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RESUMO TORTURA

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TORTURA- LEI Nº. 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - Constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental: a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
 Classificação doutrinária: crime comum, material (para alguns doutrinadores o crime é formal), doloso, de dano, instantâneo (consuma-se no momento da pratica da violência ou grave ameaça) ou permanente (a conduta pode prolongar-se no tempo) comissivo (omissivo na alínea b), plurissubsistente, unissubjetivo e admite tentativa. 
Sujeito ativo: qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa.
Objeto material: a pessoa que sofre a violência.
Objeto jurídico: a dignidade humana, ou seja, tutela-se a integridade física e mental das pessoas. Dispõe o art.5°, inciso III da Constituição Federal que ninguém será submetido à tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
	
Tipo objetivo: a conduta típica, punida com pena de reclusão de dois a oito anos, consiste em constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; e, em razão de discriminação racial ou religiosa. Constranger é obrigar, forçar, coagir alguém mediante violência física (socos, pontapés, choques elétricos, queimaduras etc.) ou psíquica (ameaça de morte ou qualquer outro meio verossímil de martírio, sofrimento e angústia), com o objetivo de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa; de provocar ação ou omissão de natureza criminosa e por motivo de discriminação racial ou religiosa. 
Tipo subjetivo: Exige o elemento subjetivo específico (dolo específico) constante nas alíneas a, b e c do dispositivo em estudo. Inexistente a finalidade, ou seja, o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa, ou a de provocar ação ou omissão de natureza criminosa, ou ainda em razão de discriminação racial ou religiosa, desaparece a tortura, podendo, no entanto, ocorrer outra infração penal.
Consumação: crime material que exige o resultado naturalístico, ou seja, a consumação ocorre no momento em que o agente produz sofrimento físico ou mental na vítima.
Tentativa: a conduta típica pode ser fracionada por circunstâncias alheias à vontade do agente. Comporta tentativa.
II - Submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
Classificação doutrinária: crime próprio (exige uma qualidade pessoal do sujeito ativo, ou seja, só pode ser cometido pelo pai, professor, funcionário de hospital, tutor, babá, agente penitenciário, carcereiro, monitor de instituições que abrigam crianças e adolescentes etc.), material (exige o resultado consubstanciado no intenso sofrimento físico ou mental do ofendido), instantâneo (consuma-se no instante em que a vítima é submetida a intenso sofrimento físico ou mental) ou permanente (se a conduta do agente se prolongar no tempo, como manter a vítima amarrada e durante todo o tempo infligir lhe violência), comissivo (praticado mediante ação), doloso (vontade de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo), de dano (ofensa a um bem jurídico penalmente tutelado, ou seja, a integridade física ou mental da pessoa que está sob a autoridade, guarda ou poder do sujeito ativo, diferentemente do crime de maus-tratos em que o dolo é de perigo), unissubjetivo (pode ser cometido por apenas uma pessoa), plurissubsistente (pode ser praticado em várias fases) e admite a tentativa.
Sujeito ativo: o delito só pode ser praticado por quem tenha a vítima sob sua autoridade, poder ou guarda. Com efeito, podem ser considerados sujeitos ativos do delito, os pais, tutores, curadores, carcereiros, monitores, professores, diretores de estabelecimento de ensino, enfermeiros etc.
 
Sujeito passivo: somente aquele que estiver sob a guarda, poder ou autoridade do agente. São os filhos, pupilos, internados em casas de custódia, instituições hospitalares ou asilos para idosos, presos, aprendizes etc. O que distingue os maus tratos da tortura é principalmente o propósito do agente. Nos maus tratos o objetivo é a simples correção ou a disciplina. Na tortura é o castigo pessoal ou a medida de caráter preventivo. O intenso sofrimento da vítima, físico ou mental, caracteriza tortura quando imposto como castigo pessoal.	
  
Objeto material: a conduta recai sobre a pessoa castigada.
Objeto jurídico: tutela-se a dignidade da pessoa humana.
Tipo objetivo: denominada de tortura-castigo, a conduta típica, punida com pena de reclusão de dois a oito anos, consiste em submeter (sujeitar, dominar) alguém, sob sua guarda (proteção, amparo, vigilância, como a babá, a dama de companhia etc.), poder (influência, força física ou moral) ou autoridade (relação de mando como o pai, professor, curador etc.), com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico (dor veemente, excessiva) ou mental (sofrimento moral, aflição), como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. 
	
