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DOCAGEM SUBAQUÁTICA: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE OS MÉTODOS DE DOCAGEM PARA DIFERENTES MODELOS DE AUVS. MARCUS Vinícius Leal Marcusvini178@hotmail.com Robótica – Roberto Simoni 17/11/2017 RESUMO O presente artigo tem como intuito apresentar os métodos de docagem dos modelos construtivos de AUVs mais usuais em aplicações off-shore. O processo de interação entre os componentes estruturais de cada modelo de AUV e os componentes do sistema de docagem serão explicados e melhor detalhados por meio de algumas imagens. Serão apresentados os testes de docagem realizados por renomados institutos e empresas para cada tipo de AUV. Por fim os resultados serão analisados e comparados. Palavras-chaves: docagem, métodos, modelos. ABSTRACT The purpose of this paper is to present the docking methods of the most common AUV construction models in offshore applications. The process of interaction between the structural components of each AUV model and the components of the docking system will be explained and better detailed through some images. Finally, we will present the docking tests carried out by renowned institutes and enterprises for each type of AUV. Finally, the results will be analyzed and compared. Key-words: docking, methods, models. I INTRODUÇÃO Após a virada de século, o trabalho do AUV se tornou indispensável em estruturas off-shore. Sua autonomia, elevado alcance a regiões profundas, entre outras características, lhe permitiram a atribuição de diversas aplicações, tais como transporte, mapeamentos do solo, identificação de novas espécimes entre outras tarefas. No entanto ainda que sua presença seja indispensável, ela ainda gera custos elevados. Isto porque para que o AUV recarregue sua energia e possa ter seus programas e trajetos atualizados, ele necessita emergir à superfície e muitas vezes precisa embarcar em um navio para que este processo ocorra, demandando muito tempo e custos elevados. Quando o AUV é atualizado via satélite e recarregado pela energia sola, ele ainda corre o risco de atingir alguma estrutura próxima à superfície e ser danificado. Uma alternativa para solucionar estes problemas descritos anteriormente, é a instalação de um sistema de docagem sobre o solo do oceano para este veículo subaquático. Diversas empresas e instituições vem projetando e obtendo resultados positivos na instalação e nos testes destes sistemas de docagem. O trabalho a seguir visa explicar os diferentes métodos aplicados para diferentes modelos de AUVs utilizados por estas empresas e instituições, analisá-los e compará-los. Desta maneira ficará claro quais as vantagens de se utilizar o processo de docagem subaquático. Poderemos verificar as semelhanças e as diferenças entres os processos de docagem para cada modelo de AUV, entender quais são as limitações que estes processos ainda apresentam e quais medidas devem ser tomadas para que o processo evolua. II AUVs No geral os AUVs possuem funções similares. No entanto alterá-los estruturalmente pode garantir melhor performance durante o exercício de alguma função. Existem basicamente 3 modelos de AUVs, os Cruising AUVs, os Hovering AUVs e os Intervention AUVs. O Cruising AUV é aplicado geralmente para análises topográficas. Utilizando o sonar, ele é capaz de observar uma área mais ampla que os outros dois e possui elevada performance propulsora. Já o Hovering AUV possui maior mobilidade no fundo do oceano e por isso consegue adentrar em estruturas de difícil acesso com maior facilidade. O Intervention AUV, a variação mais recente do AUV tradicional, é utilizado para operações sob o oceano uma vez que é dotado de um manipulador, assim como a classe dos ROVs. Todos eles são constituídos de equipamentos distintos e, portanto, suas