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Filosofia do Direito Resumo.docx

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Filosofia do Direito
Profº Camilo Onoda Caldas
 
​Este ano, a matéria versará sobre a história da
filosofia. A história da filosofia do direito surge no
século XIX com Hegel, antes não existia. Ele passa
através de suas teorias afirmar que o próprio da
filosofia é a contradição, quebrando, destarte,
com o pensamento cartesiano, em que era
recorrente a ideia de que uma ideia ou é certa ou
errada, isto é, não era passível de questionamentos.
Assim sendo, existem várias visões a respeito do
direito e da filosofia, mas nenhuma é mais certa do
que a outra.
Filosofia etimologicamente é o amor à
sabedoria.
 
A história da filosofia tem uma divisão, qual
seja:
• História antiga
• Patrística
• Medieval
• Renascentista
• Moderna
• Iluminista
• Contemporânea
o Juspositivista (Eclético; Estrito; Ético)
o Não juspositivista (Não marxista;
Marxista)
 
Como já visto, a filosofia do direito surgiu a
partir das ideias de Hegel, no entanto, o direito já
era objeto da filosofia grega desde os primórdios.
Inclusive, um dos primeiros textos da filosofia que
ainda temos preservado trata a respeito da
justiça.
 
 
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PRÉ-SOCRÁTICOS – Tema: Physis
 
Destarte, essa classificação não é dada a
quem é anterior à Sócrates, e sim para quem tem
pensamentos sobre temas anteriores à Sócrates.
Para os pré-socráticos, o tema principal é a
physis, isto é, a natureza, a origem das coisas. Já
os pós-socráticos travam sobre temas ligados às
pessoas, isto é, a antropologia.
A diferença da filosofia para a mitologia é que
os filósofos utilizavam-se da razão para explicar as
coisas, isto é, havia uma sistematização e, por
consequência, uma ordenação de ideias, ao passo
que o pensamento mitológico levava em
consideração a confiança de quem passou a
informação, ou seja, os pensamentos eram oriundos
da tradição. Ademais, a mitologia era baseada na
cosmologia e teogonia, isto é, origem do mundo e
origem dos deuses respectivamente. Já a filosofia
também era baseada na tradição grega, mas de
forma sistematizada na razão, confrontando o
próprio pensamento cosmológico e teogônico.
Assim, no período pré-socrático a preocupação
maior era com a phisys, ou seja, descobrir a causa
dos fenômenos naturais, isto é, a origem das coisas.
Tales de Mileto tem a posição de primeiro
filósofo, e após ele, uma ampla gama de
pensadores se destaca. Embora Tales seja
considerado o primeiro filósofo da história, não há
conhecimento de nenhum registro escrito por ele,
havendo, somente, a doxografia, isto é, autores
falando o que supostamente Tales havia dito, o que
não as torna tão confiáveis.
​Anaximandro foi discípulo de Tales, e
enquanto a tradição da mitologia grega
considerava a cosmologia como tendo por base o
ar, a água, a terra ou o fogo, em Anaximandro tal
compreensão alcançava um novo patamar, isto é, a
physis se originava do ápeiron, algo infinito,
ilimitado, que, sem forma, dá origem a todas as
coisas. É de autoria de Anaximandro o fragmento
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mais antigo preservado da filosofia, que aduz: “De
onde as coisas tem seu nascimento, para lá também
devem afundar-se na perdição segundo a
necessidade, pois elas devem expiar e ser julgadas
pela sua injustiça, conforme a ordem do tempo”.
Esse texto fala da origem das coisas, que ao mesmo
tempo é o destino de todas elas. E esse movimento
de origem e fim em uma mesma coisa é
permanente, ou seja, tem um “devir”, um fluxo
contínuo. Vale ressaltar que ele diz que as coisas
serão julgadas pela sua injustiça, ou seja, tem um
juízo de todas as coisas.
Heráclito, também conhecido como o obscuro,
fundava no fogo a base da natureza, isto é, a
origem da physis. O universo só tinha por padrão
a mudança. O fogo procedia a uma constante
transformação de todas as coisas. Nada é
permanente, tudo se transforma. A única coisa que
é permanente é a mudança. No seu famoso
fragmento, “no mesmo rio entramos e não
entramos; somos e não somos”, “não se pode entrar
duas vezes no mesmo rio”, há a dimensão de devir,
isto é, do fluxo infinito do mundo. Essa noção de
devir para Heráclito, não é a de qualquer fluxo:
trata-se da luta dos contrários, e sendo assim, o
quente se torna frio e o frio quente, a criança se
torna velho e o dia anoitece. O mundo é
transformado constantemente, mas essa
transformação é a da coisa oposta. Assim, a tensão
entre os opostos é a causa de justiça no mundo e,
desta forma, os conflitos não podem acabar, porque
se não houver conflitos não haverá justiça.
Parmênides - A verdade aparece, para
Parmênides, como a razão, como aquilo que é, e
está ligada ao mundo sensorial, ou seja, àquilo que
se vê, e que, portanto muda. Logo de início, a
perspectiva de Parmênides é diferente da de
Heráclito. Para Parmênides, no entanto, o que é é
único, não se muda. A identificação do ser como
uno, pleno, não divisível, acarreta, no pensamento
de Parmênides, a noção de que a mudança, a
transformação e a oposição interna na própria coisa
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são opiniões desprovidas de realidade e razão.
Heráclito representa um pensamento oposto
daquele parmediano. A estabilidade do ser é sua
marca característica.
Para alguns autores, Parmênides funda a lógica,
porque em seu pensamento estão presente três
princípios da lógica, quais sejam, o princípio da
identidade (aquilo que é, é); princípio da
contradição (uma coisa não pode ser ou não ser ao
mesmo tempo); e o princípio do terceiro excluído
(uma coisa ou é, ou não é, não existe uma terceira
opção).
Quem irá resolver o problema entre Heráclito e
Parmênides é Platão, só que antes disso devemos
analisar Sócrates.
 
 
 
 
 
FILOSOFIA SOCRÁTICA – Tema: antropologia
(direito, política)
 
A filosofia trata de questões humana, e não mais
da origem das coisas. Nesta perspectiva, surgem
duas questões relevantes discutidas nesse período
filosófico sobre o ser humano, quais seja, a política
e o direito (que é visto como justo).
Sócrates nasceu em Atenas. Atenas vivia a época
que foi chamada de Século de Péricles. Os
atenienses haviam vencido a guerra contra os
persas, e a democracia ateniense na época,
proporcionou a eles a dianteira do pensamento
filosófico. Em decorrência da democracia, a
política se torna um dos grandes temas da
filosofia. Frisa-se que o regime democrático
ateniense excluía mulheres, escravos e etc.
Os problemas decorrentes da democracia
ateniense eram resolvidos por meio da política,
isto é, por meio da logos, da fala/razão. Assim, não
mais se utilizava da força para resolver conflitos, e
sim a política, o logos, a fala. É neste contexto de
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forte força política que Sócrates vive e desenvolve a
sua filosofia.
Neste contexto, surgem igualmente os sofistas,
que eram elementos essenciais para a democracia
ateniense, já que eles eram professores de
retórica e ensinavam como persuadir pessoas, e a
como ser um bom político. Os sofistas não eram
atenienses, e foram convidados por Péricles, sendo
os mais importantes sofistas o Górgias e
Protágoras. Os sofistas não se preocupam com a
verdade, mas sim como a convencer as pessoas por
meio da logos. Isso provocou em Sócrates uma
grande revolta, já que segundo ele, a filosofia
deveria se preocupar com a verdade. Assim,
sendo, para Sócrates, os sofistas não eram
considerados filósofos, pois prestavam um desfavor
para a filosofia.
Existeaté uma palavra muito conhecida e
inspirada nos sofistas, que é o “sofismo”, isto é, a
arte de fazer com que um raciocínio tenha
aparência de verdadeiro, sem que necessariamente
o seja.
Já para Sócrates a verdade não varia de sujeito
para sujeito de acordo com a logos, com os
argumentos, existindo, portanto, uma verdade
única, não relativa como faziam parecer os sofistas.
A filosofia de Sócrates tem como premissa a
verdade, onde a mesma não pode ser relativizada.
Sócrates para descobrir a verdade, partia
inicialmente de um exame do que ele e os demais
sabiam sobre a realidade concreta. Assim, é que
Sócrates fazia vários diálogos com as pessoas,
questionando-as para se buscar a verdade. A
partir dessas conversas, as pessoas notavam que
não sabiam de nada do que julgavam saber. Quando
as pessoas costumavam questionar Sócrates, ele
dizia que não sabia da resposta, reconhecendo-se
assim ignorante, o que já o fazia diferente dos
demais que achavam que sabia tudo. Por isso, ele
aduz que para se conhecer a verdade é necessário
“conhece-te a ti mesmo”. Destarte, diferente dos
sofistas que afirmavam que a verdade era uma
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convenção humana, Sócrates, por meio do diálogo,
buscava a verdade, e o que configura o seu
pensamento filosófico é justamente essa busca
pela verdade. É justamente no entorno da busca
pela verdade passível de ser definido
dialeticamente, que se situa sua reflexão sobre o
direito, pois os sofistas levantavam-se contra a
ideia de uma correspondência da lei com os
desígnios dos deuses. Sócrates recusa tanto uma
quanto a outra visão sobre o direito, isto é, o
direito não é um desígnio dos deuses, nem
meramente uma convenção humana. A busca de
Sócrates é a de extrair o conceito de justo por meio
da razão.
Por conta de seus pensamentos, Sócrates foi
condenado à morte por envenenamento, sob a
acusação de que ele não adorava corretamente aos
deuses e que também iria corromper os jovens com
a sua filosofia.
Os discípulos de Sócrates tentaram subornar as
autoridades para liberar Sócrates, mas ele não quis
fugir, dizendo que tinha um dever, que era o de
cumprir as leis da polis. No entanto, o pensamento
socrático não é, de modo algum, precursor do
juspositismo. Sócrates não se submete às leis por
reconhecer seu acerto. Tampouco considera a sua
sentença justa. A condenação de Sócrates, sendo
injusta, revelaria aos atenienses com clareza o
justo, por contraste. Para Sócrates, seu exemplo
serviria para demonstrar a injustiça, e por isso
preferiu morrer.
Distanciando-se dos sofistas, para quem a
verdade era um produto volátil, humano,
meramente convencionado como tal, e afastando-se
também dos que imaginavam o justo uma repetição
da tradição revelada pelos deuses, Sócrates situa a
virtude, a razão e a verdade como sendo critério do
justo. Destarte, apoiado na razão, Sócrates fez uma
filosofia do direito.
Destarte, existem duas formas de interpretar
a morte de Sócrates, quais sejam:
- Positivismo: tem que aceitar as leis da pólis,
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portanto, a sua condenação.
- A verdade não é forma de convenção entre as
pessoas e, portanto, a sua condenação era injusta,
e com o tempo isso seria provado.
Sendo assim, para Sócrates descobrir a
verdade, ele utilizava-se da maiêutica, que é o
processo por meio do qual se adquire conhecimento
através do diálogo. Em outras palavras, é o
processo que se utiliza do diálogo para conseguir
a verdade, e consequentemente, à filosofia.
 
