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O ENSINO DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL NA FORMAÇÃO DO ESTUDANTE DE PSICOLOGIA
Alcimeri Kühl Amaral Veiga Prata*
Resumo:Este trabalho teve como objetivo apresentar a experiência que os discentes do curso de psicologia vivenciaram na cadeira de Orientação Profissional (OP). Levando em consideração o pressuposto de que uma das formas de adquirir o conhecimento é fazer parte da construção deste, foi solicitado aos estudantes que elaborassem um projeto em OP. O intuito da realização desta tarefa era fazer com que os estudantes pudessem criar, a partir do aprendizado já adquirido e, também, pelos novos conceitos apresentados, uma situação hipotética na qual pudessem criar meios de realizar um processo de OP. O resultado é uma dinâmica de ensino voltada para a construção prática das competências profissionais, com o reconhecimento, por parte dos estudantes, da potencialidade deste campo do saber psicológico.
INTRODUÇÃO
Sabemos da importância da Orientação Profissional (OP) como um instrumento mobilizador e direcionador para muitos jovens e adultos. A prática de transmitir o conhecimento dos modelos de OP transcende a apresentação de ideias vislumbradas, estudadas e praticadas no contexto universitário e fora dele. O desafio da transmissão de conhecimento na prática psicológica perpassa os meandros relacionados ao não domínio da técnica pelos estudantes. Na esfera da capacitação dos acadêmicos do curso de psicologia, essa resultante é paradoxal: se por um lado a academia é o local de aprendizado por excelência, por outro é imprescindível que a prática do saber esteja aliada a condições de problematizar a teoria apreendida.
Objetivando alcançar uma dinâmica capaz de relacionar teoria e prática dentro de sala de aula, foi solicitado aos alunos do sétimo período do curso de psicologia da Universidade Estácio, campus Resende/RJ, que elaborassem um Projeto de Orientação Profissional. Os estudantes se dividiram em grupos de até quatro componentes para problematizarem dois tipos de projetos: um em Orientação Profissional individual, e outro em Orientação Profissional em grupo. Os subsídios para elaboração do projeto foram fornecidos ao longo do curso e, para fechamento do conteúdo da matéria, os estudantes apresentaram em seminário seus projetos de OP.
Este trabalho visa apresentar a experiência prática vivenciada pelos estudantes, bem como as incorporações subjetivas que cada um deles pôde relatar em depoimentos ao final do processo. 
Partindo do pressuposto que o psicólogo é um profissional da área da saúde e, portanto, trabalha com a promoção da saúde, ele não está limitado apenas ao campo da prática da prevenção. Para Bock e Aguiar (2011), promover saúde “significa compreender o indivíduo e trabalhar a partir de suas relações sociais; significa trabalhar tais relações construindo uma compreensão sobre elas e sua transformação necessária” (p. 11). 
Mas como formar profissionais que estejam engajados em um projeto de promoção da saúde? Uma das possíveis alternativas de resposta para este questionamento, no caso da docência em psicologia, é a inserção do aluno em projetos práticos voltados para ação no fazer e ser psicólogo.‘Fazer’ a prática do profissional de psicologia significa instrumentalizar os estudantes a pensarem, mesmo que hipoteticamente, sobre os recursos possíveis de serem usados no planejamento para ação. O ‘ser’ psicólogo engendra mecanismos ligados ao treino da escuta e, ao mesmo tempo, lidar com possibilidades interventivas no processo de promoção da saúde. O ensino docente da orientação profissional entra, neste contexto, como um potencializador da aprendizagem de recursos que formam um profissional capacitado a pensar as variantes do mercado de trabalho e, ao mesmo tempo, como agente promotor da saúde.
A disciplina de Orientação Profissional ministrada na Universidade Estácio, Campus Resende/RJ, insere o aluno no universo da Orientação Profissional, tanto na dimensão de promoção de saúde e prevenção de problemas, como na atuação frente a problemas já instalados. O curso considera que as amplas e rápidas transformações no mundo produtivo desorganizam e reconfiguram o papel do ser humano frente ao trabalho. Diante deste quadro, torna-se fundamental o alinhamento com as transformações em curso e o delineamento do novo papel do psicólogo tanto em projetos de promoção de saúde e prevenção de problemas, como em atuações clínicas voltadas para a resolução de problemas com a temática ocupacional.
