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1 Direito Tributário - parte geral

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9
DIREITO TRIBUTÁRIO
a) Conceito de direito tributário: O Direito Tributário pode ser conceituado como a área de direito público obrigacional (por ter em uma das partes o Estado e uma relação de credor e devedor entre as partes) que possui como fim o estudo do “Poder de Tributar”. O Poder de Tributar consiste no poder de invasão (relação obrigacional) dos entes credores (União, Estado, Município e DF) nos entes devedores (pessoa física ou pessoa jurídica) com o fim de cobrar tributos.
PODER DE TRIBUTAREsquema:
					 INVASÃO
		Entes credores						Entes Devedores
		- União			 	$$$			- pessoa física
		- Estado			 tributo			- pessoa jurídica
Compulsório
Obrigatório		- DF
		- Município
Afirma-se “invasão” por ser a mesma compulsória!!!
- Qual a relação entre a compulsoriedade dos tributos e a inconstitucionalidade dos mesmos? 
Deve-se pagar um tributo mesmo que ele seja inconstitucional, pois a obrigatoriedade dos tributos sobrepaira a inconstitucionalidade. Para evitar o pagamento deve-se buscar o judiciário.
- Limites ao Poder de Tributar: Esse poder de tributar, estudado pelo Direito Tributário, é limitado e relativo por existirem limitações constitucionais em relação aos mesmos. A Carta Magna trará os balizamentos à invasão patrimonial no arts. 150, 151 e 152 da CR, pois se o poder nela está previsto, seus limites também devem estar. Essas limitações são, basicamente, os princípios e as imunidades tributárias constitucionais.
Interessante frisar que algumas dessas limitações são vistas como cláusulas pétreas pelo STF, como ocorre com as garantias individuais do contribuinte.
Cespe (F): O poder de tributar decorre de uma relação de poder e não de uma relação jurídica, de modo que seu exercício não depende de previsão na CF. 
OBS: A questão possui dois equívocos, pois é uma relação de poder e jurídica que depende de previsão constitucional. 
b) O CTN possui natureza jurídica de LO ou LC? O Fenômeno da recepção tem por finalidade verificar a compatibilidade material e formal de norma produzida sob a égide de constituição anterior com o novo texto constitucional. O fenômeno da recepção produz três efeitos:
Revoga as normas que forem incompatíveis materialmente (conteúdo)
Propicia novo fundamento de validade da norma recepcionada (ocorre sempre)
Transmutação da natureza da forma recepcionada se for caso de incompatibilidade formal: nesse caso, a constituição anterior determina uma categoria legislativa (ex: LO) e a nova determina outra categoria (ex: LC). Foi o que ocorreu com o CTN.
Assim, é possível concluir que o CTN, que era uma LO foi recepcionada como LC:
Prescrição e Decadência Tributárias: Lei Complementar - 2
Ao salientar, inicialmente, que o Código Tributário Nacional - CTN (Lei 5.172/66), promulgado como lei ordinária, foi recebido, como lei complementar, tanto pela CF/67 quanto pela CF/88, as quais exigiram o uso de lei complementar para as normas gerais de Direito Tributário, afastou-se a alegação de que somente caberia à lei complementar a função de traçar diretrizes gerais quanto à prescrição e à decadência tributárias e que a fixação dos prazos prescricionais e decadenciais dependeriam de lei da própria entidade tributante, já que seriam assuntos de peculiar interesse das pessoas políticas. Asseverou-se, no ponto, que a Constituição não definiu normas gerais de Direito Tributário, mas adotou expressão utilizada no próprio CTN, sendo razoável presumir que o constituinte acolheu a disciplina do CTN, inclusive referindo-se expressamente à prescrição e decadência. Assim, a restrição do alcance da norma constitucional expressa defendida pela Fazenda Nacional fragilizaria a própria força normativa e concretizadora da Constituição, que, de forma clara, pretendeu a disciplina homogênea e estável da prescrição, da decadência, da obrigação e do crédito tributário.
RE 560626/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-560626)
RE 556664/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-556664)
RE 559882/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-559882)
Prescrição e Decadência Tributárias: Lei Complementar - 3
Ressaltou-se, ainda, que, não obstante a doutrina não tivesse se desenvolvido muito no sentido da busca da adequada definição para “normas gerais”, seria possível extrair, na interpretação dos diversos dispositivos constitucionais que estabeleceram reserva de matéria à disciplina de lei complementar, que a esta espécie legislativa foi dada a incumbência de fixar normas com âmbito de eficácia nacional e não apenas federal. Aduziu-se que não se justificaria, ao menos mediante legislação ordinária, a criação de hipóteses de suspensão ou interrupção, nem o incremento ou redução de prazos, sob pena de se admitirem diferenciações em cada um dos Estados e Municípios e para cada espécie tributária, mesmo dentro de uma mesma esfera política, com evidente prejuízo à vedação constitucional de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente e à segurança jurídica.
RE 560626/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-560626)
RE 556664/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-556664)
RE 559882/RS, rel. Min. Gilmar Mendes, 11 e 12.6.2008. (RE-559882)
Limitações Constitucionais ao poder de tributar:
Princípio
s
;
Imunidades tributárias constitucionais.
	
PRINCÍPIOS
Princípios são linhas mestras, a base do direito. Trazem em si dois valores:
Valor de certeza abrange os princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade. 
Valor de Justiça abrange os princípios da isonomia, não-confisco, não-cumulatividade, capacidade-contributiva.
OBS: alguns doutrinadores inserem dentro do valor justiça as imunidades tributárias.
Cespe (AGU – 2002) (V): O poder do Estado de criar e cobrar tributos não é ilimitado no Estado de direito, no caso brasileiro este poder sofre diversas limitações, boa parte, mas nem todas, está no capitulo do sistema tributário nacional.
OBS: De tal assertiva decorre que as garantias presentes no capitulo do sistema tributário nacional não são exaustivas, estando presentes em toda a constituição. Esta é interpretação do artigo 150 caput da CF/88:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
1. Princípio da Legalidade Tributária: art. 150, I da CR c/c 97 CTN. 
A União, Estado, Município e DF só podem criar e majorar tributo por meio de lei, posto a lei ser elaborada pelo Poder Legislativo através de suas casas legislativas (unicidade), cabendo ressaltar que as pessoas dessas casas são eleitas pelo povo. Isso leva a conclusão lógica de que o povo cria lei para si mesmo, ou seja, “é o povo tributando a si mesmo” – Pontes de Miranda – e por isso a lei encontra sua legitimidade no povo. A regra geral é de que os tributos sejam criados por lei ordinária (possuem força de LO: a MP e Lei Delegada). Alguns tributos são criados somente por lei ordinária e por isso constituem exceções as criadas por lei complementar (art. 59):
Imposto sobre grandes fortunas (art. 153, VII da CR)
Empréstimo compulsório (art. 148, CR)
Imposto residual da União (154, I da CR)
Contribuição previdenciária residual (195, §4°).
Os tributos instituídos ou majorados por lei complementar não podem ser objeto de MP. Art. 62 §1° III.
MÚSICA:
 
“Onde a lei complementar versar,
 
a
 medida provisória não irá apitar”
OBS: MP Estadual pode aumentar um imposto relativo ao seu Estado?
Sim, o STF reconheceu “a constitucionalidade da instituição de medida provisória estadual, desde que, primeiro, esse instrumento esteja expressamente previsto na Constituição do Estado e, segundo, sejam observados os princípios e as limitações impostas pelo modelo adotado pela Constituição Federal, tendo em vista a necessidade da observância simétrica do processo legislativo federal” (ADIN 2391/SC – 2006).Como regra geral as alíquotas só podem ser majoradas pela mesma espécie de lei em que é possível instituí-la. Em alguns casos, que são exceções ao presente princípio, as alíquotas poderão ser alteradas pelo poder executivo federal através de decreto presidencial: II, IE, IPI, IOF. Art. 153, §1°, CR.
MÚSICA: “importação – exportação – IPI – IOF”
 