características dinâmicas e estruturais diferem. Desta forma para cada modelo de AUV, é necessário elaborar uma metodologia apropriada e um sistema de docagem específico, para que este robô possa “aterrissar” com sucesso. III SISTEMA DE DOCAGEM A) Hovering O Hovering AUV, é um AUV com elevados graus de liberdade que lhe permitem flutuar sob as águas na posição desejada e pelo tempo desejado. Ele possui a manobrabilidade de um ROV combinada com a autonomia de um AUV. Graças a estas características ele é o modelo de AUV mais adequado para efetuar pesquisas detalhadas de área local. O Hovering AUV usualmente é empregado para identificar a presença de ricos depósitos hidrotérmicos. Sendo, portanto, uma das maiores ferramentas na economia de países que buscam identificar e captar estes recursos minerais do fundo do mar. O Japão identificou em seus domínios marítimos extensas áreas com depósitos hidrotérmicos, e tornou-se um dos maiores países a investir neste modelo de AUV e na elaboração de seus respectivos painéis de docagem (MAKI et al., 2013). Docagem A docagem de um Hovering AUV é composta de 2 etapas. A primeira etapa ocorre em longas distâncias. O AUV estima sua posição relativa através de um método acústico e se aproxima da estação. Posteriormente em uma distância mais curta, o AUV mede sua posição relativa, através do processamento de imagem e efetua a docagem na estação. A versatilidade deste método é ampla, pois ele pode possuir inúmeros LEDs e diversas câmeras. Os pré- requisitos para este método são: O AUV conseguir captar acusticamente sua posição relativa à estação uma longa distância; Possuir uma câmera frontal; Controlar de forma independente 4 graus de liberdade (surge, sway, heave e yaw); Medir sua profundidade, velocidade, taxa de inclinação e altitude. Figura 1: Procedimento de docagem para um Hovering. Fonte: (MIKI,2013). Procedimento São estabelecidos dois sistemas de coordenadas espaciais, uma para o AUV e a outra para o sistema de docagem. A origem Xs e Ys (coordenadas do painel de docagem) é definida como a localização das coordenadas do AUV, quando esta doca na estação. O processo consiste em 3 etapas: 1. A uma distância elevada, o AUV se posiciona verticalmente e horizontalmente baseado no posicionamento acústico e se aproxima do “Entry point” exibido na figura 1. Após esta etapa um sensor mede o ângulo de inclinação em que o Hovering AUV se encontra em relação à estação de docagem. Se o ângulo for menor que um ângulo Ø predeterminado experimentalmente, a etapa 2 é abortada, e o AUV refaz a etapa 1 até reajustar sua posição para uma inclinação permitida para entrar no “Entry point”. 2. Uma vez localizado no “Entry Point”, agora mais próximo a estação de docagem, o AUV passa a se localizar a partir do procedimento visual, que possui uma resolução muito maior comparada ao posicionamento acústico. O AUV busca a linha de marcadora que os LEDs geram. Se o ângulo que o Hovering AUV faz com estas linha é menor que um ângulo α predeterminado experimentalmente, ou se o tempo que ele demora pra reconhecer os LEDs for menor que um tempo 𝑡1 predeterminado, o AUV não vai para a terceira e última etapa, e precisa reajustar sua posição para que possa entrar no “Land point” ou ponto de aterrissagem. 