 
Tipo subjetivo: o tipo requer não apenas o dolo genérico, consubstanciado na vontade deliberada de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental. Exige a norma penal o dolo específico, vale dizer, a finalidade de aplicar veemente castigo pessoal ou medida de caráter preventivo. É a vontade de ver a vítima sofrer desnecessariamente. O sofrimento físico está intimamente ligado ao conceito de dor e o sofrimento mental relaciona-se com o temor e com a violação moral e psicológica da pessoa humana. 
 
Consumação: crime material que se consuma no instante em que o ofendido, sob o poder, guarda ou autoridade do agente, é submetido a intenso sofrimento físico ou mental.
Tentativa: possível a tentativa, que se verifica, por exemplo, quando a vítima, amarrada, consegue fugir, ou quando o agente é preso no instante em que inicia a conduta descrita no tipo. 
 § 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
	
Classificação doutrinária: crime próprio (somente pode ser praticado por algumas pessoas que exercem cargos públicos, tais como, o delegado, o carcereiro, o agente penitenciário, funcionários de manicômios etc.), material (exige o sofrimento físico ou mental de vítima), comissivo (praticado mediante ação, como, por exemplo, obrigar o preso a beber água quente ou a andar de joelhos) ou omissivo (deixar de alimentar o custodiado), doloso (vontade livre e consciente de submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal), plurissubsistente (cometido através de vários atos), unissubjetivo (pode ser cometido por apenas uma pessoa), instantâneo (consuma-se no instante em que a vítima é submetida a sofrimento físico ou mental) ou permanente (a consumação pode prolongar-se no tempo) e admite tentativa. 
Sujeito ativo: somente pode ser cometido por agente público (crime próprio). Admite-se a coautoria e a participação.
Sujeito passivo: o delito atinge pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
Objeto material: a ação criminosa visa submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança à tortura.
Objeto jurídico: tutela-se a dignidade da pessoa humana. Em seu art. 5°, inciso XLIX, a Constituição Federal estabelece que é assegurado aospresos o respeito à integridade física e moral.
Tipo objetivo: conhecida como tortura-carcerária, a conduta típica consiste em submeter pessoa presa (a prisão pode decorrer de condenação penal, ser oriunda de flagrante delito, advinda de prisão temporária, preventiva, ou proveniente de prisão civil, como deixar de pagar pensão alimentícia, ou ainda prisão em virtude de pronúncia), ou sujeita a medida de segurança (resultante da internação de inimputável ou semi-imputável em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou de tratamento ambulatorial), a sofrimento físico ou mental (violência ou grave ameaça), por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. 
Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo comum, genérico, consistente na vontade deliberada do agente de submeter pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental. Não se exige o elemento subjetivo específico.
Consumação: a consumação do delito, por ser material, ocorre no momento em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.
Tentativa: a conduta delitiva pode teoricamente ser fracionada. Assim, se o agente ao iniciar a execução da tortura, for interceptado pela polícia, o crime não se completará por circunstâncias alheias à sua vontade.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos. 
 