 + CIDE e ICMS Combustível
Esses tributos constituem exceções. Os 4 primeiros são tributos extrafiscais, ou seja, além de fiscais (poder de invasão) eles possuem finalidade reguladora do mercado e economia do país.
CIDE Combustível feito por decreto;
ICMS Combustível a alíquota será estabelecida mediante deliberação dos Estados e DF. Representantes destes se reúnem no CONFAZ e como resultado é produzido uma ata com valor jurídico de convênio (define o valor pactuado), qual seja, o valor da alíquota. Esse convênio possui validade para toda a federação, para fins de evitar a guerra fiscal. Tal convênio é regulado pela LC 24/75. Algumas palavras de Ricardo Alexandre sobre Convênio e a LC 24/75:
A concessão de benefícios fiscais relativos ao ICMS dependerá sempre de decisão unânime dos Estados representados (decisão essa que é verificada pela publicação do convênio por todas as unidades federadas); a sua revogação total ou parcial dependerá de aprovação de quatro quintos, pelo menos, dos representantes presentes.
Dentro de 10 dias, contados da data final da reunião em que o convênio foi firmado, a resolução nela adotada será publicada no Diário Oficial da União. Após esse prazo, o Poder Executivo de cada Unidade da Federarão disporá de 15 dias para publicar o decreto ratificando ou não os convênios celebrados, considerando-se ratificação tácita dos convênios a falta de manifestação no prazo assinalado. Tais regras também se aplicam as Unidades da Federação cujos representantes não tenham comparecido à reunião em que hajam sido celebrados os convênios.
A não-ratificação pelo Poder Executivo de todas as Unidades da Federação (no caso de concessão de beneficio) ou de, no mínimo, quatro quintos das Unidades da Federação (no caso de revogação total ou parcial de beneficio) implica rejeição do convênio firmado.
Até 10 dias depois de findo o prazo de ratificação dos convênios, deve ser publicada no Diário Oficial da União a informação relativa a ratificação ou a rejeição. Os convênios entrarão em vigor no trigésimo dia após tal publicação, salvo disposição em contrário, vinculando, a partir daí, todas as Unidades da Federação, inclusive as que, regularmente convocadas, não se tenham feito representar na reunião em que o ato foi celebrado.
A sistemática estudada configura a única exceção a regra segundo a qual os benefícios fiscais somente podem ser concedidos por lei, não sendo possível a adoção de procedimento semelhante para outros tributos além do ICMS. Nessa linha, o STJ considerou inválida Resolução aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais e pela Câmara de Vereadores do Município de Belo Horizonte na qual se ratificava convênio firmado entre tais entes e concessionárias de serviço publico, concedendo, a estas, isenções de tributos municipais. A Corte, invocando o art. 176 do CTN e os dispositivos constitucionais ora analisados, declarou a invalidade da sistemática. Pela relevância do julgado, transcreve-se a respectiva ementa (REsp 723.575-MG, Rel. Min. Eliana Calmon, DJ 03.08.2007):
"TRIBUTÁRIO - IMPOSTOS MUNICIPAIS - ISENÇÃO CONCEDIDA POR MEIO DE RESOLUÇÃO LEGISLATIVA: ILEGALIDADE - VIOLAÇÃO DO ART. 176 DO C.
1. Nos termos do art. 176 do CTN, a isenção tributária somente pode ser concedida mediante lei especifica, com exceção do ICMS, que se da mediante convênio firmado entre todos os Estados (art. 150, § 6.° c/c 155, § 2°, XII, g, da CF/1988).
2. Ilegalidade da concessão de isenção de tributos municipais por resolução legislativa.
Por fim, é relevante registrar que o fato de um ente da Federação não cumprir as premissas constitucionais para a concessão de benefícios fiscais não autoriza os demais a, invocando um suposto direito à proteção da economia local, conceder, definitiva ou transitoriamente, qualquer beneficio semelhante. Não há "compensação de inconstitucionalidades" ou "direito de vingança". Nesta linha, o Supremo Tribunal Federal suspendeu absurda norma paranaense que previa o seguinte:
"Havendo concessão, por qualquer outro Estado ou pelo Distrito Federal, de beneficio fiscal ou eliminação direta ou indireta da respectiva carga tributária, com inobservância da legislação federal que regula a celebração de acordos exigidos para tal fim, e sem que haja aplicação das sanções nela previstas, fica o Poder Executivo autorizado a adotar medidas similares de proteção à economia paranaense".
Nas precisas palavras do STF, "o dispositivo da referida lei estadual traduz, em verdade, permissão para que o Estado do Paraná, por meio do Poder Executivo, desencadeie a denominada ‘guerra fiscal’ restando, portanto, caracterizada, em principio, a ofensa ao disposto no art. 155, § 2.0, XII, g, da CF" 3.936 MC/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 19.09.2007).
CESPE 2008 PGE Ceará (V) Lei Estadual que prevê benefício de ICMS é inconstitucional, pois somente LC federal, por imposição constitucional, pode regulamentar os benefícios fiscais a serem concedidos ao ICMS.
Subprincípio da Estrita legalidade ou tipicidade fechada (cerrada ou regrada): o art. 97 do CTN materializa o princípio da legalidade à luz da tipologia fechada, a qual deve nortear o instrumento normativo afeto ao tributo. É um sub-princípio do princípio da legalidade. Os componentes devem estar presentes na LC.
SP 
não pode ser criado por
 outro instrumento
 
legal, 
está a
d
strito 
à lei. 		 - alíquotas: é uma porcentagem (%)
Componentes - base de cálculo
Taxativos - sujeito passivo
 - fato gerador
“Multa não é tributo e o tributo não é multa”. Mas deve estar prevista na lei tributária. - multa
	Não consta dessa lista o sujeito ativo, posto que
	sua previsão legal deriva diretamente da CR.
Assim, normas gerais sobre fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes (art. 146 III ‘a’) devem ser feitas por LC, não se admitindo MP: Esaf – (F) “É admitida a edição de MP para estabelecer, em matéria de legislação trabalhista, normas gerais sobre a definição de base de cálculo de imposto da União sobre propriedade territorial rural”.
OBS.: não importam em majoração do tributo:
Art. 97, §2º, CTN: atualização monetária da respectiva base de cálculo, pois isso é mera recomposição do valor da moeda. Como não é majoração, pode ser feita por decreto, salvo se a majoração for superior ao índice oficial de inflação, devendo ser feito por lei nesse caso (S. 160 STJ – É defeso, ao Município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice oficial de correção monetária).
Art. 97 CTN: § 1º Equipara-se à majoração do tributo a modificação da sua base de cálculo, que importe em torná-lo mais oneroso.
§ 2º Não constitui majoração de tributo, para os fins do disposto no inciso II deste artigo, a atualização do valor monetário da respectiva base de cálculo.
RE 182971 e 193531: A definição do vencimento do tributo não é modificação do tributo, podendo ser feita por decreto.
O problema dos tratados internacionais e o princípio da legalidade: Segundo entendimento doutrinário, quanto à natureza, os tratados e convenções internacionais podem ser classificados como:
Normativos (tratados-leis): caracterizam-se pela generalidade, criando uma regra de direito internacional de aplicação cogente pelos signatários. São firmados entre Estados que possuem vontades coincidentes. Como exemplo, tem-se a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.
Contratuais (tratados-contratos): decorrem do estabelecimento de obrigações recíprocas entre os pactuantes (prestaçõese contraprestações), exaurindo-se com o seu cumprimento. Na avenca, os signatários estipulam concessões mútuas, não sendo as vontades manifestadas, sob este aspecto, coincidentes. Tome-se como exemplo um tratado de paz em que um signatário se compromete a deixar determinado território e o outro a oferecer-lhe uma reparação financeira. O objetivo de um é o domínio sobre o território; o do outro, o valor em dinheiro.
O Superior Tribunal de Justiça tem dado importância prática à distinção, asseverando a integral aplicabilidade da restrição constante no art. 98 do Código Tributário Nacional aos tratados normativos, mas não aos tratados contratuais. 
Art. 98. Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha.
Nas palavras do Tribunal, "o art. 98 do CTN permite a distinção entre os chamados tratados-contratos e os tratados-leis. Toda a construção a respeito da prevalência da norma interna com o poder de revogar os tratados, equiparando-os à legislação ordinária, foi feita tendo em vista os designados tratados-contratos, e não os tratados-leis" (REsp 426.945 - PR).
No caso concreto, discutia-se se a lei que isentou do imposto de renda na fonte apenas os lucros recebidos por sócios residentes e domiciliados no Brasil (Lei 8.383/1991, arts. 75 e 77 e Decreto 1.041/1994, art. 751) teria revogado a convenção que assegurava tratamento não discriminatório ("Convenção entre o Brasil e a Suécia para evitar a dupla tributação em matéria de impostos sobre a renda" - promulgada por meio do Decreto 77.053/1976 - art. 24, 1. a 4.). No julgamento, a Corte Superior, asseverando o caráter normativo do Tratado, entendeu que a revogação não teria acontecido, assegurando-lhe a plena vigência.
Ricardo Alexandre, entende correta a conclusão do Superior Tribunal de Justiça, mas por outro fundamento. A questão central é que a Convenção entre Brasil e Suécia é norma específica e, como tal, não foi revogada pela norma geral (Lei 8.383/1991).
(V) O STJ, em matéria de direito internacional tributário, tem entendido que os tratados-leis, diferentemente dos tratados-contratos, não podem ser alterados pela legislação interna.
PGE ES 2008: (F) No direito tributário brasileiro, há um desnivelamento hierárquico entre os tratados internacionais e a legislação tributária interna, pois, quando em vigor, os tratados internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e devem ser observados pela que lhes sobrevenha.
E. Eis o disposto no artigo 98 do CTN: Os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna, e serão observados pela que lhes sobrevenha. Embora a parte final considere que a legislação interna não poderia modificar os tratados, não há desnivelamento (hierarquia), conforme posição sedimentada pelo STF, que entende que o tratado internacional adquire posição hierárquica idêntica à de uma lei ordinária. Na verdade, a questão é resolvida pela regra da especialidade, segundo a qual a regra especial (tratados internacionais) deve ser aplicada com preferência sobre a geral, sem modificá-la ou revogá-la.
2. Princípio da Anterioridade Tributária ou Proibição da Tributação de Inopino ou Eficácia Diferida (postergada): art. 150 III b da CR.
Trata-se da vacatio legis da lei tributária e compreende o período em que a lei é existente e válida, mas ineficaz.
a) anterioridade anual:
U			
E		 cobrar		tributo 		 no exercício		 ao exercício
M							 financeiro		 financeiro
DF							 posterior		 da lei	
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
O que é exercício financeiro? Consiste no ano fiscal, ou seja, ano civil. POR QUE?
Pois a lógica da anterioridade tributária encontra-se na proibição da tributação de “surpresa” (de inopino = de supetão).
b) anterioridade nonagesimal: O princípio da anterioridade e a EC 42/03. O Princípio da anterioridade foi revigorado com essa emenda, à medida que se exigiu a obediência ao período de 90 dias entre a lei e o pagamento do tributo. Art. 150, III, c. Consiste na chamada “anterioridade nonagesimal”, mas esse nome é impróprio e deveria se chamar anterioridade qualificada ou privilegiada. Art. 150, §1°, parte final.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - cobrar tributos:
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;
	Exceções à anterioridade nonagesimal e anual. Paga “na hora”.
	Exceções somente à anterioridade anual. 
“Paga daqui a 90 dias”.
	Exceções somente à anterioridade nonagesimal. “Paga no ano seguinte”.
	I.I.
I.E.
IOF
IEG
EC calamidade ou guerra
	IPI
CIDE Combustível
ICMS Combustível
Contribuição Previdenciária – art. 195, §6º, CR/88*
	I.R.
Alteração de base de cálculo do IPTU e IPVA (art. 150 §1° c/c 155 III e 156 I).
* parte da doutrina não inclui a contribuição previdenciária do art. 195, §6º, CR/88 na lista da exceção a anterioridade nonagesimal, em razão de classificar-se como anterioridade mitigada.
OBS: Deve-se criar a regra do “PAGA JÁ-JÁ”, ou seja, que não obedece a nenhuma regra e pode ser cobrado no dia seguinte à vigência do tributo. 
A. Anual: II , IE , IPI , * , IOF , IEG e ECca (+ CIDE e ICMS combustível)
A. 90: II , IE , * , IR , IOF , IEG e ECca (+ base de cal. do IPVA e IPTU)
PAGA 
JÁ- JÁ
II, IE IOF,
 
