Buscar

2 Impostos em espécie

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 60 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

60
IMPOSTOS FEDERAIS
A União possui competência para instituir sete impostos federais, previstos no artigo 153 da CF:
Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários;
VI - propriedade territorial rural; 
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
De tais competências, apenas o IGF não foi exercida. Destaca-se ainda que a União possui as competências residual e extraordinária, na forma dos incisos I e II do artigo 154 da CF.
1. Impostos sobre a Importação – I.I.
Trata-se de tributo com função meramente extrafiscal, já que não possui como objetivo primordial a arrecadação de impostos, mas sim servir como mecanismo de controle sobre as importações, podendo ser utilizado como instrumento de proteção de determinados setores da indústria nacional que estejam sofrendo dificuldades em razão de produtos estrangeiros.
Tal tributo é exceção ao princípio da legalidade, anterioridade anual e nonagesimal, ou seja, pode ter sua alíquota majorada por Medida Provisória ou mesmo por decreto do presidente, a qual terá vigência imediata:
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do comércio exterior.
a) Fato gerador: é definido no artigo 19 do CTN:
Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território nacional.
O regulamento aduaneiro afirma ser o fato gerador do I.I. a entrada da mercadoria estrangeira no território aduaneiro, que compreende todo o território nacional. Assim, importar, para o direito tributário, não é comprar mercadoria, mas sim fazê-la entrar no território nacional, independentemente a que título for.
Por exemplo, toda vez que o círculo da Fórmula1 adentra o território brasileiro, ocorre o fato gerador do I.I., pois há a entrada de várias mercadorias estrangeiras no território nacional ou aduaneiro. Todavia, em razão de dispensa de pagamento do tributo, nos casos em que a mercadoria retorne ao exterior no prazo fixado, não há a cobrança. No entanto, presentes recebidos do exterior são passíveis de cobrança do I.I., pois entrarão de forma definitiva no território aduaneiro. 
Saliente-se que não é relevante a data da compra da mercadoria (pois este não é o fato gerador), mas sim a data em que se adentra o território aduaneiro. Assim, se eu compro uma mercadoria da Europa em maio de 2008, quando era cobrada uma alíquota e, enquanto esta mercadoria está sendo transportada de navio, ocorrer aumento da alíquota, vou me submeter à alíquota majorada, pois ainda não havia realizado o fato gerador do I.I. no momento da compra, não havendo o que se falar em infração ao princípio da anterioridade.
O regulamento aduaneiro ainda prevê que, para efeito do cálculo do imposto, será considerado fato gerador a data do registro da declaração de importação de mercadoria submetida a despacho para consumo. A doutrina diferencia, então, fato gerador material ou especial (entrada no território aduaneiro) e entrada temporal (registro da declaração), todavia, tal fato não socorre o importador no caso acima, pois esta última ocorre normalmente depois da entrada da mercadoria no território nacional.
REsp 362910 / PR - RECURSO ESPECIAL 2001/0129594-6 – 13.05.2002.
1. Não obstante o fato gerador do imposto de importação se dê com a entrada da mercadoria estrangeira em território nacional, torna-se necessária a fixação de um critério temporal a que se atribua a exatidão e certeza para se completar o inteiro desenho do fato gerador. Assim, embora o fato gerador do tributo se dê com a entrada da mercadoria em território nacional, ele apenas se aperfeiçoa com o registro da Declaração de Importação no caso de regime comum e, nos termos precisos do parágrafo único, do artigo 1º, do Decreto-Lei nº 37/66, "com a entrada no território nacional a mercadoria que contar como tendo sido importada e cuja a falta seja apurada pela autoridade aduaneira".
IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. FATO GERADOR. 
A Turma negou provimento ao recurso da companhia importadora, observando que a jurisprudência deste Superior Tribunal e da Suprema Corte considera que o fato gerador do imposto de importação consuma-se na data do registro da declaração de importação na repartição aduaneira (art. 19 do CTN, art. 23 do Dec. n. 37/1966 e Dec. n. 4.543/2002), sendo irrelevante a data da celebração do contrato de compra e venda ou a do embarque ou a do ingresso no país da mercadoria importada. No caso, o juízo singular consignou que, na data do mandado de segurança (impetrado contra a autoridade inspetora da alfândega portuária com objetivo de submeter a importação das mercadorias à legislação anterior, à época da negociação das mercadorias), não havia o registro da declaração de importação. Dessa forma, não há dúvida de que incide a Portaria n. 50 que, a partir de 26/1/1994, majorou a alíquota do imposto de importação de 20% para 34%, apesar de as mercadorias em comento terem entrado no país em 27/1/1994 (um dia após a data da citada portaria). Precedentes citados do STF: RE 225.602-CE, DJ 6/4/2001; ADI 1.293-DF, DJ 16/6/1995; do STJ: REsp 313.117-PE, DJ 17/11/2003; REsp 250.379-PE, DJ 9/9/2002; EDcl no AgRg no REsp 170.163-SP, DJ 5/8/2002, e REsp 213.909-PR, DJ 11/10/1999. REsp 1.016.132-SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 26/5/2009.
b) Base de cálculo: está previsto no artigo 20 do CTN:
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a leilão, o preço da arrematação.
Alíquota ad valorem é aquela que incide sobre o valor, ou seja, é aquele percentual que será multiplicado por grandeza em moeda corrente para obtenção do montante a ser pago. Em suma, um percentual aplicado sobre o valor do bem, da renda etc. Veja que neste inciso (II) que não é o valor declarado pelo contribuinte na alfândega, mas o valor do produto, que é calculado segundo as normas do artigo 7º do Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.
Já a alíquota específica é aquela definida por uma quantia determinada de dinheiro por unidade de quantificação dos bens importados (reais por metro, tonelada, litro etc.).
c) contribuintes: artigo 22 do CTN:
Art. 22. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
O regulamento aduaneiro, por sua vez, prevê como contribuinte do imposto:
Art. 31. É contribuinte do imposto:
I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova a entrada de mercadoria estrangeira no território nacional;
II - o destinatário de remessa postal internacional indicado respectivo remetente;
III - o adquirente de mercadoria entrepostada.
d) lançamento: em regra, o I.I. é lançado por homologação, posto que de competência do importador o cálculo do montante do imposto devido e o seu recolhimento antecipado.
Caberá, a posteriori, um auditor-fiscal da receita federal do Brasil homologar o procedimento do contribuinte, praticando o que se chama de “desembaraço aduaneiro” da mercadoria importada.
Nos casos de importação de bens enquadrados no conceito de bagagem acompanhada, mas ultrapasse o limite de isenção, o lançamento do imposto será por declaração, formulada através da DBA – Declaração de BagagemAcompanhada.
Registre-se que o tributo por ser lançado de ofício, quando o contribuinte não antecipou o valor correto do tributo.
e) Regimes aduaneiros especiais e regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais: as regras acima explicitadas dizem respeito ao regime aduaneiro comum, que é aquele em que as mercadorias são submetidas a importação em caráter definitivo e consumo no território nacional.
Em algumas hipóteses, em que a mercadoria não ingressa definitivamente no território aduaneiro, tem-se regimes diferenciados. Assim, o prazo de suspensão do tributo, em regra, é de um ano, podendo ser prorrogado por período superior a cinco anos, observada portaria editada pelo Ministério da Fazenda.
Quando o regime especial for aplicado, e a mercadoria estiver vinculada a contato de prestação de serviço por prazo certo, de relevante interesse nacional, o prazo será o previsto no contrato, prorrogável na medida deste. No caso de produtos admitidos por força de tratados internacionais, o prazo será o nele definido.
2. Imposto de Exportação – I.E.
Também é tributo com finalidade extrafiscal, servindo como controle do comércio exterior. É, pois, exceção aos princípios da legalidade, anterioridade anual e nonagesimal.
A CF fala em “exportação para o exterior”, pois, à época em que o sistema tributário era deveras irracional, havia quem entendia que se cobrava o imposto, quando o produto era produzido por um estado membro e vendido a outro estado membro, o que se chamava de importação interna. A redundância veio para não pairar dúvidas.
Como exemplo da extrafiscalidade, a possibilidade do poder executivo majorar o referido tributo em 150%:
IMPOSTO. EXPORTAÇÃO. ARMAS. MUNIÇÕES. MAJORAÇÃO. ALÍQUOTA. 
