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1Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Vânia Martins 2Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Sumário Introdução ......................................................................................... 03 Objetivos ........................................................................................................... 04 Estrutura do Conteúdo .................................................................................... 04 Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Tópico 1: Legislação para o Terceiro Setor ....................................................... 05 Tópico 2: A Dimensão do Terceiro Setor no Brasil e no Mundo ........................ 10 Tópico 3: Desafios da Gestão no Terceiro Setor ............................................... 12 Tópico 4: Estratégias de Gestão no Terceiro Setor ........................................... 17 Resumo ............................................................................................................. 20 Referências Bibliográficas .............................................................................. 21 3Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Seja bem-vindo(a) ao conteúdo “Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios”. As primeiras organizações do Terceiro Setor surgidas no Brasil tinham uma administração bastante informal, marcada pelo amadorismo e conduzida basicamente por voluntários ou militantes. Até a década de 1970, a ideia de uma administração profissional não era aceita por sua associação com a cultura das empresas que atuam no mercado segundo uma lógica econômica, vista como incompatível com uma organização sem fins lucrativos. Na atualidade, em virtude do crescimento do Terceiro Setor e de seu importante papel como canalizador de demandas da sociedade, verificamos a atuação cada vez mais profissional e a busca de uma administração eficiente e eficaz nestas organizações. Neste contexto, cresce a demanda por administradores competentes, capazes de traçar objetivos, controlar recursos financeiros e trabalhar em equipe, de modo a levar as organizações do Terceiro Setor ao encontro de seus importantes objetivos sociais. 4 Estrutura do Conteúdo Objetivo s Indicadores e Certificações Socioambientais Esperamos que ao final deste conteúdo você seja capaz de: 1. Identificar os pontos mais importan- tes da legislação que afeta as organiza- ções do Terceiro Setor; 2. Conhecer as dimensões e principais características do Terceiro Setor no Bra- sil e no mundo; 3. Compreender as principais dificulda- des enfrentadas pelas organizações na busca de seus objetivos sociais e não- -lucrativos; 4. Conhecer as ferramentas básicas de gestão aplicadas Às organizações do Terceiro Setor. Para melhor compreensão do conteúdo, este material está dividido de acordo com os seguintes tópicos: 1. Legislação para o Terceiro Setor 2. A Dimensão do Terceiro setor no Bra- sil e no mundo 3. Desafios da Gestão no Terceiro Setor 4. Estratégias de Gestão no Terceiro Setor 5Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios 1. Legislação para o Terceiro Setor Como vimos anteriormente, o Terceiro Setor está situado entre os setores estatal (primeiro setor) e empresarial (segundo setor) e abarca organizações que não estão vinculadas ao Estado, que não almejam o lucro e que prestam serviços em áreas de relevante interesse público e social. As organizações que atuam no Terceiro Setor são, portanto, entidades de natureza privada, mas que agem no interesse público, sem fins lucrativos. Juridicamente estas organizações podem assumir a forma de associações ou fundações. As ONGS, em virtude de seu reduzido patrimônio, em geral se constituem como associações. Ainda hoje, as organizações sem fins lucrativos, que lutam nas áreas de saúde, educação, meio ambiente e cultura pelos direitos das crianças, mulheres, negros e povos indígenas, entre outras, cumprem uma função primordial para a consolidação da democracia brasileira, na medida em que são espaços de expressão das demandas da sociedade e ajudam a exercer o controle social das políticas públicas implementadas pelo governo. A Associação Brasileira de ONGs (ABONG) alerta que as ONGs são mecanismos fundamentais de construção da cidadania, pois são uma forma articulada de atuação da sociedade civil em defesa de interesses públicos, porém é preciso ter cuidado, pois, ao mesmo tempo, as ONGs podem também ser utilizadas como espaços para abrigar grupos de pressão, interessados em lançar mão das verbas públicas, direcionando-as para interesses de minorias privilegiadas. Por isso é muito importante a existência de um marco regulatório que estabeleça critérios para a atuação destas organizações e para sua relação com o poder público. 6Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Acesse o Recurso Multimídia e descubra as diferenças entre ASSOCIAÇÕES e FUNDAÇÕES que atuam no Terceiro Setor. Conteúdo On-line Lei no 9.790/99 Em 1999 entrou em vigor a Lei no 9.790, que trata das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPS). Essa lei foi elaborada no segundo governo do presidente Fernando Henrique Cardoso a partir das discussões entre governo federal, parlamentares e sociedade civil. Seu principal objetivo era a construção de um marco regulatório do Terceiro Setor que garantisse maior clareza e segurança à atuação das organizações. O Terceiro Setor constitui hoje uma orientação estratégica, em virtude da sua capacidade de gerar projetos, assumir responsabilidades, empreender iniciativas e mobilizar pessoas e recursos necessários ao desenvolvimento social do país. Nesse sentido, a Lei das OSCIP representou o início do processo de atualização da legislação brasileira que passou a reconhecer a importância e as especificidades da esfera pública não estatal. 7Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Acesse o Recurso multimídia e veja mais informações sobre a Lei 9.790/99. Conteúdo On-line Outro ponto importante da lei é que ela exclui da categoria OSCIP as seguintes entidades: sociedades comerciais, sindicatos ou associações de classe, partidos políticos, instituições religiosas, entidades de benefício mútuo que prestam serviços somente a sócios ou associados, hospitais e escolas privadas não gratuitas e cooperativas. Você pode conhecer um pouco mais sobre esta importante Lei no link a seguir: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9790.htm Lei 13.019/2014 Outro avanço no marco regulatório do Terceiro Setor foi trazido pela Lei n.º 13.019/2014, especificamente voltada para regular as parcerias realizadas entre organizações da sociedade civil com e sem fins lucrativos, para a consecução de finalidades de interesse público em regime de mútua cooperação. 8Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios É uma Lei que padroniza procedimentos de parcerias no âmbito nacional, facilitando a execução de projetos de desenvolvimento social. Os convênios foram substituídos por duas novas figuras de relacionamento da Administração Pública com as instituições sem fins lucrativos: a) o Termo de Colaboração, quando a proposta de parceria seja oriunda do Poder Público; e b) o Termo de Fomento, quando a proposta de parceria seja oriunda das organizações da sociedade civil. Ambos os Termos deverão ser precedidos de procedimento de chamamento público, que consiste em edital de convocação das organizações da sociedade civil interessadas em apresentar as suas propostas de trabalho para o objeto do edital. Este recurso permite à Administração Pública selecionar a proposta cuja execução seja considerada a mais eficaz de acordo com os critérios definidos objetivamente peloedital. Segundo Cavalcante (2014), esse é o ponto mais importante da Lei, considerando que tal mecanismo de seleção busca evitar a escolha das ONGs que irão receber os recursos com base em interesses pessoais e preferências políticas/ideológicas. Importante 9Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios A partir desta lei, entre outros requisitos, só poderá participar do chamamento público em qualquer esfera governamental a instituição que comprove no mínimo três anos de existência, experiência prévia na realização do objeto da parceria e capacidade técnica e operacional para a sua execução. Embora tenha acrescentado mecanismos burocráticos, a lei permite a criação de ferramentas de transparência e controle