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PROTEÇÃO PENAL AOS INTERESSES SOCIAIS

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Prévia do material em texto

Caro Aluno, 
 
Seja bem vindo. 
 
O presente curso é ministrado em aulas teóricas sobre a disciplina “Proteção Penal aos 
Interesses Sociais” dispostas na forma de conteúdos e a matéria é relacionada com a 
orientação jurisprudencial e doutrinária atuais, informando ao aluno desde já que tais 
aulas têm ainda fulcro na interpretação de acórdãos prolatados pelos Tribunais. 
 
Para tanto o aluno deve, além do material disposto adiante apresentado, se valer das 
bibliografias abaixo recomendadas, para melhor aproveitamento do seu curso e 
entendimento da matéria e com isso aperfeiçoar o seu aprendizado. 
 
É objetivo precípuo com o presente curso promover a compreensão e a importância do 
Direito Penal, assim como apresentar e discutir o significado dos institutos fundamentais 
do Direito Penal; de forma a estimular a capacidade de análise, domínio de conceitos e 
terminologia jurídica, argumentação, interpretação e valorização dos fenômenos jurídicos 
e sociais envolvidos. 
 
Também como objetivo tem-se a preparação do aluno para utilização de elementos de 
doutrina, jurisprudência e legislação componentes da técnica jurídica do Direito Penal, 
com uma visão crítica e consciência sociopolítica, além de promover o desenvolvimento 
das competências e habilidades definidas no perfil do egresso, quais sejam: 
 
· Leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e documentos 
jurídicos ou normativos, com a devida utilização das normas técnico-
jurídicas; 
· Interpretação e aplicação do Direito; 
· Pesquisa e utilização da legislação, da jurisprudência, da doutrina 
e de outras fontes do Direito; 
· Adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes instâncias, 
administrativas ou judiciais, com a devida utilização de processos, atos 
e procedimentos; 
· Correta utilização da terminologia jurídica ou da Ciência do 
Direito; 
· Utilização de raciocínio jurídico, de argumentação, de persuasão 
e de reflexão crítica; 
· Julgamento e tomada de decisões; 
· Domínio de tecnologias e métodos para permanente compreensão 
e aplicação do Direito. 
 
Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é 
que você dedique ao menos 2 horas por semana para esta disciplina, estudando os textos 
sugeridos e realizando os exercícios de auto-avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já 
ir planejando o que estudar, semana a semana. 
 
Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser 
estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar 
sugerida. No mínimo você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura 
fundamental, só que essa compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura 
complementar. Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. 
 
a – Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas 
 
Assuntos/módulos Leituras Sugeridas 
Fundamental Complementar 
1 - Ultraje a culto e 
impedimento ou perturbação 
de ato a ele relativo; 
Impedimento ou perturbação 
de cerimônia funerária. 
Dos crimes contra o 
sentimento religioso 
econtra o respeito aos 
mortos (Livro texto: 
Título V, cap. I, arts. 208 
e 209 do CP) 
 
 
ANDREUCCI, Ricardo 
Antonio. Manual de 
Direito penal. 4ª ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008. 
MIRABETE. Julio 
Fabbrini 
Mirabete. Manual de 
Direito Penal. Parte 
Especial: 
arts. 121 a 234 do CP. 29ª 
ed. v.2. São Paulo: Atlas, 
2012. 
MIRABETE. Julio 
Fabbrini 
Mirabete. Manual de 
Direito Penal. Parte 
Especial: 
arts. 235 a 361 do CP. 29ª 
ed. v.3. São Paulo: Atlas, 
2012. 
SILVA, César Dario 
Mariano da. Manual de 
direito penal, vol. 3: parte 
especial – 2ª Ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2003. 
JESUS, Damásio. Direito 
penal. São Paulo: Saraiva. 
2008. v. 3. 
MIRABETE, Júlio 
Fabrini.Manual de direito 
penal.São Paulo: Atlas, 
2007. v. 3. 
NORONHA, Edgar 
Magalhães. Direito 
penal.São Paulo: Saraiva, 
2005. v. 3. 
 
2 – Violação de sepultura; 
Destruição, subtração ou 
ocultação de cadáver; 
Vilipêndio a cadáver. 
Dos contra o respeito aos 
mortos (Livro texto: 
Título V, cap. II, arts. 210 
a 212, do CP) 
3 – Incitação ao 
crime;Apologia de Crime ou 
Criminoso; Quadrilha ou 
Bando. 
Dos crimes contra a paz 
pública (Livro texto: 
Título IX, arts. 286 a 288 
do CP) 
4 - Moeda Falsa; Crimes 
Assimilados o de Moeda 
Falsa; Petrechos para 
falsificação de moeda, 
emissão de título ao portador 
sem permissão legal. 
 
Dos crimes contra a fé 
pública (Livro texto: 
Título X, Cap. I, arts. 289 
a 292 do CP) 
5 – Falsidade de títulos e 
outros papéis públicos. 
Falsificação do Selo ou Sinal 
Público; 
Falsificação de Documento 
Público; 
Falsificação de Documento 
Particular; 
 
Dos crimes contra a fé 
pública (Livro texto: 
Título X, Cap. II, arts. 
293 a 295 do CP); 
Dos crimes contra a fé 
pública (Livro texto: 
Título X, Cap. III, 
Falsidade Documental 
arts. 296 a 298 do CP) 
6 – Falsidade Ideológica; 
Falso Reconhecimento de 
Firma ou Letra; 
Certidão ou Atestado 
Ideologicamente Falso; 
Falsidade de Atestado 
Médico; 
Reprodução ou Adulteração 
de Selo ou Peça Filatélica; 
Dos crimes contra a fé 
pública (Livro texto: 
Título X, Cap. III, 
Falsidade Documental 
arts. 299 a 303 do CP) 
7 - Uso de Documento 
Falso;Supressão de 
Documento; 
Dos crimes contra a fé 
pública (Livro texto: 
Título X, Cap. III, 
Falsidade Documental 
Falsificação do Sinal 
Empregado no Contraste de 
Metal Precioso ou na 
Fiscalização Alfandegária, ou 
para Outros Fins; 
Falsa Identidade. 
arts. 304 e 305 do 
CP; Capítulo IV -De 
Outras Falsidades, arts. 
306 e 307, do CP). 
8 - Falsa Identidade (art. 308); 
Fraude de Lei sobre 
Estrangeiro (arts. 309 e 310); 
Adulteração de Sinal 
Identificador de Veículo 
Automotor (art. 311). 
Fraudes em Certame de 
Interesse Público 
Dos crimes contra a fé 
pública - De Outras 
Falsidades (Livro texto: 
Título X, Cap. IV, arts. 
308 a 311-A, do CP). 
 
Nota: ver as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de 
consulta indicadas. 
 
b – Avaliações 
 
Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, 
cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das 
datas das suas provas, dentro dos períodos especificados. 
 
Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as 
avaliações é realizando os exercícios de auto-avaliação, disponibilizados para você neste 
sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios 
que são requeridos em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da auto-
avaliação. 
 
Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em 
cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: 
 
 
Conteúdos a serem exigidos nas avaliações 
 
Avaliações Assuntos 
Exercícios de auto-avaliação 
relacionados 
NP1 Do assunto 1 até o assunto 4 Exercícios de n.o 1 a 4 
NP2 Do assunto 5 até o assunto 8 Exercícios de n.o 5 a 8 
Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios 
Exame Toda a matéria Todos os exercícios 
 
 
Assim, o presente curso tem por alcance específico direcionar o estudo para as diversas 
possibilidades abertas ao estudante de direito, tanto para as áreas das carreiras por 
concursos, como para o exercícioda advocacia, além da capacitação do estudante para o 
exercício profissional. 
 
As lições visam fazer com que o aluno aplique aos casos práticos os conhecimentos 
auferidos, levando em consideração a doutrina e a orientação jurisprudencial. 
 
Bons estudos! 
 