O Poder Executivo motivou a majoração da alíquota do imposto sobre a exportação de armas e munições destinadas a países das Américas do Sul e Central, inclusive Caribe. O Tribunal de origem analisou essa motivação e julgou que ela não atende aos objetivos da política cambial e do comércio exterior. Entendeu o Min. Relator que, na hipótese, como consignado pelo próprio TRF, a majoração da alíquota foi motivada de maneira adequada. O Poder Executivo indicou que a pesada tributação das exportações dos armamentos (150%) visa a combater o contrabando consistente no retorno ao Brasil de armamento aqui mesmo fabricado. Trata-se de sólida argumentação, não apenas atinente à política de comércio exterior, como também à segurança pública. Ademais, não há teratologia que evidencie nulidade do ato, o que impede, como dito, a intervenção do Judiciário no mérito da decisão. Diante disso, a Turma deu provimento ao recurso e reconheceu a validade da majoração de alíquota do imposto de exportação promovida pelo Executivo nos estritos termos e limites previstos pela Lei n. 9.716/1998. REsp 614.890-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/4/2009.
Ressalta-se que a previsão de que o poder executivo majore a alíquota do IE não significa que o ato seja privativo do presidente da república:
Imposto de Exportação: Alteração de Alíquota e Competência A competência estabelecida no art. 153, § 1º, da CF (“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: ... § 1º - É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos enumerados nos incisos I, II, IV e V.”) não é exclusiva do Presidente da República, haja vista ter sido deferida, genericamente, ao Executivo, o que permite que seja exercida por órgão que integre a estrutura deste Poder. [...]. Asseverou-se que o art. 153, § 1º, da CF, ao atribuir, de forma genérica, ao Poder Executivo a faculdade de alterar as alíquotas de determinados impostos, atendidos os limites legais, teria aberto a possibilidade da criação de um órgão governamental para se desincumbir dessa atribuição e que, no caso, esse órgão seria a CAMEX, criada pela Medida Provisória 2.123-28/2001.
a) Fato gerador: o fato gerador, segundo o artigo 23 do CTN é a saída da mercadoria do território nacional
Igualmente ao ocorrido com o I.I., a legislação optou por considerar outro fato gerador, para efeito de cálculo, qual seja a data do registro da exportação no Sistema Integrado de Comércio exterior – SISCOMEX.
Vale também o raciocínio de que não importa quando o negócio é fechado, pois o cálculo do tributo será efetuado na data do registro das exportações, ainda que na data da efetiva saída da mercadoria tenha havido alguma alteração relevante na legislação. Este é o entendimento do STF.
b) base de cálculo: é prevista no artigo 24 do CTN:
Art. 24. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado internacional o custo do financiamento.
Todavia, dispõe o Decreto-lei 1578/77:
Art. 2o  A base de cálculo do imposto é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pelo Poder Executivo, mediante ato da CAMEX - Câmara de Comércio Exterior.
§ 2o  Quando o preço do produto for de difícil apuração ou for susceptível de oscilações bruscas no mercado internacional, o Poder Executivo, mediante ato da CAMEX, fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor mínimo, para apuração de base de cálculo. 
§ 3o  Para efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou produção, acrescido dos impostos e das contribuições incidentes e de margem de lucro de quinze por cento sobre a soma dos custos, mais impostos e contribuições
c) contribuinte:
Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele equiparar.
O Regulamento dispõe que: “é contribuinte do imposto o exportador, assim considerada qualquer pessoa que promova a saída de mercadoria do território brasileiro”.
d) lançamento: em regra, o lançamento é feito por homologação. Posteriormente, caberá ao auditor da Receita Federal do Brasil verificar a exatidão dos dados declarados pelo exportador. O ato de desembaraço corresponde à homologação expressa do procedimento do contribuinte. Ressaltamos que percebida ausência de pagamento, os valores serão lançados de ofício.
e) regimes especiais: São três regimes especiais:
Exportação temporária: permite a saída do País de mercadoria nacional ou importada com suspensão do pagamento do I.E., condicionada a re-importação em prazo determinado, no mesmo estado em que foi exportada;
Exportação temporária para aperfeiçoamento passivo: permite a saída de mercadoria nacional ou nacionalizada, para ser submetida a transformação, elaboração, beneficiamento ou montagem, no exterior, e a posterior re-importação, sob a forma de produto resultante, com pagamento dos tributos sobre o valor agregado;
Entreposto aduaneiro de exportação: permite a armazenagem de mercadoria destinada a exportação.
3. Imposto de Renda – I.R.
Cuida-se de imposto essencialmente fiscal, constituindo-se o maior arrecadador de impostos federais. Possui o efeito de redistribuição de renda, pois aquele que recebe mais paga mais. De acordo com a CF, o IR incide sobre a renda e sobre proventos de qualquer natureza.
Renda significa produto de capital (aplicação financeira), de trabalho ou ambos (pro labore, recebido pelo sócio, p. ex.). Provento é tudo aquilo que não for renda, mas considerado acréscimo patrimonial.
a) princípios constitucionais: o inciso I, §2º do artigo 153, CF falada aplicação dos critérios da generalidade, universalidade e da progressividade, na forma da lei. Tal determinação decorre do princípio da isonomia e capacidade contributiva, pois é necessário tratar as pessoas que se encontram em situação equivalente, de forma a impor que todas as pessoas (universalidade) e todas as rendas e proventos (generalidade) estejam sujeitos ao IR. Da mesma forma, é a necessidade de se tratar as pessoas que se encontrem de maneira desigual de forma desigual, impondo que as alíquotas sejam maiores para os rendimentos ou proventos mais elevados (progressividade).
Ressalta-se que não existe uniformidade na diferença entre universalidade e generalidade, pois, para alguns autores a generalidade se refere à tributação de todos os rendimentos e proventos e a universalidade impõe a tributação de todas as pessoas, ao passo que para outros, é exatamente o oposto.
Por fim, o IR é exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal.
b) fato gerador: Consta do artigo 43 do CTN:
Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica:
I - de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos;
II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.
§ 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção.
§ 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. 
Disponibilidade jurídica significa possibilidade de se utilizar a renda ou os proventos, como ocorrem com os vencimentos, honorários e lucros de investimentos financeiros. Disponibilidade econômica decorre de fato irrelevante ao direito, como ganhos obtidos com jogos ou atividades ilícitas, mas que resultam em acréscimo patrimonial.
INCIDÊNCIA. IR. HORAS EXTRAS. 
A Seção reiterou seu entendimento de que incide imposto de renda nas verbas pagas pela Petrobrás a título de “indenização por horas trabalhadas” por força de convenção coletiva de trabalho, pois corresponde ao pagamento de horas extras, constituindo, assim, um acréscimo patrimonial. Precedente citado: EREsp 695.499-RJ, DJ 24/9/2007. EREsp 670.514-RN, Rel. Min. José Delgado, julgados em 28/5/2008.
IR. TÉCNICO. FUTEBOL. CONTRATO. EXTERIOR. 
A Turma, prosseguindo o julgamento, por maioria, entendeu incabível a bitributação de renda por serviço prestado por técnico de futebol contratado no exterior (Japão), mormente por já ter sido tributado lá na fonte, país com o qual o Brasil estabeleceu acordo bilateral (art. 8º da Lei n. 7.713/1988). REsp 882.785-RS, Rel. originário Min. Castro Meira, Rel. para acórdão Min. Herman Benjamin, julgado em 27/5/2008.
IMPOSTO DE RENDA. INCORPORAÇÃO. BENS. SÓCIOS.
Incide imposto de renda sobre o negócio jurídico que resulta na incorporação de bens de sócios para aumentar o capital da pessoa jurídica. Precedentes citados: REsp 41.314-RS, DJ 13/5/2002; REsp 260.499-RS, DJ 13/12/2004, e REsp 142.853-SC, DJ 17/11/1997. REsp 1.027.799-CE, Rel. Min. José Delgado, julgado em 3/6/2008.
IR. LUCRO IMOBILIÁRIO. HERANÇA. 
A Turma reiterou o entendimento de não-incidência do imposto de renda sobre venda de imóvel havido por herança, mormente se fundamentado na Portaria n. 80/1979- MF, ademais declarada ilegal por esta Corte, pois não poderia fixar tal cálculo de imposto por ser matéria submetida à reserva legal. Precedentes citados: EREsp 23.999-RJ, DJ 19/12/1997, e REsp 57.415-RJ, DJ 10/4/1995. REsp 1.042.739-RJ, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 26/8/2008.
IR. AUXÍLIO-CONDUÇÃO. OFICIAL DE JUSTIÇA.
