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Rumo ao paraíso

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Prévia do material em texto

" .. 
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,RUMO AO PARAÍso 
. . 
. . -
. A IDst6ria do Movimento Ambientalista -
. . 
. LM COPI.ADORA 
., OR I OtNA L D A PASTA 
P R o i'" 1)JIkl~ 
I"!C> DE CÓP!AS =:5 
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in-\-A-O~ avif"lM{jdUt~. 
~~l!.&. 
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'I. ' ., . 
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~'- .. -
• 
Sumário 
Prefácio à edição brasileira! Carlos Mine 1 
Acrônimos e Abreviaturas ' 11 , 
Iotrodução . 15 ' 
I 
UM As Raízes do Amblr;nlaUsmo 21 , 
DOIS Proteção, CO!1Senlição e ali N.ç~ UJ1.ldas (U45-1961) 43 , 
TI\5 A RevoJ!lção Amblen~t '(~2-1970) 63 
QUA'IRO O!j Profetas do Apocalipse (1968-1972) 81 ' 
CINCO A Co~r~lncla de Estocolmo (197()"~71) 97 _, 
seis O Programa Ambleutal ~ Naçoo UnJdu. (1972-12&2) 113 , 
Sim! O Norte: PolUlca.eAUvlsmo (19.69-1980) J19 
OITO O Sul: Melo Am~Ir.nt.: e D~Cnvl;lh1.~eDto (1972-198;) 151 
NOVE O Melo Ambiente ~Iobal 171 
CONCLUSÃO Rum o ao Século Vinte e Um 191 
Notas Bibliográficas 199 
APSNDIca Enquanto isso, na terra do pau-brulJ_1 AJjredo Si~ " 215 
H30 U d l 
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I 
I 
I 
\ 
: ' 
Prefácio à edição brasileira 
CdrÚJsMinc 
Ecologia viro~ moda? As empresas aprend~am a r~Peitar o ''yerde''? Am~ifi~~o 
dd écologisino pela mIdia tem como .mjcit~ oculto desviar os movimentos de suas ~ivin­
dii::8.ções por justiça c igualdade? A industrialização da ecologia t a nova frontc9-a de 
grBllde:;; investimcntôs e lucros? Os ecologistas estão mais preocupados.com mares e 
bll~ias que comhomeos'c mulheres? . j 
'Nós, "ecologistas veteran!15, fi~os comovidos com a "dpida, profunda.e ~e.sin- . 
tercssada adesã,o" de uma grande quantidade de empre&áribs, bànqueiros c gove~~tes­
àsgtandes causas 'e bandeiras da ecologia. Parece que todoa agora são eoologistas t1csdo 
a Iha.is t~nra idade. A defesa daa naçãesindfgenM, a dCÍC&a dos mares, a prevenção ~ntra 
as ,alterações, Qimáticas do globo e a manutenção da bi~rnidadc ajudam, Da 'f.V. a -
Ye~der refrigerantes, cigarros, calçasjelllf:f e emprepndimcntos imobiliáriol!l. I 
Ó desconhecimento das baseJl fUQ.!i6ficas ç;; hi.stõricas do moviincnto eCológico pqrmite 
que muitas pesSoas se considercm'ambicntalistas porque não comem· carne, não jogam 
papel no chão ou amda porque são .cavoráveis 110 controle 'da natalidade ' I 
A instituição da cidadania ,civil coosagtou, DO fim. do stculo xvm. as liberdades 
indMdwtis - como 3.'1 liberdades de expressão, de pensamento' e de credo teli~o. A 
cidadania polftica t ampliada apeDas DO stcu10 XIX, com a 'extensão do dircito.do tato c. 
da participação dos cidadão.s no cxcrdcio do poder polftico. A base da cidadania s.qcial e 
ecbnômica 6 consagrada no .século xx. com o recoQhcrimonto do direito uhivc)'sal à 
, edjleação, àsa6dc, à terra, ao·salário digno. Albe[t Hin:~nota o CSJlIl9J de um q~ci1lo 
entr!: cada uina déss3.'l grandes dimensões· da cidadania COI!.quis~~as-e anã1isa .ÇQmO o 
pClUamento rcacionário fustiga OIS. conccitQs c as polfticas' que as moqrporam, d~qua­
lificándo liobrctudo as medidas quc :vis!~m.a.ssegurar a cidadania-social c cconÔ!DiCl;l. 
O século XXI" deverá COns;'lgrar a cidadania. ccol.ógica,. o direitó ao sol, ao aI' p~o~ à . 
qualiçlade de vida, ao alimento saudável, ao ambiente de trabalho .dcspol~do •. Os qu.c hoje 
se .recusam aaprcscntar.rcIatórios de impactos ambientai5 eJ;1l .audi~ncias ,p6blil:a!i ou a 
~dDta':rem tecnologias limpas cumprem Q-lU.esmo papel,daqueles que~ega,v~ o dir~ito de. 
voto às ~uJhercs ou lutavam contra ajotnada dc-trabalho de oito ho~. 
,~idadania ecológica supõe ~ovimento e consci!ncia ccoUigic.a. ~.bases constitutivas 
~o pensamento ecológico são m1iltiplas e antiga$. Ganharam. CQDSi.!~nqa com o .qonhc-
- cimentú cicnUfico adqWrido no s6cu!o'.pwa,dQ-liobro.ll1 formas :~c vida C 05' C9mp.lçx~s 
equilibrios dos ei:Ossistemas •. Nutrinm-se das Jutas. CII). defes;,,~ da.!! florestas c. ammms 
ánieaçados, durante, a primeira metade des~e s~o,.e.ineorpofaram li\u:es~ivameDte' 
outras dimeosões fundamentais: aluta pela paz, contra a contaminação dos alimentos, pela 
vida saudável. contra o risco nuclQaf, pela dcapoluição ,das.cidad!:-S, contra n gigap,tismo 
das conccntrações índustrià.is-, peJu.libcrdadC3 fund~eDIii15. por novos dÍ!eitp~ de cida-
dania, pelas tecnologias pmP:j.a, CQotra a fome ~ , o.s deseqqillbrios, .pelo ~e.sen~olviroen[o 
sustentado. . 
.,. 
,. 
, , 
\ 
B • RUMO AO PARAfso 
A história da co nstiluiçáo dessa consciência 'a~bientalisla global ainda, não bavia si~o 
contada, e por isso, saudamos o esforço de John McConruck, fruto de uma pesqUIsa 
uist6rica e de sua própria experiêDcia militante. . ' . . 
Ao computarmos os milhões de associados e conlribllintes da Grccnpeace, da Fnends 
oftbe Earth, da WWF, da IUCN c dezenas de Dulras organizações eCOlógicas de grande 
porte chegamos à conclusão de qU,e se tr~ta d.o mai~ amplo movime~to de ci~adãos q~e .j â 
houve. Um movimento dessa amplitude éobngatonamente helero&.enco, abngando diver-
5idades id eológicas, regionais, temáticas e lambêm no tocante a suas estra~~gias e formas 
~~ . . .. . 
A riqueza maior da consciência 'eco I6gi~ global, apreeQdida por ro~ McCormtc~ 
reside na muJtiplicidade de suas fonles conslttuLivas. Alguém poderá Que&tionar: afinal, o 
que há em eomum entre um membro de \lIll dub.e de observadores de pássaros e um 
nutricionista preocupado com as doenças decorrentes da. má alimentação? Entre UIÍl 
adepto da antipsiquiatria e um físi!X' especialista em energiafiolár? Entre uma associaçãb 
de bairro que combate os espigões e-luta por mais áreas verdes e os a~eptot de ·Gan~, 
da não-violência 7 Entre os defcnsorcB das baleias e espécies ameaçadas de extinção e o's 
remanescenLcs dos movimentos ~tudantis e alternativos de 19687 . . 1 
Para responder a tais questões t necessário coDhecer a história do pensamento ccolq-
gista, 05 i.deais dÇls Fundadores e dirigeotes das prlncip,m otg~çóes ambienta1..istas, f 
de que rorma, pauJatinameote, os governantes e empres4r1os. foram obrigados a mudaf, 
e.m parte, seus discursos, e alguns até seus procedimento!i·o suas decisões econômicas. I 
A ecologia não é uma invenção da mídia. Isto é óbvio, mas precisa ser lielllp(f: 
expl.lcit.ado. A mídia se preocupa cra>ccntclllente - muitaS vel.C& de forma·lieDSacioDalis~a 
. - . çam o meio ambiente porque milhões de pe.s.s'oas em todo o ml.J.Ddo começaram ~ 
dedicar uma parle de seus esforços e desua imaginação criadora para·defcnder 'a vida no 
planeta e, em fieu âmbito, a vida digna para cada um de seus babitantes. . J 
Quando começamos o movimento ecol6gicO no Rio dç Jaoeiro, DO final da d6cBda de 
1970, éramos considerados exóticos e visionários. Falávamos de ciclovias, táxis c ônjbus 
movidos a gás natural, em reciclagem de materiais, contra os riscos do nuclear, em 
agricultura orgAnica. em manejo ecológico dÍls florestas, . • 
Mais tarde ganhamos força e nos. aliamos a outros movimeotouociais, como Q'~QS 
seringueiros de Chico M:endes, O dos pescadores, o da GásCoop - cooperativa dos tbi:; 
lQovidos a gás natural: CÓDseguimos ·vitórias na j\lStiça contra os grandC;i .poluidorcS, 
fechamos a usina nuclear por 85 dias, impc.dlmos a entrada ~o me~ol no Riô,junto com 
06 estivadOfCli e portuãrirn; devolvemos para aBélgica um navio com Um químico. Aí tudo . 
mudou: para os setores mais eonservadores, paslõámOS a ,er os inirnigOG do PE:ogresso, ÔS 
cxjbicioa.istas, os aoticieo~cos. Começamos a contrariar grandel: mterwCs e deixamQs 
de ser as. peças curiosas da: exposição. . 1 
Os sindicatos noS reconheceram e entramos em dezeoaS de emprcsILS paia combater 
as tecnologias sujas, relacionando .ecologia, tecooloID8 e saúde do trabii1bador. Os &wd1· 
catos começaram a elaborar mapas de risco ambiental e incoq,orar demandas ecológicas 
nos contratos coletivos de lrabalhb, As usociaçõeule hait:ro se converteram em da[eu· 
,SOTas das encostas, da qualidade do ar, dasáreas:Yerd~ dos quarteir-ãos,-da quálidade dru; 
pra.ias. Centenas de táxis passaram a· fodar t:om gis naturâl, as ciclovias saíram das. 
pranchetas e começaram 8 enfrentar as resistBncias dos adoradores de automóveis. O 
jatcameoto de areia foi proibido OOS.el:ô talcir05 e vários parques ecológicos foí!.III criados 
Da Mata Atlântica, . 
E no entanto o lixo qu.ím..ico 6 çnterrado na Baixada Fluw..inencse sdb as moradia6 dos 
bairros populares, o esgoto praticamente não é tratado, o cólera ·é um perigo concreto, 
milhares de agricultoreli se inloxicam com agrotóxicos. A maior parte das leis .ambientais 
Dão é cumprida; o consumismo e O desperdício, outra race da pefVersa concentração· de 
"1. -
. 
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_ I"'~_"~'" .... .1;' ........... U ." .......... w Ul:I, U)Ii;'l,;lpnCl i:\. (..\.U'oJg!t.::a. t.:ompaJados à UI t.cllpcace, S!.!lb doi;; 
milhões de contribuintes, seus 12 navios. beliçeSptcros,lnstitutru de Pesquisa, publica.çôe!i 
como os Relatórios Netuno (que fazem o. levanlameoto de tÕdos os 1650 acidentes 
. envolvendo embarcações oucleares e as caracterúticas e localização das 16 mil ogivas 
oucleares que circulam nos mares), vcD;1os como estamos ainda Da idade da pedra. 
