira dimensão, contemporâneos do liberalismo político, surgem como resposta ao absolutismo 
monárquico e objetivavam proteger o homem na sua esfera individual contra a interferência abusiva do Estado. São direitos de 
cunho​ ​meramente​ ​negativo,​ ​que​ ​visam​ ​garantir​ ​as ​ ​liberdades ​ ​públicas. 
Negavam o Estado no seu poder de interferir nas liberdades individuais, por que este era visto como inimigo para o homem. 
São direitos civis e políticos como a liberdade de locomoção, de pensamento, inviolabilidade do domicílio, liberdade de religião, 
por exemplo. A Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (26/08/1789), aprovado pelo parlamento francês, cujo lema: 
Um​ ​País ​ ​deve​ ​ter​ ​uma​ ​Constituição​ ​escrita,​ ​com​ ​separação​ ​dos ​ ​Poderes ​ ​e​ ​Previsão​ ​dos ​ ​Direitos ​ ​Individuais. 
 
Segunda​ ​Geração​ ​-​ ​OS ​ ​DIREITOS ​ ​DE​ ​IGUALDADE​ ​(COLETIVOS) 
A primeira metade do século XIX foi marcada pela consolidação do Estado liberal – edificado sobre o ponto de vista dos direitos 
individuais ​ ​–​ ​e​ ​pelo​ ​fenomenal​ ​desenvolvimento​ ​da​ ​economia​ ​industrial. 
Para o liberalismo,apegado à lição iluminista de supervalorização da lei, o Estado tinha na Constituição a sua mais forte plataforma 
jurídica. Note-se que a própria Declaração francesa de 1789, no seu artigo 16, patenteou a obrigatoriedade de um texto constitucional 
composto precipuamente da decisão dos poderes e da declaração de direitos, com sua garantias. Aliás, a mentalidade juspositivista do 
século XIX, o sentido de Constituição era justamente este: era explícita a legalidade e organiza as garantias. E o Estado Constitucional, 
oriundo das teses liberais, não era apenas um Estado não-interveniente, criado pelos interesses burgueses em contraposição ao 
absolutismo intervencionista; esse Estado era uma sistemática de explicitações, montada a partir da idéia de que o poder existe com 
base no consentimento das pessoas, e que deve garantir a elas uma série de liberdades. Destarte, o Estado constitucional não era apenas 
um Estado com limitações, mas sim intrinsecamente limitado. Ora, esse arcabouço ideológico levou, na prática, a existência de um 
Estado​ ​impregnado​ ​de​ ​um​ ​formalismo​ ​que,​ ​ao​ ​não​ ​cogitar​ ​da​ ​distinção​ ​entre​ ​legalidade​ ​e​ ​legitimidade,​ ​afigurou-se​ ​excludente. 
Assim é que a igualdade, solenemente estampada na Declaração de 1789, não passou de expressão retórica. Ou melhor, se chegou a 
suprimir os privilégios formais do “antigo regime”, não concretizou quanto à desigualdade econômica patrimonial. Na ordem política 
que se instaurou, as pessoas passaram a iguais perante a lei, erigida como padrão de igualdade entre todos os seres humanos, mas que 
não operou uma modificação das condições materiais das classes populares, e a liberdade, desvirtuada na prática, passou a ser utilizada 
pelo​ ​homem​ ​burguês ​ ​como​ ​capacidade​ ​ilimitada​ ​de​ ​exercer​ ​a​ ​sua​ ​iniciativa,​ ​a​ ​sua​ ​criatividade​ ​e​ ​os ​ ​seus ​ ​direitos ​ ​individuais. 
Com a ascensão da burguesia à posição de classe dominante, acelerou-se a industrialização e suas implicações sócio-econômicas e 
culturais, abrindo caminho para um novo estágio de consciência sobre as necessidades básicas do ser humano. Com efeito, o 
desenvolvimento do capitalismo industrial, propiciando a urbanização e concentrando mão-de-obra assalariada, mormente nas fábricas, 
fez​ ​com​ ​que​ ​se​ ​formasse​ ​uma​ ​nova​ ​classe​ ​social​ ​–​ ​o​ ​proletariado,​ ​ou​ ​a​ ​moderna​ ​classe​ ​operária​ ​urbano-industrial. 
Justamente com a Revolução Industrial estruturou-se o Estado capitalista Liberal. O Estado do “Laissez-faire”, de não-intervenção, da 
liberdade de iniciativa e de contrato; o Estado “gendarme”, que consistiu em garantir a livre atuação das forças do mercado, fundado na 
premissa de que, se todos defendessem os seus próprios interesses, o interesse coletivo seria automaticamente defendido. Por fim, o 
Estado que privilegiou o capital em detrimento do trabalho, em nome do direito de cada indivíduo contratar livremente com seu 
semelhante, sem a proteção e a fiscalização estatal – o que unicamente significou a liberdade dos assalariados se colocarem nas mãos 
dos ​ ​empregadores. 
Evidente, pois, a enorme contradição entre os princípios divulgados nas declarações de direitos e a realidade cotidiana de amplos 
setores da sociedade, especialmente numa certa fase do capitalismo industrial. O proletariado estava submetido a todo o tipo de 
exploração: jornada de trabalho excessiva (de 14 a 16 h/dia), remuneração indigna, condições insalubres e insegurança no trabalho, 
abusiva situação trabalhista de mulheres e crianças, desemprego e miséria crescentes, péssimas condições de vida (moradia, saúde, 
alimentação, educação), dentre outros aspectos. Ante tais situações cruéis e desumanas, o proletariado reagiu com greves, agitações e 
rebeliões por toda parte, como as revoluções de 1848, ocorridas na França e na Alemanha, ou a célebre “Comuna” de Paris (1871), 
movimentos ​ ​primordialmente​ ​operários ​ ​na​ ​sua​ ​origem. 
Esse novo perfil que caracteriza a Europa do século XIX, com todas as suas nuances, possibilitou o desenvolvimento da crítica social, 
do​ ​ideário​ ​socialista​ ​de​ ​doutrinas ​ ​alternativas,​ ​do​ ​sindicalismo​ ​e​ ​da​ ​organização​ ​política​ ​da​ ​classe​ ​operária​ ​e​ ​demais ​ ​setores ​ ​populares. 
