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07/05/2014 1 Noções Básicas de Conforto Térmico “O conforto térmico é um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico que envolve a pessoa” (ASHRAE*, 1993) *American Society of Heating Refrigerating and Air Conditioning Engineers. O conforto Térmico é subjetivo e depende do metabolismo e da sensibilidade de cada indivíduo! O Equilíbrio Térmico com o ambiente determina o conforto térmico. O ganho e as perdas de calor entre o ambiente e o homem devem ser teoricamente iguais! Quando não há equilíbrio térmico com o ambiente os mecanismo termorreguladores do corpo são ativados: vasoconstrição periférica no caso do frio – vasos capilares se contraem para diminuir a temperatura da pele, enquanto que os mais próximos aos órgãos internos se dilatam, para que as perdas de calor para o meio diminua. vasodilatação periférica no caso do calor –os vasos capilares se dilatam e aumentam o fluxo sanguíneo e consequentemente a temperatura da pele para que as perdas de calor para o meio se intensifiquem. Fanger (estudou as variáveis subjetivas para determinadas condições ambientais) Criou o Voto Médio Estimado, que consiste num valor numérico que traduz a sensibilidade ao frio ou ao calor e implementou o conceito de porcentagem estimada de pessoas insatisfeitas. Porcentagem de Insatisfeitos em função do PMV Fonte: Lamberts, Dutra, Pereira, 1997) Este método de avaliação do conforto térmico é adotado pela norma ISO 7730 (1994) * que avalia o Conforto Térmico. A ISO 7730 (1984) estabelece as condições de conforto térmico para determinações de índices e especificações do PPD e PMV . Determinantes do conforto térmico: Atividades Físicas: determinam o calor gerado pelo metabolismo do corpo; Vestimenta: determina a resistência térmica da roupa; Variáveis Ambientais: englobam as variáveis climáticas e características específicas de cada local. Atividades Físicas As taxas de metabolismo são propostas pela ISO 7730(1994)*. Atividade Físicas e Metabolismo (W) Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997. *ISO – International Organization for Standardization. Vestimentas A ISO1 7730 (1994) determina valores de isolamento térmico para peças de roupa *clo= unidade de medida da resistência térmica da roupa (nomemclatura que vem do inglês – clothing). *ISO – International Organization for Standardization. 2 Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997. Variáveis Ambientais (determinam o microclima1 dentro e fora das edificações) Níveis de radiação solar direta e difusa (W/m2) Movimentação do ar (coeficientes de convecção2- W/m2oC ou W/m2K) Níveis de Umidade (%) Temperatura (K ou oC) Áreas Verdes - sombreamentos Áreas Construídas e seus Materiais Máquinas e equipamentos (W) 1 Microclima – conceito que expressa as variáveis climáticas e particularidades de um determinado local/edifício. 2 Os coeficientes de convecção englobam a velocidade dos ventos e a redução das temperaturas em superfícies . Valores de temperatura e umidade recomendados Temperaturas de Bulbo Seco e Umidade relativa recomendados pela NBR 6401/1980 Fonte: Ruas, 2001 OBS. A NBR 6401(1980) estabelece os parâmetros para projeto de instalações de ar condicionado para conforto. Arquitetura Bioclimática (HOMEM – CLIMA – ARQUITETURA -SUSTENTABILIDADE) Busca tirar proveito dos recursos naturais existentes , por meio de seus próprios elementos, das condições favoráveis do clima, com o objetivo de satisfazer as exigências de conforto térmico do homem. A Arquitetura Bioclimática busca tirar o mínimo possível do ambiente e rejeitar o mínimo possível para o ambiente. Tem como partidos projetivos a sustentabilidade energética das edificações e o conforto térmico. FONTE: CAMOUS E WATSON, 1986. RESUMO DOS PRINCÍPIOS DA CONCEPÇÃO BIOCLIMÁTICA Cartas Psicrométricas Psicrometria é o estudo das propriedades do ar, tais como temperatura, umidade e ponto de orvalho Olgyay e Givoni desenvolveram estudos entre os elementos do clima e do conforto utilizando o diagrama psicrométrico e estabeleceram estratégias a serem adotadas para determinadas condições climáticas. Temperatura de bulbo seco U m id a d e r e la ti v a d o a r G ra m a d e á g u a p o r q u ilo d e a r se c o A - Zona de aquecimento artificial B – Zona de aquecimento solar da edificação C – Zona de massa térmica para aquecimento D – zona de conforto térmico (baixa umidade) E – Zona de Conforto Térmico F – Zona de desumidificação (renovação do ar) G + H – Zona de resfriamento evaporativo H + I – Zona de massa térmica de refrigeração I + J – Zona de Ventilação K – Zona de refrigeração artificial L – Zona de umidificação do ar Carta bioclimática para o Brasil Fonte: Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social, 1998. ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS V- Ventilação RE – Resfriamento Evaporativo U - Umidificação MR - Massa Térmica para resfriamento MA – Massa Térmica para aquecimento AS – Aquecimento Solar Passivo AC – Ar condicionado AA – Aquecimento Artificial Cartas Bioclimáticas com estratégias para Curitiba e Natal. Carta Bioclimática de Curitiba Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Carta Bioclimática de Curitiba Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 U m id a d e r e la ti v a d o a r U m id a d e r e la ti v a d o a r Temperatura de bulbo seco Temperatura de bulbo seco Estratérias Bioclimáticas para Curitiba Estratérias Bioclimáticas para Natal 10% 30% 10% 50% 0 10 20 30 40 50 30% 50% 70% 0 10 20 30 40 50 Ventilação Função: Resfriar superfícies das edificações e promover a retirada da umidade do corpo facilitando as trocas térmicas entre o usuário e o ser entorno através da convecção. Fatores fixos que determinam a ventilação natural: 1. Forma e características construtivas do edifício; 2. Posicionamento geográfico dos edifícios e espaços abertos vizinhos; 3. Posição tamanho e tipo das aberturas. Fatores variáveis que determinam a ventilação natural: 1. Direção, velocidade e frequência do vento; 2. Diferenças de temperaturas de espaços exteriores e interiores. Fonte: Mascaró, 1985 Fonte: Mascaró, 1985 RESFRIAMENTO EVAPORATIVO E UMIDIFICAÇÃO Função: retirar calor calor do ar pela evaporação de água ou evapotranspiração das plantas e aumentar os níveis de umidade do ar. 1. Empregar o paisagismo como estratégia para redução das temperaturas do ar nas proximidades do edifício. A vegetação utiliza o calor no processo da fotossíntese e outra parte para evaporar água (figura 1). 2. Aumentar umidade no entorno do edifício molhando áreas pavimentadas (figura 2). 3. Umidificar o ar através da evaporação de água de fontes e espelhos d`água (figura 3). 1 2 3 Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 MASSA TÉRMICA Função: a massa térmica pode ser utilizada para aquecer ou resfriar a edificação, dependendo do clima local onde se situem as zonas referidas. Os fechamentos absorvem calor tanto do exterior quanto do interior das edificações. A capacidade que cada material tem de armazenar este calor de um extremo ao outro , é denominada massa térmica. Os materiaismais espessos tendem a armazenar calor durante o dia e descartá-lo durante a noite quando as temperaturas são mais amenas. Massa térmica para aquecimento: utilizar fechamentos opacos mais espessos e diminuir áreas das aberturas orientando-as para o sol. Massa térmica para resfriamento – utilizar fechamentos opacos mais espessos e diminuir as áreas das aberturas, evitando a insolação direta. Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Aquecimento solar passivo Função: consiste em utilizar a radiação solar direta ou indireta para o aquecimento dos ambientes internos Ganho Direto: possibilita o acesso da radiação solar diretamente ao interior da edificação, através de elementos zenitais (domus ou clarabóias) ou elementos laterais (janelas – ex: bay window ou paredes transparentes) gerando-se o efeito estufa. Ganho Indireto: possibilita o acesso da radiação solar a áreas adjacentes da construção, tais como jardins de inverno ou paredes de acumulação, com elevada massa térmica, que captam a radiação distribuindo-a indiretamente a ambientes internos. Ganho Indireto Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Ganho Direto Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Aquecimento artificial ou ar condicionado Função: quando não se consegue atingir as condições de conforto térmico utilizando os recursos naturais ou técnicas construtivas passivas é necessário recorrer a sistemas artificiais. Premissas Básicas para projetos: 1. Garantir a estanqueidade dos ambientes evitando a infiltração do ar exterior 2. Avaliar a eficiência energética dos aparelhos. 3. Prever isolamento térmico dos fechamentos da edificação – utilizar materiais mais compatíveis. EX; vidro duplo para fechamentos transparentes, materiais com baixa condutividade térmica, etc. O Conforto Térmico e a economia de energia Sempre que o homem não consegue obter conforto naturalmente ele recorre a sistemas de refrigeração artificiais. A radiação solar influência diretamente o conforto térmico nas edificações, o consumo de energia nos edifícios e o clima nas área urbanas. Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Estratégias Construtivas para aumentar a eficiência energética e o conforto térmico dos edifícios 1. ORIENTAÇÃO E FORMA DA EDIFICAÇÃO: A orientação e a forma dos edifícios influem sensivelmente na quantidade calor por ele recebida, implica em menores consumos de energia e está associada à latitude do local onde se implanta o edifício (Mascaró, 1985). C a rg a t é rm ic a Orientação solar 2. Posicionamento e forma das aberturas Deve favorecer a utilização da luz natural e propiciar o controle da radiação solar. O uso de proteções solares é um recurso importante para reduzir ganhos térmicos (Lamberts, 1997). Proteções podem ser: internas, cortinas, persianas, etc., porém não evitam o efeito estufa externas: brises, platibandas , porém devem favorecer a penetração de luz natural desde que bloqueie a entrada de radiação solar direta Estratégias Construtivas para aumentar a eficiência energética e o conforto térmico dos edifícios Variáveis das Aberturas Fonte: Lamberts, Pereira, Dutra, 1997 Estratégias Construtivas para aumentar a eficiência energética e o conforto térmico dos edifícios. 3. Controle da radiação solar pela vegetação – paisagismo integrado ao projeto. A utilização da vegetação, integrada ao espaço construído, pode atuar de maneira determinante nas questões que remetem à incidência direta da radiação solar e economia de energia, tanto na escala do edifício quanto na escala urbana. Fonte: Mascaró, 1985 Estratégias Construtivas para aumentar a eficiência energética e o conforto térmico dos edifícios 4. Utilizar materiais opacos com albedo (refletância) e emissividade adequados ao clima. Os materiais com elevado albedo ou refletância e emissividade tendem a manter-se mais frios quando expostos a radiação solar, reduzindo assim o ganho de calor por superfícies opacas Os materiais com baixo albedo e emissividade tendem a manter-se mais quentes quando expostos a radiação solar, aumentando os ganhos de calor em superfícies opacas. Fonte: Mascaró, 1985 Fonte: Mascaró, 1985 Estratégias Construtivas para aumentar a eficiência energética e o conforto térmico dos edifícios Controlar a entrada de radiação solar direta em edifícios utilizando fechamentos transparentes com maior eficiência espectral – principalmente em climas quentes ou controlando a entrada da radiação solar direta sem prejudicar a iluminação natural. Curva de Transmissão do vidro ideal Proteções solares - Brise Proteção solar – Bandeja de Luz Fonte: Lamberts, Pereira e Dutra, 1997. Fonte: Assis, Labaki, 1995. O Conforto Térmico e as Ilhas de Calor Urbanas A remoção de vegetação nos centros urbanos, responsável pela redução das áreas sombreadas e do resfriamento evaporativo, e a utilização de superfícies pavimentadas e escuras como o asfalto ou coberturas de edificações com alta absorção da radiação solar, contribuem para o aumento das emissões de radiação térmica (onda longa) para o ar. O aumento das temperaturas urbanas tem sério impacto na demanda de energia para condicionamento de ar e nos índices de poluição atmosférica. Figura 5: Temperatura das Ilhas de calor Fonte: http://eetd.lbl.gov/heatisland, traduzido Dependendo de sua localização geográfica e clima predominante, podem beneficiar ou prejudicar o habitante urbano e o uso de energia (Taha, 1997). As ilhas de calor não são apenas desconfortáveis, elas causam poluição atmosférica, que é causada por reações fotoquímicas no ar, que ocorrem principalmente em função do aumento de temperatura. Estratégias para minimizar as ilhas de Calor Urbanas: reduzir as temperaturas das superfícies urbanas 1. Ampliar as áreas verdes e sombreadas 2. Utilizar materiais com elevado albedo* (refletância) e emissividade. *Albedo é a refletância de um dado sistema a radiação solar Vegetação e Temperaturas das Superficiais Fonte: Mascaró, Mascaró, 2002. Referências Bibliográficas • AMERICAN SOCIETY OR HEAING REFRIGERATING AND AIR CONDITIONIG ENGINEERS. Handbook of fundamentals. New York, 1993. • ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de Janeiro. NBR 6401; instalações centrais de ar condicionado para conforto´- parâmetros básicos de projeto. Rio de Janeiro,1980. 21p. • BRASIL. Comitê Brasileiro de Construção Civil. Desempenho térmico de edificações – Parte 3: Zoneamento Bioclimático Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social: projeto de norma 1998. • GIVONI, B. Man, Climate and Architecture. Londres: Elsevier, 1976. • INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, ISO 7730; moderate thermal environments-determination of the PMV and PPD indices anda specification of the conditions for thermal confort. Geneva, 1994. • Lawrence Berkeley National Laboratory. California. Projeto Ilhas de Calor. Disponível em: < http://eetd.lbl.gov/HeatIsland >. Acesso em: 12 de set. 2002. • LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, R. O. R. Eficiência Energética naArquitetura. São Paulo: PW, 1997. 192p. • MASCARÓ, L. R. Energia na Edificação: estratégia para minimizar o consumo. São Paulo: Parma, 1995. • Olgyay, V. Design with climate – bioclimatic approach to rchitectural reginalism. New Jersey: Princeton University Press, 1973. • RUAS, A. C. Avaliação de conforto térmico. São Paulo: Fundacentro, 2001. 78p.
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