3. Posicionado agora no ponto de aterrissagem, o AUV se posiciona e se locomove através de seu peso. Para que ele possa finalmente entrar na estação de docagem, ele deve estar em uma altura maior que aaltura ℎ𝑚í𝑛 exigida e menor que uma altura ℎ𝑚á𝑥 requerida. Além disso ele deve estar ajustado entre esses limites de altitude em determinado período de tempo 𝑡2. Caso alguns destes requisitos não seja cumprido ele não “estaciona” e deve refazer a etapa. A interação entre a câmera e o sensor funciona da seguinte forma. São posicionados na estação de docagem 4 LEDs. Cada um deles localiza-se a uma mesma distância dos outros. A câmera do AUV ao visualizar estes LEDs consegue identificar a distância, a inclinação, a profundidade e o ângulo de rotação entre o AUV e os LEDs. E a partir destas propriedades o AUV consegue efetuar sua docagem com precisão. Quanto maior for a intensidade de um LED, o alcance para que o AUV o localize se torna maior, no entanto, a resolução diminui. Desta forma é necessário estabelecer no projeto qual a distância ideal para localizar o AUV e qual a resolução será necessária para que este se posicione adequadamente. Composição do Hovering AUV A equipe do Instituto Industrial de Tóquio e da Universidade de Tóquio utilizaram o AUV tri-TON para os testes de docagem. Este robô é composto por: i. 3 vasos de pressão de alumínio; ii. Propulsores: 2 de elevação, 2 de profundidade e 1 de inclinação garantindo 4 graus de liberdade; iii. ALOC (Dispositivo de comunicação e localização acústica) ; iv. DVL (Dispositivo medidor de velocidade pelo efeito Doppler); v. Sensores: De altitude e profundidade; vi. 2 câmeras: Traseira e frontal; vii. FOG (Giroscópio de fibra ótica). Segue abaixo uma imagem descritiva que melhor demonstra a estrutura deste Hovering AUV. Figura 2: Estrutura de um Hovering AUV Fonte: (Adaptado de MIKI,2013). Estrutura da Estação de Docagem A estação de docagem é composta por: Suporte de ancoragem; Bateria; Computador (processador) para atualização de software; 5 LEDs, sendo o LED da cor vermelha o de maior intensidade e os demais de igual intensidade; A figura abaixo exemplifica melhor esta estrutura: Figura 3: Estrutura da estação de docagem elaborada especificamente para um Hovering Fonte: (Adaptado de MIKI,2013). Interação entre o AUV e o Painel de Docagem na interface Tanque Para realização de testes no AUV Tri- TON, foi utilizado um tanque de 50 metros de comprimento, 10 metros de largura e 5 metros de profundidade. As paredes do tanque atrapalham a navegação acústica. Desta forma a etapa 1 foi realizada por meio da utilização do DVL e do FOG. Testes A equipe do Instituto Industrial de Tóquio e da Universidade de Tóquio, inseriu o Tri- TON no tanque. Eles testaram apenas as etapas 2 e 3, ou seja, foi admitido que não haveria erro na etapa realizada pelo sonar, portanto apenas os resultados a partir do procedimento visual foram considerados. O TT desceu aproximadamente 5 metros na frente da estação, inclinando-se para a estação. O TT fixou sua posição baseado na linha de referência emitida pelos LEDs, e se moveu 8 metros na direção do eixo x. O TT (Tri-TON), iniciou o procedimento de docagem. Após o TT realizar ou abortar o procedimento, ele emergiu. Resultados Das 26 tentativas todas tiveram sucesso até a etapa 2, mas apenas 50% foram bem-sucedidas na realização da etapa 3. Portanto o Tri-TON japonês conseguiu efetuar a docagem 13 vezes. Segue abaixo fotos coletadas do ensaio: Figura 4: Resultados do procedimento de docagem Fonte: (MIKI,2013) Análise A equipe japonesa verificou que 50% das docagens falharam devido ao fato de que o AUV não estava posicionado corretamente na posição horizontal durante a etapa 3, apesar de estar na altitude correta. Isto fez com que os pinos de ancoragem da estação, não conseguisse atracar o robô. Desta forma a equipe concluiu que deve otimizar o sensor de profundidade e alterar alguns parâmetros dos LEDs para corrigir este mau posicionamento. A equipe pretende futuramente, com a etapa 3 já corrigida e otimizada, testar a docagem no AUV em condições reais, no oceano. B) Cruising AUV O Cruising AUV ou AUV de cruzeiro, é um modelo de AUV utilizado principalmente para efetuar análise topográfica sob o oceano através de sonares. Diferentemente do Hovering, ele não possui a capacidade de pairar sob o mar, pois