Para aVélJJçatlllos lcmos de conhecer c divulgar o pensamento c a organização dos 
movimentos am.bientalistas mais antigos e consistentes. Cidadania ecol6gica se constrói 
COm educação ambientaI, teoria. reflexão e prática Sistemática do mm1.mcntd ambien· 
talista em conjunto com os diversos movimentos sociais c populares. A ecologia virou 
moda? :Esperamos que sim. Uma moda saudável que contagia a juventude e as pessoas 
.sensfveis: lutar por DOVOS direitos, pela bõerdade e.pela vida DO planeta. 
~ .. 
. ~ 
;.:.:..:,; 
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• 
i p,-_. 
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" 
Introdução 
. . . ; 
D e todas as revoluções conceituais do século XX; poucas forjaram tlllla mudanJ. tãQ 
universal e fundamental DOS valores humanos quanto a revolução ambientalista. GetadÓ'·· 
pelos .amantes da n~tur~ ~ fiJan(ropo~ vito~anos. nutrido por n~~alistas. amado!es e 
planeJadore.s profisslDDa1S, e fiualmente mscndo na agendadas políticas p·úblicas por~a 
DOV:'- se.ração r~lde e i~~~2_ .. ~:mb.i.~~,::,~i~m'L.Y!tr.~p.~.!l .~ _~ ~gi2s~, 
n~C?2~ ~o~~.~.para ~~.s!D gu~ tod~.~.2!~~_rg,!~. Gan60u dciCnas 
de iii1hlieS de adeptos, alou novos órgãos dCleglSlação, engendrou novos partidos 
"polIticos, encorajou uma reavaliação das prioridades tconOmicas c tornou~se te~ de 
polfticas internas c rehçóes internacionais. Acima de tudo, mudou noSsas perccp~4s do. 
mundo DO qual viv:emos. ~ressuposições de séculos foram subvertidas e·m não m~ que 
poucas décadas. Pela primeira vez a humanidade foi despertada para a verdade básiça de 
que a na~eza é finita e ·que o uso equivOcado da· biosfera" ameaça, em ú1ri;ma análÍse, a 
própria existência humana. . ç 
A mudanÇã. teve maturação lenta: ~1?9.r.3,. os..mQYimÇ!l~~~.~i,e.~.t.".'lst~ !!.a!efu. .do 
pós-guerra. a dcs"truição ambiental tem uma.longa linhagem. Há cerca de 3~700 anCfs, as 
cidades sWiiérias foram. abandonadas quando as terras irrigadas que haviam. prodUziÇlo os 
primC;iros excedentes agrícolas do mundo começaram a tomar-se cada vezmais salini:{adas 
e aJagaruças.1 Há q~ase 2400 anos Platão deplorava o desmatamento' e a erosão dq solo 
provocada nas colinas da Ática pelo excesso de pastagem ·c pelo corte de árvores,para 
lenha.1 Na Roma do stculo I. Columela e p.línio, o Velho, advertiram que o gerencanlento . 
medíocrc dos recursos amea~va produzir quebras de safras e ·erosão do solo.' ~or .volta 
do século Vllo complexo sistema de irrigação d"Meso~a, construIdo400 anos~tesr 
começava'" sucumbir sob o peso da má .administraçã(JNa mesma época o cr~chJ!ent9 
populacipnal plantava as . ~ementes do col.ap$.o . d" .ciyilização .maia no século ~' A 
construção de embarcações para a fiota do Império BizantinO; Veneza, Gêuova e oJltros 
estados marítimos italianos .reduziu as florestas costeiras do Mediterrâneo.' A poluição 
do arpela queima de carvão alligia tanto aInglatem medieval que em 1661 o Plemori,uista 
e naturalista John Evelyn deplorava a "Nuvem lúgubre e Infernal" que fez a Cidade de 
Londres parecer.-se com "a Corte de Vulcano ... ou os Subúrbios do Inferno; [ao invéS1 de 
wna Assembléia de Criaturas Racionais.»1 . . . 
Apesar dessas advertências préVias bouve pouco sentimento de alarme ou interesse att 
bem depois da Revolução Industrial. A mudança mais ampla nas atitudes humanas 
começou com a era das descobertas científicas, quando os sinais de deterioração tor-
naram-se evidentes mais pessoas, e não apenas. uns observ~dores 
perSpicazes da a;;~~:::~~n~~~~~ As raízes de . 
ser· çiiscernidas p 
protecionistas criados ;.~a~:::~~~ 
um movimento bipartido de p; 
recursos naturais começou a emergir na 
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de 
pítblico para 
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16 O) RUMO AO PAWSO 
OS primeiros movimentos era pequena, mas, à Illedida que a ciência revelava mais sobre a 
estrutur:.. da natureza, e as pessoas ganhavam mais mobilidade c passavam a olhar para 
além de sua vizinhança imediata, 0 . movimento cresceu e se disseminou. Contudo, a 
:::. verdadeira revolução ambiental só ~coriteceu d.epois de 1945, coin o período de maiores 
mudanças se verificando a partu- de 1962. . . . 
" Em 1863, a Grã-Bretanha aprovou a primeira lei de amplo espectro contra a polwção 
do ar DO mundo e criou o primeiro órgão de cont role da polllição. Até 1971 existiam 
someote 12 órgãos ambientais naciooais no muo.doj hoje bã mais de 140. . 
o' O primeiro grupo arobientalista privado do mundo (Commons', Foot-paths, and Opco 
Spaces Preservation Society) Coi fundado na G rã-Bretanha em 1865; boje o mundo conta 
com mais de 15 mil des.ses grupos, um terço dos quais fundados depois de 1972 . 
• O primeiro acordo inte rnaeional sobre meio ambiente foi assinado em 1886; .boje isão 
mais de 250, três quartos dos quais assinados ap6s 1960. . . 
. , 
o Em 19n as Nações Unidas criaram um novo programa ambicntal; já em 1980, qJ ase 
todas as organizaçóes internacionais mais importantes - desde o Banco Mundial rllé a-
Comunidade Européia e a Organização para o Desenvolvimento e CooperaçãQ-Efo-
nôllÜca - haviam tornado posições relativas às políticas de meio ambiente. i 
• Ainda insatisfeitos com a resposta política, novos partidos verdes surgiram para desabar 
a velba ordem. O primeiro foi fundado em 1972, na Nova Zcl.â:ndia; em 1988 h;via 
partidos verdes atuanteS em 14 países - oito deles e legeram membros para s,uas 
assembléias nacionais e 11 membros verdes têm assento no Parl.amento Europeu.2ara 
muitos, a politica verde oferece uma alternativa nova e poderosa para as inconsistêndas 
c insuficiências do tradicional eixo esquer~a/direita. . ~ 
Nem todos os grupos privados foram efetivos, poucos dos órgãos nâcionais tam pÓdqes 
adequados ou responsabilidades lógicas, muitas das leis permanecem. ainda inadequadas 
ou ignoradas, muito poucos pronunciamentos pqJfLicos contêm mais do que declarações 
bombásticas, e os partidos verdes (mas não suas filosofias) podem, em úl~a. análise; se 
revelar fenômenos efêmeros. Entretanto não há como negar a emergência de um movimen-
to global substaocial. Somente nos Estados Unidos 17 milhões de indivíduos descrevem a 
si mesmos como "ambientalmcnte ativos'" e ~~%_.da população reivindica apoio para-es . 
objetivos do movUnento.s Três milhões de britânicos são membros de grupos ambieBJ:~,.a.-
fazeodo do movimento o maior de sua história. ' . 
O ambicntalismo gerou sem dúvida uma revolução conceitual de proporções copÚ:' . 
ruC25. Isso torna ainda mais surpreendente o fato de que pouco se tenha escrito sobre a 
bistória do movimento. É verdade que a produção iotelectual americana c européia 
aumentou muito rapidamente nos últimos dez anos,l' mas somenteuma pequena parcela 
da' mesma vai além de movimentos nacionais limitados, sendo exceções notávcis ·os 
trabã.lbos de Max NicholsoD e Lynton Ca.ldweU.11 No entanto é dificil - e mesmo artificial 
- avaliar o ambientafumo exdusivamente em termos de movimentos nacinnais isolados. 
Fazê-lo pode levar a concepções equivocadas. . 
Há, por exemplo, a afirmação de que ~Di~oi uma das maiores contribuiçóes 
da América para os movimentos reformistàs munã1ai5é que suas idéias acabaram por ser 
exportadas para outras .oaçóes.u Na verdade o oonservaciooislJlo americano foi inuito 
jn(]uenciado pelas técnicas alemãs de manejo florestal e a conservação era'praticada em 
algumas partes da Europa - e até na África do Sul e na Índia - antes de surgir nos Estados 
Unidos. 
." 
,. 
.. 
\ 
.' 
Existe a sugestão de que os parques nacionais sâo uma "invenção" americanaP O 
p'rimeiro parque nacional do mundo foi, 6, verdade, YeUowstone, e o conceito foi se.m 
dÚ'rida criado por George Catli., por vo!ta de 1830; mas Wordswõith Iiaviaescnlodezanos 
antes sobre suas esperanças de que Q Distrito dos Lagos inglês fosse encarado como "uma 
esptcie de propriedade nacional na "qual tem direito e interesse cada homem que tem um 
olho para perceber e um. coração para desfrutar".\4 . 
Existe a cr~nça equivocada de que muitos temas c problemas recentes são Unoyo~l'. A 
poluição ácida, por exemplo, 6, frequentemente reqatada como uma questão dos anos. 80. 
Todavia sua existência era suspcitadajá no stcuIo xvn. sendo con.f4mada na dtcacJP: de 
1850.-Muitos dos debates sobre população dos anos 60 simplesmente ccoavaJD ThQijIas 
Malthus (1766-1834), que comparou'o crescimento exponencial dos números da Wpu. 
lação humana ao crc:;;cim.ento :uitm6tico da produçáo de alimentos - e atê mesmo elp foi 
precedido por sir William Petty.LS A id6ia de. que o modo de vida industrial. era ú:\sus· 
tentável, esboçada em 1m emA Blueprint for Survíval,.havia sido explorada pelo mç:n~ . 
já em 1899, pelo geógrafo Peter Kropotldn.l ' ·i .,> 
Ta)s mitos e concepções- eITôn~ pode~ derivar, ao J;IIenos e~ parte,. da fal41 ~e 
definições claras ou· consistentes da·oat"lif'-...ia" e parâmetros do ambieutalis.mo. Tra~tse-á 
. -, dej,prunQ!!.o de vid~ um estado de espCrito, ~ . .IJ;!.ll.ªºtud~I.açã-!l.Uodedade oUjUJna 
~oso6a po~tica?~alv.ez seja ~.do iss,?, ou sODl~~te 'p~e dessas.~~as:ToTque ~gJfIDa,s ~ 
vezes o ambu::ntaliSmo é também chamado (co~ente) de mOVUDento."ecoI6gJC:q" ou 
"conservacionista'~? Como a "proteçáo" dif~re qa ·.·pres~n:açáo"? Como a "cons.c:~o" 
se diferencia do "desenvoIviDiento sustentado'!.? O que d .~de&envolvimento susteotaao"? 
Será a ecÕ1!lgia' uma c?ênci.Çuâlá'fiiôSôfià,'ü'riiã'(ióü~ polftica ou'to~ ãSliêS? ! 
Aqueles que procuram por uma definição eficiente do ambientalismo pode.t;iam fazer 
p.ior do que se reportar a Reger Scruton. qu~ o define como "interesse pelo ambi~te ... 
quando elcVildo à atividade poütica".n Mas o movimento ambientalista vai. al6m disso. 
