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TRAB PRATICA PENAL APELAÇÃO 2 SEM 2 BIM NOV FINAL

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Criminal do Foro
Central da Comarca do Município de Astorga Estado do Paraná. 
Autor: Ministério Público
Réu: Jason Buton
Autos n.º _______
JASON BUTON, já devidamente qualificado nos autos da
AÇÃO PENAL em epígrafe, que o Ministério Publico lhes move, onde foi
condenado como incurso na prática do crime tipificado no art. 155, parágrafo 4,
incisos I e IV e art. 244-B , vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência através de seu procurador devidamente constituído (procuração anexo
fl.__), apresentar, dentro do prazo legal, na forma do art. 396-A, inconformado
com a r. sentença de fls.__/__, interpor a presente
 APELAÇÃO
Com fundamento no art. 593, I do Código do Processo Penal.
Requer que, após o recebimento desta, com as razões inclusas e
cumprimento das formalidades legais, sejam os autos encaminhados ao Egrégio
tribunal de Justiça, onde serão processados e provido o presente recurso.
Termos em que, 
Pede Deferimento.
Astorga, 12 de maio de 2017. 
_____________________________
Advogados OAB/PR
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
Apelante: JASON BUTON
Apelado: MINISTÉRIO PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE ASTORGA DO ESTADO
DO PARANÁ
Origem: VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ASTORGA.
Autos nº: ________
 RAZÕES DE APELAÇÃO 
Eméritos julgadores:
O apelante foi denunciado pela suposta prática dos delitos
tipificados no artigo 155, parágrafo 4, incisos I e IV do Código Penal ( Furto
Qualificado) e no artigo 244-B lei 8069 (corrupção de menor de 18 (dezoito) anos,
com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la.
A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público em 15 de maio
de 2012.
Após a apresentação de resposta à acusação, o magistrado
determinou a realização de audiência de instrução e julgamento, sendo que após,
concedeu ao Ministério Público e à Defesa constituída, o prazo de 05(cinco) dias
para o oferecimento de memoriais. Não permitindo contudo, a oitiv a de uma 
testemunha de defesa arrolada na resposta inicial.
Acolhida a denúncia e aplicado, indevidamente, o rito sumário,
como se demonstrará adiante, fora encerrada a instrução probatória e
apresentadas as alegações finais, e em 04 de maio de 2017, fora proferida a
sentença condenatória sendo imputado ao apelante as infrações supracitadas,
condenando-o nos termos que seguem:
a) artigo 155, parágrafo 4, incisos I e IV do Código Penal: pena
privativa de liberdade de 3 (três) anos de reclusão, cumulada com 15 (quinze)
dias-multa, no valor de 1/30 do salário mínimo cada dia; 
b) art. 244-B, da Lei n. 8.069/1990: pena privativa de liberdade de
1 (um) ano e 6 (seis) meses de reclusão; as penas privativas de liberdade
deveriam ser cumpridas em regime semiaberto, pelo fato de a soma das penas
ultrapassar 4 (quatro) anos e serem os delitos apenados com reclusão.
Todavia, deve ser reformada a r. Sentença apelada, em
conformidade com o exposto nos itens a seguir.
DAS PRELIMINARES
I- DA PRESCRIÇÃO DA PENA MÁXIMA EM ABSTRATO:
Verifica-se, preliminarmente, que pelo crime de corrupção de
menores, previsto no art. 244-B, da Lei n. 8.069/1990, que o apelante está sendo
acusado, tem como pena máxima de 4 anos, a saber:
“Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o
a praticá-la: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009). Pena -
reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015,
de 2009)”
No caso em tela, o apelante foi penalizado em 1 ano e 6
meses de reclusão, a prescrição caberá na regra do inciso IV do Art 109 do
Código Penal, a saber:
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a
sentença final, salvo o disposto no § 1º do art. 110 deste
Código, regula-se pelo máximo da pena privativa de
liberdade cominada ao crime, verificando-se:
(...)
