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Direito Civil iv

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ESTADO DE SANTA CATARINA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Gabinete Des. Luiz Cesar Schweitzer 
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070, de Taió
Relator: Des. Luiz Cesar Schweitzer
APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O 
PATRIMÔNIO. FURTO SIMPLES (CÓDIGO PENAL, ART. 
155, CAPUT). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. 
INSURGIMENTO DO MINISTÉRIO PÚBLICO.
PRETENSA CONDENAÇÃO. VIABILIDADE. 
MATERIALIDADE E AUTORIA INCONTESTES. INFRAÇÃO 
COMETIDA NA CLANDESTINIDADE. ESPECIAL 
RELEVÂNCIA DA PALAVRA DA VÍTIMA ALIADA ÀS 
CONTRADIÇÕES NOS INTERROGATÓRIOS PRESTADOS 
PELO ACUSADO EM SEDE DE INVESTIGAÇÃO E EM 
SOLO JUDICIAL. AGENTE LOCALIZADO NA POSSE DA 
RES FURTIVA. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA IDÔNEA. 
CONTEXTO APTO A EMBASAR O JUÍZO 
CONDENATÓRIO.
DOSIMETRIA DA PENA. REPRIMENDA BASILAR 
FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. INEXISTÊNCIA DE 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES NA SEGUNDA FASE 
DA OPERAÇÃO. ATENUANTE DA MENORIDADE 
RELATIVA QUE NÃO PERMITE A REDUÇÃO DA SANÇÃO 
PRIMEVA. SÚMULA 231 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA. INCIDÊNCIA, NA DERRADEIRA ETAPA, DE 
CAUSA DE ESPECIAL DIMINUIÇÃO. EXEGESE DO § 2º 
DO ART. 155 DO ESTATUTO REPRESSIVO. RÉU 
PRIMÁRIO. OBJETO SUBTRAÍDO QUE NÃO 
ULTRAPASSA O VALOR CORRESPONDENTE AO 
SALÁRIO MÍNIMO VIGENTE À ÉPOCA DO FATO.
IMPOSIÇÃO DO REGIME INICIALMENTE ABERTO E 
SUBSTITUIÇÃO DA CENSURA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
POR RESTRITIVA DE DIREITOS. PRESSUPOSTOS 
LEGAIS APERFEIÇOADOS.
PRONUNCIAMENTO REFORMADO. RECURSO 
CONHECIDO E PROVIDO.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação Criminal n. 
 
ESTADO DE SANTA CATARINA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 2
Gabinete Des. Luiz Cesar Schweitzer 
0000981-19.2013.8.24.0070, da Unidade de Divisão Judiciária da comarca de 
Taió, em que é apelante o Ministério Público do Estado de Santa Catarina e 
apelado Fernando Souza da Silva:
A Quinta Câmara Criminal decidiu, por votação unânime, conhecer 
do recurso e dar-lhe provimento, para condenar Fernando Souza da Silva às 
penas de seis meses de reclusão, a ser resgatada em regime inicialmente 
aberto, porém substituída por uma restritiva de direito, consistente em limitação 
de fim de semana, e pagamento de cinco dias-multa, cada qual arbitrado em seu 
mínimo legal, por infração ao preceito do art. 155, caput, combinado com 
parágrafo 2º, do Código Penal. Custas legais. 
O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pela Exma. Sra. 
Des. Cinthia Beatriz da Silva Bittencourt Schaefer, com voto, e dele participou o 
Exmo. Sr. Des. Luiz Neri Oliveira de Souza.
Representou o Ministério Público o Exmo. Sr. Procurador de Justiça 
Luiz Ricardo Pereira Cavalcanti.
Florianópolis, 4 de setembro de 2017.
Luiz Cesar Schweitzer
RELATOR
 