Poucos "mo~eotos" reformistas foram. bODlogeneos'pOrq1!e'po~~ 4entre os piobIFmas 
liociais têm reSpOstas simples ou uoiversais. O ambielJ.talismo não .éuma-éxccÇão. Assim 
comtl o movimeoto pelos direitos civis 6 fundamentalmente voltado à igualdade raqi~ o 
mpvimento ambicntalista f funda{neatalmente relacionad.p com a.proteçã9 e ad#nis-
tração do meio ambiente natur~ ehumano. Mas, assim çomo as filosofias dos direit9~ civis 
se eStenderam da não-violência de Martin Luther King ao bladc power inl:ran!i!geute de 
MalcOm X ou dos Blaá Panthers, ~ÍDl tamb6m os grupos ambientalistas tém ideolpgias, 
objetivos e mftodos dessemelhantes. · ; 
Em 1970 a revista N~ Republic foi inf]uenda~ a descrever o moyÍmento ambientalista 
. americano como "o maior sortimento de aliados mal entrosados desde as .c~4as - . 
jovens e velhos, radicai,; de esquerda e de direita" liberais e q?!JServadQ~es, buman.i;>tas .e ~. 
cientistas, ateus e teístas".I ' Em seu çstudo sobre !l ambientali.sr;no ~~ricano, J~eph· 
PetuDa identilica .três ~adiçõcs prinçipais: a biocêntrica (nab:Ir~ e~ s, el. paralsí). a 
ecológica (baseada numa compceensão eientí6ca da iJ;Itec-relação e inlenlçpen~ência 
entre as partes das comunidades Ila.tw.:ai$) c a econômica (a utilização o~d.a dos 
rcqusos Da~.· de outro mod~ apres~Dtad.a çomo p ellÍoque utilitár!-.~ ,~o CQl1lõerva-
cioD;i.smo). O autór alinha uma s6rie de a.s:gumep.tos~~relltes (~preservação.dal1;ltureza 
à ecologia hw:paDa·e à.fUosofiaanticrcsciineoto) e ,umll .~çdadC: de çmbas~.entqs. 6ô~s. 
desde a tradição puritana (o desperdício é o ma]) at6 a riqueza. e a 6tica einpresaria1.1J 
. Aliado a isso" há o cisma entre a "dttp tcofÇJKY" e a "shaJfqw tcology"~; a p'rimeir~ vê o 
.homem como Uma parte da Datur~· e subord~a as considera~eco~õ~cas às ecoló-
gicas;:a liegunda 6 descartada pelos ecologistas "tkql' como uma crença de que o hQmem 
é liep3!ado da ri~tur~, e ~i1Sidçra as m"cd.idàs de proteção- somente · Í;'~av6s de sua 
• Liter.dmenic, ceologia ''profunda'' c ecOlogia Mrasa~ ou Mlllperlic:ial".~. doT.) 
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18 (I RUMO AO PARA.!SO 
utilidade para os interesses humanos~, por seu turno, observa a evolução 
divergente d~ P.9iS ~emas ideológicos: Ó\ccocêntr@ilqueacreditaem ordem na.t~aJ e leis 
naturais) e hJccÕocê"ntnCo-~guc acredita que o bomem 6 capaz de cómpreender c 
controlar os acoÕiecim---enrnspara servirem a seus objctivos).zo . 
Considerada num nível global, a diversi~adc de filosolJas. táticas e objetivos é ampli-
ficada. As questões abrangem desde a proteção de orquJ'deas até a de baleias, da eretiva 
destruição das wetlallds· aos perigos te6ricos'do inverno nuclear, dos efeitos da afluência 
aos da pobreza. Os grupos ambientalistas abrangem desde organizações de vários tnilhões 
de membros, operando a partir de escritórios de planejamento em Washington, Londres 
ou ,Genebra, até associações de aldci~ no Himalaia IUUlDdo para salvar" seu modo de vida 
próprio. As tãticas abrangem desde à prática cuidadosa e continuada de lobby junlb a 
legislaturas nacionais até a confrontação ocasionalmente violenta em alto-mar. As filoso-
fias se estendem desde a acomodação entre as necessidades de dcscnvolvimento e.lde : '. 
crescimento econômico até a defesa do aoticrescimento mais intransigente. Dominando , . 
tudo isso está a questão de saber se o meio ambiente é um assunto polílico; econômieo ·~u 
cien tífico, ou todos os três. , 
Este é o "movimento ambientalista". Quaisquer que liejam as filosofias ou os mét~os 
das partes, o objetivo último do todo é a manuteoção da qualida~e do.meio ambie~le 
bumano.Rumo aoPara[so se propõe a remediar algumas das mwtas conccpçóeserrôD1as 
sobre esse complexo movimento e a proporcionar a primeira história do ari:Jbientaliszpo 
como fenômeno 6ocial, econômico e polItico global. Trata-5C- de um estudo de como e ~or 
que o estado e a condição dó meio ambiente foram tJ:an.sformados de um tema privado em 
tema público. O vefculo ativo dessa transr~rmação foi um movimento de massa popuUu. 
"À meruda que as preocupaçóes pnvadasse tornavam públicas os esforços dessemovim~n­
to sc refletiam crescentemente na legislação, na poUtica pública, na criação e operaçáo~e 
organismos ambientais públicos, e nas mudanças dos valores sociais, econômicos e poli.ti-
coso Esse processo ainda não acabou. Ainda que Rumo ao Paralso sc apóie fortemente ~as 
experiências britânica e americana, seu argumento central 6 (, de que o ambientalis~o 
deve ser visto não como uma série de movimeotos nacionais separados, mas como pafte 
de lima mudança mais ampla e de prazo mais IOlÍgo nas 8.titud~ humanas. Someote d~e 
modo o mesmo pode ser cOrretamente avaliado e compreendido. . ~ 
O eapftulo 1 proporciona um prelúdio necessário ao restante do livro_altavês do exame 
d as rafz.cs do ambientalismo ooSséculos XIX e XX na Grá-Bretanbae DOS Estados Unidbs. 
Para mostrar comQ desenvolvimentosparalelos ocorreram em outros lugares, há ~a 
breve descrição dos aconlecimeo.tos .!l.a A.ustrália, Áfricá. do Sul e lodia. Esses desenvpl-
vimentos são então relacionados a um dós "primeiros .lem8.$ ambientais 'efetivamente 
regionais (a questão da vida selvagem oaÁfríca) e, finalmente, aos. primeiros sm'ai! ~ê.im .. , ..... 
movimento "internacional de proteção da natureza. O tratamento aqui não pretende-'.~r 
abrangente; leitores em busca de maiores detalhes sobrD os primeirQs movimentos'nacio-
nais são reportados às fontes citadas. . . ' . . 
O capitulo 2.segue o fio da meada atravts da era p66-Segunda Guerra. Mundia1; IBS 
primeiras conferências importantes sobre; conservação, a criação dos prinl-eiros 6rgãos 
internacionais de conservação, os primeiros alarmeS neo-malthusianos., e os primórdios 
de uma compreensão do d ebate conservação/desenvol~ento na África pós-colonial. 
o con~ilo de .e1lao~ Iiterelmc.nle lemu; LÍmldas ou molhadás, é objeto de debak: recente t ainda em 
euno entre. a c:omunidade cieot/f1Cll eas IlItoridadcs (vcrl1çt~ IIR 34, 26 de Ipto de 1991). Atualmente, 
"~gund.o a Agtncia de ProteçAo Ambiental nortc .. merlC&DI, 1n:~ do "qllalquerdeprCS5lOoode. ''''I 
-:e aeumll le PtJ:I 5C:le dias co=uUvoc dllI1lntc a ullçlo da nonçllo, onde certu plaPlaI; IquitiCu do 
encontradu c onde o 5010 t cllfidentemenle aturado d~ igua pua qlle ocorn ltividade de bactériu 
anaeróbicu-• Diank: dCSSll imprecis:lo do conceito prdcrimoc optarpela manulençlo do lermo elll iD&les.. 
(N.doT.) . . '. 
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Os capítulos 3 e 4 se concentram sobre a partida radical em direção ao Novo Ambicn-
talismo entre 1962 c 1972. O capftulo 3 avalia algumas das razões pelas ' quais. o novo 
movimento emergiu e quando isso ocorreu: a r~çáo à afluêacia, O medo da precipitação 
radioativa. a inOuência de Rachei Carson, o impaçto dos desastres" ambientais e a influên-
cia de outros movimentos soCiais. O capítulo 4 se volta então para o debate gerado pelos 
assim chamados profetas do apocalipse .. 
O capItulo 5 focaliza um línico evento: a conferência de Estocolmo de 1972 sobre o 
meio ambieote humano. A conferência foi um divisor de águas, fazendo com que o 
ambicotalismo global possa ser separado em duas Cases - antes e depois de EstoColmo. 
O desempenho do resu1tado instirucionaJ mais concreto de Estocolmo - o Programa 
Ambiental das Nações Unidas - t examinado no capítulo 6.' · ~ 
. O capítulo 7 .avalia a polilização do meio ambieote nos países mais desenvolvidos. Pouco 
antes, mas mormen1e depois de Estocolmo, o Novo Ambientallsmo começou a se traduzir 
c'm ação poUtica dos governos: nova legislação, a criação de novos departamentos gov- _, 
ernamentais e o reconhecimento de convenções internacionais. Organizações não gov-
ernan:l.entais desempenharam um papel chave ao iniciar e monitorar O desenvolvimento 
das polIticas públicas ambientais. Ao final dos anos 70, a insatisfação com a resposta d6s 
gOVcl11os ocidentais ajudou a gerar novos partidos pol!ticos verdes. ; 
O capftulo 8 lida com um-importante resultado da conferência de Estocolmo e um d~s 
mais difíceis problemas enfrentados pelo ambientalismo ccntemporâneo: a resolução cJo 
e;ol1flito entre os objetivos de desenvolvimento e a administração aIobiental no Terceifo 
MliDdo. Se~ políticas práticas coerentes, dados precisos, desenvolvimento econômiÇo 
com bases amplas. sem uma redução do crescimento popuJacional c uma distr:ibuição m~s 
. equânime dos recursos (naturais e flJlancciros), O futuro do meio ambiente b1,llIl3nO nOS 
paísc.s menos desenvolvidas parece desencorajador. . , 
O capítulo 9 trabalha com uma visão mais ampla, através de uma avaliação das' 
perspectivas para uma Cooperação internacional mais intensa no tratamento dos pro--
blemas ambientais globais e regionais. , 
FInalmente, a conclusão faz um sumário da significação do ambientalisma e ex:unina 
as l'erspeetivas para o sécuJo XXI. 
Rumo ao ParaIso iniciou sua trajetória como uma dissertação' de mestrado pata a 
UniVéq;idade de Londres. Foram necessários seis anos e várias refono.u1ações para que 
·cbegasse à versão final. Compreender um dos mais amplos movimentos de massas da 
hist6ria nãofni uma tarefa fácil e este livro deve muito à colaboração e influência de outros. 
Tenho uma dívida especial de gratidão para com Philip l.owe, do University CoUcge de 
Ldndtes, que orientou o desenvolvimento da dissertação original; seus ccmentário.!! bem 
escolhidos a mantiveram em seu curso e a impediram de tornar-se inachnixili;trável Max 
Nicholsoo empenhou seu tempo para falar com alguma profundidade sobre os primeir.ns. . i. 
anos da ruCN e teceu comentários sobre os dois primeiros capítulos. Martin Holdgate 
propiciou comentáribs abrangentes sobre os capfrulos 5 e 6. · Lynton K. CaJ.dwel~ : c{a 
Universidade de Indiana. Rkhard N.L. Andrews, da Universidade da Carolina tio Norte, 
e rim O'Riordan, da Universidade de East Anglia, leram o manuscrito todo e aprcsen-
. taram muitos comentários úteis. David Brower, Czecb Conroy, DuncaD Poore, Robert 
Prescott-Allen e Ricbard S3Ddbrook discutiram comigo aspectos espedficos do movimen- .. 
to e, em alguns casos, comentaram trechos do m3Duscrlto. Uma bolsa do World Wtl~Ue 
Fund ajudou a dissertação em seus estágios iniciais e muitos colegas do Earthscan c do 
Institute for Environment and Development propiciaram-me um ambiente inspirador de 
trabalho enquanto o volume maior do projeto estava em curso. 
A todos' eles, meus sinceros agradecimentos. 