IEG 
e
 
ECca
 
O IR obedece 
a
 regra da anterioridade anual, porém é exceção aos 90 dias. É exigido a partir de 1°de Janeiro. 
IPI deve ter prazo de 90 dias após a criação ou majoração, por ser exceção à anterioridade anual.
Problema: a lei de 15/12/04 que majora o valor venal do imóvel de 100 para 200. Pergunta-se, quando será utilizado a nova base de cálculo???? Por ser exceção aos 90 dias, será aplicado em 01/01/2005.
OBS: Análise da EC 32/01 à luz dos princípios da anterioridade e legalidade:
	Princípio da Legalidade
	Princípio da Anterioridade
	PODE MP CRIAR TRIBUTO???
	SE PUDER, QUANDO PAGAREI???
	
 Lei
Tributo 
 MP (imposto art. 62 §2° CR)
OBS: A jurisprudência do STF entende cabível MP em qualquer tributo, não fazendo restrição a modalidade tributária específica como faz a CR.
“Onde a LC versar, a MP não irá apitar”. Art. 62§1°.
Por quê? A explicação está no fato de que o imediatismo eficacial da MP se apresenta diametralmente oposto ao processo laborativo minucioso de uma LC. Art. 69 CR.
	Eu pago o imposto instituído/majorado por MP no ano seguinte ao ano da conversão da MP (60 dias + 60 dias) em lei. Art. 62 §2° CR: “Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II (II, IE, IPI, IOF, IEG), só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada”.
Caso tenhamos uma MP que majore o imposto em 2004, devemos considerar o art. 60 §2° juntamente com o art. 150 III ‘c’ da CR (anterioridade nonagesimal). Como se deve proceder???
STF: a restrição relativa a necessidade da conversão em lei no exercício da edição da MP aplica-se exclusivamente aos impostos que não estejam na exceção, de forma que, no tocante às demais espécies tributárias a regra da anterioridade deve ser observada tomando como referência a data da publicação da MP e não da sua conversão em lei.
ESAF (F) A MP que majore contribuição para o financiamento da previdência somente poderá surtir efeitos no exercício seguinte se convertidaem lei até o último dia do exercício precedente. (problema tratado no próximo tópico)
CESPE (V) É permitida a edição de medida provisória para aumentar a contribuição social incidente sobre a folha de salários de empregados, devida por empregadores à seguridade social. Ademais, Medida Provisória que implique majoração do imposto sobre propriedade territorial rural só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada.
- O Princípio da anterioridade das contribuições previdenciárias à luz da MP: Sabe-se que a contribuição previdenciária, caso seja majorada ou instituída por lei, deverá ser exigida 90 dias após o aumento ou majoração (art. 195, §6° CR). Ademais, à luz do artigo 62, §2° da CR, a MP é instrumento idôneo para criar e aumentar o tributo, devendo ser convertida em lei em 60 dias prorrogáveis por mais 60.
Por fim, frise-se, que o STF entendeu que a MP é instrumento idôneo a versar sobre outros tributos, além dos impostos, o que nos permite conceber como possível a instituição ou aumento de contribuição previdenciária pela própria MP.
Direito								 120 dias
Constitucional: 60 dias	 	 60 dias
Direito 		
Tributário: 	 90 dias	
						 $$$ 
“X” – 90 dias						 (STF)
Direito 		
Tributário: 	 90 dias	 				 Volta a pagar.
						 $$$ 
						 (STF)
	 MP publicada	 Paga independente Ponto Y (dia da conversão da MP em lei) 
 da conversão em lei. 100 dias
Para o STF, o pagamento deverá ser feito a partir de 90 dias (ou seja, no 91° dia), independentemente da conversão em lei. Contribuição previdenciária respeita a anterioridade nonagesimal.
Caso tenhamos conversão da MP em lei nos primeiros 90 dias, o tributo será pago a partir do 91° dia com base na lei e não com respaldo na MP. Frise-se que o prazo continua sendo contado da MP.
PONTO ‘Y’: Se tivermos a conversão da MP em lei sem alterações substanciais, o pagamento continuará a ser feito, normalmente, com base na lei, e não com respaldo na MP originária.
PONTO ‘X’: Caso tenhamos, no 100° dia, uma conversão da MP com alterações substanciais, deve haver a interrupção do pagamento e o natural respeito a um novo período de anterioridade de 90 dias, após o qual o pagamento deve retornar. 
Frise-se que as relações jurídicas de pagamento ocorridas entre o 91° dia e 100° dia deverão ser reguladas por um decreto legislativo, a ser expedido em um prazo de 60 dias (contados a partir do 100° dia). Art. 62, §3° da CR. Caso não se expeça o referido instrumento, as relações jurídicas manter-se-ão regidas pela própria MP (art. 62 §11CR).
É possível que haja o transcurso dos 120 dias, sem a devida conversão da MP em lei. Nesse caso, as relações jurídicas de pagamento ocorrerão entre o 91° dia e o 120° dia – data da interrupção do pagamento em face do exaurimento eficacial da MP. Diga-se, por fim, que deverá ser expedido um decreto legislativo a contar do 120° dia, nas mesmas condições do item anterior.
OBS.: Lei revogadora ou redutora da isenção equivale a criação de tributo para fins de observância a este princípio? Em regra, não. Mas é necessário fazer a seguinte interpretação dos artigos abaixo:
Isenção condicionada: isenção concedida por prazo certo e em função de determinadas condições NÃO pode ser revogada ou modificada por lei;
Isenção não condicionada: é aquela que não tem prazo certo e não foi concedida em função de certas condições. Nesse caso, se as isenções forem referentes a imposto sobre o patrimônio ou renda, no caso de revogação ou redução, a anterioridade deve ser observada (salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte – ex: um prazo maior do que o prazo da anterioridade).
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.
Não obstante, em recente julgado o STF não fez tal distinção e ainda ampliou tal entendimento para redução ou revogação de desconto em pagamento, se posicionando da seguinte forma:
Redução e Extinção de Imposto: Princípio da Anterioridade Tributária - 2
Considerou-se que, se até mesmo a revogação de isenção não tem sido equiparada pela Corte à instituição ou majoração de tributo, a redução ou extinção de um desconto para pagamento do tributo sob determinadas condições previstas em lei, como o pagamento antecipado em parcela única (à vista), também não o poderia. Afastou-se, também, a assertiva de que qualquer alteração na forma de pagamento do tributo equivaleria a sua majoração, ainda que de forma indireta, e reportou-se ao entendimento do Supremo de que a modificação do prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade (Enunciado 669 da Súmula- Norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigação tributária não se sujeita ao princípio da anterioridade.). Asseverou-se, ademais, que deveriam ser levados em conta os argumentos apresentados nas informações da Assembléia Legislativa e do Governador do Estado no sentido de que as alterações promovidas pela Lei 15.747/2007 visariam propiciar o ajustamento de descontos do IPVA paranaense com o de outros Estados, sem que tais mudanças importassem em aumento do valor total do tributo. Ressaltou-se, por fim, que, no caso do IPVA, o art. 150, § 1º, da CF expressamente excetua a aplicação da regra da anterioridade na hipótese da fixação da base de cálculo desse tributo, ou seja, do valor venal do veículo. Assim, se nem a fixação da base de cálculo do IPVA estaria sujeita à incidência da regra da anterioridade, a extinção ou redução de um desconto condicional para pagamento desse tributo poderia ter efeitos imediatos. Vencido o Min. Cezar Peluso que concedia a liminar ao fundamento de que a hipótese nada teria a ver com isenção, porque esta seria objeto específico de uma norma constitucional, e que a supressão ou redução de um desconto previsto em lei implicaria, automática e aritmeticamente, aumento do valor do tributo devido, razão pela qual se haveria de observar o princípio da anterioridade. Precedentes citados: RE 200844 AgR/PR (DJU de 16.8.2002); RE 204062/ES (DJU de 19.12.96).
ADI 4016 MC/PR, rel. Min. Gilmar Mendes, 1º.8.2008. (ADI-4016)
OBS.: CPMF – já foi prorrogada várias vezes, antes da sua extinção. Era observado o princípio da anterioridade na sua prorrogação? Não. STF – ADI 2.666. A aplicação do princípio é na criação e majoração, não na prorrogação. Corroborando este entendimento, é o julgado recente do STF:
Prorrogação de Majoração de Alíquota e Princípio da Anterioridade Nonagesimal