No contexto ensino-aprendizagem, procurou-se estimular a reflexão sobre a multiplicidade de aspectos envolvidos na construção do futuro de um sujeito, considerando que o momento da escolha profissional pode se configurar como desafiador ou pragmático, mas que, independentemente das múltiplas facetas do processo de escolha, cabe ao orientador profissional somar esforços para que o orientando possa fazer a melhor escolha para aquele momento de sua vida. Foi considerando a importância da promoção da saúde e objetivando uma articulação entre a prática (no campo do ser psicólogo) com a teoria (meios para fazer o instrumental psicológico)que foi solicitado, aos alunos do sétimo período do curso de psicologia, um “Projeto em Orientação Profissional”.Vejamos o que fala uma das estudantes:
“Esse projeto em orientação profissional foi importante para o nosso aprendizado como pessoa e também como futuro profissional. Me fez refletir o quanto é importante o ingresso correto na vida profissional, para que assim possamos orientar da melhor forma possível um futuro cliente. Nesta disciplina, pude aprender teorias e técnicas que, com certeza, me ajudarão na atuação como psicóloga”.
Inicialmente, os acadêmicos foram apresentados aos conceitos pilares em orientação profissional, dentre eles aquele caracterizado por Bohoslavsky (1979/2015, p. 2) como os: 
(...) procedimentos dos psicólogos especializados, cujos clientes são as pessoas que enfrentam, em determinado momento de sua vida – em geral, a passagem de um ciclo educativo a outro –, a possibilidade e a necessidade de tomar decisões. Isto faz da escolha um momento crítico de mudança na vida dos indivíduos (BOHOSLAVSKY, 2015, p. 2).
Sendo assim, a escolha é evidenciada como um momento crítico por ser o cume de um processo de mudança na qual o sujeito se depara com uma ampla gama de possibilidades. O processo de orientação profissional visa ampliar os caminhos possíveis a partir da elaboração da escolha. Deste modo, a escolha “refere-se a um momento pontual, produzida a partir do conhecimento das próprias características e da realidade do mundo do trabalho: da articulação entre informações ocorreria, então, a escolha profissional” (UVALDO; SILVA, 2010).
Tendo como objetivo primordial o processo de escolha profissional como base para o ensino docente de orientação profissional, os alunos foram inseridos na história do mundo do trabalho, sendo apresentados aos conceitos de trabalho e de vocação, ao histórico da orientação profissional no Brasil, às teorias em orientação profissional, bem como as formas de intervenção em orientação profissional e o uso de técnicas pertinentes. 
Logo no início do semestre letivo, os estudantestomaram ciência da elaboração do projeto em OP que deveria abordar:
- A delimitação do grupo-alvo; 
- O contexto do grupo-alvo; 
- Os objetivos do processo de orientação; 
- A metodologia a ser utilizada, especificando quantos encontros, a duração de cada encontro e o que vai acontecer em cada um destes;
- Técnicas e dinâmicas a serem utilizadas. Tais técnicas precisariam ter nome, objetivo, materiais necessários e procedimentos. 