 
BIBLIOGRAFIA FUNDAMENTAL 
 
ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de Direito penal. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 
2008. 
MIRABETE. Julio Fabbrini Mirabete. Manual de Direito Penal. Parte Especial: 
arts. 121 a 234 do CP. 29ª ed. v.2. São Paulo: Atlas, 2012. 
MIRABETE. Julio Fabbrini Mirabete. Manual de Direito Penal. Parte Especial: 
arts. 235 a 361 do CP. 29ª ed. v.3. São Paulo: Atlas, 2012. 
SILVA, César Dario Mariano da. Manual de direito penal, vol. 3: parte especial – 2ª Ed. 
Rio de Janeiro: Forense, 2003. 
JESUS, Damásio. Direito penal. São Paulo: Saraiva. 2008. v. 3. 
MIRABETE, Júlio Fabrini. Manual de direito penal. São Paulo: Atlas, 2007. v. 3. 
NORONHA, Edgar Magalhães. Direito penal. São Paulo: Saraiva, 2005. v. 3. 
Bibliografia Complementar: 
BRUNO, Anibal. Direito penal. Tomo 4. Rio de Janeiro: Forense, 1966. 
BRUNO, Anibal. Direito penal. Tomo 5. Rio de Janeiro: Forense. 1966. 
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. São Paulo: Saraiva, 2003. v. 3. 
DELMANTO, Celso. Código penal comentado. 7ª ed. São Paulo: Renovar, 2007. 
FRANCO, Alberto Silva. Código penal e sua interpretação jurisprudencial. 8ª ed. São 
Paulo: RT, 2007. 
JESUS, Damásio. Código penal anotado. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. 
MIRABETE, Júlio Fabrini. Código penal interpretado. São Paulo: Atlas, 2007. 
 
TÍTULO V 
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO E CONTRA O RESPEITO 
AOS MORTOS 
CAPÍTULO I 
DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO 
 
Breves considerações 
 
O dispositivo neste título encontra descanso no texto constitucional, qual seja, em seu 
artigo 5°, inciso VI, que dispõe “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção 
aos locais de culto e a suas liturgias”, bem como no mesmo artigo, inciso VIII, “ninguém 
será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-
se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei”. 
 
Diante disso, é assegurada a pluralidade religiosa, desde que não haja excessos ou abusos 
de modo a prejudicar outros direitos e garantias individuais. 
 
Além da religião, protege-se também a lembrança das pessoas mortas (arts. 209 a 212, do 
CP). 
 
 
 
 Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo 
 
Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; 
impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato 
ou objeto de culto religioso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem 
prejuízo da correspondente à violência. 
 
1. Conceito 
 
O crime de ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo, disposto no 
art. 208, do CP, tem a seguinte redação: “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo 
de crença ou função religiosa; impedir ou prática de culto religioso cerimônia ou perturbar 
cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto 
religioso: Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa”. 
 
Note-se que são 3 as condutas típicas, quais sejam: 
a) escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; 
b) impedir ou prática de culto religioso cerimônia ou perturbar cerimônia ou prática de 
culto religioso; 
c) vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
Protege-se o sentimento religioso, independentemente da religião escolhida, o interesse 
ético-social em si mesmo, bem como a liberdade de culto (art. 5º, VI, da CF). 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade (crime vago). Entretanto, no caso de escárnio, 
secundariamente, o sujeito passivo é a pessoa atingida. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica de inicialmente tem origem no verbo “escarnecer”, que significa 
ridicularizar, zombar. O escárnio deve guardar relação com a crença ou com a função 
religiosa (exercida por padres, pastores e etc.). 
Nesse sentido: 
 
“Para a configuração do crime do art. 208 do CP, é necessário que o escárnio seja dirigido 
a determinada pessoa, sendo que, a assertiva de que determinadas religiões traduzem 
‘possessões demoníacas’ ou ‘espíritos imundos’, espelham tão-somente, posição 
ideológica, dogmática, de crença religiosa, não tipificando o crime de vilipêndio, ou 
ultraje a culto” (TACRIM-SP – AC – Rel. Régio Barbosa – RJD 23/374). 
 
Em seguida, a conduta típica vem expressa do verbo “impedir”, que tem o conceito de 
evitar que se inicie, paralisar, suspender, e pelo verbo “perturbar”, que tem o significado 
de atrapalhar, embaraçar, tumultuar. 
 
“Cerimônia” é ato solene e exterior de culto religioso. 
 
“Culto religioso” é todo aquele que não se reveste do caráter solene e formal de cerimônia. 
Finalmente, a conduta típica vem expressa pelo verbo “vilipendiar”, que significa tratar 
com desdém, menoscabar, desprezar. 
 
O vilipêndio deve ser público, ou seja, na presença de várias pessoas ou de modo que seja 
presenciado por várias pessoas, como por exemplo televisão, e ter como alvo ato de culto 
religioso ou objeto de culto religioso. 
 
Trata-se de crime doloso que, para a sua configuração, necessita da finalidade específica 
de escarnecer do ofendido em razão de crença ou função religiosa, e de se ofender o 
sentimento religioso, no vilipêndio. 
 
Nesse sentido: 
“Incide no art. 208 do CP, porque animado por evidente dolo, o agente que, agindo com 
intuito de perturbar o culto religioso, entre outros artifícios, direciona possantes alto-
falantes para o prédio da igreja e liga os aparelhos em altíssimo volume com músicas 
carnavalescas e, em outras oportunidades, faz uso de estampidos de bombas juninas, tudo 
para impedir as orações e os cânticos dos fiéis” (TACRIM-SP – AC – Rel. Ribeiro 
Machado – BMJ 81/13). 
 
No escárnio, o crime é consumado com a prática da ação, independentemente do resultado 
visado pelo agente. Alguns autores defendem que é delito de mera atividade na primeira 
modalidade e alerta que a segunda e terceira modalidade são de resultado, portanto há 
necessidade de impedir ou perturbar e vilipendiar. 
 
No impedimento ou perturbação, consuma-se o crime com o impedimento ou perturbação 
da cerimônia ou culto. 
 
No vilipêndio, consuma-se o delito, se for verbal, com o ultraje. Se não for verbal, 
consuma-se com o resultado material, como por exemplo com a destruição de estátua 
sagrada. 
 
No “escárnio” admite-se a tentativa apenas se a forma for escrita, o “impedimento ou 
perturbação” não há óbices à tentativa, e no “vilipêndio” admite-se a tentativa apenas 
quando o crime for material. 
 
5. Forma Qualificada 
 
Nos termos do parágrafo único do art. 208, do CP, “se há emprego de violência, a pena é 
aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência”. A violência pode 
ser física (contra a pessoa) ou material (contra a coisa), respondendo o agente por dois 
crimes em concurso material, já que as penas são somadas. 
 
 
CAPÍTULO II 
DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS 
 
 
Impedimento ou perturbação de cerimôniafunerária 
 
Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária: 
Pena - detenção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa. 
Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem 
prejuízo da correspondente à violência. 
 
1. Conceito 
 
O delito de impedimento ou perturbação de cerimônia funerária está disposto no art. 209, 
do CP, qual seja: “Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária: Pena - detenção, 
de 1 (um) mês a 1 (um) ano, ou multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
Tutela-se com o dispositivo o sentimento de respeito aos mortos. Esse sentimento de 
reverência dos vivos para com os mortos não deixa de ter também cunho religioso. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
O sujeito passivo não é evidentemente o cadáver, o morto, pois este não é mais titular de 
direitos, mas a coletividade, as pessoas da família ou amigos que tenham relação afetiva 
com aquele. 
 
Nesse aspecto: 
 
“Pela norma do art. 209 do Estatuto Penal, o legislador visou resguardar o sentimento de 
respeito e piedade para com os mortos. Sentimentos dos vivos, é óbvio, de respeito e 
homenagem aos mortos. Esse o bem jurídico aqui tutelado, uma vez que o morto já não 
pode ser titular de direito. Conforme observa o douto Magalhães Noronha, ‘o sentimento 
de respeito aos mortos é também da coletividade e, mais particularmente, da família do 
falecido. Não seria ocioso lembrar que o texto legal não se refere a ‘ofensa ao morto’, 
mas a perturbação de cerimônia funerária, que é ato dos vivos” (TACRIM-SP – Rec. – 
Rel. João Guzzo – JUTACRIM X/119 
 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelo verbo impedir (evitar que se inicie, impossibilitar, 
paralisar, etc) e pelo verbo perturbar (dificultar, atrapalhar, etc) o enterro ou cerimônia 
funerária. 
 
“Enterro” é a trasladação do cadáver para o local onde será sepultado. 
 
“Cerimônia fúnebre” é o ato civil em que se presta assistência ou homenagem ao falecido 
(cremação, velório, etc). 
 
Nesse sentido: 
 
“Perturba a cerimônia ou prática de culto religioso quem tumultua, desorganiza e altera o 
seu desenvolvimento regular” (TACrim – RT, 533/349) 
 
O dolo é a vontade de impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária, sendo 
indiferente o motivo ou o fim determinado do ato. Trata-se de crime doloso. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
Consuma-se o crime com o efetivo impedimento ou com a simples perturbação do enterro 
ou da cerimônia funerária. Admite-se a tentativa. 
 