Na espécie, a servidora pública estadual ocupante do cargo de oficial de justiça ajuizou ação contra a Fazenda com objetivo de não-incidência do imposto de renda (IR) sobre a verba indenizatória denominada auxílio-condução. Explica o Min. Relator que a incidência do IR tem como fato gerador o acréscimo patrimonial, daí ser necessário analisar a natureza jurídica da verba paga a fim de verificar se há efetivamente criação de riqueza nova: se indenizatória, via de regra não retrata hipótese de exação do IR, ou, se remuneratória, enseja tributação. É cediço que a incidência do IR sobre a renda e proventos de qualquer natureza encontra-se disposta no art. 43 do CTN. Entretanto, o auxílio-condução pago aos oficiais de justiça pela utilização de veículo próprio para o exercício de suas atribuições não constitui acréscimo patrimonial nos termos do citado artigo, uma vez que visa recompor o prejuízo sofrido pelo funcionário em razão do desgaste de seu veículo para a execução de suas funções, logo constitui apenas compensação de caráter indenizatório para recompor patrimônio material. Com esse entendimento, a Turma negou provimento ao recurso da Fazenda. Precedentes citados: REsp 731.883-RS, DJ 3/4/2006; REsp 852.572-RS, DJ 15/9/2006; REsp 840.634-RS, DJ 1º/9/2006, e REsp 851.677-RS, DJ 25/9/2006. REsp 995.572-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/9/2008.
ADVOGADOS. CEF. IR. HORAS EXTRAS.
A Turma reiterou que, não obstante a natureza jurídica da verba decorrente de horas extras, não se afasta a incidência de imposto de renda nos valores percebidos a esse título pelos advogados da CEF, em que pese o caráter indenizatório do quantum, condicionado à renúncia de diversos direitos firmada em acordo coletivo. Precedentes citados: EREsp 695.499-RJ, DJ 24/9/2007, e AgRg nos EREsp 650.610-CE, Dje 7/4/2008. REsp 1.073.153-RS, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 23/9/2008.
SÚMULA N. 386-STJ. 
São isentas de imposto de renda as indenizações de férias proporcionais e o respectivo adicional. Rel. Min. Eliana Calmon, em 26/8/2009.
c) base de cálculo: é o montante real, arbitrado ou presumido, da renda ou proventos tributáveis (art. 44. CTN). O contribuinte efetivamente calcula seu lucro, abatendo as despesas legalmente autorizadas (lucro real). 
O lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustadas pelas adições, exclusões ou compensações autorizadas pelo Decreto (RIR/99). No lucro presumido, o contribuinte aplica um percentual sobre o valor de sua receita bruta, obtendo o resultado que se presume seu lucro. Já o lucro arbitrado, é aplicado quando não é possível o cálculo preciso do lucro real e o contribuinte não cumpre os requisitos para tributação com base no lucro presumido.
Esta última situação se dá normalmente quando o contribuinte não cumpre a obrigação assessória de escrituração dos livros fiscais, todavia, não se trata de punição, mas sim uma maneira de se chegar ao valor razoável para servir de base de cálculo.
É possível, outrossim, o arbitramento por iniciativa do contribuinte, desde que conhecida a receita bruta e caracterizada uma das hipóteses de arbitramento, que consta no RIR/99.
No que concerne ao IRPF, em regra, é feita da seguinte forma:
Todos os rendimentos percebidos durante o ano-calendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis na fonte e os sujeitos à tributação definitiva;
As deduções legalmente previstas (despesas com saúde, educação, previdência social e privada, livro caixa, pensão alimentícia e valor padrão por dependente).
Embora o conceito de renda e provento ficar ao arbítrio da legislação, o STF entende que não se pode subverter a ordem natural da coisa, não se podendo definir na lei como renda ou provento, algo que não é. Assim, as verbas indenizatórias, por terem a função de recompor o patrimônio jurídico, não estão sujeitas a IR.
d) contribuintes: a definição se encontra no artigo 45 do CTN
Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos bens produtores derenda ou dos proventos tributáveis.
Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
e) lançamento: existe muita confusão em torno da modalidade de lançamento do IR, em razão da famosa declaração de IR, fato que fez com que alguns autores definissem que o lançamento seria por declaração.
Todavia, a referida declaração é somente uma obrigação assessória, que auxilia no cálculo, pelo próprio sujeito passivo, do tributo porventura devido. Havendo imposto a pagar, o próprio declarante antecipa o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, o que se caracteriza como lançamento por homologação.
CESPE 2006 (V) – O imposto de renda e proventos de qualquer natureza é tributo sujeito a lançamento por homologação, procedimento em que o contribuinte antecipa o pagamento do tributo, e a autoridade tributária, posteriormente, o homologa.
4. Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
O IPI sempre foi entendido como um imposto essencialmente extrafiscal. Assim como o II, IE e o IOF, o IPI não se submete ao princípio da anterioridade anual, no caso de majoração de sua alíquota.
Importante salientar que o IPI é o segundo imposto em que a União mais arrecada (atrás do IR), fazendo com que sua natureza fiscal sobressaísse, o que justificou a necessidade de se estender alguma garantia contra a majoração repentina. Tal que a EC 42/2003 não excetuou o IPI do princípio da anterioridade nonagesimal, sendo somente exceção ao princípio da anterioridade anual.
a) seletividade: o IPI é necessariamente seletivo, sendo as alíquotas fixadas de acordo com a essencialidade do produto. É o que dispõe o artigo 153, 3º, I, CF:
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV (IPI):
I - será seletivo, em função da essencialidade do produto;
Os gêneros essenciais são tributados com baixa ou nenhuma carga tributária, pois presume-se consumidos por todas as camadas da população, ao passo que os produtos supérfluos são tributados com uma carga maior, tendo em vista que se presume consumidos pela camada mais abastada da população.
b) não-cumulatividade: trata-se também de obrigatoriedade, permitindo-se a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores (art. 153, §3º, II, CF):
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV (IPI):
II - será não-cumulativo, compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores;
A não-cumulatividade serve para limitar a incidência tributária nas cadeias de produção e circulação mais extensas, “fazendo com que, a cada etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa. Assim, ao final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior alíquota, multiplicado pelo valor final da mercadoria” (Ricardo Alexandre, p. 511).
É por tal razão que em outros países se utilizam da técnica do IVA (imposto sobre o valor agregado), imposto único e nacional, que foi dividido no Brasil a fim de se realizar repartição tributária (IPI, ICMS e ISSQN). No IPI e no ICMS, é obrigatória a não-cumulatividade, pois também incide sobre bens.
O IPI é regulado no CTN no artigo 49:
Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dispondo a lei de forma que o montante devido resulte da diferença a maior, em determinado período, entre o imposto referente aos produtos saídos do estabelecimento e o pago relativamente aos produtos nele entrados.
Parágrafo único. O saldo verificado, em determinado período, em favor do contribuinte transfere-se para o período ou períodos seguintes.
A sistemática funciona com o sistema de créditos e débitos. Importante salientar que a terminologia explicada aqui neste texto não é a contábil, visto que bens e direitos em contabilidade são registrados como débitos e as obrigações como créditos, sentido exatamente contrário ao que é aqui adotado.
A cada aquisição tributada do insumo, o adquirente registra como crédito o valor do tributo incidente na operação (é o IPI a recuperar). Na alienação tributada do produto, o alienante registra como débito o valor do tributo incidente na operação. Tal valor é uma obrigação do contribuinte de recolher o valor devido ou compensá-lo com os créditos obtidos nas operações anteriores (IPI a recolher).
Periodicamente, comparam-se os créditos e os débitos, sendo que, caso os débitos sejam superiores ao crédito, o contribuinte deve recolher a diferença, ao passo que, sendo superiores os créditos, é possível fazer a compensação futura ou mesmo ser objeto de ressarcimento, cumpridos alguns requisitos.
Veja que, aparentemente, se não houver pagamento de IPI (isenção ou imunidade) na aquisição da mercadoria, não haveria o que se creditar para a operação futura, tendo em vista a inexistência de créditos para efeito de compensação.
O STF entendia, até o início de 2007, que era possível o creditamento do IPI, nos casos de não-incidência, alíquota zero e isenção. Todavia, em seção realizada no dia 15 de fevereiro de 2007, a Corte, por seis votos contra cinco, mudou seu entendimento e decidiu pela impossibilidade de compensação de créditos de IPI relativos a aquisição de matéria prima não tributada ou sujeita a alíquota zero.