O Tribunal, por maioria, deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que julgara inconstitucional a cobrança do ICMS com a alíquota majorada de 17% para 18%, prorrogada pela Lei paulista 11.813/2004. Reportando-se à orientação firmada no julgamento da ADI 2673/DF (DJU de 6.12.2002), considerou-se que o art. 195, § 6º da CF, aplicável às contribuições sociais, possuiria a mesma determinação criada pela EC 42/2003 para os tributos em geral. Assim, reputou-se possível estabelecer idêntico raciocínio no sentido de que o art. 150, III, c, da CF (“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:... III - cobrar tributos:... c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sidopublicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”) somente incidiria nos casos de criação ou de majoração de tributos e não nos casos de simples prorrogação de alíquotas já aplicadas anteriormente. Vencidos os Ministros Carlos Britto, Marco Aurélio e Celso de Mello, que desproviam o recurso, por vislumbrar transgressão ao art. 150, III, c, da CF e ao princípio da segurança jurídica. RE 584100/SP, rel. Min. Ellen Gracie, 25.11.2009. (RE-584100)
c) O princípio da anterioridade visto dentro da classificação dos FGs:
FGs instantâneos: são os FGs que ocorrem num momento preciso da linha do tempo, dando ensejo ao surgimento, em cada caso de ocorrência, de uma nova obrigação tributária, como é o caso do imposto de importação, cujo fato gerador se verifica a cada entrada de mercadoria estrangeira no território nacional.
FGs periódicos: são os FGs que se prolongam no tempo, sendo considerados ocorridos nos instantes legalmente determinados, gerando, a cada período concluído, uma nova obrigação tributaria.
Ex: IPVA, cujo fato gerador ocorre anualmente, no dia 1° de janeiro
Os fatos geradores periódicos podem ser divididos em:
- periódicos simples aqueles que tomam por base um único evento, que se prolonga no tempo, como é o caso dos impostos sobre a propriedade.
Ex: IPVA, IPTU (a propriedade de determinado imóvel é fato único, mas os seus efeitos se mantêm indefinidamente no tempo)
- periódicos compostos ou complexivos os fatos geradores compostos de diversos eventos que devem ser considerados de maneira global, dentro de um determinado período de tempo legalmente definido
Ex: IR, em que é formado por um conjunto de eventos (recebimentos mensais de renda, investimentos financeiros, alienações de bens com lucro etc.) que, globalmente considerados, implicam aumento patrimonial do contribuinte dentro de um determinado exercício financeiro
O grande problema da classificação é que, nos fatos geradores ditos periódicos, a lei estipula exatamente o instante da completude e perfeição, o que faz com que tais fatos possam ser tratados como instantâneos, sendo-lhes aplicável a legislação vigente na data em que a lei define como verificado o fato gerador do tributo. Os casos mais interessantes relativos aos fatos geradores ditos periódicos referem-se à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e ao Imposto de Renda.
A Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL - e o Imposto de Renda – IR - seguem as mesmas normas de apuração e pagamento. Exemplificando-se: com a sistemática de apuração anual, uma mudança da legislação (majorando os tributos) verificada no decorrer do exercício seria anterior a data em que os respectivos fatos geradores se reputariam perfeitos e acabados (31 de dezembro), o que poderia gerar dúvida sobre a possibilidade de aplicação da inovação ao cálculo do IR e da CSLL incidentes sobre o lucro auferido durante todo o exercício, tendo em vista o principio da irretroatividade.
Em face de a CSLL, ao contrário do IRPJ, não estar submetida ao princípio da anterioridade do exercício (estudado adiante), surgem especificidades na análise dos efeitos no tempo advindos de eventual alteração legislativa que majore as respectivas cargas tributárias específicas. 
O princípio da anterioridade e a CSLL. A Contribuição Social sobre o Lucro Liquido - CSLL - não está sujeita ao princípio da anterioridade anual, dependendo a produção de efeitos decorrentes de eventual majoração apenas da obediência a um período mínimo de noventa dias entre a data da publicação da lei e o fato gerador. Aqui surge a pergunta crucial: se a lei majoradora da CSLL fosse publicada ate o dia 2 de outubro de 2008 (quando faltam 90 dias para que se atinja o dia 31 de dezembro), poderia atingir os lucros percebidos desde o início do exercício?
Considerando que o fato gerador "definitivo" do tributo apenas se verifica em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, a resposta seria positiva, independentemente da adoção da teoria do fato gerador complexivo, pois, para aqueles que admitem tal figura jurídica, durante o transcorrer do exercício, o fato gerador estaria pendente; para os que não a adotam, o fato seria futuro. De qualquer forma, nos termos do art. 105 do CTN, a conclusão seria a mesma: a aplicabilidade da nova legislação:
Art. 105. A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início, mas não esteja completa nos termos do artigo 116.
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
O raciocínio transita na contramão da segurança jurídica, por permitir a majoração de carga tributária sobre lucros já auferidos pelo contribuinte, quando este planejava sua vida econômico-financeira imaginando estar submetido a uma carga tributária que, posteriormente, veio a se mostrar mais gravosa.
Não obstante o absurdo da situação, o Supremo Tribunal Federal seguiu a malfadada tese, prestigiando a forma - ao ater-se à definição legal da data da ocorrência do fato gerador no último dia do exercício financeiro - e desprezando o conteúdo - ao desconsiderar a manifesta retroatividade econômica advinda da situação legitimada. Nas palavras da Corte, "se o fato gerador da obrigação tributária relativa à contribuição social reputa-se ocorrido em 31 de dezembro, conforme a orientação do STF, a lei que esteja em vigor nessa data é aplicável imediatamente, sem contrariedade ao art. 5.°, XXXVI, da Constituição" (AI-AgR-ED 333.209/PR - Rel. Min. Sepulveda Pertence - julgado em 02.03.2007).
Atualmente, a situação está a se repetir. Visando a compensar a perda de arrecadação decorrente da rejeição da prorrogação da CPMF pelo Senado Federal no fim do exercício de 2007, o Presidente da República editou a Medida Provisória 413, de 3 de janeiro de 2008, majorando a CSLL incidente sobre o lucro auferido por pessoas jurídicas que atuam no setor financeiro. O art. 18, inciso II da MP previu que o aumento produziria efeitos a partir do primeiro dia do quarto mês subseqüente ao da publicação, em obediência ao prazo de 90 dias estatuído no art. 195, § 6.° da CF/1988. Na prática, o contribuinte que apura a CSLL anualmente vai se sujeitar à majoração durante todo o exercício de 2008, inclusive os três meses iniciais. Entretanto, como o fato gerador do tributo é concluído no dia 31 de dezembro, a irretroatividade estará, nos termos da jurisprudência do STF, obedecida.
A MP 413/2008 esta sendo contestada no STF (ADI 4.003 – acompanhar). Todavia, a tendência é que o STF mantenha a sua jurisprudência que, apesar de não ser unânime, foi ratificada já em 2 de marco de 2007, conforme relatado acima.
Registre-se, por oportuno, que o STF bloqueou a tentativa de cobrança da CSLL com base em lei publicada após o dia 2 de outubro. No entender do Ministro Moreira Alves, a lei que majora contribuição para financiamento da seguridade social somente "entra em vigor" (melhor seria falar em produção de efeitos, não em vigência) 90 dias apos a publicação. Se, após esse prazo, o fato gerador anual já houvesse ocorrido, somente seria possível a aplicação da nova lei ao fato gerador relativo ao exercício subseqüente (RE 146.733 9/SP - Rel. Min. Moreira Alves - julgada em 29.06.1992).
O princípio da anterioridade e o IR. O IR possui um fato gerador complexivo (mês a mês), concluindo-se no último instante do dia 31 de dezembro de cada ano. Considerando que o fato gerador do tributo é o dia 31 de dezembro de cada ano e o mês de abril é o mês do “ajuste”, logo, no exemplo abaixo, qual alíquota será aplicada: a do ano de 2003 ou a novo a partirde 2004?
					 2003 2004 
 15%
Mês do ajuste!
 Qual alíquota aplica
???
 Pelo STF a nova de 17%. JAN FEV .... OUT NOV	 DEZ JAN ... MAR ABR
 Aumento da 
 			 alíquota para 17%,
			entrando em vigor em janeiro
Segundo o STF, aplica-se o valor que estiver em vigência no exercício financeiro do corrente ano. Assim, com base no gráfico acima, será 17% para todo o período de 2003 (cujo FG é em 31 de dezembro de 2003). 
Súmula 584, STF: Ao Imposto de Renda calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.
Apesar dessa posição do STF, o Governo desde 1995 não tem aplicado tal súmula, de forma a respeitar o princípio da irretroatividade. Assim, pelo governo, a alíquota a ser aplicada seria a de 15%. Acredita-se que no momento em que o STF vier a analisar a matéria levando em conta o principio da anterioridade, finalmente haverá a necessária evolução e a Súmula 584 será devidamente sepultada. Há um Recurso Extraordinário em julgamento no Tribunal (suspenso em virtude de pedido de vista do Min. Cezar Peluso) que pode definir a matéria. Sugere-se que o leitor se mantenha atento ao futuro resultado (RE 183.130).