possui menor mobilidade. No Japão ele é potencialmente empregado para uma primeira detecção de potenciais locais com recursos naturais. A Agência Japonesa de Ciência e Tecnologia Marinha e da Terra muito tem investido neste robô, na tentativa de explorar esses recursos minerais no leito de seu oceano. Não por acaso, este país possui a 6ª maior zona econômica mundial. Docagem O método de docagem do Cruising AUV também a princípio era o tradicional, ou seja, com embarcação de apoio. No entanto em uma exploração nas águas do ártico, foi constatado que a emersão do AUV à superfície poderia danificá-lo e para resolucionar este problema, Hyakudome propôs o desenvolvimento de AUVs para cruzeiros longos (LCAUV). Estes AUVs eram dotados de maiores baterias e possuíam maior autonomia. Ainda assim verificou-se que o processo podia ser otimizado, e Nakatani propôs um método onde diversos AUVs poderiam ser carregados periodicamente por meio de um veículo autônomo. Este veículo ficaria localizado na superfície (ASV) w substituiria a embarcação de apoio, reduzindo custos. Tal método ficou conhecido como Multi-AUV. Por fim o método proposto e mais aceito atualmente para recarga de AUV do tipo Cruising consiste na docagem subaquática em uma estação de recarga subaquática (URS). Procedimento O procedimento para conduzir o Cruising AUV para a URS é semelhante ao procedimento para docar o Hovering AUV. Ele consiste também em dirigir o AUV que está em trabalho de pesquisa sob o oceano, para uma unidade de docagem localizada ao fundo do mar. Para isto ocorrer o AUV segue as seguintes etapas: 1. O AUV desloca-se para próximo da URS por meio de navegação acústica; 2. O Cruising passa a procurar pelos LEDs localizados na URS através de processamento visual; 3. O robô se aproxima verticalmente da URS usando processamento de imagem; 4. Um cone de docagem passa a guiar o AUV até seu destino final, estabelecendo a “aterrissagem”. Neste caso a estação de docagem não é totalmente fixa, como é no caso do Hovering, ela é relativamente móvel. Isto porque os cientistas identificaram que a topografia sob as águas japonesas é complexa e que os terrenos são na maior parte inclinados, verificaram também que as fortes marés deslocam tanto a URS quanto o AUV. Desta forma a URS é estruturada por 4 postes móveis que efetuam a correção do posicionamento desta estação para que a docagem possa ocorrer de forma facilitada. Estrutura do Cruising AUV O Cruising AUV utilizado pela JAMSTEC e pelos pesquisadores da universidade de marinha de Tóquio foi o AUV “OTOHIME”. Eles adaptaram este AUV já existente para exploração de recursos marinhos e atividades biológicas sob o oceano.Os componentes principais do OTOHIME original são: i. 1 Sonar de varredura lateral; ii. Diversas câmeras; iii. Sensores químicos para pesquisa; iv. Lemes; v. 2 Propulsores com mecanismo de inclinação, com amplitude de inclinação de + _⁄ 90º; Com este arranjoestrutural, o veículo é capaz de controlar a profundidade com o uso da força do leme e se deslocar a uma velocidade 0,5 m/s em altitudes variando de 20 m a 50 m para varreduras com o sonar e a velocidade de 0,25 m/s em altitudes variando de 2 m a 5 m para observações com câmera. A equipe japonesa verificou que o AUV em questão apesar de estar apto para a observação da topografia e de recursos sob o oceano, ainda não estava apto a efetuar uma docagem precisa e segura devido à complexidade da topografia dos terrenos subaquáticos japoneses e devido as fortes correntes marítimas. O Cruising OTOHIME é capaz de realizar o controle de azimute, o controle de descida vertical e o posicionamento do ponto fixo, entretanto separadamente. Para que tenha sua performance otimizada e estabeleça uma docagem precisa ele deve ser capaz de controlar os três parâmetros citados