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Direito Civil - Do pagamento por consignação O pagamento por consignação consiste no depósito em juízo da coisa devida pelo sujeito passivo da obrigação (seja coisa móvel ou imóvel, não se tratando somente de dinheiro), seja por recusa do credor em receber ou por qualquer outro motivo que a torne necessária, fazendo com que o devedor libere-se de sua dívida, conforme determina o art. 972 do Código Civil: "Considera-se pagamento, e extingue a obrigação o depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais". O instrumento para tal dispositivo é a ação de consignação em pagamento, prevista nos artigos 890 e seguintes do Código de Processo Civil. O depósito deve substituir o pagamento, se julgado procedente, extinguindo a obrigação (art. 972) e seus juros e riscos, de acordo com o art. 976: "O depósito requerer-se-á no lugar do pagamento, cessando, tanto que se efetue, para o depositante, os juros da dívida e os riscos, salvo se for julgado improcedente". O devedor não está obrigado à realização de tal depósito. O Código (art. 972) determina que ele seja feito nos casos e formas legais, ou seja, se o devedor depositar o que deve, em vez de pagar diretamente ao credor, sem uma razão que justifique tal atitude, este depósito será julgado improcedente e o depositante sofrerá será responsável pelas conseqüências de tal ato. Mas isso não impede que ele o faça, pois dessa forma estará cumprindo sua obrigação realizando o pagamento, evitando uma discussão sobre quem seria o responsável por seu atraso e poupando o trabalho de guardar consigo o que deve. O art. 973 do Código Civil estabelece os casos em que é cabível o depósito em juízo: "A consignação tem lugar": "I – se o credor, sem justa causa, recusar a receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma". Neste caso o devedor não está obrigado a depositar em juízo o objeto da obrigação, mas pode faze-lo caso o credor se recuse a receber, ou recebendo, se recusar a dar a quitação legalmente devida ao credor. Se a recusa do credor em receber tiver justificativa é julgada improcedente a ação. Trata-se esta hipótese de dívida portable, ou seja, o devedor deve ir até o domicílio do credor para executar o pagamento. No caso descrito neste inciso o credor será citado para vir ou mandar receber (art. 975). "II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condições devidas". Da mesma forma do inciso anterior, bem como em todos os demais, é dada ao credor a faculdade de consignar o pagamento, pois, embora o devedor fique isento da culpa pela mora, ele pode mesmo assim depositar se quiser. Trata-se de uma dívida quérable, ou seja, aquela em que o credor deve ir até o domicílio do devedor para receber o pagamento. Também no caso descrito neste inciso será o credor citado para vir ou mandar receber (art. 975). "III – se o credor for desconhecido, estiver declarado ausente, ou residir em lugar incerto, ou de acesso perigoso ou difícil". Trata-se de uma dívida portable, mas, se o devedor não souber quem é o credor, ou se este for declarado ausente (desaparecido há muito tempo), ou, ainda, se residir em lugar não sabido ou de acesso difícil ou perigoso, cabe ao devedor também a consignação. O credor será citado para vir ou mandar receber também neste caso (art. 975). "IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento". Se o devedor tiver dúvida em relação ao credor, isto é, a quem ele deve entregar a coisa devida, por receio de pagar a pessoa errada ele pode também depositar a coisa em juízo. Mas esta dúvida deve ter fundamento, caso contrário será julgada improcedente a ação e o devedor responderá pelas conseqüências. No caso descrito neste inciso será o credor citado para provar o seu direito (art. 975). "V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento". Se s coisa devida for objeto de disputa judicial, mesmo que seja claro ao devedor a quem ele deve pagar, a lei lhe defere esta alternativa, para que não incorra em erro de credor, devendo pagar duas vezes, segundo determina o art. 983: "O devedor de obrigação litigiosa exonerar-se-á mediante consignação, mas, se pagar a qualquer dos pretendidos credores, tendo conhecimento do litígio, assumirá o risco do pagamento". "VI – se houver concurso de preferência aberto contra o credor, ou se este for incapaz de receber