Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Saúde Dietética – TL4 VARFARINA Ana Pereira Fabiana Santos Leiria, abril de 2016 I Instituto Politécnico de Leiria - Escola Superior de Saúde Dietética – TURMA TL4 Ana Pereira, nº 5130321 Fabiana Santos, nº 5130038 Unidade Curricular: Farmacologia Docente: Maria Guarino Leiria, abril de 2016 Varfarina Interações fármaco-nutriente II ÍNDICE INTRODUÇÃO 6 1. VARFARINA 7 1.1. CARACTERÍSTICAS 7 1.2. CICLO DA VITAMINA K 7 1.3. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS 8 1.4. EFEITOS ADVERSOS E CONTRA-INDICAÇÕES 8 1.5. PROPRIEDADES FRAMACOCINÉTICAS E FARMACODINÂMICAS 9 1.5.1. Farmacocinética 9 1.5.2. Farmacodinâmica 9 2. ANÁLISE DO ARTIGO CIENTÍFICO – EVIDÊNCIAS CLÍNICAS SOBRE AS INTERAÇÕES PRODUTOS FITOTERAPÊUTICOS-VARFARINA 10 2.1. INTRODUÇÃO 10 2.2. MÉTODOS 11 2.2.1. Efeitos da interação 12 2.2.2. Gravidade da interação 12 2.2.3. Possibilidade de interação: Confiabilidade das evidências 13 2.2.4. Mecanismo de interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina 13 2.2.4.1. Interferência com a absorção de Varfarina 13 III 2.2.4.2. Interferência com enzimas de metabolização da Varfarina 13 2.2.4.3. Interferência com a ligação proteica da Varfarina 14 2.2.4.4. Interferência com a função das plaquetas 14 2.2.4.5. Alterando a síntese de Gut vitamina K ou que contenham vitamina K 14 2.2.4.6. Interferência com o ciclo da vitamina K 15 2.2.4.7. Interferência com a cascata de coagulação 15 2.3. RESULTADOS 15 2.3.1. Ervas ocidentais 16 2.3.1.1. Boldo (Peumus boldus) 16 2.3.1.2. Cannabis (Cannabis sativa L.) 16 2.3.1.3. Camomila (Matricaria recutita) 16 2.3.1.4. Quitosano (Swertia Chirayita) 16 2.3.1.5. Coenzina Q10 (Theobroma cacao) 16 2.3.1.6. Mirtilo (Vaccinium macrocarpon) 17 2.3.1.7. A garra do diabo (Harpagophytum procumbens) 17 2.3.1.8. Equinácia (Echinacea purpurea) 18 2.3.1.9. Feno-grego (Trigonella foenum-graecum) 18 2.3.1.10. Alho (Allium sativum) 18 2.3.1.11. Ginkgo (Ginkgo biloba) 18 2.3.1.12. Gengibre (Zingiber officinale Roscoe) 19 2.3.1.13. Ginseng 19 IV 2.3.1.14. Toranja (Citrus paradisi) 19 2.3.1.15. Chá verde (Camellia sinensis) 20 2.3.1.16. Melilot (Melilotus officinalis) 20 2.3.1.17. Salsa (Petroselinum crispum) 21 2.3.1.18. Abóbora (Cucurbita pepo) 21 2.3.1.19. Trevo Vermelho (Trifolium pratense) 21 2.3.1.20. Saw Palmetto (Serenoa repens) 21 2.3.1.21. Soja (Glycine max Merr) 22 2.3.1.22. Erva de São João (Hypericum perforatum) 22 2.3.2. Ervas Medicina Tradicional Chinesa 23 2.3.2.1. Angelica Chinesa (Angelica sinensis) 23 2.3.2.2. Danshen (Salvia miltiorrhiza) 23 2.3.2.3. Lycium (Lycium barbarum) 24 2.4. DISCUSSÃO 24 2.5. CONCLUSÕES 25 3. CONCLUSÃO 26 3.1. INTERAÇÕES COM ALIMENTOS E MEDICAMENTOS 26 3.1.1. Interação Alimento - Varfarina 27 3.1.1.1. Manga – Varfarina 27 3.1.1.2. Sumo de romã – Varfarina 27 3.1.1.3. Sumo de groselha preta e óleo de semente de groselha preta 27 V 3.1.1.4. Álcool – Varfarina 27 3.1.2. Interação Fármaco - Varfarina 28 3.1.2.1. AINEs – Varfarina 28 3.2. RELEVÂNCIA DO FÁRMACO NA PRÁTICA DA DIETÉTICA 28 4. BIBLIOGRAFIA 30 ANEXOS ANEXO I- Grau de severidade clínica das interações produtos fitoterapêuticos- Varfarina ANEXO II- Resumo das interações produtos fitoterapêuticos-Varfarina apoiadas por evidências clínicas 6 INTRODUÇÃO O presente trabalho realizado no âmbito da Unidade Curricular de Farmacologia, tem como principal objetivo a realização de uma trabalho sobre a varfarina, através da análise de um artigo referente às Evidências Clínicas das interações entre produtos fitoterapêuticos e a varfarina, proposto pela professora Maria Guarino. Assim, através da interpretação do artigo e com um pequeno trabalho de pesquisa pretendemos apresentar as principais interações fármaco-nutriente. Os anticoagulantes orais são muito utilizados na prática clínica para a prevenção e tratamento de pacientes com desordens tromboembólicas arteriais e venosas. As indicações mais comuns para a administração de anticoagulantes orais são: fibrilação arterial, trombose venosa profunda, embolia pulmonar, prótese de válvula, cardiomiopatia, enfarte do miocárdio e isquémia. A classe de anticoagulantes orais mais utilizada é a das cumarinas, da qual faz parte a Varfarina (Botton, 2010). Os nutrientes são capazes de interagir com fármacos, sendo um problema de grande relevância na prática clínica, devido às alterações na relação risco/benefício do uso do