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XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 DIÁLOGOS ENTRE A TERAPIA OCUPACIONAL SOCIAL E AS INFÂNCIAS GUARANI E MOÇAMBICANA Marina Di Napoli Pastore*, Amabile Teresa de Lima Neves** e Maria Daniela Corrêa de Macedo**** *Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil. Pesquisadora membro do Núcleo Amanar – Casa das Áfricas ** Mestranda no Programa de Pós Graduação em Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil **** Professora Doutora do curso de Terapia Ocupacional na Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil e-mail: marinan.pastore@gmail.com Grupo de Trabalho: [GT 9] Terapia Ocupacional Social Resumo: Diversos campos epistemológicos tem se debruçado sobre a infância e a criança apresentando mútiplas formas de olhar para essa categoria geracional e social, constituindo um domínio interdisciplinar de investigação e discussão. Na produção teórico-prática da terapia ocupacional brasileira há uma compreensão dominante sobre a infância que assume como parâmetro a relação saúde-doença e o desenvolvimento infantil. A presente reflexão decorre de interrogações surgidas de experiências de pesquisas e de práticas em terapia ocupacional social realizadas tanto em contexto cultural guarani no Brasil como em um bairro periurbano em Moçambique. Discute-se a dimensão cultural da infância, considerando a pertinência de abordagem cultural para a terapia ocupacional. O intento é contribuir para abordagens teórico-práticas plurais sobre os fazeres infantis em que a criança seja interlocutora em relações dialógicas, contribuindo para o adensamento da reflexão sobre atividades humanas na construção da experiência e dos modos de existir. Entende-se que o brincar, enquanto linguagem fundamental da infância, configura modos de compartilhamentos de saberes e vivências. As crianças criam no brincar demandas pertencentes à ordem dos fazeres que se entrelaçam na construção de conhecimento e das expressões de sua cultura. Discute- se, igualmente, as dinâmicas interculturais presentes nas relações de alteridade entre crianças e o profissional de terapia ocupacional que favorecem a atuação em contextos culturalmente distintos, exigindo o exercício do diálogo, além de mediações, produções e afirmações que remodelam a própria profissionalidade. Assim, desenvolvem-se novas ações técnicas e ocorre a expansão da produção de conhecimento a partir de diálogos contextualizado entre terapeutas ocupacionais e crianças. Palavras-chave: terapia ocupacional social; cultura; diversidade; crianças; infância Abstract: Different epistemological fields have prone about the childhood and the child presenting multiples ways to look to this generational and social category, constructing an interdisciplinary dominion of investigation and discussion. At the theoretical and practice production of the Brazilian occupational therapy is a predominant comprehension about the childhood that assume as parameter the health-sickness relation and the child development. The present reflection discourse of interrogations that appears as from research experiences and practices in social occupational therapy realized in cultural context Guarani in Brazil as in a periphery neighborhood in Mozambique. We discuss the cultural dimension of the childhood, considering the pertinence of the cultural approach to the occupational therapy. The objective is to contribute to plural theoretical and practices approaches about the childhood doing in that the child be interlocutor at dialogical relations, contributing to the deepening of the reflection about human activities in the constructing of the experiment and ways to exist. We understand that the play, as fundamental language of the childhood, sets up sharing modes of knowledge and experiences. The children create in the play demands that belongs to the order of doing that intertwine at the construction of knowledge and expressions of their culture. We discussion, equally, the intercultural dynamics presents at the otherness relations between children and the professional of occupation therapy that favoring the acting in several cultural contexts, requiring the exercise of dialogue, besides mediations, productions and affirmations that remodel the own professionality. Thus, it develops news technical actions and occur the expansion of the ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 152 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 production of knowledge from contexts dialogues between occupational therapy and children. Keywords: social occupational therapy; culture; diversity; children; childhood. 