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UM 
As RaÍZes doAmbientalismo 
o movimento ambiental não teve um ~meço claro. N~o houve um acóntecimelto 
isolado que inflamasse um· movimento de massaS, nenhum grande oradQr ou profeta t' 
surgisslf para incendiá-Ias, poucas grandes batalhas perdidas ou ganhas e poucos mar s 
dramáticos. O movimento não começou num país pua depois espalhar·se em. ou o; 
emergiu em lugares diferentes, em tempos diferentes e geraJmente por motivos düeren(es. 
A& quedóe.s ambientais maiS antigas eram questóç.s locais. Uma vez CQmpreendidosl os 
' custos rp.ais imediatos e pessoais da poluição, da caça ou . da perda das Dorestas,405 
indivíduos formaram. grupos, que ro.rmaram coalizões. que se tornàram. movimentas 
nacionais e, finalmente, um movimeDto multinaclonal. ~ta evolução roi episódica. chm 
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erfados de expansão dinâmica intercaJados por te.mpos de·sonolência. : 
Os estImulas e as respostas frequente,mente se .diferenCiaram, mas certo númerol de . 
critt:rios objetivos teve de ser· atingido antes que um movimento mais amplo pudcke .-
elbergir: o p[Q~C!...º~~uisa cientlfica.- um crescimento ela mobilidade pessoa~~ " 
~~tensj6caç!O da mdústria, agisseminaCâQ dos assentamentos humanOS e mudanças 01 . . 
amplas nas relações sOC:rals e econômicas. Estes e OUb"osfatcri.s exerceram nfvcis variaHo . 
de influêndà .... -----· i . 
. Na Europa o meio" ambiente havia sidô' marupulado ~10 homem durante s6Culos. A 
transformara a restringindo a natureza a Oorestas, terras não 
humân.a. 
Quando agricultura 
. não podia mais 
ser permitida. Na Norte, a costa leste reDetia Vez inais uma predo-
minância humana de variedade europ6ia, mas as terras a oeste dos ApaJaches eram 
relativamente intocadas. Tambtm se· revelaram ricas .em recursos naturais. Isso ~evou 
alguns a argumentar que ·o Oeste americano deveria ser protegido cOllb"a o tipo de 
mudanças· provocadas pela mão do homem que havia ocorrido no Leste, e outros a 
argw:neotar que os r ecursos deveriam ser explorados., mas de uma maneiia racional e 
sustentável. :- ' . 
Posteriormente as influências mtranaciooais se disseminaram, O conhecimento dos 
espeáaIistas flore,stai.s alemães foi. expo~do pcu:a os Estados Uni~os e pata a 1n~j~ . via 
Grã.Bretanha, para aAustdlia V1B Indla., e malS a1~m. O romantismo e o Jarwullsmo 
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22 o RUMO AO PARAÍSO 
alteraram as percepçóes humanas muito além dc seus respectivos lugares de origem. No 
fmal do séCulo XIX era difícil dissocia!' os objetivos dos movime~tos naçioDa.!-s. Mesmo · 
que diferenças entre métodos e objetivos possam ter permanecido, a cena estava pronta 
para o surgimento do movimento ambieotal global. 
A GRÃ-BRETANHA VITORIANA: À PROCURA DA ARCÁDIA 
As"cri cos do ambientalismo .britállica se encontram na era das descobertas cieDUfi 
crescunen o O lDte ressc pe a i1ã nafur 6 re as canse ·uêóClas 
rela ao e ex ar ornem com a natureza. Isso levou inicialmente a um movimento 
pc a proleção da vida selvagem c, depoIS, a reivi.Ddicaçóc.s para que fossem propor-
cioljl.adas oportunidades rur~_~~ laz.e~ como antídoto para a vida nas fiorescc:ntes 
--- , co®rbaçóc.S industriais. A primeira ~~~Dcia impõrtantesobreo llascenteainbienta1~mo,. 
britâaico fnj Oa estudo da história nalural Os fundamentos da botânica c da zoo\ogia 
modernas e de outras ciências biol6gicas foram estabelecidos pelo trabalho de !.una 
sucessão de naturalistas de campo amadores durante os s6cu1os XVI, X"VIl e ~.I O 
mais potável foi Gilbert Wb..ite, cuja obra seminal. The Natural KutoryofSelbome, edifada 
'cm 1"788, tornou-se o quarto livro mais publicado em Ungua inglesa e influenciou su~ivas 
geraçóes de naturalistas, inclusive Darwin. White condensou ~ visão arcadiana da qatu-
reza, a qual advogava simplicidade e huro.i.ldade de modo a restaurar a convivência pacfíica 
do homem-com a nahtrcza. i 
"Se existiram até agora pouç:os desejosos e capazes de olhar para a nat.ureza c<iD? a 
cxtraordinária maturidade dc Gilbert Wbjtc", observa David AlIen, "houve mwtoslque . 
gradualmente tomaram consciência dos atrativos do cenário natural .... e aprendera.,IP Íl. 
reagir com uma segurança cont.Wuamcnte cresccnte."! Essa tomada .de consciência; en-
. corajou e encontrou apoio enlre os românticoseos primitivistas, que encontravam cooj;olo 
emocionaJ (mas não necessariamcnte desafio cientifico ou intelectual) num mundo natural 
·anteriormente considerado estranho e proibido. Suas sensibilidades estéticas eram. q!en-
didas pela sujeição da natureza pelo homem. Poetas e pintores deploravam as mu~ças 
realizadas no campo pela agricultura. Wordsworth e.sacveu.50bre os "direitos viola~os" 
da n.atureza. O escritor e esteta William Gilpin observou que "onde quer que 'UI~e o 
homem com suas Cerramentas, a derormidade 5eguia seus passos. Sua pá c oIieu lU"ado,~ sua 
sebc e seu terreno sulcado eram "abusos chocantes contra a simpUcidade e elegânciJt .da 
palSagem".' I 
." . A Inglaterra do século xvm tornou-se a Meca dos naturalistas e il~lradores bptâ-. 
: .wcos.4 A invenÇão da litografia entre 1796 e 1798lrouxe fi beleza visual da natureza p~a .; 
um p6bLico mais amplo, notadamente atrav6s do trà.balho de ThomaS Bewick. ~.~es-
cobertas do botânico &ueco Carl. von Linné (Linnaeus), cujo. tJ:abalho em t~Q~ 
botânica Cai a infância da ~Iogia, e do naturalista i.ngJes loho Ray se associllJ1llll:B.OS 
achados d.a era das explorações para encorajar a pesquisa nas ciê.ocias tlanif~ ~- .. . 
Dando nas teorias de D:uwin .~ de Wallace. A bjs.tórill nahJ[!!! se to"rnp.u.,um pass~~ 
popularvitoria9p, alimentado pelo sentimento de que conduzia o homem eilra mais pecl.o 
õe Deus. O estudo da naturem era em si·mesmo um·alo ded -o como e ressado la 
. m a recorrente alrav a NatUreza at o eús da Natureza".J 
c··, 
.,,] 
compreensao o ambiente natural que emergiu das Pl?SqWsas dos i6culos XVIII e 
XIX afetou profundamente a visão dQ homem quanto a seu ·Iugar. na oa~ezá. A era 
vitoriana foi um período de grande autoconfiança e sêgurança., embora Q ideal vitoriano . ! 
de civilização tenha quase sempre dependido da conquista" da natúreza pela.ciência e pela i 
teCDologia.~9~om~1?J:i.9)?re o ~ªçtll.@~iglt.e..J:LlLns1.QJiQlDo..essendal P.ara n.PI.D.8[QSSO 
~. p.ar~_sobrE'1~~cia.. .qªD.ça pll:JDatta. Mas uma "coIl!!ci.ência bioCêotrica"1 eD.J~giu 
gradualmente, reCorçando o restabefeciD:iento do sentido ~e inter-relação entre o homem 
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e a natureza e a aceitação de uma respOnsabilidade moral relacionada à proteção da 
natureza contra os abusos. A obra de Danvin forneceu um estímulo importante para esse 
ponto de .0..et.a; ~ evolução sugeria que 'o homem era parte .mtegraJllc. de todas as. Qutras . 
. espécies e que, por sua pr6pria conta e riscõ, se bavia distanciado da natureza. 
.... Para Lowe, o termo "equilibrio da ~atureza" DO stculo xVIII havia implidado "um 
;. robusto e pr~·estabelecido sistema de controle;:; c restrições xque assegurava a per-
manência c ~ cOotinuidade na natureza. Ao final do século XIX, o termo traasatitia a: J)oção 
de um. equilíbrio delicado e ÍDtimo, facilmente rompido e altamente sensível à interferência 
hwnana ... • Mudanças que haviam sido consideradas va.otajosas no passado provoc;avam 
'I agora uma 0PQ:ij.Çáo apaixonada, ao menos entre uma influente minoria de vitoOanos 
~ intelectuais e das classes dominantes! O imperativo de "melhorar" o meio ambiente 
(através da demoüção de pr6dios, do controle de epidemias, da drenagem de pânt~GS e 
assim por diante) foi freqüentemente interpretado como vandalisIrio e crescente.pente 
rejeitado, uma mudança de ponto de vista fundada na reação intelectual contra muitós dqs 
doguias do bõeralismo econÔmico.IO ~ •• 
O aperfeiçoamento dos transportes no século XIX tomou o campo acessível a um 
, número cr~ccnte de vitorianos q~e. na prosperidad~~o, bwcavam edu 'çáo, 
k laZer e autodesenvolvimento. Por volta da década de 1880, avia várias cente de I s()ciedades de história Datural e clubes de campo DO ilItenor que reuniam cerca. de cem . 
• mil mcmbros.11 A ênfase desse periodo concentrava-se mais na contemplação c no 9tudo 
1qúc na preservação da Dl\turcza., mas isso acabaria por mudar •. O .ttescimento d~ pop-
ularidad~ da história natural e da ornitologia le.vou a ';lIDa grande disseminaçao da F.leta 
do esp6cunes em meados do fi~O, 'c a ~ crescODcnto .correspondentc nos j;laoos 
,üú1igidos às plantas e aos animais selvagcns. Em~õ~ muitas colctãs fosscm emprceddidas 
reom propósitos legftimas de pesqWs~ naturâlistas menos conscientes compt;:tiam wts com 
!os outros aO'reunir coleções de p4ssaros. oyos e plantas.· i 
O desejo de preserYat a natureza tornou-se eorno impUcilo no estudo da meama, e 
clubes e naturalistas passaram 11 se preocupar com os danos ~dos tanto pot seus 
próprios ·semelhantes quantO por outros. A lPedida que os Datur;Wstas apreodi~'mais 
' [Isobre a naturêia, passaram a rcconheçer. scu valore o çalibre das ameaças colocadqs pela 
!" atividade humana. A vo~ de coJeáo~. sômada ao a~i~nto das a:rmas.dF fogo 
e à crescente popularidade (mesmo entre os naturalistas) d06 esportes campestre:!l, cobrou 
_seu tnõulo em vidas de animais selvagens. A ~~ em si lDesma não causava ímuita 
preocupação, mas a carnificina desenfreada sí.oi. U A matança ind.iscriminada d~ aves 
marin.bas na costa de Flamborough Head em Yor~hire atraiu muita cop..de~ação. i . 
A artir do mesmo zelo humanitário que erou o movimento IlDtiescrava' veio 
lõegun a maJor uencia sofri o aro leo mo.; ritâruco: ~ . a contra a cirueld-
lide com os animBlS. Embóra a SOClct)í lor m;,g~tection ot(mBlS.(ãrae, Soeiety (OI' ~be 
l'revention of Crueltj to) Anima.Is. fundada elifl824õtreconbecida por .carta real en;L-~. 
tenha inicialmente feit~ campanha ~nt;a' a cr.uer&aé com anim~' o~!stia;-;. em!popa, 
. lempovoltou.su~ atençao pata os ~3.lSsefVJi~ens; Dad~cada ~~investigando 
i yJ~~2; oUro aos pombos, a caça ao veado e ~o.coelho.A.crue ",d~ contra apimai.s 
era vistà como a exprcss.ão dos elementos mais seJvageru ~ primitivos da naturezah~ana. 
