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problemas da concordancia entre nomes aula 3

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Problemas da concordância entre nomes 
Thaís Nicoleti de Camargo 
 
A concordância nominal do português tem algumas particularidades interessantes. 
Partimos, é claro, do princípio geral do acordo de gênero e número que ocorre entre 
o substantivo e o adjetivo. A um substantivo masculino, liga-se um adjetivo 
masculino. A um substantivo feminino, liga-se um adjetivo feminino, e assim por 
diante. 
 
O assunto é aparentemente simples, mas, nem por isso, deixa de oferecer dúvidas. É 
muito comum ouvirmos frases do tipo: 
 
Vou comprar um óculos escuro. 
 
O termo “óculos” está, nesse caso, sendo tratado como singular – como “o ônibus”, 
“o lápis” etc. –, mas deveria estar no plural. O objeto que nomeia o par de lentes 
usadas em frente aos olhos é um substantivo plural. Sendo assim, o artigo que o 
antecede bem como o adjetivo que o segue ficam igualmente no plural: 
 
Vou comprar uns óculos escuros. 
 
Entende-se a confusão – afinal, os usuários da língua percebem os óculos como um 
só objeto –, e o uso da forma plural está associado à referência a mais de um 
elemento. 
 
Esse, todavia, não é o mais complicado dos casos, pois basta tomar conhecimento de 
que se trata de um plural e ajustar a concordância. Mais problemáticas são as 
sequências de substantivos adjetivadas por um só atributo. 
 
Exemplos 
1. O rapaz vestia calça e camisa preta. 
2. O rapaz vestia calça e camisa pretas. 
 
2 
 
As duas construções estão corretas. No primeiro caso, ocorre o que chamamos de 
concordância atrativa, ou seja, o adjetivo (“preta”) concorda com o elemento que lhe 
é mais próximo (“camisa”), embora se refira a todos os substantivos da sequência – 
no caso, “calça e camisa”. 
 
No segundo caso, a concordância é lógica, isto é, o adjetivo sofre a flexão de plural 
pelo fato de se referir a mais de um substantivo (“camisa e calça pretas”). 
 
À primeira vista, pode parecer que a concordância atrativa leva a uma interpretação 
errada da frase, supondo-se que o adjetivo “preta” se refira apenas ao último 
elemento (“camisa”). Ora, essa questão se resolve pelo princípio do paralelismo, que 
o usuário da língua intui. Em outras palavras, por que alguém diria que fulano veste 
calça (sem adjetivo nenhum) e camisa preta? A frase é, no mínimo, improvável. O 
que se espera é algo do tipo: 
 
Vestia calça branca e camisa preta. 
 
Resta ainda – se houver, de fato, a necessidade de adjetivar apenas um dos termos 
– a possibilidade de inverter a ordem dos elementos: 
 
Vestia camisa preta e calça. 
 
Superado esse primeiro problema, surge o próximo. Se estiver anteposto à 
sequência, o adjetivo concordará exclusivamente com o elemento mais próximo. 
 
Exemplo: Escolheu má hora e lugar para o encontro. 
 
O adjetivo “má” caracteriza tanto a hora quanto o lugar do encontro. Essa regra, 
entretanto, só é válida para adjetivos que funcionam como adjuntos adnominais – 
não vale para os que funcionam como predicativos. E, afinal, qual é a diferença entre 
o adjunto adnominal e o predicativo? 
 
3 
 
Antes de prosseguir nessa explicação, é preciso lembrar que o adjetivo é aquela 
palavra que exprime um atributo ou característica de um ser. Adjunto adnominal e 
predicativo são funções que esse atributo pode exercer na oração, isto é, são 
funções sintáticas. 
 
Na função de adjunto adnominal, o adjetivo exprime uma característica própria do 
ser, a ele pertencente e a ele diretamente ligada. Na função de predicativo, o 
adjetivo, por sua vez, exprime uma característica momentânea ou circunstancial e, 
normalmente, refere-se ao substantivo por meio de um verbo de ligação. 
 
Sendo assim, temos: 
 
1. Comprei uma camisa preta. 
“preta”  atributo próprio da camisa = adjunto adnominal 
 
2. Ela tinha os olhos lacrimosos. 
“lacrimosos”  atributo circunstancial1 = predicativo 
 
3. Ela tinha os olhos azuis. 
“azuis”  atributo inerente aos olhos = adjunto adnominal 
 
Entendida a distinção entre o adjunto adnominal e o predicativo, basta lembrar que 
este último não admite concordância atrativa. 
 
Exemplos 
 
O réu e a ré eram inocentes. 
Eram inocentes o réu e a ré. 
O juiz considerou o réu e a ré inocentes. 
O juiz considerou inocentes o réu e a ré. 
 
1 Naquele momento, a pessoa apresentava os olhos lacrimosos. 
 
4 
 
Para memorizar essa estrutura, vale a pena lembrar um trecho da bela canção Se eu 
quiser falar com Deus, de Gilberto Gil: 
 
Se eu quiser falar com Deus [...] 
Tenho que ter mãos vazias 
Ter a alma e o corpo nus [...] 
 
Observe que “vazias” e “nus” são atributos circunstanciais dos substantivos a que se 
referem. A ideia é que as mãos devem estar vazias, bem como a alma e o corpo 
devem estar nus, no momento de falar com Deus. 
 
 
Fonte 
FOLHA ONLINE. Colunas. Noutras palavras. Publicação: 18 fev. 2005. Disponível em: 
<http://www1.folha.uol.com.br/folha/colunas/noutraspalavras/ult2675u10.shtml>. 
Acesso em: 22 jul. 2015.

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