anteriormente simultaneamente. Para corrigir este problema a equipe reconfigurou o design do veículo subaquático OTOHIME, e fez as seguintes modificações: a. Equiparam a parte inferior do veículo com uma câmera e um cone que funciona como guia mecânico durante a docagem. Para isto foi retirado um leme vertical inferior; b. Inseriram +2 propulsores em substituição ao leme horizontal; c. Inseriram um modem SSBL para navegação. Desta forma o novo arranjo passou a ter 4 propulsores, 2 traseiros e 2 dianteiros. Este novo design do OTOHIME fez com que ele pudesse a ter melhor controle de posicionamento e tivesse maior performance durante a docagem, além de melhorar seu desempenho durante as observações e pesquisas subaquáticas. Esta adaptação pode ser visualizada na figura abaixo: Figura 5: Adaptação do Cruising OTOHIME. Fonte: (OTHA, 2017) Estrutura da URS A estação de recarga subaquática (URS) para o Cruising OTOHIME é constituída por: i. LEDs; ii. Dispositivo mecânico auxiliar para ancoragem em formato de cone; iii. Modem acústico com SSBL para navegação; iv. Unidade de controle; v. 4 postes móveis para ajustar a posição da URS em relação ao AUV, devido ao deslocamento destes pela presença de fortes correntes marítimas e pela topografia inclinada do terreno subaquático japonês; Além disto a URS foi projetada em um formato cilíndrico devido as fortes marés encontradas sob o oceano japonês, que permite com que o veículo OTOHIME encaixe na URS em caso da ocorrência destas em qualquer direção. Teste de Tanque Para o teste de tanque, a equipe utilizou um modelo na escala de ¼ do tamanho original. Ainda assim foi possível manter uma fidelidade construtiva ao modelo original e desta forma a reprodução dos fenômenos hidrodinâmicos do veículo foram reais. Foram realizados testes PMM (Movimento de mecanismo planar) no robô. Foram medidos as forças 𝐹𝑥, 𝐹𝑦, 𝐹𝑧 e 𝑀𝑧 e 𝑀𝑦 do componente, quando orientado em planos distintos. Foi realizado um teste de resistência do veículo a partir de sua velocidade e a partir do teste de reboque oblíquo deste AUV. Para análise dos derivados hidrodinâmicos do eixo Z (profundidade), foram realizados testes de força e de impulso dos propulsores. Os dados coletados deste teste foram aplicados para uma análise no CFD (Computational dynamic fluids) e utilizados como parâmetros para controle matemático e simulação de movimento. Figura 6: Gráficos gerados pelo teste tanque – Força de arrasto Fonte: (OTHA, 2017) Teste CFD Um teste computacional foi realizado utilizando um modelo 3D desenhado no CAD muito fiel ao modelo adaptado do OTOHIME. Alguns parâmetros coletados no teste de tanque foram utilizados, tais como a força de propulsão do AUV, força de arrasto, etc. Outros parâmetros, tais como a turbulência das marés entre outras propriedades hidrodinâmicas foram inseridas no programa com o intuito de se obter o comportamento deste veículo quando submetido a condições reais sob o oceano. Figura 7: Simulação computacional Fonte: (OTHA, 2017) Resultados A partir do teste de Tanque foi constatado que o AUV OTOHIME possui elevada mobilidade na direção do ângulo de guinada e elevada estabilidade na direção do ângulo de arfagem. De acordo com a simulação computacional e a simulação de movimento é possível realizar a docagem subaquática para este robô modificado quando for submetido a condições reais sob o mar. Figura 8: Performance do AUV durante a docagem Fonte: (OTHA, 2017) Análise A adaptação do AUV e do URS foi essencial para que a docagem subaquática pudesse ocorrer adequadamente. Este aprimoramento do sistema foi necessário para que o robô pudesse estacionar quando submetido a fortes correntes marítimas e pudesse docar em terrenos inclinados, comuns em solos japoneses. Os testes de tanque, de simulação computacional e de simulação de