6. Forma Qualificada 
 
Nos termos do parágrafo único do art. 209, do CP, “se há emprego de violência, a pena é 
aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência”. A violência pode 
ser física (contra a pessoa) ou material (contra a coisa), respondendo o agente por dois 
crimes em concurso material, já que as penas são somadas. 
 
7. Ação Penal 
 
A ação penal é pública incondicionada. 
Questão: Diferencie o crime ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele 
relativo do crime de impedimento ou perturbação de cerimônia funerária. 
Resposta: O primeiro trata-se de crime contra o sentimento religioso, disposto no art. 208, 
do CP, que consiste em escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou 
função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar 
publicamente ato ou objeto de culto religioso. Enquanto o segundo trata-se de crime 
contra o respeito aos mortos, disposto no art. 209, do CP, que consiste em impedir ou 
perturbar enterro ou cerimônia funerária. 
 
 
 
Violação de Sepultura 
 
Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
1. Conceito 
 
O delito de violação de sepultura vem definido no art. 210, do CP: “Violar ou profanar 
sepultura ou urna funerária: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
Tutela-se o sentimento de respeito aos mortos. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade (família, amigos do morto, etc). 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelos verbos violar (abrir, devassar ilegitimamente, 
destruir) ou profanar (ultrajar, aviltar, macular) a sepultura. 
 
Neste aspecto: 
“Não concorrendo o dolo específico, o elemento subjetivo do injusto, implícito no tipo 
legal, com os demais requisitos do art. 210 do Código, não se configura o delito nela 
definido” (TJSP – AC – Rel. Goulart Sobrinho – RJTJSP 21/459 e RT 443/435). 
 
Sepultura é o lugar onde o cadáver é enterrado, compreendendo toda e qualquer 
construção, sepulcros, tumbas, bem como tudo quanto lhe é imediatamente conexo 
(lápide, ornamentos estáveis, estátuas, etc). Em qualquer caso, deve a cova conter o 
cadáver, pois a sepultura vazia não é tutelada. 
 
Refere-se a lei, também, a urna funerária que trata-se de receptáculo destinado a partes 
do cadáver, como ossos e cinzas. 
 
Nesse sentido: 
 
“Consuma-se o delito do art. 210, do CP com qualquer ato de vandalismo sobre a 
sepultura ou de alteração chocante, de aviltamento, de grosseira irreverência” (TJSP – 
RT, 476/339) 
 
 
Segundo Mirabete o delito em estudo possui duas condutas típicas: 
 
“A conduta típica do delito é a de violar (abrir, devassar, descobrir, escavar, alterar, 
romper, destruir) ou profanar (ultrajar, vilipendiar, aviltar, macular, tratar com desprezo) 
a sepultura. Citam-se como exemplos remover pedras, danificar ornamentos, colocar 
objetos grosseiros, escrever palavras injuriosas etc. Tem-se decidido pela ocorrência do 
ilícito na alteração chocante, de aviltamento, de grosseira irreverência (RT 476/339), no 
derramamento de bebida alcoólica sobre os símbolos funerários (RT 238/621) etc”. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a efetiva violação ou profanação da sepultura ou urna 
funerária. Admissível é a tentativa. 
 
6. Distinção 
 
Não confundir o crime em estudo com a contravenção de exumar cadáver irregularmente 
(art. 67 da LCP). 
 
7. Ação Penal 
 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
 
Destruição, Subtração ou Ocultação de Cadáver 
 
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
 
1. Conceito 
 
Descreve o art. 211, do CP, o crime de destruição, subtração ou ocultação de cadáver: 
“Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) 
anos, e multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
Tutela-se o sentimento de respeito aos mortos. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade, formada pela família do morto e o próprio Estado. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelos verbos “destruir” (fazer com que não exista mais, 
tornar insubsistente), “subtrair” (furtar, tirar da situação de proteção ou guarda da família, 
parentes, etc) e “ocultar” (esconder, fazer desaparecer). 
 
Entende-se como cadáver o corpo humano sem vida, morto, que ainda conserva a 
aparência humana. Parte do cadáver também é objeto de proteção legal. Entretanto, estão 
excluídos deste conceito as cinzas e o esqueleto. 
 
De acordo com a jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo não se 
pode confundir cadáver com restos de cadáver: 
 
“Os restos de cadáver em completa decomposição, bem como suas cinzas, não são parte 
dele, do mesmo modo queos escombros de uma casa desabada ou incendiada já não 
participam do que se chama “casa” (TJSP – AC – Rel. Weiss de Andrade – RJTJSP 
35/269). 
 
E a remoção de cadáver do local do crime somente será criminosa se for com o intuito de 
ocultá-lo: 
 
“Não há confundir simples “remoção” de cadáver, do local do crime com a “ocultação” 
de que fala a lei. O verbo é a chave do conceito penal. “Ocultar cadáver é a linguagem da 
lei. Não basta, pois, removê-lo, ou afastá-lo do local. E, como é óbvio, há de se ocultar 
cadáver” (TJSP – Rec. – Rel. O. Costa Manso – RT 275/444 e RJTJSP 102/424). 
 
 
O natimorto também é considerado cadáver, entretanto, o feto imaturo não o é, em que 
pese o posicionamento divergente de alguns doutrinadores. 
 
Há polêmica na questão do feto natimorto, divergindo a jurisprudência do mesmo 
Tribunal de Justiça, vejamos: 
 “De acordo com a doutrina e jurisprudência pacífica dos Tribunais, é evidente que o 
corpo do natimorto, expulso do ventre materno a tempo, após ter atingido a capacidade 
de vida extra-uterina, é considerado como cadáver para efeito de caracterização do crime 
previsto no art. 211 do CP” (TJSP – AC – Rel. Luiz Tâmbara – RT 526/328). 
 
“O corpo de feto natimorto não pode ser definido como cadáver, pois o conceito de vida 
corresponde ao de vida extra-uterina autônoma. E tal conceito não é estranho ao campo 
jurídico, onde a personalidade ou capacidade jurídica é reconhecida apenas a quem nasça 
com vida. Não se nasce cadáver, torna-se cadáver” (TJSP – AC – Rel. Mendes França – 
RJTJSP 13/447 e RT 415/86). 
 
De uma forma ou de outra: 
 
“Ao eliminar o filho que acabara de nascer e jogar seu corpo na fossa, com intuito de 
escondê-lo, deve responder a acusada, além de homicídio, pelo delito de ocultação de 
cadáver (TJSP – RT, 478/308)”. 
 
Trata-se de crime doloso. Entretanto, inexiste dolo na conduta de pessoa rude e primitiva, 
dominada pela fé e por superstições, que enterrou cadáver fruto de relações ilícitas de 
uma filha solteira (exemplo de Hungria). 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a efetiva destruição, subtração ou ocultação do cadáver ou 
parte dele. 
Admite-se a tentativa. 
 
Nesse aspecto: 
“Adquirida a mala onde seria ocultado o cadáver de já dois dias e aberta a valeta onde 
seria enterrado no quintal da residência dos acusados, tipificado restou o delito do art. 
211, do CP, na modalidade tentada” (TJSP – RT, 500;304). 
 
6. Ação Penal 
 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
 
Vilipêndio a Cadáver 
 
 
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
 
1. Conceito 
 
O crime de vilipêndio a cadáver está previsto no art. 212, do CP: “Vilipendiar cadáver ou 
suas cinzas: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa”. 
 
2. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade. 
 
3. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelo verbo “vilipendiar” (tratar com desprezo, ultrajar 
mediante palavra, escritos ou gestos). 
 
Cadáver entende-se como o corpo humano sem vida, morto, que conserva a aparência 
humana, valendo aqui as considerações já feitas anteriormente. 
 
As cinzas do cadáver também são objeto de proteção legal. 
 
Trata-se de crime doloso. 
 
4. Consumação e Tentativa 
 
A consumação do delito ocorre com o efetivo vilipêndio (ato ultrajante) do cadáver ou de 
suas cinzas. 
 
A tentativa é admitida, salvo no caso de vilipêndio verbal. 
 
5. Ação Penal 
 
A ação penal é pública incondicionada. 
 