V – em 4 (quatro) anos, se o máximo da pena é igual a
1(um) ano ou, sendo superior , não excede a 2 (dois);
Logo, o último marco interruptivo do prazo prescricional ocorreu
em 15 de maio de 2012, data do recebimento da denúncia. Desde então,
passaram-se mais de 04 anos e não havia sido proferida a sentença condenatória
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
Nesse sentido, seguem excertos do entendimento da
Legislação direta
Inciso V do Artigo 109 do Decreto Lei nº 2.848 de 07 de
Dezembro de 1940:
“Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença
final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se
pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
verificando-se: (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010).
(...)
V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou,
sendo superior, não excede a dois;”
A jusrisprudência, por sua vez: 
“TJ-BA - Apelação APL 00028528620058050137 BA 0002852-
86.2005.8.05.0137 (TJ-BA)
Data de publicação: 17/11/2012
Ementa: PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA.
EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. DATA DO RECEBIMENTO DA DENUNCIA
03.10.2005 (FLS. 24), SENTENÇA PROLATADA EM 28.04.2010.
TRANSCURSO DE MAIS DE 04 (QUATRO) ANOS. PRAZO
PRESCRICIONAL. QUATRO
ANOS. ARTIGO 109 , INCISO V DO CP . Transcorridos mais de
04 (Quatro) anos entre o recebimento da deúncia e a prolação da
sentença, impõe-se, de fato, o reconhecimento da prescrição e,
consequentemente, a declaração da extinção da punibilidade do
Apelante, nos moldes do art. 107 , inciso IV , c/c
art. 109 , inciso V , todos do Código Penal . ACOLHER A
PRELIMINAR DE PRESCRIÇÃO PARA EXTINGUIR A
PUNIBILIDADE DO APELANTE, NOS TERMOS
DO ARTIGO 107 , INCISO IV DO CP .
TJ-SP - Apelação APL 00275334420048260405 SP 0027533-
44.2004.8.26.0405 (TJ-SP)
Data de publicação: 14/10/2015
Ementa: Apelação – Furto qualificado em continuidade delitiva –
Condenação à pena de 02 anos e 04 meses de reclusão –
Prescrição – Reconhecimento de ofício – Trânsito em julgado
para a acusação – Afastado o acréscimo referente à continuidade
delitiva – Prazos prescricionais de quatro anos
– Artigo 109, inciso V, do CP – Lapso ultrapassado entre a data
do recebimento da denúncia e da publicação da sentença –
Extingue-se a punibilidade do réu, nos termos
do artigo 107, inciso IV, do Código Penal, prejudicado o exame
do mérito recursal.”
Diante disso, considerando o interregno prazo prescricional de 04
anos, requer preliminarmente a extinção da punibilidade com base na 
prescrição da pretensão punitiva do Estado.
II -DO CERCEAMENTO DA TESTEMUNHA DA DEFESA
ARROLADA:
Observa-se ainda, que após a apresentação da resposta a
acusação o d. Magistrado não permitiu a oitiva de uma testemunha arrolada
previamente pela defesa.
De acordo com a previsão do artigo 564, III, h, do Código de
Processo Penal, in verbis, ocorre nulidade se houver falta de intimação das
testemunhas arroladas:
“Art. 564 CPP. A nulidade ocorrerá nos seguintes casos:
III - por falta das fórmulas ou dos termos seguintes:
h) a intimação das testemunhas arroladas no libelo e na
contrariedade, nos termos estabelecidos pela lei;”
Ainda nesse sentido a jurisprudência versa:
“APELAÇÃO CRIMINAL. NULIDADE ABSOLUTA POR FALTA
DE INTIMAÇÃO DE TESTEMUNHA ARROLADA PELA
DEFESA. AUSÊNCIA DE INDEFERIMENTO, SUBSTITUIÇÃO
OU DISPENSA. CERCEAMENTO DE DEFESA. APELO
CONCEDIDO. I -Tratando-se de falta de intimação de
testemunha previamente requerida pela parte, sem qualquer
motivação, dá-se provimento ao recurso para anular o
processo a partir de tal ato. Vício que ofende o princípio
constitucional do devido processo legal e da ampla defesa. II
- Recurso conhecido e provido parcialmente à unanimidade. (TJ-
MA - APR: 259932001 MA, Relator: NELMA SARNEY COSTA,
Data de Julgamento: 01/04/2002, BURITI).”
