Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Daniela Eugênia Silva Lopes Cynthia Chagas Rocha de Souza Segurança no Trabalho Daniela Eugênia Silva Lopes Cynthia Chagas Rocha de Souza SEGURANÇA NO TRABALHO Belo Horizonte Fevereiro de 2016 COPYRIGHT © 2015 GRUPO ĂNIMA EDUCAÇÃO Todos os direitos reservados ao: Grupo Ănima Educação Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610/98. Nenhuma parte deste livro, sem prévia autorização por escrito da detentora dos direitos, poderá ser reproduzida ou transmitida, sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos, mecânicos, fotográficos, gravações ou quaisquer outros. Edição Grupo Ănima Educação Vice Presidência Arthur Sperandeo de Macedo Coordenação de Produção Gislene Garcia Nora de Oliveira Ilustração e Capa Alexandre de Souza Paz Monsserrate Leonardo Antonio Aguiar Equipe EaD Conheça a Autora Cynthia Chagas Rocha de Souza, é Mestre em Administração com ênfase em Comportamento Organizacional pela FUMEC (2015), MBA em Marketing – pela Fundação Getúlio Vargas (2005) e Bacharel em Relações Públicas - Unicentro Newton Paiva (2001). Possui experiência nas áreas de Administração e Comunicação, com ênfase em Comportamento Organizacional. Suas principais linhas de pesquisa são: motivação, gestão de pessoas, gestão do sorriso. Conheça a Autora Daniela Eugênia Silva Lopes é farmacêutica industrial formada pela Universidade Federal de Minas Gerais, com pós-graduação em Engenharia da Qualidade pelo IEC- PUC Minas, e mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Federal de Minas Gerais. É professora do Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte, desde 2010, onde ministra as disciplinas de Gestão da Qualidade, Sistema de Gestão Ambiental, Saúde e Segurança do Trabalho, Responsabilidade Social e Ambiental e Projeto Aplicado. Atua há mais de 18 anos no setor de sistema de gestão, com vivência em projetos envolvendo sistemas de gestão da qualidade ISO 9001, boas práticas de fabricação, sistema de gestão ambiental ISO 14001 e sistema de saúde e segurança do trabalho OHSAS18001. Atua como consultora e auditora interna e externa em sistemas de gestão. A segurança e a saúde do trabalho nas organizações sempre conviveram com o estigma de serem exercidas apenas como uma obrigação legal. Esse fato acarretou a pouca atenção destinada, principalmente pelos administradores, às ações relativas à prevenção de acidentes e doenças. Os setores prevencionistas eram considerados apenas como mais um centro de custos, e que muitas vezes atrapalhavam as atividades e a produtividade devido àsua intervenção quando verificados riscos nos locais de trabalho. Com as exigências cada vez maiores do mercado, quanto a aspectos de competitividade como a melhoria nos processos, redução de custos e as exigências da sociedade, esse quadro começou a se alterar. Além da atenção com os custos dos acidentes e a melhoria das condições de trabalho visando maior produtividade, as empresas começaram a se preocupar com a sua imagem perante o seu público-alvo, preocupação esta que não combina com condições precárias de trabalho e um número elevado de acidentes. O objetivo desta disciplina é conhecer as regras e os procedimentos de saúde e segurança do trabalho, bem como os componentes, modelos e programas relacionados à qualidade de vida do trabalhador. Tem como objetivo fornecer ferramentas para a implantação de programas para o atendimento aos requisitos legais aplicáveis à atividade das empresas, destacando a qualidade de vida no trabalho. Apresentação da disciplina UNIDADE 1 003 Saúde e segurança do trabalhador 004 O que é segurança do trabalho? 006 A evolução da saúde e segurança do trabalho no mundo 007 A evolução da saúde e segurança do trabalho no Brasil 013 Legislação e normas regulamentadoras 018 Conceituando e classificando os acidentes 026 Riscos das atividades laborais: conceituação, classificação 030 Revisão 040 UNIDADE 2 042 Prevenção de riscos e segurança no trabalho 043 Prevenção dos riscos ambientais nas atividades laborais 045 Programas de Segurança e Saúde do Trabalho (PSST) 063 Revisão 073 UNIDADE 3 075 Ambiente empresarial e sua interação com saúde e segurança 076 Conceito e definição de satisfação no trabalho 078 Saúde e doença no mundo do trabalho 081 A saúde do trabalhador 083 Doenças ocupacionais 084 Estresse no ambiente de trabalho 086 Revisão 090 REFERÊNCIAS 116 UNIDADE 4 091 Qualidade de vida no trabalho 092 Definindo qualidade de vida no trabalho - QVT 094 Revisão 107 Saúde e segurança do trabalhador • Saúde e segurança do trabalhador • Legislação e normas regulamentadoras • Conceituando e classificando os acidentes • Riscos das atividades laborais: conceituação, classificação • Revisão Introdução Nesta unidade, vamos iniciar algumas reflexões acerca do tema saúde e segurança do trabalho. Trabalharemos de forma a introduzir esse assunto, buscando fornecer entendimento principalmente sobre o que é a saúde e segurança do trabalhador, seu histórico no Brasil e no mundo. A preocupação com a segurança do trabalhador começou bem antes de Cristo e continua sendo uma das grandes preocupações na atualidade no mundo todo. Em 1943, foi criada no Brasil a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata da saúde e segurança do trabalhador. No Brasil, a Segurança e Medicina do Trabalho é regulamentada pela portaria nº 3.214 de 1978, atualmente é constituída por 36 normas regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As NRs são obrigatórias para todas as empresas que possuem pelo menos um funcionário regido pela CLT. O objetivo da área de saúde e segurança do trabalhador é prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, promovendo segurança, saúde e qualidade de vida para os trabalhadores. Pela lei de acidente de trabalho – lei nº 6.367 de 1976, acidente do trabalho é “todo aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença, que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. Vamos ver também que o exercício da atividade laboral sob condições inseguras existentes no ambiente de trabalho expõe o trabalhador a riscos que podem ser classificados em cinco categorias: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes). Esses conceitos veremos mais detalhadamente no desenvolvimento da unidade. Dessa forma, esperamos contribuir com sua trajetória acadêmica e profissional. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 005 Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. Saúde e segurança do trabalhador O que é segurança do trabalho? Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. Quando falamos em saúde e segurança do trabalho, falamos de exposição de pessoas à probabilidade de se acidentarem, portanto o acidente de trabalho é inerente à atividade laboral. Isso não quer dizer que devemos aceitar o acidente do trabalho como uma ocorrência normal no dia a dia das empresas; pelo contrário, devemos sim considerá-lo anormal, pois todas as possibilidades de um trabalhador se acidentar devem ser estudadas/analisadaspara que medidas efetivas sejam adotadas para evitar esse tipo de ocorrência. A figura a seguir representa a segurança contra quedas no início do século passado. Além da ausência de equipamentos adequados, mostra também a displicência e a falta de conscientização dos trabalhadores. FIGURA 1- A segurança dos trabalhadores no início do século passado Fonte:[A segurança dos trabalhadores no início do século passado].http:// www.jurimed.com.br/guia/index.php?nav=nav/segurancadotrabalho/ segurancasingle&topico=130 SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 006 Fato marcante, porém, ocorreu entre 1760 e 1830 (séculos XVIII e XIX), na Inglaterra: a Revolução Industrial, cuja origem foi o surgimento da máquina de fiar. A evolução da saúde e segurança do trabalho no mundo Certamente, a preocupação com a segurança do trabalho já existia bem antes de Cristo, haja vista que grandes obras foram realizadas anteriormente ao seu nascimento, como as Pirâmides do Egito, por exemplo. Na Bíblia, mais precisamente em Deuteronômio, capitulo 22, versículo 8, encontra-se: “Quando construíres uma nova casa, farás uma balaustrada em volta do teto, para que não derrame sangue sobre tua casa, se viesse alguém a cair lá de cima”(Scaldelai, et al). Fato marcante, porém, ocorreu entre 1760 e 1830 (séculos XVIII e XIX), na Inglaterra: a Revolução Industrial, cuja origem foi o surgimento da máquina de fiar. Como se sabe, até então a fiação e a tecelagem eram desenvolvidas para atender as necessidades domésticas, sendo seu excedente vendido a preço elevado, em regiões onde essas atividades não existiam. Na história da segurança do trabalho, são encontrados indicativos muito antigos da preocupação quanto à preservação da vida dos trabalhadores. Hipócrates (460-357 a.C.) e Plínio, o Velho (23- 79 d.C.) indicaram nos seus trabalhos a ocorrência de doenças pulmonares em mineiros. No ano de 1556, Georg Bauer publicou o livro “De Re Metallica”, em que estuda as doenças e acidentes de trabalho relacionados à mineração e fundição de ouro e prata. O autor discute, em especial, a inalação de