No âmbito do STJ, há precedentes expressamente afirmando a inaplicabilidade da Súmula 584 do STF sob o entendimento de que ela foi "construída à luz de legislação anterior ao CTN" e que a tributação do Imposto de Renda deve decorrer "de concreta disponibilidade ou da aquisição de renda" (REsp 179.966/RS). Em provas de concurso público, diante da carência de pronunciamentos mais recentes do Supremo Tribunal Federal, tem-se adotado o posicionamento do STJ, mais favorável ao contribuinte:
CESPE 2000 (V): Se o Congresso Nacional aprovar lei instituindo IR sobre os rendimentos dos Planos Garantidores de Benefícios Livres, e essa lei for publicada no DO no dia 31/12/2001, o imposto incidirá sobre os FGs ocorridos a partir do dia seguinte, 1/1/2002.
OBS: se a súmula fosse aplicada, a nova lei incidiria no exercício de 2001, pois o FG considera como ocorrido em 31/12/2001.
ESAF 2002 (V): O IR devido na declaração de rendimentos PF a ser apresentada em 2003 deve ser calculado com base na alíquota de 2002, mesmo que essa seja majorada no inicio de 2003.
3. Princípio da Isonomia Tributária ou da Proibição dos privilégios odiosos: art. 150 II CR.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;
Ex.1: filiados a certo sindicato serão isentos de IPVA – inconstitucional;
Ex.2: tratamento mais beneficiado para empresas de pequeno porte e micro-empresa – constitucional;
Ex.3: isenção de IPI para deficientes – constitucional;
Ex.4: isenção de IPTU por ser servidor público – inconstitucional (STF).
“Proibição dos privilégios odiosos” essa nomenclatura tem como base a história do direito tributário, posto que no passado certas pessoas conseguiam sua imunidade tributária em razão de seu ofício ou cargo, ou ainda decorrente de certa posição social (monarca).
O princípio da isonomia tributária deriva do postulado da isonomia genérica, em que este se trata de um “superprincípio”.
Isonomia Genérica:
Preâmbulo
Art. 3° IV
Art. 5° caput
Art. 5° I
Constituição Cidadã.
Trata-se, portanto, de um superprincípio.
Conceito do Princípio da Isonomia Tributária: todos que realizam o fato gerador devem pagar o tributo.
Aspecto subjetivo (todos) restringido pelo aspecto objetivo (realizar fato gerador).
Do postulado acima deflui que o ônus tributacional emanará da realização objetiva do fato gerador, incidindo sobre todos que o realizarem.
Nessa medida, tem-se a possibilidade de aplicação de critérios de discrime pautados na isonomia, uma vez que aos iguais será dado o tratamento igual e aos desiguais, o tratamento desigual, na medida das diferenças encontradas. Trata-se, com efeito, da tributação isonômica onde não se analisa aspectos extrínsecos, corolário da interpretação objetiva do fato gerador, da qual podemos inferir que a sujeição passiva ocorrerá independentemente da ilicitude do ato, da incapacidade civil, da irregularidade da empresa,... arts. 118 e 126 CTN. 
Assim, está presente a corroboração do postulado do “NON OLET” (não cheira), derivado do episódio ocorrido na época do imperador romano de nome Vespasiano. Razão pela qual, tributa-se bicheiro, prostituta, menor, ... onde bastam que os mesmos aufiram renda (fato gerador) para serem tributados.
Deve-se ressaltar que o NON OLET (ou interpretação objetiva do fato gerador) se trata de um subprincípio ao Princípio da Igualdade Tributária.
OBS: tributar bicheiro, prostituta seria um estímulo a tais atividades???
NÃO, pois eles auferem renda e devem pagar impostos face o princípio da Isonomia Tributária, em verdade, cabe ao direito penal reprimir tais atividades.
- Algumas posições do STF acerca da isonomia tributária:
Contribuição previdenciária dos servidores inativos: a EC 41/2003 estabeleceu a incidência da contribuição previdenciária dos servidores públicos da U, E, M e DF. Todavia, tal emenda disciplinou que para os aposentados e pensionistas da União a incidência era sobre a remuneração que excedesse 60% do limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social, ao passo que para os servidores dos E, M e DF, o percentual era de 50%. O STF assim se manifestou:
ADI 3105: II). Servidor público. Vencimentos. Proventos de aposentadoria e pensões. Sujeição à incidência de contribuição previdenciária. Bases de cálculo diferenciadas. Arbitrariedade. Tratamento discriminatório entre servidores e pensionistas da União, de um lado, e servidores e pensionistas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de outro. Ofensa ao princípio constitucional da isonomia tributária, que é particularização do princípio fundamental da igualdade. Ação julgada procedente para declarar inconstitucionais as expressões "cinqüenta por cento do" e "sessenta por cento do", constante do art. 4º, § único, I e II, da EC nº 41/2003. Aplicação dos arts. 145, § 1º, e 150, II, cc. art. 5º, caput e § 1º, e 60, § 4º, IV, da CF, com restabelecimento do caráter geral da regra do art. 40, § 18. São inconstitucionais as expressões "cinqüenta por cento do" e "sessenta por cento do", constantes do § único, incisos I e II, do art. 4º da Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, e tal pronúncia restabelece o caráter geral da regra do art. 40, § 18, da Constituição da República, com a redação dada por essa mesma Emenda.
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
Discriminação com base na função ou ocupação exercida: O STF, julgando RE, entendeu haver tratamento discriminatório por parte de lei municipal que estipulava isenção de IPTU para pessoas, em decorrência da sua qualidade de servidoras públicas. Deve se ter em mente que no mesmo dispositivo em que o legislador enuncia o princípio da isonomia, já estipula que a ocupação profissional ou função exercida pelo contribuinte não pode ser tomada como parâmetro para diferenciação.
Discriminação entre as empresas lucrativas e deficitárias: A COFINS e a CSLL são contribuições para o financiamento da seguridade social. A CONFINS incidesobre a receita ou o faturamento (ou seja, todos contribuem), ao passo que a segunda incide sobre o lucro líquido (ou seja, somente quem tiver lucro vai contribuir).
A lei 9.718/98 majorou a alíquota da CSLL de 2% para 3% e previu que o contribuinte sujeito a ambas contribuições, poderia abater até um terço da COFINS com a CSLL, quando obtivesse lucro no exercício. Alguns contribuintes alegaram infração ao princípio da isonomia, pois estaria privilegiando empresas que obtiveram lucro, dando-se benefício que não possuem as empresas que mais precisariam, pois não obtiveram lucro. O STF não entendeu dessa forma, afirmando que: 
“O contribuinte sujeito a ambas as contribuições foi contemplado com uma bonificação representada pelo direito a ver abatido, no pagamento da segunda (COFINS), até um terço do quantum devido, atenuando-se, por esse modo, a carga tributária resultante da dupla tributação. Diversidade entre tal situação é a do contribuinte tributado unicamente pela COFINS, a qual se revela suficiente para justificar o tratamento diferenciado, não havendo que falar, pois, de ofensa ao princípio da isonomia”. (RE 336.134).
O SIMPLES – discriminação entre empresas com base na atividade exercida: O SIMPLES, instituído pela Lei 9.317/96, incluiu as ME e EPP no referido programa, tomando como parâmetro a sua receita bruta. A Confederação Nacional das Profissões Liberais – CNPL ajuizou ADI argumentando que a exclusão das sociedades de profissionais liberais do SIMPLES, independentemente da receita bruta auferida por tais sociedades, constituiria tratamento diferenciado para contribuintes que estariam em situações equivalentes. O STF não entendeu dessa forma:
EMENTA: ACÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DAS PROFISSÕES LIBERAIS. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. LEGITIMIDADE ATIVA. PESSOAS JURÍDICAS IMPEDIDAS DE OPTAR PELO REGIME. CONSTITUCIONALIDADE. 1. Há pertinência temática entre os objetivos institucionais da requerente e o inciso XIII do artigo 9º da Lei 9317/96, uma vez que o pedido visa a defesa dos interesses de profissionais liberais, nada obstante a referência a pessoas jurídicas prestadoras de serviços. 2. Legitimidade ativa da Confederação. O Decreto de 27/05/54 reconhece-a como entidade sindical de grau superior, coordenadora dos interesses das profissões liberais em todo o território nacional. Precedente. 3. Por disposição constitucional (CF, artigo 179), as microempresas e as empresas de pequeno porte devem ser beneficiadas, nos termos da lei , pela "simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas" (CF, artigo 179). 4. Não há ofensa ao princípio da isonomia tributária se a lei, por motivos extrafiscais, imprime tratamento desigual a microempresas e empresas de pequeno porte de capacidade contributiva distinta, afastando do regime do SIMPLES aquelas cujos sócios têm condição de disputar o mercado de trabalho sem assistência do Estado. Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
