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Direito civil 4

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Plano de Aula: DIREITO CIVIL IV - POSSE 
DIREITO CIVIL IV - CCJ0015 
Título 
DIREITO CIVIL IV - POSSE 
Número de Aulas por Semana 
Número de Semana de Aula 
2 
Tema 
Posse 
 
 
Objetivos 
- Introduzir o aluno no estudo da posse; 
- Conceituar posse e situá-la no contexto da função social; 
- Classificar a posse conforme os critérios do Código Civil. 
 
Estrutura do Conteúdo 
Unidade 2 - POSSE 
 
2.1. Evolução histórica, conceito e características 
 2.1.1 Teoria subjetivista 
 2.1.1. Teoria objetivista 
2.2 Distinção entre posse, propriedade e detenção 
2.3 Classificação da posse e suas características 
2.4 Natureza jurídica: controvérsias 
2.5 Composse 
Aplicação Prática Teórica 
Caso Concreto 
 
Mariana emprestou a título gratuito o seu apartamento para Sandra, sem fixar prazo para devolução. 
Durante o tempo em que esteve no imóvel, Sandra fez todos os reparos necessários, além de ter 
construído um cômodo a mais para um de seus filhos morar com ela. Após 10 anos, Mariana solicitou de 
volta a casa, mas Sandra recusou-se a devolver, alegando que não teria outro lugar para ir e que, após 
10 anos de utilização mansa, pacífica e sem oposição, já teria tempo suficiente para usucapir o bem. 
Considerando as informações acima, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: 
Qual a classificação da posse de Sandra, antes de Mariana pedir o imóvel de volta? (justa/injusta; boa -
fé/má-fé; originária/derivada; direta/indireta) 
 
Questão objetiva 
 
No que diz respeito à posse é correto afirmar: 
 
(a) Para que haja composse é necessário que todos os compossuidores tenham ciência da posse dos 
demais; 
(b) O possuidor direto pode exercitar a repulsa legítima à invasão de sua esfera possessória por parte do 
possuidor indireto, ainda que não mais vigente o título jurígeno autorizador do desdobramento da posse; 
(c) Não se caracteriza a posse violenta quando alguém se apossa de propriedade onde não encontrou 
ninguém e depois tão-somente impede o dono de nela reentrar; 
(d) A companheira tem justo título na posse de bens comuns do casal, quando do falecimento do 
companheiro. 
Procedimentos de Ensino 
2.1. Evolução histórica, conceito e características 
 
Em uma primeira abordagem, a posse pode ser encarada como um fato, enquanto a propriedade consiste 
num direito. Em outras palavras, a posse é uma situação de fato, enquanto a propriedade é uma situação 
de direito. Como veremos adiante, em geral ambas coincidem na mesma pessoa, mas nem sempre isso 
ocorre. 
O legislador civil usou da seguinte sistemática no trato da matéria: reservou a disciplina dos direitos reais 
para o Livro III da Parte Especial, sob a epígrafe Do Direito das Coisas. Em seguida, inaugurou o referido 
Livro com o Título I, Da Posse. Finalmente, no Título II, regulamentou os direitos reais em espécie. 
O estudo da opção sistêmica do legislador é fundamental, pois revela a sua intenção. Podemos assim 
afirmar que se optou por isolar o estudo da posse, como um título preliminar àquele reservado aos direitos 
reais, por dois motivos: primeiro, a posse não é direito real; segundo, a posse informa o regime jurídico de 
todos os demais direitos reais. 
Por outro lado, a posse pode ser considerada a exteriorização da propriedade, seu aspecto visível e 
palpável no mundo fenomênico (falamos da posse direta). Voltemos ao exemplo dado: por ter me visto 
com o telefone celular, o observador supôs que eu seria o proprietário do mesmo. E isso se dá, repita -se, 
porque geralmente posse e propriedade encontram-se enfeixadas nas mãos da mesma pessoa, apesar 
da coincidência não ser necessária. 
A posse, em outras palavras, cria uma espécie presunção de propriedade. E é por esse motivo que tutela -
se com veemência aquela, por vezes em detrimento desta: como o que possui presume-se proprietário, 
em um primeiro momento é de se garantir tal situação fática, até mesmo por razões de segurança jurídica 
e pacificação social. 
Aqui desponta uma outra questão: enquanto a propriedade de certo modo teve seu âmbito de incidência 
reduzido ou conformado pela Constituição de 1988 (cf. arts. 5º, inc. XXIII; 182, §§ 2º e 4º; 184 e 186, 
dentre outros, todos da CR/88) cedendo para a chamada função social da propriedade (alguns autores 
falam em uma nova espécie de propriedade, a propriedade social), a posse saiu fortalecida, 
principalmente através da previsão constitucional expressa da usucapião (cf. arts. 183 e 191 da CF/88). 
 