No caso em comento, há de se levar em consideração do peso
testemunhal , objetivando comprovar fatos importantes e imprescindíveis para o
deslinde do processo. 
Tem-se, desta forma, comprovada a nulidade pela falta de
intimação da referida testemunha.
DO MÉRITO
I. DA AUSÊNCIA DAS QUALIFICADORAS E DA
DESQUALIFICAÇÃO PARA FURTO SIMPLES
Caso restem ultrapassadas as preliminares supra arguidas, o que
não se espera, pelo princípio da eventualidade, passa a análise de mérito.
I.i) AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. Rompimento de
obstáculo:
Prevê o art. 155, § 4º, inciso I, do CP que:
“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
[...]
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o
crime é cometido:
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração
da coisa;”
Ainda, sobre a importância da realização de prova pericial,
dispõem os artigos 158, 167 e 171 do CPP, in verbis:
“Art. 158 CPP. Quando a infração deixar vestígios,
será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou
indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Art. 167 CPP. Não sendo possível o exame de corpo de delito,
por haverem desaparecido os vestígios, a prova testemunhal
poderá suprir-lhe a falta.
Art. 171 CPP. Nos crimes cometidos com destruição ou
rompimento de obstáculo a subtração da coisa, ou por meio de
escalada, os peritos, além de descrever os
vestígios, indicarão com que instrumentos, por que meios e
em que época presumem ter sido o fato praticado.
Dessa forma, para a caracterização da qualificadora em questão,
segundo a doutrina, deve haver dano concreto do obstáculo, o qual deveria ser
comprovado através de um laudo pericial.
Ressalta-se ainda, que não foi juntado aos autos, o Auto de
Levantamento de Local de Delito, documento que comprovaria a devida
destruição do obstáculo.
E neste caso é inviável reconhecer com segurança a configuração
a qualificadora, visto que falta o necessário laudo pericial, tudo a atender o
regramento processual penal vigente.
Veja-se o entendimento jurisprudencial:
“APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO - TENTATIVA -
ARTIGO 155, § 4º, INC. IV, C/C ARTIGO 14, INC. II, DO CP – [...]
PERGUNTAS FORMULADAS POR ESCRITO - PRINCÍPIO DA
AMPLA DEFESA RESPEITADO - QUALIFICADORA PELO
ROMPIMENTO OU DESTRUIÇÃO DE OBSTÁCULO NÃO
COMPROVADA - DESCLASSIFICAÇÃO PARA FURTO
SIMPLES E RESPECTIVO REDIMENSIONAMENTO DA PENA
- SENTENÇA REFORMADANESTE PONTO [...] (TJ-PR - ACR:
4800982 PR 0480098-2, Relator: Edvino Bochnia, Data de
Julgamento: 03/09/2009, 3ª Câmara Criminal, Data de
Publicação: DJ: 230)
APELAÇÃO CRIME. FURTO QUALIFICADO.
ROMPIMENTO DE OBSTÁCULO. IMPRESCINDIBILIDADE
DE PERÍCIA. AFASTAMENTO DA QUALIFICADORA. [...].
(TJ-PR - APL: 13692772 PR 1369277-2 (Acórdão), Relator:
Luiz Taro Oyama, Data de Julgamento: 12/11/2015, 4ª
Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 1708
11/12/2015).”
O Ministério Público pleiteia o reconhecimento da
qualificadora do rompimento de obstáculo à subtração da coisa, já que o
automóvel teria sido arrombado..
Contudo, embora a acusação insista no reconhecimento do delito
qualificado, percebe-se que não há perícia no veículo, logo, não há provas do
emprego de destruição de obstáculo, o que macula a correta materialidade da
qualificadora, requer a desqualificação para o crime de furto simples (art. 155,
caput, do Código Penal).
Portanto, deve ser afastada qualificadora do rompimento de
obstáculo.
I.ii) DO CONCURSO DE PESSOAS:
Manifesta-se também o apelante pelo afastamento da
qualificadora do concurso de pessoas diante da falta de vínculo subjetivo entre o
apelante e o outro acusado. 
