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EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 8ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO
PROCESSO Nº ___________________
PATRÍCIA GOULART DE BRAGANÇA E JUNQUEIRA, já qualificada nos autos da ação penal em epígrafe, por intermédio de sua procuradora infra-assinada, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS
Em memoriais
Com fundamento no Art. 403, § 3º do Código de Processo Penal e conforme as razões de fato e de direito a seguir exibidas:
PRELIMINARMENTE
Consideração é digna de ser demonstrada acerca da violação do Art. 520 do CPP que assegura: 
Art. 520: “Antes de receber a queixa, o juiz disponibilizará às partes oportunidade para se reconciliarem, fazendo-as comparecer em juízo e ouvindo-as, separadamente, sem a assistência dos seus advogados, não se lavrando termo.” 
Destarte, verifica-se a nulidade do presente processo por ausência de realização da audiência de conciliação prevista no artigo 520 do CPP. Portanto, deve-se requerer a nulidade do processo, a partir da não realização da audiência de conciliação, ao receber a queixa-crime, por ofensa ao artigo 520 do CPP e em conformidade com o art. 564, III, e, do CPP.
Dessa forma, consta na Ata de audiência, que o pedido fosse cumprido o procedimento especial previsto nos Artigos 520 a 522 do CPP, antes de iniciada a audiência de instrução e julgamento, porém foi indeferido o pedido sob argumento de ser meramente protelatório.
Conforme artigo previsto no Código de Processo Penal, sem a qual a queixa crime nem mesmo pode ser recebida pode ser considerada protelatória?
O simples fato de não ter sido oferecida às partes a oportunidade de se conciliarem e pôr fim a litígio, evitando maiores contratempos, já caracteriza o prejuízo referido no Art. 563 do Código de processo penal que estabelece: 
Art. 563: “Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou para a defesa”.
 Enseja-se a anulação do processo a partir da não realização da audiência de conciliação
DOS FATOS
Patrícia, ora querelante, atualmente segue a carreira de blogueira e digital influencer, que através de seus perfis em redes sociais na internet, pode demonstrar e expor sua opinião para seu público, da qual possui milhares de seguidores.
Kamylla Proença de Albuquerque, ex-colega de faculdade de Patrícia, tinha o sonho de seguir a carreira de sua colega, porém, jamais conseguiu obter sucesso em suas redes sociais, tendo como seguidores apenas familiares e amigos próximos. Devido à sua indignação com o sucesso de sua ex-colega, Kamylla estava disposta a denegrir a imagem de Patrícia perante aos milhões de seguidores que a mesma possuía. 
Dessa forma, no dia 19 de janeiro de 2017, Kamylla em sua residência, também localizada na cidade de São Paulo/SP, em uma de suas redes sociais, através de seu computador pessoal, acessou o perfil pessoal de Patrícia, com a única intenção de ofender a ex-colega e inventou um fato que não ocorreu e publicou a seguinte mensagem: “URGENTE! Ontem à noite, ao solicitar uma selfie, sem qualquer motivo, de forma covarde fui agredida fisicamente com um tapa no rosto por Patrícia Goulart de Bragança e Junqueira, também conhecida como Patty, quando esta entrava na portaria do prédio em que mora. Me ajudem a divulgar. Tal fato não pode ficar impune”.
Tal postagem foi imediatamente disponibilizada para todos os milhares de seguidores de Patricia, rapidamente virando notícia e se espalhou tanto nas redes sociais, quanto por grupos de aplicativos de mensagens em todo país, sendo comentada por todos.
Patrícia se encontrava prestes a participar de um desfile de moda, estava conectada à rede social por meio de seu smartphone e teve conhecimento da publicação feita por Kamylla e acompanhou toda a repercussão. Patrícia ficou completamente abalada com o ocorrido, causando-a uma queda de pressão arterial e precisou ser amparada por Júlia Bauptista e Laura Guedes, modelos que também participariam do desfile. Em seguida, Patrícia desistiu de desfilar e foi para casa, onde precisou ser consolada por sua mãe. Sua decepção foi enorme com tudo o que ocorreu que cogitou a ideia deletar todas as suas redes sociais e abandonar a profissão. 
Por tamanho dano à sua honra, a querelante instaurou inquérito policial para maiores averiguações.
Diante do fato exposto, não há dúvida que a querelada, agiu com dolo em ofender a honra objetiva de Patrícia, ao imputar-lhe falsamente fato definido como crime, caracterizando-se Calúnia, crime previsto no Art. 138 do Código Penal.
DO DIREITO
DOS CRIMES CONTRA A HONRA
O Código Penal, sob o Título “Crimes contra a honra” cuida daqueles delitos que ofendem bens imateriais da pessoa humana, no caso sua honra pessoal. Tutela-se um bem imaterial, relativo à personalidade humana, no entanto o ser humano tem direito à vida, à integridade física e psíquica, como também tem o direito de não ser ultrajado em sua honra.