OUJ'otecionistas açredjtavam ques~~do ~ i!~~~~. ~I~DS. ~~.aj~~d«;J a 
preseTy!!i:~~ pr~pft~t~tur!l_d,:,: ~~e~ad~: 13 Nada ilustrou tão claraI!Ien~e as fum.es raízes 
de classe méaJa e.alta do protecomsmo bntânico qUiUlto o apoio que llquela entidade de 
proteção recebeu desses setores. ' . . . . . 
. ..Ds...moWncatos..popWaI"86 fer refurma5seeiai6 aJgl!ID3.li velC~ emfrG~tam tfcnicns "D.S. 
oos outros e atraem apoio doS ml".'Smos setore."i. Nos anos 50 e 60, o movimento ·ambi-
entallSta sernishl[ml pOr alg,lrn tempo aosprotestQs contra os testes nucleares a inJ"diç.a 
[aci~J ç,~gJletta do yietnam (ver capftulo 3). Do mesmo'modo, os métodos .dos aboli-
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24 o R.UM O ~O rNW'so 
eionistas vitorianos e daqueles ql!e se opunham à crueldade contra animais come~-<l 
inOucoeiar os naturalistas, D avid AlIeo id::.nlifica um ml:!ooenlO decisivo nad6cada d~ 1860) 
quando a cruzada protecionista coneentJ;ou suas forças sobre a questão da 'tnatan~ 
pássaros, particuJarmente as gaivotas', para fornecer plumagem para'as modas fcw.Wlnas,H 
« ('> questão da ~1~~.~~eOl ofo.i ~.Q1, c,c..I:~~yi .~ P.~~5.ir:~ . c":\L!!a. pr9,teçionistaopopJJl.ar e· foi 
!\ IInpãrtantc por frazer.o prol~c.: ol\,lsI:ilQ para mal.'> perto da ~.t~~a natu~aJ. . 
· 0 A Eait 'RídUig ·ASsoeiation for lhe Prorecti0I! of the Seà 13frds; fundada- em. 1867 para . 
lutar contra a temporada anual de caça de Aamborough Head, po'de ter.sido o primeiro 
orgánismo de pre'servação da vida selvagem no mundo,u e outros logo o ·seguiramo Ou~tto 
leis do Parlamento - em 1869 (Pássaros Marinhos), 1872 (Pássaros Selvagens), 1876 
(Aves Selvagens) e 1880 (Pássaros Selvagens) - deram alguma proteçáo aos pássaros 
selvageos e ajudaram a diminuir o fluxo de plumagens das footes locais, mas novbs 
suprime~tos foram trazidos dos tr6pícos na década de 1880. Nos ciQco meses que ~. 
teeederam o mês de abrü d e 1885, por exemplo, a p lumagem dç aproXimadamenlc 715 ~ 
pássaros das índias Ocidentais, do Brasil e das lndias Oricntais, além dé outros país~, 
foram vendidas DO mercado de Londres,l' A oposiçáo à malança dos pássaros 110r soa 
plumagem foi conduzida pelas próprias mulheres; que eram maioria entre os tnemb~' , 
das primeiras agremiações - a Liga da Plumagem (1885), a Ligà de Selborne (1885) a 
· (posteriormente RoyaI) Society ror lhe Protection ofBirds (1891) e o rur, rUI aod Fe.a t 
Folk (1889). A Society ror the Protection of Bireis fez; coin que seus membros ,se· co -
prometf;,Ssem a naomais usar plumagens e montou uma rede com ramificações" nacionais 
e além·mar; a rac:Uficaçáo indiana esteve por trás de uma das· primeiras legislações conQ-a 
o tráfico internacional de animais selvagens: em ' 1902, o governo indiano ordenou) a 
interdição da exportação de peles e de plumas de pássarosY ...... ! 
. O movimento pela proteção da vida selvagem foi somente uma Conseqüência °da ~nfi~ 
r~ação vi..!:~~~~a a.o desenvolvimento, Também as condições sociais urbanas-passaraDl p~)l" 
um exame rrunucioso, notadamente no trabalbQ de Char}es Dickens e Friedrich J?lgelSf.1I 
A- crença otimista numa prosperidade sem limites foi súbstituIda pelo pessim.i.uno quaq,to 
• 
às perspectivas para o desenvolvimento social e ccp.n!Lmico, a autoconfiança lendo siBo .. ? 
minada pela p.çQ:r~~ão ~~9.~ô..ro!9Lda dÇca@~..L88lT"tI,1i-elâ"' i::rne'intelectua1 da cP. '"c: 
pós·Darwin. A depressão sublinhavll. a o Ç1~.Ça cr§~!lte de que a Uidústna naci etã---? 
· nec;:es.saria~,?nte aO drande Provedora; a fontê do poder eoonômico e ··poIrlico era ag~a 
retratada como destruidora da moral e da ordem social, da saúde hum..aqa., dos val.0I6 
tradicionais, do meio ambiente fis ico °e da beleza natural,l' · . j. 
o A ameaça °à saúde humana havia já sido tratada na campanha contra li. indústria çle 
álcalis, A produção de carbonato de sódio,. usado ~a o:'Janufatura de sabão, vidrô.e tôxteis, 
produzia emissões prej udiciais de ácido clorídrico. A prevenção da Pl?luição .era wpa .' 
simples questão de lavar as emissões coro água., mas, como mo havia·nenhum contr~le 
legal, os produtores nao estavam dispostos a tomar essa iniciatiya, .a menos que se.us 
competidores fizessem alguma cOisa nesse sentido também, No dia 12 de maio. de 1862 o 
Ttmes noticiou, que "extensões inteiras de·terra no interior, antes tão· férteis quanto 'os 
campos de Devonsbire, foram varridas por pragas mortais até qqe ficaraw- tão áridas 
quanto as areias do Mar Morto". Agricultores e proprietários de terras queixàram·-se, mas 
pouco foi feito até que lorde Derby, ~uja propriedade pérto de St. HcJcns, em Lancashire, 
foi afetada, levou o assunto até a Cãmara ·dos Lordes: A campanha parlamentar de Derby 
foi impnrtante para a aprovação da Lei dos Álcalis em 1863, Asbby e Ándcrson ar~en-
· tam qUl:. ,decreto "tornou expUcita u,ma atitude soaal:que ba~a perm!ll?écido imp'I}~~ 
durante alguns anos, a saber, que o governo central prccisa-va fazer a1gwna coisa'quanto 
à proteção contra a poluiçãô do ar pOi vapores noclvos",lO 
A forte reação contra as eoo·dições de Vida miseráveis das Cidades industriais combinou-
se ao anseio por uma compensação em espaços abertos e natureza para produrir o ~o 
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0J impulso importante do ambieotaLismo britânico nasceote: O moyjmeg to gp.tinteres.ses. O· 
r ~~~~grupo. ambientalista ~rivado do mundo - a Commp"ns, Open .Spaces, and 
00 pa iSPrescrvabon SOClety fuDdada .em 1~ .- P(QÇ1Qve~ campanh~ ~1?S!1~~.~ 
pela preservação de espaços para amenidades; pãi'ticú:.larmente ZlS áreas verdes l1rb<l;nas, 
que eram, freqüentemente, o "ambiente campestre" mais disponíVel paraos iráo:állià'"ores 
ur~anos. David AIIen vê os conceitos de r~eaçáo, ~o, ,an'1!~gQ.c áCeas virgens 
fuo"direm·se oI? "decorrer dos anos ti86óJ serem exponenciados por argumentos eCo-
nômicos c cientlficos para dar ao . movimento por ;unenidades sua força.lI ·A l1tica de 
pressão da Commons Society obteve sucesso, mas como carecesse do status de empresa 
não podia comprar terras. A z:tecessidadede um organismo que pudesse adquirir e m~ter 
.~ terras e propriedades para a· nação foi atendida e~&través da qiação do Natio'nal 
Trust, que objetivava proteger a herança natural ecu1~da J?ação contra a padronizaÇão. 
causada pelo desenvolvimento industrial. . r, 
O National Trust alcançou algum sucesso icicial na aquiSição· de teiTas para pre. , .. 
servação. Por volta de 1910 contava com n ·áreas de interesse natural entre suas aquisiçqcs, ..... 
mas era igtlalmente interessado por sftios de· cunho histórico e cultural, e os nalUralijtas 
expressaram. preocupação pela maneira aleatória com.que as reservas naturais potenqais 
um adquiridas, aparenteml?nt~ com pouca atenção para cOm a importância nààonal de 
suas plantas e animais."ll Em ~Joi criada a Society for lhe PromQtion oC Nà!ure 
Reserves, não para possuir reservas naturais ela mesma. mas para estimular o Naliqoal 
Trust a prestar a devida atenção A criação de reservas. lssó foi feito através de fum 
inventário nacional de sítios que valia a pena proteger e de uma mobilização do alfaio 
público à aquisição desses sítios. Mesmo assim, a necessidade de áreas protegidas era ~[a 
como menos urgente que a necessidade de restringir os anseios dos coleconadores e de 
se tootrapor A crueldade contra animais. ·As reservas· naturais eram consideradas ~ela 
maioria ··das pessoas como meios secundáJ:io·s e carOs de :eomplementar à.Jegislaçto.D 
Ainda q~e ·a primeira teuba sido criada em NorfoU: Broads, em.Ja..somente depoij da 
Segunda Guerra Mun~al a· idéia de proteção do hábitat ganhou amplo apoio na Grã-
Bretanha. . .. ~ 
IroJlicamente, o National Trust foi condenado por seu próprio sucesso na aquisição de 
p~opriedades a gastar cada vez mais e inais recui-sos em·administração e agenci~cntb de 
terras. Isso ·abriu O cami.nho.para a mação, em 1926, do.CounciJ forihe .Preservatio~ (e, 
mais tarde, Protection) ofRmal·EngIand (CPRE); fundado para coorden.ar o movim~oto 
voluntário, promover a legislação, orientar os proprietários de lefTI'l:S e '"'criar. um apelo 
ú.olco, simples e direto a todos oS quese interessem pela prcservaçâo do interior do paí:;" .Z~ 
Em 1929 o CPRE ·fez uma solicitaÇá"o diretamente ao jlrtmeiro--mi.n.i.stto Ramsay Macl:>o--
. ·nald paia'Q inves~ a ~éia de parques na~o~ais:. ·O Comit! ~d~n foi .institúido, 
apresentando um relatóno que ·advo~ava. '3 alaÇ30 de parques naaOum para proteger a 
flora. fauna ·e áreas de interesse natural excepcional, e aumentar a.afluência de público. 
Os parques naciouaisbritânieos, contudo, não aconteceram at6depois da SegUnda G.uerra 
MUl.ldiaI, quando então asswhinun uma significação mwto diferente dos parques de outros 
lugares. Em lugar.de proteger áreas: virgens, preservavam o campo em seu CljlnjuntO', em 
áreas n'as quais a propriedade permanecia em diferentes mãos e onda as pessoas moravam 
e ganhavam a vida.ts ;. ; 
RUMO À CONSERVAÇÁO NO IMPÉRIO: 
íNDIA, AUSTRÁLIA E ÁFRICA DO SUL 
\ . N·ingtlém ·conheceu melhor a ~ência· das f]or·estas · n~ ~éculo J:ldo q6e· os. alemães. A . 