Em depoimento o adolescente A.B.C. foi ouvido , tendo informado
que já havia praticado diversos furtos e desconhecia o apelante. Ou seja, de per
si o menor confessou o ato infracional e eximiu o apelante de qualquer culpa ou
participação no evento do furto, desqualificando a pena do inc. IV do art. 155, §
4º.
 Na perspectiva doutrinária, Nelson Hungria elucida a questão,
quando enfatiza ser “[...] indispensável que haja uma consciente combinação de
vontades na ação criminosa, para caracterizar a causa especial de aumento de
pena”
Ainda, nesse viés, a jurisprudência brasileira confirma esse
entendimento: 
“APELAÇÃO CRIMINAL - FURTO QUALIFICADO [...]
A AUSÊNCIA DE DOLO DE UM DOS RÉUS
DESCARACTERIZA O LIAME SUBJETIVO, INDISPENSÁVEL
PARA A CONFIGURAÇÃO DO CONCURSO DE PESSOAS E
PARA CONDENAÇÃO PELO CRIME DE FURTO
QUALIFICADO. ASSIM, O DELITO DE FURTO QUALIFICADO
PELO CONCURSO DE PESSOAS (ART. 155, § 2º, IV,
CP) DEVE SER DESQUALIFICADO PARA O DELITO DE
FURTO SIMPLES (ART. 155, CAPUT, CP). - RECURSO
PROVIDO, SEM EXTENSÃO DOS SEUS EFEITOS AO CORRÉU
NÃO APELANTE. (TJ-MG - APR: 10427120005470001 MG,
Relator: Alberto Deodato Neto, Data de Julgamento: 15/04/2014,
Câmaras Criminais / 1ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
25/04/2014).”
Por conseguinte, pugna pela descaracterização da qualificadora
de concurso de pessoas, e consequentemente a desqualificação para o crime de
furto simples (art. 155, caput, do Código Penal).
I.iii) DA CORRUPÇÃO DE MENORES:
Embora resta descaracterizado o previsto no inc. IV do art 155,
§4º, do CP, não tendo razão de prosperar a condenação ao apelante pela prática
do crime previsto no art.244-B da Lei 8.069/90, in verbis:
“Art. 244-B. Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18
(dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o
a praticá-la:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos”.
Porém, impende observar que o apelante não participou da
conduta delitiva, ou seja, não presenciou o cometimento de qualquer conduta,
seja ativa ou passivamente.
Pois, como já supra mencionado, denota-se dos autos que, não
há indícios e muito menos provas que caracterizem o crime em questão. Ao
contrário, o próprio menor em seu depoimento afirma desconhecer a pessoa do
apelante. Restando comprovado, portanto, que não houve qualquer tipo de
facilitação ou corrupção do menor.
Nesse sentido, veja-se um excerto do entendimento
jurisprudencial pátrio:
“APELAÇÃO CRIMINAL - CORRUPÇÃO DE MENORES - CRIME
NÃO CARACTERIZADO - AUSÊNCIA DE PROVA DA
CORRUPÇÃO OU DA FACILITAÇÃO DA CORRUPÇÃO DO
MENOR - ABSOLVIÇÃO QUE SE IMPÕE – [...]. Para que se
caracterize o delito de corrupção de menores, não basta a
simples prática do crime em companhia de menor
inimputável, sendo imprescindível que haja prova da atuação
concreta do acusado no sentido de quebrar a resistência do
jovem ou adolescente, para corrompê-lo ou facilitar-lhe a
corrupção, sem o que a infração penal não se configura. [...] (TJ-
MG - APR: 10433110047241001 MG, Relator: Paulo Cézar Dias,
Data de Julgamento: 22/01/2013, Câmaras Criminais Isoladas / 3ª
CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação: 29/01/2013).”
Por conseguinte, diante da ausência de provas do crime de
corrupção de menores, a absolvição é medida que se impõe.
Ainda, importa ressaltarque o objeto material do crime de
corrupção de menores previsto no artigo 244-B, da Lei 8.069/90, não é qualquer
menor de dezoito anos. 
