Buscar

DIREITO CIVIL V

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Espécies
 A nomeação do tutor é negócio jurídico unilateral e deve obedecer a forma especial, sob pena de nulidade (CC 107 e 166 IV).11 A depender do modo de sua instituição, a tutela pode ser: 30.5.1. Documental O direito de nomear o tutor compete aos pais, em conjunto, bastando que estejam aptos a fazê-lo (CC 1.729). É nula a nomeação feita pelo genitor que, ao tempo de sua morte, não esteja no exercício do poder familiar (CC 1.730). No entanto, não cabe
1132/1276
subtrair eficácia à nomeação se a designação foi feita antes da perda da autoridade parental. A tutela deve ser instituída através de documento autêntico, firmado por um ou ambos os pais, em conjunto ou separadamente. Assim, pode ser levada a efeito por escritura pública, escrito particular ou até mesmo por carta. Vale qualquer escrito que deixe clara, sem dar margem a dúvidas, tanto a nomeação como a identidade do signatário. Descabe exigir maior rigorismo ao documento, pois o juiz poderá sempre deixar de atender à nomeação, em prol ao melhor interesse dos infantes.12 30.5.2. Testamentária Qualquer dos pais pode instituir a tutela por meio de testamento. Como é vedado testamento conjunto (CC 1.863), cada um deve indicar o tutor em instrumentos distintos. Não há qualquer vedação a que a nomeação seja feita por meio de codicilo (CC 1.881), que, afinal, nada mais é do que um escrito particular. Por esse mesmo fundamento, há que se reconhecer a validade da nomeação feita em testamento que, posteriormente, seja considerado nulo ou anulável, quando não se macula a vontade quanto à nomeação.13 Ou seja, basta não haver dúvida sobre a vontade do testador. Cabe ao tutor, no prazo de 30 dias após a abertura da sucessão, ingressar com pedido de controle judicial do ato (ECA 37). Só será concedida a tutela à pessoa indicada se comprovado que a medida é vantajosa ao tutelando e que não existe outra pessoa em condições melhores de assumi-la (ECA 37 parágrafo único). Em vez de nomearem um tutor, podem os pais expressamente excluir alguma pessoa para o exercício da tutela, o que a torna incapaz para o encargo (CC 1.735 III). Ainda que a indicação do tutor possa ser feita pelos pais, seu exercício depende da chancela judicial (CPC 749).
1133/1276
Se o pai nomeia tutor, mas a mãe - que passa a exercer o poder familiar - sobrevive, a nomeação não tem efeito, e vice-versa.14 O tutor indicado assume o encargo quando o genitor sobrevivente morre ou perde o poder familiar. Nomeando a mãe um tutor e o pai outro, não ocorreu nomeação em conjunto. Como os genitores não se puseram em acordo, diante do impasse, a decisão compete ao juiz, observando, sempre, o que for mais conveniente ao tutelado.15 31.5.3. Legítima Não feita a nomeação pelos pais, são convocados os parentes consanguíneos. É a chamada tutela legítima. Ainda que estabeleça a lei uma ordem de chamamento para a nomeação pelo grau de proximidade do parentesco (CC 1.731), em benefício do tutelado, dispõe o juiz da possibilidade de escolher quem entender mais apto a exercê-la. Na nomeação do tutor, imperioso atender ao melhor interesse do infante, devendo o encargo ser atribuído a quem já tiver com ele alguma afinidade, ainda que se afaste o juiz do rol legal. 31.5.4. Dativa Na falta ou exclusão do tutor legítimo ou testamentário, bem como na ausência de parentes em condições de exercer a tutela, cabe ao juiz conferi-la a uma pessoa estranha. É a chamada tutela dativa. Embora se trate de tutela subsidiária, há que se ter como possível a sua utilização, inclusive quando exista tutor legítimo.16 A nomeação deve recair em pessoa idônea e que resida no domicílio do menor (CC 1.732). Em se tratando de crianças e adolescentes cujos pais são desconhecidos, falecidos, ou foram suspensos ou destituídos do poder familiar, serão eles incluídos em programa de colocação familiar (CC 1.734). Quem instituir um menor herdeiro ou legatário pode nomear um curador especial para administrar a herança, ainda que o
1134/1276
beneficiário se encontre sob o poder familiar ou sob tutela (CC 1.733 § 2.º). Trata-se de uma espécie de protutor (CC 1.742), nomeado pelo doador e não pelo juiz.