 
 
PLATÃO
 
Platão é discípulo de Sócrates, e inspirado nele
é que escreveu muitos diálogos, uns com histórias
verdadeiras de Sócrates, e em outros colocando a
sua própria filosofia, utilizando-se, no entanto, de
Sócrates como ator.
Platão faz a distinção de gnoseologia e
epistemologia. Na gnoseologia basta o
conhecimento, já na epistemologia tem que existir
o conhecimento científico. Destarte, ele elabora
uma distinção entre conhecimento e conhecimento
científico, e a exemplo do que já dizia Parmênides,
é necessário distinguir a mera opinião “doxa” do
que vêm a ser conhecimento científico “episteme”.
Aduz Platão que a filosofia está preocupada com o
conhecimento científico, já que busca a verdade.
Platão em sua filosofia tenta encontrar uma
solução para o problema surgido entre Heráclito e
Parmênides, onde um afirmava a mudança como
elemento essencial do ser, e o outro a estabilidade,
imutabilidade. Vejamos a forma utilizada para isso
abaixo.
Platão diz que o mundo da natureza está sempre
em transformação, inclusive a política. Como será
possível então fazer ciência de algo que muda, que
é instável? Para resolver isso, ele faz uma distinção
entre o mundo sensível (mundo que está em
transformação), do mundo inteligível (mundo das
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ideias, daquilo que não muda). No mundo sensível a
mudança é visível por meio dos sentidos, assim é
possível ver a transformação. Já o mundo inteligível
não muda, o conhecimento é imutável, sendo,
portanto, possível conhece-lo por meio do
intelecto. Assim, o ser pode mudar, mas as ideias
não, pois o que é é, e o que não é, não é.
Destarte, é necessário um método para
conhecermos as ideias, um caminho.
Frisa-se que o mundo das ideias não é uma
criação do pensamento de cada pessoa, porque caso
contrário, não seria conhecimento científico. O
mundo das ideias tem uma existência autônoma em
relação ao indivíduo. Assim, as ideias estão sempre
presentes, e o ser humano deve encontrar um
caminho para alcança-las, e este caminho para
Platão é a dialética, isto é, uma técnica de
investigação que envolve a logos, o uso da
razão/fala confrontado com as várias opiniões, para
que a partir desse confronto de ideias, seja
possível identificar o que é a mera opinião e
distingui-la do que é o conhecimento.
É desta forma que são construídos os diálogos de
Platão, sempre envolvendo a interlocução entre
dois sujeitos, e por meio dessa interlocução se
separa a mera opinião do conhecimento. Esse
movimento de descartas as meras opiniões do que
é o conhecimento, ou seja, está oposição é que
torna possível a obtenção de conhecimento. Para
um sofista, se a sua ideia convence ela já é válida,
mesmo não sendo verdadeira. E é neste ponto que
se distingue o pensamento Platônico do pensamento
sofista.
Platão tentou descobrir uma forma de
construir uma boa polis, pois só com a boa polis
poderíamos encontrar um governo de alguém que
conhece a verdade. Para elaborar uma boa polis, é
necessário levar em conta a psique. Assim, a alma
pode ser dividida de 3 maneiras, que são os 3
princípios por meio do qual o ser humano se move:
- Apetitiva
- Irascível
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- Racional
 
A alma apetitiva se move para satisfação de seus
apetites ligados a produção das coisas e a
reprodução. A alma irascível se move a partir das
emoções do sujeito. A alma racional se move a
partir da razão. Assim, em síntese, esses são os três
princípios que estão presentes na mente humana.
A partir dessa análise feita no sujeito, verifica-
se qual parte da alma é predominante em cada
sujeito, para que se possa distribuir as atividades da
polis. Assim, aqueles que têm a alma
predominantemente apetitiva deve se ocupar na
polis com a reprodução e à economia. Já aqueles
que têm predominantemente a alma irascível
devem ser os militares da polis e cuidar da
segurança de todos. Já aqueles que têm aalma
predominantemente racional devem ser
responsáveis por governar a polis, e dentre todos
esses racionais, deve se pegar o que mais se
destaca e transformá-lo em rei. Desta análise,
pode-se perceber que Platão não gosta muito da
democracia, e sim da aristocracia, isto é, o governo
de poucos. Ressalte-se que para realizar essa
análise nos sujeitos, é necessário que haja
igualdade de oportunidade, e a polis é que deve
proporcionar isso, afastando, portanto, o
pensamento de sucessão hereditária nas atividades
da polis. Tal comunismo platônico é sua tentativa
radical de estruturar o justo a partir dos alicerces
concretos da sociedade, e não simplesmente no
nível das normas ou de vontades individuais. Outro
elemento importante para Platão é a “Paideia”, que
é o sistema de educação que visa constituir um
cidadão virtuoso e justo, pois sem eles, não seria
possível uma polis justa. Pela educação é que há
de se revelar o sábio, o filósofo, e portanto, é ele
que deverá se tornar legislador.
Frisa-se que essa aristocracia deve governar
visando o bem comum de todos, pois caso contrário
haveria a degeneração. Destarte, para que haja
bons governantes é necessário que no comando
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esteja quem conheça sobre a razão, sobre o justo.
Assim sendo, o justo, para Platão, não se
reduz à lei justa, mas sim se verifica na sociedade
justa. O homem justo não é simplesmente um
técnico das normas, mas economista, um político,
um homem de ação social.
Há um papel específico reservado às legislações
e ao legislador no todo do pensamento sobre o
direito e o justo em Platão. O descobrir do justo
há de configurar em boas legislações, e por isso,
Platão se põe a investigar aquele que pode
conhecer a ideia do justo e tornar-se legislador da
sociedade. Destarte, virtude e justiça é o que
compõe o direito dessa época e, portanto, se uma
norma não é justa, ela não é nem chamada de
direito.
No fim de sua vida, Platão ao ver a dificuldade
de implantar seus pensamentos na polis, ele
defende um “juspositivismo”, falando que os
cidadãos devem cumprir as leis da polis. Na fase de
sua velhice, no seu último livro, As leis, Platão
mitiga de algum modo suas posições.
Reconhecendo a dificuldade real de que, na
prática, o filósofo venha se tornar rei, e que haja,
além disso, uma sucessão de reis filósofos, e tendo
mesmo enfrentado perseguições graves por conta de
sua legislação revolucionaria e radical, Platão
propõe um certo resgate da experiência jurídica e
normativa. Platão concede à verificação dos
costumes das pólis uma potencial fonte de criação
de normas. Neste caso, os juízes hão de se tornar,
então, escravos das leis, já que elas podem
exprimir o justo.
Já que o seu pensamento idealizado não fora
concretizado, era necessário que alguém colocasse
os pés no chão agindo de forma rápida, e quem faz
isso é o seu discípulo Aristóteles.
 
 
ARISTÓTELES
 
Por um erro do bibliotecário, o seu livro foi
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chamado de metafísica, ou seja, o que vem depois
da física. Neste livro, Aristóteles fala de algo que é
comum a todos os seres vivos, logo, ele fala sobre o
ser, enquanto ser.
Aristóteles em alguns pontos discorda de seu
mestre Platão, e tem até uma frase conhecida:
“Sou mais amigo da verdade do que de Platão”. Ele
reformula a maneira platônica de pensar a teoria do
conhecimento, mas ainda dentro da ideia de que o
mundo da natureza está em transformação. Na
metafisica, ele apresenta uma teoria, chamada de 4
causas. Nesta teoria, Aristóteles diz que todo ser é
constituído por 4 causas, quais seja:
- Material: o que constituí as coisas.
- Formal: o que individualiza as coisas.
- Eficiente: o que provoca a mudança do ser.
- Final: a causa final, o objetivo, a finalidade do
ser.
 
