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Disciplina de Farmacotécnica II Sistemas dispersos: emulsões • Fase contínua = fase externa = fase dispersante • Fase descontínua = fase interna = fase dispersa Sistemas dispersos: emulsões • Suspensões; • Emulsões; • Géis; • Aerossóis Sistemas dispersos: emulsões Emulsões são sistemas heterogêneos bifásicos em que a fase dispersa é composta de pequenos glóbulos de líquidos que se encontram distribuídos em um veículo no qual é imiscível. Gotículas Sistemas dispersos: emulsões Gotículas, geralmente, com dimensões de 1 µm a 50 µm. Gotículas, geralmente, com dimensões de 1 nm a 1 µm. Sistemas dispersos: emulsões • Oral - emulsões O/A • Tópica - emulsões O/A (fácil remoção) ou emulsões A/O (emoliência, lubrificação e proteção); Loções Cremes • Parenteral Intravenosa - emulsões O/A Intramuscular - emulsões O/A ou emulsões A/O Sistemas dispersos: emulsões Vantagens • Possibilidade de solubilizar o fármaco na fase aquosa ou oleosa; • Possibilidade de mascarar o sabor e o odor desagradável de certos fármacos; • Boa biocompatibilidade com a pele humana. Sistemas dispersos: emulsões Desvantagens • Por via oral, são menos aceitas do que as soluções e suspensões; • São sistemas termodinamicamente instáveis, cujas as fases tendem a separar-se com o decorrer do tempo; Sistemas dispersos: emulsões Fase aquosa Emulsificantes Fase oleosa + + Excipientes aquosos Naturais Sintéticos Excipientes oleosos Sistemas dispersos: emulsões Fase aquosa + “Oil free” Emulsificantes + Fluidos de silicone Sistemas dispersos: emulsões Teorias do processo de emulsificação • Teoria da tensão superficial Energia livre alta Sistema instável! Redução da tensão superficial Sistema estável! emulsificante Líquidos imiscíveis Retorno ao estado inicial para reduzir a energia livre Agitação Sistemas dispersos: emulsões Teorias do processo de emulsificação • Teoria da película ou filme Sistemas dispersos: emulsões CMC – Concentração micelar crítica Sistemas dispersos: emulsões • Naturais e derivados Polissacarídeos, polissacarídeos semi-sintéticos e substâncias contendo esteróides. Variação lote-a-lote na sua composição; Mais susceptível ao crescimento de bactérias e fungos; • Sintéticos e semi-sintéticos Sólidos finamente divididos; Tensoativos aniônicos, catiônicos, não iônicos e anfóteros. Sistemas dispersos: emulsões • Naturais e derivados Polissacarídeos - emulsões O/A - Goma arábica, goma adragante; Polissacarídeos semi-sintéticos - emulsões O/A - Metilcelulose; Substâncias contendo esteróis - emulsões A/O - Lanolina. • Sintéticos e semi-sintéticos sólidos finamente divididos podem ser adsorvidos – emulsões O/A ou O/A - silicato de alumínio e magnésio (Veegum®), alumínio coloidal, hidróxido de magnésio. Sistemas dispersos: emulsões Sistemas dispersos: emulsões • Aniônicos Potencialmente irritante; Preparações de uso externo; Mais eficiente em meio alcalino pH(> 8,0); Incompatíveis com ácidos e cátions polivalentes; Baixo custo. Ex.: Estearato de sódio, oleato de cálcio, trietanolamina, laurilsulfato de sódio. Estearato de sódio Sistemas dispersos: emulsões • Aniônicos Sistemas dispersos: emulsões • Catiônicos Propriedade anti-séptica; Potencialmente irritante; Preparações de uso externo; Mais eficiente em meio ácido - pH(3,0 – 7,0); Incompatíveis com tensoativos aniônicos; Ex.: Cetrimida (brometo de cetiltrimetiamônio), Cloreto de cetiltrimetilamonio, bases auto-emulsionantes como o Incoquat (mistura de álcool cetoestearílico e beheniltrimetiamônio)... Cetrimida Sistemas dispersos: emulsões • Não iônicos Baixa toxicidade e irritabilidade; Preparações tópicas, orais e parenterais; Menos sensíveis a alterações de pH (3,0 – 