1.0 - Introdução A infância, para muitos estudiosos, compreende uma categoria geracional, estrutural e social, que varia de acordo com a sociedade inserida por razões diversas: econômicas, sociais, culturais, de gênero, de etnicidade, entre outras. Não há uma única forma de infância, bem como não é possível chegarmos a um modelo de criança atemporal e descontextualizado culturalmente (JAMES & PROUT, 1990; ALANEN, 2001; SARMENTO, 2002; 2005; 2014). [...] a infância é universal em termos de ocorrência mais específica em suas manifestações concretas, sendo crucial que o debate internacional inclua, cada vez mais, investigações realizadas em contextos etnográficos não-ocidentais. (NUNES, CARVALHO, 2007, P. 5). Nos últimos anos essa questão vem sendo revisitada e rebatida nos debates atuais, nos quais se traz a ideia de que a infância não deva ser percebida em uma perspectiva universalizada, mas contextualizada. Quando consideramos a criança como “fora de lugar”, as ações realizadas por elas acabam sendo associadas a desvios e/ou patologias. Para estudarmos as crianças temos que questionar a infância, as relações, os modos e meios que a circundam, os símbolos que a permeiam, entre outros, compreendendo também a sociedade e as culturas em períodos históricos específicos. Na terapia ocupacional, ao nos depararmos com trabalhos sobre as crianças e infâncias, percebemos o aumento de estudos que enfocam questões relativas ao desenvolvimento típico e atípico da infância e às questões cognitivas e psicológicas. Este trabalho surge com o objetivo de dialogar com práticas e pesquisas que trazem para o cerne as questões socioculturais que envolvem o ser criança e a infância em espaços-tempos específicos. Para isto, foi preciso assumir conexões com as dinâmicas sociais próprias das realidades estudadas, bem como atentar as multiplicidades dos universos aos quais as crianças partilham e integram. O texto sugere, assim, apontamentos e reflexões trazidos de pesquisas e práticas desenvolvidas no âmbito sociocultural com crianças em duas realidades diferentes: as Guarani, de Aracruz, e as moçambicanas, da Matola A. Discute-se a dimensão cultural da infância, considerando a pertinência de abordagem cultural para a terapia ocupacional. 2.0 - Materiais e métodos A partir das vivências e práticas em contextos reais, trabalhar sobre as infâncias Guarani e moçambicanas nos fez assumir os significados presentes nas dinâmicas próprias, interligadas a contextos específicos, cujoprincipal desafio era o de conhecer e reconhecer os modos de vida que delineiam as visões sobre a criança. Para tal, o exercício etnográfico se fez importante e necessário para a compreensão histórica, social e cultural que se pretendia intervir. Entendemos, como sugere Magnani (2009, p.132), que o local em que o estudo se debruça pode ser visto para além de um cenário onde ocorra a ação social, mas como “resultado das práticas, intervenções e modificações impostas pelos mais diferentes atores (poder público, corporações privadas, associações, grupos de pressão, moradores, visitantes, equipamentos, rede viária, mobiliário urbano, eventos, etc.)”, numa rede complexa de interações, disputas, trocas, conflitos e partilhas que constitui, por sua vez, “um repertório de possibilidades que, ou compõem o leque para novos arranjos ou, ao contrário, surgem como obstáculos”, fazendo com que caiba ao trabalho etnográfico, a partir de um olhar de “perto e de dentro” (MAGNANI, 2002, p. 18) formas de ser e estar a partir de contextos e práticas específicos. A prática etnográfica constitui-se de dois momentos conjuntos: a prática etnográfica, programada e contínua, e da experiência etnográfica, em momentos imprevistos, descontínuos, mas que coabitaram um espaço-tempo e uma população comum: as crianças em seu espaço-tempo específico e situado (CLIFFORD, 2014). A etnografia englobou estratégias de estudos prévios, como história da população Guarani de Aracruz -ES, bem como de Moçambique, e estratégias de contato e encontro com as crianças e com seus familiares em ambas as comunidades. O uso de materiais audiovisuais, como fotos, vídeos e desenhos, foram utilizados no intuito de vinculação e de protagonismo das crianças durante as ações desenvolvidas em conjunto. ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 153 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 3.0 - Encontros interculturais: infância e contextos socioculturais Ao se trabalhar com crianças em contextos não hegemônicos, notamos uma dificuldade nos textos que traziam a infância numa visão não contextualizada. Passamos a trabalhar com textos e leituras a partir da sociologia e antropologia da criança, buscando um diálogo em que a horizontalidade, individualidade e culturas das crianças fossem consideradas pertinentes para o entendimento da realidade e contexto ao qual vivem. Algumas das abordagens hegemônicas, como as que temos visto no âmbito da terapia ocupacional brasileira em trabalhos com infância, e em outras disciplinas, tem colocado a reflexão em crianças consideradas como “fora de lugar”, ou seja, insistência numa perspectiva que compreende a infância fora da “normalidade”. Buscando dialogar com os contextos culturais aos quais as crianças partilham, discutimos a necessidade de compreensão em se estabelecer outras bases de estudos que não as de padrões ocidentais, europeus e norte-americanos, mas a olhar a infância e suas comunidades a partir de contextos específicos. Passamos a estabelecer uma visão da criança enquanto ator social, na qual ela interage e interfere na sociedade como tal, desenvolve processos de adaptação, apropriação, reinvenção e reprodução, realizadas por elas próprias – “sujeito concreto que integra essa categoria geracional [infância] e que, na sua existência, para além da pertença a um grupo etário próprio, é sempre um actor social que pertence a uma classe social, a um género, etc.” (Sarmento, 2005, p. 371). No caso das crianças guarani e moçambicanas possuem outras regras e compreendem o mundo a partir de outras formas de viver: elas ocupam outros lugares e papéis, e possuem outras atividades, significativas e que marcam o ser criança nestes espaços. O texto é, assim, uma maneira de conciliar os modos de ser em espaços não hegemônicos e culturalmente diversos das crianças, trazidas para um olhar a partir de ações e pesquisa no campo da terapia ocupacional social. 3.1 - Crianças Guarani das Aldeias de Aracruz – ES O projeto de extensão “Terapia Ocupacional e os jovens Guarani do Espírito Santo: diálogos e oficinas culturais” teve início em 2011, após estudos sobre as necessidades dos jovens das aldeias Guarani, na cidade de Aracruz, localizada no litoral capixaba, distante 83 km da capital, Vitória. Suas ações, com enfoque cultural, visam envolver os discentes de terapia ocupacional e outras áreas, proporcionando práticas e discussões socioculturais e territoriais (MACEDO et al., 2015). A fim de contextualizar historicamente o cenário de atuação da extensão, Macedo e outros (2016), com base nos estudos de Ciccarone (2001), explicam que os Guarani-Mbyá chegaram ao Espírito Santo em meados de 1960, pelo território de Guarapari, contudo atualmente se concentram em Caieiras Velhas, região de Aracruz. Os autores apontam que essa longa trajetória fora motivada por causas múltiplas, como a revelação religiosa, os conflitos pela terra, os conflitos internos nas aldeias, o trabalho forçado nas fazendas, a morte de parentes e a exploração para o turismo. Teão e Loureiro (2009), explicam que esse movimento de andança, ao qual os Guarani chamam de oguata porã, ocorre em prol da busca pela ivy marãey(terra sem mal), onde possam exercer seu nhandereko (modo de ser), que é constituído por meio das relações de reciprocidade que estabelecem entre si, com o meio ambiente e com sua religiosidade e espiritualidade. A terra é, portanto, unidade social fundamental para a sua organização. Complementarmente, Macedo (2010) e Costa (2012), destacam que as singularidades dos povos e comunidades tradicionais1, configuradas a partir da sua relação com a terra, por vezes são envolvidas em intensos conflitos socioculturais e territoriais, pois a maior parte dos territórios por eles escolhidos para viver tornam-se alvo de disputas fundiárias que tendem a não considerar a