movimento permitiram avaliar quais melhorias devem ser feitas na estrutura do AUV para que para o próximo ano um teste em condições reais possa ser efetuado com a mais perfeita precisão. C) ALIVE AUV O Autonomous Light Intervention Vehicle ou ALIVE AUV foi um AUV projeto líder de pesquisa mundial, que visava projetar um AUV capaz de intervir fisicamente em ambientes subaquáticos. O desenvolvimento deste robô teve como objetivo a longo prazo, substituir os ROVs da classe Light e Workclass em suas tarefas. O sucesso da elaboração do ALIVE e de seu sistema de docagem significam uma enorme economia para empresas marinhas, isto porque a utilização do ALIVE descarta os custos com embarcações de apoio, operadores de ROV, entre outros, além deste ser capaz de realizar a tarefa em um tempo muito inferior ao do ROV. Dentre as tarefas usuais impostas ao ALIVE, estão a inspeção e operação de válvulas subaquáticas, o estabelecimento de conexões, de plugues, etc. Sendo sua presença então indispensável em empresas de exploração de petróleo e em estruturas off-shore. O projeto deste AUV de intervenção foi financiado por setores industriais e acadêmicos tais como Cybernetix, Hitec-Frames, Heriot- Watt University, Ifremer Joint Research Center (Comissão europeia). Docagem A docagem do ALIVE é um tanto quanto mais precisa e mais tecnológica que a docagem dos outros dois AUVs citados anteriormente. O sistema no geral é composto por diversas tecnologias e componentes computacionais complexos que em sua fusão formam o Autonomous Docking System (ADS). Esta tecnologia eletrônica/computacional está embutida em 5 módulos, dos quais os 4 primeiros citados abaixo estão compactados em um único módulo interno ao AUV. São estes módulos: Sonar Docking System (SDS); Video Docking System (VDS); Docking Sensor Fusion (DSF); Autonomous Docking Planner (ADP); Docking System Controller (DSC). O funcionamento do VDS e do ADP podem ser vistos nas figuras 10 e 11 respetivamente. Existe uma interação dos 4 primeiros módulos citados acima e o último. Esta interação ocorre através da memória compartilhada, que é um componente que gerencia a estrutura de dados, os transforma em mensagens e as envia para um link de comunicação. Quando estas mensagens são recebidas a estrutura de dados é atualizada. O DSC tem a função de controlar o comportamento dos outros4 módulos, ele atua também como interface para todo ADS, e traduz mensagens de sistemas externos em mensagens de memória compartilhada, assim como fazem o caminho inverso, traduzindo a mensagem de saída dos módulos para o sistema externo em formato apropriado. Desta forma o DSC utiliza duas mémorias compartilhadas, uma para se comunicar e controlar os 4 módulos internos ao AUV e a a outra para estabelecer a comunicação destes módulos com os sistemas externos. Diferentemente dos AUVs anteriores, o ALIVE permite uma intervenção de um operador a partir do DSC, o que garante uma segurança a mais para este veículo em caso de falhas, já que pode contar com o auxílio de um agente externo. Um fluxograma explicativo da interação entre o ADS e seus submódulos pode ser visto na figura 12. Procedimento A docagem do ALIVE se perfaz através de 3 fases: 1. Transito – A informação do Sistema Inercial de Navegação (INS) é utilizada para transitar o AUV da superfície de embarcação até a zona de aterrissagem segura (SLZ), localizada a uma profundidade de 100 metros acima do painel de docagem. A posição e condições do AUV durante o mergulho autônomo podem ser monitorados na estação da superfície por dados transmitidos periodicamente através de modems acústicos. 