ESTADO DE SANTA CATARINA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 3
Gabinete Des. Luiz Cesar Schweitzer 
RELATÓRIO
O representante do Ministério Público do Estado de Santa Catarina 
com atuação perante o Juízo de Direito da Unidade de Divisão Judiciária da 
comarca de Taió ofereceu denúncia em face de Fernando Souza da Silva, dando-
o como incurso nas sanções do art. 155, caput, do Código Penal, pela prática do 
fato delituoso assim narrado na inicial acusatória:
No dia 6 de junho de 2013, por volta das 19 horas, na Rua Expedicionário 
Rafael Busarello, Centro, Município de Taió/SC, o denunciado FERNANDO 
SOUZA DA SILVA, com o propósito de se apoderar de coisa alheia móvel, 
subtraiu para si uma bicicleta da marca Monark, modelo feminino, número de 
série FF 64413, avaliada em R$150,00 (cento e cinquenta reais), que pertencia 
à vítima Adriana Cirico (sic, fls. 2).
Encerrada a instrução, o Magistrado julgou improcedente o pedido 
formulado na denúncia e, com fundamento no art. 386, VII, do Código de 
Processo Penal, absolveu o réu da imputação que lhe foi irrogada.
Inconformado, interpôs o Promotor de Justiça oficiante recurso de 
apelação, requerendo a reforma da sentença profligada, para tanto sustentando 
que existem nos autos elementos de convicção suficientes acerca da 
materialidade e autoria delitivas, aptos a amparar um decreto condenatório.
Rebatendo os argumentos, a defesa pugnou pela manutenção do 
pronunciamento vergastado ou, subsidiariamente, na hipótese de condenação, a 
redução da reprimenda em seu grau máximo e o reconhecimento da figura do 
furto privilegiado inserta no comando do art. 155, § 2º, do Decreto-Lei 
2.848/1940.
A douta Procuradoria-Geral de Justiça, por intermédio de parecer 
da lavra do eminente Procurador de Justiça Norival Acácio Engel, opinou pelo 
provimento do reclamo e pelo não conhecimento das teses apresentadas pelo 
acusado em sede de contrarrazões.
É o relatório.
VOTO
 
ESTADO DE SANTA CATARINA
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 4
Gabinete Des. Luiz Cesar Schweitzer 
Presentes os respectivos pressupostos de admissibilidade, conhece-
se da irresignação e passa-se à análise do seu objeto.
O insurgimento do autor da ação penal restringe-se à prova da 
autoria delitiva, uma vez reconhecida a materialidade, esta, cumpre ressaltar, 
estampada nos termos de apreensão, reconhecimento e de entrega (fls. 9 e 10), 
os quais demonstram haver sido localizada e restituída à vítima uma bicicleta.
A pretensão condenatória merece acolhimento. 
Com efeito, o conjunto probatório aponta a responsabilidade do 
apelado pela prática do fato descrito na inicial acusatória.
Isso porque Adriana Círico manteve uníssono seu depoimento nas 
fases investigativa e judicial, dando conta da subtração do objeto e sua 
localização em poder do acusado (fls. 7 e mídia audiovisual de fls. 82). Este, 
todavia, procedeu de forma distinta.
Na fase pretérita, Fernando Souza da Silva declarou:
QUE o interrogado diz ter achado a bicicleta da marca Monark, cor 
vermelha, modelo feminino, com a corrente caída e quadro "raspado"; QUE a 
bicicleta estava jogada no meio do mato, como se estivesse sido abandonada; 
QUE então o interrogado tomou posse da bicicleta, colocou a corrente e foi 
embora com a mesma; QUE isso aconteceu na segunda-feira 03/06/2013, 
aproximadamente as 20:30 horas; QUE o interrogado diz não ter furtado a 
bicicleta na instituição de ensino SESI, e sim encontrada a mesma jogada as 
margens da SC 422, próximo a Refrigeração do Silva; QUE no dia de ontem 
(05/06/2013, foi procurado por Adriana, dizendo-se a mesma ser dona da 
bicicleta; QUE então foi combinado que o interrogado deixaria a bicicleta no 
mesmo dia aproximadamente as 20:00 horas, para deixar a bicicleta no pátio da 
Rodoviária da cidade; [...] (sic, fls. 12).
Em Juízo, embora tenha conservado suas afirmativas quanto à 
forma como encontrou o bem, demasiadamente divergiu em relação ao modo 
com que veio a ser contatado pela vítima, ora pessoalmente em sua residência 
ora por intermédio de um suposto sobrinho. 
Demais disso, no que diz respeito ao horário em que deparou-se 
com a res furtiva, entre 18h e 19h30min, assim como acerca da data em que 
procurado, apenas uma semana depois do incidente, tendo utilizado-se da coisa 
neste período para seu deslocamento ao trabalho.
 
