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Cápsulas Farmacêuticas

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CÁPSULAS 
 
Farmacotécnica II 
Prof. Maria Lionzo 
CÁPSULAS - Definição 
• Pequeno invólucro comestível feito de gelatina ou de 
outro material apropriado que contém medicamentos 
que constituem uma unidade de dosagem, destinada, 
principalmente, ao uso oral. 
 
• Cápsulas duras: duas peças cilíndricas (tampa e corpo) 
– Hemirreceptáculos 
• Cápsulas moles: uma peça 
CÁPSULAS 
Formas farmacêuticas sólidas, destinadas à administração oral. 
Possuem tamanhos e capacidades variáveis e, usualmente, 
contém dose única de um ou mais princípios ativos. O material 
de enchimento pode ser sólido, semi-sólido ou líquido 
 
 Vias de administração: 
 Oral, pulmonar, entre outras. 
Cápsulas para 
inaladores. 
Cápsulas com 
material de 
enchimento 
líquido. 
CÁPSULAS – Matérias-primas 
• Gelatina 
Origem natural – hidrólise do colágeno (principal proteína do 
tecido conectivo). 
Tipo A – hidrólise ácida (tempo de processo: 7 – 10 dias) 
Tipo B – hidrólise alcalina (tempo de processo: aproximadamente 
80 dias). 
 
Materiais de origem bovina: estearatos e gelatina 
 
Surgimento da Encefalopatia Espongiforme Bovina levou a um 
rigoroso sistema de especificação das matérias-primas. 
CÁPSULAS – Matérias-primas 
Corantes e pigmentos 
 
Corantes azóicos (agrupamentos – N = N – ) 
Corantes não-azóicos (diferentes classes químicas) 
Eritrosina (E127), carmin - índigo (E132) e amarelo de quinolina 
(E104) 
Pigmentos: óxidos de ferro (E172) preto, vermelho e amarelo e 
dióxido de titânio (E171) branco e opacificante. 
• Legislação específica. 
• Preferível pigmentos ↓ absorção. 
Água 
Corantes 
Adjuvantes de processamento 
Conservantes 
Plastificantes (cápsulas moles) 
HPMC (substituto da gelatina) 
Amido (substituto da gelatina) 
Outros componentes 
Propriedades das cápsulas vazias 
 
As cápsulas apresentam uma certa quantidade de água na 
sua composição que age como plastificante. Assim, elas 
mantêm uma flexibilidade adequada. Porém, em 
condições altamente dessecantes, tornam-se quebradiças 
e em umidade elevada amolecem. 
 
Durante o armazenamento das cápsulas na farmácia a UR 
deve ficar em torno de 30 e 40%. Durante a preparação a 
UR deve estar entre 40 e 55%. 
 
Deve-se ter atenção à encapsulação de substâncias 
higroscópicas, eflorescentes, deliquescentes ou misturas 
eutéticas. 
Substâncias 
que absorvem 
umidade do ar. 
Substâncias que 
perdem água de 
cristalização. 
Substâncias deliquescentes 
absorvem umidade do ar e 
tornam-se líquidas. 
Misturas eutéticas são misturas 
cujo ponto de fusão do complexo 
é mais baixo do que das 
substâncias separadas. 
Propriedades das cápsulas vazias 
 
Para pós higroscópicos deve-se usar sachês de sílica 
dentro do pote de cápsulas. Para pós eflorescentes deve-
se colocar dióxido de silício coloidal (1%) na mistura do 
complexo farmacêutico. 
 
Cápsulas apresentam solubilidade a 37 ºC e a 30 ºC já 
apresentam redução significativa da solubilidade. Na 
verdade, elas não se solubilizam completamente. 
Intumescem em contato com a água e fragmentam-se. 
Isso deve ser observado durante testes de desintegração e 
dissolução. 
Propriedades das cápsulas vazias 
 
Massa de ácido acetil salicílico 
que cabe em cada invólucro 
750 
500 
400 
350 
250 
200 
150 
Enchimento das cápsulas 
 
Observações gerais 
Observação atenta da receita, constatando se há 
coerência das dosagens. 
Verificar se existe POP para essa formulação. 
Emitir uma Ordem de Produção que irá acompanhar 
todo o processo de manipulação. 
Verificar se há necessidade de utilização de fatores de 
conversão. 
 
• Atenção: antibióticos, hormônios e citostáticos devem 
ser manipulados em ambientes com sistema de ar 
independente e de eficiência comprovada (RDC 87/07). 
 
 
Pesagem individual x Nivelamento de superfície 
• Fármacos de elevada 
atividade. 
• Quando a prescrição 
requer poucas 
unidades. 
• O erro da preparação 
está associado 
apenas ao erro de 
pesagem de cada 
dose e transferência 
para a cápsula. 
• Emprega-se encapsuladora para 
grandes quantidades de cápsulas. 
• Para grânulos (ex.: omeprazol) 
existem encapsuladoras especiais. 
Utiliza-se normalmente cápsulas nº 
2 ou 3 e a transferência das 
quantidades usuais (10 ou 20 mg) é 
automática. OBS. Verificar o teor de 
omeprazol – geralmente é 8,7%. 
• Caso não seja viável, optar pelo 
preenchimento manual, com 
pesagem individual. 
Enchimento das cápsulas 
Sistema de exaustão 
Separação física 
entre os laboratórios 
Enchimento das cápsulas - Procedimentos 
 
 Sanitizar o ambiente de manipulação. 
 