31.6. Impedimentos Cerca-se o legislador de cuidados redobrados para escolher a pessoa que vai exercer a função de tutor, pois implica não só na entrega de patrimônio, mas, principalmente, na concessão da guarda de quem não tem alguém para zelar por ele. Há pessoas incapazes ou não legitimadas para exercer esse encargo (CC 1.735). Elenca a lei quem não pode ser tutor e, caso esteja exercendo a tutela, deverá ser exonerado (CC 1.735): I - quem não estiver na livre administração de seus bens. Fica claro que o incapaz de administrar os próprios bens não pode administrar bens alheios; II - quem tenha alguma obrigação para com o menor, ou algum direito contra ele. Como o tutor passa a ser o seu representante e o administrador de seus bens, haveria conflito de interesses. Ainda assim, de forma contraditória, impõe a lei que o tutor, antes de assumir a tutela, declare o que o menor lhe deve (CC 1.751). Pelo jeito, a existência de crédito junto ao tutelado só suspende sua exigibilidade durante o exercício da tutoria. Também se os pais, filhos ou cônjuges do tutor tiverem demanda contra o menor, não pode haver a nomeação; III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou quem tiver sido por estes expressamente excluídos da tutela; IV - os condenados por crime contra o patrimônio, a família e os costumes, independentemente de terem ou não cumprido pena;
1135/1276
V - as pessoas de mau procedimento ou culpadas de abuso em tutorias anteriores; e VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.
31.7. Direito de recusa A tutela é um encargo imposto por lei, tanto que, a não ser nas hipóteses elencadas, não pode ser recusada a nomeação (CC 1.736). Para declinar da indicação, é necessário haver um motivo a ser apresentado dentro de limitado prazo. Há discrepância na lei. O estatuto processual confere o prazo de cinco dias (CPC 760) e o Código Civil, de 10 dias (CC 1.738) para a recusa. O flagrante conflito entre ambos os dispositivos não gera problemas maiores, pois, formulando o tutor pedido de exoneração, dificilmente o juiz negará seu afastamento por intempestividade. A tutela tem um componente de pessoalidade, e manter no encargo quem não o quer exercer só pode vir em prejuízo do tutelado. Não admitida a escusa, exerce o tutor o munus até o julgamento do recurso, respondendo por eventuais perdas e danos (CC 1.739). Os parentes não podem escusar-se do encargo, a não ser que haja algum outro parente em condições de exercer a tutela. Mas quem não for parente da criança ou do adolescente, em princípio, só pode declinar da indicação por um dos motivos nominados. Claro que, embora diga a lei que a tutela é obrigatória, é de suma inconveniência atribuir o encargo a alguém contra a sua vontade.17 Também não se pode identificar a relação de justificativas como numerus clausus, ficando a critério do juiz aceitar motivos outros que lhe pareçam plausíveis. Silenciando o tutor, reputa-se que renunciou ao direito de declinar do encargo (CPC 760 § 1.º). O período da tutela é de, no mínimo, dois anos (CC 1.765).