. lnstnlyão universitária em manejo florestal bavia estado dispo"t1le1 por ·15O anós; e con· 
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~o o " UM.U AU PAK.t\JSO 
cei t os de _11!.~~QJlT.Qd..YJ.bmt.SJ~!entado J.i..asJJ.QD<.StMÍoram intmduzidos DO fmal d o século 
~YlII. Curiosamente, a fndia deveria tarDar-se um importante campo de provas para a . 
cieõCIa do manejo florestal alemã e colaborou não.6Çlmeote para difundi-Ia mais ampla-
mente como para asseotar as fundações da conservação global, A Grã-Bretanha .bavia 
desigaado o primeiro c;ooservador de florestas para Bombaim em 1847 e o segundo para 
Madras em 1856;u ambas foram encarregados de administrar as florestas como fonte 
direta de Tenda paTa o Estado. Também .cm 1856, a Grã-Brctanha ·adquiriu a Baixa 
Birmãnja; o govcrnador-geral da Índia, loede Dalhousie, designou o .especialista em 
manejo Dietrich Brandis* (um parente por matrimônio) como superintendente .f]ÇlrestaJ 
para a região, encarregado da preveoção do desmatamento. Em 1864 Bramiis loi desig-
nado para a função de inspetor-geral de Derestas para a Índia e a primeira Lei F1or~stal 
Indiana foi aprovada DO ano. segu.inte. Em 1866 o recrutamento organiz.ado de funcion~os 
florestais da Grá-Bretanha leve início, supervisionado por Brandis c seu novo assistçntc : 
alemão, Williám. ScbUcb. A instrução I?ritânica em manejo florestal era na época bastahete . 
falha., assim, todos os especialistas florestais ingleses iam àA1e~anha., França e Sulça c9mo . 
parte de sua educação. Depois de um período noScrviço Florestallndiano, elUitas partiam 
para outras partes do império, notadamente a Austrália e a África Oriental. j 
.Q:LP-~.Eiros .. ~.t!Qres_~a-Austrália, assim como dos Estados Unidos, vi~,~ 
florcst;luomo obstáculos no.ca..Dl:inbo .d_Q pr.~&!"eSSÇl. As advertências sobre a detcrior~Çao 
ambiental não demoraram -a surgir. Em 18m, aaCiTi.tbada "imprevidcnte" da floresl4 ~~ 
encostas do rio Hawkesbury, em New SoutJ. Walcs, e o cultivo em suas margens ~t;lVa . 
ca~sando er.?são do solo e enchcntes sl:rias, :'que pod~rlam., e~ alguma mc~da, ter.~ido 
eVi tadas se arvorcs e outras plantas nativas tivessem Sido mantidas".%"! DCPQlli, no stÇWo . 
XIX, o desmatameoto da floresta para criação dê pastos pata ovelbas levou a um ex«sso' 
de pastagem e à inutiliz.ação de vastas áreas 00 interior, em Victoria, New South W.a!ps c.: 
Oueenslancl. Bollon aflfIlla que a lentidão da Austrilia quanto à prática de conse~ção. 
esclarecida foi uma atitude em grande parte herdada da Grã-Bretanh-a, a qual, em alguns ' 
aspectos, se atrasou em relação ao resto da Europa oa arte do reOorestamento.lI! . ' ;; 
Espécimes de' plantas introduZidas disseminaram-se com rapidez, (reqüentement~ em 
substituição às espécies nativas; pragas a.nimais introduzidas (notadamente o cão c o~to. 
domésticos, ~ o coelho) contribuíram para o c.xtcrnú.nio gcncraliz.ado dos anim~;se l . 
vagens, um processo que havia começado COQl a caça As baJeias e focás DO Úpal do.s4cu1o . 
XYIU e começo do XIX_ Por volta de 1830_as pouquIssimas focas que restavam. não çr~ 
suficienles para tornar sua caça economicamente viáve~ c por volta de 1850 a ca~ às · 
baleias. também declinou, em .~ande parte graças à prática de matar fêmeaS no per!odo~ 
d~dar cria. A idéia deteis de ca~ era anátema.paI!l muitas australianos. Na Grã-Bre{~a, 
o direito de caçar bavia sido. um privilégiÇl dos proprietários de terra. e sua contravctição 
o crime pelo qual muitos condenados eram deportados. A abundância apareIfte da:ffl~a: 
australiana sugeriu que matar allimais &em maiores impedimentos deveria ser um ·di.r~ito · 
de tedos: "por ser a Austrália uma jovem sociedade livre e em.cxpansão, rejei!,arialj. n.oçã!'l:· 
de conservação da fauna como-uma odiada rclIql.J.ia do passado (c1.Jdal do Velho fl!!;' ,2t; 
À medida que; a matança sc disseminou, bctardas, avestruzes, cangurus-pequenos c os: . 
marsupiais menores tomaram-se cada vez mais raros. Um visitante britânico na Aus!rilia' ; 
Ocidental.observou em 1849 que, embora existissem vastas bordas de cangurus DO intc.J;lor, ~ 
o comé rcio de suas peles bavia causado tamanho dano que "nenhum incoem.eoto ~e. 
fazer frente a essa ma~ça'de animais por atacado".» 
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Dif:.t:ricb 8nndi$ (1824-1907) nuccu f:.m Bonn, pM;si., f:. ~Iudou bollniea.. Foi iupe.ri.nl~o'"df:.D.te n OiUlal 
nl Saiu Binn'nia df:. 1856 Ité 1862e inspctOt-ce-ral de Ooautu pan I Cndi. de l.864 .1883, quárido\ltlllou 
.. AJemlnh .. Foi com iU. njud. que GiITord Pinehót .:5h.1dou manejo OorCctaJ DI Pniiç. e ·nl Suf,.. em 
1889-1890. TlIlnto 8 randil: qUlnlo William &;hlith fon.m nornc.adCMõ cavaleiroS" por"-tViços p.~tad~ i 
.dmlruaraçio (]orulnl il1dianl 
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Os primeiros sinais de uma reação surgiram no final do século X1X. Desde a década de 
1860 os governos começarám a reservar áreas costeiras e margeôs de lagos e rios para D 
· Ittet públ..ico.31 Em 1866 uma reserva foi criada em Jeoolam Caves, em Ncw Soutb WaJes. 
Em 1879 o governo de New Soutb WaJe.s criou o Royal National Park, ao sul de Sydney. 
porém mais voltado ao lazer público que à preservação das áreas virgens. O parlamento 
tasmaniano havia começado a legislar sobre a proteção de esptcics selecionadas de 
pássaros em 1860, e sociedades de hist6ria natural foram formadas em Victoria e New 
South Wales na década de l~. New Soulb WaJes introduziu uma legislação que protegia 
determinados marsupiais em 1903, c em 1909 uma Wdplifc PrescrvatioD Soc!ety foi 
· formada em Sydney . . Comissóes de inquérito na Tas.DJânia c em Viaaria (f69..ro c na 
Austrália Ocidcotal (~ ar~entaram gue a floresta nãp podcrilLst:.c..J:ncarada mOlO 
19!U~rso sem funjtõ's. deve1lO ser adiIífriiStrada de maneira sustentável Um decreto 
sobre florestas c parques naClonats cm QU~DSlaod, em 1906. dava poderes ao g9vcmo 
pata criar parques nacionais em áreas quc produzissem pouca madcira DCgociá.VCJ e, ~m 
1915, ã Tasmânil). aprovou uma Lei de Preservação da Paisagcm. Mas as Icis aprovadas 
por outr~ estad~Rre~D~~ ~ar p:",q~.~ de rcctCação c;: não ~c pres~rva!fá0 d~ lircas 
virg~ns.-Ainda que C&rru.ssoes de manejo·florestal - que seasscmelhavam maIS ao w.odelo 
indiano do que ao americano. com ex.funcion.rnos do Serviço FIorestallDdiano desero· 
penbando um'papel influente - tivessem sido implantz.das em todos os estados entfe 1907 
e 1920, o resultado nem sempre foi o de uma administração florestal aprimorada. j . 
Na Aírica mcridi9oa~ a destruição e a legi$lação ambien~urgiram alguns anos::depois 
do primciro estabelecimento europeu permanente em1ií52 Em 1658 tiver'am que ser 
publicadas proclamações para rc.stringir a derrubada inconseqüente de Dorestaspara 
obtenção de lenha e o abate a tiros de pingüins para comida. de focas pelas pel~ e de 
elefante.,; pelo marfim (embora esta :última tcnha sido imposta devido à m.tenção da 
Companhia Holandesa das Índias Orientais de monopol.i:r.ar o com~rdo de. roprflm). 
Entrel:aDto, era dillcil fazer cumprir essas leis numa colôrua em que os colonos torilavanNc 
cada vez mais dispersos c isolados, e para os quais recursos tais como mad~ peles, 
colJtos e marfim represcntaM qma f OnDa útil e acessível de permuta e uma fontei.valiosa 
de renda. A caça se disseminou durante odculoXvm, com a.lguns caçadores de eldanlcs 
embarcando em expedições de mais de nove meses de duração. Na década de,183O a 
população {te elefantes do Cabo oriental já havia quase desaparecido. 
A.derrubada descoptrolada de Dorestas, as5Ün çomo a erosão do solo e a dy;pert4f' de 
areia subseqüentt<s. ~ou as condições·para a aprovação de um reguJamellto de..liW6'que 
objetivava UIDa "melhor preservação" da á.ica de Cape Ftats, próxima à Cidade do Cabo; 
a partir desse evento, argumenta Grove., t possível datar "a continuidade de unia mcdida 
.. ~I!.l!lad-ª- .~ . .Jte.I!?~.ento ambieotal de base esttl:ica c-wbaDa""!1 GrõVeõ6s~rVa-os 
paralelos eotre o 'advento coméídente de üina-Jeg..slaÇào ainbientaJ. desse tipo nas rcdon· 
dezas de cidades da África do Sul, Gri.~Bre~a, Ausirália e Nova Zelâpclia. Um~ 
comissão de florestas foi institulda no Cabo eml.ªS;e áreas de conservação de flor~tas 
(oram esta~lecidas na região de . G'eorge em 1856. Em 1859 foi aprovadã a · Lei .de 
Pr~etvação de Florestas e Pastagens, sobrevivendo (mcsD;1o llDl pouco alterad;J. em 1888) 
até 1910; Grovc. crê que· essa Cai" a fOrnlJ mais abrangente de l egisla~o conse~ciorusta 
aprovada nas colônias britáriÍcas no século XIX. E le localiza ~e modo precis~ uma s~ria 
seca ocorrida· e~ 1862 como o momento decisivo na mudança da atitude dos colonos e 
agricu1torcS,:.~.~atiz.ãndo a necessidade de uma legislação sobre a adm.i.a.istração da terra. 
· Um COolltê Especial sobre erosão dosolo, seca e problemas associados, criado em 1864, 
o~ervou as relaçóes entre erosão do solo, queimada da veldt· e derrubada da vegetação. 
Vma cruzada de um s6 homem foi empreendida por l .C. BrnWD. botânico do Cabo entrc 
;... f.llvn IfricAnerque d~~1 um. vegcl.çllo I(pica d. Árria meridion.1 com 1~lIStOS e'JVtI!U nrc:fc.i13~ 
(N.doT.) 