 
Questão: Diferencie o crime de destruição, subtração ou ocultação de cadáver do 
crime de vilipêndio a cadáver. 
Resposta: O primeiro descreve o art. 211, do CP, que consiste em destruir, subtrair ou 
ocultar cadáver ou parte dele, com pena de reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e 
multa. Enquanto o segundo está previsto no art. 212, do CP: vilipendiar cadáver ou suas 
cinzas, punido com detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
 
 
TÍTULO IX 
Dos crimes contra a paz pública 
 
 
 Incitação ao crime 
 
Art. 286 – Incitar, publicamente, a prática de crime: 
Pena – detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa. 
 
1. Conceito 
 
Reza o art. 286 do CP que: “Incitar, publicamente, a prática de crime: Pena – detenção, 
de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a paz pública (sentimento de segurança e sossego que deve existir na 
coletividade, tranquilidade social). 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade, já que está o artigo em estudo entre os crimes contra 
a paz pública. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem representada pelo verbo “incitar” (estimular, induzir, provocar, 
instigar). 
 
A incitação pode ser praticada por qualquer meio (oral, escrito, por gestos, etc) e deverá 
ser feita em público, de modo a ser percebido por um certo número de pessoas. Não há 
crime de incitação em reunião privada, familiar, ainda que na presença de várias 
pessoas. 
 
Assim: 
 
“Incitação ao crime – Configuração, em tese – Prefeito municipal que, publicamente, 
exorta posseiros a desobedecerem ordem judicial, consistente na medição perimétrica 
do imóvel que detêm – Habeas Corpus denegado – Inteligência do art. 286, do CP – 
Comete, em tese, o delito do art. 286 do CP quale que incita publicamente, a 
desobediência a ordem judicial” (TACrim – RT, 495/319) 
 
Trata-se de crime doloso. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a incitação pública e a percepção da mesma por um certo 
número de pessoas. 
 
A tentativa é admissível, salvo se a incitação for oral. 
 
 
 
 
Apologia de Crime ou Criminoso 
 
Art. 287 – Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime; 
Pena – Detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa. 
 
 
1. Conceito 
 
Reza o art. 287 do CP que: “Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de 
autor de crime; Pena – Detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a paz pública. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica consiste em fazer, publicamente, apologia (exaltar, elogiar, enaltecer) 
de autor de crime ou de fato criminoso. 
 
Exige-se que a apologia seja feita em público, de modo a ser percebida por um número 
determinado de pessoas e pode se referir ao crime ou ao criminoso. 
 
Nesse aspecto: 
 
“Fazer apologia é elogiar, louvar, enaltecer. A simples opinião ou manifestação de 
solidariedade que veemente, não se confunde com apologia de fato criminoso” (RTRF, 
10/134). 
 
Observa-se que a apologia a contravenção ou a ato imoral praticado por alguém não 
tipifica esse delito. 
 
Trata-se de crime doloso. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a percepção por um número determinado de pessoas dos 
elogios a um criminoso ou crime por ele cometido. 
 
Admite-se a tentativa, salvo na forma oral. 
 
 
 
 
 
Associação Criminosa 
 
1. Conceito 
 
Dispõe o art. 288, do CP: “Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim 
específico de cometer crimes: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver 
a participaçãode criança ou adolescente.” 
Fruto da Lei 12.850/13 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a paz pública. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
Por tratar-se de crime “plurissubjetivo”, ou coletivo, os sujeitos ativos, que poderão ser 
qualquer pessoa, deverão estar reunidos em número mínimo de três. 
Obs/ pela descrição anterior, o número mínimo era de 4 pessoas, já que a lei se refere a 
mais de três pessoas. 
 
O sujeito passivo é a coletividade. 
 
4. Conduta 
 
O texto anterior, revogado, não empregava o vocábuo “específico” ao dispositivo. 
O novo texto inclui. 
Assim, com base na nova redação, podemos concluir que só existirá associação 
criminosa quando os agentes estiverem reunidos com o escopo ESPECÍFICO de 
cometer crimes. Obvio que tal finalidade não estará registrada em um contrato ou algo 
semelhante, bastando portanto que se contate que a instituição e o objetivo essencial é o 
mascaramento de condutas delitivas. 
Nada obstante, a doutrina já apontada em uníssono a mencionada finalidade 
ESPECíFICA, o que, inclusive, determinava a diferenciação do delito anterior 
(denominado quadrilha ou bando) com o simples concurso de agentes. 
Conforme se verifica em decisões relativas ao tema: 
“Para que o crime de formação de quadrilha caracterize é necessário que a associação se 
traduza por dolo de planejamento, divisão de trabalho, organicidade e que a prática de 
crimes seja permanente; assim, não comprovados tais requisitos, é de se afastar a 
condenação prevista no art. 288 do CP” (TJRJ – RT, 745/628) 
 
“Quadrilha ou bando – Não caracterização – Ausência dos requisitos objetivos e 
subjetivos, ou seja, ideia de estabilidade e permanência e o dolo específico – Formação 
apenas de societas criminis – Recurso parcialmente provido para absolver o réu em 
relação ao delito do art. 288 do CP” (TJSP – Ap. Crim. 156.389-3 – Mogi Guaçu - / 11-
4-1994). 
 
O delito em questão é autônomo, tendo existência própria, independente dos demais 
crimes praticados por seus integrantes. 
 
Trata-se de crime doloso, exigindo-se a finalidade específica de cometer crimes. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a mera associação de três ou mais pessoas para a prática de 
crimes. 
 
Não se admite a tentativa. 
 
6. Causa de Aumento de Pena (Parágrafo Único) 
 O parágrafo único apresenta a natureza jurídica de causa de aumento de pena (será 
observada na terceira fase da dosimetria da pena privativa de liberdade). O aumento será 
de até a metade. 
Hipóteses: 
- se a associação é armada 
- se houver participação de criança ou adolescente 
Se houver emprego de armas por qualquer elemento do bando, a pena será dobrada, pois 
o bando apresenta maior periculosidade. 
 
7. Ação Penal: pública incondicionada 
 
 Questão: Diferencie o crime de incitação ao crime do crime de apologia de crime ou 
criminoso. 
Resposta: No primeiro está disposto no art. 286 do CP, que consiste em incitar, 
publicamente, a prática de crime, apenado com detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou 
multa. Enquanto o segundo crime está disposto no art. 287 do CP, que consiste 
em fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime, apenado com 
detenção, de 3 (três) a 6 (seis) meses, ou multa. 
 
 
TÍTULO X 
DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA 
CAPÍTULO I 
DA MOEDA FALSA 
 
 
 
 
Moeda Falsa 
 
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alternando-a, metálica ou papel-moeda de curso 
legal ou no estrangeiro. 
Pena – reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. 
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. 
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a 
restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de 6 (seis) 
meses a 2 (dois) anos, e multa. 
§ 3º - É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e multa, o funcionário público 
ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a 
fabricação ou emissão: 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não 
estava ainda autorizada. 
 
 
1. Tipo Fundamental (caput) 
 
O art. 289, caput, do CP, conceitua o crime como: “Falsificar, fabricando-a ou 
alternando-a, metálica ou papel-moeda de curso legal ou no estrangeiro. Pena – reclusão, 
de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa”. 
 
1.2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a fé pública, no que diz respeito especificamente à moeda. 
 
1.3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que pratique a conduta típica, falsificando a 
moeda. 
 
O sujeito passivo é a coletividade e, secundariamente, aquele que sofre eventual lesão 
decorrente da conduta típica, inclusive o próprio Estado, como Administração. 
 
1.4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelo verbo falsificar (imitar ou alterar com fraude, dar 
aparência enganosa, fazer passar por autêntica moeda que não o é). 
 
A falsificação pode ser de duas formas: 
 
a) fabricação; 
 b) alteração. 
 
Nas duas modalidades acima mencionadas, é indispensável que o produto fabricado ou 
alterado apresente aparência semelhante ao verdadeiro, que pode ser confundido com o 
autêntico ou genuíno. 
 A falsificação grosseira, rudimentar, facilmente perceptível, não configura o delito de 
moeda falsa, podendo, quando muito, caracterizar o crime de estelionato, tentado ou 
consumado. 
 
Nesse sentido a súmula 73 do STJ: 
 
“Papel Moeda Falsificado - Estelionato – Competência - A utilização de papel moeda 
grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da 
Justiça Estadual”. 
 Na conduta de fabricação, o sujeito produz a moeda; na alteração, modifica a verdadeira, 
por valor maior que o original, não configurando este, se a modificação se der para valor 
menor. 
 Também o delito consiste em falsificar (imitar o verdadeiro), fabricando ou alterando 
moeda (objeto material) em curso no País ou no exterior, sendo que, se a moeda já tiver 
sido retirada de circulação, não há que se falar na prática deste delito, mas o de estelionato. 
 Trata-se de crime doloso. 
 