diversidade cultural e nem as necessidades e demandas das populações tradicionais em relação à terra. Dessa forma, a extensão legitimou-se pelo fator social e cultural que abrange em suas ações, as quais se voltam para a valorização cultural, afirmações identitárias, cidadania e emancipação social. A princípio, as intervenções ocorriam na aldeia Guarani Três Palmeiras, atreladas às questões de socialização e interação dos jovens Guarani entre si, com outras etnias (como os Tupiniquim) e com os não índios, e reforçando-se pelo recorte étnico do subgrupo Guarani- Mbyá, buscavam adentrar as questões interétnicas e interculturais. Todavia, embora o público de abrangência fossem os jovens Guarani, nos anos de 2013 e 2014, 1 São povos e comunidades que possuem formas próprias e diferenciadas de organização, utilizando-se dos territórios e dos recursos naturais como forma de reprodução cultural, econômica, social e religiosa, através de conhecimentos e práticas transmitidas pela tradição, pautadas em práticas coletivas produzidas e produtoras de identidade comunitária. (COSTA, 2012) ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 154 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 houve uma aproximação significativa por parte das crianças às atividades, demandando espaços do brincar como lócus para suas experimentações identitárias,principalmente as experiências ligadas à auto expressão e expressão cultural do cotidiano em comunidade. Nessa perspectiva, pensando em proporcionar espaços de produção e compartilhamento cultural às crianças, optou-se pela realização da oficina de atividades, pelo fato de se constituírem enquanto espaços de sociabilidade, trocas, expressões e experimentações culturais. Para tanto, essas oficinas foram inscritas no formato de Oficina de Brincadeiras Infantis, onde se elegeu trabalhar as brincadeiras e os jogos infantis durante as visitas mensais à aldeia Guarani, que ocorriam aos sábados à tarde, entre uma e duas vezes ao mês. Quanto às ações técnicas norteadoras das práticas, optou-se com as crianças pela “ação cultural”, que, em terapia ocupacional social, diz respeito às ações pertinentes aos contextos culturais dos indivíduos, relacionada às necessidades de grupos culturais quanto às expressões: artísticas, de linguagem, de questões de gênero, de questões etárias e de questões econômicas. Nessas ações, o terapeuta ocupacional visa compreender as formas de construção das diferenças culturais entre os grupos culturais, a partir organização simbólica das experiências e ações humanas, do modo como se dá suas relações e das formas de aprendizado desses grupos (MACEDO et al., 2016). Mediante essa conjuntura, as oficinas se davam de maneira coletiva, com brincadeiras e jogos que envolviam, concomitantemente, saberes populares e saberes Guarani. Em reuniões, realizadas na universidade, os discentes e a docente/ou técnica, responsável pela visita, pensavam, estudavam e planejavam as principais brincadeiras a serem propostas para que minimamente alguns materiais fossem separados, contudo, as ações no território nunca aconteciam numa mesma ordem, pois buscava-se sempre respeitar e acompanhar o ritmo das crianças e das próprias aldeias Guarani, na intenção de acolher e compreender os desejos e subjetividades que iam surgindo no encontro das diferenças. Assim, as próprias crianças se dividiam de acordo com suas afinidades que envolviam seus gostos e idades. Geralmente, aquelas entre 5 e 10 anos optavam pelo desenho, contação de história, bolinha de gude, identificação de árvores e plantas. Já as crianças entre 10 e 13 anos, escolhiam jogos mais corporais, com regras, interação social, e competição, como: pula corda, pula elástico, peteca, pique bandeira, queimada arco e flecha, futebol, cabo de guerra, jogos de expressão corporal. O fato das crianças, principalmente as pequenas, falarem em sua maioria apenas o Guarani, e dos alunos não saberem a língua, por vezes, dificultava comunicação. Contudo, na medida em que os discentes iam compreendendo a atividade como meio e recurso para construir as relações interculturais e acessar o universo Guarani, as trocas aconteciam e muitos significados emergiram, através das histórias e conhecimentos recriados e apresentados pelas crianças a sua maneira nos desenhos e jogos. Vale destacar que as oficinas não se reduziam apenas à parte prática das brincadeiras, mas também envolvia o feitio de alguns brinquedos. A peteca e o alvo para o arco e flecha, por exemplo, foram feitos pelas crianças, que conduziram desde sua construção até seu acabamento e a brincadeira em si. Ao terapeuta ocupacional coube, pois, acompanhar essas experimentações, exercendo o papel de articulador intercultural no encontro das diferenças etárias, linguísticas, e nos modos de produzir e expressar o conhecimento, proporcionando, nesse sentido, as condições para que o espaço criativo se desse e as crianças pudessem compartilhar os seus saberes. 