medicamento. Estas interações são facilitadas, pois os medicamentos, na sua maioria, são administrados por via oral. Os nutrientes podem modificar os efeitos dos fármacos por interferirem em processos farmacocinéticos, como a absorção, distribuição, biotransformação e excreção, originando prejuízos a nível terapêutico (Moura & Reyes, 2002). Ao longo do trabalho, será feita uma breve descrição das características, das indicações terapêuticas, reações adversas e contra-indicações, assim como as propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas da varfarina. O tema principal recai sobre um artigo científico que relata algumas interacões entre produtos fitoterapêuticos e varfarina, o qual foi realizada uma análise detalhada com o objetivo de retirar conclusões acerca das referidas interações. Por fim, será feita uma breve conclusão acerca das interações entre diferentes alimentos e a varfarina, assim como as implicações da mesma para o estado nutricional dos doentes que necessitam da toma deste medicamento. 7 1. VARFARINA 1.1. CARACTERÍSTICAS A varfarina é a substância ativa do Varfine, uma substância derivada da cumarina. É um fármaco comparticipado sujeito a receita médica da categoria dos anticoagulantes cumarínicos orais, comercializado em comprimidos de 5 miligramas. É um fármaco com patente atribuída, ou seja, não tem genéricos e, atualmente, é o único que está a ser comercializado com este princípio ativo. Normalmente, é utilizado para prevenir a formação de coágulos no sangue, bem como a sua migração. A ação deste fármaco não afeta a viscosidade do sangue, uma vez que inibe a enzima epóxido redutase e, portanto, interfere com fatores de coagulação, ou seja, com o metabolismo da vitamina K (vitamina lipossolúvel essencial para a biossíntese de vários fatores de coagulação). O tempo de semi-vida da varfarina varia de 25 a 60 horas, com média nas 40 horas e com uma duração de ação de 2 a 5 dias (Infarmed) (Infarmed) (Índice) (Teles, Fukuda, & Feder, 2012). Os cumarínicos são antagonistas da vitamina K (reduzem os níveis dos fctores de coagulação vit. K dependentes – II, VII, IX, X, proteína C e proteína S) usados para a anticoagulação crónica. A varfarina é o cumarínico mais utilizado. 1.2. CICLO DA VITAMINA K A vitamina K é absorvida no intestino delgado e transportada pelas vias linfáticas. Para a sua absorção necessita dos sucos biliar e pancreático, bem como de gordura. Relativamente à excreção desta vitamina, é eliminada pela urina a cada três dias, cerca de 20 % pela urina e 40-50% pelas fezes, independentemente da quantidade ingerida (Carvalho & Klack, 2006). O Ciclo da Vitamina K é considerado uma via de recuperação da vitamina que está presente, essencialmente, no fígado. De um modo geral, sempre que um resíduo de glutamato é carboxilado, a vitamina K é oxidada, dando origem à forma 2,3-epoxi. Este é convertido novamente à sua forma ativa pelaação da enzima microssomal, epóxido- 8 redutase de vitamina K e uma ou mais quinona redutases de vitamina K. A ação da epoxi-redutase é inibida por cumarínicos como a varfarina, resultando, consequentemente, em indução do antagonismo da vitamina K (Carvalho & Klack, 2006). 1.3. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS No que diz respeito às indicações terapêuticas da varfarina, esta deve ser utilizada como prevenção (profilaxia) e tratamento de algumas patologias, como é o exemplo da tromboembolia venosa, fibrilação auricular, acidentes isquémicos transitórios e utilizada como profilaxia após a colocação de prótese valvular cardíaca (Infarmed). O uso deste fármaco deve ser monitorizado regularmente uma vez que é necessário verificar se a dosagem está adequada ao paciente de modo a evitar efeitos colaterais indesejáveis (Infarmed) (Índice). 1.4. EFEITOS ADVERSOS E CONTRA-INDICAÇÕES Relativamente aos efeitos colaterais adversos pode-se incluir hemorragias de qualquer órgão (mais frequente), necrose cutânea, cor arroxeada dos dedos dos pés, alopecia, náuseas e diarreia, icterícia, insuficiência hepática, entre outros (Infarmed). Considera-se contra-indicação administrar varfarina a qualquer indivíduo que tenha hipersensibilidade ao princípio ativo ou a qualquer dos excipientes. Também é contra- indicado a indivíduos com hemorragia ativa ou em grave risco de hemorragia tais como os que sofrem de distúrbios hemorrágicos, úlcera péptica, feridas graves e endocardite bacteriana, grave insuficiência renal ou hepática, hipertensão severa. A gravidez constitui uma contra-indicação para a administração de varfarina, uma vez que apresenta capacidade de atravessar a barreira placentária, que pode originar problemas como hemorragia fetal, aborto espontâneo, parto prematuro, morte fetal e morte neonatal. Em casos de trombose das artérias cerebrais e oclusão arterial periférica, a varfarina não deve ser usada como tratamento de primeira linha (Infarmed, 2006). 