A LC 123/06, que revogou o antigo SIMPLES e instituiu o SUPER-SIMPLES, por ter o mesmo fundamento, deve ser encarada como constitucional pelo STF.
a) Subprincípio da capacidade contributiva ou econômica: art. 145 §1° da CR. Deriva do postulado da isonomia tributária. É necessário que decoremos o artigo:
Música:
“Quem ganha mais, paga mais; quem ganha menos paga menos”.
SEMPRE QUE POSSÍVEL, OS IMPOSTOS TERÃO CARÁTER PESSOAL E SERÃO GRADUADOS SEGUNDO A CAPACIDADE ECONÔMICA DE CADA UM.
Art. 145, § 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Do postulado acima, é possível concluir: aquele que detiver maior capacidade econômica deverá contribuir com um tributo mais oneroso; por outro lado, quem detiver menos riqueza tributável, deverá ser menos onerado.
A aplicação do postulado da capacidade contributiva passa inexoravelmente pela estipulação de alíquotas variáveis (progressivas). Pode-se afirmar que a técnica da progressividade – método de variação de alíquotas, em uma razão não proporcional, em busca da justiça fiscal – é ínsita no princípio da capacidade contributiva. Portanto, devemos descobrir quais são os impostos progressivos, com previsão explícita de progressividade, na Constituição. São eles: IR, IPTU, ITR e IPVA.
Existem dois tipos de progressividade:
Progressividade fiscal objetiva a arrecadação, afirmando o princípio da capacidade contributiva. É o caso do IR, IPTU e IPVA;
Progressividade extrafiscal busca a realização de algum valor ou princípio, não buscando a priori, a arrecadação. Busca afirmar qualquer princípio que não seja da capacidade contributiva. É o caso do ITR e IPTU.
Diferença entre capacidade contributiva e econômica:
	Capacidade contributiva
	Capacidade econômica
	- trata-se de uma capacidade econômica específica, ou seja, é a pessoa com capacidade econômica capaz de contribuir.
	- possui capacidade econômica aquele que manifesta riqueza. 
	A capacidade econômica sem a capacidade contributiva garante um “mínimo existencial”. Trata-se de uma justiça tributária, assim, a capacidade tributária garante a aplicação do valor justiça.
Ex.: estagiário ganha R$ 500,00. Possui capacidade contributiva? Não, por ser isento. Possui capacidade econômica? Sim, pois aufere renda.
Detalhando os referidos impostos:
- Imposto de Renda: o IR se trata de um imposto pessoal, norteado por 3 critérios informadores, quais sejam:
Generalidade: alcança todos os fatos que se subsumam a hipótese de incidência, sem critérios de seletividade.
“
G.U.
P”Universalidade: alcança todos que experimentem acréscimos patrimoniais, sem distinções entre pessoas ou profissões. Atenção: essa distinção entre generalidade e universalidade não é unânime na doutrina.
Progressividade: à medida que aumenta o acréscimo patrimonial, deve aumentar a tributação.
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
§ 2º - O imposto previsto no inciso III:
I - será informado pelos critérios da generalidade, da universalidade e da progressividade, na forma da lei;
- Imposto Predial Territorial Urbano:
Art. 156 § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II, o imposto previsto no inciso I poderá: 
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; 
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.
Art. 182 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
O IPTU progressivo antes e depois da EC 29/00:
	ANTES
	DEPOIS
	O IPTU era progressivo em razão de um critério extra-fiscal: “função social da propriedade” (art. 5° XXXIII CR), relativo ao tempo em que o imóvel permaneceu subutilizado.
Tinha por fim a busca de um adequado aproveitamento da propriedade através de uma progressividade extra-fiscal.
	Progressividade do IPTU passou a ser em razão de 4 critérios, sendo 3 novos (fiscais):
Localização
Valor
Uso (residencial, comercial ou industrial)
Esses acrescidos ao critério extra-fiscal “função social da propriedade”.
Antes ex: terreno baldio ou casa abandonada seria tributada mais pesadamente. Dessa forma, por ter como critério a função social, a localização de um terreno não poderia ser um desdobramento desse critério.Era uma tributação inconstitucional.
Hoje ex: Proprietários em áreas nobres são tributados de forma majorada e o “pobre” pode ser isento desse tributo.
É importante frisar que a EC 29/00 trouxe critérios de variação do IPTU, os quais se apresentam “estranhos” à natureza do imposto em estudo. Com efeito, variar IPTU em razão, por exemplo, de localização do bem é permitir uma gradação de alíquotas à luz de critérios pessoais. 
Ademais, cabe ressaltar que a variação pretendida pela emenda em epígrafe permitiria a quebra do princípio da isonomia, à medida que se tratariam pessoas iguais (proprietários de bem em áreas diversas) de modo desigual.
Assim, após a EC 29/00, a progressividade do IPTU passa a ser “extra-fiscal” e “fiscal”. Desta última avoca-se o Princípio da Capacidade contributiva, nesses termos:
A EC 29/00, ao trazer à baila novos critérios de progressividade do IPTU (localização, valor e uso), propiciou que o princípio da capacidade contributiva – válido tão somente para impostos pessoais segundo a CR- fosse aplicável em 1 hipótese de imposto real (IPTU). [CESPE – UNB]
O IPTU, conforme, iterativa jurisprudência do STF, é imposto real, repelindo (em tese) uma progressividade “fiscal”, porém prendendo-se à única variação razoável – busca do adequado aproveitamento da propriedade. Em recente posição, o STF admitiu a progressividade fiscal em impostos reais (RE 423768), com fundamento simplório de que agora existe previsão constitucional.
(...) Após mencionar os diversos enfoques dados pela Corte em relação à progressividade do IPTU, concluiu, ante a interpretação sistemática da Constituição Federal, com o cotejo do § 1º do seu art. 156 com o § 1º do seu art. 145, que a EC 29/2000 veio tão-só aclarar o real significado do que disposto anteriormente sobre a graduação dos tributos, não tendo abolido nenhum direito ou garantia individual, visto que a redação original da CF já versava a progressividade dos impostos e a consideração da capacidade econômica do contribuinte. O relator reafirmou sua convicção, exposta em julgamentos anteriores ao advento da EC 29/2000, de que o § 1º do art. 145 possui cunho social da maior valia, tendo como objetivo único, sem limitação do alcance do que nele está contido, o estabelecimento de uma gradação que promova justiça tributária, onerando os que tenham maior capacidade para pagamento do imposto. Asseverou, no ponto, que a capacidade econômica do contribuinte há de ser aferida sob os mais diversos ângulos, inclusive o valor, em si, do imóvel. (...). RE 423768/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 28.6.2006. (RE-423768)
O STF, mais uma vez está enfrentando a questão e se posicionando no mesmo sentido do julgado acima:
ITCD e Alíquotas Progressivas
O Tribunal iniciou julgamento de recurso extraordinário interposto pelo Estado do Rio Grande do Sul em que se discute a constitucionalidade do art. 18 da Lei 8.821/89, daquele Estado-membro, que prevê sistema progressivo de alíquotas para o imposto sobre a transmissão causa mortis e doação - ITCD. O Min. Ricardo Lewandowski, relator, desproveu o recurso por entender que, apesar de consubstanciar instrumento para a obtenção de efeitos extrafiscais, a progressividade, no caso de impostos reais, em nosso ordenamento legal, só pode ser adotada se houver expressa previsão constitucional, e desde que não se baseie, direta ou exclusivamente, na capacidade econômica do contribuinte. Asseverou, em suma, que a vedação da progressividade dos impostos de natureza real, constante do art. 145, § 1º, da CF, ao lado dos princípios da legalidade, da irretroatividade, da anterioridade, da isonomia e da proibição do confisco, configura garantia constitucional e direito individual do contribuinte, que não podem ser afastados por lei ordinária estadual. Após, pediu vista dos autos o Min. Eros Grau.
RE 562045/RS, rel.Min. Ricardo Lewandowski, 12.6.2008. (RE-562045)
- Imposto sobre Propriedade Territorial Rural: norteado por 2 critérios:
Proporcionalidade: É a técnica de incidência de alíquotas em que se procura variá-las numa razão proporcional à base de cálculo. Dá-se nos impostos regressivos, uma vez que não comportam diferenciação de alíquotas
Progressividade: à medida que aumenta o acréscimo patrimonial, deve aumentar a tributação.
São proporcionais e progressivos, segundo o grau de utilização da área rural (caráter extra-fiscal). A fixação da alíquota é feita com base nos critérios do art. 11 da 9.393/96 como é visto na tabela abaixo. Trata-se de uma “progressividade regressiva”, pois se aumenta a função social (grau de exploração da área), diminui-se a alíquota.
	Área (ha) 
	Grau de exploração/utilização
	Alíquota
	Até 50 ha.
	80%
	0,03%
	