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Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 5
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Outrossim, como bem fez consignar o Promotor de Justiça oficiante, 
tão logo tenha deixado seu ofício às 18h do dia 3-6-2013 e se dirigido para casa 
sem interrupções no trecho, somente localizou o objeto às 20h30min, ou seja, 
duas horas e meia depois, o que não corresponderia com a realidade geográfica 
local. Vejamos:
[...] 
O acusado, por sua vez, limitou-se a dizer que encontrou a bicicleta 
abandonada em um matagal no caminho de casa, à margem da rodovia de 
acessoa Taió, na subida, passando o Corpo de Bombeiros. Aduziu que 
encontrou a bicicleta quando voltava do seu trabalho, na Loja Bogo Móveis, e 
que seu horário de saída da empresa era 18h. Indagado pelo Promotor de 
Justiça, afirmou que fez o percurso a pé naquele dia e não parou no caminho. 
Afirmou, também, que, depois de encontrar a bicicleta, seguiu para a sua casa, 
tendo deixado o bem na casa de um parente, que fica próxima da dele.
Ora, as afirmações do acusado, além de isoladas nos autos, estão em 
flagrante contraditório com as demais provas produzidas. Vejamos.
Como realçado pelo Ministério Público nas alegações finais, a distância 
entre a Loja Bogo e o ponto onde o acusado disse ter encontrado a bicicleta 
abandonada é de aproximadamente 2km e é vencida a pé em, no máximo, 30 
minutos (nessas horas vê-se bem a importância de o Juiz de Direito e o 
Promotor de Justiça residirem na Comarca onde atuam).
Ora, se o acusado saiu da loja onde trabalhava às 18h e não parou no 
caminho, ele teria chegado no ponto onde encontro a bicicleta por volta de, no 
máximo, 18h30min. Impossível ter encontrado a bicicleta naquele local e nesse 
horário, uma vez que a vítima deixou a sua bicicleta na bicicletário do Sesi por 
volta de 18h50min, minutos antes de começar a sua aula (às 19h). [...] (fls. 88).
Ressalta-se, por oportuno, que o fato de a única testemunha que 
avistou o acusado com a bicicleta, José Leonardo Amâncio dos Santos, ter 
falecido durante o andamento do feito em nada prejudica a análise do cenário, 
uma vez incontroversa a posse do réu sobre o objeto.
Ao que se constata, portanto, diante das contradições evidenciadas 
e da ausência de qualquer álibi ou prova idônea a justificar o desfrute pelo 
infrator sobre a coisa subtraída, furtou-a, sendo descoberto quando a vítima 
tomou ciência por terceiro sobre sua identidade, a qual restituída já com suas 
características alteradas, certamente com a finalidade de evitar possível 
reconhecimento, mostrando-se isolada a versão defensiva quando apreciada na 
conjuntura retratada.
 
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Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 6
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Nesse quadro, "encontrado na posse da res furtiva, cabe ao 
acusado apresentar justificativa plausível para a situação, em razão da inversão 
do ônus da prova. [...]" (Apelação Criminal n. 2012.053541-4, de Indaial, rel. Des. 
Leopoldo Augusto Brüggemann, j. 13-11-2012).
Também assim, consabido que nos delitos patrimoniais, em que os 
fatos em regra acontecem sem a presença de testemunhas, os dizeres da 
ofendida ganham especial importância, principalmente quando esquadrinhados 
às demais provas, sendo certo que as circunstâncias, na espécie, apontam que 
Fernando Souza da Silva praticou a transgressão que lhe foi imputada.
A propósito, extrai-se da jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça:
[...] Conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a palavra 
das vítimas é plenamente admitida para embasar o decreto condenatório, 
mormente em casos nos quais a conduta delituosa é praticada na 
clandestinidade. [...] (AgRg no AREsp 297.871/RN, rel. Min. Campos Marques - 
Desembargador convocado do TJ/PR, j. 18-4-2013).
No mesmo sentido, esta Corte de Justiça tem decidido que "nos 
crimes contra o patrimônio, normalmente praticados na clandestinidade, a 
palavra da vítima goza de especial valor probante, sobretudo quando respaldada 
pelos demais elementos coligidos" (Apelação Criminal n. 
0040982-56.2014.8.24.0023, da Capital, rel. Des. Moacyr de Moraes Lima Filho, 
j. 8-3-2016).
Firmada a conduta delitiva e seguindo-se à esfera das 
consequências penais, verifica-se que com vista ao objeto subtraído não há falar 
em incidência do princípio da insignificância, posto que Adriana Círico afirmou 
em seu depoimento receber à época do ilícito remuneração aproximada a R$ 
800,00, ao passo que restou a sua bicicleta avaliada em percentual equivalente a 
vinte por cento de seus ganhos (fls. 14) e, ainda, que a usava como meio de 
transporte.
Conforme assentado pelo Supremo Tribunal Federal por ocasião do 
julgamento do Habeas Corpus 110.948/MG, da relatoria do eminente Ministro 
 