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28 • RUMO AO rAR.A(so 
'\' 1862 e 1866, çujoueJatórios oficiai~ :>.obre.w;cullura.e .aridificaçãÇl indicavam as relaçóes 
existentes cotre ã-ãt ividad~ humana e a degradação ambieolal. A apareoteabundância de 
qcrras para o estabelecimento de col0005 C a' influência do comércio de madeiras cons-piraram para reduzir o deito das advertê ncias de homellS como Brown, que desÚ'Utava de pouca credibilidade entre a comunidade dos colonos." A questão da preservação da vida 
. elvngem era de interesse mais imediato. Apesar da imposição de uma legislação de 
proteção da vi da selvagem em Natal, na República Sul-Africana, e no Estado Livre de 
Ç>range, na segunda metade d,a século XVIII, o n(imero de animais morto.s aumcotOlL Em 
J858 O ~ar~ era a exportação mais valorizada de Natal. Em seu apogeu, no ano d,e 1877, 
mais de 19 tOllê ladas deixaram a colônia (produto,grosso modo, de 950 eldantes)j em 1895 
a expo~tação anual tinha caído para somente 30 kg. E m 1866 uma companhia do Estado 
Livre de Orange exportou sozi nha 152 mil pe les de anlflopes aCrica.nos e -deoutro.s anim~ 
selvagens. Em .i873 foram exportadas 62 mil peles de zebra e de outros animais.)4 j 
A caça. pronssional tornou·se uma atividade principal mais para o norte em 
século XIX, seus objetivos sendo marfim. penas de avestn,lzcs, chifres de 
dentes de hipop6tamos, couros e carne.)J Os maiores campos oe caça 
a tuais Botswana e Zimbabwe. Somente entre 1872 e 1874 ci.oqüC?ola toneladas 
de marfim - os despojos de cerca de 2.500 elefantes - foram 
"debele e europeus. Em 1876 outras ~8 · toneladas de 
elefantes) fo ram comerciadas. À medida . 
obrigados a trabalhar mais para o norte, e em 
Zambeze que e ra impossível de animais 
I 
graudes proprietários de terra a partir de 1875. Em agosto de . 
no zoológico de Amsterdam, o que enfatizou a gravidade da ameaça 
animais selvagens africanosj no me.~mo mês o primeiro organismo de 
selvagem na Afriea do Sul, a Natal Game Protection Associatioo., foi 
cupação do presidente Paul Kruger, da ~epública do TransvaaJ, com o desaparecimento 
dos animais selvagens encorajou- o estabelecimento da .reserva de caça de Pongola, bo 
T ransvaal oriental, em ]894. Mais tarde essa reserva tomou-se parte do rruger Natjo~a1 
Park. t. : 
AS RAÍZES DO AMBIENTALISMO AMERICANO , 
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Há pa rale.los entre o crescimento ~o interesse pelo ambiente natur!l1 na Europa Ocidental . 
c na América do Norte. Havia um florescimento simiJar"do interesse pela. hi:st6ria natwpl, 
. e a influência do romantismo era comparável. Mas bavia uma diferença principal6bvia no 
...... .,rato de que a Europa Cõra de bá muito colonizada e explorada, enquanto ·qu~ vaslas ár~as 
novas no Oeste da América do Norte estavam sendo abertas para a colonização. da mesma 
maneira como bavia acontecido na Austrália c África do ~!f1. . . . 
I Q. t:> 
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Houve casos de preselVação da natureza na costa leste durante os primqiros anos ~a 
colonização européia. Por exemplo, W"~am Peno, que decretou, ~ando d#un~ção da 
rensilvânia, no final do séculO XVU, que os colonás deveriam deixar meio. bectare de 
árvores para cada dois c meio qu.c fossem desmatados.l7 Mas a mal;oria .dos cólonos, via aS 
áreas virgens como uma ameaça e como uma barteica para sua provisão.·de segúranea, 
conforto, comida e abrigo. A esperança de que o Novo Mundo rosse um segundo· éden se 
espatifou com a descoberta de que a terra era freqüentemente bostil e desolada:.B"asb 
ar~.~.~nta q~e. ~ .. c.9'-o~.Çã;9 .Q.Q..roo.t;i.D.ÇP.~º.fÇLC<ÇÇ_u....QQQ!!un.ídade:" abundantes ·p~ ã 
,. ...... • -.-.- ... _.- ., . . -
Espécie de buITO 5elv.!lgem enUlo exis ten le na África do S .. 1. (N.do T.) 
"1. -
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expressão dos preconceitos iu_<!&iro~cristãos cool.J;a..a.oa..t\l.reza virgem.:lI Já em 1700 mais 
. de 200 i:D.iI "flectaiés"i:fb florestas haviam sido derrubados para 'a agricultuia na" Na:va . 
. Inglaterra. 3'Porvolta de 1880 baviam sido derrubados 60% das florestas deMassachuseUs. 
De cerca de 1620 até 1870 a floresta Coi a maior Co'nte d~ energia DOS Estados Unidos e . 
forneceu o material primário de construção, ~a.s era pequena a compreensão das técnicas 
de administração das florestas. Para Huth. o machado r~1i! sílllbuJo.m~grimt;.iras atitudes 
americaQas em relaçâo à natureza." "7'- . -- . : '. "." - ' . 
---XÕiiêSiíió teiíipo 'â âCSéebfe- j;õpuIaridadc da hist6ria natural alertou os cieotistas ' 
(assim" como ocorreu na Grã-Bretanha) para a amplitude das ,mudanças ambientais. A 
. beleza da natureza virgem norte-americana inspirou ~ escritos de autores ro'mâJl~cos, 
,filósofos e viaj antes auavts do século.xvm e 00 começo do século XIX. O ci,e~tisla. 
escritor e poeta escocês AIexander WLlsoo (que era m.w conhecido em seu tempo dQque 
lobn Iames Audubon) comentou as ~elezas da natureza e publicou um estudo ' 
volumes sobre os pássaros americanos, projetando assim o interesse pela I A 
publicação em Londres entre 1827 e 1838 de 1he Brrels of I qulc" 
mostrou pela primeira vez pássaros em seu haliitaf.nalural, trouxe a •• ,._.v. 
para uma audiência m~ ampla. ps escritos de Ralph Waldo Emerson e 
'rboreau influenciaram mais ainda a Íqcipiente filosofia americana sobre O 
natureza. Thoeeau estudou administração florestal e advertiu sobre as 
derrubada das florestas e da plantação de ~DteiO COIQ fins de lucro' 
ganância que põe a perder seUó próprios objetivos",n Ao mesmo tempo 
para o Oeste durante o séeuJoXIX lançava colonos, companhias de 
reiras contra as áreas virgens, também consolidava a influência dos 
que discorriam sobre a beleza espetacular . 
telna recorrente do romantismo foi o 
Dois oCQrreram DO ambientalismo em ~~~~ 
primeiro foi a publicação de Man anti }Vature, de George Perkins Marsh, • r· u 
notável poresposaridr'.ias que levariam um sécuJo pacaseremmais aniplaménte diseútidas. 
O livro era um p(odulo da educação de Marsb na Vermont rural, de sua grande metb6ria, 
sua busca de toda uma vida por conhecimento e de suas viagens pelA Europa ó pela 
Am~rica do Norte (era capaz de Ice em vinte Unguas). Nele Marsb demOll!'ltrava que a 
destruição arbitrária e o desperdício perduJário estavam tornando a tcrra inabitável para 
OS seres h,umanos e, cm 61tima análise, ameaçando a existtncia do bomem, que "bá ptuito 
esqueceu que a lerra Ibe foi dadasomeote em usufruto e não para consumo, e Illenos-ainda 
para desperdfcio despudorad'o".o A sociedade, advertiu, "estava d~truindo o chão, o 
revestimento e as estrutw:as de portas e janelas de n~a mora,dá:para obtl?r comblJ-Stfvel 
para aquecer nossos corpos e. ferver nossa-sopa, e Ci JIluodQ não pode d.ar~se ao IU?'0 de 
esperar até que o progresso I~Dto ~~_~~!@:º .d.~ ~~~çias C;X;ltas ~os te@a ensina,do u~'a 
.eÇ'?Domia melhor ( ... ) 'os-enSiiia.in~ntos da simples, experiênáa (._) não devem ser des-
prezados"~ Asidéias de MW!º tivcram muita infl\1ência no posterior estabelec~ento de 
uma comissão nacional de ~pecialistas f1oreslais~ e ihJlueD~aram esoitor~ úanc~es e 
, . " 
d'~of'&C- Petkins Manll (1801_1882) nlUiC~u ~m Vermonl e lecio nou por um curto período ,ntes de entrar 
para a advOClcia c depois p..na a polfliea. Membro whll" d,a Conpcsw (1843-1859), ajudou a fundar c ' 
dar forma 1 Smilluoru3n 10U;lul;01l. Foi ntiI\ist~ dos E,dlldo.: Uni401õ pana aíu"luia (18018-1854) c p ita 
.Itilill (1861-1862); nGS:5C último J'O'I'lo wbnV'll_lhc tempo para ~1' o:opiOAIOClltC. Mau a"d N.ture 
tomou4C 11m beal."Uerirnedi.lo" , .' 
WIdf:. membro ou lIill1f'1tianto do partido polOico ailldo elO ,1834 em oposi.çlIo -aOl: dcmOCf1ll18.ll jack_ 
soniaoC6, Qs;l'I'hIp c nlln Iipdo.:priocipalmcolc aos intc::rcsKllda II1lnuf'ttul'II, comúcio c finaOl'as, c fonm 
$\I~didos pelo Partido Repub licano pocvolta de 18S4.,(N. d~T.) 
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30 o RUMO AO PARA(SO 
especialistas florestais indianos e italianos. Para Stcward Udall, o livro representou o 
começo de um coobecimento d a terra DOS EStados Unidos.o . . Co/.. . .',c .. . 
O segundo evento foi o decreto do Cougrcsso em 1864, transferindo o Vale Yosedútc· ... 
e o Mariposa Groyc de B ig Trecs para o estado da Çalif6rnia, à condição de que "os 
espaÇ(;ls serão mantidos para utilização, lazer e recreação públicos, e deverão ser mantidos 
inati enáveis em·qualquer te~Po"~~ ·J(oeIúllitaÇâo -de ÜÍi:Íã "ãroa para fins de recreação 
nunca bavia sido. adotada antes como elemento de administração da terra nos Estados 
U ni dos. Roper esboça p ara Jefferson em 1815 a idéia· de que o governo de.mocrático deve 
preservar regiões com belas paisagens para o desfrute de todos os cidadãos . .(/ Durante 
suas viagens no Oeste americano enlre 1829·32, o artista GeOrge Catlin concluiu que tanto 
05 búfalos quanto 05 índios americanos estavam igualmente ameaçados de extinção. E!e 
acreditava que o "primitivo" da\'a mais vâlor à preservação e escreveu que índlos, búfalós 
e áreas virgens poderiam ser igual e efetiVillPeDte protegidos se o governo estabelecesse 
um "parque nacional que contivesse homens e animais, em toda rusticidade e frescor de 
sua beleza naturall" ojlJ Idéias similares foram expressas por HeriryDavid Tboreau em 18:f., 
quando ele escreveu sobre o caráter desejável das "reservas naturais'"'' e &ugeriu que .a 
preservação das áreas virgens era, em ill t!ma análise, importante para a preservação 4a 
civilização.so Qc:orge p erkins MarcJl levou o argumento mais adiante, sugerindo que ia 
preservação das áreas virgens tinha justificativas tanto "econômicas" quanto "poéticas!" 
isto 6, podia ser administrada de modo sustentável para o beneficio de tod~S.SI .j . 
Um segundo dispositivo legal, assinado e~ 1872....aesigoava uma áreá· de SOO .~ 
hectares no Wyoming como Parque NadoDaJ de Yel1uwstone, o primeiro parque nacion;u 
do mundo. Para Nash, a "invenção americana" de parques naciooais tornou-se ~fvÇl 
.pela existência de ternlS sob douúnio público, a existência de áreas virgens num periõ<to 
em que a demanda por preservação se desenvolveu, assim como pelo .modelo de col0o!-
zação americano (em que coexisLÍam terras incorporadas e não iocorporadas).n Runte 
sugere que os parques nacionais americanos se originaram da procura da identidade 
nacional e d a glorificação da beleza naturaJ revelada· pela expansão em direção ao oeste.!) 
O estabelecimento de Ycllowstooe e Yosemite deu substância às ftlosofias de Ca~ 
Thorcau, Ma.rsb e outros, e fometeu o modelo que foi imitado em outros piúses desdcjO . 
fmal do século XIX, embora tendo adotado significados diferentes em diferentes CÍTCllO$-
tâncias. Por exemplo, os parques nacioDais· foram criados na Austrália (Real Parqqe 
Nacional, 1879); Canadá (Parque Nacional Ba.nff, 1885) e Nova Zel.ândia (Parque NaciQ-
nal Toogariro, 189~), mas, ao meDOS no caso da Austrália, os parques tinham menos \a 
. vocação de preservação de áreas virgens do que de recreação pública. 
