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CAP´ıTULO 2 Tensores Vimos no cap´ıtulo anterior como tratar com coordenadas generalizadas. Calculamos o volume, a´rea sob uma superf´ıcie etc. Se no lugar de escre- vermos nossas quantidades com as coordenadas u = (u1, u2, u3) usa´ssemos coordenadas u′ = (u′1, u′2, u′3) dever´ıamos ter (2.1) e′i = ∂r ∂u′i . Nesta nova base os vetores seriam escrito como (2.2) V = V ′ie′i. Como x = x(u), u = u(x) e x = x(u′), u′ = u′(x) temos que u = u(u′) e u′ = u′(u). Pela regra da cadeia, (2.3) e′i = ∂r ∂u′i = ∂r ∂uj ∂uj ∂u′i = ∂uj ∂u′i ej . De (2.2) (2.4) V ′ie′i = V j ej ⇒ V ′i ∂uj ∂u′i ej = V j ej ⇒ V ′i = ∂u′i ∂uj V j Os elementos da matriz me´trica escritos na nova base, esta˜o relacionados com os elementos na base velha como (2.5) g′ij = e ′ i · e′j = ∂ul ∂u′i ∂uk ∂u′j el · ek = ∂ul ∂u′i ∂uk ∂u′j glk As diferenciais du′i e as derivadas parciais: (2.6) du′i = ∂u′i ∂uj duj (2.7) ∂ ∂u′i = ∂uj ∂u′i ∂ ∂uj Note que alguns elementos se transformam como as diferenciais dui, no caso as componentes V i e outros como ∂ ∂u′i , no caso a base ei, ou como o produto de fatores como no caso de gij . E´ ai que surge a necessidade de definirmos os tensores. Um tensor do tipo (p, q) e´ um objeto invariante cujas componentes em relac¸a˜o a` uma base se transformam como (2.8) T ′j1j2···jp i1i2···iq (u′) = ∂u′j1 ∂ul1 ∂u′j2 ∂ul2 · · · ∂u ′jp ∂ulp ∂uk1 ∂u′i1 ∂uk2 ∂u′i2 · · · ∂u kq ∂u′iq T l1l2···lp k1k2···kq (u). De acordo com a definic¸a˜o de tensores, gij sa˜o componentes de um tensor tipo (0, 2), ou simplesmente dizemos que sa˜o tensores do tipo (0, 2), V i 11 12 2. TENSORES tensores tipo (1, 0) etc. Para o caso de tensores (1, 0) ou (0, 1) dizemos vetores contravariantes e vetores covariantes respectivamente. Para tensores (0, 0) damos o nome de escalares. No caso de escalares a transformac¸a˜o na˜o possui fatores ∂u ∂u′ e ∂u′ ∂u : (2.9) φ′(u′) = φ(u). Um exemplo de um escalar e´ o elemento de comprimento ds: ds′2 = g′ijdu ′idu′j = ∂uk ∂u′i ∂ul ∂u′j ∂u′i ∂um ∂u′j ∂un gkldu mdun = gkldu kdul = ds2, onde usamos (2.10) ∂u′j ∂un ∂um ∂u′j = δmn = ∂ui ∂u′n ∂u′m ∂ui A ordem de um tensor (p, q) e´ a soma p + q. O nu´mero de componentes de um tensor (p, q) em treˆs dimenso˜es sa˜o 3p+q. No caso de haver simetrias nos ı´ndices o nu´mero de componentes independentes fica reduzido. Por exemplo como gij e´ sime´trico na troca de i por j, o nu´mero de componentes independentes em treˆs dimenso˜es sa˜o 6. O produto de duas componentes de dois tensores e´ uma componente de um novo tensor. Por exemplo sejam Ai e Bj as componentes de dois vetores covariantes enta˜o AiBj e´ componente de um tensor (0,2): A′iB ′ j = ∂uk ∂u′i Ak ∂ul ∂u′j Bl = ∂uk ∂u′i ∂ul ∂u′j AkBl Isto e´ o que chamamos de produto direto. O produto direto de um tensor (p, q) por um tensor (r, s) e´ um novo tensor (p + r, q + s). Em termos da base ei, o produto direto de dois vetores (1,0) pode ser escrito como (2.11) A⊗B = AiBjei ⊗ ej , que e´ um tensor (2,0). A base de um tensor (p, q) pode ser contru´ıda atrave´s do produto direto de ei com f j e um tensor fica escrito como (2.12) T(u) = T i1i2···ip j1j2···jq (u)ei1 ⊗ ei2 · · · eip ⊗ f j1 ⊗ f j2 · · · ⊗ f jq Quando somamos ı´ndices contravariantes com ı´ndices covariantes de um tensor, o tensor baixa sua ordem. Por exemplo no tensor AiB j quando fazemos i = j e somamos, AiB i passa a ser um escalar. Isto porque para cada ı´ndice contravariante aparecem fatores ∂u ′ ∂u e para covariantes ∂u ∂u′ : A′iB ′i = ∂ul ∂u′i Al ∂u′i ∂uk Bk = δlkAlB k = AkB k. 1. Derivada covariante A derivada parcial de um escalar e´ um tensor (0, 1), como podemos ver ∂φ(u′) ∂u′i = ∂uk ∂u′i ∂φ(u) ∂uk . 