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Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 7
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Ricardo Lewandowski, levado a efeito em 26-6-2012, na aferição do relevo 
material da tipicidade penal, notadamente nos crimes contra o patrimônio, torna-
se indispensável a presença de vetores para se legitimar a descaracterização do 
delito por conta da máxima insignificância, tais como a mínima ofensividade da 
conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau 
de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica 
provocada.
Portanto, faltantes quaisquer desses elementos, no cenário sob 
exame o último mencionado, obstada a admissão da atipicidade da conduta.
Por outro lado, viável o reconhecimento do furto privilegiado, 
previsto no art. 155, § 2º, do Código Penal, porquanto preenchidos os requisitos 
autorizadores, quais sejam, primariedade e pequeno valor da coisa subtraída. 
A propósito, transcreve-se a redação do mencionado dispositivo de 
lei:
Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois 
terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
A respeito da matéria, extrai-se da lição de Cleber Masson:
Furto privilegiado (art. 155, § 2º): Também chamado de furto de 
pequeno valor ou furto mínimo, no qual a menor gravidade do fato, a 
primariedade do agente e o reduzido prejuízo ao ofendido recomendam um 
tratamento penal menos severo. Sua caracterização depende dos seguintes 
requisitos: (a) Criminoso primário: o Código Penal não define a primariedade, 
devendo seu conceito ser obtido negativamente: primário é toda pessoa não 
reincidente, ou seja, que não praticou novo crime depois de ter sido 
definitivamente condenado, no Brasil ou no exterior, por crime anterior (CP, art. 
63). A condenação anterior só funciona como pressuposto da reincidência 
desde que não tenha decorrido o prazo de 5 (cinco) anos entre a data de 
cumprimento ou extinção da pena e a prática do novo crime (período 
depurador). Há entendimentos no sentido de ser vedado o privilégio não só ao 
reincidente, mas também ao tecnicamente primário (sujeito que, embora não 
se enquadrando no conceito de reincidente, registra condenação anterior); e (b) 
Pequeno valor da coisa subtraída: O Código Penal nada dispõe acerca do 
conceito de coisa de pequeno valor. A jurisprudência, buscando proporcionar 
segurança jurídica, há muito consagrou um critério objetivo: coisa de pequeno 
valor é aquela que não excede o montante de 1 (um) salário mínimo. Leva-
se em conta o tempo do crime, e não a data da sentença. [...] É necessário seja 
 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 8
Gabinete Des. Luiz Cesar Schweitzer 
o pequeno valor da coisa expressamente indicado em auto de avaliação. A 
excessiva fortuna ou a demasiada pobreza do ofendido são irrelevantes para a 
concessão do privilégio. A ausência de prejuízo, decorrente da posterior 
apreensão do bem e sua restituição à vítima, não permite a incidência do 
privilégio, uma vez que tal raciocínio transformaria todos os furtos tentados em 
condutas penalmente insignificantes, pela ausência de prejuízo ao patrimônio 
alheio. Não se confunde a "coisa de pequeno valor" com a "coisa de valor 
insignificante" - aquela, se também presente a primariedade do agente, enseja 
a incidência do privilégio; esta, por sua vez, conduz à atipicidadedo fato, em 
decorrência do princípio da insignificância (criminalidade de bagatela). A 
jurisprudência é unânime ao efetuar esta distinção. [...] (Código penal 
comentado. 3. ed. São Paulo: Método, 2015. p. 667-668).
Logo, "[...] na insignificância, haveria um valor ínfimo, desprezível, 
somado a outras condições como a falta de reprovabilidade da conduta, gerando 
a chamada 'atipia conglobante'. No furto privilegiado, a res é de pequeno valor 
[...]" (ISHIDA, Válter Kenji. Curso de direito penal. 4. ed. São Paulo, Atlas, 2015. 
p. 374-375).
Como visto, na hipótese vertente, o acusado é primário – tendo em 
vista que sua condenação com trânsito em julgado advinda dos autos n. 
0000149-15.2015.8.24.0070 refere-se a fato posterior ao sub judice – e o valor 
da res furtiva, apesar de fugir da esfera da bagatela, pode ser considerado de 
pequena monta, uma vez que o objeto foi avaliado em R$ 150,00, quantia inferior 
ao salário mínimo vigente à época, qual seja, R$ 678,00.
Passa-se, portanto, à aplicação da pena.
Na primeira fase da operação, analisando as circunstâncias ditas 
judiciais descritas no artigo 59 do Diploma Penal, entende-se que a culpabilidade 
do agente não apresenta nota digna de menção.
Não ostenta antecedentes criminais aptos a serem sopesados e 
inexistem nos autos elementos para se analisar a sua conduta social e 
personalidade. Os motivos do crime são inerentes ao tipo. As circunstâncias e as 
consequências encontram-se dentro do esperado para o delito perpetrado, não 
desvelando maior potencialidade do ato praticado passível de exasperar a 
reprimenda. A vítima em nada contribuiu para a ocorrência do fato.
Devidamente sopesados tais fatores, como medida necessária e 
 