Todo ser é constituído por uma matéria, mas
não é somente ela que determina o ser das coisas.
Por exemplo: mesa e cadeira, ambas constituídas
por madeira e ferro.
Além da matéria, as coisas têm uma forma
diferente, o que já as torna diferente de certo
modo. Ex.: mesa e cadeira compostas pelas mesmas
matérias, mas de formas diferentes. Neste aspecto,
é válido ressaltar que para Aristóteles o que difere
um ser do outro, ou é a matéria ou é a forma.
Existe também um princípio que transforma as
coisas, que é a causa eficiente. Essa causa eficiente
explica a mudança das coisas e o porquê isto
acontece. Algo sempre atua sobre a matéria,
transformando-a. E essa causa eficiente pode ser
uma ação humana ou uma ação da natureza.
Destarte, se o ser é o que é, não é somente porque
ele tem matéria e forma, mas sim porque existe
uma causa eficiente modificando-a.
Já a causa final diz respeito ao objetivo, a
finalidade do ser. Tudo aquilo que é tem um
objetivo, por exemplo, mesa tem por finalidade
apoiar objetos, e a cadeira foi feita para sentar. A
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finalidade, portanto, determina o ser das coisas.
Ex.: faca e enfeite. A finalidade dada a um objeto
determina o que ele é. Frisa-se que a finalidades do
ser não é definida só pelos seres humanos, mas a
natureza também define uma finalidade.
 
Conceito de Ato e Potência: por meio desses
conceitos, Aristóteles explica o que as coisas são
em um momento, e o que elas podem ser. Um ser é
naturalmente ato, mas tem uma potência de se
transformar em uma coisa diferente do que é. Ex.:
atualmente sou estudante, em potência sou um
juiz. Todo ser tem potencia a outros seres, e essa
potencia vem da causa eficiente, por exemplo: uma
criança tem potência a se transformar em adulto.
 
O homem tem uma inclinação natural a viver na
polis, porque todo homem é um animal político. Só
não vive na polis quem está acima ou abaixo do ser
humano.
Ocorre que nem toda organização política é
igual, porque o poder político está dividido de
formas diferentes de acordo com a sociedade. Em
alguns locais, apenas um governa (monarquia), em
outros apenas alguns governam (aristocracia),
ademais, existem ainda locais em que todos
governam (politéia ou democracia).
O problema é que essa organização nem sempre
é instável, porque a organização política pode se
alterar, ou ainda se degenerar. E qual é o critério
para dizer se houve degeneração? O bem comum!
Assim, quando a monarquia não governa pelo bem
comum, ela se degenera em tirania. Quando a
aristocracia não governa para o bem comum, ela se
degenera em oligarquia. E quando a politéia não
governa em nome do bem comum, ela se degenera
em demagogia. Destarte, toda vez que a
organização política perder a sua finalidade, que é
o bem comum, ela se degenerará. Assim, para
Aristóteles, não importa quem governe, desde que o
faça em nome do bem comum, o que difere do
pensamento contemporâneo republicano, que
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aponta que só haverá bem comum se todos
governarem, isto é, se houver democracia.
E o que é o bem comum? Qual a inspiração
comum a todos? A felicidade, pois somente ela é um
fim em si mesmo, todas as outras aspirações é
apenas um meio de atingi-la. A felicidade, portanto,
é a máxima aspiração para Aristóteles.
Como alcançar a felicidade? É necessário que os
cidadãos sejam virtuosos. Aristóteles fala em
virtudes:
- Intelectuais
- Morais
Dentro das virtudes intelectuais tem-se a
phronesis que é a prudência para se escolher aquilo
que é bem e, portanto, se afastar do que é ruim.
Mas o que é bom e ruim? Aí é que entra a virtudemoral para determinar o que é bom ou ruim.
Destas duas virtudes, é que surge a teoria do
meio-termo, onde se prega que o bem não está em
nenhum extremo, e sim no meio termo. Destarte, o
sujeito prudente, portanto, virtuoso, evita esses
extremos e persegue o equilíbrio do meio termo. O
bem está entre o excesso e a carestia (falta), a
virtude/coragem é evitar a ação excessiva e ao
mesmo tempo a ação temerária.
 
Aristóteles cria uma teoria a respeito da justiça,
e nela faz a distinção entre justiça universal e
particular. Justiça universal é uma virtude que
participa de todas as outras virtudes. Já a justiça
particular é considerada em si mesmo, e é dividida
em três:
- Distributiva: dar a cada um o que é seu, isto
é, respeitar a proporcionalidade. Ex.: dar um pão a
cada um da polis. Assim, quando a distribuição dos
bens da polis for de acordo com a necessidade de
cada um, haverá justiça.
- Corretiva: aqui os bens já foram distribuídos,
mas de forma errada, e por isso há injustiças.
Ocorre que a má distribuição aqui pode ter ocorrido
de forma voluntária (compra e venda, doação, e
etc.) ou involuntária (furto, roubo e etc.). Neste
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caso, faz-se necessário a justiça corretiva para
corrigir as injustiças que possam surgir.
- Reciprocidade: aqui a justiça está ligada à
equivalência entre as coisas. P. ex.: entregar um
ovo em troca de um boi é injusto. Assim, é
necessária a reciprocidade para estabelecer o
equilíbrio das coisas conforme a sua utilidade.
 
Equidade – é o elemento que possibilita a
flexibilização da realidade para buscar o mais justo.
 
Conclusão da filosofia aristotélica:
Quando aristoteles diz que para que possamos
pensar a justiça devemos identificar a natureza das
coisas, isso não significa que ele vai conceber um
conjunto de regras imóveis, fixas tanto no campo da
ética como no direito. Isso é um pensamento dos
modernos. No Aristoteles, aquilo que é o justo é
determinado conforme o estado de coisas que é
decorrência da natureza, e que não é algo fixa,
imutável. Na filosofia aristotélica não tem como
pré-fixar o que é ser corajoso, só saberemos se o
sujeito é corajoso conforme a realidade que se
apresentar. Não tem como falar de coragem. A
virtude se revela em cada caso concreto, ou seja,
não existe uma regra natural imutável. A
determinação do justo se dá conforme a realidade
se apresente. A equidade flexibiliza o rigor de toda
lei, de toda regra conforme cada caso concreto.
Aristóteles extrai essa ideia de equidade a partir de
uma . Oara dar uma justa medida da coisa, você
não pode usar uma régua justa, a justa medida]
É necessário uma prudência para observar a
realidade e dizer o que é o mais justo. Conclusão,
tem flexibilização para fixação do que é justo.
 
FILOSOFIA HELENISTA E PATRISTICA
 
A filosofia helenística se desenvolve depois da
perda da independência política de Atenas. Assim, a
política não será mais o tema da filosofia e sim a
ética. Do final da vida de Aristóteles em diante é o
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período da filosofia helenística.
Neste período, houve o desenvolvimento de
várias correntes filosóficas, que se transformaram
nas grandes escolas da antiguidade romana.
Trataremos das 3 principais:
- Ceticismo
- Epicurismo
- Estoicismo
 
Essas três escolas competem com uma outra
escola chamada Patrística. Assim, a filosofia
helenística e patrística irão coexistir.
Um ponto comum entre essas correntes é que
elas falarão sobre ética, embora não deixem de
falar também sobre direito e justiça.
Ceticismo é uma corrente filosófica que não
nega a existência da verdade, mas afirma existir
uma dificuldade ou impossibilidade de conhecê-la.
A consequência dessa corrente para o direito é que
se não tem como conhecer a verdade, também não
é possível conhecer o mais justo.
Epicurismo é uma corrente que, diferente dos
céticos, acredita ser possível descobrir o que é mais
justo por meio de uma convenção.
Estoicismo é uma corrente filosófica que
também aduz ser possível descobrir a verdade e o
mais justo, por meio de uma razão natural que
preestabelece o que seria mais justo. Um dos
pensadores do estoicismo é o Cicero, imperador de
Roma e defensor da República.
 
Essas correntes já possuíam um cunho religioso,
mas é a partir a filosofia patrística que se têm inicio
a uma filosofia cristã. A filosofia patrística vai surgir
ligada ao Cristianismo, já que ela é a filosofia dos
padres “pater”.
 
Santo Agostinho constrói um pensamento
filosófico dentro da filosofia patrística. Durante
este período há um embate entre a filosofia
patrística e a helenística. A filosofia patrística trata
de todos os temas que eram tratados
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anteriormente, só que sob a teologia cristã.
Durante esse período discutia-se também a
constituição do texto sagrado, então Santo
Agostinho além de ter que discutir com a filosofia
helenística, tinha que tomar por base o texto
sagrado. Assim, na filosofia patrística, havia uma
conciliação dos textos sagrados com a filosofia
antiga. Não se tratava, portanto, de uma oposição
entre fé e a razão, mas sim da utilização das
escrituras como meio para se buscar a razão. Santo
Agostinho afirmava que o texto bíblico, por si só,
não era a verdade, sendo necessário, portanto,
utilizá-lo como forma de alcançar a verdade, que é
interna por intermédio de Cristo. Assim, os textos
sagrados provocam a busca pela verdade.
A filosofia agostiniana é Platônica, por isso ele é
considerado um neoplatônico. Logo, a filosofia
agostiniana é uma releitura da filosofia platônica,
adaptada para o cristianismo.
Na filosofia agostiniana quem detém o poder é
Deus. Portanto, o pensamento desenvolvido por
meio da filosofia era o de submissão à autoridade
de Deus. Justiça, destarte, era respeitar essa
hierarquia natural instituída por Deus. Logo, era
esse o argumento utilizado para explicar o fato do
servi ter que continuar sendo servo para o resto da
vida, pois isso era estabelecido pela justiça divina.
“Deus é um ser, e o mau é um não ser. Assim,
Deus não é a origem do mau”.
 