Pois, a lei preceitua dois núcleos verbais delitivos, quais sejam,
corromper ou facilitar a corrupção. Deste modo, além do sujeito passivo ser
menor de 18 anos, seria necessário que este ainda não estivesse corrompido, ou,
ainda que corrompido, que a conduta do agente corruptor seja capaz de
corrompê-lo ainda mais, na escala ascendente da corrupção. Caso contrário,
sendo o menor já corrompido, teremos a figura de crime impossível, por absoluta
impropriedade do objeto de acordo com o art. 17 do Código Penal.
A jurisprudência pátria também entende desse modo, senão
vejamos:
“EMENTA: ROUBO BIQUALIFICADO TENTADO -CORRUPÇÃO
DE MENORES - INOCORRÊNCIA- MAUS ANTECEDENTES -
INQUÉRITOS E AÇÕES EM ANDAMENTO - EXACERBAÇÃO
DA PENA BASE E REGIME PRISIONAL - INADMISSIBILIDADE -
QUALIFICADORAS - PERCENTUAL MÍNIMO – POSSIBILIDADE.
Sendo o crime de corrupção de menores de natureza
material, exige para a sua configuração, que o agente
pratique uma das condutas descritas no tipo - corromper ou
facilitar a corrupção - não sendo suficiente para caracterizá-lo
o fato de haver praticado o crime com o inimputável, já que é
de rigor a prova do resultado, a qual não pode ser presumida, pois
o Direito Penal repudia a responsabilidade objetiva. De acordo
com o princípio constitucional da não-culpabilidade (art. 5.º,
LVII/CF), inquéritos e ações em andamento, por si só, não
autorizam a exacerbação da pena-base ou o regime prisional a
título de maus antecedentes, pois somente a coisa julgada
autoriza juízo desfavorável contra o réu. Ainda que no roubo
ocorram duas majorantes obrigatórias, na conformidade do
previsto no parágrafo único, do art. 68, do CP, o acréscimo deve
limitar-se ao percentual mínimo, reservando-se o percentual
máximo para os crimes cometidos com armamentos altamente
vulnerantes e grande número de agentes. Recurso parcialmente
provido. (grifo nosso)
(TJ/MG - APELAÇÃO CRIMINAL Nº 1.0471.05.045464-
7/001 – Rel. Des. ANTONIO ARMANDO DOS ANJOS)”
Verifica-se que o menor confessou já ter se envolvido
anteriormente em vários outros delitos, ou seja, já tinha participado de condutas
típicas anteriormente ao fato.
Portanto, não há que se falar que o acusado promoveu ou facilitou
a corrupção do menor envolvido, haja vista que o menor era reincidente quando
foi apreendido, logo, trata-se de crime impossível, descaracterizando a pena
auferida pelo inc IV do CP. 
II. DESCLASSIFICAÇÃO DE FURTO PARA RECEPTAÇÃO
CULPOSA. SUBSIDIARIAMENTE, RECEPTAÇÃO DOLOSA.
Caso a tese de absolvição acima seja desacolhida, deve ser
levantada uma tese subsidiária, eis que se entende que o fato jamais pode ser
considerado furto, diante da total falta de provas.
Admitindo-se que a posse dos bens é capaz de demonstrar a
autoria delitiva, é preciso discutir a que infração essa ação corresponde.
Isso porque entende-se que, na mais dramática das hipóteses,
caberia a responsabilização por receptação, conforme previsto no art. 180 do CP:
“Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em
proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime,
ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte:
(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)”
Considerando que alguns bens foram encontrados com o acusado
e que não há provas suficientes de que ele foi o autor da subtração, é viável a
condenação por receptação. Jamais por furto.
Diante disso, requer-se a desclassificação de furto qualificado para receptação
culposa, eis que se entende não haver prova da ciência da origem criminosa.
Subsidiariamente, caso se entenda que o elemento subjetivo é
dolo, requer-se a desclassificação para receptação simples, conforme previsto no
§ 3º do art. 180 do CP:
(…)
“§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela
desproporção entre o valor e o preço, ou pela condição de quem
a oferece, deve presumir-se obtida por meio criminoso: (Redação
dada pela Lei nº 9.426, de 1996)” Pena - detenção, de um mês a
um ano, ou multa, ou ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº
9.426, de 1996)
(...)