1136/1276
Podem recusar a tarefa (CC 1.736): I - mulheres casadas. A exceção é discriminatória, pois não é deferida tal faculdade ao homem casado. Esta possibilidade revela, de forma escancarada, resquício da família patriarcal, na qual o casamento colocava a mulher em situação de tal submissão que a condição de casada, por si só, justificava a escusa. Caberia questionar se a união estável autoriza a recusa; II - maiores de 60 anos. Outra previsão, agora com relação ao idoso, que, ao lhe conceder um privilégio, dispõe de ranço preconceituoso; III - quem tiver mais de três filhos; IV - os enfermos; V quem residir em lugar diverso do tutelado; VI - quem já é tutor ou curador; e VII - os militares em serviço. O elenco revela certa preocupação do legislador em preservar a convivência dos tutores com seus pupilos,tanto que preconiza que sejam pessoas sadias, jovens, não tenham muitos filhos e se mantenham por perto. Agora, a referência aos militares não se justifica: se a intenção é encontrar um tutor que consiga ter mais espaço de convívio com o tutelado, ao menos que fosse autorizada a recusa a quem, em função de emprego ou de profissão, tem pouca disponibilidade de tempo.
31.8. Manifestação do tutelado No procedimento de nomeação do tutor, o estatuto processual não prevê a necessidade de colher a manifestação de vontade do tutelado. Só depois da nomeação é recomendado que se ouça o pupilo adolescente (CC 1.740 III). Porém, de modo expresso, o ECA, ao regulamentar a colocação em família substituta, se refere à tutela e determina que, sempre que possível, a criança ou o adolescente seja ouvido por equipe interprofissional, e sua opinião seja devidamente considerada (ECA 28 § 1.º). E, se tiver mais de 12 anos, é necessário o seu consentimento, colhido em audiência (ECA 28 § 2.º). Crianças e adolescentes têm assegurado direito à liberdade, tanto que dispõem do direito de opinião e expressão (ECA 16 II), bem como de participar da vida familiar e comunitária (ECA 16 V). Ao depois, o menor tem o direito de ser ouvido sobre a adoção (ECA 45 § 2.º), não se justificando dar tratamento diferenciado na tutela, que
1137/1276
estabelece um vínculo de convívio. Mesmo na hipótese de ter havido a nomeação do tutor pelos genitores, ainda assim é aconselhável a ouvida de quem, afinal, já não tem pais por perto, mas lhe é garantido, constitucionalmente, um grande número de direitos.
31.9. Encargos O tutor deve representar o seu pupilo até ele atingir os 16 anos e lhe prestar assistência dos 16 até os 18 anos (CC 1.747 I), competindo-lhe, também, dar autorização para o casamento. De forma pra lá de absurda admite a lei a possibilidade de o tutor casar com o tutelado. Exige tão só que tenha cessado a tutela e que estejam saldadas as respectivas contas (CC 1.523 IV). Ocorrendo o casamento sem a prestação das contas, o regime será obrigatoriamente o da separação de bens (CC 1.641 I). No entanto, é possível solicitar ao juiz que seja afastada tal imposição, se comprovada a ausência de prejuízo ao tutelado (CC 1.523 parágrafo único). Cabe ao tutor, quanto à pessoa do tutelado (CC 1.740): I dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, de acordo com suas condições; II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção. A redação de tal dispositivo evidencia por si só sua absoluta inadequação. Pelo jeito, é delegada ao juiz a função de pai. Talvez este seja o traço diferenciador entre poder familiar e tutela: o poder familiar não pode ser delegado, mas o tutor pode socorrer-se do juiz; III - cumprir com os deveres que cabem aos pais, ouvindo o pupilo, a partir do momento em que ele completar 12 anos. É do tutor a administração do bem de família na hipótese do falecimento dos pais e caso não existam filhos maiores para assumir o encargo (CC 1.720 parágrafo único).
