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DEPRESSÃO DE 1873

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AS CRISES DO CAPITALISMO:
A DEPRESSÃO DE 1873
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O desenvolvimento do capitalismo industrial foi acompanhado de uma certa instabilidade que provocou:
1- crises violentas.
2- Períodos de depressão.
3- Períodos de prosperidade.
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As crises não foram idênticas ao longo da História:
A) As do Antigo Regime eram causadas por subprodução: más colheitas, guerras, aumento de população sem o necessário aumento de produção …
B) As crises do capitalismo foram provocadas por superprodução industrial, crises agrícolas e especulação financeira.
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As crises do capitalismo ocorreram e ocorrem maioritariamente devido a uma superprodução, com grande aumento de estoques, grandes quebras na procura que provocam falências, desemprego, quebra de preços, destruição dos estoques […]. 
Além disso, estas crises ocorriam e ocorrem em cadeia, dada a interdependência dos produtos econômicos. Nunca atingiram apenas um setor, mas toda a sociedade, dada a interligação da economia com a política.
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Os períodos de crise coincidiram sempre com fases de recessão demográfica, aumento da criminalidade e da marginalidade, agitação social intensa (greves, atentados, revoluções) e conflitualidade entre as nações dado as ligações economicas existentes entre os países serem mais intensas desde o início do capitalismo.
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Mecanismos de resposta
As grandes crises do capitalismo do século XIX e do início do século XX foram determinadas pela prática do liberalismo econômico. Este coloca o Estado num papel de mero coordenador da economia, preparando as infra-estruturas (estradas, pontes, caminhos-de-ferro), mas não intervindo diretamente na economia. 
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SOBRE OS ACONTECIMENTOS ECONÔMICOS DO SÉCULO XIX:
Economia crescendo, investimentos produtivos ampliando a capacidade e investimentos externos (Áustria, Espanha, Rússia, Hungria);
A partir de 1873 insolvência da maioria desses países e retração investimentos externos;
Final de 1877 caem investimentos internos, aumenta o desemprego de 1% para 10%;
1880 a 83 volta ampliação capacidade: sobre oferta – queda de preços.
Período da Grande Depressão (1873-96)
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O Pânico de 1873 tem sido descrito como "a primeira crise verdadeiramente internacional", seguida pela que ficou conhecida como “A mais Longa Depressão” enfrentada pelo sistema capitalista. 
Foi uma crise econômica de dimensão mundial experimentada na segunda metade da época vitoriana, que se fez sentir principalmente na Europa e nos Estados Unidos, que por sua vez vinham experimentando um forte crescimento econômico impulsionado, respectivamente, pela Segunda Revolução Industrial e pela conclusão da Guerra Civil Americana.
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No decurso da depressão, a Grã-Bretanha aplicou uma política industrial defensiva, enquanto a Alemanha estimulou a produção e ampliação da capacidade das plantas industriais, aumentando e ajustando a formação de capital. Por exemplo, a Alemanha aumentou fortemente o investimento em relação à infraestrutura, por meio da ampliação das linhas de transmissão de energia elétrica, estradas e ferrovias, enquanto a infraestrutura na Grã-Bretanha se estagnou. A diferença resultou em diferentes taxas de crescimento durante e depois da depressão.
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ORIGEM DA CRISE:
Quanto à origem da crise, deve-se ao pequeno pagamento efetuado pela França como parte da indenização da Guerra Franco-Prussiana em 1873, correspondente a um décimo daquele efetuado em 1871.
A falta de recursos implicou uma grande instabilidade na Alemanha, que por sua vez tinha passado recentemente pelo processo de unificação promovida por Bismarck (1871).
Essa instabilidade se transmitiu para a Áustria. No entanto, essa não é a única causa da depressão.
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Enquanto isso, a Grã-Bretanha, que acidentalmente havia adotado o padrão-ouro ainda no século XVIII, emergiu como a maior potência industrial e comercial a nível mundial;
Em decorrência da grandeza do comércio e dos empréstimos dos bancos da City Londrina, os países europeus se viram tentados a adotar padrões monetários baseados tanto na prata e no ouro ou bimetálicos.
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O sistema bimetálico enfrentava dificuldades decorrentes do crescimento das transações internacionais, em consequência das inovações que reduziram os custos de transportes e das tarifas ocorridas na década de 1860, bem como em decorrência das inovações na cunhagem das moedas, agora produzidas através de máquinas a vapor, resultando em um expressivo aumento da circulação monetária das moedas de prata.
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As moedas de prata tinham graus de pureza diversos. Por exemplo, a moeda italiana tinha uma proporção de 83,5% de prata e a francesa de 90%, o que levava os franceses a utilizarem a moeda italiana e a guardarem a francesa como reserva de valor, fazendo-a sumir de circulação.
Os Estados Unidos, onde em razão das descobertas de minas de prata e do quadro deflacionário que atingia os poderosos produtores rurais, promoveram uma nova conferência monetária internacional em 1878 para coordenar o retorno ao bimetalismo.
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Entretanto, a Alemanha, que tinha adotado o padrão-ouro recentemente, não aceitou participar e a Grã-Bretanha, pelo seu antigo comprometimento com o padrão-ouro, apesar de comparecer, não se comprometeu em aceitar as modificações monetárias;
Com a vitória militar Prussiana ao fim da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871), a França foi obrigada a arcar com despesas em reparações de guerra da ordem de cinco bilhões de francos.
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Em consequência, entre 1871 e 1873, o capital ficou ainda mais abundante, incentivando a especulação no mercado de ações (principalmente na Bolsa de Viena), na construção de ferrovias, portos e navios e principalmente no mercado imobiliário;
O desordenamento trazido pelo novo cenário ensejou a instabilidade bancária iniciada em maio de 1873 na Europa Central, na Áustria e na Alemanha, que por sua vez passou a utilizar sua nova moeda sem retirar a velha prata de circulação, pois Bismark começou em novembro de 1871 a desmonetização da prata, sendo adotado definitivamente o padrão-ouro em julho de 1873.
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Quando o pânico parecia ter ficado circunscrito ao Império Austro-Húngaro, voltou-se para os Estados Unidos. Em razão da crise bancária europeia, as taxas de empréstimo de curto prazo também dispararam em 1873, levando as ferrovias norte-americanas a ficarem em sérias dificuldades.
Então a importante casa bancária Jay Cooke & Co, financiadora das companhias ferroviárias norte-americanas e ligada a bancos ingleses, mostrou-se incapaz de saldar suas dívidas. Sua falência, no que foi seguida pelo banco de Henry Clews, desencadeou uma reação em cadeia de falências bancárias, levando o fechamento temporário da Bolsa de Nova Iorque.
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Nos 3 anos seguintes, faliram centenas de bancos e 18.000 empresas. Abriram também falência 89 das 364 empresas ligadas à construção de caminhos de ferro. A taxa de desemprego atingiu os 14%. Registou-se uma redução significativa dos salários, uma quebra dos preços do imobiliário e o colapso dos resultados das empresas a nível nacional. 
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Registaram-se neste período as greves mais violentas na história dos EUA, com confrontos mortais entre a polícia e os manifestantes. A Longa Depressão foi de tal forma severa que facilitou a emergência do movimento sindical (até aí ilegal), e mesmo a emergência do fundamentalismo religioso nos EUA. Refira-se que o fim da crise em 1879 coincidiu com o início da maior vaga de sempre de emigração para os EUA.

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