Classificação doutrinária: crime omissivo (se consuma com a simples omissão de quem tem o dever de apurar ou evitar a tortura), próprio (somente pode ser cometido por quem tem o dever de apurar ou evitar o crime, como o delegado, o diretor de presídio, o juiz corregedor, o médico que omite a tortura em seu laudo etc.), instantâneo (a consumação se dá no momento da omissão do agente) ou permanente (a consumação pode se prolongar no tempo enquanto perdurar a omissão que resulte sofrimento à vítima), formal (consuma-se independentemente do resultado naturalístico), de dano ou de perigo (conforme a ofensa ao bem jurídico tutelado), unissubsistente (pode ser cometido através de um ato), unissubjetivo (pode ser cometido por apenas uma pessoa) e não admite tentativa. 
Sujeito ativo: somente o agente público.
Sujeito passivo: a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança.
Objeto material: a conduta criminosa recai sobre a pessoa torturada.
Objeto jurídico: tutela-se a dignidade da pessoa humana.
Tipo objetivo: a conduta típica consiste em se omitir (deixar de tomar providências) em face dessas condutas (a prática da tortura), quando tinha o dever de evitá-las (impedi-las) ou apurá-las (averiguá-las). A pena é de detenção de um a quatro anos. O tipo penal foge da regra prevista no Código Penal, art.29, segundo a qual, "quem concorre para o crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”.
Tipo subjetivo: o tipo requer o dolo comum, genérico, consistente na vontade deliberada do agente em se omitir diante da tortura de que teve conhecimento, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las. Não se exige o dolo específico ou elemento subjetivo específico do tipo penal.
Consumação: crime formal que se consuma independentemente do resultado. 
Tentativa: não há tentativa em crime omissivo.	
  
 § 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos. 
 
Sempre entendemos que em caso de morte ou lesão grave decorrente de tortura haveria dolo eventual, devendo, a nosso sentir, responder o agente por homicídio qualificado ou tentativa de homicídio qualificado pela tortura. Ora, se a tortura é crime contra a humanidade, se causa angústia, aflição e amargura, gerando, assim, intenso sofrimento á vítima, pode-se afirmar que o resultado é indiferente, tanto faz ao sujeito matar ou proporcionar, com sadismo, dores em seu semelhante. Na verdade, torturando, o agente sabe que pode ocorrer a morte, mas mesmo assim prossegue, não se detém, pouco se importa com o evento, o que não ocorre com o crime preterdoloso, em que não há intenção de um resultado mais grave; ele surge por circunstâncias alheias à vontade do autor. A diferença se verifica na pena: homicídio qualificado pela tortura, art.121§2°III, pena de até 30 anos de reclusão; tortura qualificada art. 1° § 3° da lei 9455/97, pena de até 16 anos de reclusão. Prevalece, todavia, na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que o parágrafo 3° da lei em estudo refere-se a crime preterdoloso. Com efeito, o indivíduo age inicialmente com dolo, mas, sem querer, dá causa a um resultado mais gravoso. É aquele exemplo clássico do sujeito que dá um soco no outro que cai, bate a cabeça e morre, ou daquela mãe que abandona o filho incapaz e este vem a falecer por inanição. A conduta é dolosa, mas o resultado culposo.
 § 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: 
	
I - se o crime é cometido por agente público; II - se o crime é cometido contra criança, gestante, deficiente e adolescente; II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos; III - se o crime é cometido mediante sequestro. Em todos esses casos verifica-se a impossibilidade de defesa da vítima, tornando-a mais vulnerável, justificando-se, assim, a majorante. 
	
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. 
A doutrina diverge se a perda do cargo, emprego ou função é automática ou se necessita ser declarada e fundamentada na sentença condenatória. Na jurisprudência, porém, prevalece que a perda é automática, qualquer que seja a pena privativa de liberdade, não necessitando ser declarada expressa e motivadamente na sentença. 
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia.
Desde que não estejam presentes os requisitos para decretação da prisão preventiva (art.310, parágrafo único do CPP) poderá ser concedida ao acusado a liberdade provisória sem fiança. 
 § 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. 	
A lei 11.464/07 admite a progressão da pena para os crimes hediondos e aos equiparados, sendo que o condenado nesses crimes deverá cumprir 2/5(40%) da pena para mudança de regime e 3/5 (60%), se reincidente. 
 Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira. 
Quando a vítima de tortura for brasileira ou quando o torturador encontrar-se sob jurisdição brasileira, como nos crimes cometidos nas embaixadas ou aeronaves brasileiras, por exemplo, aplica-se a lei brasileira. No primeiro caso trata-se de extraterritorialidade incondicionada, não havendo nenhuma condição para a aplicação da nossa lei. Basta a vítima de tortura ser brasileira. No segundo caso a extraterritorialidade será condicionada, ou seja, a lei nacional só será aplicada se o torturador adentrar em nosso território ou estiver em local sob nossa jurisdição.

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