	Até 30%
	1%
	Acima de 5000 ha.
	80% 
	0,45%
	
	Até 30%
	20%
Ex:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
VI - propriedade territorial rural;
§ 4º O imposto previsto no inciso VI do caput: 
I - será progressivo e terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas; 
II - não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não possua outro imóvel; 
III - será fiscalizado e cobrado pelos Municípios que assim optarem, na forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de renúncia fiscal. 
- Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores: presente na EC 42/2003. Alíquota é progressiva de acordo com o tipo e utilização do veículo, conforme se depreende do art. 155, §6º, CR/88:
§ 6º O imposto previsto no inciso III: 
 I - terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado Federal; 
 II - poderá ter alíquotas diferenciadas em função do tipo e utilização. 
OBS.: a presença de alíquotas diferentes para diferentes serviços no ISS importa em progressividade?
Não, pois o ISS é imposto seletivo e os serviços são tributados de acordo com sua essencialidade. Ressalta-se que não existe progressividade prevista na CR para este imposto.
b) Subprincípio da proibição de isenções heterônomas: a União só pode isentar tributos de sua competência.
Art. 151. É vedado à União: 
III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios
- Lei do ICMS ou ISS que os criam, se tiverem isenções, essas serão heterônomas, já que é a União que cria os tributos? Duas correntes:
Sim, serão isenções heterônomas e a União não pode criá-las;
Não (majoritária). Não é caso de isenção heterônoma, pois se trata de lei nacional (e não lei federal), aplicável a todos os entes, por buscarem dar um tratamento geral aos tributos.
Art. 155, §2º: XII - cabe à lei complementar:
e) excluir da incidência do imposto, nas exportações para o exterior, serviços e outros produtos além dos mencionados no inciso X, "a"; 
Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:
§ 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
- Isenções trazidas em tratados são casos de isenções heterônomas? Não, pois tais tratados são leis nacionais, figurando a União como ente de direito público externo (República Federativa do Brasil).
TÍTULO: Tratado Internacional e Isenção Tributária - 2
PROCESSO: RE - 229096
O Tribunal deu provimento a recurso extraordinário interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul que entendera não recepcionada pela CF/88 a isenção de ICMS relativa a mercadoria importada de país signatário do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio - GATT, quando isento o similar nacional. Discutia-se, na espécie, a constitucionalidade de tratado internacional que institui isenção de tributos de competência dos Estados-membros da Federação — v. Informativo 137. Entendeu-se que a norma inscrita no art. 151, III, da CF (“Art. 151. É vedado à União: ... III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do DistritoFederal ou dos Municípios.”), limita-se a impedir que a União institua, no âmbito de sua competência interna federal, isenções de tributos estaduais, distritais ou municipais, não se aplicando, portanto, às hipóteses em que a União atua como sujeito de direito na ordem internacional. RE 229096/RS, rel. orig. Min. Ilmar Galvão, rel. p/ o acórdão Min. Cármen Lúcia, 16.8.2007. (RE-229096) 
4. Princípio da Proibição de Confisco ou Princípio da Razoabilidade da Tributação ou Princípio da não Confiscatoriedade ou da não Confiscabilidade:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;
Refere-se, pois, aos tributos federais, estaduais e municipais.
É PROIBIDO TRIBUTO CONFISCATÓRIO NO BRASIL
Frisa-se que o princípio em análise abrange todos os tributos (taxas, impostos, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório e contribuição previdenciária). Entendeu o STF na ADI 2010 que tal princípio também é aplicável a multas.
- Mas o que é o confisco no Brasil?
Confisco pode ter a acepção de tributação excessiva (escorchante) ou irrazoável. Nessa medida, o poder de tributar não pode se traduzir no “poder de destruir” (aniquilar).
Frise-se, entretanto, que não existem limites pré-determinados de confisco no Brasil. A aferição da razoabilidade na tributação deverá ser feita pelo magistrado no caso concreto (casuisticamente).
A propósito, cabe mencionar que uma alíquota de 300%, por ex, pode representar ou não o confisco. Não perca de vista que há alíquotas com índices expressivos no IPI, um imposto obrigatoriamente seletivo, no intuito de desestimular o consumo de produtos supérfluos (ex: cigarros,...).
EXCEÇÃO: O princípio em estudo NÃO se aplica aos tributos extra-fiscais (I.I., I.E., IPI, IOF) que, conforme a emergência poderá conter alíquotas exageradamente gravosas em abono ao privilégio de regulação da economia. A jurisprudência, portanto, admite alíquotas confiscatórias nesses tipos de impostos.
Ademais, é necessário mencionar que, verbi gratia, um auto de infração (multas) lançado com valores tributários expressivos podem, igualmente, traduzir-se ou não em confisco, dependendo do sujeito passivo (ex: empresa comparada a pessoa física, o valor de R$ 100.000,00 pode ter conseqüências distintas).
O “confisco” pode ser, outrossim, uma tributação anômala – aquela que, não obstante razoável, venha se apresentar dissonante dos comandos normativos da CR e do CTN.
Ex: caso tenhamos uma taxa instituída com base no cálculo de imposto – vedação inserta nos artigos 145 §2° CR e art. 77 § único do CTN – poder-se-ia argüir a lesão ao princípio do não confisco, mesmo que subsidiariamente.
Art. 145 § 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.
Observações Gerais:
É possível a extensão do princípio da proibição de confisco – postulado afeto a tributos – a multas escorchantes?
Para o STF, é possível a aplicação do princípio em análise a medida que uma multa excessiva poderia afastar a proteção ao direito de propriedade (art. 5° XII CR), além de demonstrar, no caso concreto, uma falta de correlação diante do tributo ora cobrado.
A “correlação” a que se fez menção no parágrafo supracitado indica que a multa deve cumprir a sua função ou seu elemento teleológico norteador – punir o sujeito passivo em razão do descumprimento de obrigação tributária. É possível afirmar, pois, que uma multa aniquiladora, ao violar os princípios da razoabilidade, moralidade, ética, entre outros (“jurisprudência dos valores ou princípios”), apresentar-se-ia confiscatória, não podendo subsistir (STF);
Não há que se confundir possibilidade de aplicação de pena de perdimento com tributo confiscatório. O tributo não é sanção de ato ilícito, diferentemente de tal pena (caráter punitivo);
Princípio do não confisco X taxas: a verificação de caráter confiscatório da taxa é feita comparando-se o custo da atividade estatal (prestado ou posto à disposição) com o valor cobrado a título de taxa (STF – ADI 2551).
5. Princípio da Uniformidade Geográfica:
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
Compete a União instituir o tributo uniforme no Brasil, devendo prever o tributo federal com alíquotas homogêneas em todos os estados da federação. Assim, o princípio em tela vem corroborar o postulado do “federalismo de equilíbrio” (Princípio Federativo – art. 60 §4° I da CR).
Como se notou, o postulado refere-se tão-só a tributos federais, isto é, compete a União e não as demais entidades impositoras.
DICA: impostos federais: (art. 153 e 154 CR)
II, IE, IPI, IOF, IEG
ITR, 
IGFortunas
 e impostos residual da União.
Nessa medida, o tributo federal, ao conter a identidade de alíquota em toda base territorial do país, prima pela isonomia na tributação a luz do princípio federativo.
A explicação está no fato de que os entes federados não são hierarquizados, mas parificados, em um sistema de equilíbrio federativo. Portanto, caso tenhamos a majoração do IPI, nos dias atuais, o aumento deverá abranger todo o Brasil. Salienta-se, ad argumentadum, que este IPI deverá ser exigido 90 dias após o aumento (art. 150 III ‘c’ c/c art. 150 §1° da CR).
Tal postulado, todavia, comporta uma ressalva ou exceção:
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
Ex: determinado tributo possui alíquota menor para certa região, como é o caso da Zona Franca de Manaus, por essa se tratar de uma área de livre comércio criada no intuito de estimular o povoamento, a migração e o desenvolvimento. A EC 42 estendeu tal benefício até 2023.
OBS.: O STF entende que a concessão de isenção se funda em juízo de conveniência e oportunidade de que gozam as autoridades públicas na implementação de suas políticas fiscais e econômicas. Portanto não cabe ao judiciário, que não pode se substituir ao legislador, estender isenção a contribuintes não contemplados pela lei, a título de isonomia (RE 344331).
6. Princípio da Irretroatividade Tributária:
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;
 