2. Aproximação – Na fase de aproximação, o sistema de docagem utiliza varreduras de sonar periódico para rastrear e calcular continuamente a posição relativa do veículo para estação de docagem. O sistema de controle do veículo utiliza essa informação para manobrar o AUV da zona de segurança de aterrissagem (SLZ) para uma posição de aproximadamente 2 a 3 metros da estação. Uma vez que o veículo está perto o suficiente para observar o painel de docagem, ele se utiliza de um sistema de vídeo a bordo para se dirigir para a fase de docagem. 3. Docagem – Durante a fase de docagem, o sistema de controle combinado de sonar e vídeo, estabiliza o veículo a 10 cm do painel de docagem, e este fica pairando nesta posição. A partir daí os manipuladores se estendem e se ancoram nas barras guias do sistema de docagem. Quando o AUV se encontra próximo ao sistema de docagem, o ADS (Autonomous Docking System) é o responsável por rastrear e estimar a posição em que o AUV se encontra, tudo isso a partir de implementações em tempo real de rastreadores, baseados em sensores e em algoritmos de reconstrução de posição 3D. As posições são então repassadas ao Gerenciador Autônomo de Docagem (ADP), que será responsável pelo planejamento geral e coordenação (incluindo monitoramento de falhas) do processo de encaixe automático. A partir deste momento, a ancoragem mecânica é realizada pelas garras, que finaliza o processo. Estrutura do ALIVE O ALIVE pesa 3 toneladas, tem 4 metros de comprimento,3 metros de largura e 2 metros de altura. Ele é composto por: i. Sonar de resposta em tempo real; ii. Vídeo câmera de alta precisão que através de loops de controle de posição garantem uma excelente manobrabilidade ao AUV no momento da docagem; iii. Inertial Navegation Systems (INS); iv. Video based in dynamic Position (DP) que tem como função estabilizar o AUV em uma posição fixa, quando o procedimento de docagem mecânica automática se inicia. v. 2 garras mecânicas de ancoragem, que servem para pegar as barras guias do sistema de docagem em uma distância de até 1 metro; vi. 1 manipulador com 6 graus de liberdade. Ao lado segue uma ilustração deste veículo. Figura 9: Estrutura de um ALIVE AUV Fonte: (AUVAC, 2017) Estrutura da Estação de docagem A estação de docagem para o ALIVE não é complexa, tampouco peculiar. Ela não apresenta os diversos dispositivos encontrados nas estações de docagem para os veículos subaquáticos anteriores. A estação de docagem do ALIVE contém: 2 barras guias para ancoragem mecânica durante a interação com as garras do AUV; Painel de trabalho, que consiste em um painel com válvulas e ferramentas para que o manipulador do AUV trabalhe (abertura, fechamento de válvulas, mudança de local, etc). Enfim o painel serve apenas para testar a funcionalidade do manipulador. Desta forma conclui-se que o trabalho da docagem é elaborado basicamente pela moderna tecnologia empregada no interior do AUV, sendo pouco auxiliado pela estação de docagem. Testes 1. Em águas rasas: Neste teste, ocorrido em junho de 2003, a equipe europeia testou todos os módulos do AUV, e, portanto, sua funcionalidade foi posta à prova. Foi testada duas de suas metodologias para docar, a primeira funcionando como um loop controlador de posição, e a segunda ativando o controlador de ponto de referência de alto nível. Não cumpriu com a primeira função apropriadamente, devido a dinâmica do veículo e aos ruídos presentes durante a docagem. No entanto utilizando a função como controlador de ponto de referência de alto nível, obteve-se sucesso durante a docagem, sendo o veículo levado para dentro da faixa de alcance do painel de docagem. 