Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MONITORIZAÇÃO HEMODINÂMICA ENFERMEIRO ESP. UTI LINO EDUARDO FARAH Aracaju, 30/08/2016 Definição A monitorização de funções vitais é uma das mais importantes e essenciais ferramentas no manuseio de pacientes críticos na UTI. Hoje é possível detectar e analisar uma grande variedade de sinais fisiológicos através de diferentes técnicas, invasivas e não-invasivas. O intensivista deve ser capaz de selecionar e executar o método de monitorização mais apropriado de acordo com as necessidades individuais do paciente, considerando a relação risco-benefício da técnica. No primeiro caso, a monitorização procura responder perguntas simples como: qual o tipo de alteração hemodinâmica está presente neste paciente? Hipovolemia, disfunção cardíaca, choque distributivo (sepse) ou obstrutivo (embolia pulmonar). FUNDAMENTAL NO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO FUNDAMENTAL NO PRÉ E PÓS OPERATÓRIO PÓS OPERATÓRIO No segundo caso, a monitorização é usada para nos fornecer dados que permitam a otimização da terapêutica no sentido de prover oxigenação adequada ao paciente em choque, combater a hipoxemia global e a falência de múltiplos órgãos. No último caso, seu uso demonstra utilidade na prevenção de alterações hemodinâmicas graves em pacientes criticamente enfermos no per- operatório, possibilitando sua pronta identificação e tratamento. Apesar de sabermos que as alterações hemodinâmicas no paciente em choque envolvem a macro e a microcirculação, é na primeira que a maioria dos métodos de monitorização se baseia. Estas medidas chamadas de estáticas vêm pouco a pouco sendo substituídas por medidas e marcadores dinâmicos da hemodinâmica, como variação da pressão de pulso, resposta à elevação passiva das pernas e variação da saturação venosa central de O2. Na avaliação indireta da microcirculação o clearance do lactato tem se mostrado um bom marcador de resposta hemodinâmica. Cateter de artéria pulmonar O cateter de artéria pulmonar (CAP) foi introduzido em 1970 por J. C. Swan e W. Ganz.2 Ao avançar, o cateter através de um vaso venoso da parte superior do corpo até um ramo da artéria pulmonar, medidas de pressão e fluxo são determinadas. As medidas de pressão disponíveis são pressão do átrio direito (pressão venosa central), pressão da artéria pulmonar sistólica e diastólica e a pressão venosa pulmonar, também chamada de pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP). A POAP é obtida com a insuflação do balonete distal do cateter e permite predizer, em condições ideais, a pressão venosa do átrio esquerdo e a pressão diastólica final do ventrículo esquerdo, um dado da pré-carga do ventrículo. A aferição do débito cardíaco ocorre por termodiluição, baseada nos princípios de Stewart-Hamilton. Um líquido de temperatura diferente do sangue é injetado na via proximal do cateter e um termistor localizado na ponta do cateter detecta a diferença de temperatura do sangue e calcula o débito de forma intermitente. A fim de obter dados de forma contínua sem necessidade de injeção de salina na via proximal e, assim, permitir observar as tendências do débito, uma nova tecnologia que permite o aquecimento do sangue na cavidade proximal por filamento elétrico (Vigilance®)4 ou mola térmica (optiQ®)5 foi desenvolvida, obtendo-se o débito cardíaco contínuo, apesar de um atraso de alguns minutos necessários para obtenção das médias do débito. VIGILANCE I VIGILANCE II POSIÇÃO FINAL DO CATETER MATERIAIS NECESSÁRIOS BOLSA PRESSURIZADORA ( MANTER INSUFLADA ATÉ 300 MMHG SUPORTE DO TRANSDUTOR DE PRESSÃO ( DOMUS) KIT DE ACESSO VENOSO CENTRAL SUPORTE DE SORO ESPARADRAPO VIGILEO Nos anos recentes temos visto a introdução cada vez mais frequente de sistemas de monitorização pouco invasivos, baseados na análise do contorno do pulso arterial. Alguns destes