No contexto das lutas operárias, levadas a efeito desde o século anterior, surgiu o sindicalismo. Amadurecido no seio das associações 
de auxílio mútuo (séc. XV), o movimento operário fortaleceu-se graças à conquista de liberdade de organização classista, 
primeiramente na Inglaterra (através de lei aprovada pelo Parlamento, em 1824), e mais tarde, de modo gradual, no restante da Europa 
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e nos Estados Unidos. Os sindicatos guardaram pontos em comum com o socialismo e o anarquismo. Na Inglaterra, registre-se, o 
sindicalismo assumiu, via de regra, em feição reformista, da qual a “Trade Union” (fundada em 1833) foi típico exemplo – as 
reivindicações eram majoritariamente de índole econômica, sem cogitar as alterações das estrutura político-institucional. Na França e 
na Itália, porém, a ação sindical adotou tendência predominantemente revolucionária – buscou a emancipação proletária por meio de 
mudanças ​ ​radicais ​ ​na​ ​sociedade. 
Por outro lado, do mesmo caldo cultural europeu nasceram o anarquismo e o socialismo. Ambos propugnavam o fim da propriedade 
privada – um dos principais valores protegidos pelas declarações dos direitos – e o fim das diferenças de classe. Buscavam, 
igualmente, a destruição do Estado, considerado um instrumento de opressão dos trabalhadores a serviço da burguesia. Todavia, para 
os socialistas, de um modo geral, o Estado burguês deveria ser substituído pelo Estado proletário, que aplainaria as desigualdades 
sociais. Já os anarquistas por seu turno, preconizavam a substituição do Estado pela cooperação de grupos associados (mecanismos de 
controle espontâneo da sociedade). Dentre os mais notáveis anarquistas sobressaem os nomes de Pierre Joseph Proudhon (numa 1ª 
fase), Michael Bakunin, Piotr Kropotkin e Leão Tolstoi. E, dos socialistas mais importantes, destacam-se: Henry de Saint-Simon, 
Louis Blanc, Augusto Blanqui e Charles Fourier – denominados de “utópicos” e, Karl Marx e Friedrich Engels – fundadores do 
socialismo​ ​“científico”.​ ​Mais ​ ​tarde,​ ​os ​ ​marxistas ​ ​se​ ​dividiram​ ​em​ ​ortodoxos ​ ​e​ ​revisionistas. 
Em fevereiro de 1848, auxiliado por Engels, Marx fez publicar o “Manifesto Comunista”, ardente conclamação à união e à luta 
proletárias e inequívocas fonte irradiadora do futuro comunismo. Mas foi a partir do texto “A Questão Judaica”, quatro anos antes, 
(1844), que Marx passou a denunciar a concepção liberal-burguesa dos direitos humanos, expressa nas declarações americana (1776) e 
Francesa (1789), negando sua universalidade e identificando-se com os interesses da classe social dominante. O pensamento marxista 
se funda na sociedade ocidental de meados do século XIX, extremamente individualista, injusta e desigual, e que converteu o trabalho 
num instrumento de dominação. As contundentes investidas de Marx contra adeclaração francesa, de 1789, apontavam, aliás, para 
uma contrafação do ideal de direitos humanos comuns a todos. O detalhe, aí, é que o problema não era de fundo, e sim de forma. Os 
direitos humanos do homem, distintos dos direitos do cidadão, foram apresentados como direitos do homem egoísta, separado dos 
outros indivíduos e da comunidade, porque a burguesia do período da alta acumulação capitalista passara a subordinar a liberdade e a 
igualdade à propriedade. Também a Igreja Católica se mostrou sensível aos problemas sociais do século XIX, em que pese à reticência 
inicial e a leitura imitada daquela realidade. Assim, diante da gravidade da “questão social” (conflito entre capital x trabalho), ao 
mesmo tempo em que buscava se contrapor à doutrina marxista e amenizar os efeitos do capitalismo, o Papa Leão XIII denunciava 
com veemência os abusos e as injustiças praticados por “um pequeno grupo de ricos e opulentos” e, contrariando a posição 
liberal-capitalista de então, defendia a tese do dever do Estado de intervir no campo econômico-social, através de medidas em prol dos 
interesses da classe operária – incluindo o direito de organização sindical – e da proteção dos direitos de todos os cidadãos, 
especialmente​ ​“dos ​ ​fracos ​ ​e​ ​dos ​ ​indigentes”. 
É claro que o contexto de crise, desigualdade social e concentração da riqueza, tornara insuficientes as interpretações do liberalismo 
acerca dos direitos fundamentais, entendidos como inerentes à natureza humana, independentemente de sua condição social ou da sua 
classe de origem. Assim, os movimentos de base passaram a questionar o fosso que se alargara entre os postulados de igualdade e 
liberdade para todos e a trágica situação vivida pelos trabalhadores, reivindicando a real efetivação de tais direitos declarados; os 
sindicatos e os partidos operários foram levados a clamar por mudanças profundas e pela atuação do Estado no plano coletivo, 
mormente quanto às relações de trabalho. E algumas melhorias apareceram, pós-1870: direito de greve, regulamentação da jornada 
diária,​ ​seguros ​ ​contra​ ​acidentes ​ ​e​ ​contra​ ​invalidez,​ ​inquéritos ​ ​para​ ​responsabilização​ ​patronal. 
Nessa altura, o próprio capitalismo encontra-se em transformação. O espocar de revoluções nacionalistas (Itália, Alemanha, América 
Latina) foi contemporâneo com o surgimento das grandes empresas, dos “trustes” e dos “cartéis”; e o capitalismo em expansão superou 
as fronteiras regionais, fazendo renascer a corrida colonialista. Em conseqüência, o mundo desistiu, na antevéspera do novo século, a 
partilha da África e da Ásia, bem como a política de alianças entre as potências dessa quadra – era o “Imperialismo” europeu, à procura 
de​ ​novas ​ ​fontes ​ ​de​ ​matéria​ ​prima,​ ​outros ​ ​mercados ​ ​consumidores ​ ​e​ ​mais ​ ​bases ​ ​geopolíticas. 