poeiras causadora da “asma dos mineiros”, que pelos sintomas descritos deve se tratar de silicose. Ele destaca que devido ao índice de acidentes fatais e de doenças ocupacionais que levavam à morte os trabalhadores em algumas regiões, as mulheres SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 007 As máquinas a vapor usavam carvão para seu acionamento, o que aumentou também o número de minas de carvão nos diversos países. chegavam a se casar sete vezes, dada a precocidade da morte dos maridos 11 anos mais tarde. Em 1567, Aureolus Theophrastus Bombastusvon Hohenheim apresentou a primeira monografia relacionando trabalho com doença. Em 1700, na Itália, o médico Bernardino Ramazzini, considerado o “pai da medicina do trabalho”, publicou o livro “De morbis artificum diatriba”. A obra descreve com bastante profundidade as doenças relacionadas a cerca de 50 profissões, tais como: mineiros, químicos, oleiros, ferreiros, cloaqueiros, salineiros, joalheiros, pedreiros, entre outras. Essa relação é a precursora da lista atual de doenças ocupacionais reconhecidas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) e adotada por muitos países, inclusive o Brasil. A Revolução Industrial significou a mudança vertiginosa na história da humanidade, quando os meios de produção, até então dispersos e baseados na cooperação individual, passaram a se concentrar em grandes fábricas, ocasionando profundas transformações sociais e econômicas. As máquinas a vapor usavam carvão para seu acionamento, o que aumentou também o número de minas de carvão nos diversos países. O trabalho em condições degradantes, que era desempenhado pelos mineiros, contribuiu para criar na categoria uma consciência das circunstâncias desumanas a que eles eram submetidos. Era comum a ocorrência de incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações e desmoronamento, ocasião em que muitos trabalhadores ficavam sepultados nas galerias. Também eram comuns as doenças ocupacionais, tais como tuberculose, anemia e asma. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 008 A partir de 1792, com a invenção do lampião a gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja vista a possibilidade de uso de iluminação artificial, ainda que precária. • A improvisação das fábricas e a mão de obra constituída, principalmente, por crianças e mulheres resultaram em problemas ocupacionais extremamente sérios. • Os acidentes de trabalho eram numerosos, provocados por máquinas sem qualquer proteção, movidas por correias expostas, e as mortes, principalmente de crianças, eram muito frequentes. Mesmo o processo de trabalho tendo sido modificado, as condições de trabalho não eram as melhores. Não havia nenhuma regulamentação quanto às condições do trabalho e do ambiente industrial, tampouco em relação à duração da jornada de trabalho. A partir de 1792, com a invenção do lampião a gás, houve uma tendência de aumento da jornada de trabalho, haja vista a possibilidade de uso de iluminação artificial, ainda que precária. Em função das más condições de trabalho, o parlamento inglês criou uma comissão de inquérito que foi responsável pela criação, em 1802, da primeira lei de proteção aos trabalhadores, a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de 12 horas de trabalho diário, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a ventilarem as fábricas e lavarem suas paredes duas vezes por ano. Essa lei, complementada em 1819, não teve a eficiência esperada devido à oposição dos empregadores. A partir do relatório elaborado pela comissão, foi instituída na Inglaterra, em 1833, a “Lei das Fábricas” (FactoryAct), primeira lei realmente eficaz no campo da segurança e saúde no trabalho, sendo aplicada à indústria têxtil. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 009 Para menores entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou a ser de 9 horas. A “Lei das Fábricas” (FactoryAct) tinha como principais itens as seguintes regras estatutárias: • Proibição do trabalho noturno para os menores de 18 anos. • Restringia as horas trabalhadas por menores a 12 horas diárias e 69 horas por semana. • As fábricas precisavam ter escolas frequentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos. • Para menores entre 9 e 13 anos, a jornada de trabalho diária passou a ser de 9 horas. • A idade mínima para o trabalho era de 9 anos, sendo necessário um médico atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia à sua idade cronológica. No período de 1789 a 1799, época da Revolução Francesa, movimento preparado para o estabelecimento de liberdades políticas, observam-se também aspectos bem relevantes em relação à questão das vítimas de acidentes no trabalho. Uma vez que minimizou uma série de injustiças sociais e, no que diz respeito aos trabalhadores, desenvolveu e indicou a aplicação de regras de indenização às vítimas de acidentes do trabalho, evitando a exploração industrial, sem esquecer de outras inúmeras conquistas que vieram a acontecer. Com a propagação da Revolução Industrial em boa parte do resto da Europa, houve o aparecimento progressivo dos serviços de saúde ocupacional em diversos países, sendo que em alguns deles foi dada tal importância a esses serviços que a sua existência deixou de ser voluntária. As figuras a seguir mostram crianças trabalhando nas fábricas têxteis na época. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 010 FIGURA 2- Duas criançastrabalhando nas fábricas têxteis na época FIGURA 3 - Crianças trabalhando nas fábricas têxteis na época Fonte: [Crianças trabalhando nas fábricas têxteis na época]. Disponível em: <http:// historiaecoisaetal.blogspot.com.br/2012/06/ao-longo-de-toda-historia-podemos. html>. Acesso em: 16 fev. 2016. Fonte: [Crianças trabalhando nas fábricas têxteis na época]. http://historiaecoisaetal. blogspot.com.br/2012/06/ao-longo-de-toda-historia-podemos.html SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 011 Proteger os trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde que possa decorrer do trabalho ou das condições em que este é realizado. A França, com a lei de 11 de outubro de 1946, hoje devidamente atualizada por alguns decretos, tornou obrigatória a existência de serviços de saúde ocupacional em estabelecimentos industriais e comerciais, de qualquer tamanho e com qualquer número de funcionários. Já nos Estados Unidos, embora a industrialização tenha se desenvolvido de forma acentuada, até a segunda metade do século XIX os serviços de saúde ocupacional se mantiveram praticamente desconhecidos. Mas, com o surgimento da legislação sobre indenizações em casos de acidentes do trabalho (ainda no início do século XX), os empregadores passaram a estabelecer os primeiros serviços de saúde ocupacional naquele país, com objetivo precípuo de reduzir o custo das indenizações, como um bom país capitalista. A OIT, em sua 43ª Conferência Internacional do Trabalho, em 1959, aprovou a recomendação nº 112 com o título de "Recomendação para serviços de saúde ocupacional" com os seguintes objetivos: • Proteger os trabalhadores contra qualquer risco à sua saúde que possa decorrer do trabalho ou das condições em que este é realizado. • Contribuir para o ajustamento físico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptação do trabalho aos trabalhadores e pela colocação destes em atividades profissionais para as quais tenham aptidões. • Contribuir para o estabelecimento e a manutenção do mais alto grau possível de bem-estar físico e mental dos trabalhadores. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 012 Assim, pouco, ou melhor, quase nada se falava sobre preocupação com as condições de trabalho ou com a saúde de qualquer quem fosse. A evolução da saúde e segurança do trabalho no Brasil No período da Independência do Brasil (1822) até a abolição da escravatura (1888), como havia o trabalho escravo não houve muita possibilidade para o desenvolvimento de uma legislação trabalhista. Assim, pouco, ou melhor, quase nada se falava sobre preocupação com as condições de trabalho ou com a saúde de qualquer quem fosse. • Em 1831, conforme já estudamos, uma comissão de inquérito chefiada por Michael Saddler elaborou um relatório que chocou a opinião pública por suas exposições e conclusões. Em função desse relatório, em 1833, foi criada a FactoryAct. No Brasil, a respeito desse episódio, foram desenvolvidos estudos por Leôncio Martins Rodrigues em sua obra “Conflitos industriais e sindicalismo no Brasil”, Boris Fausto em sua obra “Trabalho urbano e conflito social”, dentre outros. • Em 1850, o nosso Código Comercial Brasileiro, em seu art. 79, demonstrava uma preocupação com os acidentes ocorridos com os agentes do comércio. • Foi o nosso primeiro diploma legal a apresentar um rumo geral sobre acidente do trabalho, quando previu em seus dispositivos a manutenção dos salários por três meses contínuos por acidentes “imprevistos e inculpados”. Nessa época, adotava-se a teoria da culpa. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 013 Essa teoria da culpa era aplicada na Inglaterra no ano de 1837 e no Brasil era adotada antes da lei nº 3.724, de 15/01/1919. Você sabe em que se baseia a teoria da culpa? A teoria da culpa aquiliana, que tem por fundamento a Lex Aquilia (Direito Romano), tratava da reparação dos danos causados às coisas alheias e era também conceituada teoria de culpa delitual. Podemos encontrar alguns registros definindo como teoria extracontratual. Nessa teoria, o dano a ser indenizado dependia da demonstração de culpa, ou seja, havia a necessidade de se estabelecer a prova do dano, quem tinha cometido, se havia nexo entre o dano e a falta. Essa teoria da culpa era aplicada na Inglaterra no ano de 1837 e no Brasil era adotada antes da lei nº 3.724, de 15/01/1919. Assim, no caso de haver um acidente, o ônus da prova era de responsabilidade das vítimas, caso desejassem receber efetivamente as indenizações, tendo por base a culpa do empregador, comprovada a negligência, imprudência ou imperícia do último. Mas, conforme Martins (1999), na prática o acidentado não conseguia provar a culpa do empregador, ficando totalmente desamparado em razão do infortúnio (MARTINS, Sérgio Pinto. Direito da Seguridade Social. 11ed. São Paulo: Atlas, 1999). Em 1919, foi aprovada a primeira lei sobre acidentes do trabalho (decreto legislativo nº 3, de 15 de janeiro de 1919), contudo, sem ser votado o Código do Trabalho, proposto em 1917 ao Congresso. Nesse diploma legal, vigorava a regra da responsabilidade objetiva do empregador, ou seja, responsabilidade sem culpa. Por isso, muitas vezes o empregador firmava contrato de seguro com seguradoras privadas para evitar perdas com indenizações. Em 12 de outubro de 1927, o decreto nº 17.943-A aprova o Código de Menores que ressaltava as seguintes restrições: trabalho para os menores de 12 anos; trabalho noturno para os menores de 18 anos e exercício de emprego para os menores de 14 anos na praça pública. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 014 Essa legislação vetava o trabalho nas minas para os menores de 16 anos e obrigava as empresas a apresentarem a relação de empregados menores de idade. Já em 1932, o decreto nº 22.042 vem e determina as regras quanto ao trabalho do menor na indústria. A idade mínima para a atividade passou a ser 14 anos e havia a obrigatoriedade de alguns documentos para a admissão, tais como: certidão de nascimento (de idade), autorização dos pais ou responsáveis, atestado médico com avaliação de capacidade física e mental, prova para verificar se o menor sabia ler, escrever e contar. Essa legislação vetava o trabalho nas minas para os menores de 16 anos e obrigava as empresas a apresentarem a relação de empregados menores de idade. Para os analfabetos, foi garantida a reserva de tempo para dedicação à escola. Nesse mesmo ano, outro diploma legal merece destaque, pois ainda em 1932 surge a primeira legislação regulando algo referente à proteção ao trabalho da mulher no Brasil: o decreto nº 21.417-A. Dotado de uma concepção protecionista, ele vetava dentre outras coisas: o trabalho noturno das 22 horas às 5 horas; trabalhos executados em subterrâneos, nas minerações em subsolos, nas pedreiras, nas obras de construção; trabalho em serviços insalubres ou perigosos; remoção dos pesos. Em 1934, com o decreto nº 24.637, de 10 de julho, devido à aceleração de todo o processo de industrialização do país, ocorre de forma necessária e tempestiva a ampliação do conceito de acidentes do trabalho, com a inclusão de qualquer doença produzida pelo exercício do trabalho ou em consequência dele. Vale ressaltar que nesse ano ainda era mantida a concepção do risco profissional. Em 1º de maio de 1943, foi baixado o decreto-lei nº 5.452, aprovando a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Em seguida, em 10 de novembro de 1944, foi baixado o decreto nº 7.036, o qual, em seu art. 82, obrigava as empresas a organizarem comissões internas, com representaçãodos empregados, para “estimular o interesse pelas questões de prevenção de acidentes”. Contudo, somente após a portaria nº 155, de 27 de novembro de 1953, SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 015 Com a lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, foi alterado o capítulo V, do título II, da CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. no Governo Vargas, é que se regulamentou a organização e o funcionamento das Comissões Internas de Prevenção de Acidentes, a CIPA. Em 14 de setembro de 1967, na ditadura militar, criou-se a lei nº 5.316, íntegra do seguro de acidente na previdência. Com a portaria nº 3.237, de julho de 1972, estabelece-se a obrigatoriedade dos serviços especializados em segurança, higiene e medicina do trabalho nas empresas, levando em consideração o número de empregados e o grau de risco. Já com a portaria nº 3.460, de 31 de dezembro de 1975, instituíram-se, obrigatoriamente, os serviços de medicina e segurança nas empresas. O art. 162 da CLT fixava as normas gerais. Com a lei nº 6.514, de 22 de dezembro de 1977, foi alterado o capítulo V, do título II, da CLT, relativo à Segurança e Medicina do Trabalho. Esse diploma legal define as atribuições do empregador, responsável pela execução das normas estabelecidas, bem como as do empregado, como fiel cumpridor das regras e instruções indicadas pelo empregador, sem deixar de mencionar as atribuições do Estado como órgão normativo e fiscalizador desse processo. Em 8 de junho de 1978, com a portaria nº 3.214, foram aprovadas as primeiras normas regulamentadoras (NR) do capítulo V da CLT, relativas à Segurança e Medicina do Trabalho. Essas NRs vêm sendo atualizadas e ampliadas, e atualmente já existem 33 delas. Com o decreto nº 7.036, de 1944, temos uma definição mais adequada para acidente do trabalho. Foi mantida a concepção do risco profissional, mas foi ampliada a concepção do risco de autoridade. Para esse decreto a concepção de acidente era mais ampla, ou seja, acidente não era apenas os típicos e as doenças profissionais relacionadas com o trabalho, mas todo evento que tivesse uma estreita relação de causa e efeito, mesmo não sendo o único responsável pelo infortúnio, que poderia se concretizar com a morte, a perda total ou parcial da capacidade laborativa. Foi nesse diploma legal que também foi introduzida a obrigatoriedade SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 016 Esse diploma legal constitui um instrumento precioso para a redução das doenças profissionais e a prevenção de acidentes do trabalho. do empregador em garantir aos seus empregados a máxima segurança e higiene no trabalho. - Em 1966, temos criado oficialmente o FUNDACENTRO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho), que em 1974 se vinculou ao Ministério do Trabalho - MTb. Nessa época, a preocupação com os altos índices de doenças e acidentes do trabalho crescia na sociedade, e consequentemente, no Governo da época. Daí a necessidade desse órgão, que tem o objetivo totalmente focado em estudos e pesquisas sobre a saúde ocupacional e os acidentes do trabalho. - O decreto-lei nº 229, de 28 de fevereiro de 1967, dá um enfoque aos equipamentos de proteção individual em dois dos seus artigos (165 e 166). Em 1971, a SIPAT (Semana de Prevenção de Acidentes do Trabalho) foi instituída pelo decreto nº 68.225 como ação obrigatória na CANPAT (Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho) em caráter permanente. E toda a sua estrutura e organização foi determinada na portaria ministerial 3.233 do mesmo ano. Em 1972, foi publicada a portaria nº 3.237 que regulamenta toda a organização dos serviços de segurança, higiene e medicina do trabalho nas empresas, trazendo uma complementação ao quanto disposto no art. 164 da CLT. Esse diploma legal constitui um instrumento precioso para a redução das doenças profissionais e a prevenção de acidentes do trabalho. Essa portaria também regulamenta o número de profissionais necessário de acordo com o número de empregados e a gradação dos fatores de risco. Com o surgimento da lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976, regulamentada pelo decreto nº 79.037/76, tem-se um novo regime urbano de acidentes do trabalho. A assistência médica, hospitalar, SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 017 Com a edição dessa lei, a legislação de acidente do trabalho foi incorporada à legislação de benefícios da Previdência Social, não mais existindo um diploma legal específico para tratar do tema em questão. odontológica e farmacêutica, bem como o transporte do acidentado e a reabilitação profissional, seriam devidos em caráter obrigatório. • De acordo com esse diploma legal, são segurados da Previdência Social aqueles que exercem atividade remunerada no meio urbano; assim, todos os segurados empregados, o trabalhador temporário, o trabalhador avulso e o presidiário que exerça atividade remunerada. Sempre resguardando o modelo prevencionista brasileiro, em 1978 é baixada a portaria nº 3.214, que já tem estabelecidas 33 NRs (normas regulamentadoras) as quais nos dias de hoje correspondem ao principal instrumento legal de regulamentação das condições laborativas no Brasil. Atualmente existem 36 NRs. Em 1991, veio surgir a lei de benefícios (lei nº 8.213/91) estabelecendo regras para o segurado ter direito aos benefícios da Previdência Social, trazendo mudanças em matéria de acidente do trabalho, doenças profissionais e do trabalho e quanto à forma de indenizar a incapacidade laborativa. Com a edição dessa lei, a legislação de acidente do trabalho foi incorporada à legislação de benefícios da Previdência Social, não mais existindo um diploma legal específico para tratar do tema em questão. Legislação e normas regulamentadoras As normas regulamentadoras (NR) são consideradas uma grande conquista na busca pela prevenção de acidentes e doenças profissionais. As empresas devem se adequar e cumprir as disposições nelas contidas para garantir condições mínimas de saúde e segurança a seus empregados. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 018 . Todo novo estabelecimento precisa de um certificado de aprovação de instalações (CAI). Atualmente são 36 NRs, sendo que cada uma delas apresenta um conteúdo específico. A seguir, a descrição de cada NR (ROSSETE, 2014): NR1: Disposições gerais – Tem sua existência jurídica assegurada, em nível de legislação ordinária, pelos arts. 154 a 159 da CLT, estabelecendo o campo de aplicação de todas as NRs – normas regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho urbano, rural e marítimo. Mostra a forma como estão organizadas as leis, aponta a atribuição das obrigações do empregador e empregado, estabelece a obrigatoriedade da elaboração e informação aos trabalhadores por meio das ordens de serviços de segurança e saúde do trabalho. NR2: Inspeção prévia – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelo art. 160 da CLT. Todo novo estabelecimento precisa de um certificado de aprovação de instalações (CAI). Nesta norma, são apresentadas as regras para a emissão desse documento. NR3: Embargo ou interdição – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelo art. 161 da CLT, o qual estabelece as situações em que as empresas se sujeitam a sofrer paralisação de seus serviços, máquinas e equipamentos, bem como o procedimento a ser observado pela fiscalização trabalhista, na adoção de tais medidas punitivas no tocante à Segurança e Medicina do Trabalho. NR4: Serviço Especializado em Engenhariade Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelo art. 162 da CLT, sendo responsável pelas diligências técnicas de medidas de prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais e, ainda, pela proteção eficaz dos trabalhadores em relação aos riscos porventura existentes no local de trabalho. O SESMT é composto pelos seguintes profissionais: engenheiro de segurança do SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 019 Seu anexo indica os exames de acordo com o agente agressor à saúde do trabalhador. trabalho, médico do trabalho, enfermeiro do trabalho, auxiliar de enfermagem do trabalho e técnico de segurança do trabalho. NR5: Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 163 a 165 da CLT, os quais estabelecem a obrigatoriedade de as empresas públicas ou privadas organizarem e manterem em funcionamento, por estabelecimento, uma comissão constituída exclusivamente por empregados, com o objetivo de prevenir infortúnios laborais, por meio da apresentação de sugestões e recomendações ao empregador para que melhore as condições de trabalho, eliminando as possíveis causas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Determina o dimensionamento, o processo eleitoral, o treinamento e as atribuições dessa comissão. NR6: Equipamentos de proteção individual (EPI) – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 166 e 167 da CLT, fornece os requisitos mínimos para fabricação, utilização e ensaio dos EPIs, bem como as responsabilidades de empregados e empregadores e até mesmo os cuidados com os equipamentos. NR7: Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 168 e169 da CLT, trata de ações que visam a promoção da saúde e prevenção de doenças, além de tornar obrigatórios os exames médicos nas empresas. Seu anexo indica os exames de acordo com o agente agressor à saúde do trabalhador. NR8: Edificações – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 170 a 174 da CLT, estabelece requisitos mínimos observados em edificações que garantem a segurança dos trabalhadores. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 020 Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 187 e 188 da CLT, estabelece requisitos de segurança para o uso de caldeiras e vasos de pressão (compressores, trocadores de calor, entre outros). NR9: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 175 a 178 da CLT, visa a preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, mediante a antecipação, o reconhecimento, a avaliação e o controle dos riscos ambientais; apresenta o conceito de nível de ação. NR10: Segurança em instalações e serviços em eletricidade – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 179 a 181 da CLT, fixa condições mínimas para garantir a segurança dos empregados que trabalham com instalações elétricas; determina o conteúdo básico do treinamento para os trabalhadores que se enquadram a esta norma. NR11: Transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 182 e 183 da CLT, estabelece requisitos para a operação de elevadores, guindastes, transportadores industriais e máquinas transportadoras; indica a necessidade e obrigatoriedade de treinamentos para os operadores. NR12: Segurança no trabalho em máquinas e equipamentos – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 184 a 186 da CLT, estabelece requisitos obrigatórios para garantir a saúde e a integridade física dos trabalhadores e a prevenção de acidentes e doenças do trabalho onde há máquinas e equipamentos. NR13: Caldeiras e vasos de pressão – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 187 e 188 da CLT, estabelece requisitos de segurança para o uso de caldeiras e vasos de pressão (compressores, trocadores de calor, entre outros). SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 021 Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelo art. 187 da CLT, estabelece requisitos mínimos para a construção, instalação e utilização de fornos industriais, visando a segurança e o conforto dos trabalhadores. NR14: Fornos – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelo art. 187 da CLT, estabelece requisitos mínimos para a construção, instalação e utilização de fornos industriais, visando a segurança e o conforto dos trabalhadores. NR15: Atividades e operações insalubres – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 189 a 192 da CLT, fundamenta os limites de tolerância para agentes físicos e químicos, definindo três graus de insalubridade: mínimo, médio e máximo. Determina pagamento de adicional de insalubridade em razão de limites de tolerância e enquadramento de atividades. NR16: Atividades e operações perigosas – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 193 a 197 da CLT, esta norma caracteriza atividades e operações com explosivos e inflamáveis. E determina também o pagamento de adicional de periculosidade. NR17: Ergonomia – Tem sua existência jurídica assegurada, em termos de legislação ordinária, pelos arts. 198 e 199 da CLT, estabelece parâmetros que permitem a adaptação das condições de trabalho às características psicológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar condições de conforto e segurança, além de um desempenho eficiente. NR18: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. I do art. 200 da CLT, que estabelece diretrizes de ordem administrativa de planejamento e organização, que objetivam a implementação de medidas, controles e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Determina a obrigatoriedade da elaboração do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 022 Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc.II do art. 200 da CLT, que estabelece critérios para o depósito, o manuseio e a armazenagem de explosivos. Construção Civil (PCMAT), para estabelecimentos com 20 ou mais trabalhadores. NR19: Explosivos – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. II do art. 200 da CLT, que estabelece critérios para o depósito, o manuseio e a armazenagem de explosivos. NR20: Líquidos combustíveis e inflamáveis – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. II do art. 200 da CLT, que estabelece parâmetros para armazenar, transportar e manusear líquidos combustíveis e inflamáveis. NR21: Trabalho a céu aberto – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. IV do art. 200 da CLT, que estabelece critérios para o trabalho a céu aberto e impõe a existência de abrigos. NR22: Segurança e saúde ocupacional na mineração – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. III do art. 200 e pelos arts. 293 a 301 da CLT, que têm o objetivo de disciplinar o trabalhadornas atividades de minas. NR23: Proteção contra incêndios – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. IV do art. 200 da CLT, que estabelece critérios para a proteção de ambientes contra incêndios, além das características e acessórios de equipamentos e agentes extintores para a proteção