A estratégia de anunciar o pedido de um projeto em OP logo no início do curso visava ampliar o interesse dos estudantes pelas teorias apresentadas, bem como fomentar o interesse pelas técnicas abordadas, visto que a configuração do projeto que elaborariam era de livre escolha a partir dos temas abordados em sala de aula. Foi também solicitado aos alunos que levassem em consideração as etapas deum processo em orientação profissional, a saber: avaliação préorientação profissional e sondagem → autoconhecimento → informação profissional → tomada de decisão → avaliação pós orientação profissional e devolutiva. Vejamos o depoimento de uma das estudantes: 
“No início, tudo parecia monstruoso, complexo, difícil, quase que impossível de compreender como montar um projeto em orientação profissional para entregar ao final do curso. Mas construir um projeto no dia-a-dia, conforme a presença nas aulas e a participação durante o desenvolver do mesmo, não foi complicado como eu via no início. Através da nossa dedicação em sala e, em contrapartida, a atenção, paciência e conhecimento transmitidos, houve um despertar para tornar conhecido o desconhecido, sem medo, sem receio de erros, mas naturalmente houve um envolvimento maior conforme os desafios foram sendo lançados. Foi a experiência mais desafiadora, incrível e de grande importância para nós, futuros psicólogos. A busca por esse novo conhecimento, aprofundar os conteúdos, explorar todos os meios e propor essas estratégias como recursos de intervenção em Orientação Profissional, conforme os contextos específicos, desenvolvendo técnicas, ideias novas, trocando novas experiências através da apresentação dos projetos trabalhados pelos grupos, foi ótimo, rico e encantador. Quem seguiu com seriedade, foco e interesse no que foi proposto, com certeza não sairá o mesmo depois dessa experiência, pois teve a oportunidade de vivenciar esse aprendizado e adquirir conhecimento e direcionamento de como caminhar sozinho nessa ‘estrada’ cheia de desafios”.
Os projetos apresentados poderiam ser tanto em orientação profissional em grupo como individual, por isso foi apresentada na disciplina possibilidades de trabalho nestes dois âmbitos. Na ‘avaliação pré orientação profissional’, por exemplo, transcorreu-se sobre a entrevista inicial (ou palestra de apresentação no caso de grupos), a importância do acolhimento e de compreender as dificuldades trazidas, de ouvir e compreender as queixas, de explicar as forma de trabalho e também de negociar o contrato.Para este primeiro momento do processo foram, ainda, apresentados os testes EMEP – Escala de Maturidade para a Escolha Profissionale a Escala de Autoeficácia para a Escolha Profissional (EAE).
Na etapa de autoconhecimento, os estudantes puderam rever alguns dos testes já aprendidos em outras disciplinas, bem como foram apresentados a novas técnicas e dinâmicas. Em uma das aulas foram formados grupos que ficaram responsáveis por aplicar uma dinâmica com o restante da sala. Vivenciar a experiência de uma dinâmica amplia a compreensão sobre a mesma, integra os alunos e permite a aquisição de meios para o trabalho com grupos. Muitas das técnicas aprendidas em sala de aula foram utilizadas nos projetos. Dois dos grupos de alunos tomaram como base as dinâmicas apresentadas e elaboraram suas próprias dinâmicas, são elas:“GPS da Profissões” e o “Guarda-roupa das Profissões”.[2: SOARES, Dulce Helena Penna. Técnicas e jogos grupais para utilização em orientação profissional. In: LEVENFUS, Rosane Schotgues; SOARES, Dulce Helena Penna. Orientação Vocacional Ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa. Porto Alegre: Artmed, 2002.]
Na técnica “GPS das profissões”criada pelos discentes, o orientando seria auxiliado a alcançar o objetivo desejado, mas sem perder de vista as nuances e desafios que estariam no caminho da carreira. Este técnica seria aplicada após o preenchimento de uma planilha com as profissões que foram tendo destaque durante as etapas de autoconhecimento e informação profissional. Na planilha das profissões seriam apontados os prós e os contras dos cursos pretendidos. Na simulação do quadro de uma carreira foi utilizado o curso de Direito (figura 1) como exemplo para explicar a técnica. Aconsigna seria rever junto com o orientando: quais foram os prós e contras apontados como facilitadores e/ou impeditivos para a escolha deste curso? O que está no “caminho” para chegar a este objetivo? O intuito é o de criar rotas a partir dos apontamentos e, junto ao orientando, discutir alguns conceitos que possam estar dissonantes da realidade e, também, caminhos e/ou rotas alternativas que podem estar sendo desconsiderados. Esta técnica visa identificar as prioridades através das rotas escolhidas. Ao orientador profissional cabe retomar as situações e discutir essas possibilidades, auxiliando o jovem ou adulto na conscientização de mecanismos mais eficazes no traçado de suas metas.
