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Tribunal do Juri
O tribunal do júri tem a função de julgar os crimes dolosos contra a vida, sendo de sua competência os crimes de homicídio doloso, infanticídio, aborto consumado ou tentado, participação em suicídio e seus crimes conexos. 
Por ter procedimento especial, o Júri é dividido em duas fases: “judicium accusationis” ou juízo de acusação e “judicium causae” ou juízo da causa. 
“judicium accusationis” ou juízo de acusação: Consiste em produção de provas para apurar a existência de crime doloso contra a vida, inicia com o oferecimento da denúncia ou queixa e termina com a sentença de pronúncia, impronúncia, desclassificação ou absolvição sumária.
“judicium causae” ou juízo da causa: Trata-se do julgamento, pelo Júri, da acusação admitida na fase anterior. Começa com o trânsito em julgado da sentença de pronúncia e se encerra com a sentença do Juiz Presidente do Tribunal Popular.
No Tribunal do Júri quem decide é a sociedade O Júri é uma instituição secular que tem origem nas primitivas sociedades humanas. No Brasil, foi instituído em 1822, época em que o país ainda era colônia de Portugal. Atualmente, é reconhecido constitucionalmente pelo inciso XXXVIII do art. 5º, o qual prevê que sua organização será dada por lei e que nos seus julgamentos serão assegurados: a plenitude de defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos, a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida. A palavra "Júri" tem origem latina, jurare, e significa "fazer juramento", em referência ao juramento prestado pelas pessoas que formarão o tribunal popular. Desde sua criação, vigora o entendimento de que os jurados decidem sobre a condenação ou a absolvição do réu, e o juiz, presidente do júri, externa essa decisão, em conformidade com a vontade dos jurados. Assim, o magistrado declara o réu absolvido ou condenado, sempre de acordo com a vontade popular, representada pelos jurados. O Tribunal do Júri é composto por um juiz presidente e vinte e cinco jurados, dos quais sete serão sorteados para compor o conselho de sentença e que terão o encargo de afirmar ou negar a existência do fato criminoso atribuído a uma pessoa. Assim, é o cidadão, sob juramento, quem decide sobre o crime. Essa decisão do jurado é de acordo com a sua consciência e não segundo a lei. Aliás, esse é o juramento, de examinar a causa com imparcialidade e de decidir segundo sua consciência e justiça. O colegiado popular realiza o julgamento ao responder quesitos, que são as perguntas que o presidente do júri faz aos jurados sobre o fato criminoso e demais circunstancias essenciais ao julgamento. Os jurados decidem sobre a matéria de fato e se o acusado deve ser absolvido. Assim, o júri responde quesitos sobre materialidade do crime (se o delito aconteceu), autoria (se o acusado cometeu o delito que lhe está sendo imputado), se o acusado deve ser absolvido, causas de diminuição da pena e atenuantes, causas de aumento e qualificadoras etc. O juiz presidente exerce várias funções na condução dos trabalhos do Júri. Ele controla e policia a sessão, para que tudo transcorra em clima tranquilo, sem interferência indevida na atuação das partes. Antes da votação dos quesitos, cabe ao magistrado explicar aos jurados o significado de cada pergunta e prestar algum esclarecimento. Depois que os jurados dão o veredicto, por intermédio dos quesitos, o juiz, por meio da sentença, imporá a sanção penal. Assim, o presidente do Júri faz uma graduação da sanção estabelecida na lei, segundo circunstâncias elementares ou qualificadoras evidenciadas anteriormente pelos jurados. Ele declara o réu inocente ou culpado, de acordo com a vontade popular, e aplica a lei penal ao caso, que, por ser produto da atuação de representantes eleitos, também expressa a vontade da sociedade. Dessa forma, o Tribunal do Júri significa um mecanismo do exercício da cidadania e demonstra a importância da democracia na sociedade. Isso porque o órgão permite ao cidadão ser julgado por seus semelhantes e, principalmente, por assegurar a participação popular direta nos julgamentos proferidos pelo Poder Judiciário.
Princípios do tribunal do júri: Introdução, plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos, competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida e o júri como direito e garantia humanas fundamentais.
Plenitude de defesa
No processo penal, o princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, não existe quando não estiverem assegurados o contraditório e a ampla defesa.
Entretanto, a Carta Magna, demandando maior cautela no contexto do Tribunal do Júri, assegura ao acusado a plenitude da defesa (artigo 5º, XXXVIII, alínea "a") que difere da ampla defesa, muito embora a grande maioria acredite tratar-se do mesmo princípio. Vejamos.
Amplo significa algo vasto, largo, copioso. Assim, a garantia da ampla defesa assegura que os acusados possam valer-se de toda possibilidade de defesa, utilizando-se dos instrumentos e recursos previstos em lei, a fim de evitar qualquer forma de cerceamento.
A palavra pleno, por sua vez, equivale a algo completo, perfeito, absoluto, exatamente como deve ser a defesa do réu no Tribunal do Júri, obviamente, dentro dos limites naturais dos seres humanos.