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz,
tendo em consideração as circunstâncias, deixar de aplicar a
pena. “
IIII. DA SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO:
Sendo as teses anteriores acatadas, o apelante faz jus, conforme
prevê o art. 383, § 1º do CPP, o art. 89 da Lei 9.099/91, e também a Súmula 337
do STJ, in verbis, à suspensão condicional do processo.
“Art. 155 CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.”
Art. 383 CPP. O juiz, sem modificar a descrição do
fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência,
tenha de aplicar pena mais grave.
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa,
houver possibilidade de proposta de suspensão
condicional do processo, o juiz procederá de acordo
com o disposto na lei.
Súmula 333 STJ . É cabível a suspensão condicional do
processo na desclassificação do crime e na procedência parcial
da pretensão punitiva.
Nesse sentido:
“APELAÇÃO - FURTO SIMPLES [...] - OBSERVÂNCIA DO
ARTIGO 383, DO CPP E DO ENUNCIADO DE SÚMULA 337,
DO STJ - NECESSIDADE - REMESSA DOS AUTOS À
INSTÂNCIA DE ORIGEM - RECURSO PROVIDO
PARCIALMENTE. – [...] - Condenado o acusado em segunda
instância por crime menos grave do que imputado na
denúncia, nos termos do art. 383, do CPP, observa-se a
possibilidade de suspensão condicional do processo, se
preenchidos os requisitos legais (súmula 337, do STJ), o que
enseja o retorno dos autos à Comarca de origem a fim de se
oportunizar ao Ministério Público a possibilidade de
oferecimento da proposta inerente, não havendo que se falar,
neste momento, em fixação de pena. - Recurso provido
parcialmente. (TJ-MG - APR: 10074130003903001 MG, Relator:
Agostinho Gomes de Azevedo, Data de Julgamento: 22/05/2014,
Câmaras Criminais / 7ª CÂMARA CRIMINAL, Data de Publicação:
30/05/2014).
[...] ART. 383, § 1º. PROCEDÊNCIA PARCIAL DA DENÚNCIA.
LEI 9.099/95. ART. 89. SUSPENSÃO CONDICIONAL DO
PROCESSO. SÚMULA 337 - STJ. Denúncia que atribuiu a
prática de mais de um crime, mas a sentença de parcial
procedência condenou por apenas um, com pena mínima de um
ano. Excesso de acusação. Incidência da Súmula 337 do
Superior Tribunal de Justiça, e do art. 383, § 1º, do Código de
Processo Penal. Em caso de desclassificação, ou em caso de
concurso de crimes, sendo o remanescente com pena
mínimo igual ou inferior a um ano, antes da condenação deve
ser examinada a possibilidade da suspensão condicional do
processo. Sentença desconstituída, em parte. APELO
PARCIALMENTE PROVIDO. POR MAIORIA. (TJ-RS - ACR:
70060296076 RS, Relator: Ivan Leomar Bruxel, Data de
Julgamento: 16/10/2014, Quarta Câmara Criminal, Data de
Publicação: Diário da Justiça do dia 27/10/2014).”
Portanto, requer, havendo a desclassificação do crime, na qual a
nova definição permite a suspensão, que haja a remessa dos autos para o juízo
de primeiro grau, a fim de que, com a devida intimação do representante do
Ministério Público, ofereça a suspensão condicional do processo ao apelante.
Por fim, mediante todo o exposto acima, o fato dos objetos terem
sido encontradocom o apelante, não é capaz de assegurar que o mesmo seja
autor desses dois furtos.
A razão é muito simples: é corriqueiro que autores de furto
vendam os objetos subtraídos a terceiros de boa-fé.
Não é razoável admitir como certo que o apelante subtraiu os
bens e resolveu ficar com eles. No mínimo, paira dúvida se o apelante não
adquiriu esses bens de alguém.
Importante destacar que há apenas ilações frágeis a sustentar a
versão acusatória, visto que o Ministério Público não logrou angariar provas
robustas de autoria.
De fato, contudo, essa circunstância que dificulta a colheita de
provas não pode ter a sua consequência pesando sobre o acusado.