 
 
 
 
 
 
FILOSOFIA MEDIEVAL E RENASCENTISTA
 
São Tomás de Aquino fazia sua filosofia baseada
em Aristóteles. Portanto, ele é um neo-aristotélico.
Na época de São Tomas, a igreja já era a maior e
principal instituição política unificada. A
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organização econômica da época era o feudalismo,
onde o poder era descentralizado para os feudos. A
igreja era, portanto a única instituição
centralizada, e a figura do Papa era a do maior
poder político existente à época. Não havia a
concorrência com a filosofia pagã como na época de
Santo Agostinho.
O pensamento religioso nessa época não é só o
católico na Europa, mas havia também o Judaísmo e
o Islamismo. Assim, a filosofia está inserida dentro
desses três pensamentos religiosos.
Todas essas religiões possuem um livro sagrado,
e nenhuma poderia impor a sua sagrada escritura à
outra religião. Portanto, a discussão filosófica da
época era saber sobre qual filósofo estava pautado
o livro sagrado. Os islamistas, por exemplo, diziam
que o seu livro sagrado estava de acordo com as
visões de Aristóteles. Portanto, as discussões entre
as religiões eram essas. São Tomás então adaptou o
cristianismo ao pensamento aristotélico.
São Tomás tem um livro chamado “suma
teológica”, onde existem centenasquestões do
campo religioso de forma organizada, ordenada do
início do mundo ao fim. É considerada uma grande
obra da filosofia cristã.
Na suma teológica, São Tomás utilizava o
método de disputa, onde primeiramente se
apresentava uma questão (por exemplo, Deus
existe?). Em seguida se apresentava os argumentos
contra aquela questão (por exemplo, Deus não
existe por x motivos). Em seguida eram
apresentados os argumentos a favor sobre a questão
(por exemplo, Deus existe por y motivos). Depois se
utilizava ainda um contra argumento à questão.
Frisa-se que todos esses argumentos deveriam ser
baseados em uma autoridade, e assim era que ele
construía a verdade. Logo:
Disputa:
- Questão
- Argumentos contra
- Argumentos a favor
- Contra argumento
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Na suma teológica, São Tomás apresenta dois
tratados:
- Tratado sobre a lei (conjunto de questões
sobre as leis).
- Tratado sobre a justiça.
 
Assim, como se pode ver, o Direito não está fora
do pensamento tomista.
No tratado sobre as leis, São Tomás apresenta
uma divisão entre as leis, qual seja:
- Lei eterna
- Lei divina
- Lei natural
- Lei humana
 
Existe uma lei que se confunde com Deus, que é
a lei eterna. Ela é a própria racionalidade divina, o
próprio Deus. Por isso, ela nunca é conhecida
inteiramente pelos humanos, dada a racionalidade
inferior dos homens. No entanto, isso não significa
que o ser humano não possa conhecer uma parte
dessa lei. E aí é que surgem as outras leis.
A lei divina é a lei eterna revelada aos homens
por Deus. Logo, integra a lei eterna. Ocorre que
uma revelação só é revelação quando a igreja diz
que é. Sendo assim, a igreja tem um poder
extraordinário, pois é ela que controla o que é a
verdade, o que é justo.
A lei natural é a que pode ser conhecida pela
razão humana.
A lei humana é aquele que é criada pela própria
humanidade, em conformidade com a lei natural.
Assim, como se pode perceber, São Tomás defende a
existência de um direito natural que pode ser
conhecido pelo homem por meio da razão. As
pessoas podem também criar leis, isto é, um direito
positivo. No entanto, essa lei criada deve ser
baseada na razão e, portanto, nas leis naturais. Essa
lei humana está voltada para o bem comum da
sociedade, ou seja, uma norma humana somente
será considerada direito quando está em
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conformidade com o bem comum. Assim, o direito
para São Tomás é o justo, o bem comum. Como se
pode perceber, a filosofia tomista concebe uma
filosofia da justiça com base em Aristóteles.
Tem-se em São Tomás de Aquino a ideia de que
um sujeito deve ser virtuoso para alcançar a
salvação. E ser virtuoso é seguir as leis.
 
Após um período a economia feudal começa a
entrar em decadência, e começa a surgir a
economia capitalista. As correntes protestantes que
surgem a seguir de Lutero e Calvino se opõem ao
pensamento tomista, e são mais ligadas ao
pensamento agostiniano.
Na Inglaterra, Henrique XIII queria se casar
novamente, por exemplo, e a igreja católica não
permitia. Daí ele rompeu com a figura do papa e
criou uma nova religião. Assim, na Inglaterra o
protestantismo desenvolve a ideia de que as
relações com Deus não precisavam mais ser
intermediadas, e sim diretas. Destarte, não era
necessário mais a figura do Papa e da igreja católica
para se relacionar com Deus, ocasionando uma
alteração na filosofia e na política.
 
Durante esse período é que surge,
concomitantemente, a filosofia renascentista, que
não está ligada à religião. Essa filosofia começa a se
confrontar com a filosofia medieval, mas ainda não
é uma ruptura severa à filosofia medieval, e a razão
disso é porque a igreja tinha o poder sobre tudo,
isto é, sobre a vida e morte das pessoas e,
portanto, matava quem ia contra o pensamento
religioso.
É na filosofia renascentista que se tem a figura
do Maquiavel (Sex XV a XVI). Maquiavel é uma forma
de pensar a política e a justiça sem ligação com a
igreja. Ele tenta resolver o problema de como se
ter o poder e mantê-lo, porque só com um poder
estável era possível se formar um Estado Nacional.
Para Maquiavel a pessoa tem que fazer de tudo para
se manter no poder, pois isso é ser virtuoso para
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ele. Consegue se manter no poder quem cumpre e
não cumpre suas promessas conforme as situações.
No entanto, duas grandes formas para se manter no
poder é não tocar no dinheiro e nem na liberdade
das pessoas, pois “as pessoas sofrem mais a perda
do dinheiro do que a morte de seus pais”.
A filosofia de Maquiavel é totalmente ligada ao
ser humano, e por isso é antropológica. Como já
dito anteriormente, Maquiavel quer criar Estados
Nacionais para ascender economicamente. Veremos
na filosofia moderna que, quando já estiverem
formados os Estados Nacionais, a preocupação da
filosofia não será mais em como se manter no
poder, e sim em como limitar o poder do
governante.
 
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Filosofia Moderna
 
HOBBES
- O referencial para a teoria do Estado e Direito é
baseada na filosofia moderna.
- Estado e direito são necessários para manter a
ordem, pois Hobbes nasce em um momento de
guerra civil na Inglaterra, onde as pessoas queriam
a paz.
- O Estado deve ser soberano, com poderes
absolutos, de forma que os sujeitos não tenham
poder nenhum.
- Frisa-se que soberania aqui tem dois sentidos,
quais seja, ser superior sobre território e povo, e o
sentido jurídico que significa que o Estado é quem
determina o direito.
- As pessoas também criam normas por meio do
contrato, mas não podem infringir normas
imperativas de ordem pública. Assim, em última
instância, ainda quem determina o direito é o
Estado.
- Método de Hobbes é baseado em Rene Descartes.
- Descartes quis reformular toda ciência. Assim,
criou um novo método que traria certeza para a
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ciência, pois a filosofia, por exemplo, era muito
imprecisa, onde sobre um mesmo assunto havia
várias discussões. Descares, portanto, disse que o
método utilizado pela filosofia era errado.
- São necessários argumentos certos, e não apenas
prováveis para se construir ciência. O improvável é
insuficiente para fazer ciência.
- Ciência tem que partir de uma verdade, de um
conhecimento intuitivo (indução). A intuição
(indução) difere-se da dedução, já que nesta é
necessário uma demonstração para chegar a uma
conclusão. Um conhecimento intuitivo é
reconhecido de imediato como verdadeiro.
- Não é possível ter intuição de coisas complexas e,
portanto, para fazer ciência é necessário partir de
algo simples para em seguida chegar ao complexo.
- Após partir do simples, é necessário ordenar as
coisas.
- Em seguida, deve-se fazer uma síntese.
- (PROCESSO P/ CIENCIA: Simples, ordenar, síntese).
- Matemática tem axioma, que é aquilo que não é
necessário demonstrar, por ser muito intuitivo. Ao
passo que aquilo que não é intuitivo é chamado de
teorema.
 