9 1.5. PROPRIEDADES FRAMACOCINÉTICAS E FARMACODINÂMICAS 1.5.1. Farmacocinética A varfarina é facilmente absorvida pelo trato gastrosintestinal e usada com uma mistura racémica (2 isómeros). A biodisponibilidade das soluções racémicas de varfarina é de quase 100%, independentemente de serem administrados por via oral, intramuscular, intravenosa ou retal. Quando é administrada em simultâneo com os alimentos, estes podem interferir com a sua absorção. A varfarina pode ser detetada no plasma cerca de 1 hora depois da administração oral, demorando a atingir a concentração máxima plasmática entre 2 a 8 horas. A varfarina liga-se quase completamente (99%) às proteínas plasmáticas, principalmente à albumina (Infarmed, 2006). 1.5.2. Farmacodinâmica Os anticoagulantes bloqueiam a regeneração da vitamina K reduzida, pelo que induzem um estado de deficiência funcional de vitamina K. Doses terapêuticas de varfarina reduzem de 30% a 50% a quantidade total de cada fator dependente da vitamina K, sintetizado a nível hepático. Os anticoagulantes orais não exercem qualquer efeito na atividade das moléculas completamente carboxiladas. Assim, depois de iniciada ou ajustada a terapêutica, o tempo necessário para que cada fator atinja no plasma um novo estado de equilíbrio, depende do seu ritmo individual de eliminação (Infarmed, 2006). 10 2. ANÁLISE DO ARTIGO CIENTÍFICO – EVIDÊNCIAS CLÍNICAS SOBRE AS INTERAÇÕES PRODUTOS FITOTERAPÊUTICOS-VARFARINA 2.1. INTRODUÇÃO A varfarina é o anticoagulante oral mais utilizado desde a sua aprovação em 1954. Clinicamente, a Varfarina é administrada na forma de uma mistura racémica de S- e R- enatiómeros (isómeros). A Varfarina-S tem um poder anticoagulante 3 a 5 vezes superior ao do R-enantiómero (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). O uso de Varfarina está limitado, apesar de existirem fortes evidências acerca do seu valor clínico. Isto explica-se pelo seu pequeno índice terapêutico, a predisposição para a interação com fármacos e alimentos e a sua tendência para causar hemorragias. Apesar da terapia de fármacos concomitante aumentar ainda mais os riscos, medicamentos alternativos e complementares, incluindo medicamentos à base de ervas foram largamente utilizados na década passada (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). Quase 40% dos doentes com doença cardiovascular ou acidente vascular cerebral usaram produtos fitoterapêuticos concomitantes juntamente com os seus medicamentos prescritos. Os produtos fitoterapêuticos e as interações com alimentos são apontados como as principais causas dos efeitos adversos da Varfarina. Um estudo sobre interações de produtos fitoterapêuticos-fármacos em casos clínicos, demonstrou que a Varfarina representa 34 de 133 casos de interações, tornando-se o fármaco mais frequentemente envolvida em interações de fitoterapêuticos-fármacos. No entanto, a incidência de interações entre produtos fitoterapêuticos e a Varfarina não é totalmente conhecida (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). A interação produtos fitoterapêuticos-varfarina tem um significado clínico considerável, por isso é necessário identificar os produtos fitoterapêuticos que interagem com a Varfarina. Ao contrário do esperado, os medicamentos à base de ervas não são sempre seguros mesmo se forem naturais. Os extratos botânicos diferem dos medicamentos convencionais, sendo que, os primeiros contêm uma mistura de muitos compostos bioativos. Os ingredientes diferentes podem resultar na prevalência de interação fitoterapêuticos-fármaco. Assim, é importante saber como as ervas podem ser utilizadas 11 com segurança e como reduzir os possíveis riscos para maximizar os benefícios derivados da medicina das ervas (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). Vários estudos mostram que as interações de importância clínica foram de facto certificados por relatos de casos, mas estudos mecanicistas