Figura 1: GPS das Profissões
Outra técnica sugerida pelos estudantes, o Guarda-roupa das Profissões, pretendia fazer com que os participantes de uma orientação profissional em grupo ampliassem o seu conhecimento do mercado de trabalho por meio da encenação de algumas profissões. Com objetivo de elucidar a profissão pretendida e ampliar o leque de informações sobre esta, cada participante do grupo pesquisaria algumas das profissões expostas durante o trabalho de OP, buscando informações e ideias sobre o campo de atuação. Após levantamento e busca de informação, cada membro do grupo escolheria uma profissão para que pudesse interpretar, com roupas e objetivos representativos, buscando informações e ideias sobre o campo de atuação. 
O depoimento de uma aluna mostra um pouco a perspectiva dos estudantes sobre a realização do projeto: “O trabalho de orientação profissional proporcionou pensar a prática baseada em conceitos sólidos da teoria, aliada à realidade socioeconômica que vivemos. Permitiu que pensássemos como futuros profissionais da psicologia, imaginando os possíveis questionamentos que adolescentes e pais ávidos por respostas e certezas nos farão. Foi aberto um espaço para criação em meio a tantas técnicas já presentes no trabalho de orientação vocacional, sendo que o grupo em que estava inserido desenvolveu duas atividades inéditas. O projeto também permitiu maior aproximação entre as teorias psicanalíticas e sua aplicabilidade também na orientação profissional”. 
CONCLUSÃO
O processo de escolha profissional está intrinsicamente ligado à construção da identidade do sujeito. Esta afirmativa pode assumir uma dupla preposição quando a empregamos para contextualizar não apenas o processo de orientação profissional propriamente dito mas, também, quando aplicamos às escolhas que, durante o curso de psicologia, os alunos vão realizando. O processo identificatório que acontece durante toda a vida do sujeito - e no contexto da formação do psicólogo, com seus pares, professores e outros – fundamenta o alicerce da identidade profissional também para o estudante de psicologia. Neste contexto, cabe ao docente propor estratégias para formação de profissionais integrados às temáticas e problemáticas que engendram a atuação do psicólogo.
Assim, o projeto proposto aos alunos visou fomentar a possibilidade de atuação em orientação profissional. Mesmo em uma situação hipotética, os alunos conseguiram propor métodos de trabalho, teoricamente fundamentados, que poderiam servir de esboço para reais trabalhos futuros. 
REFERÊNCIAS
BOCK, A. M. B., & AGUIAR, W. M. J. (2011). Por uma prática promotora de saúde em Orientação Vocacional. In Vários autores. A escolha profissional em questão(3ª ed., pp. 09-22). São Paulo: Casa do Psicólogo.
BOHOSLAVSKY, Rodolfo (2015). Orientação Vocacional: a estratégia clínica. São Paulo: Martins Fontes. (original publicado em 1979).
UVALDO, M. C. C., & SILVA, F. F. (2010).Escola e escolha profissional: um olhar sobre a construção de projetos profissionais. In R. S.LEVENFUS, & D. H. P.SOARES,Orientação Vocacional Ocupacional(2ª ed., pp. 31-38). Porto Alegre: Artmed.
SOARES, D. H. P. (2002). Técnicas e jogos grupais para utilização em orientação profissional. InR. S. LEVENFUS, &D. H. P. SOARES, Orientação Vocacional Ocupacional: novos achados teóricos, técnicos e instrumentais para a clínica, a escola e a empresa (pp.307-322). Porto Alegre: Artmed,2002.
* Docente na Universidade Estácio, campus Resende/RJ, mestra em psicologia clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC/SP, psicanalista formada pelo Centro de Estudos Psicanalíticos de São Paulo – CEP, psicóloga formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, bacharel em administração pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. E-mail: alcimeriprata@hotmail.com

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