o pagamento". Refere-se este inciso à existência de mais de um credor, que postulam uma execução conjunta contra o devedor, devendo este consignar o pagamento, cabendo aos credores dividir entre eles o que cada um tem direito. Refere-se também a incapacidade (menoridade) do credor e à não existência de um representante legal seu, devendo também o devedor consignar o pagamento. O art. 974 relaciona os requisitos para que o pagamento consignado tenha validade: "Para que a consignação tenha força de pagamento, será mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o pagamento". Para ter validade, a ação de consignação, em relação às pessoas, deve ser proposta por quem tenha qualidade para efetuar o pagamento (o devedor ou terceiro) e contra o credor ou seu representante; em relação ao objeto, a prestação oferecida deve ser a coisa devida e na quantia devida; em relação ao tempo, a prestação deve ser dada na época devida ou, se depois, acrescida dos encargos da mora. Se sua mora tornou inútil ao credor a coisa, esta pode ser enjeitada. O depósito pode ser levantado (retirado) pelo devedor a qualquer tempo, desde que antes da manifestação de aceitação ou impugnação do credor, pagando as despesas com tal levantamento e voltando à condição anterior ao depósito: a obrigação subsiste integralmente, segundo art. 977: "Enquanto o credor não declarar que aceita o depósito, ou não o impugnar, poderá o devedor requerer o levantamento, pagando as respectivas despesas, e subsistindo a obrigação para todas as conseqüências de direito". Existe também a possibilidade de ser levantado o depósito mesmo após ter sido julgado procedente, mas há uma condição para isto: não basta o consentimento do credor para que o devedor faça o levantamento, é necessário que os demais credores e fiadores estejam de acordo (art. 978: "Julgado procedente o depósito, o devedor já não poderá levantá-lo, embora o credor consinta, senão de acordo com os outros devedores e fiadores"). Mas o Código Civil prevê uma conseqüência para o levantamento com a aceitação pelo credor depois de julgado procedente: como, após tal julgamento, a consignação tem força de pagamento, a obrigação antiga extinguiu-se; assim, se o devedor levantar o pagamento com anuência do credor, cria-se uma nova obrigação, e não há que se falar em mora ou inadimplemento da obrigação anterior, posto que já não mais existe, pois o levantamento nestas condições não tem força para ressuscitar a dívida antiga. Da mesma forma os antigos coobrigados e fiadores que não anuíram já não fazem parte dessa nova obrigação. (art. 979: "O credor que, depois de contestar a lide ou aceitar o depósito, aquiescer no levantamento, perderá a preferência e garantia que lhe competiam com respeito à coisa consignada, ficando para logo desobrigados os co- devedores e fiadores, que não anuíram"). O Código Civil prevê ainda a possibilidade de ser a prestação devida um corpo certo, o qual deve ser entregue ao credor no local onde se faça. Se o credor não atender, pode o devedor encontra. Nesse caso, poderá o devedor pedir que o credor seja citado para ir receber ou mandar que alguém depositar a coisa (art. 980: "Se a coisa devida for corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugaronde está, poderá o devedor citar o credor para vir ou mandar recebê-la, sob pena de ser depositada"). Uma outra questão refere-se à escolha, em se tratando de coisa indeterminada. Se competir ao credor, será ele citado para fazê-la. Se ele não a fizer, pode perder o direito, dando possibilidade ao devedor de escolhê- la e depositá-la. Se for a escolha feita pelo devedor, aplica-se o que dispõe o artigo 980, acima citado (art. 981: "Se a escolha da coisa indeterminada competir ao credor, será ele citado para esse fim, sob cominação de perder o direito e de ser depositada a coisa que o devedor escolher. Feita a escolha pelo devedor, proceder-se-á como no artigo antecedente"). Estabelece ainda o Código que as despesas do depósito correrão por conta do credor se julgado procedente, e por conta do devedor se improcedente (art. 982: "As despesas com o depósito, quando julgado procedente, correrão por conta do credor e, no caso contrário, por conta do devedor"). http://www.advocaciaassociada.com.br/informacoes.asp?IdSiteAdv=2803&action=exibir&idinfo=1799
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