10,0) e presença de eletrólitos; Maior grau de compatibilidade com diversas substâncias do que os tensoativos iônicos Mais caros do que os tensoativos iônicos. Ex.: Monoestearato de glicerina, monoestearato de sorbitano, polissorbatos (Tweens®), ésteres esteáricos... Polissorbato 80 (Twee80®) Sistemas dispersos: emulsões • Não-Iônicos Sistemas dispersos: emulsões • Anfóteros Catiônicos em pH baixo e aniônicos em pH alto; Menos utilizados. Ex.: Betaínas, Lecitinas... Sistemas dispersos: emulsões Seleção: • Manutenção da estabilidade da emulsão durante prazo de validade previsto para uso • Compatibilidade com demais componentes da formulação; • Não interferir na estabilidade e eficácia do agente terapêutico; • Não deve ser tóxico em relação ao uso pretendido e à quantidade a ser utilizada pelo paciente; • Deve possuir pouco odor, sabor e cor. Sistemas dispersos: emulsões • Proporção das fases; • O tipo do tensoativo empregado Regra de Bancroft. Determinantes do tipo de emulsão O/A ou A/O : Emulsões • EHL = EQUILÍBRIO HIDRÓFILO-LIPÓFILO: REGIÃO APOLAR R EG IÃ O P O LA R Número que indica a polaridade do tensoativo Emulsões Comportamento em água Faixa de EHL Emulgente A/O 3-6 Agente umectante 7-9 Emulgente O/A 8-18 Detergentes 13-16 Solubilizantes 15-20 Valores de EHL para tensoativos farmacêuticos Trioleato de sorbitano (Span 85) 1,8 Ácido oléico 4,3 Monooleato de sorbitano (Span 80) 4,3 Monoestearato de sorbitano (Span 60) 4,7 Monolaurato de sorbitano (Span 20) 8,6 Polissorbato 60 (monoestearato de polioxietilen-sorbitano) 14,9 Polissorbato 80 (monooleato de polioxietilen- sorbitano) (Twen 80) 15 Polissorbato 20 (monolaurato de polioxietilen- sorbitano) (Twen 20) 16,7 Oleato de potássio 20 Lauril sulfato de sódio 40 EHL = EMULSÃO O/A EHL = EMULSÃO A/O Sistemas dispersos: emulsões Método EHL (Equilíbrio Hidrófilo Lipófilo) Comportamento em água Faixa de EHL Antiespuma 1-3 Emulgente A/O 4-6 Agente umectante 7-9 Emulgente O/A 8-13 Detergentes 13-15 Solubilizantes 15-18 Sistemas dispersos: emulsões Substâncias que alterem solubilidade Proporção de fases Desvantagem do sistema EHL : temperatura Tensoativos não-iônicos Sistemas dispersos: emulsões Seleção: • Via de administração; • Estabilidade; • Compatibilidade com demais componentes; • Deve possuir pouco odor, sabor e cor. Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: Parafina líquida...........35% Lanolina.......................1% Álcool cetílico..............1% Emulsionantes.............5% Água purificada qsp....100% Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: 1) Calcula-se o percentual de cada componente oleoso frente ao somatório dos componentes oleosos: Total = 37% Parafina líquida: 35/37*100 = 94,6% Lanolina: 1/37*100 = 2,7% Álcool cetílico: 1/37*100 = 2,7% Parafina líquida...........35% Lanolina.......................1% Álcool cetílico..............1% Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: 2) Multiplica-se o valor do percentual encontrado pelo valor de EHL de cada componente e somam-se os resultados: Parafina líquida: 94,6/100 * 12 = 11,4 Lanolina: 2,7/100 * 10 = 0,3 Álcool cetílico: 2,7/100 * 15 = 0,4 Total = 12,1 Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: 3) Calcula-se a proporção dos tensoativosdisponíveis para obtenção do EHL final desejado (que, neste caso, é 12,1): Tensoativos disponíveis: - Monooleato de polioxietileno sorbitano EHL = 15 (chamado de A) - Monooleato de sorbitano EHL = 4,3 (chamado de B) 𝐴 = 100(𝑥 − 𝐸𝐻𝐿 𝑑𝑒 𝐵) (𝐸𝐻𝐿 𝑑𝑒 𝐴 − 𝐸𝐻𝐿 𝑑𝑒 𝐵) 𝐵 = 100 − 𝐴 Valor de EHL necessário Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: Aplicando à equação... 