Por força das pressões da sociedade, cada vez maiores no final do século XIX, acabou se dando a transição do modelo liberal clássico 
para o Estado Social, perceptivo pelo paulatino abandono da atitude abstencionista por uma posição intervencionista propiciadora de 
meios ​ ​de​ ​acesso​ ​aos ​ ​bens ​ ​sociais.​ ​A ​ ​questão​ ​do​ ​conteúdo​ ​dos ​ ​direitos ​ ​humanos,​ ​portanto,​ ​foi​ ​transferida​ ​ao​ ​século​ ​XX. 
Nas primeiras décadas do século XX, a Revolução Mexicana – de 1910 (com sua Constituição socialista), a Constituição de Weimar – 
na Alemanha de 1919 (ressaltando os direitos sociais), e a criação da Organização Internacional do Trabalho/OIT – também de 1919 
(parte XIII do Tratado de Versalhes), ampliavam na realidade sócio-política a dimensão dos direitos humanos, que deixaram de ser 
entendidos apenas como direitos individuais e passaram a abarcar – ainda que restritamente, em muitos lugares – os direitos coletivos 
de​ ​natureza​ ​social.​ ​Surgiu,​ ​então,​ ​a​ ​crença​ ​de​ ​que​ ​os ​ ​indivíduos ​ ​que​ ​não​ ​têm​ ​direitos ​ ​a​ ​conservar​ ​são​ ​os ​ ​que,​ ​mas ​ ​precisam​ ​do​ ​Estado. 
Finalmente, com o findar da II Guerra Mundial o problema dos direitos básicos da pessoa humana foi posto mais uma vez na ordem do 
dia. Com a Carta das Nações Unidas, assinada em 26 de junho de 1945, criou-se uma organização internacional (a ONU), voltada a 
permanente ação conjunta dos Estados na defesa da paz mundial, incluída aí a promoção dos direitos humanos e das liberdades 
públicas (art. 1). Com tais propósitos, ao menos em tese a noção dos Direitos Humanos deixou de ser um compromisso de cada país, 
individualmente, para passar ao “status” de princípio internacional a inspirar as ações dos membros – fundadores ou futuros – da 
organização. Mas como a experiência já havia deixado claro que não pode haver paz sem justiça social, decidiu-se por uma Resolução 
específica sobre tais direitos, vagamente referidos na Carta. Assim é que, na terceira sessão ordinária da Assembléia Geral da ONU, 
verificada em Paris, a 10 de dezembro de 1948, foi aprovada a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, seguramente o 
documento​ ​de​ ​maior​ ​ressonância​ ​no​ ​presente​ ​século​ ​nesse​ ​particular. 
A declaração, contendo 30 artigos, proclamou os direitos e liberdades fundamentais “como o ideal comum a ser atingido por todos”, e 
tratou de exaustivamente enumerá-los com a finalidade de permitir-lhes melhor proteção jurídica, partindo do postulado geral de que 
7 
“todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos (...) e devem agir em relação uns aos outros com espírito de 
fraternidade” (art. 1). É deveras significativo que a Assembléia Geral preliminarmente, tenha dado ênfase ao verbo proclamar, pois 
patenteia assim que não houve concessão ou mero reconhecimento de direitos, e com isso os remete à própria natureza humana, razão 
pela​ ​qual​ ​a​ ​ninguém​ ​(nem​ ​mesmo​ ​a​ ​ONU)​ ​cabe​ ​legitimidade​ ​para​ ​retirá-los ​ ​de​ ​qualquer​ ​indivíduo. 
Nesse ponto, a Declaração Universal avançou a concepção de direitos humanos, quer depreendendo-os também do relacionamento do 
homem com o meio social, quer enxergando-os muito além das relações entre os indivíduos e o Estado ou da mera preocupação com a 
conservação de direitos. Uma prova disso é o artigo 22 do texto, que faz ecoar categoricamente o direito de todo ser humano à 
segurança social e à realização “dos direitos econômicos, sociais e culturais indispensáveis à sua dignidade e ao livre desenvolvimento 
de sua personalidade”. Resumidamente, o exame dos artigos da Declaração revela três primaciais características: a certeza dos direitos 
(com a prévia e cristalina fixação de direitos e deveres), a segurança dos direitos (impondo normas para sua respeitabilidade) e a 
possibilidade​ ​dos ​ ​direitos ​ ​(exigindo​ ​os ​ ​meios ​ ​para​ ​todos ​ ​terem​ ​acesso​ ​ao​ ​gozo​ ​dos ​ ​direitos). 
A Declaração de 1948, ainda, se fez meritório não só por atualizar o rol dos direitos, em face das características da sociedade 
industrial, mas, sobretudo por preceituar como compromissos de todos – Estados e indivíduos, governantes e governados – a tarefa 
permanenteda construção de um mundo onde todos os homens possam usufruir uma vida digna, com pleno atendimento de suas 
necessidades ​ ​primárias,​ ​materiais ​ ​e​ ​espirituais. 
Entretanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos não possui, tecnicamente, qualquer valor de obrigatoriedade para os Estados. 
Ela não é um tratado, mas sim um conjunto de recomendações, conquanto na forma qualificada de “proclamação”. Conseqüentemente, 
o seu valor é meramente moral, indicando diretrizes a serem seguidas nesse assunto pelos Estados. Mesmo assim, deve-se frisar que os 
direitos ​ ​e​ ​liberdades ​ ​nela​ ​exaltados ​ ​já​ ​são​ ​princípios ​ ​gerais ​ ​de​ ​direito​ ​ou​ ​direito​ ​costumeiro. 
Tais ponderações remetem a uma dupla conclusão: a da ampliação do conceito de direitos humanos e da tibieza daquela Declaração no 
que concerne a sua eficácia, notadamente quanto aos direitos coletivos. Verifica-se, pois, que os problemas relativos à 
institucionalização​ ​dos ​ ​direitos ​ ​humanos ​ ​não​ ​se​ ​encontram​ ​no​ ​plano​ ​de​ ​sua​ ​realização​ ​concreta​ ​e​ ​no​ ​plano​ ​de​ ​sua​ ​exigibilidade. 