1138/1276
31.10. Ação de nomeação do tutor A nomeação do tutor é regulada no estatuto processual (CPC 759), mas tanto o Código Civil como o ECA trazem várias regras de caráter procedimental. A nomeação é levada a efeito por meio de procedimento de jurisdição voluntária. Dispõe de legitimidade para a ação o Ministério Público (ECA 201 III), quando a criança e o adolescente se encontram em situação de risco (ECA 98). Também aquele que se candidata ao exercício da tutoria pode buscar sua nomeação. Nada impede, porém, que qualquer outra pessoa possa propor a ação. Neste caso, quem tem preferência para o exercício do encargo precisa ser citado. Pode o tutor eximir-se do encargo nas hipóteses legais (CC 1.736). Para declinar da nomeação, o Código Civil concedia 10 dias (CC 1.738). O CPC reduziu o prazo para 5 dias a contar da indicação e igual prazo quando sobrevier motivo de escusa (CPC 760). Nomeado o tutor, é intimado a prestar compromisso (ECA 32). Necessária a ouvida do tutelado, sempre que possível (ECA 28 § 1.º). Antes de assumir o encargo, deve o tutor declarar tudo o que o menor lhe deve, sob pena de não poder mais cobrar tais créditos (CC 1.751). Obviamente, ninguém pode ser nomeado tutor, não sendo pessoa idônea (CC 1.732).18 Mas, ainda assim, se considerável for o patrimônio do tutelado e o juiz não reconhecer a idoneidade do tutor, pode condicionar o exercício da tutela à prestação de caução (CC 1.745 parágrafo único), que pode ser real ou fidejussória. Trata-se de um ônus facultativo que pode ser imposto ou não. Tanto o Código Civil como o Código de Processo Civil não mais determinam que o tutor especifique bens em hipoteca legal. Assim, a atribuição conferida pelo ECA (201 IV) ao Ministério Público
1139/1276
para promover, de ofício, a especificação e a inscrição de hipoteca dos curadores não persiste.
31.11. Exercício Recebendo os bens do tutelado, o tutor passa a administrá-los, mas não adquire a condição de usufrutuário. Essa é mais uma diferença entre a tutela e o poder familiar exercido pelos pais (CC 1.689 I). Deve agir com zelo e boa-fé, no interesse do pupilo e sob a inspeção do juiz (CC 1.741). Sendo o patrimônio de valor considerável, pode o juiz determinar que o tutor preste uma caução, podendo ser dispensado se for pessoa de reconhecida idoneidade (CC 1.745 parágrafo único). Para fiscalizar os atos do tutor, há a possibilidade de nomeação de um protutor: pessoa física ou jurídica a quem é delegado o exercício parcial da tutela (CC 1.742), quando os bens a serem administrados exigirem conhecimento técnico, forem complexos ou estiverem localizados em lugar distante do domicílio do tutor (CC 1.743). Incube ao protutor auxiliar o juiz, fiscalizar a atuação do tutor e informar ao magistrado sobre qualquer descuido ou malversação dos bens. Como lembra Sérgio Gischkow Pereira, tornou-se delegável a tutela ao protutor, que percebe gratificação módica pela fiscalização efetuada (CC 1.752 § 1.º).19 É de tal importância a intervenção do juiz, que a lei gera sua responsabilidade direta e pessoal quando não houver nomeado o tutor (CC 1.744 I), como se a iniciativa do procedimento de nomeação coubesse a ele. Também tem o magistrado responsabilidade subsidiária, se não tiver exigido caução do tutor ou por ter deixado de removê-lo, a partir do momento em que ele se tornou suspeito (CC 1.744 II). Algumas atribuições podem ser exercidas pelo tutor independentemente de autorização judicial (CC 1.747): I - representar e
1140/1276
assistir o tutelado; II - receber rendas, pensões e créditos; III atender às despesas com subsistência e educação, bem como de administração, conservação e melhoramento de seus bens; IV - alienar bens destinados à venda; e V - promover o arrendamento dos bens imóveis. No entanto, é necessária a autorização do juiz para (CC 1.748): I - pagar dívidas; II - aceitar heranças, legados e doações; III transigir; IV - vender bens móveis ou imóveis; e V - representar o tutelado em juízo. A lei nega ao tutor legitimidade para praticar atos que colidam com os interesses do pupilo (CC 1.749). Praticados sem prévia autorização, ou sem posterior ratificação do juiz, são ineficazes (CC 1.748 parágrafo único). O tutor não pode (CC 1.749): I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, bens pertencentes ao menor; II - fazer doações; e III - tornar-se credor ou cessionário do menor. Ainda que obtenha autorização judicial, tais atos são nulos. Responde o tutor civil e penalmente pelos prejuízos que, por culpa ou dolo, causar ao tutelado (CC 1.752). A venda de imóvel pertencente ao tutelado depende de alvará judicial, que só é expedido se comprovada manifesta vantagem e após a avaliação do bem (CC 1.750). Não há exigência que a venda seja feita em hasta pública. Dispondo o tutelado de bens, servirão eles para garantir-lhe sustento e educação, cabendo ao juiz fixar a quantia que entender necessária, considerando os rendimentos de sua fortuna (CC 1.746). O tutor faz jus a remuneração proporcional àimportância dos bens que administra (CC 1.752).