Propriedade estado de direito 
Posse estado de aparência protegido pelo direito 
 
Conceito de posse 
Pluralidade semântica do vocábulo posse: posse como propriedade (fulano possui uma casa); posse 
como instituto de direito público (os EUA têm a posse da base de Manta, no Equador); posse como 
exercício do direito de família (posse do estado de casados); posse como instituto de direito 
administrativo; posse como elemento de tipo penal (posse sexual mediante fraude) etc. 
 
A posse no direito das coisas : 
A posse (tanto de coisa móvel como de coisa imóvel) é situação jurídica de fato 
apta a, atendidas certas exigências legais, transformar o possuidor em proprietário 
(situação de direito real) (NERY, Nelson e NERY, Rosa Maria de Andrade. Código 
civil comentado: e legislação extravagante. 3.ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005. p. 608). 
A posse é o exercício de fato, em nome próprio, de um dos poderes inerentes ao domínio. 
Objeto da posse: A posse pode incidir tanto sobre bens corpóreos quanto sobre bens incorpóreos (quase-
posse). A chamada posse de direitos é admitida, desde que tais direitos possam ser apropriáveis e 
exteriorizáveis (direitos reais). Ex: direitos do autor, propriedade intelectual, passe atlético, direito real de 
uso sobre linha telefônica. 
Sujeitos da posse: São as pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas, de direito público ou de direito 
privado. 
 
2.1.1. Teoria subjetiva 
A natureza da posse gerou muito dissenso doutrinário. Basicamente, duas principais teorias e seus 
autores disputaram a hegemonia da matéria: a teoria subjetiva, de Savigny, e a teoria ob jetiva, de Ihering. 
A Teoria de Savigny: 
Savigny expôs suas ideias no Tratado da Posse, de 1803. Segundo o autor, a posse resultaria da 
conjunção de dois elementos: o corpus e o animus. O primeiro seria o elemento material, traduzindo-se 
no poder físico da pessoa sobre a coisa. O animus, por seu turno, representaria o elemento intelectual, a 
vontade de ter essa coisa como sua. Ambos os elementos são necessários para a configuração da posse. 
O corpus, sendo o poder de fato sobre a coisa, supõe a apreensão, sendo fundamental a relação exterior 
da pessoa com a coisa. No que diz respeito ao animus, configura-se como a vontade de ter a coisa como 
própria. É justamente pelo destaque conferido por Savigny ao elemento intencional que sua teoria é 
qualificada de subjetiva. E esse é justamente o calcanhar de Aquiles de sua teoria: é extremamente difícil 
precisar um estado íntimo concretamente. 
Ao exigir o elemento subjetivo (animus domini) como requisito fundamental para a caracterização da 
posse, a doutrina subjetiva considera simples detentores o locatário, o comodatário, o depositári o, o 
mandatário e outros que possuiriam apenas o poder físico sobre a coisa. Não é admitido o 
desdobramento da relação possessória, pois não se admite a posse por outrem. 
 
2.1.2. Teoria ob jetiva da posse 
 
A teoria de Ihering foi desenvolvida em obras com o O Fundamento dos Interditos Possessórios e O Papel 
da Vontade na Posse. Posteriormente o autor empreendeu um esforço simplificador de suas teorias. 
 
A posse é a exteriorização da propriedade e, por isso, para caracterizar aposse basta o exercício em 
nome próprio do poder de fato sobre a coisa. É dizer, para que exista a posse, é necessário somente o 
corpus. Silvio Venosa afirma que, ainda na teoria objetiva, há o animus, mas, neste caso, o elemento 
volitivo consiste na utilização da coisa tal qual faria o proprietário (anumus tenendi). 
 
Teorias da posse e o Código Civil 
 
O Código Civil de 2002, repetindo o que já fora feito pelo Código de 1916, ao definir o possuidor 
consagra a teoria objetiva da posse, como revela a leitura do art. 1.196: 
 
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno 
ou não, de alguns dos poderes inerentes à propriedade. 
 