Essa preocupação, certamente, esteve presente no cerne dos debates travados na ONU após 1948, levando a uma paciente elaboração 
do “Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais” aprovado pela assembléia Geral, em 16 de dezembro de 1966, e 
que consagraram a Segunda geração dos direitos humanos, pertinentes ao princípio da igualdade. Ou seja, da fase de reclamar direitos 
ou de protegê-los frente ao Estado, que toda pessoa possui por sua qualidade como tal, passou-se a outra, de reivindicar os meios para 
que os direitos se tornem efetivos. E, via de conseqüência, entendeu-se um dever do Estado possibilitar amplamente os recursos 
devidos à satisfação dos direitos econômicos, sociais e culturais. Com o Pacto, aliás, esses direitos se projetaram acima do patamar de 
pretensões individuais e coletivas perante o Estado, cabendo a este o papel de agente promotor das garantias e direitos chamados 
sociais ​ ​(art.​ ​2). 
O referido Pacto Internacional, que os especialistas consideram se de “aplicação progressiva”, entrou em vigor em 1976. Dentre os 
direitos por ele consagrados, importa destacar: a) direito ao trabalho; b) direito a uma remuneração eqüitativa e que proporcione ao 
trabalhador e sua família “condições dignas de existência”; c) direito à previdência social; d) direito às condições de segurança e 
higiene no trabalho; e) direito à organização sindical (“fundar e se filiar a sindicatos”); f) direito de greve; g) direito à cultura e ao 
lazer; h) proteção e assistência à família; i) cuidados especiais à gestante e à infância; j) direito de toda pessoa a um nível de vida 
adequado para si e sua família, inclusive alimentação, vestuário e moradia adequados e uma melhora contínua das condições de 
existência; l) direito de toda pessoa estar protegida contra a fome; m) direito de toda pessoa ao “mais alto nível possível de saúde física 
e mental”; n) direito à educação, devendo o ensino primário (1º Grau, no nosso caso) ser obrigatório e gratuito, e o ensino secundário 
(II​ ​Grau)​ ​“generalizado​ ​e​ ​fazendo-se​ ​acessível​ ​a​ ​todos”. 
Já a dicotomia entre os direitos proclamados (na Declaração Universal e no Pacto de 1966) e a corriqueira realidade internacional, dá 
origem, nestas últimas décadas do século XX, a uma nova etapa no alargamento da noção de direitos humanos, como resultado direto 
da​ ​preocupante​ ​divisão​ ​do​ ​mundo​ ​entre​ ​países ​ ​ricos ​ ​e​ ​países ​ ​pobres. 
 
SÍNTES DA 2ª DIMENSÃO - Após a 1ª Guerra Mundial, o regime político liberal, caracterizado pela mínima intervenção 
estatal, entrou em crise. A sociedade passou a exigir um Estado mais atuante, clamando a substituição da Constituição, antes 
apenas garantista, por uma constituição dirigente, que estabelecessem normas instituidoras de programas governamentais. 
Surge​ ​o​ ​Estado​ ​do​ ​Bem​ ​Estar​ ​Social. 
Nesse contexto, surgiram os direitos fundamentais de segunda dimensão, denominados de direitos sociais, econômicos e 
culturais. Esses direitos impõe ao Estado uma atuação prestacional voltada para a satisfação das carências da coletividade. 
Através ​ ​deles,​ ​buscava-se​ ​tornar​ ​os ​ ​homens,​ ​já​ ​livres,​ ​iguais ​ ​no​ ​plano​ ​fenomênico. 
Neste contexto, depreende-se que os direitos de segunda geração ou segunda dimensão, seriam os Direitos da Igualdade, no 
qual estão à proteção do trabalho contra o desemprego, direito à educação contra o analfabetismo, direito à saúde, cultura, etc. 
Essa geração dominou o século XX, são os direitos sociais, culturais, econômicos e os direitos coletivos. São direitos objetivos, 
pois conduzem os indivíduos sem condições de ascender aos conteúdos dos direitos através de mecanismos e da intervenção do 
Estado. Pedem a igualdade material, através da intervenção positiva do Estado, para sua concretização. Vinculam-se às 
chamadas ​ ​“liberdades ​ ​positivas”,​ ​exigindo​ ​uma​ ​conduta​ ​positiva​ ​do​ ​Estado,​ ​pela​ ​busca​ ​do​ ​bem-estar​ ​social. 
São exemplos destes direitos: direito à saúde, ao trabalho, a assistência social, a educação, liberdade de sindicalização, direito 
de greve, direito a férias e ao repouso semanal remunerado, vale dizer que nesta dimensão visa à proteção de grupos de 
pessoas,​ ​tais ​ ​como​ ​trabalhadores ​ ​e​ ​aposentados. 
 
Terceira​ ​Geração​ ​-​ ​OS ​ ​DIREITOS ​ ​DOS ​ ​POVOS ​ ​OU ​ ​DA ​ ​SOLIDARIEDADE 
8 
O mundo convive, no século XXI, com o paradoxo da crescente internacionalização dos direitos humanos, cada vez mais entronizados 
no direito interno estatal, e a flagrante escalada de novas formas de imperialismo, de dominação e de violação contumaz desses 
próprios direitos. Do domínio das armas ao controle econômico, dos boicotes ostensivos aos subornos de todo tipo, da especulação das 
empresas transnacionais à cumplicidade de oligarquias locais, das regras unilaterais de mercado ao peso das dívidas externas, do 
mega-protecionismo aos impedimentos de uma tecnologia autóctone – tudo conduz a uma realidade profundamente desigual entre as 
coletividades organizadas do planeta. E o lado fraco no jogo de interesses desta era pós-industrial, inegavelmente, são os países 
subdesenvolvidos,​ ​de​ ​industrialização​ ​periférica​ ​e​ ​economia​ ​centrada​ ​na​ ​exportação​ ​de​ ​matérias-primas ​ ​(uns ​ ​mais,​ ​outros ​ ​menos). 