1141/1276
31.12. Prestação de contas Como o tutor administra bens alheios, tem um duplo dever. A cada ano, deve submeter à apreciação do juiz um balanço (CC 1.756). O balanço pode ser apresentado nos mesmos autos, a evitar que anualmente precise o tutor instaurar um procedimento. Neste caso, ainda que a ação esteja extinta, os autos do processo de tutela devem permanecer em cartório. A cada dois anos tem a obrigação de prestar contas de sua administração, mesmo que os pais do menor, quando da sua indicação, o tenham dispensado do encargo (CC 1.755). A obrigação é imposta pela lei e a não apresentação é causa para a destituição.20 Também deve prestar contas cada vez que o juiz achar conveniente (CC 1.757). Ainda que não se trate da ação de exigir contas (CPC 550 a 553), as contas devem ser apresentadas em forma contábil, em procedimento próprio e não nos autos da tutela. Possui o Ministério Público legitimidade para promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a ação de prestação de contas (ECA 201 IV). Finda a tutela pela emancipação ou maioridade, não produz efeito a quitação dada pelo tutelado. Terá o tutor o direito a ser reembolsado por despesas feitas e que foram proveitosas ao menor (CC 1.760). As despesas com a prestação de contas são pagas pelo tutelado (CC 1.761).
1142/1276
31.13. Cessação A tutela é um instituto de caráter assistencial e protetivo e só se justifica enquanto o tutelado precisar de proteção. Assim, a tutela se extingue com a maioridade ou a emancipação do pupilo. Como o casamento provoca a emancipação (CC 5.º parágrafo único II), o casamento do tutelado termina com a tutela. Também no caso de adoção ou reconhecimento de filiação, cessa a tutela (CC 1.763). Igualmente, é o tutor dispensado de sua função (CC 1.764): I - se expirado o prazo em que era obrigado a servir, de dois anos, no mínimo (CC 1.765); II - se sobrevier escusa legítima (CC 1.736); III - ao ser removido, por negligente, prevaricador ou por ter se tornado incapaz (CC 1.766). O tutor é obrigado a permanecer nessa função por dois anos, no mínimo, prazo que pode ser prorrogado (CC 1.765 parágrafo único). Exercida a tutela por prazo determinado e não solicitada a exoneração, o tutor é automaticamente reconduzido (CPC 763 § 1.º). As dívidas do tutor para com o pupilo são dívidas de valor, devendo ser atualizadas. Os juros são devidos desde o julgamento definitivo das contas (CC 1.762).
31.14. Destituição Desatendendo o tutor, injustificadamente, o dever de sustento, guarda e educação do pupilo, pode ser destituído (ECA 38). O procedimento para a remoção de tutor é previsto na lei processual civil (CPC 761 e 762), com aplicação supletiva do procedimento de perda e suspensão do poder familiar (ECA 164). O Ministério Público, ou quem tenha legítimo interesse, pode pleitear a remoção ou a dispensa do tutor (CPC 761 e ECA 101 § 9.º). Em caso de extrema gravidade, possível é a suspensão liminar do encargo (CPC 762). Fica o tutor responsável pelos prejuízos que, por dolo ou culpa, causar ao tutelado.
