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Antropologia_e_cultura_brasileira_Questionario_unid_I

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Pergunta 1
A escola funcionalista significou o iniciar do processo de ruptura com a teoria evolucionista, superando a ideia de atraso e de barbárie. Inauguram o método da observação participante. Um verdadeiro desencanto dos europeus com sua sociedade. Dentre os antropólogos que contribuíram com estas formulações os principais foram:
	
a. Malinovsky e Radcliffe-Brow.
b. Radcliffe-Brow e os índios tupinambás.
c. Os Índios tupiniquins e os tupinambás.
d. Pero Vaz de Caminha e os índios brasileiros.
e. Malinovsky e Pero Vaz de Caminha.
Resposta: A
Comentário: Bronislaw Malinowski foi o antropólogo que trouxe a grande mudança para a Antropologia. Esse polonês que vivia na Inglaterra inicia uma nova Antropologia, que também é chamada de etnografia – mapeamento de etnias (SANTOS, 2005). A mudança que realizou foi quanto à forma de se fazer a pesquisa, já que esse pesquisador parou de utilizar informações indiretas, aquelas colhidas por viajantes, colonizadores e missionários, e começou a realizar pesquisa de campo, ir até as tribos e conviver com os mesmos para, a partir daí, elaborar suas teorias. Radcliffe-Brown é outro funcionalista que se destacou como defensor desta teoria e dos estudos das sociedades não europeias, através da observação participante. Assim como Malinowski, considerava essas sociedades como totalidades integradas de instituições que têm a função de satisfazer necessidades básicas de alimento, segurança, entre outros. Para Radcliffe-Brown, os evolucionistas não faziam Antropologia, pois se preocupavam apenas com a história como a via explicativa do presente cultural.
Pergunta 2
A partir de 1980, uma nova corrente da antropologia surge, a Antropologia pós-moderna. Aponte abaixo a alternativa que melhor sintetize os elementos que a definem:
	
a. Defende a autoridade etnográfica e o saber cientifico do antropólogo assim como ferramentas indispensáveis para trabalho de campo.
b. Crítica ao texto etnográfico; questiona a autoridade etnográfica; busca novas maneiras de fazer a observação participante; crise com a ciência.
c. Defesa do retorno a antropologia de gabinete e ao relato dos missionários.
d. Parte da concepção de que cada sujeito e instituição possuem uma função fixa e rígida no sistema social, cultural.
e. Defendem o determinismo biológico e geográfico como teorias cientificas na atualidade.
	
Resposta: B
Comentário: Na década de 1980 surge a Antropologia pós-moderna ou crítica, a qual busca politizar a relação entre o observador e o observado, bem como a crítica dos paradigmas (modelos) teóricos. A crítica elaborada por essa Antropologia está na forma como os antropólogos aparecem em suas pesquisas, e a sua relação com aqueles que são observados. Essa forma de fazer Antropologia vai romper com a forma historicamente elaborada, pois vão criticar o positivismo científico, o reducionismo e, conjuntamente, o empirismo. No lugar, propõe uma postura humanista, percebendo o “caráter provisório e parcial de toda análise cultural”. Há uma critica a ciência, sobretudo sua dimensão positivista, cartesiana. Questiona-se a ideia de projeto, de meganarrativa, e propõe a construção do novo, fundado na subjetividade, e no caráter provisório da ciência.
Pergunta 3
Assinale abaixo as principais características da antropologia funcionalista:
	
a. Compreensão da sociedade como sendo um organismo onde cada parte tem sua determinada função; estuda somente as sociedades modernas e evoluídas; reforça o etnocentrismo.
b. Estudos culturalistas focados somente na ideia de raça e no desenvolvimento biológico e genético.
c. Estudos culturalistas que tem como objetivo entender a seleção natural das espécies.
d. Compreensão da sociedade como sendo um organismo onde cada parte tem sua determinada função; iniciou-se com os estudos das sociedades tribais; estudo dos processos de aculturação; combate a concepção evolucionista de “atraso” e “barbárie”.
e. Compreensão da sociedade como uma teia de significados de maneira a secundarizar suas funções especificas.
	