1.6. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre no momento da fabricação ou alteração da moeda metálica ou 
papel-moeda. 
Admite-se a tentativa. 
 
 
 
2. Circulação de Moeda Falsa (§ 1º) 
 
2.1. Generalidades 
 
Diz o art. 289, § 1º, do CP, que nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou 
alheia, importa (introduzir no país) ou exporta (remeter para fora do país), adquire (obter 
de qualquer forma onerosa ou gratuita, inclusive ilicitamente), vende (transferir a 
propriedade mediante pagamento), troca (permuta), cede (doar, entregar), empresta 
(entregar a outrem), guarda (é ter consigo) ou introduz na circulação (é passar o dinheiro 
falso como legítimo) moeda falsa. 
 Trata-se de crime de conduta múltipla alternativa, ou seja, praticada mais de uma conduta 
dentro de uma mesma situação fática, teremos crime único. 
 A consumação dá-se com a simples conduta, independente da ocorrência ou não do dano. 
A tentativa é admissível. 
 
 
3. Tipo Privilegiado (§ 2º) 
 
3.1 Generalidades 
 
O § 2º do art. 289 do CP dispõe que: “Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, 
moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação,depois de conhecer a falsidade, é punido 
com detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa”. 
 Trata-se de uma forma privilegiada do crime, em que o agente, tendo recebido de boa-fé 
a moeda falsificada, com a finalidade de não ter prejuízo, procede a sua circulação, após 
o conhecimento da falsidade. 
 Consiste em crime doloso com conhecimento posterior da falsidade. Entretanto, se ao 
agente receber a moeda de má-fé e a colocar em circulação, responderá pelo § 1º, sendo 
portanto imprescindível que o sujeito ativo desconheça a falsidade quando do 
recebimento da moeda para receber o privilégio do § 2º, do artigo em estudo. 
 Consuma-se o delito no momento em que a moeda falsa é recolocada em circulação. 
 É admitida a tentativa. 
 
 
4. Fabricação ou Emissão Irregular de Moeda (§ 3º) 
 
Reza o § 3º, do art. 289, do CP: “É punido com reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e 
multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que 
fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso 
inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada”. 
Trata-se de crime próprio, somente podendo ser praticado por funcionário público, nos 
termos do art. 327, do CP (inclusive Presidente da República, ministros do Estado e etc), 
por diretor, gerente ou fiscal de banco de emissão de moeda. 
 
Prevê três condutas típicas: fabricar, emitir ou autorizar a fabricação ou emissão: 
 
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; 
 II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. 
 Não previu a lei, a emissão em quantidade superior à autorizada. 
 A consumação do delito ocorre com a fabricação ou emissão ou, conforme o agente, com 
a simples autorização, já que se trata de crime formal. A tentativa é admissível. 
 
 
5. Desvio e Circulação Antecipada (§ 4º) 
 
5.1. Generalidades 
 
Dispõe o art. 289, § 4º, do CP que: “Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular 
moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada”. 
 A conduta típica consiste em duas ações, quais sejam: desviar, ou seja, desloca a moeda 
de onde se encontra e o faz circular antes da data autorizada. 
 É crime doloso, comum, formal, instantâneo e plurissubsistente. 
 A consumação ocorre com a circulação da moeda. O desvio, sem que ocorra a circulação, 
configura a tentativa. 
 
 
 
 
 
Crimes Assimilados o de Moeda Falsa 
 
Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de 
cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, 
para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; restituir à 
circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de 
inutilização: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa. 
Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a 12 (doze) anos e o da multa a Cr$ 
40.000 (quarenta mil cruzeiros), se o crime é cometido por funcionário que trabalha na 
repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do 
cargo. 
 
1. Conceito 
 
Reza o art. 290, do CP que: “Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com 
fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete 
recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinal indicativo de sua inutilização; 
restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para o 
fim de inutilização: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a fé pública. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Em se tratando de funcionário, que trabalha na 
repartição onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão do 
cargo, que viola o seu dever funcional, a pena é agravada, nos moldes do parágrafo único 
do artigo em questão. 
 O sujeito passivo é a coletividade e, secundariamente, o particular atingido pela conduta 
do agente. 
 
4. Conduta 
 
São três as condutas típicas: 
 a) formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, 
notas ou bilhetes verdadeiros; 
 A ação típica consiste em formar cédula, notas ou bilhete representativo de moeda com 
fragmentos de verdadeiro, imprestáveis ou não, formando uma moeda falsa com 
aparência de verdadeiro. Não se confunde, portanto, com a figurada alteração de papel-
moeda, nos moldes do art. 289, do CP, em que a modificação se opera sobre a cédula 
verdadeira. 
 
b) suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, 
sinal indicativo de sua inutilização; 
 O agente apaga o sinal indicativo de sua inutilização por qualquer meio (raspagem, 
lavagem, preenchimento de perfuração, etc). 
 
c) restituir à circulação cédula, nota ou bilhete em tais condições, ou já recolhidos para 
o fim de inutilização. 
 O agente restitui à circulação cédula, nota ou bilhete, formados por fragmentos ou com 
o sinal indicativo de inutilização suprimido. 
 Trata-se de crime doloso, comum, formal, plurissubsistente e instantâneo. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre: 
 
a) na primeira conduta (formar) com a simples formação da cédula, nota ou bilhete; 
 b) na segunda conduta (suprimir) com a supressão do sinal indicativo de inutilização; 
 c) na terceira conduta (restituir) com entrada da cédula, nota ou bilhete em circulação. 
 Em todas as modalidades acima admite-se a tentativa, pois a execução pode ser 
fracionada (crime plurissubsistente). 
 
6. Figura Típica Qualificada 
 
Está previsto no parágrafo único do art. 290 do CP o crime qualificado, quando é 
cometido por funcionário que trabalha na repartição onde o dinheiro se achava recolhido, 
ou nela tem fácil ingresso, em razão do cargo. 
 
 
 
Petrechos Para Falsificação de Moeda 
 
Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar 
maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à 
falsificação de moeda: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. 
 
1. Conceito 
 
Dispõe o art. 291, do CP: “Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, 
possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente 
destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a fé pública. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 
O sujeito passivo é a coletividade. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa pelos verbos “fabricar” (elaborar), “adquirir” (obter, 
comprar), “fornecer” (prover), a título oneroso ou gratuito (ter consigo) ou “guardar” 
(vigiar) maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado 
à falsificação de moeda. 
 
O objeto material do crime é o pretecho para a falsificação de moeda, que a lei especifica 
como sendo maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente 
destinado à falsificação de moeda. 
 
Trata-se de crime doloso. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
Ocorre com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos petrechos para a 
falsificação de moeda. 
 
Admite-se a tentativa. 
 
 
 
 
Emissão de Título ao Portador Sem Permissão Legal 
 
Art. 292 - Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou título que contenhapromessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da 
pessoa a quem deva ser pago: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa. 
Parágrafo único - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos 
referidos neste artigo incorre na pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 (três) meses, 
ou multa. 
 
 
1. Conceito 
 
Reza o art. 292, do CP, que: “Emitir, sem permissão legal, nota, bilhete, ficha, vale ou 
título que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte 
indicação do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) 
meses, ou multa”. 
 
2. Objetividade Jurídica 
 
O objeto jurídico é a fé pública. 
 
3. Sujeitos do Delito 
 
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
 O sujeito passivo é a coletividade e, secundariamente, quem sofre o prejuízo pela 
conduta. 
 
4. Conduta 
 
A conduta típica vem expressa no verbo emitir (formar e colocar em circulação o título, 
sem permissão legal) 
 O objeto material é o título ao portador (nota, bilhete, ficha, vale, ou título que contenha 
promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicação do nome da 
pessoa a quem deva ser pago). 
Trata-se de crime doloso. 
 
5. Consumação e Tentativa 
 
A consumação ocorre com a emissão, ou seja, com a circulação do título, com a 
transferência a qualquer pessoa. 
 
Trata-se de crime formal, não sendo necessário o dano. 
 
Admite-se a tentativa. 
 
6. Recebimento ou Utilização de Títulos Como Dinheiro (Parágrafo Único) 
 
O parágrafo único do art. 292 do CP estabelece pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 3 
(três) meses, ou multa a quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos 
referidos no caput deste artigo. 
 
 
 
 
Questão: Diferencie o crime de moeda falsa do crime de petrechos para falsificação de 
moeda. 
 