ativa contra incêndios. NR24: Condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. VII do art. 200 da CLT, que estabelece cuidados na higiene pessoal e normaliza as instalações sanitárias, banheiros, vestiários, alojamento, cozinhas, refeitórios, entre outros locais de trabalho. NR25: Resíduos industriais – Tem sua existência jurídica assegurada pela parte final do inc. VII do art. 200 da CLT, SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 023 Tem sua existência jurídica assegurada pelo art. 201 da CLT, que estabelece que a fiscalização, embargo, interdição e penalidades serão efetuados obedecendo ao disposto nos decretos-leis. que estabelece requisitos sobre tratamento, destinação e lançamento de resíduos gasosos, líquidos e sólidos. NR26: Sinalização de segurança – Tem sua existência jurídica assegurada pelo inc. VIII do art. 200 da CLT, aborda a utilização de cores para garantir a segurança nos locais de trabalho e a sinalização de substâncias perigosas, além de estabelecer rotulagem preventiva. NR27: Registro profissional do técnico de segurança do trabalho no Ministério do Trabalho e Emprego – MTE– Tem sua existência jurídica assegurada pelo art. 3º da lei nº 7.410/1985, regulamentada pelo art. 7º do decreto nº 92.530/1986, que trata do registro dos técnicos de segurança do trabalho no MTE. NR28: Fiscalização e penalidades – Tem sua existência jurídica assegurada pelo art. 201 da CLT, que estabelece que a fiscalização, embargo, interdição e penalidades serão efetuados obedecendo ao disposto nos decretos-leis. NR29: Segurança e saúde do trabalho portuário – Tem sua existência jurídica assegurada pela medida provisória nº 1.575/1997, do art. 200 da CLT e da convenção OIT nº 152, promulgada pelo decreto nº 99.534/1980, que regula a proteção obrigatória contra doenças profissionais, a fim de facilitar os primeiros socorros a acidentados e alcançar melhores condições possíveis de segurança e saúde aos trabalhadores portuários. NR30: Segurança e saúde no trabalho aquaviário – Aplicada aos trabalhadores das embarcações comerciais, pesca e/ou instalações de apoio. NR31: Segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura – Tem por SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 024 Segurança e saúde em espaços confinados – Apresenta requisitos mínimos para trabalhos realizados em espaços confinados. objetivo estabelecer os preceitos a serem observados na organização e no ambiente de trabalho, de forma a tornar compatíveis o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com segurança, saúde e meio ambiente do trabalho. NR32: Segurança e saúde no trabalho em serviços de saúde – Tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores em estabelecimentos de assistência à saúde; aborda a integração entre PPRA (NR9) e PCMSO (NR7) como norma para os estabelecimentos de saúde. NR33: Segurança e saúde em espaços confinados – Apresenta requisitos mínimos para trabalhos realizados em espaços confinados. NR34: Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção naval – Estabelece requisitos mínimos para trabalhadores nas atividades da indústria da construção naval. NR35: Trabalho em altura – Mostra os requisitos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo planejamento, organização e execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com atividades relacionadas. Aborda os critérios e assuntos que devem ser aplicados em treinamento específico para os trabalhadores em altura. NR36: Segurança e saúde no trabalho em empresas de abate e processamento de carnes e derivados – Estabelece requisitos mínimos para o controle de riscos em atividades de abate e processamento de carnes e derivados. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 025 Toda atividade laboral está sujeita a acidentes de trabalho, sobre os quais vamos conhecer um pouco mais. Portanto, no Brasil a Segurança e Medicina do Trabalho é regulamentada pelas 36 NRs do Ministério do Trabalho e Emprego. Conceituando e classificando os acidentes Toda atividade laboral está sujeita a acidentes de trabalho, sobre os quais vamos conhecer um pouco mais. Conceito legal de acidente de trabalho No que concerne à sua disciplina legal, esse tipo de acidente é regido pela lei de acidentes de trabalho – lei nº 6.367, de 19 de outubro de 1976 - que menciona em seu art. 2º que acidente do trabalho é “todo aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença, que cause morte, perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”. A propósito da conceituação legal do acidente de trabalho, contida na definição transcrita, cabe tecer algumas considerações (SCALDELAI et AL, 2012). Como previsto no art. 2º da lei de acidentes, acidente do trabalho é todo aquele resultante do exercício do trabalho, isto é, cuja ocorrência se verifique na execução do trabalho ou enquanto o empregado é considerado no seu desempenho, ainda que, em certos casos, fora do respectivo lugar e horário. Como citado por Scaldelai et al (2012), no art.2º, § III da citada lei, verifica-se que, entre os acidentes do trabalho a que responde o empregador, estão incluídos todos os danos sofridos pelo empregado no local e durante o trabalho, em consequência de: SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 026 Vimos neste tópico o conceito de acidentes de trabalho de acordo com a lei. • Ato de sabotagem ou de terrorismo praticado por terceiros, inclusive companheiros de trabalho; ofensa física intencional, causada por companheiros de trabalho do empregado, em virtude de disputas relacionadas com o trabalho. • Ato de imprudência ou de negligência de terceiro, inclusive o companheiro de trabalho. • Ato de pessoa privada do uso da razão. • Desabamento, inundação ou incêndio. • Outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior. Vimos neste tópico o conceito de acidentes de trabalho de acordo com a lei. Conceitos básicos sobre consequências do acidente De acordo com Scaldelai et al (2012), os conceitos básicos de acidentes de trabalho são: • Lesão pessoal ou lesão: qualquer dano sofrido pelo organismo humano como consequência de acidente de trabalho. • Natureza da lesão: expressão que identifica a lesão, segundo suas características principais. • Lesão imediata: lesão que se verifica imediatamente após a ocorrência do acidente. • Lesão mediata (tardia): lesão que não se verifica imediatamente após a exposição à fonte da lesão. A lesão mediata que constituir entidade nosológica definida será considerada doença do trabalho (doença profissional). • Morte: cessação da capacidade de trabalho pela perda da vida, independentemente do tempo ocorrido desde a lesão. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 027 A vítima desse tipo de incapacidade é incluída nas estatísticas de acidentados com lesões com perda de tempo.• Lesão com perda de tempo ou incapacitante: lesão pessoal que impede o acidentado de voltar no dia imediato ao do acidente, ou da qual resulte incapacidade permanente. • Lesão sem perda de tempo: lesão pessoal que não impede o acidentado de voltar ao trabalho no dia imediato ao do acidente, desde que não haja incapacidade permanente. Mesmo não provocando morte, incapacidade permanente total ou parcial ou incapacidade temporária total, essa lesão exige primeiros socorros médicos de urgência. • Incapacidade total permanente: lesão que não provoca a morte, mas impossibilita permanentemente o acidentado de exercer ocupação remunerada, ou da qual decorre a perda total dos seguintes elementos: • Ambos os olhos. • Um olho e uma das mãos ou um olho e um pé. • Ambas as mãos ou ambos os pés ou uma das mãos e um pé. • Incapacidade parcial permanente: redução parcial da capacidade de trabalho, em caráter permanente. Essa incapacidade corresponde à lesão que, não provocando morte ou incapacidade permanente total, é causa de perda de qualquer membro ou parte do corpo, perda total do uso desse membro ou parte do corpo, ou qualquer redução permanente de função orgânica. A vítima desse tipo de incapacidade é incluída nas estatísticas de acidentados com lesões com perda de tempo. • Incapacidade temporária total: perda da capacidade de trabalho da qual resulte um ou mais dias perdidos, sem ter causado a morte, a incapacidade permanente parcial e a incapacidade permanente total. Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, a incapacidade temporária será automaticamente considerada permanente, sendo computado o tempo de 360 dias. A incapacidade temporária parcial não causa SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 028 Prejuízo material: prejuízo decorrente de danos materiais e outros ônus, resultantes de acidentes de trabalho. afastamento do acidentado, correspondendo portanto à lesão sem perda de tempo. • Tempo computado: tempo contado em “dias perdidos por incapacidade temporária total” ou “dias debitados por morte ou incapacidade permanente, total ou parcial”. Permanecendo o acidentado afastado de sua atividade por mais de um ano, a capacidade temporária será automaticamente considerada permanente, sendo computado o tempo de 360 dias. • Prejuízo material: prejuízo decorrente de danos materiais e outros ônus, resultantes de acidentes de trabalho. • Agente do acidente ou simplesmente agente: coisa, substância ou ambiente que, sendo inerente à condição de baixo padrão, tenha provocado o acidente. • Fonte da lesão: coisa, substância, energia ou movimento do corpo que provocou diretamente a lesão. A fonte da lesão é aquilo que, em contato com a pessoa, determina a lesão. Pode ser, por exemplo, um dos muitos materiais com características agressivas, uma ferramenta ou a ponta de uma máquina. A lesão e a sede da lesão, isto é, a parte do corpo onde ela se localiza, são os pontos iniciais que identificam o agente da lesão. Convém observar qual a característica do agente que causou a lesão. Alguns agentes são essencialmente agressivos, como ácidos e outros produtos químicos, corrente elétrica, etc. Basta um leve contato para ocorrer a lesão. Outros determinam ferimentos por atritos mais acentuados, por batidas contra a pessoa ou da pessoa contra eles, por pensamento, queda, etc., mas determinam sempre alguma lesão quando entram em contato mais ou menos violento com a pessoa. O mesmo pode ser dito do peso de objetos. O peso em si não constitui agressividade, mas é um fator que, aliado à dureza do objeto, determina ferimentos ao cair sobre as pessoas. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 029 Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves ao trabalhador, inclusive a morte. Riscos das atividades laborais: conceituação, classificação Analisar os riscos ambientais a que os empregados estão expostos nas suas atividades laborais é uma obrigação de todos os empregadores e está estabelecido nas NRs. Riscos ambientais Risco é qualquer variável que pode causar danos ou lesões graves ao trabalhador, inclusive a morte. O exercício da atividade laboral sob condições inseguras existentes no ambiente de trabalho expõe o trabalhador a riscos que podem ser classificados em cinco categorias: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e mecânicos (ou de acidentes). Essa classificação é internacional e segue a simbologia dos riscos ambientais que são empregadas no mapa de risco (NR5 – CIPA): 1. Risco físico (cor verde). 2. Risco químico (cor vermelha). 3. Risco biológico (cor marrom). 4. Risco ergonômico (cor amarela). 5. Risco de acidentes (cor azul). Para efeito da NR 9, item 9.1.5, consideram-se riscos ambientais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 030 A presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente pode oferecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de que eles venham a contrair uma doença. Os riscos ergonômicos são apresentados e discutidos na NR 17. Os riscos mecânicos, entretanto, estão diluídos em diferentes normas regulamentadoras, mas se pode visualizá-los com mais profundidade na NR 18, que trata da construção civil. A presença dos agentes físicos, químicos e biológicos no ambiente pode oferecer riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e gerar uma probabilidade de que eles venham a contrair uma doença. Cada agente de risco tem, no mínimo, uma fonte geradora do risco associada. O espaço existente entre a fonte do risco e o trabalhador é considerado a sua “trajetória”. Qualquer medida planejada para controlar a exposição do trabalhador ao risco estará centrada em, pelo menos, um destes três pontos: na fonte geradora, na trajetória, ou no trabalhador. Conceitos ligados a riscos no trabalho Veremos alguns conceitos ligados a riscos no trabalho: Segurança – “Situação que está livre de risco ou perigo.” Perigo – “Estado ou situação que inspira cuidado e que pode produzir danos.” Fonte de risco – Elemento que, individualmente ou combinado, tem potencial intrínseco para dar origem ao risco. Probabilidade – Chance de algo acontecer (ABNT, 2009). Risco = probabilidade x consequência Classificação dos riscos Como vimos no tópico acima, os riscos são classificados em: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes (ou mecânicos). SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 031 Riscos físicos Segundo Rossete (2014), são os riscos gerados por agentes ambientais que atuam pela transferência de energia. Os riscos físicos a que os trabalhadores estão expostos, são: ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e radiações não ionizantes. Os riscos físicos estão representados na figura a seguir. FIGURA 4 - Risco físico Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Una, 2016. Riscos químicos Consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, ou então aqueles que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. 16,6x 10,3 SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 032 Portanto, o risco químico está associado à exposição a substâncias, compostos ou produtos químicos em diferentes concentraçõesno ambiente. A FIGURA 5 demonstra o risco químico. FIGURA 5 – Risco químico Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Una, 2016. Riscos biológicos Em todos os ambientes e locais existe a presença de micro- organismos causadores de doenças. São considerados agentes biológicos as bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros. Entretanto, devido à dificuldade de monitoramento e de avaliação, dificilmente se foca o trabalho de prevenção nos agentes, mas sim nas atividades que potencialmente expõem os trabalhadores à ação nociva de micro-organismos. O risco biológico está associado à exposição a locais, substâncias, compostos ou produtos com a presença de micro-organismos patogênicos em geral. A FIGURA 6 demonstra o risco biológico. 16,6x 10,3 SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 033 FIGURA 6- Risco biológico Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Una, 2016. Riscos ergonômicos Estes riscos são contrários às técnicas de ergonomia, que exigem que os ambientes de trabalho se adaptem ao homem, proporcionando bem-estar físico e psicológico. Os riscos ergonômicos estão ligados também a fatores externos (do ambiente) e internos (do plano emocional), em síntese, quando há disfunção entre o indivíduo e seu posto de trabalho. 16,6x 10,3 SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 034 Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem na realização do trabalho são: queda, choque elétrico, soterramento, choque mecânico, cortes e perfurações, queimaduras, animais peçonhentos, acidentes de trânsito, incêndio e explosão. FIGURA 7- Risco ergonômico Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Una, 2016. Riscos mecânicos ou riscos de acidentes Os tipos de acidentes mais comuns que ocorrem na realização do trabalho são: queda, choque elétrico, soterramento, choque mecânico, cortes e perfurações, queimaduras, animais peçonhentos, acidentes de trânsito, incêndio e explosão. A FIGURA 8 demonstra o risco mecânico de acidentes. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 035 FIGURA 8 - Risco mecânico ou de acidentes Fonte: Núcleo de Educação a Distância (NEaD), Una, 2016. Portanto, nesta unidade conhecemos a evolução da saúde e segurança do trabalho no Brasil e no mundo e a sua importância. Conhecemos as legislações e as normas regulamentadoras que regem as atividades relacionadas com saúde e segurança do trabalhador. Conceituamos os acidentes de trabalho e os riscos ambientais a que os trabalhadores estão sujeitos. Entendemos que a segurança do trabalho é um conjunto de medidas que devem ser adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. Doenças ocupacionais A Pesquisa Nacional de Saúde trouxe dados sobre os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT). Do total de pessoas estimadas pela PNS, 3.568.095 (2,29%) referiram ter esse diagnóstico dado por médico, sendo que das mulheres entrevistadas foram 3,3% e dos homens 1,5%. Em relação ao nível de instrução, dentre os entrevistados com nível superior 3,8% referiram ter DORT, daqueles com nível médio SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 036 completo ou superior incompleto foram 2,7%, dos que tinham fundamental completo ou nível médio incompleto foram 1,9% e dos que não tinham instrução ou tinham fundamental incompleto foram 2,0%. Com relação às limitações das atividades diárias causadas pela DORT, como dificuldades em trabalhar, ir ao trabalho, realizar afazeres domésticos e de autocuidado, como se vestir e tomar banho, quase 16% dos entrevistados referiram que elas eram intensas ou muito intensas. Observa-se ainda que menos da metade dos entrevistados (41,84%) afirmou que não houve limitação nas atividades diárias. TABELA 1 -Grau de limitação de atividades diárias devido a DORT Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio (PNAD). 2013. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov. br/bda/tabela/protabl.asp?c=1878&z=pnad&o=3&i=P>. Acesso em: 15 jun. 2015. Citado por Maia et al [s.d.] A PNS também investigou sobre processos terapêuticos e de reabilitação, para o que se observou que 906.363, o que equivale a 25,40% dos entrevistados, realizam ou realizaram algum tipo de exercício e/ou fisioterapia para minimizar os efeitos da LER/DORT, e quase 35% (1.247.300) deles usaram ou fazem uso de tratamento com injeções ou medicamentos pelos mesmos problemas. Comentários Qualquer comparação entre bases de dados com diferenças significativas deve ser feita com a cautela necessária. A PNS abrangeu toda a população trabalhadora com 18 anos ou mais, incluindo empregados e empregadores, do mercado formal e informal, servidores públicos, militares e empregados domésticos, entre outros. Os dados da AEPS abrangem acidentes e doenças de trabalhadores apenas do mercado formal, com 16 anos ou mais, com vínculo empregatício regido pela CLT e segurados do Seguro de Acidentes do SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 037 Trabalho. Os dados obtidos pela PNS são referidos por entrevistados, que tenham tido pelo menos um acidente e/ou doença ocupacional no ano de 2013, enquanto os dados da AEPS são de acidentes e doenças ocupacionais registrados pela Previdência Social. Os acidentes registrados pela Previdência Social incluem os de trânsito, que não foram considerados na PNS. Feitas essas ressalvas, é possível vislumbrar a dimensão dos acidentes no país. Em 2013, a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD- IBGE) estimou no Brasil 103 milhões de pessoas economicamente ativas, 97 milhões de pessoas ocupadas e, desses, 59 milhões contribuindo para a Previdência Social. Já na Previdência Social, o número médio de vínculos em 2013 era de 42.857.802 conforme seu anuário estatístico (AEPS). Considerando, por exemplo, que a metade dos acidentes referidos na PNS é de população segurada, ou seja, do total dos 4.948.000, que pelo menos 2.474.000 seriam trabalhadores formais e segurados. Tem-se ainda a alta razão de 3,45, em termos percentuais de 245%, a mais de acidentes referidos do que os registrados na Previdência Social. É importante observar o registro dos dados segundo a Unidade da Federação, pois se percebem as discrepâncias entre as regiões Nordeste e Norte e o Sul e Sudeste. Enquanto São Paulo (263%), Espírito Santo (360%), Santa Catarina (370%) e Rio Grande do Sul (393%) apresentaram as mais baixas razões, Maranhão, seguido por Pará (2.525%), Tocantins (2.279%) e Roraima (1.663%), apresentou a impressionante razão de 39,3, ou seja, 3.833% de acidentes referidos. Observe-se que as Unidades da Federação das regiões Norte e Nordeste têm menos pessoas trabalhando com carteira assinada e são as que exibem a maior diferença entre os dados da PNS e da Previdência. Isso é o que observamos nos dados da PNAD 2013, conforme a tabela 2, que apresenta o número de pessoas com 10 anos ou mais de idade ocupadas e com carteira assinada e o ranking das Unidades da Federação de acordo com a respectiva taxa de formalização de emprego (possuir carteira de trabalho assinada). SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 038 TABELA 2 - Pessoas com 10 anos ou mais de idade ocupadas e com carteira assinada e sua classificação, em ordem decrescente segundo o número de carteiras assinadas, por mil pessoas ocupadas Fonte: PNAD, 2013. Ainda assim, é importante notar que mesmo nas Unidades da Federação com maior taxa de formalização a razão entre os dados das duas pesquisas é muito alta. Os acidentes de trajeto foram os que apresentaram a maior razão, quase 13vezes, o que pode indicar a ausência da classificação dos acidentes de trânsito em “acidentes de trajeto” na Previdência Social. Outro ponto de grande destaque são as 3.568.095 pessoas que tiveram o diagnóstico de DORT, mas infelizmente na PNS não há referência sobre em qual ano essas pessoas receberam tal diagnóstico, o que torna impossível SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 039 a comparação com os dados da base da Previdência. Por fim, cumpre notar que a razão inverte de tendência ao analisar os dados referentes às pessoas que tiveram sequelas, sejam temporárias ou permanentes, quando finalmente os números das duas fontes se aproximaram, com a razão igual a 0,98, bem próxima de 1,0. Apesar das diferenças apontadas acima, saudamos a Pesquisa Nacional de Saúde por considerarmos importante que o país disponha de outra fonte censitária de informações sobre os acidentes de trabalho, especialmente de uma que abranja nacionalmente a população informal, além daquela formalmente inserida no mercado de trabalho. Quiçá as questões relacionadas aos acidentes de trabalho possam ser replicadas - e aprofundadas - dentro da periodicidade proposta para a PNS (quinquenal). Fonte: Boletim Fundacentro. Acidentes de trabalho no Brasil em 2013: comparação entre dados selecionados da Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE (PNS) e do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS) do Ministério da Previdência Social. Equipe técnica: André Luís Santiago Maia; Cezar Akiyoshi Saito; Juliana Andrade Oliveira; Marco Antônio Bussacos; Maria Maeno; Ricardo Luiz Lorenzi; Sergio Antônio dos Santos. Revisão Nesta unidade, você teve a oportunidade de conhecer a evolução da saúde e segurança do trabalho. As questões relacionadas à prevenção de riscos contra os trabalhadores em seus postos de trabalho estão cada vez mais relevantes. Esses estudos se iniciaram há mais de 500 anos, quando os primeiros temas abordados eram as atividades de mineração, fundição de ouro, exposição a produtos químicos. Nessa época não havia as mínimas condições de trabalho aos operários, muitos com idades abaixo dos dez anos, já que a preocupação dos empregadores era apenas a de produzir a qualquer custo. A partir da Primeira Guerra Mundial, a sociedade começou a se preocupar com essas questões: os empregadores passaram a compreender que havia uma forma de colaborar para o bem-estar dos funcionários e manter o ritmo de produção ou até mesmo aumentá-lo. No Brasil, a partir da Constituição Federal de 1988, da SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 1 040 criação do MTE e por meio da CLT, houve um enorme esforço para a criação das NRs que pudessem prevenir, minimizar, controlar e até mesmo eliminar possíveis riscos a que os trabalhadores estavam expostos durante suas atividades laborais. Atualmente, são 36 NRs que abordam temas específicos relacionadas à segurança e saúde dos trabalhadores. Os riscos ambientais foram abordados, bem como uma breve descrição de cada um. • Fundacentro. Disponível em: <http://fundacentro.gov.br/> • Ministério do Trabalho e Emprego. Disponível em: <http://mte. gov.br/>. • Organização Internacional do Trabalho. Disponível em: <http:// www.ilo.org/brasilia/lang--pt/index.htm>. • OSHA – Occupational Safety & Health Administration– Disponível em: <https://www.osha.gov/>. Prevenção de riscos e segurança no trabalho • Prevenção dos riscos ambientais nas atividades laborais • Programas de Segurança e Saúde do Trabalho (PSST) • Revisão Introdução A cada ano, 270 milhões de pessoas de todo o mundo são vítimas de lesões laborais e mortes. Segundo estimativas de um informe recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), cada ano se registram em todo o mundo cerca de 2 milhões de falecimentos por motivos laborais. O custo social e econômico para o empregador, assim como para os indivíduos, é considerável (ALLI, 2008). Os acidentes e lesões laborais são causados em todos os casos por fatores previsíveis, que podiam ser eliminados mediante a aplicação de medidas e métodos já existentes. Muitos países industriais têm sistemas amplos e completos de gestão da higiene e segurança no trabalho, o que se torna visível na redução sistemática das taxas de acidentes. Uma proporção crescente das lesões profissionais ocorridas em todo o mundo se concentra nos países em desenvolvimento. Por exemplo, o trabalhador de uma fábrica do Paquistão tem uma probabilidade oito vezes maior de morrer no trabalho que um trabalhador semelhante na França. O grau de proteção frente aos perigos laborais varia não somente em função da nação, mas também do setor econômico e do tamanho da empresa. As taxas mais elevadas desses tipos de acidentes têm lugar na agricultura, na sivilcultura, na mineração e na construção e, em geral, a segurança é menor nas empresas pequenas do que em empresas maiores (ALLI, 2008). Os custos econômicos dessas lesões e falecimentos são imensos, e afetam as pessoas, as empresas, as nações e, no geral, a todo o mundo. Tendo em conta as indenizações, o tempo de trabalho perdido, a interrupção da produção, a capacitação e a demanda judicial profissional, os gastos médicos, etc., estima-se que essas perdas/danos representam aproximadamente 4% do Produto Nacional Bruto (PNB) mundial cada ano. Nada está completamente livre dos riscos e acidentes laborais. Além das medidas e métodos tradicionais disponíveis para proteger os trabalhadores, os bons sistemas de segurança e saúde no trabalho são os que atualizam constantemente seus mecanismos para avaliar quantos aos novos riscos e perigos que aparecem no local de trabalho. Desde o século passado, o âmbito direção e magnitude da segurança e saúde do trabalho tem evoluído de forma significativa no plano nacional e internacional (ALLI, 2008). No Brasil, além da regulação, das normas e guias de boas práticas, são utilizados inspeções, penalidades, treinamentos