Resposta: D
Comentário: A teoria funcionalista surgiu no século XX como sucessora do evolucionismo, respondendo, em parte, às críticas que surgiam em relação ao eurocentrismo e ao etnocentrismo. De acordo com a concepção funcionalista, cada sociedade deve ser estudada como um organismo constituído por partes interdependentes e complementares, cuja função é satisfazer as necessidades essenciais dos seus integrantes. O funcionalismo parte para elaborar uma análise sem se preocupar com a história, parte para o estudo da sociedade do “outro” sem se preocupar com o passado desta sociedade, pois essas sociedades nem sempre buscavam valorizar o tempo como nós fazemos, de forma linear, histórico, feito de acontecimentos sucessivos para pensar sua própria existência. Os estudos funcionalistas permitiram que sociedades não europeias passassem a ser compreendidas dentro de suas especificidades. As sociedades tribais africanas, australianas e asiáticas passaram a ser entendidas a partir de sua função social. Os funcionalistas, ao utilizarem conceitos como aculturação e choque cultural, deixavam e revelar as desigualdades que existem nesse contato, principalmente quando resultam de uma política colonialista, mas combatem as concepções evolucionistas.
Pergunta 4
Cada vez que somos levados a qualificar uma cultura humana de inerte ou estacionária, devemos, portanto, nos perguntar se este imobilismo aparente não resulta da ignorância que temos de seus interesses verdadeiros, conscientes ou inconscientes, e se, tendo critérios diferentes dos nossos, esta cultura não é, a nosso respeito, vítima da mesma ilusão. LÉVI-STRAUSS, C. Raça e História. In: Antropologia Estrutural Dois, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976, p. 346.
 O fragmento de texto acima foi utilizado por um professor de Antropologia em uma atividade preparatória para uma pesquisa de campo em uma pequena localidade urbana, envolvendo seus alunos, em sua maioria jovens moradores de uma metrópole. A qual objetivo metodológico presente na obra de Lévi-Strauss atende a proposta desse professor?
	
a. Estar atento às diferentes perspectivas presentes em outras sociedades, a fim de melhor classificá-las e compará-las em sua complexidade. Afinal o objetivo destes estudos é encontrar uma escala comparativa.
b. Apurar o olhar para o conhecimento da diferença, compartilhando com o outro suas perspectivas e visões de mundo. O objetivo é a troca de informações.
c. Adotar uma vigilância epistemológica frente ao que, a princípio, pode parecer aos olhos do pesquisador uma sociedade sem história. Entender seus símbolos e estrutura.
d. Perceber que o outro também tem atitudes etnocêntricas frente à sua sociedade, cabendo ao pesquisador resguardar-se em suas relações de campo. De alguma forma reforçar o etnocentrismo.
e. Compreender que, apenas com o estudo prolongado de longas décadas, o antropólogo é capaz de traduzir por completo os códigos culturais.
Resposta: C
Comentário: Com base na escola antropológica de Lévi-Strauss, o estruturalismo, é necessário a decodificação, compreensão dos símbolos e estruturas de uma dada sociedade, localidade, se libertando de preconceitos e posturas etnocêntricas. Por isso a vigilância epistemologia, com a base de produção desse conhecimento.
Pergunta 5
Culturalismo ou antropologia Cultural supera elementos apresentados pelos funcionalistas e traz para a antropologia novas percepções. Assinale abaixo as sentenças corretas:
I. Os culturalistas, assim eram chamados os estudiosos que tinham como foco as diferenças entres os padrões culturais, foram responsáveis por romper de vez com o evolucionismo e com a concepção etnocêntrica de cultura.
II. Ao incorporar a ideia de diversidade cultural auxilia na construção de um novo conceito – o de relativismo cultural.
III. Observação direta do comportamento dos indivíduos.
	
a. Apenas a I e a II estão corretas.
b. Todas as sentençasestão incorretas.
c. Apenas a II está correta.
d. Apenas a III está correta.
e. Todas as sentenças estão corretas.
 Resposta: E
Comentário: A primeira atitude para relativizar é abandonar as certezas etnocêntricas e começar a duvidar e questionar, de forma que, partindo destes questionamentos, encontrar novos sentidos para compreender o outro. O pensamento de Boas vai embasar uma geração de antropólogos, como Gilberto Freyre, na Antropologia brasileira. Além deste, Franz Boas teve três grupos de alunos que acabaram por desenvolver algumas de suas ideias: um grupo que relacionou a personalidade e a cultura; outro que analisou as relações entre a linguagem e a cultura; e o terceiro grupo, que trabalhou a relação entre os ambientes geográfico, ecológico e físico com a cultura. São visões relativistas da cultura, pois, se compararmos ao evolucionismo, suas análises privilegiam elementos do próprio grupo que produz a forma pela qual compreendem sua cultura, o que difere do evolucionismo. Esses grupos são importantes porque eles escaparam do etnocentrismo e partiram para uma análise relativista.
Pergunta 6
Leia as sentenças abaixo:
I. Toda Cultura pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos. No primeiro plano destes sistemas colocam-se a linguagem, as regras matrimoniais, as relações econômicas, a arte, a ciência, a religião (...).
II. A cultura é publica porque o significado o é (...) o ato da piscadela só pode ser entendido se aquele que pisca compreende o conteúdo deste piscar (...).
Assinale a alternativa correta ao relacionar o trecho citado com a escola antropológica:
a. Estruturalista e interpretativa.
b. Interpretativa e funcionalista.
c. Interpretativa e culturalista.
d. Estruturalista e funcionalista.
e. Estruturalista e culturalista.
	