𝐴 = 100(12,1 − 4,3) (15 − 4,3) Logo, 𝐵 = 100 − 𝐴 𝑩 = 𝟐𝟕, 𝟏𝑨 = 72,9 Emulsões • CALCULANDO EHL NECESSÁRIO PARA UMA EMULSÃO ESTÁVEL: 4) Calcula-se a o percentual de cada tensoativo na formulação: “Emulsionantes.............5%” 5% de 27,1 = 1,36% de B (monooleato de sorbitano) 5% de 72,9 = 3,64% de A (monooleato de polioxietileno sorbitano) Sistemas dispersos: emulsões • Processo relacionado a agitação, temperatura e volume das fases! • Teoricamente é possível obter formulações com 74% de fase interna, mas na prática a inversão de fases ocorre em concentração de aproximadamente 60%. Sistemas dispersos: emulsões Processo indesejável, mas reversível com agitação! Sistemas dispersos: emulsões Processo indesejável e irreversível! “Quebra” da emulsão Sistemas dispersos: emulsões Sistemas dispersos: emulsões A velocidade de cremagem e sedimentação seguem a Lei de Stokes: V= d² (1 - 2) g 18 Onde: d²= diâmetro das partículas 1= densidade da partícula 2= densidade do meio g= constante gravitacional = viscosidade do meio Sistemas dispersos: emulsões • Lenta agregação das gotículas Tamanho dos glóbulos deve ser bastante reduzido; - Depende do método de preparação e pela concentração do emulsionante utilizado. Diferença de densidade entre as fases interna e externa deve ser mínima; - A redução dessa diferença não é usada na prática. Sistemas dispersos: emulsões • Lenta agregação das gotículas Viscosidade da fase externa deve ser razoavelmente alta. - Adicionar agentes espessantes: goma adragante - Aumentar concentração da fase interna OBSERVAÇÃO: Muitos emulsionantes são agentes promotores de viscosidade Sistemas dispersos: emulsões • Fácil redispersão quando agitadas; Embora a agregação e cremagem sejam inaceitáveis, o produto pode ser formulado de modo que a fase interna seja facilmente redispersível para formar uma emulsão uniforme após agitação. Além disso, não deve ocorrer coalescência. Sistemas dispersos: emulsões Emulsão Fase aquosa Fase lipofílica • Água deionizada; • Antioxidantes (Metabissulfito de sódio, ácido ascórbico,); • Conservantes (Parabenos); • Flavorizantes**; • Corantes **- uso raro • Ceras ou óleos (óleo fixo, mineral, volátil ou óleo-resina); • Antioxidantes*(BHT, BHA, vit. E); •Flavorizantes**; • Corantes **- uso raro Observação: * Uso preferencial na fase oleosa para evitar oxidação dos óleos; ** Uso preferencialmente na fase externa. Emulsificante Sistemas dispersos: emulsões • As emulsões orais são normalmente emulsões primárias do tipo óleo/água. • Utiliza-se com freqüência no preparo destas formulações as gomas ou tensoativos não-iônicos como agentes emulsificantes. • De um modo geral, não é necessário o emprego do calor para o preparo da emulsão oral. Sistemas dispersos: emulsões Métodos das gomas: goma seca e goma úmida Tipo de óleo Tipo de óleo Óleo Água Goma Fixo Óleo de amêndoas, óleo de amendoim, óleo de rícino 4 2 1 Mineral (hidrocarbonetos) Parafina líquida, óleo mineral, 3 2 1 Volátil (óleos essenciais) Óleo essencial de canela, óleo essencial de menta, etc. 2 2 1 Óleo resina Óleo de copaíba 1 2 1 Óleo de linhaça ------- 2 2 1 Tabela - Proporção adequada entre os componentes Sistemas dispersos: emulsões Métodos das gomas: goma seca e goma úmida • Exemplo de formulação: Emulsão de óleo de fígado de bacalhau Óleo de fígado bacalhau................................. 30 mL Água destilada com conservantes.................. 15mL Goma arábica.................................................. 