Após a declaração do resultado do julgamento, o Ministro Ricardo Lewandowski submeteu questão de ordem ao Plenário sobre a possibilidade de "concessão de efeitos prospectivos a decisão proferida". Posteriormente, o Tribunal decidiu que a situação concreta não autorizaria a manipulação de efeitos da decisão, haja vista que a lei impeditiva do creditamento havia sido declarada constitucional, não sendo possível afirmar que uma norma é constitucional a partir de determinada data (a atribuição de efeitos prospectivos somente seria viável nas decisões que declaram a inconstitucionalidade de norma). Nas palavras da Corte "a fixação de um termo inicial de vigência do entendimento do Pleno resulta em mitigação da Constituição Federal e injustiça, porquanto os contribuintes que ingressaram em juízo obteriam o direito ao crédito retroativamente aos 5 anos anteriores ao ajuizamento da ação, enquanto que os que assim não procederam restariam prejudicados, considerada a incidência dos institutos da prescrição e da decadência" (STF, Tribunal Pleno, RE 370.682/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 25.06.2007, DJ 19.12.2007, p. 24; e RE 353.657).
Ao final, a Ementa dos julgados foi lavrada da seguinte forma:
"EMENTA: Recurso extraordinário. Tributário. 2. IPI. Crédito Presumido. Insumos sujeitos a alíquota zero ou não tributados. Inexistência. 3. Os princípios da não-cumulatividade e da seletividade não ensejam direito de crédito presumido de IPI para o contribuinte adquirente de insumos não tributados ou sujeitos a alíquota zero. 4. Recurso extraordinário provido."
Assim, havendo aquisição de insumo não tributado ou sujeito a alíquota zero, não existe direito a crédito. Não houve mudança do entendimento do Tribunal nos casos em que os insumos adquiridos sejam isentos, de forma a ser possível afirmar que, nessas hipóteses, há o direito a crédito (quanto a este ponto, o STF está reavaliado a matéria, conforme se pode verificar nos fundamentos da decisão da AC 1.886 QOBA - Rel. Celso de Mello, julgada em 04.12.2007). O motivo da diferenciação é que, se o legislador optou por desonerar a cadeia produtiva de determinado bem, concedendo isenção na aquisição dos respectivos insumos, seria um despautério transformar tal intento num mero diferimento do pagamento do tributo, o que inevitavelmente aconteceria caso não se reconhecesse a possibilidade de creditamento no caso de aquisição de matéria-prima isenta.
Não obstante, ficar atento, pois o STF acabou de se manifestar (em julgado ainda não findo), de que, assim como na entrada de produto imune ou com alíquota zero, não há o direito ao crédito:
IPI e Creditamento: Insumos Isentos, Não Tributados ou Sujeitos à Alíquota Zero - 1
O Tribunal iniciou julgamentode recurso extraordinário interposto contra acórdão do TRF da 4ª Região que negara a contribuinte do IPI o direito de creditar-se do valor do tributo incidente sobre insumos adquiridos sob regime de isenção, não tributados ou sujeitos à alíquota zero. Sustenta a recorrente ofensa ao princípio da não-cumulatividade (CF, art. 153, § 3º, II). Aduz, com base nesse princípio, ter jus ao creditamento do IPI, corrigido monetariamente, em virtude da aquisição de insumos e matérias-primas isentos, não tributados ou sujeitos à alíquota zero, bem como pela diferença da alíquota, quando a devida na operação de entrada dos insumos tributados for menor do que a alíquota da saída. Alega, ainda, a prescrição decenal. O Min. Marco Aurélio, relator, desproveu o recurso. Inicialmente, consignou que o STF, ao apreciar os recursos extraordinários 353657/PR (DJE de 6.3.2008) e 370682/SC (DJE de 19.12.2007), referentemente à aquisição de insumos não tributados ou sujeitos à alíquota zero, aprovara o entendimento de que o direito ao crédito pressupõe recolhimento anterior do tributo, cobrança implementada pelo Fisco. Enfatizou que tal raciocínio seria próprio tanto no caso de insumo sujeito à alíquota zero ou não tributado quanto no de insumo isento, tema não examinado nos precedentes citados. Contudo, julgou inexistir dado específico a conduzir ao tratamento diferenciado. No tocante à definição técnica-constitucional do princípio da não-cumulatividade, reportou-se às razões do voto que expendera no julgamento do aludido RE 353657/PR, no qual afirmara que o princípio da não-cumulatividade é observado compensando-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores, ante o que não se poderia cogitar de direito a crédito quando o insumo entra na indústria considerada a alíquota zero. RE 566819/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 5.8.2009. (RE-566819)
OBS: A Min. Carmem Lúcia pediu vista do processo!!
É de se ressaltar que o creditamento do IPI pela não cumulatividade somente ocorre por quem é contribuinte do IPI. Não o sendo, não há que se falar no creditamento do mesmo:
IPI. CONSTRUTORA. IMÓVEIS. 
A Turma reiterou que a empresa de construção civil está excluída do IPI (art. 5º do Dec. n. 4.544/2002) e, nesse caso, não se aplica o princípio da não-cumulatividade, até porque não é contribuinte dele. Daí, inviável o direito ao creditamento do IPI pleiteado pela construtora recorrente. Precedentes citados: REsp 941.847-RJ, DJ 26/11/2007, e AgRg no AgRg no REsp 868.434-SE, DJ 8/3/2007. REsp 948.497-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/5/2008.
Interessante discussão, acerca do creditamento do IPI foi trazida pelo informativo n. 522 do STF (RE 475551), o qual trata novamente da matéria relativa a não cumulatividade do IPI, produtos isentos ou tributados à alíquota zero, relativamente à lei 9.799/99. Sabe-se que, pela posição do STF descrita acima, não é possível o creditamento do IPI, no caso de entrada de mercadoria tributada com alíquota zero ou não tributada.
Todavia, situação diversa, é tratada no RE 475551, de relatoria do Min. César Peluso (aqui interpretado por André), é o caso em que se dá a saída de mercadoria tributada com alíquota zero ou não tributada, eis que, a sistemática da não cumulatividade do IPI prevê a ocorrência de um crédito quando da entrada do produto no estabelecimento empresarial e o seu débito, quando de sua saída, de maneira que “o nascimento do crédito na entrada não está sujeito à realização do fato gerador tributado na saída, isto a significar que o direito ao crédito pelos insumos entrados no estabelecimento industrial não se subordina nem vincula a saída tributada, tendo o contribuinte direito ao crédito por força da só aquisição de insumos tributados, não obstante precise, para dele fruir, da realização de operação integrante da classe típica de incidência do IPI, conquanto não necessariamente tributada pelo IPI”.
Vê-se que, diversamente do caso tratado nos RE 353.657 e RE 370.682/SC, aqui está se falando de não tributação ou tributação por alíquota zero no caso da saída do produto do estabelecimento, fato que, em regra (veremos que há uma exceção), não influi no nascimento do crédito do IPI quando da entrada do insumo no estabelecimento. Assim, tendo ocorrido o pagamento do IPI quando da entrada, nascem os créditos oriundos dessa operação ou operações, independentemente do tratamento normativo tributário reservado as vendas (saídas).
A única limitação admitida pelo STF para utilização do crédito de IPI nascido na entrada do insumo é, obviamente, a promoção da saída da produção, operação característica do regime de IPI, quando uma das situações abaixo pode ocorrer:
Empregará o crédito que acumulou para abater do imposto devido na saída;
Havendo desoneração na saída (não tributação ou tributação com alíquota zero), poderá compensá-lo com outros tributos, cedê-los a terceiros ou utilizados de outra maneira, consentânea ao princípio da não-cumulatividade.
Dessa forma, “em nenhuma hipótese, pode a empresa ser condenada a acumulá-los inútil e indefinidamente, ser compelida a abdicar os créditos, ou suportar-lhes anulação prática, já que nasceram de imposição constitucional”.
Todavia, há um caso de não tributação na saída da mercadoria em que não ocorrerá o creditamento do IPI, contrariando as premissas acima aduzidas. Há que se diferenciar, no entanto, três situações distintas da não tributação:
Produtos não tributados por ausência de competência tributária. São duas hipóteses:
Imunidade; ou
Ausência de competência por exclusão lógico-residual da norma atributiva. 
Produtos não tributados por não estarem incluídos na lei que fixa o âmbito de incidência, mas estarem incluídos no da competência (isenção);
Produtos não tributados por expressa disposição legal (dentro do âmbito de competência e dentro do âmbito de incidência) – isenção ou alíquota zero. 
Das hipóteses acima citadas, apenas na ausência de competência lógico-residual é que não haverá o creditamento do IPI. Isto se dá em virtude de o produto não se tratar de um produto industrializado, ou seja, é alheio ao ciclo econômico tomado como pressuposto de fato do imposto, tendo em vista que o fato desencadeante da regra da não-cumulatividade não é a competência em sentido estrito, mas sim a existência de um produto industrializado. É exatamente o que difere da imunidade que, embora haja a norma de incompetência por opção constitucional expressa, é induvidosa a ocorrência do pressuposto de fato (a operação com produto industrializado).