3.2 – A infância vivida na Matola A A infância africana, e especificamente a moçambicana, aparece, em textos governamentais e oficiais, marcadas pelas ausências e privações de direitos, como nos documentos em parceria com o UNICEF Moçambique, que atentam principalmente para questões como: moradia e precariedade, saúde- doença, vacinação, HIV/AIDS, abandono escolar, trabalho infantil, entre outros. Tais documentos, por sua vez, embora tragam a preocupação às crianças e a participação infantil, não dialogam diretamente com as crianças nem com seus contextos históricos e socioculturais, imprimindo uma reflexão externa, em que o olhar e entendimento da infância está pautado em moldes europeus e norte-americanos, não refletindo as realidades locais. Em um segundo momento, o diálogo foi ampliado para as representações das infâncias na literatura acadêmica, onde foi possível reconhecer, principalmente nos trabalhos antropológicos e sociológicos com as crianças, que as mesmas apareciam enquanto colaboradoras das pesquisas, atuando em seus mundos como atores sociais. Ao entender que as infâncias só podem ser pensadas e problematizadas a partir de seu contexto, foi realizada uma pesquisa entre janeiro e julho de 2014, em que as vivências foram partilhadas e narrativas construídas com as crianças que habitavam o bairro da Matola A, localizado numa área periurbana ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 155 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 da capital moçambicana com o intuito de captar o que é ser criança em uma comunidade moçambicana. O bairro da Matola A surgiu entre 1960-70, com a rápida industrialização e enquanto lugar de passagem, migração e refúgio durante e após as duas guerras que assolaram o país: a guerra de libertação, contra o governo português (1964 a 1975) e a guerra civil (1976 a 1992) (ARAÚJO, 2006). O bairro da Matola A, desde sua constituição, foi um lugar de chegada e viveu transformação importante: havia quem tivesse ido para trabalhar, quem mudou por conta da guerra, quem se refugiou e, ao mesmo tempo, quem ainda continua chegando. Quem nasceu ali, cresceu e ainda vive lá, ou os que estavam de passagem. Mas um lugar em que os espaços são pedaços, as histórias são plurais, as vivências são singulares e múltiplas, tal como as lembranças de um passado que se tornara presente. As crianças como fruto daquele tempo e local, carregado de memórias e de vida. A infância era ali representada por esses processos que envolviam a comunidade como um todo, partilhando de dinâmicas sociais e de divisão de trabalhos que englobavam os modos de ser das pessoas que ali viviam. A partir da experiência etnográfica, dos encontros que ocorreram, foi possível notar uma outra infância ali: crianças que tinham suas responsabilidades, tarefas, mas que brincavam, interagiam com os outros, tomavam decisões e compartilhavam com os mais velhos, relacionavam-se entre pares e com o mundo. Para poder entender, era precisar estar presente, participar e integrar aquele universo. As dinâmicas que as crianças partilhavam eram diversas: cuidavam de si, dos irmãos mais novos, das mães, dos pais, iam à escola, cozinhavam, ajudavam no que fosse preciso e, nos mais diversos momentos, brincavam. Suas atividades tinham a premissa e a cultura do cuidado e ajuda, principalmente com os mais velhos. A relação existente entre as crianças e adultos, muitas vezes apontada e julgada enquanto trabalho infantil, tinha outra conotação ali: era preciso conhecer a realidade e seus modos de atuar para então abrir-se a discussão e a uma leitura sensível do envolvimento entre eles. Camara Laye, escrito senegalês, traz em seu livro “O menino negro” alguns trechos