Obs: Enunciado n° 236, III Jornada de Direito Civil : considera-se possuidor, para todos os efeitos legais, 
também a coletividade desprovida de personalidade jurídica. 
2.2. Distinção entre propriedade, posse e detenção 
 
Posse: exercício do poder de fato em nome próprio, exteriorizando a propriedade e fazendo uso 
econômico da coisa (animus tenendi intenção de usar a coisa tal qual o proprietário). 
 
Detenção (posse natural possessio naturalis): exercício do poder de fato sobre a coisa em nome alheio. O 
fâmulo da posse ou detentor é servo da posse, pois mantém uma relação de dependência com o 
verdadeiro possuidor, obedecendo às suas ordens e orientações. A detenção é também chamada de 
posse degradada pela lei. O art. 1.198, CC, define o detentor aquele que, achando-se em relação de 
dependência para com o outro, conserva-se a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou 
instruções suas. 
 
Obs: aquele que adquire a posse de modo contrário ao d ireito também é considerado detentor. 
 
Enunciado n° 301, Jornada de Direito Civil, STJ: É possível a conversão da detenção em posse, desde 
que rompida a subordinação, na hipótese de exercício em nome próprio dos atos possessórios. 
 
Para facilitar a caraterização da simples detenção, é interessante utilizarmos os critérios do Código Civil 
Português, Art. 1.253: 
São havidos como detentores ou possuidores precários: 
a) os que exercem o poder de facto sem intenção de agir como beneficiários do direito; 
b) os que simplesmente se aproveitam da tolerância do titular do direito; 
c) os representantes ou mandatários do possuidor e, de um modo geral, todos os que possuem. 
 
 
2.3. Classificação da posse e suas características 
 
A) Posse direta e indireta 
 
Quanto ao desdobramento da relação possessória, a posse classifica-se em posse direta e posse 
indireta. 
 
Art. 1.197, CC/2002. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder, 
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de 
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o 
possuidor indireto. 
 
Posse direta (imediata): exercício direto e imediato do poder sobre a coisa (corpus), decorrente de 
contrato. O possuidor direto pode defender sua posse contra o possuidor indireto. 
 
Posse indireta (mediata): apenas o animus (entendido esse como a vontade de utilizar a coisa como faria 
o proprietário). O possuidor indireto pode defender sua posse perante terceiros. 
 
A distinção entre posse direta e indireta surge do desdobramento da posse plena, podendo haver 
desdobramentos sucessivos. Quem tem a possibilidade de util izar economicamente a coisa, o exercício 
de fato de algum dos direitos inerentes à propriedade, é possuidor dela, ainda que não a tenha sob sua 
dominação direta. 
 
O proprietário pode exercer sobre a coisa todos os poderes que informam seu direito. Nesse caso, se 
confundem nele a posse direta e indireta. Pode acontecer, contudo, que por negócio jurídico transfira a 
outrem o direito de usar a coisa, dando-a em usufruto, comodato, penhor, superfície, compra e venda com 
reserva de domínio, alienação fiduciária, compromisso de compra e venda etc. Nesses casos, a posse se 
dissocia: o titular do direito real fica com a posse indireta (ou mediata), enquanto que o terceiro fica com a 
posse direta (ou imediata), 
 
Nesta classificação, não se discute a qualificação da posse, pois ambas (direta e indireta) são jurídicas e 
têm o mesmo valor (jus possidendi, ou posses causais). O problema da qualificação se põe na distinção 
entre posse justa e injusta. 
 
A relação possessória, no caso, desdobra-se. O proprietário exerce a posse indireta, em função do seu 
domínio; o titular do direito real ou pessoal (por exemplo, o locatário) exerce a posse direta. Uma não 
anula a outra. Ambas coexistem no tempo e no espaço e são posses jurídicas. 
 
Ambos (possuidor direto e indireto) podem invocar proteção possessória contra terceiro. Por outro lado, 
cada possuidor direto e indireto pode se socorrer dos interditos possessórios contra o outro, para 
defender a sua posse, quando se encontre por ele ameaçado. 
 
Os desdobramentos da posse podem ser sucessivos. Feito o primeiro desdobramento da posse, poderá o 
possuidor direto efetivar novo desdobramento, tornando-se possuidor indireto. Havendo desdobramentos 
sucessivos, terá a posse direta apenas aquele que tiver a coisa consigo; o último inte grante da cadeia de 
desdobramentos sucessivos. Os demais terão posse indireta. 
 