 
Pesagem 
 
 
1) Conferir a Ordem de Produção (OP) com a receita e o 
rótulo. 
 
2) Separar as matérias-primas 
Verificar: nome, fator de equivalência, prazo de validade. 
 
3) Pesar individualmente dos componentes. 
 
4) Anotar na OP ou formulário próprio os dados referentes à 
fórmula manipulada (nº, cliente, horário, assinar o rótulo e 
o controle em processo). 
 
5) Enviar para homogeneização / tamisação. 
! 
Enchimento das cápsulas 
Procedimentos 
 Homogeneização / Tamisação 
 
Passos importantes para boa homogeneização de pós: 
a) Trituração em gral ou almofariz (5 – 10 minutos) 
b) Diluição geométrica 
c) Tamisação 
 
A trituração é importante pois garante que as partículas tenham distribuição 
granulométrica mais uniforme. Tapar poros com o diluente puro!! Misturar 
10 vezes para um lado, 10 vezes para o outro, revolver com espátula e 
repetir. 
 
A diluição geométrica garante homogeneidade da mistura de pós. O pó em 
menor quantidade (fármaco) é, primeiramente, misturado com um volume 
equivalente de diluente. A seguir mistura-se este a um volume igual de 
diluente e procede-se sucessivamente até que todo o pó tenha sido 
incorporado. 
 
A tamisação garante que a granulometria dos pós seja controlada, ou seja, 
garante-se que todo o pó apresenta tamanho de partícula menor do que o 
tamanho da malha através do qual passou. Malha/mesh entre 50 e 100. 
 
Enchimento das cápsulas 
Procedimentos 
 
Homogeneização 
 
Outros procedimentos de homogeneização: 
 
Agitação manual 
• Empregando sacos ou frascos. 
• Padronizar a agitação (por tempo ou por número de repetições). 
• Não garante distribuição granulométrica uniforme. 
 
Agitação automática 
• Em equipamento específico (figura acima). 
• Padronizar o tempo e a velocidade (rpm). 
• Não garante distribuição granulométrica uniforme. 
 
OBSERVAÇÕES: 
 
Utilizar utensílios (espátulas, recipientes, equipamentos) devidamente limpos!!! 
Enviar para encapsulação o homogeneizado com a ficha de produção / receita. 
Rubricas do operador na ficha de produção. 
 
Atenção para 
fármacos de baixo 
 índice terapêutico! 
Enchimento das cápsulas 
Procedimentos 
 
Encapsulação 
 
Material 
 
• Base 
• Suporte para 180/360 
cápsulas 
• Hastes 
• Espátula plástica 
• Compactadores 
• Papel manteiga 
• Invólucros (cápsulas vazias) 
• Dessecante (sílica) 
• Frasco 
• Algodão 
- Anotar dados da receita, 
assinatura, tamanho e cor da 
cápsula. 
Enchimento das cápsulas - Procedimentos 
 
Encapsulação 
 
1. Colocar uma folha de papel manteiga sobre a bancada. 
2. Colocar a placa com as hastes (2 embaixo + 1 delimitante em 
cima). 
3. Preencher com as cápsulas vazias (observar a cor!). 
4. Remover as tampas das cápsulas. 
5. Vertero pó sobre o corpo das cápsulas (verificar se estão bem 
encaixadas). 
6. Espalhar cuidadosamente com a ajuda da espátula para que o 
conteúdo seja uniformemente distribuído entre as cápsulas. 
7. Bater a placa sobre a bancada, de maneira ritmada para que o pó 
se acomode. 
8. Usar o compactador, se necessário, com força equitativa. 
9. Baixar as hastes e recolocar as tampas (e travá-las). 
10. Retirar as cápsulas do suporte. 
11. Retirar o excesso de pó das cápsulas (quando necessário). 
12. Fazer o controle de qualidade!!! 
Enchimento das cápsulas - Procedimentos 
 
Controle de qualidade e envase 
 
Após a encapsulação, o controle de qualidade 
(CQ), mediante a determinação do peso 
médio é obrigatório!!! RDC 67/07 e FB V ed. 
 
Outros controles são: 
• Descrição 
• Aspecto 
• Caracteres organolépticos 
 
Atualmente existem softwares que 
automaticamente detectam desvios de peso. 
Envasar em frasco adequado, adicionar o dessecante e algodão. 
Fechar a embalagem sem lacrar. 
Rotular e rubricar a ficha de processo. 
Conferir novamente o rótulo com a receita e a OP. 
Lacrar e enviar para a dispensação. 
Determinação do volume de diluente necessário 
para preenchimento das cápsulas 
As cápsulas apresentam determinados volumes. Entretanto as prescrições 
apresentam valores de fármaco em massa. 
 