e cursos que promovem o aprimoramento do desempenho das empresas na prática de proteção dos trabalhadores. O Ministério do Trabalho e Emprego exige que todas as empresas, com pelo menos um trabalhador regido pela CLT, avaliem regularmente os riscos do ambiente de trabalho e a saúde de seus trabalhadores, sendo que os resultados dessas avaliações devem subsidiar os programas de prevenção. Os dois programas obrigatórios para empresas são o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) (NR-9) e o Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional (PCMSO) (NR-7). SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 044 As doenças e os acidentes ocupacionais representam uma carga para os trabalhadores, as empresas, os serviços de saúde e a seguridade social. Prevenção dos riscos ambientais nas atividades laborais As doenças e os acidentes ocupacionais representam uma carga para os trabalhadores, as empresas, os serviços de saúde e a seguridade social. Os programas de intervenção para o enfrentamento desse problema se baseiam, em geral, em modelos de vigilância da saúde e da segurança aplicados com diversas estratégias (Chaves et al, 2009). Conforme Miranda (2004), a legislação brasileira que trata da segurança e da saúde no trabalho passou a adotar um novo enfoque ao estabelecer a obrigatoriedade das empresas elaborarem e implementarem dois programas: um ambiental, o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), e outro médico, o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Adotando como paradigma a Convenção 161/85 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a legislação brasileira específica passou a consideraras questões incidentes não somente sobre o indivíduo, mas também sobre a coletividade de trabalhadores, promovendo uma ampliação do conceito restrito de “medicina do trabalho”. Miranda (2004) ressalta que, apesar de o Brasil ter ratificado, em 1991, a Convenção 161 da OIT, até 1994, as Normas Regulamentadoras (NR) caracterizavam-se ainda por um enfoque essencialmente “individualista”. As NR-7 e 9 intitulavam - se, respectivamente, Exames Médicos e Riscos Ambientais, ou seja, a ênfase era, isoladamente, ora para o corpo do trabalhador, ora para a avaliação quantitativa de um certo risco ambiental. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 045 As novas normas, preocupadas agora com a saúde do conjunto dos trabalhadores, privilegiaram o instrumental clínico epidemiológico na abordagem da relação saúde/trabalho e introduziram a questão da valorização da participação dos trabalhadores, e do controle social. Os programas de segurança, sob um conjunto de normas, têm a finalidade de prevenir, controlar e aplicar ao trabalho, pessoas, máquinas, materiais, processos e equipamentos as diretrizes necessárias à Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Sua implantação assegura as empresas, visando ao estabelecimento de práticas e procedimentos de segurança nas áreas administrativas, técnicas, operacionais e até mesmo educativas, conforme estabelecem as NR. Todos os programas devem levar em conta não apenas as questões técnicas das NR, mas também a abordagem dos sistemas de gestão existentes nas empresas. O MTE informa que as NR são requisitos mínimos que a empresa deve seguir – em SST o mínimo, ás vezes, não é suficiente, daí a importância de tais programas. PPRA - Programa de prevenção de riscos ambientais O PPRA, cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR-9 da Portaria 3.214/78, apesar de seu caráter multidisciplinar, é considerado essencialmente um programa de higiene ocupacional. Estabelece, a todos os empregadores e instituições, a obrigação de promover ações com objetivo de preservar a saúde e a integridade dos trabalhadores por meio do reconhecimento, antecipação, avaliação e consequente controle da ocorrência de riscos ambientais existentes, ou que venham a existir no ambiente de trabalho, levando em consideração a proteção do meio ambiente e dos recursos naturais. É parte integrante de um conjunto mais amplo de iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e O PPRA, cuja obrigatoriedade foi estabelecida pela NR-9 da Portaria 3.214/78, apesar de seu caráter multidisciplinar, é considerado essencialmente um programa de higiene ocupacional. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 046 da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO). Todas as empresas, independentemente do número de empregados ou do grau de risco de suas atividades, estão obrigadas a elaborar e implementar o PPRA, que tem como objetivo a prevenção e o controle da exposição ocupacional aos riscos ambientais. Isto é, a prevenção e o controle dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho. A NR- 9 detalha as etapas a serem cumpridas no desenvolvimento do programa, os itens que compõem a etapa do reconhecimento dos riscos, os limites de tolerância adotados na etapa de avaliação e os conceitos que envolvem as medidas de controle. A norma estabelece ainda a obrigatoriedade da existência de um cronograma que indique claramente os prazos para o desenvolvimento das diversas etapas e para o cumprimento das metas estabelecidas. Um aspecto importante desse programa é que ele pode ser elaborado dentro dos conceitos mais modernos de gerenciamento e gestão, em que o empregador tem autonomia suficiente para, com responsabilidade, adotar um conjunto de medidas e ações que considere necessárias para garantir a saúde e a integridade física dos seus trabalhadores. A elaboração, implementação e avaliação do PPRA podem ser feitas por qualquer pessoa, ou equipe de pessoas que, a critério do empregador, sejam capazes de desenvolver o disposto na norma. Além disso, cabe à própria empresa estabelecer as estratégias e as metodologias que serão utilizadas para o desenvolvimento das ações, bem como a forma de registro, manutenção e divulgação dos dados gerados no desenvolvimento do programa. As ações do PPRA devem ser desenvolvidas no âmbito de cada estabelecimento da empresa. Sua abrangência e profundidade A prevenção e o controle dos riscos químicos, físicos e biológicos presentes nos locais de trabalho. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 047 dependem das características dos riscos existentes no local de trabalho e das respectivas necessidades de controle. A NR-9 estabelece as diretrizes gerais e os parâmetros mínimos a serem observados na execução do programa. Porém os mesmos podem ser ampliados mediante negociação coletiva de trabalho. Procurando garantir a efetiva implementação do PPRA, a norma estabelece que a empresa deve adotar mecanismos de avaliação que permitam verificar o cumprimento das etapas, das ações e das metas previstas. Além disso, a NR-9 prevê algum tipo de controle social, garantindo aos trabalhadores o direito à informação e à participação no planejamento e no acompanhamento da execução do programa. Riscos ambientais são os agentes físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes/mecânicos. Os riscos ambientais abordados na NR9 são os agentes físicos, químicos e biológicos. 1 - Os agentes físicos decorrem de processos e equipamentos: • Ruído e vibrações • Pressões anormais em relação à pressão atmosférica • Temperaturas extremas (altas e baixas) • Radiações ionizantes e radiações não ionizantes 2 - Os agentes químicos são oriundos da manipulação e processamento de matérias-primas e insumos: • Poeiras e fumos • Névoas e neblinas • Gases e vapores A NR-9 estabelece as diretrizes gerais e os parâmetros mínimos a serem observados na execução do programa. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 048 3 - Os agentes biológicos são oriundos da manipulação, transformação e modificação de seres vivos microscópicos, dentre eles: • Genes, bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus e outros. Para a elaboração e implementação do PPRA, deve ser levado em consideração o planejamento das seguintes etapas: • Antecipação e reconhecimento dos riscos • Estabelecimento de prioridades e metas de avaliação e controle • Avaliação dos riscos e da exposição dos trabalhadores • Implantação de medidas de controle e avaliação de sua eficácia • Monitoramento da exposição aos riscos • Registro e divulgação dos dados O PPRA é um programa de ação contínua e não é considerado um documento para fins de fiscalização. Trata-se um documento- base que pode ser gerado a partir de sua elaboração e as ações deste programa podem ser solicitadas pelo fiscal. Caso a empresa possua o documento-base e não existam evidências de que o PPRA esteja sendo praticado, o fiscal entenderá que o programa não foi elaborado. PCMSO - Programa de Controle e Saúde Médica Ocupacional (PCMSO) – NR7 O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) é regulamentado pela NR7, Portaria 3.214/78. Estabelece o controle de saúde físico e mental do trabalhador a partir da avaliação de suas atividades. Todas as empresas, independente do número de O PPRA é um programa de ação contínua e não é considerado um documento para fins de fiscalização. SEGURANÇA NO TRABALHO unidade 2 049 empregados ou do
Compartilhar