Muir versus Pinchot: O movimento americano se diYide 
Na virada do século, o ambientalismo americano se dividiu em dois campos: ~ 
g:.rvacionistas c os conservacionistas. qs primeiros buscavam preservar· as ãceas virgelÍS 
t!e quãlqucr u:!0 que não fosse recreativo ou educacional, c os ú.lUmos explorar 05 recursàs 
nai;wais d~ continente, mas de modo racional e sustentávél A visão dos primeir.os era 
talvez ftI~o[i"caiütntc mais próxima do ponto d e vista do protecioWsmo britânko; ós 
segundos se fundavam na tradição de uma ciência florestal racional da variedade a1emá. 
Como campeão da ·preservação das ãceas virgens, ninguém poderia rivalizar com o 
naturalista JOM Muir.· Suas primeiras lutas foram importantes para a cria~o do Parque 
J ohn Muir (1838-1914) nasceu em Dunbar, Ese6cia, e emigrou oomsulI famm. ~ W"~n em 1849. 
Após. univer&idade (nlio ~ ronnou) pePlmbulOll pelo Q!nad' e peloPlI dos; &tidos Unido!;., ali decar 
a ~n FI1II~ em 1868 e mudar« para o Parque Nacional de Y~mile. N. meia-idade COfIItÇO\I .a 
ClóCfeVCr, dutacando-ce nl proleçlio nAo wmenle do YOEemilt, como tambtm dos p.rque( nacionais de 
relrificd Forc&1 e Orand Canyon, no Arizonl!.. 
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Naciooal de Yosemite em 1890, a primc~ reserva cousocntemcntc designada à proteção 
da1 áreas virgcos.54 Incentivado por esse suéesso, mas caU[c!oso relativamente à necessid-
ade de observar mais de perto as reivindicações de utilização das áreas vi.-gcns, Muir 
ajudou a fundar em 1892 o Sicrra Cluh. o qual trabalhou pua tornar as regiões monta-
nhosas da costa do Pacífico acessíveis àqueles que busca~ usufruir das áreas virgens. O 
clube tornou-se um centro de agI,utinação da causa preservacionista. Com motivos mais 
baseados cm emoção do que cm racionalidade (mesmo que freqüentemente tcnba utili-
zado justificativas práticas na argumentação de sua hipótese), Muir falou e escreveu sobre 
as áreas virgens em termos religiosos, observando que. embora a glória de Deus. se 
inScrevesse em todos os seus trabalb9S, nas áreas virgens as letras eram mai6.scu.las. 
Quando Ralph Waldo Emerson visitou Yosemiteem 1871, Mwresperava poder persuadi-
IO 'ajuntar-se a ele "numa adoração de Um mês pela natureza DOS altos templos dagraIJde 
Siern Crown. altm do nosso sagrado Yosemitc".ss Ele sentia que a civilização baVia 
distorcido o sentido humano da relação com as outras coi$ílS vivas. . ~ I,· . 
. 'Enquanto Muir e os pre!ervacionistas falavam de "proteger" ou "preservar" o m;eio 
ruabicnte,o que freqüentcI;Ilcntc impliqva a total exclusão das áreas virgens de quaJqjJer 
alternativa que náo fosse recreação, outros falavam dc "conservação", ou de expl~ra~áo 
~ustelltada de recursos,tais como solo, florestas e águas. Uma das primeiras quest~.da 
conservação foi a proteção das florestas. O plantio de árvores havia começado nos esta~os 
ditos de pradarias· durante a década de 1860,56 e uma Divisão de Manejo Florestalj fQi 
aiada no seio do Departamento de Agricultura em 1876, embora não tivesse nem ~er 
nem dinheiro. O trabalho rcal foi emprei'ndido por amadores, tais como O bo~co 
finandado independe~temellte Charles Spraguc S~gtnt Inspirado pelo livro ~e Marsb, 
Sargent fez UIJ] levantamento das Dorestas americanas p3J3. o governo federal em 1880 e 
recomendou que as florestas de propriedade Cederal fossem protegidas até que um e.stOdo 
abt.a.Dgeotc pudesse ser realizado por especialistas. A primeira sugestão soore um serViço 
florestal de especialistas cientificamentc treinados veio de Gifford Pinchar," um fico 
pensilvaniano que havia estudado manejo Oorestal na ~uropa. onde aprendeu qu~ a~ 
"orestas tanto poderiam ser protegidas quanto administradas para aproveitamento sus· 
tentado. (A inOueDcia ' curopéia prosseguiu quando, em 1886, .0 especialista Dorestal 
alemão Bcrnbard Fernow tomou·sc o primeiro espcciali.s!a· tr~i.oado a ser indicado para 
um trabalho Da administração direta das flore.stas DOS Estados UnidOS.)S7 
Pinchot, Sargeot e outros perseguiam a idéia de uma comissão patrocinada pelo 
go.verno e obtiveram o patrocínjo da Academia Nacional de Ciências. O trabalho da 
comissão confirmou que as florestas americanas estavam numa situação ~e risco, mas.que 
não deveriam ser completamcnte fechadas à ocupação e uso futuros: devenam·. ser 
gerenciadaS de modo a contribuir para a economia do J!i.~3!~e.ntou Pinchot.1i A 
maneira como isto deveria SO[" realizado foi o que trouxe a diVisão entre prcservacionistas 
e conServacionistas a pCibi.ico. Nash argumenta. que a lealdade definitiva de Pinch~t era 
para com a civiliznção e o manejo florestal; .a de Muir pata· com as !Úeas virgens e a ' 
preservação.a Pincbot acbava dillcl .entcnder a ética preservacionista da escola de Muic 
e'bUscava minimizar 5"\la influEncia. Achava que a conservaÇão deveria se bas~ar em.lrês 
princfpios: .desenvolvimento (o uso dos recursos existentes pela geração pres~nte), a 
pfeVonção do desperdício e o desenvolvimento dos· r~s naturais para muitos, e não 
pãrã· poucos.'O Ele afirmava que sua política de conservação estava "abrindo novas 
• &t.ldo& hnh"o& pc:lo rio MiWaippi. (N. doT.) 
GilTord PÍl>dlot (1865.1946) IlaA:'C U em Com!cctlcut e foi eduado cm P.ris c 11. Pens.iMnl •. lkpois de 
(ormu_ etll Y . le:utudou manejo fiotcdal Da Ak:lMnb. e: Da Pn~~ antes de:", ínatlJ.ircomo conallllo r 
dau. upcriaUd.de em Nov. Yort. Poi nomeado pa~ o conselho da. nOVll Comildo Nldon.1 de M .... ejo 
FIoratal Cn:I 1896. S ua ramJli •• Judou-o • inst.1a: uma ucoIa de mllle:jo nOTelllal em Yak. Pinchol 
enco~trou_ pc!. primclR vez com Jobo Muif em 1893; OI dois ririam . lom.r.sc :c:nhidos .~n;frios. 
.... 
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32. RUMO AO PARAÍso 
perspectivas" (in egavelmente, este deveria ser o titulo de sua autobiografia): Worstcr 
argum enta, entretanto, que lal afirmação igoôra uma tradição de agricultura cicclifica 
progressista que vinha desde o sécuJo XVIII. A contribuição de Pinchot era, ~tes, trau:r 
a tradição d~[icultu ra progressista para ,:, . a.t!P.i.!!i straç.ã~cLa0eIT.as .públicas, partI-o 
eularmente as Horestas.'1 -.- .- -
O conservaciooismo americano 1la5ce:lte é freqüentemente representado como uma 
batalha entre moralidade (representada pelo povo) e imoralidade (represcótada por 
interesses privados vollados à exploração dos recursos naturais da.nação em beneficio 
próprio). Para McConDe~ U o con$crvaciorusmo havia se tomado intimamente identificado 
com o progressismo que varreu os Estados Unidos no pgf~do de 1900 a 1917, o qVaJ era 
freqüentemente apresentado como uma moraliry play.~ate& sugere que, aind;l, que o 
m~lo progressista fosse em parte um protesto conLra O monopólio e deslal?SSe a 
livre coocorrêocia, roarcava também o declínio do laisse:z [aire?e o desenvolvimento da 
consciência sodal.~ Conservacionistas organizados, argumenta; eram mais preoc~pad~s 
com a justiça econômica e a democracia na alocação dos recursos do que com a pretenÇão 
do desperdício; o collScrvacionismo era uma cruzad~ :democrãtica "para barrar O~UbO e 
a exploração ( ... ) {e) para distribuir de modo mais equânime os lucros da economi n . 
: Hays concorda que o conservaciorusmo americano não nasceu· de um grito pular, 
mas argumenta igualmente que não dirigiu seu fogo primordialmente conb-a a e·mpresa-
privada.60S À diferença dos preservacionistas amadores na Grã-Bretanha contempfânea, . 
os !!~...mn,servacionist.as americanos eram profissionais em campos tais como qmnejo 
florestal, bichologia .e geologia. Eram menos influenciados pela opinião pública go que 
pela lealdade a seus ideais profissionais quanto a assegurar w.n planejamento ra~ual e 
uma exploração eficiente dos recursos naturais. Q.punb.'!!!!:~!ÚrADta1.men~clÇ.s .que 
buscava~ .ç~·H~ que ~J~ur5o.s1osscm..d.~ç.Rw.t'(iAoi..COmetcialu)e.nte. Hays enf]lt.4a.a 
aplica5~~ nova tecnologia, ar~~tando que a democracia de base popular, I-i'!l'a os 
coniérvacionistas, lenaaê?totado o~~elb~ eficiência"." Joces sugere que os .: 
líderes progressistas não eram o produto do escoDte~iii.o popuJar, n;aas os gwy-diães 
autodesignados do interesse público." i 
A filosofia ulilitarista de Pinchol era intensamente .apoiada pelo vice-presidente :me- . 
odore Ropsevelt, que se tornou presidente depois do assassinato de William MqGnley, 
em setembro de 1901. Pursell . argumenta que Rooscvelt se sentia atraído ]"Ielq coo-
servacionis rno, particularmente por esperar que esse fosse um tema que não ·lcV<pltaria 
questões sociais fundamentais." Pinchot tornou-se, com efeito, ."secretário de estado par!! 
a' cOllServação", e a administração de recursos um assunto de· política·pÚblica. Roosevelt . 
busCou também as opiniões de Muit, e as reivindicações dos prC$ervacionistas·jpram 
atendidas durante a era Roosevelt, através da incorporação do Vale Yosemitc.ao·parq\le 
oacional circunvizinho e da criação de 53 reservas. naturais, 16 monume!ltos naci'{.oais e 
einco novos parques nacionais!' No todo, entretanto; .o.mandato .d~oosevclt- as!i;lStiu à 
promoção da conservação profissional baseada menos em ·principios eaiodon;ús de ... 
preservação do que em admin.i.stração racional de recursos natw:ais. 
Se ... o manejo floréstal era uma inspiração do conservacionismo americano, ~era 
uma outra. Os conseMCionistas enfatizavam a importância dos rios no tiãnspO!tlrlhler-
iorano, na suprimento doméstico e comercial do água, DO· controle de cheias e erosão e na 
energia hidrelétrica, e observaram· que os hídricos eram os únicos recursos .imporpntes 
que ai.tida permaneciam sob possessão pública. O desenvoJvimento muJti~ecionado dos 
rios· era visto como um exemplo fundamental da .utilização planejada e e6ciente dos 
recursos. Os empresários americanos ~tavam menos interessados na a~tra.ção da 
'. .'. . 
Um_ peça .Jegórica populDr, muito comum cspccialmenle.nos ~loc XV c XVI, 011 qual os.p"tf!On_gens 
pcnonificam oonceitO$ ou qu~lid.ada; IIbdnotlu; (como víciO$, vU1uda ou . morte). (N. do T.) 
( 
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':-
água como um recurso do que em sua exploração, mas até mesmo seus líderes tiveram que 
adm.itirque a navegação ioteriorana precisaya ser administrada para evitar que as ferrovias 
2SSlllIlissem um monopólio dos transpórtes, '. . . . 
Em março de 1907 Roosevelt:. por sugestão de Pinchot,70 criol,l a Cômissão 'daS Vias 
Navegáveis Interiores; ostensivamente para preparar e; apresentar um plano abrangcnte 
para o desenvolvimento e controle dos sisteiuas'fluviais

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