sistemas exigem a calibração do débito cardíaco através de termodiluição (PiCCO®)9 ou injeção periférica de cloreto de Litium (LiDCO plus®),10 enquanto outros baseiam-se em sistema de dados demográficos e antropométricos para calibração (FloTrac®). A pressão de pulso (PP) reflete a rigidez da aorta e outros grandes vasos centrais. É considerada importante marcador prognóstico cardiovascular, particularmente, para pessoas idosas PRESSÃO DE PULSO Seu valor é obtido indiretamente pela diferença entre a pressão arterial sistólica (PAS) e a pressão arterial diastólica (PAD), medidas na artéria braquial Associação entre pressão de pulso e fatores de risco cardiovascular em população negra Lessa I, Barbosa PJB, Barbosa SJO, Pitanga FJG, Costa MC, Britto LL Rev Bras Hipertens vol.16(1):15-22, 2009. Figura 1 – Cateter Bulbo Jugular de Oximetria 4 Fr/40 cm Descrição de Técnica para Monitorização Contínua da Saturação Venosa Central de Oxigênio em Crianças com Choque Séptico. Relato de Casos* Description of Technique for Continuous Monitoring of Central Venous Oxygen Saturation in Infants and Children with Septic Shock. Case Reports PÁG. 306 RBTI cateter equipado com fibra ótica e de pequeno calibre é o Cateter Bulbo Jugular de Oximetria (Edwards Lifesciences, Irvine, CA), que tem calibre 4 Fr e 40 cm de comprimento (Figura 1). Somente 3% do sangue que deságua nas veias jugulares internas é derivado de fontes extra cerebrais, 97% derivam do efluente sanguíneo após consumo de O2 pelo tecido cerebral. (Verdeal e Saddy 2002) PRINCÍPIOS DO CATETER BULBO-JUGULAR A drenagem de sangue do encéfalo dá-se através dos seios da duramáter que confluem para os seios sigmoide direito e esquerdo. Na base do crânio, estes dois seios continuam seu trajeto e dilatam-se formando o bulbo. Liontakis (2005) explica que a mensuração contínua da saturação de oxigênio por meio de cateter inserido na veia jugular, mantido na altura do bulbo, permite avaliar situações de isquemia em grande porção do hemisfério escolhido. Almeida, Alves e Guastelli (2006) completam a definição acima; a monitorização da saturação de bulbo jugular pode ser utilizada para determinar se existe ou não equilíbrio entre a perfusão cerebral e o metabolismo cerebral identificando inclusive os seguintes estados de perfusão: - Perfusão cerebral global - Igualdade entre o fluxo sanguíneo cerebral e o metabolismo cerebral de oxigênio - Hipoperfusão cerebral - Isquemia cerebral global - Monitorização dos efeitos das intervenções terapêuticas Apesar da oximetria do bulbo jugular não fornecer exatamente o valor do fluxo sanguíneo cerebral (FSC), uma variação da saturação cerebral permite avaliar prontamente uma anormalidade do FSC. Liontakis (2005) lembra que a limitação do cateter de fibra óptica é que, às vezes, fatores regionais podem ser ignorados (vaso espasmo, isquemia de pequeno segmento cerebral, contusão focal). O cateter tem diâmetro 4 French (muito fino), sendo fixado com cuidado. Deve ser trocado após cinco dias. Luz emitida por fonte aposta à extremidade digital ou lobo da orelha atravessa os tecidos onde é parcialmente absorvida (Figura 1). Através de um sensor situado na superfície oposta da extremidade, o oxímetro de pulso analisa a absorção de luz pela hemoglobina e oxihemoglobina do sangue que a perfunde. Oximetria de Pulso A quantidade de CO2 que alcança os espaços alveolares é proporcional ao débito cardíaco e ao fluxo sangüíneo pulmonar. A eliminação deste gás para o ambiente depende da eficácia da ventilação. Assim, a medida do CO2 ao final da expiração (ETCO2)permite a monitorização contínuae não invasiva do gás alveolar, indiretamente refletindo seus níveis circulantes PRINCÍPIOS DA CAPNOGRAFIA Assim, a medida do CO2 ao final da expiração (ETCO2)permite a monitorização contínua e não invasiva do gás alveolar, indiretamente refletindo seus