A bissegmentação mundial entre países ricos (hemisfério Norte) e países pobres (hemisfério Sul) e o desnível entre eles existente, 
como se sabe, é um fato histórico relativamente recente. Em todas as sociedades civilizadas do mundo, o nível básico de vida foi 
praticamente o mesmo, até o Renascimento (séculos XIV-XV). A revolução comercial (mercantilista) acabou cavando diferenças em 
favor dos países que se dedicaram ao comércio externo e ao colonialismo. Com a Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX), as 
sociedades industriais passaram a Ter, em relação às sociedades que permaneceram agrárias, vantagens cada vez mais aceleradas. E a 
nova Revolução Industrial, especialmentea sociedade terciária e informacional contemporânea, faz multiplicar essa vantagem, por um 
fator​ ​altíssimo,​ ​em​ ​benefício​ ​dos ​ ​membros ​ ​do​ ​restrito​ ​clube​ ​pós-industrializado. 
Ao mesmo tempo, ao longo desse processo, sobressai toda uma tradição de lutas políticas e econômicas de cada povo e cada país pelo 
seu livre desenvolvimento, e que progressivamente passaram a ter amparo jurídico internacional. Das batalhas anticolonialistas à 
guerra contra o poderio tecnológico-industrial, da resistência frente ao expansionismo personalista à oposição antiimperialista – em 
nenhum desses momentos têm faltado contribuições e sacrifícios, a título pessoal ou coletivo, em prol da liberdade, da paz e da justiça 
social​ ​no​ ​plano​ ​internacional. 
A saga societária para liquidar a opressão – qualquer que fosse sua forma ou pretexto – e pela afirmação soberana dos povos tomou 
vulto no século XIX, com o direito de “autodeterminação dos povos” ou “princípio das nacionalidades”. Mais precisamente a partir de 
1820, quando uma ordem de movimentos liberais irradiou-se pela Europa. Associados aos ideais de democracia, república ou 
monarquia constitucional, intensificaram-se os anseios e iniciativas de cunho nacionalista. E, ao contraditar-se o princípio do 
“legitimismo” – reacionária posição do Congresso de Viena (1815) para conservar o absolutismo -, formulou-se o “princípio das 
nacionalidades”: todo povo que se considerasse uma mesma nação (identidade ética-cultural) deveria constituir-se em Estado 
independente,​ ​livre​ ​do​ ​jugo​ ​estrangeiro;​ ​e,​ ​da​ ​mesma​ ​forma,​ ​as ​ ​diversas ​ ​parcelas ​ ​de​ ​uma​ ​nação​ ​deveriam​ ​fundir-se​ ​num​ ​só​ ​Estado. 
O direito de “autodeterminação dos povos”, pois, se forjou na crença da soberania popular, nascida nos embates ideológicos das 
revoluções burguesas, que vieram substituir o absolutismo feudal pelo Estado capitalista liberal. Segundo ela, todo poder emana do 
povo e, portanto, só ao povo cabe decidir sobre seu próprio destino, estribada em rico filão documental: Declaração de Virgínia – 1776 
(art. 2º), Declaração francesa de 1789 (art. III), Declaração francesa de 1793 (arts. XXIII a XXVI). Já na época das revoluções 
socialistas e dos movimentos de libertação nacional, que são marcas registradas do século XX, a idéia de soberania popular ganha uma 
dimensão incomparavelmente maior e mais concreta, sendo exemplos: as transformações e reformas sócio-econômicas que se efetuam, 
a socialização de boa parte da economia, o surgimento de uma economia nacional independente – atualmente, a preocupação central da 
maioria dos países do Sul; indubitáveis tentativas de construir, por caminhos diversificados, uma base material ampla, um patrimônio 
dinâmico e produtivo de toda a nação, capaz de elevar sensivelmente os padrões de existência, cultura, produtividade e participação de 
todos ​ ​os ​ ​setores ​ ​da​ ​população​ ​ou,​ ​pelo​ ​menos,​ ​de​ ​sua​ ​maior​ ​parte. 
Ao término da II Guerra Mundial, após a derrota dos Estados totalitários nazi-fascistas, 51 países reuniram-se em São Francisco (EUA) 
e firmaram a Carta fundadora das Nações Unidas, em 26 de junho de 1945. Por via dessa Carta, o princípio da “autodeterminação” se 
estabeleceu em definitivo no Direito Internacional, pois faz parte dos propósitos da ONU “desenvolver relações amistosas entre as 
nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de direito e de autodeterminação dos povos” (Artigo 1, alínea 2). Reconhecendo 
o princípio da “autodeterminação”, reafirmado em inúmeros documentos, o Direito Internacional rejeitou toda e qualquer idéia de 
estagnação de povos ou Estados e a defesa intransigente do “status quo” (situação vigente). Ademais, aceitou a tese de mobilidade 
histórica e progresso social, franqueando a possibilidade aos povos e países de, legitimamente, aspirar e galgar sempre mais elevados 
níveis de organização interna e desenvolvimento. Em outras palavras, cotejando tão somente o artigo 55, da Carta da ONU, e o art. 
XXVIII, da Declaração Universal dos Direitos Humanos, é válido concluir que: a) os direitos econômicos, sociais e culturais são 
direitos do cidadão e dever do Estado; b) o Estado, absorvendo em si os direitos individuais e coletivos, passa à agente prestador dos 
direitos humanos, ao tempo em que também ele se torna beneficiário da nova ordem internacional que se preconiza para a realização 
de tais direitos. Todavia, conquanto seja responsável pela consecução de medidas que materializem os direitos econômicos, sociais e 
culturais, o Estado tem o direito de auto determinar-se nos seus assuntos internos, sem qualquer ingerência externa. Ficam no ar as 
perguntas: todos os Estados dispõem dos recursos necessários para tornar efetivos os direitos de Segunda geração? Quantos Estados 
têm​ ​condições ​ ​de​ ​se​ ​autodeterminarem​ ​nas ​ ​relações ​ ​externas?​ ​Onde​ ​a​ ​nova​ ​ordem​ ​recomendada? 
Talvez seja oportuno descortinar a realidade mundial advinda depois da Última Grande Guerra: a) consolidação da hegemonia 
norte-americana no campo capitalista; b) constituição do sistema socialista internacional sob a liderança da URSS (cujo 
sistema-satélite recém-desintegrou-se); c) supressão do colonialismo; d) industrialização das periferias; e) formação e consolidação das 
corporações transnacionais (ou multinacionais); f) desenvolvimento da revolução científico-tecnológica baseada na contínua 
automação​ ​do​ ​processo​ ​produtivo. 