Assim sendo, é de se concluir que, existindo o pagamento do IPI quando da entrada do insumo no estabelecimento, nasce o direito ao creditamento do imposto, em razão da regra da não-cumulatividade, independentemente da natureza da regra tributário-normativa da saída da mercadoria, qual seja, a isenção, a não incidência, a alíquota zero e a não tributação, ressalvado, nesta última, o caso restrito em que não envolvam produtos industrializados (ausência de competência lógico-residual).
A conclusão a que chegou o Min. Peluso teve por fundamento o fato de que a geração e utilização de créditos derivam diretamente da Constituição Federal, através de norma de eficácia plena e incidência imediata, que não pode ser impedida por norma sub-constitucional. Assim, o Ministro chegou as seguintes conclusões:
(a) a natureza exclusivamente constitucional e ilimitada do princípio da não-cumulatividade do IPI; (b) a existência de efetiva incidência de tributo na aquisição de insumos (onerados); (c) a autonomia entre os momentos de geração do crédito e de seu aproveitamento; (d) a ocorrência de operação de saída inserta no âmbito daquelas típicas do IPI e reveladora do pressuposto de fato da competência (venda de produto industrializado); (e) a insignificância jurídico-constitucional, para fins de creditamento, da disciplina tributária da saída dos produtos industrializados (imunidade, não-tributação, isenção, alíquota zero, não-incidência); (f) a possibilidade deaproveitamento de créditos, na forma prevista em lei (compensação com outros tributos, ou meios diversos de fruição que venham a ser estabelecidos); e (g) a inviabilidade jurídica de, sob qualquer pretexto, anular ou estornar créditos, ou permitir-lhes acumulação indefinida, em razão da desoneração das saídas
Com relação à impossibilidade de creditamento por exclusão lógico-residual da norma atributiva, segue julgado do STJ:
REPETITIVO. IPI. BENS. ATIVO PERMANENTE. INSUMOS. 
A Seção desproveu o recurso quanto à impossibilidade de creditamento do IPI na aquisição de bens que integram o ativo permanente da empresa ou de insumos que não se incorporam ao produto final, ou sofrem desgaste durante o processo de industrialização, conforme o art. 164, I, do Dec. n. 4.544/2002. Com efeito, trata-se, no caso, de estabelecimento comercial que adquire produtos que não são consumidos no processo de industrialização, mas são componentes do maquinário que se desgastam indiretamente no processo de produção e cujo preço já integra a planilha de custos do produto final. Precedentes citados: AgRg no REsp 1.082.522-SP, DJe 4/2/2009; AgRg no REsp 1.063.630-RJ, DJe 29/9/2008; REsp 886.249-SC, DJ 15/10/2007; REsp 608.181-SC, DJ 8/6/2006, e REsp 497.187-SC, DJ 8/9/2003. REsp 1.075.508-SC, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/9/2009.
Por fim, segue artigo do Marcelo Alexandrino, acerca do creditamento, para melhor entender a matéria, posto que trás um escorço histórico:
15/05/2009 - Crédito de IPI na aquisição de insumos e saídas desoneradas 
*Prof. Marcelo Alexandrino
Hoje comentarei uma decisão do Supremo Tribunal Federal pertinente ao direito tributário. 
É bom vocês saberem que nossa Corte Suprema, ultimamente, não tem proferido lá muitas decisões em matéria tributária que tenham “cara de questão de concurso público” (todas as que eu acho mais interessantes, sem exceção, eu noticio e comento aqui na parte aberta do Ponto).
É esse fato, associado à avidez cada vez maior que as bancas demonstram por “novas jurisprudências”, que me leva a registrar o julgado que comentarei hoje. Em condições “normais”, eu consideraria pouco provável ele aparecer em questões de concursos, talvez só o CESPE – que é “fanático” por jurisprudência – explorasse o assunto, porque se trata de um tema muito técnico. Mas, dadas as circunstâncias atuais, acho prudente vocês conhecerem a decisão.
Pois bem, antes, preciso fazer uma explicação geral do assunto, porque, como eu disse, ele é muito técnico.
O imposto sobre produtos industrializados (IPI) está sujeito à denominada “não-cumulatividade” (às vezes referida como um princípio, o que é um certo exagero). A observância da não-cumulatividade para o IPI é obrigatória, por força de disposição constitucional (CF, art. 153, § 3º, II). Além disso, no caso do IPI, a Constituição explicita que a não-cumulatividade consiste em “compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”.
Pois bem, a legislação do IPI, durante décadas, previa como regra geral que, nas saídas de produtos isentos, ou sujeitos a alíquota zero, ou não-tributados (produtos chamados “NT”, os quais, grosso modo, correspondem a produtos que não são considerados industrializados e a produtos imunes), o estabelecimento que promovesse tal saída deveria estornar (anular) os créditos de IPI correspondentes às entradas, no mesmo estabelecimento, dos insumos tributados pelo IPI que foram empregados no produto que saiu sem gerar débito de IPI.
Essa era a regra geral.
Muitas leis, entretanto, sobretudo leis concessivas de isenções, costumavam conter um dispositivo autorizando expressamente a “manutenção e o aproveitamento” dos créditos relativos aos insumos empregados nos bens desonerados do IPI. Nesses casos, e só nesses, o estabelecimento não era obrigado a estornar os créditos correspondentes às entradas de insumos tributados empregados nos produtos saídos sem débito do IPI. Ele podia, então, usar esses créditos para compensar com débitos de IPI relativos a outros produtos saídos sem desoneração, ou mesmo pedir ressarcimento à Receita Federal, dependendo da hipótese legal.
Tal sistemática vigorou por décadas, repito, até que, em janeiro de 1999, foi publicada a Lei 9.779/1999, a qual, em seu art. 11, de forma ampla e abrangente, assim dispõe:
“Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI, acumulado em cada trimestre-calendário, decorrente de aquisição de matéria-prima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Ministério da Fazenda.”
Essa referência aos arts. 73 e 74 da Lei 9.430/1996 significa autorizar que os créditos acumulados relativos a insumos tributados pelo IPI sejam objeto de pedido de ressarcimento ou objeto de compensação. Era isso que, na época, previam esses dispositivos da Lei 9.430/1996. Hoje em dia, a redação do art. 74 está completamente alterada, mas isso não muda a regra do art. 11 da Lei 9.779/1999.
Em síntese, a partir da publicação da Lei 9.779/1999, foi radicalmente alterada aquela que, até então, era a regra geral quanto às saídas não oneradas pelo IPI. Antes, como visto, a regra era o estorno (anulação) dos créditos originados pela entrada de insumos tributados que foram utilizados na industrialização de um determinado produto saído sem débito de IPI; só poderia deixar de haver estorno nos casos específicos em que alguma lei expressamente autorizasse a manutenção dos referidos créditos. Agora, com a Lei 9.779/1999, desaparece essa história de estorno: sempre que houver créditos acumulados no estabelecimento, relativos a insumos tributados nele entrados, podem tais créditos ser objeto de ressarcimento, ou ser utilizados para compensação com outros tributos.
A Receita Federal regulamentou esse art. 11 da Lei 9.779/1999 mediante a IN SRF 33/1999. No art. 4º dessa instrução normativa está determinado que o direito ao aproveitamento de créditos que o art. 11 da Lei 9.779/1999 prevê “alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999”.
Essas vicissitudes todas levaram alguns contribuintes e alguns tributaristas a desenvolver a tese de que, na verdade, o art. 11 da Lei 9.779/1999 teria natureza meramente declaratória, isto é, que ele não criou direito algum, e sim se limitou a explicitar um direito que sempre existiu, como decorrência lógica, natural e obrigatória da regra de não-cumulatividade do IPI.
Por outras palavras, esse pessoal passou a defender que o direito de aproveitamento dos créditos gerados pelos insumos tributados entrados no estabelecimento decorreria diretamente do art. 153, § 3º, II, da Constituição, sem necessidade de autorização legal, inclusive nos casos em que houvesse saídas sem débito de IPI.
E tem mais. Por conta dessa tese, passaram também a afirmar que seria inconstitucional a disposição da lei geral do IPI que, antes da Lei 9.779/1999, obrigava, como regra, ao estorno dos créditos correspondentes aos insumos, nos casos de saídas desoneradas.