das parcerias firmadas, tanto para o Poder Público quanto para as organizações da sociedade civil. Outros pontos a destacar nesta Lei, segundo Cavalcante (2014), são os seguintes: É vedada às entidades qualificadas como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público a participação em campanhas de interesse político-partidário ou eleitorais, sob quaisquer meios ou formas. Tornam-se mais rigorosas as exigências de prestação de contas destas organizações, garantindo, ainda, a qualquer cidadão o direito de questionar sua qualificação como OSCIP e de apresentar denúncias sobre a aplicação irregular de recursos. É garantido o livre acesso público a todas as informações pertinentes às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público. 10Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios É importante ressaltar que a institucionalização ou legalização das atividades destinadas ao Terceiro Setor delegou a essas entidades um espaço de destaque na dinâmica da estrutura social no que diz respeito à ação social. 2. A Dimensão do Terceiro Setor no Brasil e no Mundo Segundo pesquisa da John Hopkins University, dos Estados Unidos, o crescimento do terceiro setor é surpreendente, chegando a movimentar aproximadamente 1 trilhão de dólares — o que o coloca entre as maiores economias mundiais, se comparado ao PIB das nações mais ricas. Este setor também tem impacto significativo no mercado de trabalho, empregando 19 milhões de pessoas no mundo, excluindo-se os voluntários. Para que possamos entender melhor a dinâmica da organização da sociedade civil na história recente do Brasil, vamos observar os dados de uma pesquisa realizada pelo IBGE, que informa as áreas de atuação destas organizações, o número de pessoas que emprega e como estão distribuídas pelo território nacional. A Pesquisa FASFIL é uma das mais importantes referências em termos de dados e análises sobre o terceiro setor no Brasil. 11Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Os dados da pesquisa FASFIL 2010 incluem todas as associações e fundações que atuam no Terceiro Setor, sendo elas qualificadas como OSCIPs ou não. É importante lembrar que o Terceiro Setor é entendido como aquele composto por diversos tipos de entidade da sociedade civil, sem fins lucrativos e com finalidades públicas. O conceito é amplo e pode incluir entidades religiosas, beneficentes, ONGs e fundações vinculadas a empresas. Como vimos anteriormente, a Lei no 9.790/99 exclui determinadas organizações da categoria OSCIP, reservando-lhes outras denominações jurídicas. Sendo assim, a Pesquisa Fasfil destaca os seguintes dados sobre as associações e fundações que atuam no Terceiro Setor: Existiam oficialmente no país, em 2010, cerca de 290,7 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL). Essas instituições representavam 5,2% do total de 5,6 milhões de entidades públicas e privadas, lucrativas e não-lucrativas, do Cadastro Central de Empresas — CEMPRE do IBGE, naquele ano. As Fasfil concentram-se nas regiões Sudeste (44,2%), Nordeste (22,9%) e Sul (21,5%). Cerca de 72,2% das entidades não possuíam sequer um empregado formalizado. Apesar deste dado, não se pode negar que as organizações não-governamentais e sem fins lucrativos representam, atualmente, uma parcela significativa dos trabalhadores brasileiros: 2,1 milhões de pessoas. Enquanto 28,5% destas entidades estão voltadas à religião, 14,6% ligam-se ao desenvolvimento e defesa de direitos. Apenas 0,8% do total das Fasfil são entidades voltadas à preservação do meio ambiente e proteção animal. 12Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios 3. Desafios da Gestão no Terceiro Setor Administrar uma empresa em um mercado altamente competitivo e com constantes mudanças tecnológicas não é uma tarefa fácil. O administrador precisa saber administrar a equipe, as finanças, a comunicação com a sociedade, obter os insumos adequados e garantir a distribuição dos produtos ou serviços àqueles que os demandam. Administrar uma instituição sem fins lucrativos pode ser ainda mais difícil, pois estas organizações, muitas vezes, não apresentam estrutura adequada em termos de recursos financeiros, materiais e de pessoal. Segundo Camargo (2001), o