Tal proteção nos é garantida pela Constituição Federal em seu Art. 5º, X: 
Art. 5º, X: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”.
Ao definir honra, atesta Professor Mirabete: 
“No capítulo V, estão definidos os crimes que atentam contra a honra, ou seja, os que atingem a integridade ou incolumidade moral da pessoa humana. A honra pode ser conceituada como o conjunto de atributos morais, intelectuais e físicos referentes a uma pessoa ou, no dizer de Noronha, como o “complexo ou conjunto de predicados ou condições da pessoa que lhe conferem consideração social e estima própria.”
 HONRA OBJETIVA - CALÚNIA
 
A honra objetiva como preceitua Fernando Capez:
“Diz respeito à opinião de terceiros no tocante aos atributos físicos, intelectuais, morais de alguém. Quando falamos que alguém tem boa ou má reputação no seio social, estamos nos referindo à honra objetiva, que é aquela que se refere à conceituação do indivíduo perante a sociedade”.
No caso em tela, a querelada praticou o verbo caluniar, que significa imputar falsamente fato definido como crime. A mesma agiu com animus injuriandi vel diffamandi consistente no ânimo de denegrir, ofender a honra da minha cliente.
Assim, dispõe o artigo. 138 do Código Penal:
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Para a caracterização da calúnia, é necessária a existência simultânea de imputação de um fato à vítima; o fato imputado à vítima deve, obrigatoriamente, ser falso; o fato imputado à vítima, além de ser falso, deve ser definido como crime; o agente, mesmo ciente da falsidade, age com a vontade (dolo) de ofender a honra da vítima.
Sendo assim, vale citar os textos jurisprudenciais, que firma entendimento quanto ao assunto:
"Na calúnia, a culpabilidade compreende a vontade e a consciência de imputar a outrem, perante terceiro, fato definido como crime, sabendo ao agente que, assim agindo, pode atingir a reputação da vítima. Irrelevante à configuração do delito a existência de certeza de falsidade por parte do acusado. Basta ao reconhecimento do crime a ocorrência de dúvida na mente do réu, uma vez que apesar da incerteza, age assumindo o risco de criar condição pela qual a possível inverdade afirmada pode determinar lesão à honra alheia" (TACRIM - SP - AC - Rel. Mello Almada - JUTACRIM 33/276).
"Na calúnia o dolo do agente é sempre presumido,cabendo-lhe a prova da verdade para isentar-lhe a culpa. E para a configuração do delito basta a voluntariedade da imputação do fato ou a consciência do caráter calunioso do escrito. Ainda quando a agente suponha estar publicando um fato verdadeiro, sendo este falso, incorrerá em sanção." (Ac. Nº 7.225 - Campinas - Apelante: José Moraes Coelho - Apelada: Justiça Pública).
Analisando-se o caso em tela, não restam dúvidas de que a Querelada, por meio de postagem ofensiva e danosa enviada através de rede social, imputando à Querelante de ter cometido o crime de Lesão Corporal de natureza leve, tipificado no artigo 129 do Código Penal, além de abalar sua a honra e respeito, acusando-lhe de ter praticado atos que desabonaram sua própria imagem. Assim, evidentemente foi atribuído a querelante a prática do crime de Lesão corporal, Art. 129 do CP e de Injúria Real, previsto no Art. 140 § 2º do CP
FORMA MAJORADA
Entende-se que diante do fato da querelada ter exposto em uma rede social de fácil visualização e propagação da Calúnia, a mesma incorreu no Art. 141, III do Código Penal, que dispõe:
“Art. 141 – As penas cominadas neste Capitulo aumentam-se de 1/3 (um terço), se qualquer dos crimes é cometido:
III – na presença de várias, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria; ”
Nesse sentido, vale ressaltar que Kamylla, além de cometer crime contra a honra, previsto no artigo 138, caput, o fez por intermédio de rede social de grande abrangência, causando, assim, maior divulgação da mensagem entre todas as redes sociais, razão pela qual deve incidir na causa de aumento de pena descrita no artigo 141, inciso III, do Código Penal.
Assim sendo, a querelada cometeu o crime de calúnia tipificado no artigo 138 do Código Penal, incidindo, ainda, na causa de aumento prevista no artigo 141, inciso III, do mesmo código.
DAS PROVAS
As provas de materialidade e autoria da conduta praticada pela querelada, estão consubstanciadas em documentação anexa à inicial. (cópia da postagem realizada, cópia de sua página na rede social, e toda repercussão). Bem como em depoimentos das testemunhas de acusação.
DOS PEDIDOS
Por intermédio as razões de fato e de direito expostas, devidamente subsidiadas pela documentação que compõe os presentes autos processuais, vem o Querelante, à ilustre presença de Vossa Excelência, pleitear:
Seja recebida as alegações finais;
A condenação da Querelante pela prática do crime previsto no artigo 138 c/c artigo 141, III, ambos do Código Penal.
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 18 de julho de 2017.
____________________________
(Assinatura do advogado)
____________________________
(Nº da OAB)

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