Os contribuintes, então, entraram com ações judiciais pedindo para aproveitar todos os créditos que eles tinham sido obrigados a estornar antes de 1º de janeiro de 1999. Por exemplo, o contribuinte Fulano pode ter entrado com uma ação em fevereiro de 2000, pedindo para ser declarado o seu direito a ter ressarcidos todos os créditos que ele teve que estornar desde 1995 (considerando um prazo prescricional de cinco anos).
Como as ações judiciais no Brasil demoram um pouquinho, agora, em 2009, o Supremo Tribunal Federal decidiu definitivamente essa questão.
E o que foi que o STF decidiu? É bem simples: decidiu quenão decorre automaticamente do texto constitucional (art. 153, § 3º, II) o direito de aproveitamento de créditos de IPI relativos a insumos tributados entrados no estabelecimento quando esses insumos são empregados em produtos que saem do estabelecimento sem gerar um débito de IPI (isto é, nas saídas isentas, sujeitas à alíquota zero e não-tributadas). Por outras palavras, o direito à manutenção e ao aproveitamento de tais créditos depende, sim, de expressa previsão em lei. Só isso!
O principal argumento foi o seguinte: o texto constitucional (art. 153, § 3º, II) alude a “compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores”. Ora, na saída do produto não onerado pelo IPI não cabe falar em “o que for devido” nessa operação de saída. Logo, como não existe um valor devido na operação de saída, esse valor que não existe não pode, obviamente, ser compensado com “o montante cobrado” nas operações anteriores. Notem que até houve, sim, um “montante cobrado” nas operações anteriores (de entrada dos insumos tributados no estabelecimento que, com eles, industrializou o produto não onerado); o que não existe é “o que for devido” na operação de saída.
Ainda reforçando a explicação, uma “compensação” ocorre entre um débito e um crédito. Na hipótese em foco, temos o crédito (relativo às entradas), mas não temos o débito (nas saídas). Assim, não se há de cogitar “aplicação direta do texto constitucional” nessas hipóteses, simplesmente porque a hipótese não se enquadra no texto constitucional. Resulta que é preciso lei expressa que conceda esse direito de aproveitamento.
Foram os seguintes os julgados em que o STF firmou a orientação aqui exposta: RE 460.785/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 06.05 2009; RE 562.980/SC, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o acórdão Min. Marco Aurélio, 06.05 2009; RE 475.551/PR, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 06.05.2009. Quem desejar pode consultar, ainda, o Informativo 545 do STF.
Por último não confundam esses julgados comentados hoje com aqueles outros, mais antigos, acerca da existência, ou não, de direito a calcular e aproveitar créditos relativamente a insumos entrados no estabelecimento industrial sem oneração pelo IPI, quando esses insumos são empregados em produtos que sofrem tributação pelo IPI (produtos onerados pelo IPI) na saída do mesmo estabelecimento.
Quanto a essa situação – repito, diferente da comentada no texto de hoje – entende o Supremo Tribunal Federal que:
a) não dão direito a crédito de IPI as aquisições de insumos não-tributados (NT) e de insumos tributados com alíquota zero de IPI;
b) há direito a crédito de IPI quando o insumo entra no estabelecimento com isenção do IPI (calcula-se o crédito aplicando sobre o valor do insumo a alíquota a que ele estaria sujeito se não houvesse a isenção).
Até a próxima.
OBS: como regra, não há correção monetária na utilização do creditamento do IPI, oriundo da não cumulatividade, a não ser que haja vedação legal para sua utilização e o credor tenha que se valer do judiciário para tal:
REPETITIVO. IPI. CORREÇÃO MONETÁRIA. 
A Seção, ao julgar o recurso repetitivo de controvérsia (art. 543-c do CPC e Res. n. 8/2008-STJ) reiterou o entendimento de que a correção monetária não incide sobre os créditos de IPI decorrentes do princípio constitucional da não cumulatividade (créditos escriturais), por ausência de previsão legal. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, que impede a utilização do direito de crédito oriundo da aplicação do princípio da não cumulatividade descaracteriza o referido crédito como escritural, assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil. Destarte, a vedação legal ao aproveitamento do crédito impele o contribuinte a socorrer-se do Judiciário, circunstância que acarreta demora no reconhecimento do direito pleiteado, dada a tramitação normal dos feitos judiciais. Consectariamente, ocorrendo a vedação ao aproveitamento desses créditos, com o consequente ingresso no Judiciário, posterga-se o reconhecimento do direito pleiteado exsurgindo legítima a necessidade de atualizá-los monetariamente, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco. Precedentes citados: EREsp 605.921-RS, DJe 24/11/2008, e EREsp 430.498-RS, DJe 7/4/2008. REsp 1.035.847-RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 24/6/2009.
Por fim, a súmula 411 do STJ garante a correção monetária no creditamento do IPI negado pelo fisco: SÚMULA N. 411-STJ. É devida a correção monetária ao creditamento do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento decorrente de resistência ilegítima do Fisco. Rel. Min. Luiz Fux, em 25/11/2009.
c) imunidades: “a política é exportar mercadorias e não impostos” (Ricardo Alexandre). Assim, o legislador resolver imunizar a exportações de produtos industrializados à incidência do IPI (art. 153, §3º, III, CF):
§ 3º - O imposto previsto no inciso IV (IPI):
III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.
Também são imunes, por força de outros dispositivos, os livros, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão; o ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial; energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais no País.
d) incentivo na aquisição de bens de capital: a EC 42 passou a prever que o IPI terá reduzido seu impacto sobre aquisição de bens de capital. O objetivo foi incentivar a aquisição de bens de capital por parte do industrial, principal contribuinte do imposto.
Art. 153, §3º (o IPI) IV - terá reduzido seu impacto sobre a aquisição de bens de capital pelo contribuinte do imposto, na forma da lei.
e) fato gerador: está disciplinado no artigo 46 do CTN:
Art. 46. O imposto, de competência da União, sobre produtos industrializados tem como fato gerador:
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira;
II - a sua saída dos estabelecimentos a que se refere o parágrafo único do artigo 51;
III - a sua arrematação, quando apreendido ou abandonado e levado a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.
O regulamento 4.544/2002 prevê ainda:
Art. 34. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de 1964, art. 2º):
I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou
II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.
 Regulamento traz ainda importantes considerações:
Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados - TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decreto-lei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º).
Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (não-tributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, art. 6º). 
Art. 3º Produto industrializado é o resultante de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo incompleta, parcial ou intermediária.
Art. 4º Caracteriza industrialização qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº 4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46, parágrafo único):
I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários, importe na obtenção de espécie nova (transformação);
II - a que importe em modificar, aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou a aparência do produto(beneficiamento);
III - a que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal (montagem);
IV - a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou reacondicionamento); ou
V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização (renovação ou recondicionamento).
Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.
Com base nisso, recente decisão do STJ rejeitou a possibilidade de incidir IPI em acoplagem de motor à lancha:
IPI. EMBARCAÇÃO. MONTAGEM. 
A Turma desproveu o recurso ao entendimento de que não incide IPI sobre o acoplamento de motor à lancha, porquanto não se trata de um processo industrial que modifique ou aperfeiçoe a natureza do bem, não se configurando produto novo ou unidade autônoma. Na hipótese, para concluir acerca da incidência ou não do IPI para fins de conceituação do que seja produto industrializado (critério material de incidência), são aplicáveis os arts. 46, caput e parágrafo único, do CTN e 3º da Lei n. 4.502/1964, bem como o art. 3º do Dec. n. 87.981/1982. REsp 931.031-RS, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 21/5/2009.
f) base de cálculo: art. 47 do CTN:
Art. 47. A base de cálculo do imposto é:
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20, acrescido do montante:
a) do imposto sobre a importação;
b) das taxas exigidas para entrada do produto no País;
c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador ou dele exigíveis;
II - no caso do inciso II do artigo anterior:
a) o valor da operação de que decorrer a saída da mercadoria;
b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do remetente;
III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.
g) contribuintes: art. 51 do CTN:
Art. 51. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o industrial ou quem a lei a ele equiparar;
III - o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos contribuintes definidos no inciso anterior;
IV - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão.
Parágrafo único. Para os efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabelecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante
h) lançamento: O IPI é lançado por homologação, pois é o próprio sujeito passivo que a cada período de tempo, determinado por lei calcula o valor do imposto e antecipa o pagamento, respeitando a sistemática de débitos e créditos. Pode o fisco, obviamente, no caso de não recolhimento ou recolhimento insuficiente, lançar de ofício.
i) Crédito-prêmio do IPI: com a palavra, Marcelo Alexandrino:
Vamos ao resumo:
O Decreto-Lei 491/1969 (art. 1º) criou um benefício fiscal (estímulo às exportações) que consistia e conceder às empresas industriais que realizassem exportações um crédito calculado sobre o valor dessas exportações. Esse crédito poderia ser utilizado para deduzir do valor do IPI devido nas operações internas realizadas pela empresa, ou, se ainda sobrasse, para deduzir do valor de outros tributos devidos pela empresa, ou, se ainda sobrasse, poderia ser recebido pela empresa em moeda.