2. PSEUDO-TENSORES 13 Como se transforma a derivada parcial da componente contra-varianteAi(u)? Vejamos a seguir ∂Ai(u′) ∂u′j = ∂uk ∂u′j ∂ ∂uk ( ∂u′i ∂ul Al(u) ) = ∂uk ∂u′j ∂u′i ∂ul ∂Al(u) ∂uk + ∂uk ∂u′j ∂2u′i ∂uk∂ul Al(u). Como podemos ver ha´ um termo de derivada segunda que na˜o esta´ na definic¸a˜o das transformac¸o˜es de tensores. Se a transfomac¸a˜o for linear u′i = aiju j + bi onde aij , b j sa˜o constantes enta˜o o termo de derivada se- gunda na˜o existiria. Esse e´ o caso quando estamos no sistema cartesiano de coordenadas e fazemos uma rotac¸a˜o que lava a outro sistema de coodenadas cartesiano. No caso geral, desejamos definir uma espe´cie de derivac¸a˜o onde a derivac¸a˜o de um tensor resulte num tensor. Como A = Aiei e´ invari- ante sobre transformac¸o˜es de coordenadas enta˜o ∂jA = (∂jA i+ΓijkA k)ei se transforma como um tensor (0,1), ou seja ∂jA i+ΓijkA k se transforma como um tensor (1, 1). Deste modo podemos definir a derivada covariante de um tensor (p, q) como (2.13) ∂kT (u) = DkT i1i2···ip j1j2···jq (u)ei1 ⊗ ei2 · · · eip ⊗ f j1 ⊗ f j2 · · · ⊗ f jq , lembrando que ∂iej = Γ k ijek e que ∂if j = −Γjikfk. Por exemplo DkT ij = ∂kT ij + ΓiklT ij + ΓjklT il, DkT i j = ∂kT i j + Γ i klT i j − ΓlkjT il . Pela definic¸a˜o, a derivada covariante satisfaz a regra de Leibniz Dk(A iBj) = (DkA i)Bj + Ai(DkB j). Da definic¸a˜o temos que Diej = 0 e Dkgij = 0. 2. Pseudo-Tensores Um pseudo-tensor (p, q) de peso r, ou simplesmente pseudo-tensor (p, q, r) e´ um objeto cujas componentes se transformam como (2.14) T ′j1j2···jp i1i2···iq (u′) = Dr ∂u′j1 ∂ul1 ∂u′j2 ∂ul2 · · · ∂u ′jp ∂ulp ∂uk1 ∂u′i1 ∂uk2 ∂u′i2 · · · ∂u kq ∂u′iq T l1l2···lp k1k2···kq (u), onde D = ∣∣∣∣ ∂u∂u′ ∣∣∣∣ , e´ o determinante da transfomac¸a˜o inversa. O determinante da me´trica se transforma como (2.15) g′ = D2g, onde usamos transformac¸a˜o da me´trica. Logo g e´ um pseudo-escalar de peso 2. Usando a definic¸a˜o do determinante, podemos ver que o s´ımbolo de Levi-Civita e´ um pseudo-tensor (0,3,-1) invariante: (2.16) ǫijk = D −1ǫlmn ∂ul ∂u′i ∂um ∂u′j ∂un ∂u′k = ǫ′ijk O produto direto de dois pseudo-tensores (p, q, a) (r, s, b) e´ um pseudo-tensor (p+r, q+s, a+ b). Se a+ b = 0, o produto direto da´ um tensor (p+r, q+s). Exemplo de produto direto, seja D > 0,√ g′ = D √ g, 14 2. TENSORES logo g e´ pseudo-escalar de peso 1. Consequentemente (2.17) ǫijk √ g, e´ um tensor (0, 3). Podemos concluir que f ijk/ √ g e´ um tensor (3, 0) 3. Tensores e Pseudo-tensores Invariantes Um tensor e´ invariante, quando suas componentes na˜o mudam sob trans- formac¸o˜es de coordenadas. Por exemplo, para um tensor invariante tipo (0, 2) temos: T ′ij = Tij . Para transformac¸o˜es gerais de coordenadas δij e´ um tensor invariante: δij = ∂u′i ∂u′j = ∂u′i ∂uk ∂ul ∂u′j δkl . Outros tensortes invariantes de maior ordem podem ser constru´ıdos atrave´s do produto direto de δij , ǫijk e f ijk. Sendo ǫijk e f ijk pseudo-tensores (0, 3,−1) e (3, 0, 1) o produto ǫijkf lmn e´ um tensor (3,3) invariante que pode ser escrito como produto anti-simetrizado de δij . 4. Simetrias nos ı´ndices Dado um tensor (p, q), se trocarmos um ı´ndice por outro ambos con- travariantes ou covariantes e componente do tensor na˜o muda, dizemos que o tensor e´ sime´trico na troca destes dos ı´ndices, se muda de sinal antis- sime´trico. Um exemplo de tensor sime´trico e´ o tensor gij . Dado um tensor (0, 2) ou (2, 0) qualquer, podemos decompo-lo em uma parte sime´trica e outra antissime´trica: Aij = (Aij +Aji)/2 + (Aij −Aji)/2. Se for em D-dimenso˜es o nu´mero de componentes de Aij e´ D 2 a parte sime´trica temD(D+1)/2 e a parte antissime´tricaD(D−1)/2, como podemos ver D2 = D(D + 1)/2 +D(D − 1)/2. Destemodo a simetria nos ı´ndices do tensor reduz o numero de componentes independentes. Para um tensor tipo (p, q) em D-dimenso˜es o nu´mero de componentes e´ Dp+q.
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