Resposta: O primeiro está disposto no art. 289, caput, do CP, de conceito falsificar, 
fabricando-a ou alternando-a, metálica ou papel-moeda de curso legal ou no estrangeiro, 
apenado com reclusão, de 3 (três) a 12 (doze) anos, e multa. Enquanto o segundo está 
disposto no art. 290, do CP que consiste em fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso 
ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto 
especialmente destinado à falsificação de moeda, apenado com reclusão, de 2 (dois) a 6 
(seis) anos, e multa. 
 
 
Capítulo II 
Da Falsidade de Títulos e outros Papéis Públicos 
 
Artigo 293, CP 
“Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I – selo destinado a controle tributário, papel 
selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributos; II – 
papel de crédito que não seja moeda de curso legal; III – vale postal; IV – cautela de 
penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou outro estabelecimento mantido por 
entidade de direito público; V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento 
relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder 
público seja responsável; VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte 
administrada pela União, por Estado ou por Município: Pena – reclusão, de dois a oito 
anos, e multa. §1º - Incorre na mesma pena quem: I – usa, guarda, possui ou detém 
qualquer dos papéis falsificados a que se refere esse artigo; II – importa, exporta, 
adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo 
falsificado a controle tributário; III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, 
mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer 
forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou 
industrial, produto ou mercadoria: a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a 
controle tributário, falsificado; b) sem selo oficial, nos casos em que a legislação 
tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. §2º - Suprimir, em qualquer 
desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo 
ou sinal indicativo de sua inutilização: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§3º - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis a que se 
refere o parágrafo anterior. §4º - Quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de 
boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu 
§2º, depois de conhecer a falsidade ou alteração, incorre na pena de detenção, de seis 
meses a dois anos, ou multa. §5º - Equipara-se a atividade comercial, para os fins do 
inciso III do §1º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o 
exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências. 
 
Nomen iuris: Falsificação de Papéis Públicos 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa 
Trata-se de crime comum. 
- passivo: o Estado 
 
Elementos do tipo: 
Núcleos: falsificar, fabricar e alterar 
Objetos materiais: I – selo destinado a controle tributário; II – papel de crédito que não 
seja moeda – ex/ apólices, letras do tesouro etc; III – vale postal – Revogado pela Lei 
6438/78; IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica; V – talão, 
guia, alvará ou outro documento público; VI – bilhete ou passe. 
§1º trata de elementos relativos ao uso dos objetos materiais. 
§2º trata da supressão de sinal indicativo de inutilização. Havendo o uso dos papéis com 
sinal sumprimido - §3º. 
§4º trata-se de figura privilegiada, relativa ao uso de boa-fé. Nesse caso, o recebimento 
foi de boa-fé. 
 
Consumação: com a conduta. 
 
Tentativa: possível, por se tratar de crime plurissubsistente. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
Artigo 294, CP 
“Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado à 
falsificação dos papéis referidos no artigo anterior: Pena – reclusão, de um a três anos, 
e multa. 
 
Trata-se de ato preparatório, mas que é punido em razão de expressa disposição. A 
segunda etapa do iter criminis, como regra, não traz responsabilização penal, salvo 
quando houver expressa disposição nesse sentido, ou seja, quando o fato material 
encontrar subsunção com algum tipo incriminador, como ocorre no caso. 
 
 
Artigo 295, CP 
“ Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, 
aumenta-se a pena de sexta parte”. 
 
A natureza jurídica do dispositivo é de causa de aumento de pena, a qual será observada 
na terceira fase do dosimetria da pena privativa de liberdade. Aplicável ao funcionário 
público que, prevalecendo do cargo, realiza qualquer das condutas descritas nos 
dispositivos anteriores. 
 
 
Capítulo III 
Da Falsidade Documental 
 
Artigo 296, CP 
Dispõe o caput: “Falsificar, fabricando-os, ou alterando-os: I – sela público destinado a 
autenticar atos oficiais da União, de Estados ou de Municípios; II – selo ou sinal 
atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de 
tabelião: Pena – reclusão, de dois a seis anos e multa. 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa. 
Trata-se de crime comum. 
- passivo: o Estado 
 
Elementos do tipo: 
A conduta de falsificar por ocorrer mediante fabricação ou alteração. 
Os objetos materiais são: selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, 
Estados ou Municípios; selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público. 
Os parágrafo 1º trata de figura equiparada, haja vista que incorrena mesma pena do caput 
aquele que faz uso do selo ou sinal falsificado; utiliza indevidamente o selo ou sinal 
verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio; altera, falsifica ou 
faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou 
identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. 
 
Consumação: com a efetiva falsificação. 
 
Tentativa: possível, por ser crime plurissubsistente. 
 
Ação Penal: pública incondicionada. 
 
 
Art. 297, CP 
Dispõe o caputa: “Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar 
documento público verdadeiro: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa”. 
 
Nomen iuris: Falsificação de documento público 
 
Bem jurídico: a fé pública 
Crime simples, pois há somente uma objetividade jurídica sendo tutelada. 
 
Sujetos: 
- ativo: qualquer pessoa 
Crime comum no tipo fundamental e próprio na causa de aumento de pena. 
 - func. público: causa de aumento de pena do § 1º 
- passivo: o Estado 
 - secundário: a vítima lesada com o falso 
 
Elementos do tipo: 
Condutas: 
- falsificar: elemento objetivo do tipo, núcleo do tipo, enfim, o verbo da figura 
típica. Indica: 
 ® contrafação: é a formação total ou parcial do doc. 
 · total: o agente forma o doc. por inteiro Ex/ gráfica que imprime 
doc. de identidade 
 · parcial: o agente acresce dizeres, letras ou números ao doc. 
verdadeiro. Ex/ espelho de identidade verdadeiro, porém preenchido com informações 
falsas. 
- alterar: neste caso o agente modifica o objeto material (acresce dizeres etc), ou 
seja, o doc. nasce verdadeiro e, em razão de conduta do agente torna-se falso. Ex/ carteiro 
de habilitação para a categoria ‘C’ - o agente acrescenta a categoria ‘A’; doc. de 
identidade verdadeiro que tem a fotografia trocada. 
Objeto material: 
- documento público: elemento normativo (há necessidade que se faça um juízo de valor 
para que haja tipicidade) e objeto material do delito. 
 ® documento: em sentido amplo é todo objeto idôneo a servir 
como prova. Em sentido estrito é toda peça escrita que condensa o pensamento de alguém, 
podendo servir como prova de um fato ou da realização de um ato. 
Requisitos para que algo seja considerado doc.: 
1) que seja escrito sobre coisa móvel (de fácil transporte – assim, chassis de automóvel 
não pode ser considerado documento), transmissível e transportável Ex/ RG (o escrito a 
lápis não é considerado doc.) 
2) que tenha autor certo 
Tem que ser identificável o seu autor pelo nome, assinatura ou conteúdo 
3) o seu conteúdo deve exprimir uma manifestação de vontade ou exposição de um fato. 
4) relevância jurídica 
5) dano potencial 
O doc., por si só, pode fazer prova do seu conteúdo 
® doc. público: é o doc. elaborado por funcionário público com atribuição ou 
competência para isso, em razão de ofício, lugar e matéria. 
O doc. público pode ser: 
1) formal: elaborado por funcionário público no exercício de suas funções, tendo 
conteúdo de natureza pública Ex/ atos do Poder Judiciário 
2) formalmente público: elaborado por funcionário público, no exercício de suas funções, 
mas seu conteúdo é de natureza privada Ex/ reconhecimento de firma em doc. particular 
 
 
Alguns documentos particulares são considerados públicos por equiparação, para efeitos 
penais – art. 297, § 2º, CP: 
1- documento emanado por entidade paraestatal (empresas 
públicas, sociedades de economia mista e fundações 
constituídas pelo Poder Público); 
2- títulos ao portador ou transmissíveis por endosso – ex/ cheque; 
3- ações de S/A, livros mercantis e testamento particular. 
 
Requisitos para a caracterização do falso: 
1) imitatio veri: é a imitação do doc. verdadeiro 
2) potencialidade de dano: dano é a ofensa ao bem jurídico. No caso em tela, basta a 
possibilidade de dano, não sendo necessário que ele ocorra. 
3) dolo 
 
Crime impossível: a falsidade deve ser idônea a iludir, caso contrário, ou seja, se for 
grosseira, haverá crime impossível por absoluta impropriedade do objeto material. 
 