1143/1276
O tutor que descumprir, dolosa ou culposamente, os deveres inerentes à tutela, causando prejuízos ao tutelado, além de responder pelos danos, comete infração administrativa, sujeitando-se à pena de multa (ECA 249). Para a remoção do tutor, não é necessário prova da sua ineficiência. Basta mera suspeita para o juiz afastá-lo, sob pena de ele responder por eventuais desmandos do tutor (CC 1.744 II). Sujeita-se o tutor à destituição do exercício da tutela na hipótese de cometer crime doloso contra o pupilo, punido com pena de reclusão. Trata-se de efeito anexo da condenação (CP 92 II). Todos os delitos cometidos contra pessoas com deficiência pelo seu tutor ensejam a majoração de um terço da pena (Estatuto da Pessoa com Deficiência 89 a 91).
Leitura complementar AGUIRRE, João. Tutela. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.). Tratado de Direito das Famílias. Belo Horizonte: IBDFAM, 2015. p. 695-726. COLTRO, Antônio Carlos Mathias. Da tutela e da curatela. In: TEIXEIRA, Ana Carolina Brochado; RIBEIRO, Gustavo Pereira Leite (coords.). Manual de direito das famílias e das sucessões. Belo Horizonte: Del Rey, 2008. p. 341-375. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da união estável, da tutela e da curatela. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2004. vol. 20. VELOSO, Zeno. Direito de família, alimentos, bem de família, união estável, tutela e curatela. In: AZEVEDO, Álvaro Villaça (coord.). Código Civil comentado. São Paulo: Atlas, 2003. vol. 17.
1144/1276
1 Luiz Edson Fachin, Elementos críticos..., 250. 2 Antônio Carlos Mathias Coltro, Da tutela e da curatela, 341. 3 Silvio Rodrigues, Direito civil: direito de família, 397. 4 Orlando Gomes, Direito de família, 402. 5 Arnoldo Wald, Direito de família, 177. 6 Antonio Carlos Mathias Coltro, Da tutela e da curatela, 303. 7 Sílvio Venosa, Direito civil: direito de família, 334. 8 Previdenciário. Pensão por morte. Menor sob tutela. Dependente legal do tutor para fins previdenciários. Art. 16, §§ 2.º e 4.º, da Lei 8.213/91. Comprovação de dependência econômica. Inexigência de exclusividade. (...) (STJ, AgRg no REsp 1.232.369/PR (2011/0016952-0), 5.ª T., Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, j. 21/06/ 2012). 9 Zeno Veloso, Código Civil comentado:..., 160. 10 Sílvio Venosa, Direito civil: direito de família, 429. 11 Zeno Veloso, Código Civil comentado..., 162.
1145/1276
12 Sílvio de Salvo Venosa, Direito civil: direito de família, 437. 13 Antônio Carlos Mathias Coltro, Da tutela e da curatela, 350. 14 Zeno Veloso, Código Civil comentado..., 166. 15 Idem, 163. 16 Antonio Carlos Mathias Coltro, Da tutela e da curatela, 303. 17 Sílvio Venosa, Direito civil: direito de família, 433. 18 Zeno Veloso, Código Civil comentado..., 184. 19 Sérgio Gischkow Pereira, Direito de família:..., 213. 20 Determinação de prestação de contas pela tutora na forma mercantil, sob pena de remoção no prazo de dez dias, e depósito dos rendimentos da menor em conta judicial. Pedido de aceitação da prestação de contas na forma apresentada, de manutenção no exercício da tutela e de suspensão da determinação de depósito judicial. Prejudicada parte dos pedidos diante da aceitação em apresentar o cálculo na forma mercantil. Autorização apenas do levantamento de valores determinados para o pagamento de despesas mensais fixas e manutenção no exercício da tutela até que o MM. Juízo a quo entenda pela remoção. Recurso parcialmente conhecido e, na parte conhecida, provido parcialmente. (TJSP, AI 0115883-78.2012.8.26.0000, 9ª C. Dir. Priv., Rel. Des. Piva Rodrigues, j. 18/09/ 2012).

Outros materiais