Um exemplo seria a do proprietário, que constitui usufruto sobre a coisa, transferindo a posse direta e 
permanecendo com a indireta; em seguida, o usufrutuário aluga a coisa, transferindo a posse direta e 
permanecendo com a indireta; posteriormente, o locatário subloca a coisa, transferindo a posse direta ao 
sublocatário e ficando com a indireta. 
 
B) Posse justa e injusta 
 
Quanto aos vícios, a posse pode ser justa ou injusta. 
 
Art. 1.200. É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária. 
 
Posse justa: posse desprovida dos vícios específicos do art. 1.200, CC (não confundir esse conceito de 
vícios com o conceito da teoria geral do direito civil). A posse justa é mansa, pacífica, pública e adquirida 
sem violência. 
 
Posse injusta: posse maculada por pelo menos um dos vícios da posse (violência, clandestinidade ou 
precariedade). 
 
® Posse violenta: adquirida através do emprego de violência contra a pessoa. 
® Posse clandestina: adquirida às escondidas. 
® Posse precária: decorrente da violação de uma obrigação de restituir (abuso de confiança). 
 
A posse injusta não deve ser considerada posse jurídica, não produzindo efeitos contra o legítimo 
possuidor (para quem esta situação jurídica não passa de detenção), muito embora o possuidor injusto 
possa fazer manejo dos interditos possessórios contra atos de terceiros. 
 
Injusta, no entanto, não deve ser tida como posse jurídica. Pois a posse jurídica é a 
posse que está em harmonia com o direito. Injusta é a situação de fato que se 
assemelha à posse, mas trata-se de detenção. É a antítese do direito (PUGLIESE, 
Roberto J. Direito das coisas. São Paulo: LEUD, 2005. p. 58) 
 
Continuidade do caráter da posse (art. 1.203, CC): a posse que se inicia justa permanece justa; a posse 
que se inicia injusta, permanece injusta ao longo do tempo, a menos que se opere a interversão do 
caráter da posse. 
 
Inversão do título da posse: Violência e clandestinidade são vícios relativos, enquanto que a 
precariedade é vício absoluto. Isso implica que a interversão do caráter da posse pode ocorrer quando a 
posse for violenta ou clandestina. Nestes casos, cessada a violência ou a clandestinidade a posse deixa 
de ser injusta e passa a ser justa. A jurisprudência anterior ao CC/02 fixou mais uma exigência: que 
fossem passados ano e dia após a cessação do vício para que ficasse caracterizada a interversão do 
caráter da posse. Com a eliminação da classificação de posse nova e posse velha pelo CC/02, prevaleceo entendimento de que essa exigência temporal não mais subsiste. 
 
Quanto ao convalescimento da posse precária, a doutrina moderna, superando o entendimento do que 
antes era majoritário, aceita. Todavia, ainda não foram definidos critérios objetivos para determinar o 
momento da interversão (Nelson Rosenvald, por exemplo, fala em mudança do ânimo da posse; Flávio 
Tartuce admite o convalescimento da precariedade em casos, por exemplo, de novação). 
 
Enunciado 237, da III Jornada de Direito Civil: Art. 1.203: É cabível a modificação do título da 
posse interversio possessionis na hipótese em que o até então possuidor direto demonstrar ato exterior 
e inequívoco de oposição ao antigo possuidor indireto, tendo por efeito a caracterização do animus 
domini. 
 
C) Posse de boa-fé e de má-fé 
 
Quanto à subjetividade, a posse pode ser de boa-fé ou de má-fé. 
 
No âmbito do direito das coisas, a posse de boa-fé, aliada a outros relevantes elementos, segundo a lição 
de Caio Mário da Silva Pereira, cria o domínio; confere ao possuidor, não -proprietário, os frutos 
provenientes da coisa possuída; exime-o de indenizar a perda ou deterioração do bem em sua posse; 
regulamenta a hipótese de quem, com material próprio, edifica ou planta em terreno alheio; e, ainda, 
outorga direito de ressarcimento ao possuidor pelos melhoramentos realizados. 
 
A análise da boa-fé em sede de posse leva em consideração não a sua caracterização objetiva, como um 
princípio, ou uma regra de conduta, mas principalmente em seu sentido subjetivo. 
 
O CC conceitua posse de boa-fé em seu art. 1.201: é de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou 
o obstáculo que impede a aquisição da coisa . Decorre da consciência de ter adquirido a coisa por meios 
legítimos. O seu conceito, portanto, funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo. 
 