neste campo ainda são limitados. Um grupo de pesquisa avaliou a qualidade dos dados gerados para o estudo das interações fitoterapêuticos-fármaco, sugerindo que 67% dos casos foram classificados como interações possíveis, 27% dos casos eram inválidos e apenas 6% dos casos foram bem documentados. Estes relatos são insuficientes para estabelecer uma relação causal entre interação fitoterapêuticos-fármaco e os seus efeitos adversos. O grupo de Patel reviu a literatura clínica publicada de 1971 a 2007, incluindo efeitos adversos relatados, descrição do caso clínico, e casos em série, para avaliar as interações entre diversos produtos fitoterapêuticos e Varfarina. De entre 72 relatos de casos documentados de interações de produtos fitoterapêuticos-Varfarina, 84,7% dos casos foram avaliados como possíveis interações e 15,3% dos casos interações prováveis. O sumo de mirtilo estava envolvido em 34,7% dos relatos de casos, como a planta comumente envolvida. Além disso, as interações de ervas ocidentais com Varfarina são mais conhecidos, enquanto que, os medicamentos tradicionais chineses são raramente estudados. De acordo com uma pesquisa de literatura, entre 133 casos de interações fitoterapêuticos-fármaco, a erva de São João foi a erva mais estudada (37 casos), seguida de ginkgo biloba e ginseng. A revisão em curso visa complementar os pontos em falta a partir de estudos anteriores: classificação por relevância clínica (risco de vida, hemorragia, alteração do INR – Razão Normalizada Internacional); avaliação da confiabilidade da evidência (altamente provável, provável, possível e duvidoso); classificação do nível de evidência (in vitro, animal ou humano); resumo e classificações dos mecanismos para as interações Varfarina-produtos fitoterapêuticos (farmacocinética ou farmacodinâmica) e informações relacionadas comas interações entre os medicamentos tradicionais chineses e Varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2. MÉTODOS Para efetuar esta atual revisão foram pesquisados artigos primários publicados entre 1993 e 2013, tanto em bases de dados chinesas como inglesas que incluem EMBASE, MEDLINE, Armed, Cochrane Systematic review database, SCiFinder e CNKI. Deste 12 modo, o artigo resume as ervas tradicionais chinesas e ervas ocidentais envolvidas na interação clínica produtos fitoterapêuticos-varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.1. Efeitos da interação No atual estudo, foi realizada uma visão geral da literatura, para consolidar as evidências nas interações clínicas entre produtos fitoterapêuticos-varfarina. Como base nessas evidências clínicas documentadas, os efeitos clínicos da interação foram classificados como potenciadores ou inibidores (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.2. Gravidade da interação As interações que potenciam ou inibem o efeito da Varfarina foram classificadas como, graves, moderadas, ligeiras ou não clínicas de acordo com o esquema de classificação desenvolvido pelo grupo de Holbrook em 2005, como se pode ver na (Tabela 1) que se encontra no (ANEXO I). As interações de potenciação graves foram definidas por morte, hemorragia grave ou necessidade de interromper a terapia de varfarina. As interações de potenciação moderada ocorrem quando a interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina altera o INR para 5.0 ou ocorre um aumento de mais de 1.5, sendo então necessário um reajuste na dosagem de Varfarina. As interações de potenciação ligeiras ocorrem quando a interação altera o INR para menos de 5.0 ou o aumento é inferior a 1.5 unidades, não sendo necessária uma mudança na dosagem de Varfarina. Por último, as interações de potenciação são não clínicas se o aumento de Varfarina for um aumento estatisticamente significativo, sem mudança no INR ou estado clínico (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). As principais interações de inibição graves foram definidas pela ocorrência de trombose. As interações de inibição moderadas indicam uma mudança no INR, que exige um reajuste na dosagem de Varfarina. Numa inibição moderada, o INR diminui para menos de 1.5 ou o decréscimo é maior do que 1.5 unidades. As interações de inibição ligeiras foram definidas por uma diminuição do INR não exigindo nenhuma alteração na dosagem de Varfarina, ou o INR diminui para mais de 1.5 unidades. As interações de inibição são não clínicas se a única evidência de