Elemento subjetivo do tipo: dolo 
É a consciência (conhecimento acerca dos elementos constitutivos do tipo) e a vontade 
(elemento volitivo de realizar a ação típica) de realizar a conduta típica. 
Inadmissível a modalidade culposa 
 
Consumação: com a falsificação ou alteração, independente de eventuais conseqüências 
Crime formal, plurissubsistente e instantâneo 
 
Tentativa: admissível 
Ex/ agente é surpreendido no momento em que está produzindo o documento falso. 
O crime se consuma com a mera produção do documento (não há necessidade de se 
esperar a circulação). 
 
Falsificação de doc. público e estelionato: o estelionato absorve o falso - Súmula 17 STJ 
 Ex/ compra de cheque na praça da Sé e uso posterior. 
 Antigamente existiam 4 posições: 
1- concurso material: falso e estelionato – bens jurídicos 
diversos: fé pública e patrimônio; 
2- concurso formal: uma única ação com ofensa a bens jurídicos 
diversos; 
3- responderia somente pelo falso, pois é mais grave; 
4- responderia somente pelo estelionato, pois o crime fim absorve 
o crime meio. 
 
Falsificação qualificada: § 1º 
Se o agente for funcionário público e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, a pena 
será agravada (neste caso, crime próprio). 
 
Figuras equiparadas: § 2º 
- doc. emitido por entidade paraestatal - Ex/ autarquias 
- o título transmissível por endosso Ex/ cheque 
- ações de sociedade comercial 
- livros mercantis 
- testamento particular 
 
Ação Penal: pública inconcionada. 
 
 
Art. 298, CP 
“Falsificar, no topo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular 
verdadeiro: Pena – reclusão, de um a cinco anos e multa”. 
 
Nomen iuris: Falsificação de documento particular 
 
Bem jurídico: fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa 
Trata-se de crime comum. 
- passivo: o Estado e a pessoa prejudicada pela falsificação do documento. 
 
Elementos do tipo: 
Apresenta os mesmos elementos do artigo 297, com a única diferença no que tange ao 
objeto material, que neste caso é o doc. particular, ou seja, não é elaborado por funcionário 
público no exercício de suas funções. Documento particular é aquele que não é público 
em si e nem por equipara 
Objeto material: é o documento particular 
Documento particular, conforme apontado, é o não expedido por autoridade pública no 
exercício de suas funções e nem equiparado a documento público para efeitos penais – 
ex/ a falsificação de testamento particular – responde pelo art. 297. 
 
Consumação: no momento da falsificação ou alteração 
Há entendimento minoritário no sentido de que haveria necessidade da circulação do 
documento para a consumação delitiva. Esta posição, entretanto, não vinga em razão do 
fato de que a potencialidade lesiva é que determina o momento consumativo e, em razão 
disto, devemos concluir que não há necessidade de efetiva circulação para que o crime 
venha a se consumar, pois haverá potencialidade lesiva com a mera possibilidade de 
circulação, mesmo que não ocorresse. 
 
Tentativa: é admissível (entendimento predominante). 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
 Art. 299, CP 
“Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele 
inserir ou fazer inserir declaração falsaou diversa da que devia ser escrita, com o fim 
de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente 
relevante: Pena – reclusão, de um a cinco anos e multa, se o documento é público, e 
reclusão de um a três anos, e multa, se o documento é particular”. 
 
Nomen iuris: Falsidade Ideológica 
Na falsidade ideológica, o falso é intelectual, ideal, moral, mas não material. 
A falsidade incide sobre o conteúdo do documento e não sobre o corpo dele. O documento 
em si é autêntico, mas as informações nele contidas são inverídicas – ex/ escritura de com 
pra e venda em que pessoa que se apresenta como sendo o proprietário de um terreno, em 
realidade, não é. 
 
Bem jurídico:: fé pública 
Crime simples, em que há uma única objetividade jurídica sendo tutelada. 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa, regra geral 
Trata-se de crime comum, como regra, mas, quando se tratar de funcionário público, o 
crime será próprio. 
O particular só pode cometer o crime de falsidade ideológica em doc. público na 
modalidade fazer inserir (isto quando o doc. não for público por equiparação). 
- passivo: o Estado e o particular atingido pelo falso 
 
Elementos do tipo: 
- omitir: núcleo do tipo - o agente omite determinada declaração no doc. A conduta é 
omissiva. (é o que se denomina falsidade imediata). 
- em doc. púb. ou particular: são objetos materiais tanto o doc. emanado por funcionário 
público no exercício de suas funções, como por particular. 
- inserir: núcleo do tipo (crime de conteúdo variado). A conduta é comissiva. Neste caso, 
o agente introduz no doc. informação falsa ou diversa da que deveria constar (é o que se 
denomina falsidade imediata ou diversa da verdadeira) 
- faz inserir: núcleo do tipo. A conduta também é comissiva, mas neste caso não é o agente 
que introduz no doc. a informação falsa, mas sim terceira pessoa, que age a seu comando. 
Neste caso, aquele que faz o doc. não será responsabilizado, pois não tem consciência de 
que está praticando um crime. (é o que se denomina falsidade mediata) 
- com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a vontade sobre fato 
juridicamente relevante: é o elemento subjetivo do tipo, ou seja, deverá ser analisado o 
estado anímico do agente para que o fato seja típico. Assim, o agente deverá ser imbuído 
do dolo prejudicar com o falso o direito de alguém sobre algo, ou criar uma obrigação a 
terceiro, ou mesmo alterar a verdade sobre um fato. (o fato juridicamente relevante é 
aquela que tem possibilidade de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade 
sobre fato). 
 
Elemento subjetivo: dolo 
 
Consumação: no momento em que o agente omitir, inserir ou fazer inserir informação 
diversa da que deveria constar ou necessárias. 
Há jurisprudência minoritária que entende que há necessidade do uso do documento, pois 
caso contrário não haverá potencialidade lesiva. A jurisprudência majoritária entende que 
não há necessidade do uso, basta a inserção ou omissão da informação para que se 
consume o crime, pois há uma potencialidade de dano. 
 
Tentativa: possível nas formas comissivas 
É impossível na modalidade omitir. 
 
Causa de aumento de pena: art. 299, parágrafo único 
A pena é aumentada a sexta parte: 
- se o agente é funcionário público e o crime é cometido no exercício de suas funções; 
- se a falsidade for de assentamento de registro civil (nascimento, óbito, casamento etc) - 
a razão se dá pelo fato de que todas as certidões emitidas a partir de então serão falsas. 
No que tange a falsidade de assento de nascimento: 
 - quem registra como próprio filho alheio responderá pelo art. 242 
 - quem registra pessoa inexistente responderá pelo artigo 241 
 - qualquer outra falsidade que não seja um das mencionadas acima: artigo 299,CP 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
Artigo 300, CP 
“Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que não o 
seja: Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a 
três anos, e multa, se o documento é particular”. 
 
 
Nomen iuris: Falso Reconhecimento de Firma ou Letra 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: tabeliães, agentes consulares etc, conforme descrito no tipo. 
Trata-se de crime próprio, haja vista que o tipo exige especial qualidade do sujeito ativo. 
- passivo: o Estado. 
Eventualmente terceiros atingidos pela conduta lesiva. 
 
Elementos do tipo: 
O núcleo é o verbo reconhecer, ou seja, atestar. 
Objeto material é a firma, que é a assinatura, ou letra, qualquer sinal gráfico. 
 
Elemento subjetivo: dolo 
Vontade livre e consciente do agente de reconhecer firma ou letra que não sejam aquelas 
que deveriam ser objetivo de reconhecimento. 
 
Consumação: com o término do ato de reconhecimento. 
Trata-se de crime formal, razão pela qual não necessita do resultado para que se opere a 
consumação, como por exemplo a entrega ao interessado. 
 
Tentativa: possível. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
 
Artigo 301, CP 
“Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que 
habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, 
ou qualquer outra vantagem: Pena – detenção, de dois meses a um ano. §1º - falsificar, 
no tipo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou atestado 
verdadeiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo 
público, isenção ou ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem: 
Pena – detenção de três meses a dois anos”. 
 
Nomen iuris: Certidão ou Atestado Ideologicamente Falso 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: o funcionário público 
Trata-se de crime próprio, pois o tipo incriminado exige especial qualidade do sujeito 
ativo. 
- passivo: o Estado 
 
Elementos do tipo: 
 
Os núcleos dispostos no tipo são consubstanciados pelos verbos atestar ou cetificar 
 
Consumação: com a conduta, independentemente da ocorrência de resultado. 
Trata-se, portanto, de crime formal. 
 
