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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE TECNOLOGIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO IV PROFESSORA CYBELLE SALVADOR MIRANDA KENIA YARIWAKE ALCÂNTARA 07004004201 ARQUITETURA COLONIAL E IMPERIAL NO BRASIL Belém-Pará 2011 2 Trabalho sobre a Arquitetura Colonial e Imperial no Brasil, referente à 2ª avaliação, apresentado na disciplina Teoria e História da Arquitetura e Urbanismo IV, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Federal do Pará (UFPA), sob a orientação da Professora Cybelle Salvador Miranda. KENIA YARIWAKE ALCÂNTARA 07004004201 ARQUITETURA COLONIAL E IMPERIAL NO BRASIL Belém-Pará 2011 3 Introdução O presente trabalho tem como objetivo falar sobre a história da arquitetura e do urbanismo colonial e Imperial do Pará e no Brasil mostrando nos seus principais centros urbanos suas características. Este longo período, que chamamos de colonização brasileira que se estende desde o descobrimento das nossas terras até a independência do país (1822), foi marcado por uma economia de exploração, calcado na exportação de nossas riquezas naturais, reformas religiosas e contra-reforma na tentativa de catequizar nossos indígenas e também pelo surgimento de diversas tipologias arquitetônicas e artísticas sucessivas tendo como principal característica a releitura que se dava dos estilos europeus, principalmente o de Portugal. A produção e o uso da arquitetura e dos núcleos urbanos coloniais baseavam na mão-de-obra escrava, com nível tecnológico precário apresentavam ruas e casas uniformes gerando uma sensação de monotonia. Militares portugueses formados pelas chamadas aulas de arquitetura, que se iniciaram na Bahia e em Pernambuco em 1696 e depois se instalaram também no Rio de Janeiro e no Pará durante os séculos XVII e XVIII, receberam formação técnica cuidadosa para elaboração de trabalhos cartográficos, urbanísticos e projetos muitas vezes apresentando aspectos da organização das vilas e cidades coloniais, sendo esses projetos executados em sua quase totalidade pela mão-de-obra escrava. Mais tarde durante o século XIX conservaram-se as formas de habitar dependestes do trabalho escravo, as mudanças não foram muito grandes, entretanto, com a presença da Missão Francesa e a Fundação da Academia de Belas-artes as construções ganharam um maior refinamento. Surge um novo tipo de residência, a casa de porão alto, representando a transição entre sobrados e as casas térreas. 4 Arquitetura e Urbanismo Colonial Aproveitando as antigas tradições trazidas de Portugal e baseando-se no trabalho escravo- mão de obra abundante que para tudo servia, desde recolher o lixo até a construção da casa e do sobrado- a produção arquitetônica e urbanística colonial tinha um nível tecnológico precário apresentando em sua grande maioria ruas de aspectos uniformes, com casas e sobrados construídos sobre o alinhamento das vias públicas e sobre os limites laterais dos terrenos, não havendo meio termo, as casas eram urbanas ou rurais, como exemplo temos o palácio dos governadores em Belém que foi edificado como as residências urbano-coloniais comuns, sem recuos e elementos de acomodação externos (mobiliário urbano). Em várias capitais brasileiras, incluindo Belém é possível encontra ainda hoje casas e sobrados do tempo colonial, apresentando lotes uniformes, com fachada estreita e grande profundidade. Nessa época os equipamentos de precisão topográfica ainda eram desconhecidos e os traçados das ruas eram feitos por cordas e estacas, dando margem a construção de edificações em seus limites, edificações estas que deixavam o ambiente monótono pela ausência de verde e de áreas arborizadas. A inexistência de jardins domésticos e públicos e arborização das ruas acentuavam ainda mais a sensação de monotonia nos núcleos urbanos coloniais. As casas eram construídas de maneira uniforme correspondendo com o loteamento da época, em certos casos a padronização era fixada por Carta Régia ou em posturas municipais, que muitas das vezes exigiam que dimensões, número de aberturas, altura de pavimentos e alinhamento com as edificações vizinhas fossem padronizadas na tentativa de garantir as cidades e vilas coloniais uma aparência portuguesa. Seguindo esse roteiro de monotonia as plantas das casas não deixavam a desejar, ficando salas e lojas de frente para a rua e as aberturas dos fundos com iluminação natural eram destinadas para a permanência das mulheres, e para os ofícios. Entre os cômodos com iluminação natural situavam-se as alcovas, que se destinavam a permanência noturna e dificilmente a luz do dia penetrava. A circulação, em geral, era um 5 corredor longitudinal que ia da porta da rua aos fundos do terreno, apoiando-se a uma das paredes