Junto com a valorização do ideal democrático, ocorreu a divisão do mundo em dois blocos de poder – Estados Unidos (Ocidental 
capitalista) x União Soviética (Comunismo). Com estes, teve início à “guerra fria”, com a instalação de bases militares 
norte-americanas na Europa Ocidental, a teoria do “perigo comunista” e a venda de armamentos. Os soviéticos, por sua vez, também 
construíram sua bomba atômica e cuidaram de assistir a seus aliados. E a humanidade passou a viver não mais sob a ameaça de 
conflitos ​ ​convencionais,​ ​de​ ​genocídios ​ ​e​ ​matanças ​ ​localizadas,​ ​mas ​ ​sob​ ​o​ ​signo​ ​da​ ​destruição​ ​total. 
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Por outro lado, as novas relações internacionais desse pós-guerra apresentou novos autores, com o processo de descolonização da Ásia 
e da África e as lutas contra o racismo e o “apartheid”, ensejando inclusive a oficialização do movimento dos países não-aliados (não 
participação em blocos militares), através da célebre Conferência de Bandung (Indonésia), em 1955. Aliás, essa Conferência ratificou o 
princípio da “autodeterminação, que desde a Carta da ONU (1945), vinha servindo de base legal para a histórica campanha que fez 
soçobrar quase por completo o colonialismo. Nesse ponto, impõe-se um parêntese: é impossível negar que a breve história política 
desses povos, vindos de conquistar a independência, demonstra suficientemente que a autodeterminação de cada qual foi, em grande 
parte, fictícia. Faltavam-lhes, por certo, os meios para satisfazer as mínimas demandas da população, num sério questionamento aos 
solenes ​ ​enunciados ​ ​de​ ​direitos.A par disso, o panorama mundial apresentou, nas duas últimas décadas, uma nova e complexa gama de situações, a influir na realidade 
e nos anseios do Terceiro Mundo. O risco da solução final, de um descomunal conflito nuclear “sem vencedores”, levou ao câmbio das 
regras da guerra fria pelas da coexistência pacífica. No bojo desse arranjo de conveniências – dos anos 70 para os 80 -, o conflito, a 
competição e a cooperação vieram operando no quadro de uma ampla confrontação industrial e tecnológica que, nos seus 
desdobramentos, mantiveram e ampliaram a repartição do mundo em dois segmentos de países: um desenvolvido (Norte) e outro 
subdesenvolvido (Sul). E mais,: a rápida modernização do planeta, o domínio da comunicação e da informação, o aumento da 
produtividade de uns poucos pela informatização (Japão, Estados Unidos e alguns países europeus), a relativa “Pax Americana” diante 
do colapso da URSS), a impraticabilidade de um desarmamento real e a formação de megamercados regionais, são alguns outros 
fatores ​ ​a​ ​comprovar​ ​o​ ​agravamento​ ​do​ ​desnível​ ​Norte-Sul​ ​na​ ​presente​ ​década. 
Essa rápida análise, por modesta que seja, revela uma nova etapa na evolução e no conceito de direitos Humanos. Assim, a terceira 
geração de direitos surge na paulatina conscientização, por parte das nações menos desenvolvidas, da necessidade de uma mudança de 
situação,​ ​com​ ​condição​ ​primordial​ ​ao​ ​alcance​ ​dos ​ ​meios ​ ​que​ ​permitam​ ​a​ ​plena​ ​vigência​ ​dos ​ ​direitos ​ ​humanos. 
A indissociabilidade dos direitos individuais e coletivos, bem como a consciência de que sua fruição por inteiro é proporcional ao 
esforço conjugado do Estado, do indivíduo, dos grupos sociais e das diferentes nações, levaram os países pobres a encetar movimentos 
e reivindicações comuns, inclusive valendo-se de eventuais relações multilaterais, como ocorreu com a proposta de “patrimônio 
comum da humanidade” quanto aos recursos dos fundos oceânicos, defendida pelo “Grupo dos 77” – número originário do bloco dos 
países ​ ​terceiro-mundistas,​ ​articulado​ ​dentro​ ​da​ ​ONU,​ ​nos ​ ​anos ​ ​70. 
Foi com esse espírito que, na Conferência de Argel, em 1976, um grupo de países do Sul proclamou a “Declaração dos Direitos dos 
Povos”. Nela propuseram a busca de “uma nova ordem política e econômica e internacional, em cujo contexto possa dar-se “o respeito 
efetivo dos direitos humanos”. E, no mesmo ano, a V Conferência de Cúpula dos Países Não-Aliados, em Sri Lanka (ex-Ceilão), 
definiu – com validade hodierna: “Só uma reestruturação total das relações econômicas internacionais, mediante o estabelecimento de 
uma​ ​nova​ ​ordem​ ​econômica​ ​internacional,​ ​permitirá​ ​aos ​ ​países ​ ​subdesenvolvidos ​ ​alcançar​ ​um​ ​nível​ ​aceitável​ ​de​ ​desenvolvimento”. 
Corroborando com tais assertivas, o “Simpósio de especialistas sobre o tema dos direitos de solidariedade e direitos dos povos”, 
convocado pela UNESCO, em San Marino (1984), concluiu que os direitos proclamados (através da ONU) são os direitos dos povos à 
sua existência, à livre disposição dos recursos naturais próprios, o direito ao patrimônio natural comum da humanidade, à 
autodeterminação, à paz e à segurança, à educação, à informação e à comunicação, a um meio ambiente são ecologicamente 
equilibrados. O corolário desses direitos todos vem a ser o direito ao desenvolvimento, “de cuja realização se deriva, com efeito, o 
respeito​ ​da​ ​maioria​ ​dos ​ ​demais ​ ​direitos ​ ​e​ ​liberdades ​ ​dos ​ ​povos”​ ​(art.​ ​38). 
O tema do “direito ao desenvolvimento” tem originado debates e levantado muitas expectativas na conjuntura contemporânea. 