- Hobbes baseia-se nessa teoria de Descartes para
fazer ciência.
- Para construir uma teoria Política e do direito, o
ponto de partida mais simples é o indivíduo. Assim,
o ser humano tem características, e a partir dela é
que se desenvolve a teoria do Estado e direito.
- O elemento básico do ser humano é a vida. Assim,
o ser humano faz de tudo para se autopreservar.
- Individuo fazendo de tudo pela autopreservação
ocasiona conflitos.
- Eu não sei o que o outro pode fazer comigo, e vice
versa.Assim, isso gera uma guerra de todos contra
todos.
- O indivíduo tem duas faculdades, quais sejam, a
vontade e o entendimento. Assim, o individuo tem
vontade de ficar vivo e por isso tem o entendimento
que pode fazer de tudo para se manter vivo.
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- Mesmo o mais forte pode perder para o mais
fraco, se ele vier em grupo, p.ex. Assim, a força
individual é insuficiente para manter a ordem.
- Fazendo uso da vontade e do entendimento é que
o ser humano cria um pacto, uma sociedade civil,
onde todos transferem seus poderes ao soberano.
- Assim é que a filosofia explica a legitimidade e a
força coercitiva do Estado e do direito a partir do
individuo.
- O contrato só é valido se há vontade e
entendimento. Assim, é que os cidadãos devem
seguir as leis, porque ela é a minha própria vontade
e entendimento.
- O ser humano só tem uma liberdade, que é a de
fugir caso o soberano queira matar ele, pois se você
faz o pacto para se manter vivo, não faria mais
sentido permanecer pactuado nesse caso.
- No pensamento tradicional feudal, os indivíduos
não eram iguais. Hobbes parte nesta teoria dizendo
que os indivíduos são iguais. Logo, começa a
deslegitimar o pensamento da igreja.
- Essa teoria é boa tanto para a Monarquia quanto
para a Burguesia.
 
JOHN LOCKE
- Para Hobbes é necessário apenas um soberano, e
ele não está limitado pelo direito.
- Locke está associado à teoria liberal, isto é, a
liberdade.
- Liberdade positiva (só é livre quem participa da
política), e liberdade negativa (você pode fazer
tudo, ao menos que seja proibido).
- Essa liberdade em Locke é pensada sob o aspecto
econômico, isto é, sou livre para fazer o contrato
que eu quiser. Já para John Milton, a liberdade era
ausência de dominação e, por isso, não fazia
sentido discutir liberdade no escravagismo, já que
não havia liberdade. Assim, em John Milton é
necessário criar um arranjo político que impeça a
dominação de um sobre o outro, precisando,
portanto, que o próprio Estado obedeça leis para
evitar o seu domínio sobre os demais.
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- Todos exercendo a liberdade pode gerar conflitos.
É necessário o Estado para impor limites. Mas como
instituir limites para o próprio Estado?
- John Locke defende a existência de um direito
natural, e para conhece-lo os sujeitos utilizam-se
da razão.
- O estado de natureza não é de guerra, e sim de
paz, pois todos já conhecem a existência de um
direito natural, devendo, portanto, respeitar a
liberdade e a propriedade do outro.
- O problema do estado de natureza é que ele não
tem garantia de que será obedecido por todos, e
por isso pode existir conflitos. Ninguém é um bom
juiz de si mesmo, portanto, é necessário um
terceiro imparcial (Estado) para julgar com base no
direito.
- O que leva a criação do Estado é um pacto que
preserve o direito natural, que garanta a segurança
à lei, aos contratos e para manter a ordem.
- A autoridade do soberano tem um limite, que são
os direitos naturais. Destarte, se houver violação
aos direitos naturais, o individuo poderá resistir ao
Estado.
- O que legitima o direito positivo também é a
conformidade com o direito natural.
- O direito natural que deve ser preservado é a
propriedade privada, vista aqui não só como coisas
materiais, mas no sentido de propriedade de si
mesmo, como a vida, e etc.
- O que garante/legitima a propriedade? O trabalho
humano.
- Locke cria uma teoria da desigualdade, e ele diz
que a fonte da desigualdade é o dinheiro, pois ele é
possível ser acumulado. Já quando era apenas o
trabalho que legitimava a propriedade, as pessoas
não acumulavam para não estragar.
- Assim, o limite do soberano é o direito natural, e
esse direito natural é o de propriedade.
- Todos têm direitos naturais, basta nascer
individuo. Assim, o objetivo do Estado é garantir a
liberdade e propriedade do individuo em relação a
todos os sujeitos.
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ILUMINISMO
ROUSSEAU
- Nasceu na Suíça, mas morou durante muito tempo
na França.
- Foi um grande ícone da Revolução Francesa, e por
isso foi enterrado ao lado de Voltaire.
- Voltaire tem um livro “Deus e os homens”, no qual
critica a religião, alegando ela ser um atraso para a
ciência e para a razão.
- Os iluministas tinham como adversários tanto a
Nobreza (autoridades reais), como o Clero da
Igreja.
- A religião não estava dando conta de explicar
muitas coisas, nem sequer os fenômenos naturais e,
por isso, o iluminismo tinha o intuito de reformar a
razão e os dogmas, bem como racionalizar tudo,
seja sistema métrico, calendário e etc. Assim, o
iluminismo visa fazer racionalização em todos os
campos.
- Rousseau dentro do Iluminismo cria uma teoria
contratualista.
- O estado de natureza era de pura paz e harmonia,
onde as pessoas viviam isoladas. Às vezes tinham
um ponto de convivência para se reproduzir, mas
disso nunca surgiam conflitos.
- A desigualdade não está de acordo com o direito
natural previsto no estado de natureza.
- Não há conflitos no estado de natureza porque os
bens são de todos, sendo a origem da desigualdade
a propriedade privada.
- Entende-se por propriedade privada a apropriação
daquilo que a natureza concedia para todos. A
desigualdade surge quando um fala que determina
coisa é sua, e a outra acredita.
- A partir da propriedade privada, passou-se a
existir relações de trabalho, entre donos de terra e
os ingênuos. Assim, consequentemente passa a
existir conflitos.
- Para voltar a ter paz e harmonia é necessário criar
o contrato social. É necessário um soberano para
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regular a relação entre as pessoas egoístas, que só
pensam na propriedade privada.
- É necessário o Estado criar um processo
pedagógico e promover uma boa educação de forma
que as pessoas comecem a pensar no todo e não
somente nele mesmo, isto é, na propriedade
privada.
- Ele defende a liberdade como um direito de todos.
- Ele defende a legalidade, pois é ela que limitará o
governo arbitrário e impedir a desigualdade e falta
de liberdade.
- É necessário um governo de leis e não um governo
de homens, assim, é preciso um Estado de direito.
O sujeito é só um servo da lei, e é a norma que
confere o poder ao sujeito.
- O interesse geral deve ser garantido o tempo todo.
O Estado pode até ir contra o interesse de um
particular em específico, desde que para garantir a
vontade geral.
- Se o governante não agir em prol da vontade
geral, ele perde a condição de governante.
- Rousseau é um crítico da propriedade privada, e
não é considerado tão liberal justamente pelo fato
desses serem a favor da propriedade privada.
- Por outro lado, a lei para Rousseau é ruim pelo
fato de proteger a propriedade privada, mantendo,
portanto, a desigualdade. Assim, as leis são boas
por um lado e ruins por outro.
- Só a educação pode mudar esse cenário.
 
BENTHAM
- É um filosofo do iluminismo, nascido em meados
do Século XVIII e morreu no inicio do século XIX.
- Cria o utilitarismo que é outra forma de se
enxergar o direito.
- Repele o direito natural.
- O direito só deve estabelecer como norma aquilo
que é útil, sob a perspectiva coletiva.
- O pensamento de Bentham é empirista, pois é
necessário observar o efeito concreto que uma
norma provoca na sociedade para estabelecer se ela
é justa ou não.
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- Pensamento empirista foi muito criticado.
- Surge o Panoptismo, criado por Bentham para
maximizar os resultados, com o menor custo
possível.
- O panoptismo é uma doutrina de vigilância,
baseada na possibilidade do sujeito ser vigiado o
tempo todo, minimizando os custos e maximizando
os resultados.
 