que refletem essa relaçãoe laços entre as responsabilidades e as brincadeiras, que podem ser percebidos nas passagens a seguir. Meus amigos e eu escalávamos a escada que levava até o alto e com o estilingue caçávamos os pássaros, às vezes os macacos que vinham saquear os campos. Pelo menos era essa a nossa missão, e a cumpríamos sem reclamar, bem mais por prazer que por obrigação; mas de vez em quando, envolvidos em outras brincadeiras, também esquecíamos o motivo pelo qual estávamos ali, e senão para mim, pelos menos para meus amiguinhos a coisa não se passava sem problemas […]; assim, devidamente esclarecidos, ficávamos de olhos nas colheitas, ainda que fizéssemos confidências apaixonantes, que os ouvidos dos adultos não deviam ouvir […] (LAYE, 2013, p. 42). Com o tempo, compreendeu-se que as crianças possuíam suas atividades pautadas pela divisão social do trabalho e no enfoque de formar cidadãos responsáveis, a partir de entendimentos de parentesco e solidariedade, partilhados também na relação entre pares (criança-criança) e durante o brincar. As diversas formas em que o brincar ocorria fornecia às crianças o exercício de entendimento, transformação e pertencimento da e na comunidade, enquanto atores sociais que integravam maneiras de existir e atuar no mundo. As experiências vividas pelas crianças nos seus espaços de significação e pertencimento, como os familiares e escolares, com suas normas e valores próprios de organização e de funcionamento, reforçados por um espaço de criação conjunta e sentimento de partilha geram a necessidade de criar e manter um “espaço interativo comum e de brincar juntas, que as crianças instituem sua própria ordem social.” (FERREIRA, 2004, p. 48-49), que só pôde ser percebido, significado e problematizado a partir das vivências na própria comunidade, no dia-a-dia das crianças, em que suas vivências e modos de ser foram validados quanto sua historicidade, cultura e meio social. Com as crianças foi possível compreender que era através do brincar que elas exploravam e se apropriavam não apenas dos valores e dos significados de suas culturas, mas das suas simbologias, de seus espaços e de seus modos de viver, dos seus mundos que as permeiam e dos quais participam, assumindo formas de experimentar o ser criança que lhes é atribuído, em suas mais diversas maneiras e alteridade, fossem durante as atividades domésticas, as escolares, as comunitárias ou em suas próprias. Para Sarmento (2002), torna-se fundamental compreender os contextos em que as crianças estão inseridas, e que as brincadeiras e o brincar, enquanto linguagem da criança, sejam vistos como parte inerente do ser criança, permitindo a ampliação do olhar da infância e, especificamente, da criança moçambicana que vive numa comunidade periurbana, considerando- se todos os aspectos que circundam e valorizam seus meios e espaços, culturas e sociedade, no qual a ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 156 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 redescoberta dos traços das crianças e da própria infância, marcados principalmente pelo brincar, nos permite a possibilidade de experimentar um mundo “infinitamente mais pacífico.” (SARMENTO, 2002, p. 16-17). 4. Discutindo o trabalho da terapia ocupacional social em cultura e suas dinâmicas O campo social requer do terapeuta ocupacional a capacidade de intervir em culturas distintas de acordo com a diversidade e multiplicidade cultural existente, rompendo com ações e procedimentos técnicos pré-estabelecidos (BARROS et. al., 2007). A partir disto, buscar promover ações, práticas e pesquisas culturalmente pertinentes e significativas, voltadas à valorização dos cotidianos culturalmente diferentes é também se debruçar sobre a existência dos modos de ser não normativos e avançar no debate acerca dos processos que levam ao rompimento dos cotidianos. Desse modo, as abordagens teórico-práticas plurais sobre os fazeres infantis que compreendem a criança como interlocutora em relações dialógicas, contribuem para o adensamento da reflexão sobre atividades humanas na construção da experiência e dos modos de existir. Pois, nelas se entende que o brincar, por ser linguagem fundamental da infância, configurará saberes a respeito dessa categoria para além daqueles atrelados ao desenvolvimento infantil e ao viés