Para converter a unidade de massa em unidade de volume, utiliza-se a 
“densidade aparente” que é obtida ao se dividir a massa de um pó pelo 
seu volume aparente. 
 
Pós com densidade aparente pequena são pós “leves” e pós com densidade 
aparente elevada são pós “pesados”. A densidade aparente é expressa 
em g/mL. 
 
O farmacêutico deve determinar a densidade aparente dos pós a serem 
utilizados nas cápsulas (incluindo os excipientes) e, a partir destes 
valores, calcular a quantidade a ser pesada de cada componente. 
 
Quando a quantidade de fármaco for muito pequena, prefira sempre cápsulas 
menores, nº 4 ou 5. 
Determinação do volume de diluente necessário 
para preenchimento das cápsulas 
Exemplo: 
 
Fármaco X ....................................... 250 mg 
Diluente q.s.p. 
 
Preparar 100 cápsulas. Usar cápsula nº 1. 
 
Volume da cápsula nº 1 = 0,5 mL 
 
É preciso preencher um total de 100 x 0,5 mL = 50 mL. 
 
1) Verificar qual o volume ocupado pelos 100 x 0,25 g = 25 gramas de 
fármaco. 
2) Verificar a diferença entre os volumes total e o volume ocupado pelo 
fármaco. 
3) Medir em proveta o volume necessário de diluente para preencher as 
cápsulas. 
4) Homogeneizar os pós e proceder as etapas de enchimento das cápsulas. 
 
Diluídos de fármacos de alta potência 
· Excipientes para a diluição 
Utilizar os excipientes padronizados de acordo com as especificações das 
substâncias de baixo índice terapêutico (excipientes do Perfil de 
Dissolução). 
 
· Pesagem para diluição 
Efetuar dupla checagem a ser verificada pelo operador e farmacêutico, 
com registro dessa operação. 
 
· Homogeneização 
Deve ser realizada utilizando a metodologia de diluição geométrica, 
utilizando os mesmos excipientes padronizados. 
 
· Armazenamento do diluído 
Em local distinto, de acesso restrito, sob guarda do farmacêutico com 
especificação de cuidados especiais de armazenamento. 
 
a) Recomenda-se igualmente que o frasco com a substância pura não 
deva ficar em local de fácil acesso. 
Diluídos de fármacos de alta potência 
· Rotulagem 
Recomenda-se que o farmacêutico estabeleça critérios de segurança na rotulagem 
para que não ocorram erros de utilização da matéria-prima diluída e matéria-
prima pura. 
a) Os frascos do diluído devem conter etiqueta com os dizeres “substância 
diluída” e cores diferentes para que seja diferenciado do frasco com a 
substância pura, que também deve conter etiquetas de identificação 
“substância pura” e cor diferenciada. 
 
· Monitoramento 
Efetuar trimestralmente análises de teor e de uniformidade de conteúdo (UC) do 
diluído podendo haver diminuição do tempo de monitoramento dependendo do 
tipo de diluído. Efetuar análise completa de uma formulação trimestralmente. 
 
· Procedimento Operacional Padrão Elaborar POP sobre Diluição Geométrica 
e elaborar Fichas Técnicas dos fármacos a serem diluídos. 
 
· Treinamento 
O farmacêutico deve prover treinamento e respectivo registro, de seus funcionários 
abordando os requisitos citados acima e demais itens citados na Resolução 
RDC 67/07. 
Diluídos de fármacos de alta potência 
 Fator de Diluição 
·As diluições normalmente empregadas são de 1:10, 
1:100 ou 1:1000, dependendo da faixa de 
dosagem da substância. 
 
· Até 0,1 mg recomenda-se a diluição 1:1000. 
 
· De 0,11 mg a 0,99 mg recomenda-se a diluição 
1:100. 
 
· De 1 mg a 5 mg recomenda-se a diluição 1:10. 
Fator de Equivalência (FEq) 
Fator de Equivalência (FEq) 
 
É o fator utilizado para fazer o cálculo da conversão da: 
 
- massa do sal ou éster para a massa do fármaco ativo. 
Ex : fluoxetina cloridrato para fluoxetina base. 
 
- substância hidratada para a substância anidra. 
Ex: alfa metildopa sesquihidratada para alfa metildopa. 
 
O Fator de Equivalência (FEq) deverá ser empregado sempre 
que a literatura e/ou medicamentos de referência 
determinarem essa conversão. 
 
Fator de Diluição e Fator de Correção 
Fator de Diluição (FD) e Fator Correção (FC): 
 
É o fator utilizado para corrigir: 
 
- diluições 
Ex: Vitamina E Pó, comercializada a 50%. 
 
- diluição interna de fármacos. 
Ex: Vitamina B 12 – diluição 1:100. 
 
- umidade de uma substância: 
Ex: Metotrexato 8% de água ou umidade . 
 
Essas correções são feitas baseando-se nos certificados de 
análise das MP ou nas diluições feitas na própria farmácia.

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