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Apelação Criminal n. 0000981-19.2013.8.24.0070 9
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suficiente à reprovação e prevenção da conduta incriminada, é de ser-lhe fixada 
a pena-base no mínimo legal, qual seja, um ano de reclusão e pagamento de dez 
dias-multa, cada qual valorado em um trigésimo do salário mínimo vigente à 
época do ilícito.
Verifica-se a inexistência de circunstâncias agravantes e a presença 
da atenuante da menoridade relativa prevista na primeira parte do inc. I do art. 65 
do Estatuto Repressivo - "ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, 
ou maior de 70 (setenta) anos, na data da sentença".
Consoante se extrai do termo de interrogatório, boletim individual e 
vida pregressa de fls. 11, o acusado, ao tempo da prática delituosa, contava com 
dezoito anos de idade, uma vez que nascido na data de 8-3-1995 e o ato 
delituoso foi praticado em 3-6-2013.
Nada obstante, mantém-se a censura primeva considerado o 
verbete sumular 231 do Superior Tribunal de Justiça, o qual preconiza que "a 
incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena 
abaixo do mínimo legal". 
Na etapa derradeira, todavia, devido ao reconhecimento da figura 
privilegiadora, aplica-se a redução de metade, ajustada com supedâneo na 
primariedade do réu e a restituição integral do objeto subtraído à proprietária, 
contrapostos ao fato de que o apelado restou condenado por outro ilícito 
patrimonial no mesmo juízo (autos n. 0000149-15.2015.8.24.0070), 
apresentando-se igualmente inviável a aplicação apenas de multa pois 
certamente não atingiria o fim pedagógico da sanção.
Assim, torna-se definitiva a reprimenda em seis meses de reclusão 
e pagamento de cinco dias-multa, pela prática do crime descrito no respectivo 
art. 155, caput, combinado com parágrafo 2°.
Estabelece-se o regime inicialmente aberto para cumprimento da 
pena privativa de liberdade, com amparo no art. 33, § 2º, da Lei Substantiva 
Penal e, nos termos do seu art. 44, § 2º, reputa-se viável a sua substituição por 
 
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uma restritiva de direitos, a saber limitação de fim de semana por prazo idêntico.
Ante o exposto, o voto é no sentido de conhecer do recurso e dar-
lhe provimento, para condenar Fernando Souza da Silva às penas de seis meses 
de reclusão, a ser resgatada em regime inicialmente aberto, porém substituída 
por uma restritiva de direito, consistente em limitação de fim de semana, e 
pagamento de cinco dias-multa, cada qual arbitrado em seu mínimo legal, por 
infração ao preceito do art. 155, caput, combinado com parágrafo 2°, do Código 
Penal.

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