Resposta: A
Comentário: Antropologia estruturalista – No início do século XX, Claude Lévi-Strauss desenvolveu o estruturalismo, um novo método de investigação e interpretação antropológico influenciado pelas teorias da Linguística, que parte do princípio de que se faz necessário uma análise da estrutura, entendendo-a como um sistema simbólico, isto é, uma elaboração teórica capaz de dar sentido aos dados da realidade. Busca das regras estruturantes das culturas presentes na mente humana. Estudam: Teoria do parentesco/Lógica do mito/Classificação primitiva. Distinguem a natureza da cultura.
Antropologia Interpretativa - Um representante importante na linha da antropologia interpretativa é Clifford Geertz. Geertz sustenta que o conceito de cultura é semiótico, isto é, o homem vive em um emaranhado de significados que ele mesmo criou. Desta forma, a análise do emaranhado deve ser realizada pela ciência Antropologia, isto é, uma ciência interpretativa que busca os significados e não uma ciência experimental, ou seja, que tem como objetivo buscar leis gerais. Desta forma, Geertz, em suas pesquisas, buscou identificar como as pessoas de determinada cultura se definem, analisando as formas simbólicas pelas quais se expressam (palavras, rituais, costumes, comportamentos etc.). Trata-se da tarefa de interpretar os símbolos, que por sua vez são públicos, já que seu significado também o é.
Pergunta 7
O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão. As autodeterminações de diferentes grupos refletem este ponto de vista. Os Cheyene, índios das planícies norteamericanas, se autodenominavam ‘os entes humanos’; os Akuáwa, grupo Tupi do Sul do Pará, consideram-se ‘os homens’; da mesma forma que os Navajo se intitulam ‘o povo’. [...] É comum assim a crença no povo eleito, predestinado por seres sobrenaturais para ser superior aos demais. Tais crenças contêm o germe do racismo, da intolerância, e, frequentemente, são utilizadas para justificar a violência praticada contra os outros” LARAIA, Roque de B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Zahar, 2003). Assinale abaixo a alternativa que melhor explique o sentido do texto acima:
	
a. O preconceito direcionado a outras culturas é característica de sociedades ágrafas, não sendo verificado em organizações sociais complexas.
b. O etnocentrismo frequentemente se manifesta pela crença numa predestinação baseada em argumentos religiosos.
c. A autodeterminação de um povo como centro da humanidade é uma estratégia consciente de afirmação de sua identidade diante da opressão exercida por outros povos; portanto, não está associada ao racismo e à intolerância.
d. As crenças de um povo sobre a sua própria superioridade acarretam sentimento de solidariedade que se manifestam pelo estabelecimento de relações de amizade e cooperação mútua com outros povos.
e. Ao se definirem como “os homens”, os Akuáwa excluem da humanidade todos aqueles que não fazem parte do seu grupo, o que pode engendrar práticas violentas contra esses outros.
	
Resposta: E
Comentário: A alternativa é revela a pratica do etnocentrismo, pois ao declara que uma cultura ou ainda, etnia, é o critério de verdade, de humanidade e, portanto, de cultura, exclui-se o outro, ou melhor, a outra cultura como humana. Trata-se de negar a diversidade e o exercício da alteridade, que consiste em reconhecer a diferença sem hierarquiza-la.
Pergunta 8
Os estudos “culturalistas” como alguns convencionaram chamar fazem parte da Antropologia Cultural, ou ainda Culturalismo. Margaret Mead, uma das mais importantes antropólogas relatou as relações sexuais e amorosas entre as mulheres inglesas e os soldados americanos durante a última guerra mundial. Sem deixar de lado a etnografia, incorporou nos estudos culturais o método,
	
a. Avaliativo. Avaliava o melhor e o comportamento mais coerente e correto.
b. Comparativo. Comparou os padrões de comportamento e personalidade entre os dois grupos: Mulheres inglesas e soldados americanos.
c. Avaliativo. Identificava a forma que cada grupo social valora as ações do outro.
d. Descritivo. Descreve as culturas.
e. Descritivo-avaliativo. Relata de maneira rigorosa e interpretativa, não apenas descrevendo, mas também avaliando.
	