 
 
Kant
Tem uma obra chamada crítica da razão pura, e tem
outro livro chamado crítica da razão prática.
O Kant nasceu em uma cidade que atualmente
reside na Alemanha, e por isso é considerado
alemão. Ele passou a vida inteira isolado de
badalações, sempre deu aula no mesmo lugar, tinha
uma vida muito regrada. Ele tinha uma vida tão
regrada, que dizia que a pessoa tinha que dedicar o
máximo de tempo em prol da ciência e da razão, e
por isso tinha que desprezar atividades que
gastavam energias à toa, que é o sexo. Kant morreu
virgem.
Kant desenvolve uma filosofia sobre o
conhecimento, uma teoria, que vai revolucionar
tudo o que existia anteriormente, e alguns chamam
isso de revolução copernicana. Pra fazer essa
revolução, Kant divide os tipos de juízos que
existem. Ele diz que existem juízo analítico e
sintético. E o juízo sintético pode ser a posteriori
ou a priori. Isso está na critica da razão pura.
O Kant revoluciona de uma maneira ainda mais
radical a teoria do conhecimento. Depois dele a
filosofia nunca mais foi a mesma. Ele é, sem
dúvidas, o pensador mais importante do iluminismo.
O que é essa revolução copernicana? Ele diz que há
um problema fundamental na filosofia, que nem o
Descartes venceu. A preocupação dos antigos era do
conhecimento objetivo das coisas, do conhecimento
do que é justiça, do que é natureza em si mesma, e
etc.
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O Kant diz que esse é o problema da filosofia, pois
ela insiste na possibilidade do conhecimento em si,
e isso é impossível. Com Kant há a morte da
metafisica, portanto. E também há uma morte da
teologia que era pensada até então, pois para Kant
o conhecimento em si das coisas é impossível, o ser
das coisas jamais pode ser conhecido. E
consequentemente, o conhecimento de Deus é
impossível, o máximo que você pode ter é fé,
porque a razão jamais vai explicar isso. Frisa-se que
ele era religioso.
O Kant, portanto, opera uma transformação
profunda na teoria do conhecimento de modo que
se antes o objeto estava no centro da teoria do
conhecimento e orbitava sobre ele o sujeito, ele
inverte tudo isso. Ele diz que no centro da teoria do
conhecimento está o sujeito, os objetos giram em
volta dele. Há essa alteração, de tal modo que o
conhecimento em si das coisas é impossível, não
existe nenhuma possibilidade disso. O máximo que é
possível é um conhecimento subjetivo das coisas.
Ou seja, você pode conhecer uma coisa tal qual ela
se apresenta pra você, mas esse não é o
conhecimento em si das coisas, mas sim como ela se
apresenta para você. Você não consegue conhecer a
essência das coisas, o máximo que você pode
conhecer o mundo, é como o mundo se apresenta
pra você, mas isso é uma visão particular, não é
objetivo. Portanto, a filosofia não está descrevendo
as coisas objetivamente, e sim apenas como o
sujeito do conhecimento enxerga.
Essa proposição de Kant tem um problema, qual é?
Se eu tenho uma compreensão do mundo que é
particularmente subjetiva, como posso dialogar com
outras pessoas se essa experiência é particular? Nós
temos um conhecimento de como é feito essa
porta, daí segundo Kant a gente não sabe, mas sim
pensamos como a enxergamos e explicamos o
objetivo, mas isso não revela as coisas em si
mesmo. Como posso comunicar com as pessoas se
não existe um ponto comum? Se a experiência fosse
totalmente subjetivo e o conhecimento também,
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como será possível um ponto comum do
conhecimento de todos? Kant tem uma resposta pra
isso.
Para descartes todo conhecimento já estava inato
no sujeito, já para Kant, ele diz que o que existe
em comum para todos é uma estrutura da razão.
Isso é comum pra todos. Só que essa estrutura da
razão é vazia de conteúdo, e essa estrutura é
preenchida a partir da experiência. A experiência
preenche essa estrutura da razão que todos têm.
Tem duas categorias fundamentais para Kant,
tempo e espaço. Todo mundo tem essa estrutura
inata da razão. Agora, a experiência que cada um
de tempo e espaço é variável, portanto, o que é
invariável é a estrutura. O que é variável é a
experiência.
A ideia de espaço é inata, você já tem a ideia de
tempo e espaço, agora quantas portas tem essa sala
é determinada pela experiência. Mas a ideia de
quantidade não é criada pela experiência. É por isso
que você consegue dialogar sobre tempo e espaço.
Dá briga porque na hora da experiência, essa
experiência de cada um pode ser diferente, e pode
ter conhecimento não confiável, mas a ideia de
quantidade varia? O conceito de quantidade varia?
Não. O conceito de quantidade não depende de
experiência, de qualidade, de causalidade não
varia.
O que você pode conhecer com certeza absoluta são
essas categorias de conhecimento porque não
dependem de experiência. Já o que depende de
experiência pode gerar controvérsia.
A razão se desenvolve dada certas condições, e é
isso que ele quer examinar na crítica, que é a
verificação da possibilidade de você ter um
conhecimento racional. Qual é a possibilidade da
razão pura e razão prática? (veremos próxima aula)
Eu tenho juízos que ele classifica como analíticos,
que não permitem o conhecimento. Por exemplo,
triangulo que tem três lados. Mas dizer que o
triangulo tem três lados não é apenas reproduzir
aquilo que estava contido na ideia de triangulo? O
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juízo analítico não acrescenta em nada o nosso
conhecimento.
O juízo sintético é aquele que acrescenta. Por meio
da experiência (a posteriori), quanto mede uma
sala? Eu vou e meço. A experiência não é 100%
confiável. Não é porque você viu uma coisa 10
vezes, que irá acontecer 11.
Todo conhecimento a posteriori tem uma
precariedade, pois só vai haver o conhecimento
perfeito se ele não depender de nenhuma
experiência, isso é um juízo sintético a priori, que
acrescenta conhecimento, mas não depende da
experiência. Onde isso será possível, qual o campo
do conhecimento que vai existir isso? No direito! Por
quê? Veremos na próxima aula.
 
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CONTINUAÇÃO
Kant – Filósofos da Modernidade – Aristóteles e
Platão
 
É o pensador que estabelece os principais
fundamentos do pensamento jurídico
contemporâneo. O modo como os juristas do século
XIX e XX refletem o pensamento Kantiano. Ao
contrário dos filósofos que não têm tanto destaque,
Kant tem muito destaque. Kant é lembrado como
um sujeito defensor do direito internacional, de
uma relação pacífico entre os Estados. Pensava o
direito de uma forma internacional, de forma que o
cidadão fosse cidadão do mundo e etc. Ele tinha
essa ideia de cidadania universal.
O Kant escreve a crítica da razão pura, na qual ele
identifica as possibilidades do conhecimento. E
neste caso, ele quer verificar a possibilidade de
conhecimento no campo da natureza, no campo
natural. Diferente será a crítica da razão pratica
onde ele examina não a natureza, mas a sociedade,
a questão social e por consequência, a questão do
individuo.
A crítica da razão pura ele observa o campo da
natureza, onde existem leis naturais, existe uma
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necessidade, ou seja, existem certas leis que
ordenamo mundo da natureza. A impossibilidade de
conhecer a natureza em si das coisas, dessas leis
naturais. No entanto, Kant diz que no campo
individual, no campo da ação humana e das
relações sociais há uma diferença fundamental. Ou
seja, na crítica da razão pratica o que Kant examina
é que existe uma diferença quando você estar
procurando conhecer um individuo. Individuo são os
seres humanos. O que distingue o humano do que
não é humano, isto é, das demais coisas? O
entendimento como já dizia Descartes, e a vontade.
Isso não existe no campo da natureza, pois lá não
tem conhecimento do mundo e muito menos
liberdade de agir.
Já os seres humanos, no campo humano, o
elemento da liberdade e da vontade é o que
distingue. Kant nota que no campo das coisas
naturais, não existe liberdade. A pedra não decide
se ela caí ou não, por exemplo, pois existem leis
necessárias. Portanto, se você fala em lei no campo
humano existe uma diferença fundamental, pois no
campo humano se existe uma determinada lei, ela
pode não ser cumprida. No campo da natureza
existe causa e efeito entre as coisas, assim, as
coisas são, mundo ôntico, já no campo do direito
não é causa e efeito e sim um mundo deôntico, um
dever ser.
No campo do direito tem esse elemento da vontade,
o dever, portanto, só existe na razão prática, pois
não existe no campo das ciências naturais a
liberdade, por meio da vontade. Dever só existe no
campo do direito e não no campo da natureza.
A moralidade é simplesmente o cumprimento do
dever? Não! O cumprimento de um dever moral, não
se mede por nenhum elemento externo que não
simplesmente o dever e o querer. A pessoa fala: eu
não vou dar dinheiro para o pessoal do Nepal
porque meu dinheiro não chegará! Kant diz que
todos esses juízos que envolvem circunstancias,
análises e etc., não cabe um juízo moral. O juízo da
moralidade não é um juízo empírico. Para você
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construir um pensamento que seja racional, para
encontrar aquilo que é o racional não é
empiricamente, e sim por meio de um juízo a
priori. No caso do direito e da moralidade, você
consegue ver um juízo sintético a priori, você
consegue um acréscimo de conhecimento sem
nenhuma analisa empírica. Ficou reservado o campo
da moralidade e do direito um campo especial,
onde você consegue fazer uma teoria sobre o justo
e a ética sem depender da experiência.
Kant abomina o utilitarismo, porque se você fizer
um juízo circunstancial você nunca conseguirá
encontrar uma certeza racional acerca da moral e
do direito. O que é moral é aquilo que está
conforme o dever, que está conforme a liberdade
intrínseca do sujeito. Isso sim é que é ação moral.
Para o Kant esse aspecto subjetivo do querer é que
caracteriza a ação moral, não bastando que o
sujeito aja.
 
Diferença entre direito e moral: quais são os
critérios utilizados? A moral é interna, já o direito é
externo. Frisa-se que a moralidade não é algo
subjetivo para Kant no sentido de que cada um tem
um padrão moral. A moralidade tem uma
objetividade para Kant. No caso de Kant, a
diferença entre ambos é que o agir moral só existe
quando o sujeito quer praticar uma determinada
conduta, ou seja, internamente ele deseja praticar
aquilo, ao passo que no caso do direito, são os
aspectos externos. Na moral há uma conformidade
do sujeito com o querer fazer aquela ação. Agir por
outro motivo, por outra finalidade que não o
próprio querer descaracteriza a ação moral. O
cumprimento do dever moral deve ser o querer e
dever. Se houver qualquer elemento externo, por
exemplo, eu doei o dinheiro porque isso, ou aquilo.
Nada pode condicionar o querer ou dever do
sujeito. A filosofia do direito é o oposto da filosofia
utilitarista ou a aristotélica, porque para se dizer o
que é moral basta o dever e o querer.
Kant vai dizer que o dever moral se cumpre
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simplesmente por ser um dever. E você deve ter
uma aliança desse dever com a liberdade intrínseca
do sujeito. Por isso, só dá pra falar em moralidade
no campo humano, pois não faz sentido falar em
moralidade no campo da natureza, já que não
existe possibilidade de descumprimento, ao passo
que no campo humano é possível o sujeito não
querer.
 