saúde- doença, mas também relacionados aos modos de troca, de compartilhamentos de saberes e vivências das crianças, abarcando demandas pertencentes à ordem dos fazeres que se entrelaçam na construção de conhecimento e das expressões de sua cultura. Nessa perspectiva, as práticas extensionistas e de pesquisa apresentadas neste manuscrito apontam desafios colocados à profissionalidade, mas que possibilitam pensar em novas formas de exercer as práticas conforme as diversas infâncias existentes. No contexto de atuação do projeto de extensão “Terapia Ocupacional e os jovens Guarani do Espírito Santo: diálogos e oficinas culturais”, que faz parte do universo dos Povos e Comunidades Tradicionais, foi possível perceber por meio das brincadeiras e jogos infantis, que as crianças Guarani possuem um cotidiano permeado por dilemas advindos da relação entre a cultura local, o crescimento econômico e políticas públicas, que por vezes causam rompantes e demandam reorganização de seus fazeres humanos e relações e que se iniciam desde as primeiras idades. Tais percepções emergiram na medida em que os alunos, a docente e a técnica proporcionaram espaços de liberdade para as crianças construírem e reproduzirem as experiências a sua maneira (como quando desenhavam personagens de desenhos animados que não pertenciam à cultura Guarani ou diversos animais e elementos da natureza), o que possibilitou revelarem o entendimento do mundo em que vivem e do modo que organizam a relação com o território. Na mesma direção, o trabalho com as crianças moçambicanas utilizou de um viés em que elas fossem postas como protagonistas de um tempo-espaço específicos, em que a história de guerras recentes do país, junto ao grande período de colonização e modos em que organizavam suas atividades significativas, a partir de um entendimento de vida partilhada em comunidade, com divisão dos trabalhos e reconhecimento do papel das crianças ali. Para a compreensão e acolhimento das diversidades e demandas, fossem individuais ou coletivas das crianças nestes dois contextos, um conceito se tornou primordial para as autoras: o da alteridade, como princípio articulador de nossas ações, reconhecendo a condição humana na criança, e, portanto, considerando, as características próprias e distinções, tanto coletivas, quanto individuais dessa categoria geracional e social. Foi preciso que nos aproximássemos e conhecêssemos as formas de organização dessas crianças, como se constroem e se dão suas relações, suas representações geracionais, seus códigos de comunicação e símbolos centrais de sua cultura. Nesse processo, é significativo destacar o estranhamento inicial advindo de ambos os lados: das profissionais, pelo fato de se depararem com uma infância diferente dos estereótipos relacionados às crianças com as quais estudamos em diferentes níveis do processo de formação, e das crianças, uma vez que somos adultas, brancas, de classe média e com formação diferente da delas. O uso da língua portuguesa também foi um estranhamento em ambosos contextos: as crianças da aldeia de Aracruz falavam guarani, e as da Matola A falavam changana. Todavia, o estranhamento foi significativo para que a alteridade permeasse as relações, uma vez que por meio dele pudemos despertar outros olhares sobre as crianças e realizar reflexões, (re)descobrimentos, (re)conhecimentos e (re)afirmações não só desse outro, como de si próprios. Partindo do reconhecimento do protagonismo da criança e considerando-a um “Sujeito concreto que integra essa categoria geracional [infância]”, e, portanto, “sempre um ator social [...]” (SARMENTO, 2005, p. 371) detentor de direitos, ações, saberes e subjetividades que a permitem negociar, compartilhar e criar cultura com seus pares (PASTORE, 2015), as ações passaram a ser planejadas levando em ISSN 0104-4931 v. 24, Suplemento Especial, 2016 157 XV Encontro Nacional de Docentes de Terapia Ocupacional e IV Seminário Nacional de Pesquisa em Terapia Ocupacional – UFES – Vitória/ES - 2016 consideração as experiências do brincar das crianças Guarani e moçambicanas. O intuito de trabalhar as brincadeiras e jogos infantis parte da compreensão de que a criança expressa e exerce o seu ser e estar através da brincadeira. Conforme Carvalho (acesso ago 2015), o brincar é a linguagem tipicamente infantil, capaz de integrar