Tentativa: possível. 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
Artigo 302, CP 
“Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: Pena – detenção, de um 
mês a um ano”. 
 
Nomen iuris: Falsidade de Atestado Médico 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: o médico 
Trata-se de crime próprio, pois o tipo pena exige especial qualidade do sujeito ativo. 
- passivo: o Estado 
Eventualmente terceiro atingido pela conduta praticada pelo sujeito ativo. 
 
Elementos do tipo: 
O núcleo o tipo é consubstanciado pelo verbo dar, que significa fornecer. 
O elemento normativo diz respeito à falsidade verificada no atestado fornecido, haja vista 
que se verdadeira, não há que se falar em crime. Assim, por exemplo ocorrerá a falsidade 
quando atestada moléstia diversa da que foi verificada no caso concreto. 
 
Consumação: com a conduta, ou seja, quando o atestado é fornecido ao interessado, 
independentemente deste obter as vantagens pretendidas. 
Trata-se, portanto, de crime formal. 
 
Tentativa: é possível. 
 
Ação penal: pública incondicionada. 
 
 
 
Artigo 303, CP 
“Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo 
quando a reprodução ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do 
selo ou peça: Pena – detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único: na mesma 
pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica”.Nomen iuris: Reprodução ou Adulteração de Selo ou Peça Filatélica 
Trata-se de dispositivo revogado tacitamente pelo artigo 39 da Lei 6538/79, que divergem 
somente em relação ao preceito secundário. 
 
Artigo 304, CP 
“Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os artigos 
297 a 302: Pena – a cominada à falsificação ou à alteração”. 
 
Nomen iuris: uso de documento falso 
 
Bem jurídico: a fé pública no que se refere à circulação de documentos falsos. 
Pune-se quem falsifica o documento, como também quem o utiliza 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa. 
Trata-se de um crime comum. 
Aquele que produziu o documento falso, mesmo que vier a usá-lo não responderá por este 
crime, pois esta situação consistirá em um “post factum impunível”. 
- passivo: é o Estado, pois é o titular do bem jurídico ofendido, que é a fé pública. 
Eventualmente, a pessoa lesada com a utilização do documento. 
 
Elementos do tipo: 
Fazer uso significa a utilização efetiva do documento. Há necessidade do agente 
apresentar o documento como se fosse verdadeiro. 
O porte de documento falsificado não configura crime (tratando-se da carteira nacional 
de habilitação – CNT – é um documento de porte obrigatório para quem conduz veículo 
automotor em via pública – entende o STJ e a jurisprudência dominante do TJ que em 
se tratando de CNH, o mero porte já configura o uso). 
A exibição espontânea de um documento falso configura o crime em tela – uso de 
documento falso. 
Pouco importa se a exibição do documento é espontânea ou se ocorre por determinação 
de outrem, inclusive uma autoridade – jurisprudência dominante. 
 
Elemento subjetivo: dolo genérico 
 
Consumação: o crime se consuma com a efetiva utilização do documento falso (mesmo 
que o agente não obtenha a vantagem pretendida). 
 
Tentativa: inadmissível, pois é um crime unissubsistente (realiza-se com um único ato. 
Assim, se usou, consuma-se; se não usou, o fato é atípico). 
 
Ação Penal: pública incondicionada 
 
 
Artigo 305, CP 
“Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, 
documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena – reclusão, 
de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a cinco anos, e 
multa, se o documento é particular”. 
 
Nomen iuris: supressão de documento 
 
Bem jurídico: fé pública 
Tutela-se a fé pública no tocante a segurança dos documentos como meio de prova, pois 
quem suprime um documento útil a demonstração de um fato frustra um elemento de 
certeza e segurança nas relações jurídicas. 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa 
Trata-se de crime comum. 
Não imposta se o agente teve ou não posse prévia do documento. O crime pode ser 
praticado tanto por aquele que era detentor do documento e veio a suprimi-lo, como 
também por aquele terceiro que vem a ter acesso a ele. 
- passivo: o Estado 
Pode haver um sujeito passivo eventual, que seria a pessoa atingida pela conduta. 
 
Elementos do tipo: 
Condutas: destruir, suprimir e ocultar. 
Trata-se de crime de ação múltipla e de forma livre, em razão da existência de dois ou 
mais núcleos e porque as condutas podem ser realizadas das mais diversas formas, não 
havendo no tipo incriminador fórmula taxativa da modalidade executória. 
Destruir significa extinguir; ocultar significa esconder, subtrair à vista; suprimir significa 
fazer desaparecer sem que haja destruição ou ocultação. 
Normalmente a conduta é comissiva, mas pode também ocorrer na modalidade omissiva, 
na modalidade de supressão. 
Objeto material: documento verdadeiro. Assim, não há tipicidade quando o documento 
for falso, quando muito os delitos dos artigos 347 ou 356, conforme o caso. 
 
Tipo subjetivo: dolo 
É a consciência do agente de suprimir documento de que o agente não pode dispor com a 
ciência de que tal conduta poderá resultar em prejuízo a outrem. 
 
Consumação: com a conduta. 
Trata-se de crime formal, em todas as modalidades, consumando-se o delito 
independentemente do prejuízo. 
 
Tentativa: possível, pois as condutas são fracionáveis. 
 
Ação penal: pública incondicionada 
 
 
Capítulo IV 
De Outras Falsidades 
 
Artigo 306, CP 
“Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder público 
no contraste de metal precioso ou na fiscalização alfandegária, ou usar marca ou sinal 
dessa natureza, falsificado por outrem: Pena – reclusão, e dois a seis anos, e multa. 
Parágrafo único – se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade pública para 
o fim de fiscalização sanitária, ou para autenticar ou encerrar determinados objetivos, 
ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena – reclusão ou detenção, e um 
a três anos, e multa”. 
 
Nomen iuris: Falsificação do Sinal Empregado no Contraste de Metal Precioso ou na 
Fiscalização Alfandegária ou para Outros Fins. 
 
Bem jurídico: a fé pública 
 
Sujeitos: 
- ativo: qualquer pessoa 
Trata-se de crime comum. 
- passivo: o Estado 
Secundariamente o terceiro atingido pela conduta do sujeito ativo 
 
Elementos do tipo: 
Os núcleos são consubstanciados pelos verbos falsificar e usar, que significam, 
respectivamente, contrafação / alteração e utilização. 
Os objetivos materiais são a marca e o sinal empregados pelo Poder Público. Marca é o 
selo de garantia que autentica o objeto, enquanto que o sinal é a impressão simbólica do 
Poder Público que confere legitimidade do metal precioso. 
 
Consumação: com a conduta, ou seja, com a falsificação da marca ou sinal. No caso do 
uso, como o efetivo uso. 
 
Tentativa: é possível na falsificação, mas impossível no uso. 
 
Ação Penal: pública incondicionada. 
 
 
 
Artigo 307, CP 
”Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito 
próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena – detenção de três meses a um 
ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave”. 
 
Nomen iuris: falsa identidade 
 
Bem jurídico: a fé pública no que se refere à identidade das pessoas. 
 
 
Sujeitos: 
- ativo: a pessoa que se atribui ou atribui a terceiro a falsa identificação. 
- passivo: o Estado, titular do bem jurídico ofendido. O sujeito passivo secundário será, 
eventualmente, a pessoa lesada. 
 
Elementos do tipo: 
Identidade: conjunto de características próprias e exclusivas de uma pessoa, ou seja, 
dados que permitam a individualização de uma pessoa. 
O conceito de identidade abrange o nome, estado civil, a filiação, a nacionalidade, o sexo, 
a profissão e qualquer outro elemento identificador da pessoa. 
O crime do artigo 307 é subsidiário, pois o agente só responderá por este crime se a 
conduta não configurar delito mais grave. 
A falsa identidade para a prática de estelionato: responderá pelo artigo 171, CP. 
A falsa identidade para a obtenção de uma vantagem de natureza sexual: responderá pelo 
crime sexual. 
 
Elemento subjetivo: dolo e o elemento subjetivo do tipo (para obter vantagem em 
proveito próprio ou alheio ou para causar dano a outrem). 
Esta vantagem pode ser de qualquer natureza, isto é, econômica, sexual etc. 
Caso o pseudônimo seja um elemento identificador da pessoa, poderá ser caracterizado 
este crime – ex/ sósia do Pelé que usa a sua alcunha. 
 
Consumação: o crime se consuma no momento em que o agente se atribui a falsa 
identidade. 
 
Tentativa: somente é possível por escrito. Impossível na forma verbal, pois ou ele se 
identifica e o crime

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