Mas o que é devido? Tudo o que eu quiser? Não, para
Kant a moralidade tem uma objetividade, existe um
dever moral que todos devem respeitar. Saia da
ideia de que a moralidade cada um tem a sua. O
que é moral é racional, e a razão ela tem essa
objetividade. No campo da moralidade pode-se
conhecer o racional em si, as coisas em si mesmo,
posso conhecer a moral em si mesma. Só na
natureza que é possível conhecer apenas o
fenômeno, mas não as coisas em si. No dever moral
é possível conhecer ele em si. A razão tem um
caráter universal.
Para Kant, para você encontrar o que é dever moral
subjetivo, você não encontra isso com um juízo da
realidade. Você tem apenas de um raciocínio
abstrato identificar o que é racional do ponto de
vista moral, e aí Kant apresenta um imperativo
categórico, um imperativo da razão que indica qual
deve ser o seu agir. Esse imperativo da razão
determina como deve ser a sua ação, qual é o dever
que você tem. Você tem o dever e tem que querer
agir conforme esse dever, e aí sim você estará
agindo moralmente.
De que maneira deve-se agir? Qual é a ação moral?
Você não fundamenta a razão com juízo a
posteriori, e sim com um juízo a priori. Juízo
posteriori não pode, assim, não pode a partir da
razão concreta. Deve-se ter determinado a priori o
que é moral ou não. Quando o sujeito cumpre o
dever moral, se não tem vontade, não é moral.
Abstratamente você vai identificar o que é devido
ou não. Toda ação humana deve estar conforme o
imperativo: age como se tua ação pudesse servir de
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máxima universal para todos os seres humanos. Se
você agir conforme o imperativo categórico é
moral, se agir em desconformidade, aí sua ação é
injusta, imoral. Só uma ação que pode servir de
máxima universal para todos é que pode ser
considerada justa e moral. Se a ação não pode ser
universalidade ela não é moral e nem justa.
Observem que esse imperativo categórico é
estabelecido a priori, ou seja, é válido
independentemente de qualquer resultado, de
qualquer efeito prático que tenha, pois isso já está
determinado de inicio. Só o que pode ser
universalidade é que pode ser definido como moral.
Moralmente correto é aquilo que pode ser
universalizado. Ex. mentir, a moral não tem
possibilidade de mentir. A mentira é um tipo de
ação que não pode ser universalizada, você não
pode tornar a mentira uma ação universal de todos.
Ou seja, se você não pode colocar ela como uma
máxima universal, isso não poderá ser considerado
moral. Para o raciocínio de Kant esse imperativo
está a priori, não dependendo da experiência e não
é dotado de qualquer conteúdo, mas estabelece
qual é o dever moral. Para Kant o dever moral vai
se confundir com o direito, pois o que é devido
moralmente vai ser o que está estabelecido do
ponto de vista jurídico. O direito é uma reafirmação
do dever moral. Do que depende a boa convivência
das pessoas? Cumprindo as leis! Mas nem todo
mundo vai usar da sua liberdade para agir conforme
o dever moral, e como garantimos isso? Como fazer
com que as pessoas ajam conforme o dever moral?
Pela coerção. A coerção vem da sanção. Então, um
determinado dever moral, para ser cumprido, é
necessário colocar uma sanção. Aí saímos do campo
da moral e fomos para o direito. No campo da moral
não existe sanção. Portanto, a sanção só vai existir
a sanção. No campodo direito vai existir além do
dever moral, o elemento da coerção que se dá por
meio da sanção.
Como posso dizer que a liberdade do sujeito ficou
preservada, como mantive o sujeito livre e ao
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mesmo tempo estabeleci uma coerção sobre ele? Eu
violei aquilo que era a condição natural do individuo
que é ser livre. Como resolver esse problema? Como
falar que tenho liberdade se tem alguém me
coagindo a agir de certa maneira, sendo que a
coerção tira minha liberdade. Como falar que
preservei a liberdade?
Como posso dizer que a coerção exercida pelo
Estado tem uma legitimidade?
O Estado está ali para promover o bem comum. O
Estado tem que garantir, portanto, uma liberdade
universal. Só é possível garantir a liberdade de
todos se essa liberdade puder conviver com outra
liberdade. E pra essa liberdade ganhar esse caráter
universal, é necessário que o Estado atue evitando a
ação livre do sujeito que acabe com a liberdade do
outro.
Você é um sujeito livre, tem liberdade. Essa
liberdade que você tem só é moral quando tem esse
caráter universal. Portanto, se você usar a sua
liberdade para cercear a liberdade do outro, ou
seja, se for exercida de modo a restringir a
liberdade do outro, aí você rompeu o caráter
universal, e, portanto, neste caso o Estado pode
atuar por meio da força, violenta, sanção, para
bloquear essa sua ação.
O Estado tem legitimidade para bloquear o
exercício da liberdade quando essa liberdade é
utilizada para cercear a liberdade do outro, pois
não estaria conforme o imperativo categórico. Ou
seja, o sujeito é livre e cumpre a moral quando
exerce essa sua liberdade de maneira que ela se
concilie com a liberdade do outro. Já quando o
sujeito quiser cercear a liberdade do outro, aí essa
liberdade não é mais legítima.
 
O Estado vai garantir que o sujeito possa livremente
contratar com outro sujeito. Ou seja, o Estado
garante que você tenha uma liberdade para fazer
um contrato, uma liberdade individual. O exercício
dessa liberdade não pode ser feita anulando a
liberdade do outro.
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O sujeito é dotado de uma liberdade, agindo e
usando a sua liberdade ela pode ser conciliada com
a liberdade do outro, essa ação dele, se querendo
agir dessa maneira, é moral.
 
Para o Kant qual é o conteúdo que todo direito deve
ter ou conter? Ele diz que a questão do direito não
é de conteúdo, e sim uma questão de pura forma,
pois o direito deve simplesmente permitir o igual
exercício da liberdade. Agora em função do que eu
exerço essa liberdade, ou qual é a utilidade de eu
exercer essa liberdade não está determinado a
priori, porque cada um pode querer uma coisa
diferente no exercício de sua liberdade. Isso não
tem como estabelecer a priori. Portanto, o
conteúdo de um determinado direito não é dado a
priori, o que é dado a priori é a forma do direito,
onde ele deve possibilidade o exercício da
liberdade, e essa liberdade deve ser utilizada para
qual finalidade? Aí isso não é dada a priori. A única
coisa que é dada a priori é que o direito deve
garantir o igual exercício da liberdade. Já o
conteúdo de um direito não é dado a priori. O que
caracteriza a existência do direito é a existência de
uma igualdade e liberdade. E essa igualdade e
liberdade é garantida pela lei. Isso está, portanto,
garantida por uma legalidade.
 
O pensamento Kantiano lembra o pensamento
liberal, pois o Estado está aqui para garantir igual
possibilidade de você exercer a sua liberdade.
 
Quando você olha para a constituição, ela parece
estar longe desse ideal Kantiano? Não, pois a CF diz
que todos são iguais pela lei, e que as pessoas são
livres.
 
Qual a finalidade do Estado? É garantir a legalidade
e o igual exercício da liberdade. Bem comum,
felicidade, não é dever do Estado, pois isso depende
do individuo no exercício de sua liberdade. A
felicidade, por exemplo, advém do exercício de sua
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liberdade.
 
Como fica a prioridade privada?
Nos primórdios, como ninguém havia se apossado de
nada, a simples posse dava ao sujeito o direito de
prioridade. A posse era a garantia da propriedade.
Se você se apossa você se torna proprietário. Neste
caso, pode! Depois de construídos os proprietários
você não pode tomar a propriedade do outro,
porque aí você estaria tomando a liberdade do
outro. Portanto, a propriedade foi legitimada
originalmente na posse, e depois foi legitimada pela
lei.
E se o sujeito não está ocupando? O que deslegitima
a posse? Se você está dando uso para a coisa e
alguém vai e quer pegar, você vai restringir a
liberdade, mas e se você não está usando? Os
juristas nesse caso se dividem. Pela leitura
Kantiana, não poderia pegar mesmo não utilizando.
 
Toda essa construção de Kant é sempre feita de
maneira abstrata, por isso Kant é um contratualista.
Tem um contrato social, e o contrato social legitima
o Estado. Kant é um contratualista, mas ele
seguindo o modelo dos modernos, ele não diz que o
contrato social é uma coisa que aconteceu, mas sim
que é uma abstração, porque as pessoas decidiriam
viver sobre a legalidade, igualdade e propriedade
porque é mais racional. Se elas querem ou não isso,
é outra questão.
Por que existe Estado e Direito não é afirmado por
Kant dada uma certa realidade. O contrato social é
pressuposto. O Estado representa o resultado da
decisão racional do individuo abstrato. Portanto, o
pensamento Kantiano vai abstrair qualquer tipo de
análise da história concreta ou real da humanidade
para definir a necessidade de Estado e direito.
 