É importante observar que o DL 491/1969 não estabelecia prazo de duração para o benefício que ele criou no seu art. 1º, ou seja, o crédito-prêmio do IPI, quando foi criado, era um benefício fiscal com prazo indeterminado.
Dez anos depois, foi editado o Decreto-Lei 1.658/1979, determinando a redução gradual do crédito-prêmio, até sua extinção completa, a qual deveria ocorrer em 30 de junho de 1983. Acontece que, um pouco depois, foi editado o Decreto-Lei 1.724/1979, que deixou de prever um prazo certo para a extinção do crédito-prêmio do IPI. Em vez disso, esse DL 1.724/1979 delegou ao Ministro da Fazenda competência para aumentar, reduzir ou extinguir o crédito-prêmio do IPI. Com isso, ficou revogado o DL 1.658/1979.
Em 1981, foi editado o Decreto-Lei 1.894/1981, que modificou determinadas características do crédito-prêmio do IPI, especialmente no que respeita aos seus beneficiários. Além disso, o DL 1.894/1981 novamente delegou ao Ministro da Fazenda competência para aumentar, reduzir ou extinguir o crédito-prêmio do IPI.
Entre 2001 e 2003, o Supremo Tribunal Federal decidiu importantes recursos extraordinários, pacificando que foram inconstitucionais as delegações de competência ao Ministro da Fazenda para extinguir o crédito-prêmio do IPI.
Ocorre que o Ministro da Fazenda havia editado uma portaria que tinha determinado que a extinção do crédito-prêmio do IPI ocorrera em 1985. Bem, nesse momento (entre 2001 e 2003), uma certeza já havia: essa extinção do crédito-prêmio do IPI em 1985 operada mediante portaria do Ministro da Fazenda não valeu, foi inconstitucional.
Surgiram, então, três teses. É importante relatá-las. São as seguintes:
1ª) a declaração da inconstitucionalidade da delegação de competência para o Ministro da Fazenda extinguir o crédito-prêmio do IPI, operada pelos DL 1.724/1979 e DL 1.894/1981, fez com que deixasse de existir disposição legal que implicasse a revogação do DL 1.658/1979; portanto, o crédito-prêmio do IPI foi extinto em 30 de junho de 1983, pelo DL 1.658/1979;
2ª) a referida declaração de inconstitucionalidade não afastou a revogação do DL 1.658/1979, porque o DL 1.724/1979 não foi declarado inconstitucional por inteiro; permaneceu vigente a revogação do DL 1.658/1979, operada pelo DL 1.724/1979; ademais, o DL 1.894/1981 confirmou que o crédito-prêmio estava em pleno vigor e ainda restaurou a sua vigência indeterminada; entretanto, o crédito-prêmio do IPI é um benefício fiscal de natureza setorial e não foi confirmado em lei depois da promulgação da Constituição de 1988; logo, o crédito-prêmio do IPI foi revogado em 5 de outubro de 1990, pelo art. 41, § 1º, do ADCT;
3ª) a referida declaração de inconstitucionalidade não afastou a revogação do DL 1.658/1979, porque o DL 1.724/1979 não foi declarado inconstitucional por inteiro; permaneceu vigente a revogação do DL 1.658/1979, operada pelo DL 1.724/1979; ademais, o DL 1.894/1981 confirmou que o crédito-prêmio estava em pleno vigor e ainda restaurou a sua vigência indeterminada; o crédito-prêmio do IPI não é um benefício fiscal de natureza setorial, por isso, não foi revogado pelo art. 41 do ADCT; logo, o crédito-prêmio do IPI está até hoje em pleno vigor.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), em épocas diferentes, acolheu cada uma das três teses acima resumidas (não nessa ordem).
O julgado do Supremo Tribunal Federal que me trouxe aqui hoje teve enorme importância justamente porque, enfim, definiu qual das três teses deve ser adotada. E o Supremo Tribunal Federal decidiu que o crédito-prêmio do IPI foi revogado em 5 de outubro de 1990, pelo art. 41, § 1º, do ADCT, ou seja, adotou a segunda tese das que acima enumerei. É só isso (ou tudo isso)!
Agora, para concursos públicos, como isso poderia ser cobrado? Se for um concurso para a AGU, ou para a PFN, eu realmente acredito que pode ser exigido conhecimento de detalhes da legislação pertinente ao crédito-prêmio do IPI, de detalhes sobre a oscilação de jurisprudência do STJ, e ainda outros.
Diferentemente, para todos os demais concursos, inclusive e principalmente para os da Receita Federal, eu sinceramente acho impossível exigirem um conhecimento que não seja genérico. Afinal, notem que o assunto “crédito-prêmio do IPI” nem mesmo integra a legislação do IPI. Essecrédito-prêmio não consistia em regras de IPI; nunca consistiu! Ele era um benefício fiscal próprio, com legislação própria; ele não é um tributo, nem faz parte da legislação de algum tributo. Assim sendo, onde poderia ser “encaixado” o assunto “crédito-prêmio do IPI” em um edital de concurso público da área fiscal? Não vejo onde!
Em resumo, minha opinião é que, no máximo, vocês precisam saber, para concursos públicos que não sejam especificamente jurídicos, o que abaixo sintetizo.
O benefício fiscal conhecido como “crédito-prêmio do IPI” era um incentivo às exportações. O Supremo Tribunal Federal entendeu que a delegação ao Ministro da Fazenda da competência para extinguir o crédito-prêmio do IPI, operada (a delegação) mediante decreto-lei, foi inconstitucional. Nenhuma lei (ou decreto-lei) extinguiu o crédito-prêmio do IPI. Entretanto, o crédito-prêmio do IPI era um incentivo fiscal de natureza setorial. O ADCT (art. 41) exigiu que todos os benefícios fiscais de natureza setorial anteriores à promulgação da Constituição de 1988 fossem expressamente confirmados por lei, ou seriam considerados revogados em 5 de outubro de 1990. Nenhuma lei posterior à promulgação da Constituição de 1988 confirmou o crédito-prêmio do IPI (a Lei 8.402/1992 confirmou, com efeitos retroativos, inúmeros benefícios fiscais que existiam antes da Constituição de 1988, porém, entre eles, não se encontra o crédito-prêmio do IPI). Portanto, o crédito-prêmio do IPI foi extinto em 5 de outubro de 1990, pelo art. 41, § 1º, do ADCT.
Abaixo, transcrevo os citados dispositivos do ADCT (grifei):
“Art. 41. Os Poderes Executivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios reavaliarão todos os incentivos fiscais de natureza setorial ora em vigor, propondo aos Poderes Legislativos respectivos as medidas cabíveis.
§ 1º Considerar-se-ão revogados após dois anos, a partir da data da promulgação da Constituição, os incentivos que não forem confirmados por lei...”.
Por fim, no mesmo julgado em que pacificou a questão acerca da data de extinção do crédito-prêmio do IPI, nossa Corte Suprema afirmou que esse benefício fiscal está sujeito à prescrição qüinqüenal contra a Fazenda Pública, ou seja, estão prescritas todas as ações que pleiteiem reconhecimento de direito ao crédito-prêmio do IPI ajuizadas depois de 5 de outubro de 1995.
Quem quiser saber maiores detalhes sobre esse assunto, sugiro consultar as “notícias do STF”, de 13 de agosto de 2009. Recomendo, sobretudo, a leitura da íntegra do excelente voto do Min. Ricardo Lewandowski, relator no RE 577.348/RS (mas só para quem realmente tiver curiosidade, porque, para concursos, já expus minha opinião).
Até a próxima.
5. Imposto sobre Operações Financeiras
A CF atribui a União a competência para instituir o imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários – IOF. Chama-se assim, pois as operações sujeitas a sua tributação têm natureza financeira.
O imposto possui finalidade extrafiscal, pois possibilita a intervenção no mercado financeiro. Por exemplo, se o excesso da demanda gera surto inflacionário, é possível o aumento do IOF, que vai gerar a desaceleração do consumo, tendo em vista que os financiamentos se tornarão mais onerosos.