7,5 g Indicação: Reduz o risco de contrair doenças cardiovasculares e os sintomas de doenças como reumatismo e artrite. Proporção (óleo/água/goma) 4 2 1 Sistemas dispersos: emulsões Goma seca • Medir o volume requerido de água em um recipiente limpo; • Medir o volume requerido de óleo em um recipiente limpo e seco; • Pesar a goma (normalmente se utiliza a goma arábica) e demais componentes da formulação; • Verter completamente o óleo medido para um gral de porcelana limpo e seco; Sistemas dispersos: emulsões Goma seca • Adicionar a goma ao óleo e misturar aos poucos até a completa dispersão; • Adicionar a água e agitar de modo vigoroso e contínuo até a mistura ficar espessa e a emulsão primária se formar; • Continuar homogeneizando por 2 a 3 minutos para produzir uma emulsão estável e contínua; Sistemas dispersos: emulsões Goma seca • Diluir a emulsão primária gradualmente com pequenos volumes do veículo e adicionada de outros componentes (conservantes, flavorizantes...), assegurando-se a completa homogeneização; • Transferir a emulsão para um recipiente graduado (cálice graduado) e ajustar o volume final da preparação. Sistemas dispersos: emulsões Goma úmida Este método difere da goma seca por empregar a mucilagem de goma (goma diluída previamente na água) ao invés da goma seca. • Pesar a quantidade requerida da goma e demais componentes da formulação; • Medir o volume requerido de água em um recipiente limpo e seco; Sistemas dispersos: emulsões Goma úmida • Medir o volume requerido de óleo; • Verter a goma para o gral de porcelana, e aos poucos adicionar a água, triturando a goma até formar uma mucilagem. • Verter o óleo sobre a mucilagem aos poucos, triturando vigorosamente até obter uma emulsão primária espessa; • Continuar homogeneizando por 2 a 3 minutos para produzir uma emulsão estável e contínua; Sistemas dispersos: emulsões Goma úmida • Diluir a emulsão primária gradualmente com pequenos volumes do veículo e adicionada de outros componentes (conservantes, flavorizantes...), assegurando-se a completa homogeneização; • Transferir a emulsão para um recipiente graduado (cálice graduado) e ajustar o volume final da preparação. Sistemas dispersos: emulsões Método geral de preparo de emulsão oral preparada com tensoativo não-iônico: • Pesar e medir todos os componentes da formulação; • Misturar a fase oleosa com o emulsificante não-iônico; • Adicionar a fase aquosa, agitando de maneira vigorosa e contínua até a completa emulsificação; • Ajustar o volume final da preparação. Sistemas dispersos: emulsões Método geral de preparo de emulsão oral preparada com tensoativo não-iônico: • Exemplo de formulação: Emulsão purgativa com óleo de rícino (o/a) Óleo de rícino................................................. 30 mL Polissorbato 20 (Tween®20)........................... 15 mL Água destilada qsp.......................................... 100 mL Sistemas dispersos: emulsões • Pesar e medir todos os componentes da formulação; • Cada fase (oleosa e aquosa) da emulsão é preparada isoladamente, aquecendo-se ambas as fases à temperatura de 70°C a 75°C; • Verter a fase aquosa na oleosa ou oleosa na aquosa, sob agitação, até resfriamento (30-35 °C). Sistemas dispersos: emulsões • Para emulsões orais recomenda- se a utilização de frascos de vidro âmbar com a boca larga para permitir o fácil escoamento do líquido viscoso. • As emulsões devem ser armazenadas na temperatura ambiente, não devendo ser submetidas a condições extremas de temperatura. Sistemas dispersos: emulsões • Para emulsões semissólidasrecomenda-se a utilização: Tubos de alumínio; Latinhas de metal; Potes plásticos; Bisnagas plásticas. Sistemas dispersos: emulsões • Teor; • Características organolépticas; • Volume médio; • Viscosidade; • pH. Viscosímetro pHmetro Sistemas dispersos: emulsões Método de controle de qualidade para determinação do tipo da emulsão: • Método por diluição; • Método dos corantes; • Método de condutividade elétrica.
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