Brasil apresenta grande diversidade de demandas sociais e ambientais, de acordo com a peculiaridade de cada região ou população, o que exige dos gestores um conhecimento mais aprofundado destas realidades, para que seja possível atender bem às necessidades encontradas. O autor aponta outro fator relevante nesta análise: há um crescimento considerável no número de organizações que surgiram nas últimas décadas. Este crescimento, muitas vezes, ocorreu de forma desordenada e, assim, gerou instabilidade na confiança por parte das empresas doadoras. As organizações sem fins lucrativos oferecem dificuldades particulares aos gestores, especialmente porque se espera deles que administrem com eficácia e, ao mesmo tempo, que lutem pelos ideais e valores da causa defendida pela organização. A dificuldade é acrescida quando se refere aos recursos humanos, uma vez que parte da força de trabalho está empregada, enquanto outros trabalham voluntariamente. 13Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios As organizações sem fins lucrativos oferecem desafios específicos aos gestores: Os problemas de gerenciamento, segundo Cazzolato (2009), envolvem a qualidade e quantidade de pessoas e de recursos menores, além disso, a performance de uma organização com objetivos sociais é difícil de ser mensurada por lidar com questões intangíveis, como mudanças sociais, comportamento e melhoria da qualidade de vida. Outra dificuldade que, segundo Mendonça (2004), chama a atenção é a insatisfação por parte das empresas privadas doadoras, quando se relacionam com organizações do Terceiro Setor, especialmente as ONGs. Ainda existe muito amadorismo na gestão das ONGs, o que pode ameaçar a confiabilidade dos doadores quanto à utilização de recursos. Limitação de recursos Diversidade de demandas sociais e ambientais Crescimento desordenado de organizações não governamentais Demanda por eficácia e por fidelidade a ideais Trabalho voluntário X trabalho remunerado 14Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Encontram-se muitas organizações com estrutura deficitária e sem o adequado planejamento e controle de recursos, ocorrendo casos de desperdício ou mesmo de desvios financeiros que ameaçam gravemente a credibilidade e a reputação destas organizações e põe em questão a própria viabilidade do Terceiro Setor. Muitas vezes, os doadores não dispõem de informações sobre como e onde os recursos doados são aplicados. Quando não se medem os resultados alcançados, isso pode gerar desmotivação por parte do doador — que tende a pensar que sua doação não foi suficiente ou não foi devidamente utilizada. Entretanto, alguns fatores acabaram contribuindo para que as organizações do Terceiro Setor evoluíssem na utilização de mecanismos mais eficientes de gestão para lidarcom estes problemas. Como você pode perceber, o amadorismo na gestão das ONGs é um dos principais desafios a serem enfrentados pelo Terceiro Setor. Ao analisar o histórico de existência das organizações do Terceiro Setor, é possível perceber que elas, inicialmente, possuíam caráter assistencialista, isto é, nasciam de grupos religiosos e atendiam uma pequena parcela da população, com o intuito de ajudar aqueles que viviam em regiões mais próximas. Para responder a necessidades emergenciais, muitas vezes estas organizações não tiveram possibilidades de agir de forma planejada. Porém, com o passar dos anos, estas organizações foram buscando aperfeiçoar sua administração, de modo a captar e utilizar melhor os recursos, oferecendo à sociedade os resultados a que se propõem. 15Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Tendo em vista o volume de recursos que hoje se destina ao terceiro setor e as grandes responsabilidades que este setor vem assumindo perante à sociedade, a necessidade de obter melhores resultados em suas ações se tornou premente (CAMARGO, 2001). Daí o importante apoio que as ferramentas de gestão podem dar a quem está à frente das organizações do Terceiro Setor. Segundo Mendonça (2009), a forma de administração das ONGs também acabou sendo influenciada pela colaboração de agências de cooperação internacional, que aportaram nos países em desenvolvimento trazendo colaboração financeira e também modelos de gestão vindos dos países desenvolvidos. Este tipo de agência fomenta o intercâmbio de experiências bem-sucedidas e de conhecimento científico, tecnológico e cultural, bem como apoio financeiro, mediante a implementação de programas e projetos com organizações de outros países. As agências influenciam no modelo e na cultura organizacional das organizações do Terceiro Setor, em especial as ONGS, ao fazerem uma avaliação das estratégias e dos objetivos dessas organizações no momento de negociar a cooperação. Além de exigirem determinados resultados, exercem uma série de controles para conceder, por exemplo, financiamentos. 16Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Esse quadro ficou ainda mais acentuado a partir do final da década de 80, quando as agências de cooperação começaram a reduzir a liberação de financiamento institucional — que dava à instituição a liberdade de decidir sobre a aplicação dos recursos — e a oferecer o financiamento por projetos, vinculando os gastos a objetivos e metas previamente acertados. Com os projetos e a cobrança das agências por resultados, a cultura pragmática ganha espaço nas ONGs (MENDONÇA, 2009). Neste cenário, cresceu a demanda pela profissionalização das ONGs, fazendo crescer o interesse por profissionais especializados em lugar do militante romântico — cheio de ideais, porém despreparado para gerir e liderar uma organização. Acesse o Recurso Multimídia e conheça algumas agencias de cooperação internacionais. Conteúdo On-line O profissionalismo alterou o perfil da “mão de obra” das ONGs: aos velhos ativistas juntam-se profissionais com experiência de atuação em empresas estatais e privadas. Com o Terceiro Setor em expansão, as ONGs passam a ser vistas não só por sua contribuição social, mas também como um mercado de trabalho promissor. 17Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Alguns fatores importantes que têm levado as organizações do Terceiro Setor a buscarem melhores formas de gestão: Crescem as demandas sociais no país e, consequentemente, aumenta a importância do Terceiro Setor. No contexto internacional, as agências de cooperação colocam novas exigências quanto aos resultados que devem ser obtidos pelas organizações do Terceiro Setor. 4. Estratégias de Gestão para o Terceiro Setor Para que se possa ter uma gestão adequada a este perfil organizacional, é preciso entender, em primeiro lugar, que existe uma grande diferença entre: Empresa privada com fins lucrativos. Organização do Terceiro Setor. Segundo Cazzolato (2009), a primeira visa o lucro e o crescimento no mercado, podendo apresentar novos produtos e/ou serviços, aumentando a necessidade de seus consumidores adquirirem aquilo que produz. 18Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios A organização do Terceiro Setor, por sua vez, busca atender às necessidades da sociedade e não necessariamente de consumidores. Ela visa melhorar as condições de vida, trabalhando em prol da comunidade e não do mercado. Ao contrário das empresas, as organizações do Terceiro Setor lutam para que não precisem mais existir pois, quando isso ocorrer, poderá ser um sinal de melhoria nas condições da sociedade. Porém, quando se diz a palavra gestão, isto significa dispor de uma orientação sobre como serão atingidos os objetivos organizacionais, a partir dos recursos humanos e estruturais que se possui para tal finalidade. Para Tenório (2002), a gestão possui basicamente quatro funções específicas, seja ela voltada para uma empresa ou para uma organização sem fins lucrativos: A primeira função é o planejamento, que envolve determinar os objetivos organizacionais e o modo como eles serão atingidos, em um certo período de tempo. A segunda é a organização, que permite ao gestor atribuir responsabilidades e tarefas aos colaboradores, agrupando pessoas e recursos de acordo com a função de cada um, sempre visando atingir os objetivos determinados no planejamento. A terceira função é a direção, ligada à capacidade do gestor de obter o melhor das pessoas, motivando sua equipe a cumprir suas atividades. A quarta função é o controle, momento em que o gestor compara o resultado obtido àquilo que foi proposto no planejamento, a fim de detectar possíveis