Buscar

aula 1 infrações penais

Prévia do material em texto

1.1. Critério Material (ou Substancial).
De acordo com esse critério, crime é toda ação ou omissão humana que lesa, ou expõe a perigo de lesão, bem jurídico penalmente tutelado. Refere-se à materialização da conduta, ou seja, a prática delituosa deve, ao menos, expor materialmente a perigo bem protegido.Essa fórmula leva em conta a relevância do mal produzido aos interesses e valores selecionados pelo legislador, servindo como fator de legitimação do Direito Penal, justificando a sanção, num Estado Democrático de Direito.
1.2. Critério Legal.
Nesse critério, o conceito de crime é fornecido pelo legislador. Ante a inexistência de conceito no Código Penal, tal tarefa ficou a cargo da Lei de Introdução ao Código Penal (Decreto-Lei nº 3.914/1941), em seu art. 1º.
Art. 1º Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas. alternativa ou cumulativamente.
Cuida-se, deste modo, da espécie de gênero de infração penal, diferenciando crime e contravenção quanto à gravidade da sanção, mediante valores escolhidos pelo legislador. O Direito Penal acolheu um sistema dicotômico ao fracionar o gênero infração penal em duas espécies: crime e contravenção penal, diferenciando-os apenas com relação à gravidade do mal causado e a proporcional sanção penal imposta pela conduta. ou "Crime-anão", as Infrações cuja pena cominada previamente em lei, seja pena de prisão simples ou multa, não importando se tais penas forem previstas como de aplicação isolada, alternativa ou cumulativa2 .
   Os termos crime e delito são equivalentes, ambos correspondem à espécie de infração penal, cuja violação do bem jurídico é de maior gravidade.
    
1.3. Critério Analítico.
Também chamado de critério formal ou dogmático, funda-se nos elementos que compõe a estrutura do crime. Sobre essa estrutura, novas divergências insurgem:
Basileu Garcia sustentava uma posição quadripartida na estrutura do crime, ou seja, seria o crime composto por quatro elementos: fato típico, ilicitude, culpabilidade e punibilidade. Essa posição é claramente minoritária e deve ser afastada, pois punibilidade trata-se da conseqüência da prática do ilícito penal. É possível a existência de crime ainda que o agente não seja punível.
Nelson Hungria, Magalhães Noronha, Aníbal Bruno, Cezar Roberto Bitencourt, Luiz Regis Prado, entre outros, adotam uma posição tripartida, compondo o crime: fato típico, ilicitude e culpabilidad[
Outros, como Damásio de Jesus, Julio F. Mirabete, entre outros, entendem o crime numa posição bipartida, composto de fato típico e ilícito. A culpabilidade, nessa teoria, seria um mero pressuposto para aplicação da pena.
       Qual o critério adotado pelo Código Penal? Em verdade, não há uma resposta segura para a questão. A redação original do Código Penal de 1940 acolhia um conceito tripartido, entendendo o crime como fato típico, ilícito e culpável. Com a reforma da parte geral do código, com a Lei 7.209/1984, fica a impressão de ter sido adotado um conceito bipartido, ligado, obrigatoriamente, à teoria finalista da conduta.
        Entende-se bipartida a estrutura do crime, pois, o título II da parte geral do CP trata: “do crime” e o título III trata “da imputabilidade penal”. Assim, a imputabilidade segue o crime, sendo um elemento do fato típico e ilícito. O crime existe, ainda que não haja culpabilidade. Ao tratar das causas de exclusão de ilicitude, o Código Penal fala “não há crime”. Ao relacionar-se às causas de exclusão da culpabilidade, o Código Penal fala “é isento de pena”, ou seja, há crime, mas não se aplica a pena.  Também o art. 180, §4º do CP preceitua “a receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do crime”. Assim, há crime, ainda que não seja o autor culpável, tornando desnecessária a existência da culpabilidade para a caracterização de crime.
. ILÍCITO PENAL E OUTROS ILÍCITOS.
Ilicitude é a relação de contrariedade entre o fato praticado por alguém e o ordenamento jurídico. Assim, há ilícitos penal, administrativo, tributário, civil, ambiental.
O critério para a distinção do ilícito penal dos demais é meramente político, de acordo com a gravidade e a relevância da conduta praticada, bem como a importância do bem jurídico tutelado.
Assim, o Direito Penal deve preocupar-se apenas com os interesses mais importantes para o desenvolvimento e manutenção do indivíduo em sociedade, deixando os demais ilícitos sob o crivo dos outros ramos do Direito (princípio da fragmentariedade).
3. SUJEITOS DO CRIME.
3.1. Sujeito Ativo.
É a pessoa que realiza, direta ou indiretamente, a conduta criminosa, seja isoladamente ou em concurso com outras.A realização do crime, diretamente, dá-se através do autor e coautor. De maneira indireta, temos o delito praticado pelo autor mediato e partícipe.
3.2. Sujeito Passivo.É o titular do bem jurídico protegido pela lei penal, que é violada por meio da conduta criminosa.
Também denominado de vítima ou ofendido, o sujeito passivo pode ser: indireto, mediato (formal, geral, genérico ou constante), no caso do Estado, pois a ele pertence o direito público subjetivo de exigir o cumprimento da legislação penal e a tutela dos bens jurídicos; ou direto, imediato (material particular, acidental ou eventual), que é o titular do bem jurídico especificamente tutelado pela lei penal violada.O Estado é sujeito passivo mediato constante. Pode ser também eventual, em casos de crimes contra a Administração Pública.É o bem ou objeto contra o qual se dirige a conduta criminosa. Pode ser jurídico (interesse protegido pela lei penal) ou material (pessoa ou coisa que suporta a infração penal). 
    Há crime sem objeto? Depende! Não existe crime sem objeto jurídico, mas pode haver crime sem a presença de objeto material, a exemplo do ato obsceno (CP, art. 233).

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Materiais recentes

Perguntas Recentes