É de suma importância, para caracterizar a posse de boa-fé, a crença do possuidor de se encontrar em 
uma situação legítima. Se ignora a existência de vício na aquisição da posse, ela é de boa -fé; se o vício é 
de seu conhecimento, a posse é de má-fé. Contudo, não se pode considerar de boa-fé a posse de quem, 
por erro inescusável ou ignorância grosseira, desconhece o vício que macula a sua posse. Assim, para 
que se caracteriza a boa-fé, o possuidor não pode ter incorrido em erro inescusável, pelo contrário, deve 
ter agido com a diligência normal exigida pela situação. 
 
Para verificar se a posse é justa ou injusta, entretanto, o critério é objetivo: perquire -se acerca da 
existência ou não de algum dos vícios apontados (violência, clandestinidade ou precariedade). 
 
Se o possuidor tem consciência do vício que impede a aquisição da coisa e, não obstante, a adquire, 
torna-se possuidor de má-fé. O erro, de que resulta a boa-fé, deve ser invencível, sendo evidente que erro 
oriundo de culpa não tem escusa. 
 
Deste modo, a culpa, a negligência ou a falta de diligência são enfocadas como excludentes da boa -fé. A 
jurisprudência tem enfatizado a necessidade de a ignorância derivar de um erro escusável. 
 
A boa-fé não é essencial para o uso das ações possessórias. Basta que a posse seja justa. A boa-fé é 
relevante, em tema de posse, para a usucapião, a disputa dos frutos e benfeitorias da coisa possuída ou 
para a definição da responsabilidade pela sua perda ou deterioração. 
 
O CC estabelece presunção de boa-fé em favor de quem tem justo título, salvo prova em contrário, ou 
quando a lei expressamente não admite esta presunção (art. 1.201, parágrafo único). 
 
A posse de boa-fé pode se transfigurar em posse de má-fé. Nos termos do art. 1.202 do CC, a posse de 
boa-fé só perde este caráter no caso e desde o momento em que as circunstâncias façam presumir que o 
possuidor não ignora que possui indevidamente . 
 
Sobre o momento da transmudação da natureza da posse, a jurisprudência tem considerado que a 
citação para a ação é uma das circunstâncias que transformam a posse de boa-fé, pois recebendo a 
cópia da inicial o possuidor toma conhecimento dos vícios de sua posse. 
 
Por igual modo, quando o possuidor é turbado na sua posse e propõe ação, pode vir a tomar 
conhecimento do melhor direito do réu na contestação deste, passando a se caracterizar como possuidor 
de má-fé. 
 
Nada impede, entretanto, que o interessado prove outro fato que demonstre que a parte contrária, mesmo 
antes da citação, já sabia que possuía indevidamente. 
 
Em síntese: 
 
Posse de boa-fé: é aquela cujo possuidor está convicto de que o exercício de sua posse encontra 
fundamento na ordem jurídica. A boa-fé, aqui, é tomada em seu aspecto subjetivo. 
 
Via de regra, a posse de boa-fé decorre de justo título. Por este motivo, a posse fundada em justo título 
gera presunção relativa (juris tantum) de boa-fé. 
 
Justo título: diz-se justo o título hábil, em tese, para transferir a propriedade (PEREIRA, Caio Mário da 
Silva. Instituições de direito civil: direitos reais. 18.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2004. p. 31). Justo título 
seria todo ato formalmente adequado a transferir o domínio ou o direito real de que trata, mas que deixa 
de produzir tal efeito (e aqui a enumeração é meramente exemplificativa) em virtude de não se r o 
transmitente senhor da coisa ou do direito, ou de faltar-lhe o poder de alienar (Lenine Nequete). 
 
Enunciado n° 302, STJ (IV Jornada de Direito Civil): Pode ser considerado justo título para a posse de 
boa-fé o ato jurídico capaz de transmitir a posse ad usucapionem , observado o disposto no art. 113 do 
Código Civil. 
 
Enunciado n° 303, STJ (IV Jornada de Direito Civil): Considera-se justo título para presunção relativa da 
boa-fé do possuidor o justo motivo que lhe autoriza a aquisição derivada da posse , esteja ou não 
materializado em instrumento público ou particular. Compreensão na perspectiva da função social da 
posse. 
 