experiências da corporeidade, da cognição e da emoção, dos papéis sociais, das interações. Com o tempo de convivência estreitou-se o encontro da língua portuguesa com a língua guarani e changana e para além, sentimentos, culturas, e códigos de comunicação, foram mesclados e compartilhados. Entretanto, destaca-se que as brincadeiras constituíram a forma de linguagem que mais viabilizou as trocas entre os estudantes e as crianças. Além das afetações proporcionadas, como as novas formas de estar e de interagir com o contexto cultural, as brincadeiras e modos de interação através delas criar reflexões sobre as questões de interculturalidade e dos papéis e caminhos da terapia ocupacional social nos meios de cultura. O contato com as diferenças culturais possibilitou às crianças a valorização da sua produção cultural, já que por meio das negociações elas puderam se expressar de forma ativa, participativa e singularizada. Nossas práticas e estudos refletem, também, o modo como nos colocamos em relação com o outro, e, no caso, com o ser criança, em que, a partir da etnografia e do entendimento de que era necessário reconhecer os valores e símbolos próprios das infâncias que ali ocorriam, elementos outros acabaram por emergir e fazer parte dos processos contínuos, em que o brincar esteve presente das mais diversas formas: na Oficina de Brincadeiras Infantis, com as crianças guarani de Aracruz, ou no brincar livre, nas ruas do bairro, ou entre as atividades das crianças, na Matola A. O brincar nos permitiu acessar o mundo do imaginário humano e a um mundo em que o nosso ser criança refloresce: foi através do estar aberto ao outro, aos seus saberes e seus modos de ser que foi possível reconhecer que falar de uma infância única já não é mais possível, típica ou atípica, mas a partir de práticas etnográficas em que a diversidade, alteridade, encontro e dialogia (FREIRE, 1987) sejam possíveis. Tanto no contexto da pesquisa etnográfica como na prática em comunidades tradicionais na terapia ocupacional social, foi preciso elaborar o entendimento das pluralidades e sentidos existentes, tanto dos profissionais quanto da população, para que as ações e suas interpretações aprendessem os sentidos na dialogia de Paulo Freire (1987) e na tensão do entrelaçamento entre crianças, famílias e redes, a partir de contextos sociais específicos, históricos e culturais. 5. Conclusão Na perspectiva do diálogo intercultural e territorial, compreendemos a pertinência da compreensão de que na relação com o seu meio, as crianças influenciam e são influenciadas, alteram e são alteradas, transformam e são transformadas, enquanto atores e protagonistas de uma infância que deve ser notada, valorizada e estudada, a partir de sua contextualização aos meios sociais, culturais, econômicos, históricos. Através do processo de campo e da etnografia realizados em momentos diversos, como no reconhecimento da população, do lugar, de sua história, e na convivência, foi possível que percebêssemos um caleidoscópio de saberes e dinâmicas que foi preciso a disponibilidade para o outro. Disponibilidade esta que não foi espontânea, mas algo que só pode ser construído no exercício reflexivo, através de um processo mútuo: somos observados/as e este é um dos aprendizados significativos da prática antropológica. Cabe aqui ressaltar os laços com a formação do/da terapeuta ocupacional, sobretudo no campo social, em que entendemos a necessidade de construção de relações e interações com enfoque cultural no processo de formação, o que nos proporcionou uma melhor experimentação da relação teórico-prática e trocas entre diferentes saberes e sobre diferentes culturas. Assim como o entendimento e prática em ação comunitária e ação cultural, com a realização de uma relação dialógica e de negociação entre universidade e sociedade (auto) reflexões sobre/na a atividade humana e aprender permanentemente a interagir e a dialogar no universo do agir, do fazer, do trabalho e do brincar, seja nos mundos infantis ou nos diversos mundos aos quais interagimos ao estar disposto ao encontro com o outro. Agradecimentos Às crianças Guarani, de Aracruz-ES, é às crianças moçambicanas, do bairro da Matola A. Referências ALANEN, L. L'infanzia come concettogenerazionale. In H. Hengst & H. Zeiher. 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