Explica-se, portanto, porque a defesa no âmbito do Tribunal do Júri deve ser perfeita. No processo comum o réu é amparado pela ampla defesa, tendo como suporte a defesa técnica. Caso ela não se opere convenientemente, o magistrado pode corrigir o erro de ofício na sentença, a qual deverá contar com a devida fundamentação, possibilitando, assim, nos casos de inconformismo, a interposição de recursos.
Já no Tribunal do Júri o desfecho do processo se dá pelos jurados populares, que são juízes leigos e, por isso, a defesa do réu deve se aproximar da perfeição, para o convencimento deles. Vale lembrar que no Tribunal Popular a decisão não é fundamentada, vez que os jurados apenas votam, condenando ou absolvendo o acusado. Ademais, como o Tribunal do Júri é soberano, suas decisões não são passíveis de revista, quanto ao mérito, por tribunais togados.
Por essas razões é crucial que a defesa em Plenário seja sempre plena.
Sigilo das votações
O Código de Processo Penal prevê que não havendo dúvida a se esclarecer após a leitura e explicação dos quesitos em plenário, "o juiz presidente, os jurados, o Ministério Público, o assistente, o defensor do acusado, o escrivão e o oficial de justiça dirigir-se-ão à sala especial a fim de ser procedida a votação" (artigo 485, caput).
Houve tempos em que se discutiu a constitucionalidade da sala especial para votação, por entender alguns que ela feriria o princípio constitucional da publicidade. No entanto, tal discussão foi superada por ampla maioria, tanto doutrinária, quanto jurisprudencial, por prever a Carta Magna a possibilidade de se limitar a publicidade de atos processuais quando assim exigirem a defesa da intimidade ou o interesse social ou público.
Note-se que o sigilo visa assegurar que os jurados possam proferir seu veredicto de forma livre e isenta para, assim, atender ao interesse público e promover a justiça.
Ademais, o julgamento não pode ser considerado secreto, uma vez que é conduzido pelo magistrado e acompanhado pelo Promotor de Justiça, pelo assistente de acusação, se houver, pelo defensor do réu, bem como pelos funcionários do Judiciário
Assim, explica Nucci, citando Hermínio Alberto Marques Porto, que "tais cautelas da lei visam a assegurar aos jurados a livre formação de sua convicção e a livre manifestação de suas conclusões, afastando-se quaisquer circunstâncias que possam ser entendidas, pelos julgadores leigos, como fontes de constrangimento. Relevante é o interesse em resguardar a formação e a exteriorização da decisão.
Vale destacar ainda que a Lei nº 11.689/08, que reformou o Código de Processo Penal Brasileiro, consagrando o princípio do sigilo da votação, introduziu norma que impõe a apuração dos votos por maioria, sem que seja divulgadoo quorum total.
Soberania dos veredictos
Embora a Constituição estabeleça que a soberania dos veredictos é princípio constitucional (artigo 5º, XXXVIII, alínea "c", da CF), muitos tribunais togados têm apresentado alguma resistência quanto às decisões dos Conselhos de Sentença, valendo-se os juízes, por vezes, da aplicação de jurisprudência da Corte onde exercem suas funções. No entanto, esquecem eles que os jurados são juízes leigos, que não têm o dever de conhecer as jurisprudências predominantes nos tribunais.
Conforme o juramento constante do artigo 472, do Código de Processo Penal, os jurados devem decidir de acordo com sua consciência, seguindo a justiça, contudo, sem precisar ater-se às normas escritas ou julgados do país.
Portanto, a invasão das cortes togadas no mérito do veredicto é inadmissível. Mesmo porque a lei brasileira prevê soluções para os casos em que o Júri venha a cometer erros. Vejamos.
Quando houver erro quanto à análise das provas exibidas em plenário pelas partes, haverá a possibilidade de se interpor recurso de apelação. Provido este, o julgado anterior sofrerá revisão por outro Conselho de Sentença. Nos casos de erro pelo não oferecimento de todas as provas, existindo, assim, prova inédita, o tribunal, em fase de apelação ou revisão criminal, remeterá o caso a novo júri.
Assim, nas palavras de Antônio José M. Feu Rosa, concluímos que "a justiça, e, por conseguinte, os meios mais próprios de obtê-la, são direitos da sociedade. Quem poderia contestar-lhe o direito de julgar e de agir em consequência disso? Que ela se engane, é possível. Mas uma questão de prerrogativa soberana não é uma questão de infalibilidade. Se para ser legítima uma atribuição qualquer da soberania devesse ser exercida duma maneira infalível, não haveria soberania possível. Mas, em caso de erro do povo, como os indivíduos, suporta muito melhor o que vem daqueles que estão investidos, em seu nome, de seus interesses, do que daqueles que lhe são estranhos" (Júri - Comentários é Jurisprudência, p. 17).  
Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida
São crimes de competência do Tribunal Popular o homicídio simples (artigo 121, caput), privilegiado (artigo 121, §1º), qualificado (artigo 121, §2º), induzimento, instigação e auxílio ao suicídio (artigo 122), infanticídio (artigo 123), as várias formas de aborto (artigos 124 a 127), bem como os delitos conexos, conforme artigos 76 a 78, inciso I, do Código de Processo Penal.
Note-se, contudo, que a morte em razão de roubo, o latrocínio, é de competência do juízo comum, por força da Súmula nº 603, do Supremo Tribunal Federal, que estabelece que "a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri".
Para Nucci, as formas do genocídio também são de competência do Tribunal do Júri, vez que constituem delitos dolosos contra a vida. Explica o mestre que tal questão foi levantada em razão do caso conhecido como "massacre de Haximu", em que garimpeiros assassinaram vários índios ianomâmis. Nesse caso, o Supremo Tribunal Federal entendeu tratar-se de competência da Justiça Federal singular, muito embora as vítimas fossem membros de grupo indígena. No entanto, Nucci defende que nessa hipótese a solução correta seria o julgamento pelo Tribunal do Júri, no âmbito federal, devendo ser estruturado, nessa órbita, plenário para julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
Júri: direito e garantia humanas fundamentais
Em nosso estudo, seguindo a corrente majoritária da doutrina, abordaremos o direito humano fundamental e a garantia humana fundamental como conceitos autônomos, porém interligados.
Os direitos humanos fundamentais podem ser materiais, quando essenciais à existência humana, como o direito à vida, à liberdade de ir e vir, entre outros, e formais, quando tratar-se das posições subjetivas do ser humano, sem que seja fundamental à sua existência, como, por exemplo, o direito de não ser identificado criminalmente quando apresente identificação civil. Esses direitos estão previstos no artigo 5º, da Constituição Federal.
Do mesmo modo, as garantias humanas fundamentais também são materiais e formais. Constituem garantias materiais aquelas em que o Estado institui para fazer valer um direito humano fundamental, e formais aquelas que, embora previstas no texto constitucional, se dele forem retiradas, não acarretarão o perecimento do direito humano fundamental material.
O júri como garantia humana fundamental
O Tribunal do Júri constitui garantia humana fundamental formal, assegurando tão somente que o autor de crime doloso contra a vida seja julgado em plenário popular.   
Foi assim considerado por nossos legisladores por influência da Constituição americana, que contempla o júri como garantia indispensável ao cidadão, ou seja, garantia material. Isso porque, nos Estados Unidos, os juízes são eleitos pelo povo, sendo, assim, questionável sua imparcialidade.
Contudo, no Brasil, como os magistrados são todos concursados, sem qualquer influência popular ou política, o júri é considerado apenas uma garantia formal, visando assegurar o devido processo legal para os acusados da prática de crimes dolosos contra a vida e delitos conexos, constituindo, inclusive, cláusula pétrea, já que previsto no artigo 5º, da Constituição Federal.
O júri como direito humano fundamental 
O Tribunal Popular é a única instituição que permite ao cidadão brasileiro tomar parte nos assuntos de um dos Poderes da República, o Judiciário, sendo, por isso, considerado um direito humano fundamental.
Entretanto, não pode ser considerado direito humano material, pois, sem ele, há outras garantias de participação do povo nos Poderes da República, porém, de outras maneiras.
Assim, concluímos que o júri é direito e garantias humanas fundamentais formais, devendo ser respeitado principalmente quanto aos princípios do artigo 5º, XXXVIII.
Órgão do Poder Judiciário
O júri é um órgão especial do Poder Judiciário, que assegura aos cidadãos a participação direta nas decisões de caráter jurisdicional, embora haja alguma controvérsia sobre o assunto.
Houve quem entendesse que o Tribunal Popular não passasse de um organismo político, desligado do Judiciário. No entanto, é de entendimento majoritário que, ainda que não inserido no rol do artigo 92, da Magna Carta, constitui sim órgão do Poder Judiciário, observando-se sua especialidade. Esse entendimento deve-se aos seguintes fundamentos:
a) considerando que o júri, além de contar com 21 (vinte e um) jurados, é também composto por magistrado togado, o Juiz Presidente, não há que se cogitar a hipótese de fazer ele parte de órgão meramente político, visto que esse vínculo é vedado constitucionalmente, sem falar em previsão na Lei Orgânica da Magistratura Nacional;
b) há previsão ainda no artigo 78, inciso I, do Código de Processo Penal, que nos casos de concurso de competência entre júri e jurisdição comum, aquele deve prevalecer;
c) também está previsto no artigo 593, III, do Código de Processo Penal, a possibilidade de recurso contras as decisões do júri, o que, como é cediço, não poderia ocorrer em órgão político;
d) o fato do Tribunal do Júri estar incluído entre os direitos e garantias fundamentais configura a vontade política do legislador em considerá-lo cláusula pétrea, e não com a finalidade de excluí-lo do Poder Judiciário; e, por fim,
e) o Tribunal do Júri é taxativamente considerado como órgão do Poder Judiciário pela Constituição do Estado de São Paulo.

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