Resposta: B
Comentário: Surge, no início do século XX, a chamada Antropologia cultural, que substituiu a visão de que as diferenças biológicas determinariam as diferenças culturais. Ao fazer críticas à ideia da evolução cultural, os estudiosos passaram a defender que cada sociedade teria sua história e seu valor particular. Nesse sentido, a cultura e a história, e não mais a “raça”, seriam a causa das diferenças entre as populações. Destacam-se alguns antropólogos culturalistas, como Franz Boas, Margareth Mead e Ruth Benedict, que acreditavam que a sociedade humana tem como características componentes inatos e componentes aprendidos e transmitidos. Através do método comparativo, buscam leis no desenvolvimento das culturas. Relação entre cultura e personalidade. Temas e conceitos: ênfase na construção e identificação de padrões.
Pergunta 9
Quando a etnografia surge no final do século XIX, inaugura uma nova fase nos estudos antropológicos sobre cultura. Contudo, os primeiros relatos etnográficos são datados anteriormente ao século XIX. Qual o objetivo inicial e quem os realizavam? Assinale abaixo a alternativa que melhor responde esta pergunta:
	
a. A etnografia é encontrada inicialmente nos relatos de viagens, e desde o início só foi produzida, única e exclusivamente, pelos cientistas sociais
b. A etnografia é a classificação social. Dividindo-as entre bárbaras e civilizadas
c. A etnografia é o método encontrado entre os índios brasileiros para organizar sua vida em sociedade
d. A etnografia é encontrada inicialmente nos relatos de viagens, o objetivo era descrever os povos “exóticos” e eram eitos por missionários, comerciantes, exploradores, militares, dentre outros.
e. A etnografia foi usada para justificar a colonização e o etnocídio e atualmenteé utilizada como uma arma contra o terror, os terroristas.
Resposta: D
Comentário: A formação de uma literatura “etnográfica” sobre a diversidade cultural foi produzida entre os séculos XVI-XIX, através de relatos de viagens (cartas, diários, relatórios etc.) feitos por missionários, viajantes, comerciantes, exploradores, militares, administradores coloniais etc. Descrições das terras (fauna, flora, topografia) e dos povos “descobertos” (hábitos e crenças). Primeiros relatos sobre a alteridade. Este foi o período da antropologia de gabinete, onde os antropólogos analisavam o relato produzidos por outros. O primeiro registro etnográfico do Brasil se deu através de Pero Vaz de Caminha - “Carta do descobrimento do Brasil” – séc. XVI.
Pergunta 10
 “Consideramos agora os comportamentos adotados para penetrar nos edifícios religiosos. Na Europa, ao penetrar numa igreja, observamos que os fiéis tiram os chapéus e permanecem com os sapatos. Inversamente, em uma mesquita, os mulçumanos tiram os sapatos e permanecem com o chapéu” Laplantine, François (2003). A citação de Laplantine exemplifica o conceito de:
	
a. Relativismo cultural.
b. Aculturação.
c. Etnocentrismo.
d. Evolucionismo.
e. Funcionalismo.
Resposta: A
Comentário: Para relativizar, é necessário deixar de lado todos os meus valores e procurar conhecer o outro, da maneira como ele expressa e experimenta sua vida. Eu não posso falar de como o outro se comporta, pensa e sente. É necessário saber como o outro pensa e sente o seu mundo por meio de seus valores e de seu conhecimento. Não podemos explicar o outro pelo nosso mundo, nossos valores e nossos conhecimentos. A primeira atitude para relativizar é abandonar as certezas etnocêntricas e começar a duvidar e questionar, de forma que, partindo destes questionamentos, encontrar novos sentidos para compreender o outro. O relativismo aceita a diferença cultural e este é um pensamento revolucionário. No entanto, será mais complicado entender as culturas, os povos, já que agora não se tem mais um tipo de explicação, uma só cultura, mas diversas, o que contraria o pensamento evolucionista.

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