Quem tem direito de votar para Kant? Só quem não
depende do outro, quem é livre. Trabalhador
depende do patrão e então não pode votar. Voto é
só para quem é burguês. Para Kant existe a
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possibilidade de você virar burguês, e aí você
poderá votar.
 
Kant não quer saber o que determinou alguém como
burguês ou trabalhador, pois isso é uma análise
empírica e, portanto, não cabe à filosofia do
direito. A filosofia de Kant deixou de fora um
elemento importante, e a falta desse elemento fez
com que Kant não entendesse realmente o que é o
Estado e o Direito. Faltou uma coisa essencial, e
qual é esse elemento? Veremos no próximo
semestre.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2º SEMESTRE
 
​Neste começo de semestre estudaremos a
filosofia do século XIX e XX.
​Estudamos que Kant é um filósofo ligado ao
iluminismo, e sua filosofia descreve certos direitos
como próprios do indivíduo, que são a liberdade,
igualdade e propriedade privada. Assim, ele
pregava que o Estado deveria ser de direito para
preservar esses direitos inatos ao ser humano,
sendo um jusnaturalista e defensor da legalidade.
​No século XIX, surge o capitalismo industrial
que acaba com a organização econômica anterior e
trazendo uma grande desvalorização do trabalho
humano. Neste século, os Estados também já
estavam constituídos sobre a figura do Estado e o
Direito.
O Romantismo também é um pensamento de
força para a filosofia do século XIX, pois era uma
oposição ao iluminismo e possuía como
características a: i) valorização do passado; ii)
valorização do nacionalismo; iii) valorização do
subjetivo, das emoções. Com o advento doiluminismo, todos notaram que as mudanças não
foram tão boas. Daquilo que foi o iluminismo para
aquilo que veio depois, resultou-se grande tumulto
e confusão. Assim é que o romantismo valorizava o
passado, por ser melhor do que o iluminismo
existente. Ademais, com o iluminismo surgiram leis,
como o Código de Napoleão, que em decorrência de
sua objetividade desvalorizava as emoções, e por
isso, o romantismo pregava também a valorização
do sujeito e das emoções.
No campo da filosofia, teremos dois filósofos
que tentaram explicar esse século XIX, e são eles
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Schopenhauer e Hegel.
SCHOPENHAUER não gosta do iluminismo e nem
do século XIX, e está ligado diretamente a
Nietzsche – que só pensava desgraça - e Freud. O
termo niilismo é utilizado para falar de quem tem
um “pé” em Nietzsche. Os niilistas não veem
sentido no mundo, e por que eles têm esse
pensamento no século XIX? Porque antes, para dar
sentido à sociedade, existia a religião e a filosofia.
No entanto, a religião estava entrando em crise, e
ao mesmo tempo, a filosofia pregava o iluminismo
que veio com o positivismo – que não é bom. Diante
disso, não existia mais sentido na sociedade para
eles. Ademais, os niilistas atacavam a todos que
tentavam, de alguma forma, dar sentido à
sociedade.
Schopenhauer é um filósofo que não se
desprende do século XVIII, pois acreditava, por
exemplo, em contrato social. Já Hegel é uma
quebra desse pensamento, pois é um anti-
contratualista. Além disso, Hegel faz a filosofia da
história e não a história da filosofia, bem como é o
fundador da filosofia do direito, que não existia até
então.
Schopenhauer utiliza a vontade para explicar o
elemento primordial de todo ser. A vontade arbitra
todo sujeito, e ele – o sujeito – sempre busca
formas de satisfazer essas vontades. No entanto, ao
saciar as suas vontades, o ser humano fica infeliz
com o tédio de não ter o que desejar. No entanto,
logo em seguida surge uma outra vontade, e a
pessoa busca satisfazê-la novamente, tornando-se
infeliz outra vez, ficando nesse ciclo sem fim.
Onde entra a ética e o direito para
Schopenhauer em tudo isso? Para ele, injustiça é um
indivíduo se interferir na realização da vontade do
outro, salvo quando a vontade do outro for suprimir
a sua própria vontade, pois nesse caso seria
permitida a interferência.
Neste contexto, o papel do Estado é conciliar
essas vontades para que as pessoas possam conviver
mutualmente. Assim, para Schopenhauer, o papel
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do Estado e do direito é justamente fazer a
conciliação das vontades dos indivíduos da
sociedade.
Na filosofia sempre existe muita contradição, e
o pensamento dogmático tenta justamente acabar
com isso. No entanto, Hegel utiliza a contradição de
forma diferente em sua teoria, conforme iremos
estudar, dizendo que o próprio da filosofia é a
contradição.
 
 
HEGEL
Ele nasceu e morreu em cidades que hoje é a
Alemanha, no século XIX. A filosofia de Hegel é o
marco de transição entre a filosofia iluminista para
a filosofia contemporânea. Frisa-se que ele é um
crítico do iluminismo, assim como também eram os
romantistas.
Hegel viveu no período pós-revolução francesa.
Então, ele escreve observando a Europa pós-
revolução, sendo, portanto, suas ideias
influenciadas por esse episódio.
Hegel é jusnaturalista, mas muda a forma de se
pensar o jusnaturalismo existente até então, isto é,
muda a forma como os iluministas pensavam o
jusnaturalismo.
Através dos pensamentos de Hegel, ocorreram
diversas rupturas no pensamento. Ele rompe, por
exemplo, com a ideia de direito natural, é crítico
do contrato social, critica a perspectiva
individualista e rompe com a separação da filosofia
existente, que era a ideia do sujeito/objetivo e
ideal/real.
A filosofia de Hegel é diferente das anteriores,
pois em sua obra chamada de “Princípios da
Filosofia do Direito”, ele coloca a ideia de que o
racional é real, e de que o real é racional. Ademais,
para ele você deve identificar o racional no fim das
coisas, porque aquilo que se apresenta como
realidade é racional. Os fenômenos de transição do
século XVIII para o XIX é justamente isso, pois
conforme a razão e as ideias iam progredindo, a
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realidade também foi se alterando. Há uma
realidade que se encontra na racionalidade e vice
versa, e esse movimento é constante. Destarte, o
papel da filosofia não é somente ficar pensando no
que é mais racional para mudar a realidade, mas
também olhar a realidade para se alcançar o mais
racional.
Assim, no curso da história existe uma
determinada tese, isto é, uma realidade racional.
No entanto, vai surgindo uma racionalidade
tentando alterar essa realidade atual, e diante
dessa oposição de ideias é que surge a antítese.
Diante disso não podemos tentar eliminar uma ideia
ou outra (pois aí seria Descartes), devemos,
destarte, diante dessas duas realidades contrárias,
criar uma síntese, que é a superação dessas duas
ideias anteriores.
Diante de uma síntese ocorre o fim da filosofia?
Não, pois o que é síntese torna-se tese (realidade
que contém e nega aquilo que é anterior), e depois
surge novamente uma antítese (um pensamento
oposto), que gerará uma nova síntese. Diante disso,
verificamos que para Hegel a contradição é próprio
da filosofia, e o grande erro da filosofia até então
era querer tirar essa contradição para alcançar uma
verdade. É justamente com a contradição que a
filosofia evolui.
Na filosofia de Hegel, aquilo que está no fim da
filosofia é o máximo da razão, e só é o máximo da
razão porque contém e nega as ideias anteriores.
Assim, a razão não é a mesma o tempo todo, pois
vai se alterando. Não há, portanto, uma verdade
universal e, por isso, a filosofia não pode buscar
uma verdade. Existe alguma ideia absoluta? O
absoluto para ele é o que está no fim da história, no
presente. Mas a história não tem fim, e aí conforme
vai se alterando a história, o absoluto também se
altera. O absoluto hoje deixa de ser amanhã. A
filosofia, portanto, é sempre a negação da negação.
Inclusive, quando alguém fala mal dos pensamentos
de Hegel, só mostra que ele estava certo, porque
disse que isso mudaria.
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Como a filosofia de Hegel aparece no direito e
Estado? A teoria de Hegel rejeita tanto a filosofia
da antiguidade como a filosofia moderna, já que ela
vem depois (é uma síntese). Na filosofia antiga, o
problema é que o todo suprimia o individuo, isto é,
o todo valia mais do que o individuo, não existindo,
portanto, mínimo existencial. Já na filosofia
moderna, houve a valorização do individuo de tão
forma tão grande que, por vezes, acabava com a
totalidade, isto é, o individuo sempre acaba
ganhando por existirem certos direitos que o Estado
não pode suplantar. O papel do Estado para Hegel é
justamente uma síntese dessas duas visões, pois o
Estado deve garantir a existência do individuo,
porém essa existência não pode suplantar o todo.
Assim, o Estado deve atender o interesse coletivo,
preservando o interesse particular. O direito,
portanto, nunca é uma anulação do interesse
público pelo privado e nem vice-versa, pois é
sempre uma tensão entre essas duas coisas.
Destarte, Hegel fez uma síntese sobre Estado e
Direito.
Existe o direito abstrato, no entanto, quando
não estamos em contato com outra pessoa não se
cria a noção de dever. Assim, no campo do direito

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