Definido como um conjunto de princípios e regras no fundamento dos quais o homem, enquanto indivíduo ou membro do corpo social 
(Estado, nação, povo...) poderá obter, na medida do possível, a satisfação das necessidades econômicas, sociais e culturais 
indispensáveis a sua dignidade e ao livre desenvolvimento de sua personalidade. Quanto a esse direito, que os seus credores são os 
indivíduos, os povos e os Estados, enquanto os devedores se resumiriam na totalidade da comunidade internacional. A ONU, em 
algumas de suas resoluções, já incluiu o direito ao desenvolvimento nos direitos humanos. Por último, renomados estudiosos 
consideram-no,​ ​ao​ ​mesmo​ ​tempo,​ ​como​ ​um​ ​direito​ ​do​ ​Estado​ ​e​ ​um​ ​direito​ ​da​ ​pessoa​ ​humana. 
Para muitos, na sociedade internacional em que vivemos, caracterizada por uma verdadeira “revolução mundial” – composta de uma 
série de “revoluções contínuas” – criam corpo às exigências de novas medidas e mentalidades quanto à aplicação dos direitos humanos 
na perspectiva dos interesses coletivos. Dessa forma, a redefinição da ordem internacional, no interesse dos povos do Terceiro Mundo, 
aponta​ ​para​ ​os ​ ​seguintes ​ ​requisitos: 
Reconhecimento do direito a um desenvolvimento livre de ingerências externas, que não implique em qualquer forma de dominação, 
hegemonia​ ​ou​ ​atrelamento,​ ​com​ ​rigoroso​ ​respeito​ ​à​ ​integridade​ ​territorial​ ​desses ​ ​países ​ ​e​ ​inviolabilidade​ ​de​ ​suas ​ ​fronteiras; 
Reconhecimento de plena soberania dos países do Sul sobre os seus próprios recursos naturais e atividades econômicas essenciais, 
também​ ​assegurando-se-lhes,​ ​de​ ​fato,​ ​a​ ​completa​ ​igualdade​ ​nas ​ ​relações ​ ​econômicas ​ ​internacionais; 
Criação de mecanismos internacionais para firmar uma redistribuição justa das receitas procedentes do intercâmbio econômico em 
favor dos países subdesenvolvidos. Isso inclui o direito de controlar as atividades e lucros das multinacionais, uma política democrática 
de​ ​preços ​ ​das ​ ​matérias-primas,​ ​e,​ ​a​ ​ampliação​ ​da​ ​ajuda​ ​financeira​ ​e​ ​técnica​ ​aos ​ ​países ​ ​atrasados/dependentes; 
O ​ ​predomínio​ ​da​ ​cooperação​ ​e​ ​da​ ​multipolaridade​ ​entre​ ​nações,​ ​sujeitando-se​ ​o​ ​exercício​ ​da​ ​soberania​ ​ao​ ​princípio​ ​da​ ​“função​ ​social”; 
O ​ ​direito​ ​a​ ​um​ ​meio​ ​ambiente​ ​saudável​ ​e​ ​ecologicamente​ ​equilibrado,​ ​o​ ​que​ ​questiona​ ​os ​ ​modelos ​ ​desenvolvimentistas ​ ​adotados; 
O direito à utilização do “patrimônio comum da humanidade”, ou seja, o acesso compartido dos povos aos recursos do alto-mar, dos 
fundos ​ ​oceânicos,​ ​do​ ​espaço​ ​exterior​ ​e​ ​das ​ ​regiões ​ ​polares. 
Assim, tais direitos dos povos ou de solidariedade podem e devem servir às transformações imprescindíveis na conjuntura mundial, 
conforme vão se consolidando como instrumento de moralidade política internacional, favorecendo o desenvolvimento de relações 
justas,​ ​equânimes,​ ​pacíficas ​ ​e​ ​solidárias. 
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SÍNTESE DA 3ª DIMENSÃO - Os direitos fundamentais até então assegurados, tinham como destinatário o homem enquanto 
indivíduo. Já os direitos fundamentais de Terceira Dimensão tem como traço característico o fato de não mais estarem 
centrados ​ ​no​ ​homem​ ​individualmente​ ​considerado,​ ​mas ​ ​sim​ ​na​ ​coletividade.​ ​Surgem​ ​os ​ ​direitos ​ ​coletivos ​ ​e​ ​difusos. 
Neste contexto, depreende-se que a terceira geração ou terceira dimensão, que foram desenvolvidos no século XX, tendo como 
marco inicial, o fim da 2ªGuerra Mundial (criação da ONU – 1945) seriam os Direitos da Fraternidade entre os povos, no qual 
está o direito a um meio ambiente equilibrado, uma saudável qualidade de vida, progresso, paz universal, etc. Essa geração é 
dotada de um alto teor de humanismo e universalidade, pois não se destinavam somente à proteção dos interesses dos 
indivíduos, de um grupo ou de um momento. Refletiam sobre os temas referentes ao desenvolvimento, à paz, ao meio ambiente, 
à​ ​comunicação​ ​e​ ​ao​ ​patrimônio​ ​comum​ ​da​ ​humanidade. 
Como​ ​exemplo​ ​pode-se​ ​citar​ ​o​ ​direito​ ​a​ ​paz,​ ​ao​ ​meio​ ​ambiente​ ​e​ ​a​ ​conservação​ ​do​ ​patrimônio​ ​cultural. 
 
A ​ ​PROTEÇÃO​ ​INTERNACIONAL​ ​-​ ​DOS ​ ​DIREITOS ​ ​HUMANOS 
Os direitos humanos são cada vez menos matéria de jurisdição doméstica dos Estados Unidos, para cada vez mais interessar e obrigar a 
totalidade da vida internacional. A solidificação e a prática desses direitos, porém, se estribam em três premissas inconfundíveis: a sua 
entronização e respeito na ordem interna de cada país; a sua incorporação no direito internacional; e, a criação de instrumentos de 
controle​ ​que​ ​impunham​ ​a​ ​sua​ ​aplicação. 
Na verdade, o problema de fundo dos direitos humanos, hoje em dia, não é tanto o de declará-los ou de encontrar argumentos para 
justificá-los – que existem, e muitos -, mas sim o de protegê-los. Vale dizer, a sua realização se situa no terreno político, e não 
filosófico. 
