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A ruralidade ontem e hoje%3A Uma análise do rural na contemporaneidade de Fernanda Cristina Laubstein 24 11 2013

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O artigo de nome, A ruralidade ontem e hoje: Uma análise do rural na contemporaneidade de autoria de Fernanda Cristina Laubstein, publicado no ano de 2011, aborda a gênese da questão rural a partir da década de 1960 quando passou a ocorrer um processo de modernização tecnológica na agricultura em nosso país e consequentemente as dinâmicas que ascenderam desse processo, bem como os fenômenos que se relacionaram.
O modelo adotado no pós-guerra e que visava o aumento da produtividade bem como a geração de capital fez com que o rural passasse a ser relegado a um papel secundário no que se relaciona a sustentabilidade do meio e à questão humana e social daqueles que se encontravam inseridos nesse contexto, tendo como ponto de partida a inspiração nesse modelo já adotado no exterior e trazido ao Brasil, sendo que alguns pesquisadores e teóricos já nessa época já tratavam de uma "nova ruralidade brasileira", segundo a autora.
Os processos que se deram em seguida tiveram alguns desdobramentos, tendo em vista o acesso ao crédito rural e consequente mecanização da agricultura no interior do país, a autora afirma que ocorreu uma relegação das questõesambientais à segundo plano, não sendo as mesmas de suma importância diante do evidente desenvolvimento econômico acarretado pela mecanização e como já dito, aumento da produtividade agrícola.
Esses processos levaram tanto à precarização da questão ambiental bem como a um êxodo em massa rumo ao meio urbano devido à mecanização que tornou dispensável grande contingente de trabalhadores rurais que sem alternativa para sua sobrevivência no campo acabaram por rumar ao meio urbano. A autora trata de tal processo como exclusivamente negativo no ponto de vista do êxodo rural, não compactuo com tal ponto de vista já que em seu artigo não é abordada a possível ambiguidade dessa transição do rural para o urbano.
É evidente que muitos dos que se tornaram dispensáveis devido a mecanização e rumaram para as cidades o fizeram à contragosto devido à suas raízes no campo porém não se pode deixar de citar que tal mudança acabou por abrir um novo leque de possibilidades para tais trabalhadores que uma vez inseridos no meio urbano tiveram a possibilidade de conseguir algum grau de qualificação profissional/educacional que seria impossível ou no mínimo improvável no campo.Tal qualificação fez possível uma nova perspectiva de vida e ganho no nível de qualidade de vida, tendo como premissa estarem estes inseridos agora "de facto" à sociedade, acredito ainda que tal mudança possibilitou aos filhos destes, oportunidades de crescimento que não seriam possíveis devido a lentidão histórica dos meios oficiais brasileiros em lidar com as necessidades dos cidadãos mais isolados dos rincões do interior do país.
Acredito ainda que um ponto não abordado pela autora é o do crescimento e estabelecimento da economia nacional como um todo; analisando de forma direta me parece evidente que no período anterior à 1960 a agricultura brasileira apresentava níveis de produtividade bastante inferiores aos apresentados hoje em dia, além disso a industrialização nas áreas urbanas foi fomentada pela mão de obra que surgiu devido aos processos de êxodo rural no interior do pais rumo as capitais, principalmente do Sudeste (SP,RJ,BH etc.). Processos esses que consolidaram a economia brasileira em nível mundial de forma que não havia ocorrido até então, assim sendo, sou levado a concluir que embora questionado, o "novo rural" tem papelindissociável no avanço tanto dos indicadores econômicos bem como dos indicadores sociais (IDH, renda, mortalidade, expectativa de vida etc.). É claro que os grandes processos de êxodo também contribuíram para o crescimento desordenado das cidades devido ao grande influxo de imigrantes bem como teve seu papel no processos de favelização ocorridos, porém não me agrada a tese de que tais processos deslegitimam os avanços reais que aconteceram.
Para basear minha afirmação parto da premissa de que o Brasil ainda hoje é um país que tem grande parte de suas exportações calcadas no meio primário via principalmente commodities como a soja e minérios que passaram a ter sua otimização de produção justamente a partir da década de 60, porém a indústria também é de força visível na matriz econômica nacional e o desenvolvimento de ambos trouxe avanços no campo social (ainda bastante desigual) no Brasil; não sendo porém de todo ruim como parece tentar expor a autora.
No que tange a descaracterização do rural por este passar a adotar e apresentar cada vez mais características normais ao meio urbano, é possível afirmar que tais mudanças são aceitas e benvindas por quem maisinteressa, no caso, os que habitam o meio rural; se colocadas em perspectiva, as realidades do passado e a atual será difícil não enxergar o que foi agregado à vida dos cidadãos do meio rural em sua maioria; dessa forma apenas novas linhas teóricas poderiam analisar o limiar entre o novo rural e o urbano e qual o rumo que tais relações tendem a tomar no futuro.
Acredito eu que um aspecto que de fato tem sido mais evidenciado em tempos recentes porém ainda carece de bastante esforço no que tange a seu manejo e também a legislação, é a questão ambiental do campo brasileiro, relegada à segundo plano diante da gana por capital e que sistematicamente tem levado a degradação de grandes áreas agriculturáveis Brasil afora. Nesse sentido concordo com a autora que defende uma manutenção de medidas legislativas já aplicadas bem como o advento de novas medidas que visem proteger o verde que ainda não foi totalmente ou parcialmente destruído, há de considerar porém que infelizmente jogos e relações políticas inescrupulosas e obscuras continuam a ter seu efeito bastante sentido no meio rural brasileiro, ainda refém de práticas coronelistas mais que ultrapassadas

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