laterais ou centralizava-se na planta da casa. As técnicas construtivas eram geralmente primitivas. Nos casos mais simples as paredes eram de pau-a-pique, adobe ou taipa de pilão e nas residências mais importantes empregava-se pedra e barro ou cal. A cobertura da casa que geralmente era em telhado de duas águas procurava lançar uma parte da chuva recebida na rua e outra no quintal, evitando o emprego de calhas ou quaisquer outros tipos de sistema de captação de águas pluviais. A construção sobre os limites laterais dos lotes almejava construções vizinhas de mesma altura, procurava garantir uma relativa estabilidade e proteção das empenas contra a chuva, o que, quando não era correspondido, se alcançava através do uso de telhas aplicadas verticalmente. O primitivismo tecnológico era denunciado pela simplicidade das técnicas construtivas na sociedade colonial brasileira que era abundante em mão de obra, mas pobre no detalhe, na habilidade e no aperfeiçoamento arquitetônico. Tendo nas casas de esquina suas mais importantes variações, com a possibilidade de aproveitar duas fachadas sobre a rua, alteravam em parte o esquema de planta e telhado, mais para enquadrar as plantas tradicionais do que para a inovação projetual. O uso do edifício era baseado na presença abundante da mão de obra escrava, pois todo seu sistema funcional dependia dos escravos, desde a construção do edifício até a remoção do lixo, por isso seu nível tecnológico era bastante primitivo. Esse nível era o mesmo de toda a cidade colonial, que pela ausência de equipamentos adequados nos seus centros urbanos desde o fornecimento de água até o serviço de esgoto pressupunham a existência de escravos. Os três tipos mais comuns de habitação do período colonial eram o sobrado, a casa térrea e a chácara, tendo entre si pequenas diferenças em suas características; o sobrado sendo uma edificação de dois ou mais pavimentos era destinado a famílias mais abastadas tendo um pouco mais de refinamento que as casas térreas, como o piso assoalhado; as casas térreas eram construções simples com poucos cômodos e chão batido; já as chácaras que se situava na periferia dos centros urbanos, tinham a facilidade de abastecimento e serviço das casas rurais, eram as preferidas de famílias abastadas ainda no Império e mesmo na República, denunciando a 6 precariedade das soluções da habitação urbana da época com seus problemas de abastecimento nascidades. Assim sendo, as casas urbanas tentavam resolver em parte o problema, por meio do cultivo de vegetais e animais. O habito dessas famílias mais ricas de se estabelecer nas chácaras e ter atividades econômicas no centro urbano acentuava a vinculação ao mundo rural dos pequenos centros construídos para acomodar por alguns dias os moradores dessas chácaras, as vilas e cidades menores tinham vida urbana intermitente, ficando por vezes desolada. Nas edificações religiosas foi decisivo o uso do estilo chão, nome dado ao tardo-renascimento ou maneirismo português. O estilo se expressava nas edificações religiosas pelo par de torres sineiras, portas e janelas simples, fachada austera, formas elementares, frontão triangular, paredes caiadas, pedra de cantaria, planta basilical, naves laterais transformadas em capelas, capela mor profunda, interior por vezes ricamente adornado ou com presença das volutas maneiristas na fachada. Essas edificações tinham lugar privilegiado na cidade e eram acompanhadas de uma praça bem como uma série de ruas que levavam até ela. Desta forma, as igrejas, conventos e colégios condicionavam o urbanismo da vila e da cidade. O ambiente encontrado pelos colonizadores não oferecia grandes inspirações às construções requeridas pelo homem branco, devido ao caráter nativo da habitação indígena. Apesar disso, podemos encontrar certas adaptações ao clima tomadas da habitação original. As edificações no Brasil tinham o caráter ambíguo de servirem ao poder político e religioso, uma vez que os dois estavam unidos pelo acordo do Padroado. Desta forma, as ordens religiosas que conduziram boa parte da colonização das terras e dos esforços em implantação de edifícios, tendo principal destaque a Companhia dos Jesuítas, estabeleciam as missões ou ocupações jesuíticas, em local próximo a rios ou portos, no alto de morros ou elevações que permitissem a defesa. Suas primeiras construções eram executadas em pau-a-pique cobertas com folhas de palmeiras. Num segundo período, passaram a ser utilizada a taipa de pilão e a pedra caiada, adaptando melhor o edifício às condições climáticas. 