O primeiro passo, taxativamente, foi à transposição desses valores basilares para as Cartas Políticas que se tornaram praxe com os 
movimentos revolucionários do século XVIII, fórmula com que se buscou conferir-lhes o máximo de eficácia. Assim, os direitos 
individuais (civis e políticos) e os direitos coletivos (econômico, social e cultural) foram, aos poucos, integrando os textos 
constitucionais ou a legislação positiva da maioria dos Estados. Contudo, a experiência tem demonstrado tanto no passado como no 
presente, que muito embora afirmadas e garantidas constitucionalmente, as liberdades públicas – assim nominadas a positivação, pelo 
poder estatal, das duas classes de direitos – não raramente se apresentam divorciadas da realidade do povo. Essa circunstância 
dicotômica, encontrada em muitos países – ontem ou hoje -, deve ser atribuída a um claro desvirtuamento da própria idéia de 
Constituição, ardilosamente perpetrada pela classe dirigente, mas que não invalida a contínua necessidade desse instrumento na 
efetivação dos postulados democráticos. Sobre esse tema (Constituição), sua importância e alguns desdobramentos, vejam-se o 
capítulo​ ​Constituição​ ​e​ ​Cidadania. 
Por outro lado, os desequilíbrios sociais impulsionados pela Revolução Industrial e os efeitos múltiplos das duas grandes guerras da 
primeira metade do século XX, sacudiram a consciência mundial e levaram – Estados, grupos sociais e indivíduos – a valorizar o tema 
dos direitos e garantias da pessoa humana, na evidência de que ninguém poderia Ter par ou desfrutar das liberdades enquanto 
perdurassem as estruturas sociais injustas. Portanto, a começar com a Carta das Nações Unidas (1945), a explicitação e a defesa dos 
direitos humanos ganharam relevo inusitado, cada vez mais merecendo a atenção e mesmo sendo objeto direto de inúmeras declarações 
e​ ​atos ​ ​jurídicos ​ ​internacionais ​ ​(bilaterais ​ ​ou​ ​multilaterais,​ ​celebrados ​ ​por​ ​Estados ​ ​ou​ ​Organizações). 
Ora, o prévio reconhecimento do ser humano como sujeito de direito das normas internacionais é a condição “sine Qua non” para se 
discorrer sobre a proteção dos direitos básicos na ordem internacional (da Segunda metade do século) – sem desacreditar o acervo 
contributivo existente, de maneira especial o gestado no período entre-guerra (1919-1938). Nesse particular, a maior parte dos 
doutrinadores contemporâneos defende a posição de que são sujeitos de Direito Internacional: os Estados, as organizações externas, o 
próprio homem; isto é, cada ente que possuir direitos e deveres perante o regramento jurídico internacional. Existem duas fortes razões 
para​ ​o​ ​homem​ ​ser​ ​considerado​ ​pessoal​ ​internacional: 
a)​ ​a​ ​própria​ ​dignidade​ ​humana,​ ​que​ ​leva​ ​a​ ​ordem​ ​jurídica​ ​internacional​ ​a​ ​lhe​ ​reconhecer​ ​direitos ​ ​fundamentais ​ ​e​ ​procurar​ ​protegê-los; 
b) a própria noção de direito, “obra do homem e para o homem”. De fato, com a democratização do Dir Int, não se pode mais negar a 
personalidade​ ​internacional​ ​do​ ​indivíduo; 
O homem é tão pessoa internacional quanto o Estado, apenas a sua capacidade jurídica e de agir é bem mais limitada. Inclusive, é 
expressivo o fato de já se notar inúmeros autores que pregam um Direito Internacional dos Direitos Humanos como uma 
especificidade, porque ele é posto em movimento pelo indivíduo, enquanto o Dir Int Geral o é pelo Estado. Assinale-se, igualmente, 
que a década de 80 foi caracterizada por um rico desenvolvimento dessa área jurídica, tanto na interpretação dos direitos fundamentais 
como​ ​na​ ​criação​ ​e​ ​florescimento​ ​de​ ​mecanismos ​ ​mais ​ ​eficazes ​ ​para​ ​sua​ ​proteção. 
A par disso, tornou-se necessária à instalação de instâncias ou mecanismos controladores da ação dos Estados, quer para fazê-los 
respeitar os direitos da população de seu território, quer para impedi-los a honrar os princípios do direito internacional. Esses 
organismos se classificam em universais e regionais, diferenciando-se de acordo com sua composição, seus objetivos e métodos de 
trabalhos ​ ​e,​ ​por​ ​derradeiro,​ ​sua​ ​competência. 
Nessa altura, a questão que se coloca para o Direito Internacional é que lhe faltam o poder coercitivo, por não se vislumbrar 
mundialmente um órgão de controle direto e fiscalizador, com aptidão de exigibilidade sobre as ações violadoras de um Estado. Os 
atos dos sistemas (universais/regionais) de proteção existentes têm apenas um caráter moral, de repreensão ao Estado infrator e de 
alerta à comunidade internacional, intentando fazer cessar a violação. Em outras palavras, o Direito Internacional, contrariamente ao 
Direito interno, não tem governo nem polícia, e seus tribunais de justiça não têm jurisdição obrigatória, ou seja, eles só julgam e 
decidem se entre as partes envolvidas houver um acordo nesse sentido, aceitando o julgamento e a executoriedade da sentença que for 
lavrada. 
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Ademais, acabam se chocando os mecanismos de controle com o velho conceito limitado de soberania nacional, que tem como 
corolário o princípio da “não-intervenção” em assuntos de responsabilidade interna de cada Estado. Essa concepção irrestrita de 
soberania impede as ações efetiva dos organismos estabelecidos na sociedade internacional para a defesa dos direitos gerais da 
humanidade. 
A dificuldade de punir os Estados transgressores, enquanto compreendidos os sistemas de proteção internacional como expressão 
exclusiva das conveniências estatais, tem levado não poucos experts” a denunciar uma diferença de tratamento nessa matéria motivada 
por uma compreensão bipartida dos direitos

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