Ao contrário, se, por qualquer motivo, a acusação não trouxe aos
autos os elementos confiáveis e íntegros a fundamentar a acusação, a única
saída viável no nosso sistema processual penal é a absolvição.
Diante de tudo isso, não há como admitir que o Jason Button
participou das subtrações.
Portanto, deve ser o pedido julgado IMPROCEDENTE,
absolvendo-se o réu, nos termos do artigo 386, inciso V ou VII, do Código de
Processo Penal.
IV. DA DOSIMETRIA DA PENA
a) Da pena-base e do concurso de crimes, Na remota hipótese de
o acusado não ser absolvido, deve ser aplicada a pena-base no mínimo legal,
uma vez que todas as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP) lhe são favoráveis.
“Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às
circunstâncias e consequências do crime, bem como ao
comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas; (Redação dada pela
Lei nº 7.209, de 11.7.1984);
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984);
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de
liberdade; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984);
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por
outra espécie de pena, se cabível. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
b) Do regime inicial Se condenado, o que se admite apenas a
título argumentativo, terá direito à fixação de regime aberto desde o início do
cumprimento da pena, considerando o disposto no artigo 33, §2, c, do Código
Penal.
“Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime
fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-
aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
(...)
§ 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas
em forma progressiva, segundo o mérito do condenado,
observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso: (Redação dada pela Lei nº
7.209, de 11.7.1984)
(...)
c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a
4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime
aberto.”
c) Da conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de
direitos. Pois, na remota possibilidade de condenação, deve a pena privativa de
liberdade eventualmente aplicada ser substituída por restritiva de direitos, ante o
inegável preenchimento dos requisitos do artigo 44 do Código Penal:
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e
substituem as privativas de liberdade, quando: (Redação dada
pela Lei nº 9.714, de 1998)
I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos
e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for
culposo;(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
II - o réu não for reincidente em crime doloso; (Redação dada
pela Lei nº 9.714, de 1998)
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a
personalidade do condenado, bem como os motivos e as
circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
(Redação dada pela Lei nº 9.714, de 1998)
DO PEDIDO
PELO EXPOSTO, requer o apelante seja reformada a decisão
para:
a.) preliminarmente, seja reconhecida a extinção da punibilidade
com base na prescrição da pretensão punitiva do Estado, nos termos do art. 107,
IV, ou do art. 109. Inciso V, ambos do CP;
b.) reconhecer a prescrição retroativa pelo decurso do prazo, nos
termos do artigo 109, V do CP;
c.) declarar a nulidade, pela falta de intimação da testemunha
previamente arrolada, com base no art. 564, III, h, do CPP;
d.) caso sejam as preliminares improvidas (o que não se
acredita), no mérito seja reformada a sentença para reconhecer a não
configuração da destruição de obstáculo e do concurso de pessoas, e
consequentemente desclassificar a conduta típica para furto simples;
e.) absolver o apelante, considerando os argumentos carreados e
a absoluta falta de provas para a caracterização do crime de corrupção de
menores, conforme previsto no art. 17 do CP. 
f.) a DESCLASSIFICAÇÃO da imputação de furto qualificado para
a de receptação culposa e subsidiariamente para receptação simples; 
g.) que com a desclassificação do tipo penal com base no art. 17,
remetendo os autos ao juízo de primeiro grau, com o objetivo de se possibilitar o
oferecimento da suspensão condicional do processo.
h) Em caso de eventual condenação, o que se ventila por mera
argumentação e, ainda, por apego aos princípios da oportunidade e da ampla
defesa, pleiteia-se:
h.1) a fixação da pena no mínimo legal, bem como o afastamento
de furto qualificado;
h.2. a fixação do regime aberto para início de cumprimento de
pena;
h.3. a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de
direitos. 
Termos em que,
Pede Deferimento.
Astorga, 12 de Maio de 2017.
_______________________
Advogados OAB/PR
	“TJ-BA - Apelação APL 00028528620058050137 BA 0002852-86.2005.8.05.0137 (TJ-BA)
	TJ-SP - Apelação APL 00275334420048260405 SP 0027533-44.2004.8.26.0405 (TJ-SP)

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