2. Em águas profundas: O ensaio de águas profundas não foi realizado, e a equipe pretendia desenvolvê- lo até o final daquele ano. Para este teste a equipe pretendia instalar um painel de docagem a 300 metros abaixo da superfície do mar. Colocar o ALIVE sobre a superfície e deixá-lo mergulhar. Após ele transitar de forma autônoma a aproximadamente 50 metros do painel, uma combinação dos sistemas de sonar e de vídeo será utilizada para aproximá-lo da doca. Quando o veículo estiver completamente alinhado e estável, o braço de encaixe será estendido e a docagem será realizada. Por fim o manipulador robotizado poderá realizar a intervenção (giro da válvula). Todo procedimento será monitorado utilizando imagens periódicas transmitidas ao piloto utilizado o modem acústico de elevada banda larga. Resultados Conforme pode se ver anteriormente o teste em águas rasas com o ALIVE obteve um sucesso parcial. Já o segundo teste não foi documentado, entretanto em pesquisas atuais verificou-se que este teste foi realizado com sucesso. Análise O desenvolvimento do ALIVE pode ser considerado um marco na evolução dos AUVs uma vez que esta classe de robô subaquático ganhou mais uma função. Demonstrou-se que é possível manipular objetos e estruturas sob as águas também a partir de robôs autônomos e não somente utilizando ROVs. IV COMPARAÇÃO ENTRE OS MÉTODOS Foi visto que a docagem para cada variação de AUV é distinta. Também foi constatado que a estrutura de cada AUV apresentado é peculiar. Isto porque cada um foi modelado para cumprir com uma função determinada, ou seja, a estrutura de um AUV é projetada de acordo com a função que se deseja delegar a ele. Apesar das diferenças e peculiaridades de cada AUV e de cada estação de docagem constata- se que todos os modelos contêm algumas características e tecnologias semelhantes. Vimos que não somente alguns componentes do AUV, mas o modo de locomoção, a maneira de posicionamento e aproximação das estações de docagens seguem etapas e processos muito semelhantes. V CONCLUSÃO Conclui-se que empresas e instituições estão buscando cada vez mais aperfeiçoar a docagem subaquática de AUVs, já que este processo irá reduzir as despesas e gerar economias.No entanto observou-se que a docagem de um robô AUV não é tarefa fácil, e que em quase todos os testes ocorreram alguns erros e os AUVs não conseguiram docar. Viu-se que a tecnologia empregada e os procedimentos empregados para “estacionar” um AUV no fundo do oceano, são complexos e, portanto, ainda precisam ser otimizados. O desafio dos pesquisadores de grandes empresas e instituições são atualmente, estabelecer métodos precisos e eficazes para docagem para todo tipo de AUV, submetido a qualquer terreno e condições adversas. Figura 10: Arquitetura Interna do VDS. Fonte: (EVANS,2017). Figura 11: Arquitetura Interna do ADP Fonte: (EVANS,2017) Figura 12: Arquitetura interna do ADS. Fonte: (EVANS,2017) REFERÊNCIAS AUVAC. Auv system spec shet, 2017. Disponível em <http://auvac.org/configurations/view/15> (Acesso em 14/11/2017). EVANS, J; PAUL R; et al. Autonomous Docking for Intervention-AUVs using Sonar and Video-based Real-time 3D Pose Estimation. Ocean Systems Laboratory, Heriott-Watt University, 2003, Scotland. MAKI, S; SHIROKU R;et al. Docking Method for Hovering Type AUVs by Acoustic and Visual Positioning. Institute of Industrial Science, The University of Tokyo, 2013, Tokyo. OHTA Y., ISHIBASHI S., et al. A Study of Vehicle Design to Substantiate an Underwater Docking System for an AUV. Japan Agency for Marine-Earth Science and Technology (JAMSTEC),2017, Japan. LINKS ANIMAÇÃO DE UM “DIA DE TRABALHO” DE BLUEFIN AUV: https://www.youtube.com/watch?v=Dbfwwv47w4Y DOCAGEM DE UM ALIVE AUV https://www.youtube.com/watch?v=pfqOA4FqHNE TESTE EM TANQUE - DOCAGEM DE UM CRUISING ALEMÃO https://www.youtube.com/watch?v=WXbO52BwgQM DOCAGEM DE UM AUV NO OCEANO – REAL https://www.youtube.com/watch?v=jLgqj8RWDC0 AUVs e ROVs TRABALHANDO EM AMBIENTE SUBAQUÁTICO https://www.youtube.com/watch?v=IZ-1POs_i7M TESTE TANQUE - DOCAGEM DE UM HOVERING AUV https://www.youtube.com/watch?v=SL-WMBdjxRg
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