níveis circulantes TEXTO (EM CAIXA ALTA) A capnografia normal é dividida em 4 fases. A fase I (A-B na figura 1) é a linha de base, que representa a inspiração, em que normalmente não há CO2. A fase II (B-C) é a ascensão expiratória do CO2, que apresenta inclinação íngreme em indivíduos normais. O ar do início da expiração é o gás do espaço morto anatômico, das grandes vias aéreas, portanto não tem CO2. A medida que a expiração continua, esse ar é substituído pelo ar alveolar, repleto de CO2. Isso resulta na fase III (C-D), chamada de platô alveolar, que pode ter uma inclinação ascendente discreta em indivíduos normais devido à heterogeneidade da relação V/Q. Alvéolos com baixa relação V/Q e, portanto, pressões parciais maiores de CO2, tendem a esvaziar-se mais lentamente do que aqueles com V/Q normal. A fase IV (DE) é o descenso inspiratório e representa a substituição do gás alveolar por gás fresco na câmara de amostragem. Confirmação da Intubação Traqueal ! A presença de CO2 no gás expirado é o método padrão-ouro para a confirmação do correto posicionamento de um tubo traqueal. Em indivíduos ventilados sob máscara facial ou laríngea antes da intubação, pode haver CO2 no estômago, portanto para que se constate intubação traqueal, deve haver consistência e recorrência do CO2 no gás expirado. Figura 9. Efeito da administração de O2 a 30% sobre a saturação da oxihemoglobina em comparação com a saturação esperada em ar ambiente. Miller RD. Miller’s Anesthesia 7th Ed. Churchill Livingstone. 2. West JB. The Essentials of Respiratory Physiology 9th Ed. Lippincott Williams & Wilkins. 3. N Engl J Med. 2012 Nov 8;367(19):e27. doi: 10.1056/NEJMvcm1105237. 4. Reich DL. Monitoring in Anesthesia and Perioperative Care 1st Ed. Cambridge University Press. 5. Gravenstein JS, Jaffe MB, Gravenstein N, Paulus DA. Capnography 2nd Ed. Cambridge University Press. 6. Soto RG, Fu ES, Vila H Jr, Miguel RV. Capnography accurately detects apnea during monitored anesthesia care. Anesth Analg. 2004. Aug;99(2):379-82. 7. Franklin SS, Shehzad MD, Khan A, Nathan BS, Wong D, Larson MG, et al. Is pulse pressure useful in predicting risk for coronary heart disease? The Framingham heart study. Circulation. 1999;100:354-60. 8. Verdecchia P, Angeli F. Does brachial pulse pressure predict coronary events? In: Safar ME, Frohlich ED, editores. Atherosclerosis, large arteries and cardiovascular risk. Adv Cardiol. Basel: Karger; 2007. p. 150-9. 9. London GM. Brachial arterial pressure to assess cardiovascular structural damage: an overview and lessons from clinical trials. J Nephrol. 2008;21:23-31. 10. Davidson KW, Haas DC, Shimbo D, Pickreing TG, Jonas BS. Standardizing the comparison of systolic blood pressure vs. pulse pressure for predicting coronary heart disease. J Clin Hypertens. (Greenwich) 2006;8:411-3. 11. Muxfeldt ES, Salles GF. Pulse pressure or dipping pattern: which one is a better cardiovascular risk marker in resistant hypertension? J Hypertens. 2008; 26:878-84. 6. Safar ME, Jankowski P. Central blood pressure and hypertension: role in cardiovascular risk assessment. Clin Sci (Lond) 2009;116:273-82. 12. Nogueira AR, Muxfeldt E, Salles GF, Bloch KV. A importância clínica da pressão de pulso. Rev Bras Hipertens. 2003;10. 13. Bortolotto LA. Avaliação da rigidez arterial na determinação do risco cardiovascular. Rev Bras Cardiol. 2000;2:174-9. 14. Blacher J, Staessen JA, Girerd X, Gasowski J, ThijL, Liu L, Wang JG, Robert H. Pulse Pressure Not Mean Pressure Determines Cardiovascular Risk in Older Hypertensive Patients . Arch Intern Med. 2000;160:1085-1089. 15. Sesso HD, Stampfer MJ, Rosner B, Hennekens CH, Gaziano JM, Manson JE, et al. Systolic and diastolic blood pressure, pulse pressure, and mean arterial pressureas predictors of cardiovascular disease risk in men. Hypertension. 2000;36:801-7. Obrigado!
Compartilhar