erros e corrigi-los. Acesse o Recurso Multimídia e assista ao vídeo e acompanhe os resultados de uma gestão eficaz, eficiente e efetiva. Conteúdo On-line 19Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Para se avaliar o processo administrativo e as funções gerenciais, são necessários três tipos de medidas: eficiência, eficácia e efetividade (TENÓRIO, 2002). • Eficiência é a melhor forma de fazer algo com os recursos disponíveis. Deste modo, o gestor será eficiente na medida em que souber administrar da melhor maneira possível a relação entre os recursos disponíveis e as tarefas a serem realizadas. • Eficácia é fazer o que deve ser feito, isto é, cumprir o objetivo determinado. Está intimamente ligada ao objetivo proposto, independente de como administrou seus recursos. O importante, neste caso, é cumprir a meta, atingir o resultado. • Efetividade é a capacidade de atender às expectativas da sociedade, envolvendo algo mais genérico e abrangente, o que implica o conhecimento real daquilo que a sociedade demanda para atendê-la melhor. Também é importante que o gestor faça análise de ambientes, interno e externo à organização, de modo que possa detectar pontos fortes e pontos fracos, oportunidades e ameaças, respectivamente. Tenório (2002) aponta a necessidade de se definir o planejamento estratégico, seus objetivos, estratégias, programas, projetos e atividades. Essas ações fazem parte do dia a dia da gestão organizacional, inclusive das organizações do Terceiro Setor. Muitas mudanças devem acontecer para que a gestão das organizações do Terceiro Setor se desenvolva de maneira ainda mais eficiente, eficaz e efetiva. O amadorismo e a deficiência nas estruturas administrativas devem ser substituídos por lideranças devidamente preparadas, que tenham conhecimentos de Administração e, com isso, direcionem a organização rumo aos seus objetivos sociais propostos. Importante 20Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios Neste conteúdo tomamos conhecimento de duas importantes leisque definem o marco regulatório do Terceiro Setor: a Lei 9.790/99 e a Lei 13.019/2014. Deste modo, observamos quais organizações podem se qualificar como OSCIPs e quais estão excluídas, quais são os objetivos sociais das OSCIPs e o que significa não possuir finalidade lucrativa. Também observamos as exigências legais colocadas para o relacionamento entre as organizações sem fins lucrativos e a Administração Pública. Acompanhamos os dados que indicam o crescimento do Terceiro Setor no Brasil e no mundo e identificamos os fatores que tornam cada vez mais necessária uma gestão mais bem preparada das organização que nele atuam. Por fim, tratamos das ferramentas de planejamento, organização, direção e controle, que objetivam garantir uma gestão eficiente, eficaz e efetiva das organizações. 21Gestão no Terceiro Setor: Perspectivas e Desafios ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORGANIZAÇÕES NÃO-GOVERNAMENTAIS (abong). (2007). ONGS: repensando suas práticas de gestão. Disponível em: http://www.abong.org. br/download.php?id=30 CAMARGO, M. F. et al. Gestão do Terceiro setor no brasil: estratégias de captação de recursos para organizações sem fins lucrativos. São Paulo: Futura, 2001. CAVALCANTE, Marcio André Lopes. Resumo esquematizado sobre a LEI 13.019/2014. Disponível em: www.apaerj.org.br/arquivo.phtml?a=24996. CAZZOLATO, Nara Katsurayama. As dificuldades de gestão das organizações não- governamentais. Revista da Faculdade de Administração e Economia. V. 1, n.1, 2009. INSTITUTO PROBONO. Manual do terceiro setor. Disponível em: http://www.abong.org. br/final/download/manualdoterceirosetor.pdf MENDONÇA, Patrícia Maria. Desafios e Dilemas das ONGs na Cooperação Internacional: Uma Análise da Realidade Brasileira. Revista Gestão.Org, v.7, n. 1, Jan./ Abril 2009. OBSERVATÓRIO DO TERCEIRO SETOR. http://observatorioterceirosetor.org.br/ Pesquisa fasfil 2010. Fundações e associações privadas sem fins lucrativos no Brasil. IBGE/IPEA, 2012. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/Fundacoes_Privadas_e_ Associacoes/2010/fasfil.pdf TENÓRIO, F. G. (org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.
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