Posse de má-fé: o possuidor tem conhecimento do vício que macula a posse. Assim como na posse 
injusta, a posse de má-fé não pode ser considerada posse jurídica e não goza de proteção contra o 
legítimo possuidor, para quem o possuidor de má-fé não passa de fâmulo da posse. 
 
D) Posse originária e posse derivada 
 
A posse é tida como originária quando não há vínculo entre o sucessor e o antecessor da posse, de modo 
que a causa da posse não é negocial. 
 
A posse é derivada quando há um ato de transferência (da posse, e não necessariamente da 
propriedade) entre o antecessor e o sucessor. Na posse derivada haverá sempre tradição. 
 
 
E) Posse ad interdicta e ad usucapionem 
 
Ad interdicta: posse que pode ser protegida através dos interditos possessórios. 
 
Ad usucapionem : posse que pode ser pressuposto de usucapião. 
 
2.4. Natureza da posse: controvérsias 
 
Os autores divergem quanto à definição da natureza jurídica da posse: 
 
Clóvis Beviláqua: a posse é um estado de fato. 
Caio Mário da Silva Pereira: a posse é um direito real. 
Luiz Guilherme Loureiro: a posse é um direito pessoal (princípio da tipicidade) 
 
 
2.5. Composse. 
 
Posse exclusiva é aquela de um único possuidor, pessoa física ou jurídica, que possui sobre a coisa 
posse direta ou indireta. A posse exclusiva se contrapõe à composse, quando vários possuidores têm, 
sobre a coisa, posse direta ou posse indireta. 
 
Composse é, assim, a situação pela qual duas ou mais pessoas exercem, simultaneamente, poderes 
possessórios sobre a coisa. Nos termos do art. 1.199 do CC: 
 
Art. 1.199. Se duas ou mais pessoas possuírem coisa indivisa, poderá cada uma 
exercer sobre ela atos possessórios, contanto que não excluam os dos outros 
compossuidores. 
 
Configurada a composse, a situação que se apresenta é, na realidade, a de que cadacompossuidor 
possui apenas a sua parte in abstracto, e não a dos outros. Contudo, cada possuidor pode exercer seu 
direito sobre a coisa como um todo, valendo-se das ações possessórias, desde que não excluía a posse 
dos outros compossuidores. Inclusive pode valer-se do interdito possessório ou da legítima defesa para 
impedir que outro compossuidor exerça uma posse exclusiva sobre qualquer fração da comunhão. 
 
A composse é estado excepcional da posse, pois foge à regra da exclusividade da posse. Composse é a 
posse compartilhada: mais de uma pessoa exerce poder de fato sobre a mesma coisa. 
 
A composse pode ser: pro diviso: composse de direito. 
 pro indiviso: composse de direito e fato. 
 
Recursos Físicos 
Quadro e pincel; 
Retroprojetor; 
Datashow. 
Avaliação 
Caso Concreto 
 
Mariana emprestou a título gratuito o seu apartamento para Sandra, sem fixar prazo para devolução. 
Durante o tempo em que esteve no imóvel, Sandra fez todos os reparos necessários, além de ter 
construído um cômodo a mais para um de seus filhos morar com ela. Após 10 anos, Mariana solicitou de 
volta a casa, mas Sandra recusou-se a devolver, alegando que não teria outro lugar para ir e que, após 
10 anos de utilização mansa, pacífica e sem oposição, já teria tempo suficiente para usucapir o bem. 
Considerando as informações acima, responda JUSTIFICADA E FUNDAMENTADAMENTE: 
Qual a classificação da posse de Sandra, antes de Mariana pedir o imóvel de volta? (justa/injusta; boa -
fé/má-fé; originária/derivada; direta/indireta) 
Gabarito: justa, de boa-fé, originária e direta. 
 
Questão objetiva 
 
No que diz respeito à posse é correto afirmar: 
 
(a) Para que haja composse é necessário que todos os compossuidores tenham ciência da posse dos 
demais; 
(b) O possuidor direto pode exercitar a repulsa legítima à invasão de sua esfera possessória por parte do 
possuidor indireto, ainda que não mais vigente o título jurígeno autorizador do desdobramento da posse; 
(c) Não se caracteriza a posse violenta quando alguém se apossa de propriedade onde não encontrou 
ninguém e depois tão-somente impede o dono de nela reentrar; 
(d) A companheira tem justo título na posse de bens comuns do casal, quando do falecimento do 
companheiro. 
 
Gabarito: D 
Considerações Adicionais

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