Cuida-se também de exceção ao princípio da anterioridade anual, além da nonagesimal e da legalidade.
a) o IOF sobre o ouro: o ouro é encontrado de duas formas, no mundo dos negócios: i) como mercadoria; ii) como meio de pagamento. Como mercadoria, não há relevância para o estudo do IOF.
No caso do ouro como meio de pagamento, como se fosse moeda, não há o que se falar em cobrança de tributos que incidem sobre mercadorias, pois, como exemplo, não incide ICMS sobre a circulação dos reais usados para pagar determinado débito, não podendo incidir sobre o ouro também nesta hipótese. É o que dispõe o artigo 153, §5º, CF:
§ 5º - O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do "caput" deste artigo (IOF) , devido na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do montante da arrecadação nos seguintes termos: 
I - trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;        
II - setenta por cento para o Município de origem.
Veja que a incidência do IOF-ouro só é possível na operação de origem, ou seja, na primeira operação, que é (a) o desembaraço aduaneiro, quando oriundo do exterior, ou (b) a aquisição por instituição autorizada, não sendo legítima em qualquer caso a tributação das operações subseqüentes. Por este motivo é que o STF declarou inconstitucional o inciso II, artigo 1º, da Lei 8.033/90, pois previa a incidência do IOF sobre a “transmissão de ouro definido pela legislação como ativo financeiro” (RE 190.363) – só cabe na primeira operação e não em qualquer transmissão de ouro. Após tal decisão, o Senado editou a resolução 52/99, suspendendo a aplicação do dispositivo declarado inconstitucional pelo STF.
b) fato gerador: art. 63, CTN:
Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:
I - quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado;
II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;
III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.
Parágrafo único. A incidência definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.
O STF entende que saques efetuados da caderneta de poupança não se equiparam a operações de crédito para efeito de cobrança do IOF:
S. 664 STF: É inconstitucional o inciso V do art. 1º da Lei 8033/1990, que instituiu a incidência do Imposto nas Operações de Crédito, Câmbio e Seguros - IOF sobre saques efetuados em caderneta de poupança.
c) base de cálculo: artigo 64, CTN:
Art. 64. A base de cálculo do imposto é:
I - quanto às operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros;
II - quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição;
III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários:
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, se houver;
b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determinar a lei;
c) no pagamento ou resgate, o preço.
d) contribuintes: Art. 66 CTN: Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser a lei.
e) lançamento: é lançado por homologação, pois incumbe ao sujeito passivo antecipar o pagamento sem prévio exame do Fisco. Pode a autoridade homologar ou lançar de ofício, a de pender da análise do caso.
6. Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Trata-se de imposto cuja finalidade é extrafiscal, pois suas alíquotas são fixadas de modo a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas. A legislação do ITR cria alíquotas inversamente proporcionais ao grau de utilização de cada imóvel. Percebe-se, portanto, que quem mais produz paga menos ITR, o que é um estímulo ao cumprimento da função socialda propriedade.
Salienta-se que, mesmo com sua carga extrafical, o ITR está sujeito a todas as limitações do poder de tributar (anterioridade anual, nonagesimal, princípio da legalidade etc.).
a) progressividade: o aumento da alíquota toma como critério a área do imóvel. Assim, conjugando o caráter extrafiscal com a progressividade, cria-se a regra de que o tributo é inversamente proporcional à área do imóvel, de maneira que a maior alíquota (20%) é aplicada aos latifúndios improdutivos (área de mais de 5 mil hectares e grau de utilização até 30%), ao passo que a menor alíquota é aplicada a pequena propriedade (área inferior a 50 hectares) com maior grau utilização (maior que 80%).
b) imunidade das pequenas glebas: a CF imuniza do ITR as pequenas glebas, quando as explore o proprietário, que não possua outro imóvel. A definição do que é pequena gleba está definida na lei 9.393/96:
Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a: 
I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-grossense;
II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental;
III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.
Tal interpretação poderia gerar injustiças, pois se uma pessoa em GO possui uma gleba com área de 30 ha, é isento do imposto, ao passo que outra que possui duas glebas, medindo 10 ha cada, não seria beneficiado pela isenção. Tal injustiça foi corrigida pelo art. 3º da mesma lei:
Art. 3º São isentos do imposto:
I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que, cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos:
a) seja explorado por associação ou cooperativa de produção;
b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites estabelecidos no artigo anterior;
c) o assentado não possua outro imóvel.
II - o conjunto de imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário:
a) o explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros;
b) não possua imóvel urbano.
c) possibilidade de delegação de fiscalização e cobrança: a EC 42/2003 trouxe a possibilidade dos Municípios que optarem, na forma da lei, a fiscalizar e cobrar o ITR, receberem 100% da arrecadação, desde que não implique redução do imposto ou qualquer forma de renúncia fiscal. Não fazendo tal opção, a União repassará ao município 50% da arrecadação.
d) fato gerador: o fato gerador é a propriedade, o domínio útil ou a posse do imóvel por natureza, como definido em lei, localizado fora da zona urbana do Município. O conceito de imóvel por natureza constava do antigo CCB, não permanecendo essa classificação no atual CCB.
Como o CTN foi editado sob a égide do antigo código, Ricardo Alexandre entende perfeitamente possível a aplicação do instituto do código revogado, entendendo imóvel por sua natureza como a sua superfície, os seus acessórios a adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. Veja que aquilo que o homem incorporou ao solo (acessão física ou intelectual) não está sujeito ao ITR.
Tal regra está em consonância com o caráter extrafiscal do ITR. Veremos adiante que o IPTU, por ser tributo fiscal, incide sobre as acessões. O Artigo 32 traz os requisitos para que o imóvel seja considerado urbano:
Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo anterior.
OBS: o STJ em diversas decisões tem considerado que a invasão de terras torna inexigível o ITR:
ITR. IMÓVEL. INVASÃO. MOVIMENTO "SEM-TERRA". 
Cinge-se a questão em verificar se é devido o ITR pelo proprietário que teve sua propriedade esbulhada pelo movimento dos “sem terra”. Para o Min. Relator, no caso, houve a efetiva violação do dever constitucional do Estado em garantir a propriedade da impetrante, configurando-se uma grave omissão do seu dever de garantir a observância dos direitos fundamentais da Constituição. Há uma verdadeira iniquidade consubstanciada na possibilidade de o Estado, aproveitando-se da sua própria inércia, tributar propriedade que, devido à sua própria omissão em prover segurança, ocasionou a perda das faculdades inerentes ao direito de propriedade da recorrida. Em que pese ser a propriedade um dos fatos geradores do ITR, ela não é plena quando o imóvel encontra-se invadido (art. 1.228 do CC/2002). Com a invasão, seu direito ficou tolhido de praticamente todos seus elementos: não há mais posse, possibilidade de uso ou fruição do bem; consequentemente, não havendo a exploração do imóvel, não há, a partir dele, qualquer tipo de geração de renda ou de benefícios para a proprietária. Entendeu o Min. Relator que se espera, no mínimo, que o Estado reconheça que, diante da sua própria omissão e da dramaticidade dos conflitos agrários no País, aquele que não tem mais direito algum não possa ser tributado por algo que, somente em razão de uma ficção jurídica, detém sobre o bem o título de propriedade. Ofende o princípio da razoabilidade, o da boa-fé objetiva e o próprio bom-senso o Estado utilizar-se da aparência desse direito ou do resquício que ele deixou, para cobrar tributos que pressupõem a incolumidade e a existência nos planos jurídicos (formal) e fáticos (material) dos direitos inerentes à propriedade. Na peculiar situação do caso, ao considerar-se a privação antecipada da posse e o esvaziamento dos elementos de propriedade sem o devido êxito do processo de desapropriação, é inexigível o ITR diante do desaparecimento da base material do fato gerador e da violação dos referidos princípios da propriedade, da função social e da proporcionalidade. Isso posto, a Turma negou provimento ao recurso da União. REsp 1.144.982-PR, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 13/10/2009.
e) base de cálculo: é o valor fundiário. Segundo o RITR, o valor fundiário é o valor da terra nua tributável, que é o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
§ 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á:
I - VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a:
a) construções, instalações e benfeitorias;
b) culturas permanentes e temporárias;
c) pastagens cultivadas e melhoradas;
d) florestas plantadas;
OBS: não se inclui na base de cálculo a área de preservação permanente, mesmo que não tenha o IBAMA declarado:
ITR. ÁREA. PRESERVAÇÃO PERMANENTE. IBAMA.
A Turma reiterou o entendimento de que o imposto territorial rural (ITR) é tributo sujeito a lançamento por homologação e que o art. 10, § 7º, da Lei

Outros materiais