7 Arquitetura e Urbanismo Imperial Herdeiro direto de todas as tradições e costumes da arquitetura e urbanismo colonial, o século XIX assistiria a elaboração de novos esquemas de implantação da arquitetura urbana. Essas transformações apresentaram-se de forma discreta. Escadarias, colunas e frontões de pedra ornavam com freqüência as fachadas dos edifícios, ostentando um refinamento técnico. A integração do país no mercado mundial, com a abertura dos portos, possibilitou a importação de equipamentos e conseqüentemente um melhor aspecto na aparência das construções dos centros urbanos. As platibandas, coberturas mais complicadas, coberturas com quatro águas, surgiram por conta dessa integração comercial, adotando a maioria dos edifícios o telhado de quatro águas sem platibanda. A “casa de porão alto” ainda construída sobre o alinhamento das ruas representava uma transição entre os velhos sobrados e as casas térreas. Afastadas do comercio, nos bairros residências, o novo tipo de implantação permitiu aproximar a casa da rua, sem os defeitos das casas térreas, graças ao porão, cuja presença era denunciada pela existência de seteiras com grades de ferro sob as janelas dos salões. Solucionando o desnível entre o piso da habitação e o plano do passeio, surgia uma pequena escada, em seguida a porta de entrada com puxadores de cobre e duas folhas ornadas e com 8 grandes almofadas abria-se sobre um pequeno patamar de mármore, quase sempre com desenhos de xadrez em preto e branco; após a escada ficava uma porta em meia altura para proteger a intimidade do interior da vista dos passantes, era geralmente de vidro ou madeira; no patamar superior situavam- se as portas dos salões, cujas janelas abriam sobre a rua, nas quais se alinhavam um mobiliário formal, junto as paredes decoradas com papel colado, com dunquerques, espelhos, jarros de louça e, as vezes, um piano; representando uma renovação dentre os velhos moldes construtivos, tendo larga difusão. Outro tipo, hibrido, reunia características de sobrado e os elementos de inovação da “casa de porão alto”, utilizando agora o primeiro pavimento para fins mais valorizados socialmente. Essas transformações arquitetônicas modificaram significativamente os centros urbanos. Nas cidades de maior importância multiplicavam-se ruas calçadas, e apareciam os primeiros passeios juntos as casas, construíram-se jardins ao gosto europeu, cercados por altas grades de ferro, reservando seu uso as camadas mais ricas. Já na segunda metade do século XIX as transformações socioeconômicas e tecnológicas pelas quais a sociedade brasileira passou provocaram o desprestigio dos velhos hábitos de construir e habitar tendo como transformações a libertação das construções em relação aos limites dos lotes, recuando o edifício dos limites laterais, conservando-o sobre o alinhamento da via publica. Normalmente o recuo era apenas de um dos lados, do outro, quando existia, era um recuo mínio. As residências maiores tinham um jardim do lado, introduzindo um elemento paisagístico na arquitetura residencial que oferecia varias possibilidades de arejamento e iluminação, ate então desconhecidos nas construções nacionais. Transferindo a entrada principal para a fachada lateral conservando uma altura discreta da rua, protegendo a intimidade e aproveitando simultaneamente os porões para alojamento de empregados e locais de serviço. O limite com aruá era reservado para as salas de visita, os quartos ficavam em torno de um corredor ou sala de almoço (varanda), na parte central, ficava a cozinha e o banheiro ao fundo. As residências menores não podiam contar com lotes laterais ajardinados para resolverem seus problemas de iluminação e arejamento, apresentavam pequenas entradas descobertas, com portões e escadas de ferro. 9 Internamente, usavam poços de iluminação, aproveitando as facilidades de calhas condutoras e manilhas. 10 Conclusão Portanto a habitação colonial correspondeu a um tipo de lote e arquitetura padronizados tanto em plantas como em técnicas construtivas tendo como inspiração o urbanismo português, selecionando e adaptando os modelos mais convenientes para nossas condições locais forçando uma aparente aglomeração urbana mesmo em centros de populações pequenas. Correspondendo-se diretamente com o mundo rural que estava sempre à vista do homem urbano para a solução de muitos problemas fundamentais dessas vilas e cidades. Apoiando-se nesse mundo rural e no mundo europeu nossas formações urbanas eram insuficientes para resolver tantos problemas de forma satisfatória funcionando precariamente mesmo em nossas maiores cidades coloniais. 11 Bibliografia - REIS, Nestor Goulard. IMAGENS DE VILAS E CIDADES DO BRASIL COLONIAL. -OMEGNA, Nelson. A CIDADE COLONIAL. - REIS FILHO, Nestor Goulard. Quadro da Arquitetura no Brasil. - BARDI, P. M. Historia da Arte brasileira. São Paulo. - BURY, John. Arquitetura e Arte no Brasil colonial. Rio de janeiro: Nobel, 1991
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