LEI
 
 
 FATO GERADOR
 (anterior
)
 (posterior)
Conforme ilustração acima, a lei deve abranger fatos geradores posteriores a sua edição, uma vez que sua eficácia é prospectiva. Não deve, assim, voltar-se para situações pretéritas sob pena de se verificar uma retroatividade, cujo postulado pretende evitar. Assim, preconiza-se o “não retorno” eficacial, mas a projeção da lei às situações subsecutivas. Aplicar-se-á, portanto, a lei do momentodo fato gerador, e não aquela nascida posteriormente, sob pena de chancelar uma retroatividade.
CESPE (V) – O princípio da irretroatividade da lei tributária não é incompatível com a existência de leis tributárias que produzam efeitos jurídicos sobre atos pretéritos.
ESAF (V) A CF não prevê qualquer exceção ao princípio da irretroatividade da lei tributária. A CF não traz caso exceção à irretroatividade tributária. Existe previsão no CTN de retroação da legislação tributária (conceito mais abrangente do que o de ‘lei’). A rigor, nem mesmo a lei interpretativa seria caso de retroação, mas sim aclaramento da exegese.
 
Contudo, são possíveis duas exceções à irretroatividade previstas no CTN: 
a) Art. 106: Tal atenuação não se refere a tributos ou alíquotas, mas à MULTA. Tal possibilidade não tem respaldo constitucional, estando prevista no art. 106 II ‘c’ CTN, representando, portanto, uma retroação no direito tributário. Frise-se que não se trata de exceção concernente a tributos, mas a multas, isto é, sanção distinta de tributo. Com efeito, exsurge o princípio da benignidade ou retroação benéfica da multa. 
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:
I - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
a) quando deixe de defini-lo como infração;
b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Estudo do art. 106:
Inciso I: leis expressamente interpretativas retroagem. Elas positivam como uma lei anterior deve ser interpretada. 
Ex. Lei 118/05, em que o art. 3º determinou como o art. 168 do CTN deve ser interpretado; contudo, o STJ declarou não ser essa lei expressamente interpretativa, por criar direito novo;
Inciso II, alíneas “a” e “b”: a extinção da infração extingue a multa, se não tiver sido paga. 
Ex. em 2004 um indivíduo não apresenta declaração de isento, sendo cobrada uma multa por conta disso. Em 2005, a declaração passa a ser facultativa, não mais existindo a infração (a multa não pode mais ser cobrada);
Inciso II, alínea “c”: aplica-se a fato pretérito lei nova que diminua o valor da multa. Contudo, se a multa tiver sido paga, não retroage a modificação (não cabendo repetição do indébito neste caso). Ex:
 FG em 2000		 Lei nova em 2001 Cobrança do FG de 2000
Não paga Tributo.
Lei de 1999:
- ICMS 
 18%
- Multa 
 20%
Lei Nova:
- ICMS 
 17%
- Multa 
 15%
Quais alíquotas do auto de infração
????
- ICMS 
 18%
- Multa 
 15%
Valor do Tributo 
 ano do FG
Valor da Multa 
 mais benéfica
b) Art. 144, §1º, CTN: a LC 105/2001 autorizou a quebra do sigilo bancário pela autoridade administrativa, se requisitado ao poder judiciário. Trata-se de uma prerrogativa para fiscalizar o pagamento dos tributos. O problema aqui é saber se tal autorização pode ser aplicada a movimentações financeiras anteriores à lei 105/2001. É possível, com base no mesmo artigo do CTN, pois não fere o princípio da irretroatividade se a lei amplia o poder investigatório das autoridades:
Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
(V) PGE – Ceará – CESPE 2008: Segundo o STF, não viola o sigilo do domicílio o ingresso, sem autorização judicial, em estabelecimento de pessoa jurídica, para a apreensão, em operação do Fisco, de documentos que possam demonstrar eventual sonegação de tributos por parte dessa sociedade
7. Princípio da não discriminação baseada na procedência ou destino
Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Aplicável apenas aos Estados, DF e Municípios. Importante instrumento de proteção ao pacto federativo, pois proíbe que os entes locais se discriminem entre si. Ex. não é lícito a um Estado criar adicionais, redutores ou quaisquer outras diferenças de tratamento tomando por base a procedência ou o destino da mercadoria.
Frise-se que a União e somente ela está autorizada a estipular tratamento tributário diferenciado entre Estado da federação, tendo por meta diminuir as desigualdades sócio-econômicas.
8. Exigência de Lei específica para concessão de benefício fiscais 
Art. 150 § 6.º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, § 2.º, XII, g.
Não é possível a concessão de benefícios fiscais por intermédio de qualquer ato infra legal, sem que haja a previsão em lei regularmente editada pelo parlamento. Frise-se que, apesar da matéria referir-se a uma limitação constitucional ao poder de tributar, a norma isentiva será efetuada por lei ordinária, salvo nos casos em que o tributo exigir LC.
OBS.: é necessário a lei tratar especificamente da concessão do benefício? 
Segundo o STF não (ADI 1379) “o mencionado dispositivo constitucional não impede que uma lei contemple, por exemplo, um programa de financiamento agropecuário ou de incremento à construção de casas populares contemple a atividade com determinado incentivo fiscal O benefício fiscal, neste caso, acha-se inter-relacionado com o objetivo da lei, encontrando-se, portanto, atendido o requisito da especificidade”.
Já decidiu o STF acerca da impossibilidade do judiciário, invocando o princípio da isonomia substituir o juízo discricionário do legislador e estender a outras pessoas benefícios fiscais que a lei só destinou expressamente a determinada categoria (AI 142348).
9. Princípio da Uniformidade da utilização da renda:
Art. 151. É vedado à União:
II - tributar a renda das obrigações da dívida pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus agentes;
A restrição, aplicável exclusivamente ao imposto sobre a renda, visa a evitar que a União utilize o tributo como meio de concorrer deslealmente no “mercado” de títulos da dívida pública e na seleção de servidores públicos.
Isto ocorre, pois quando um particular adquire um título já sabe de antemão a taxa de juros que remunera tal título, não indo além desse valor.
A segunda vedação impede que a União tribute os rendimentos dos servidores públicos estaduais e municipais de maneira mais gravosa do que aquela estipulada para os servidores públicos federais.
10. Princípio da Não cumulatividade:
Trata-se de um principio geral aplicado a diversos tributos. Busca desonerar a carga tributária, proveniente do consumo. Alguns impostos trazem estes princípios de forma expressa:
IPI e ICMS previstos na CF 
Impostos residuais e Contribuições previdenciárias da União previstos na LC.
Contribuições da seguridade (art. 195 da CF) previsto em LO (PIS na lei 10.637/02)
IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS
1. Noções Preliminares e Conceito:
Tratam-se de limitações

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