inibição de Varfarina for uma diminuição estatisticamente significativa nos níveis de Varfarina. Por outro lado, uma interação pode não provocar nenhum efeito se o fármaco que interage nem potencia nem inibe o efeito da Varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 13 2.2.3. Possibilidade de interação: Confiabilidade das evidências A confiabilidade de evidência foi classificada, de acordo com sete critérios de causalidade, em quatro níveis, sendo que, o nível I é muito provável e o nível IV duvidoso. Os níveis mais baixos significam que não há evidências suficientes disponíveis para confirmar que as interações vão acontecer (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4. Mecanismo de interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina Os mecanismos de interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina são divididos em duas categorias: as que envolvem a farmacocinética (PK) da Varfarina e aquelas que envolvem a farmacodinâmica (PD). As interações farmacocinéticas são aquelas que podem afetar o processo pelo qual a Varfarina é absorvida, metabolizada e distribuída. Entre estas, o citocromo P450 é o foco principal para o metabolismo da Varfarina. Outras enzimas como a UDP-glucuronosiltransferase (UGT) também podem estar envolvidas na interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina, mas existe pouca informação ou literatura disponível para confirmar os seus efeitos (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4.1. Interferência com a absorção de Varfarina A Varfarina atravessa as membranas biológicas por difusão passiva, mas até agora não foram identificados transportadores para a absorção de Varfarina no ambiente gastrointestinal. Alguns fitoterapêuticos, como por exemplo, Aloe, Jalapa, Cascara e Ruibarbo são capazes de se ligar à Varfarina e de afetar a sua absorção. Alguns fitoterapêuticos podem provocar a erosão da membrana gastrointestinal originando hemorragias após a co-administração com Varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4.2. Interferência com enzimas de metabolização da Varfarina A Varfarina é metabolizada principalmente pelo citocromo P450 (CYP), uma família muito grande de isoenzimas relacionadas. Os fitoterapêuticos que demonstram ter efeitos sobre o citocromo P450, especialmente CYP2C9, CYP1A2, CYP3A4 ou CYP2C19, afetam a concentração plasmática de Varfarina, o que pode ser uma das razões para a interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 14 2.2.4.3. Interferência com a ligação proteica da Varfarina Os fitoterapêuticos ligados competitivamente à albumina afetam a concentração plasmática de Varfarina, o que também pode ser uma das razões para a interação produtos fitoterapêuticos-Varfarina, não sendo no entanto considerada a principal causa. A maioria dos mecanismos de farmacocinética são interações diretas (alteração na atividade das enzimas CYP e inibição da ligação proteíca da Varfarina), mas também há interações indiretas, como por exemplo, quando a membrana gastrointestinal é danificada. As interações farmacodinâmicas são aquelas em que os efeitos de um fármaco são alterados pela presença de outro fármaco no seu local de ação. Por vezes, os fármacos competem diretamente por recetores particulares, especialmente VKOR, mas a reação é mais indireta e envolve a interferência com mecanismos fisiológicos. Tem sido demonstrado que os mecanismos relacionados com a farmacodinâmica contêm 79,9% de todos os mecanismos de interação produtos fitoterapêuticos-varfarina identificáveis, que estão resumidos nos seguintes quatro aspetos (Ge, Zhang, & Zuo, 2014): 2.2.4.4. Interferência com a função das plaquetas O primeiro passo na cascata de coagulação é a agregação de plaquetas, responsável pela formação do coágulo de sangue. Quando existe uma redução da agregação plaquetária inibe-se a síntese de tromboxano, o que interfere com os mecanismos de coagulação. Foi mostrado que alguns fitoterapêuticos antiplaquetários, por exemplo, o Ginkgo (particularmente ginkgolide B) inibem a ligação do fator de ativação das plaquetas aos seus recetores presentes nas membranas das plaquetas, o que resulta na redução da agregação plaquetária. Deste modo, pode-se concluir que a administração concomitante de varfarina com ginkgo pode apresentar risco de hemorragias (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4.5. Alterando a síntese de Gut vitamina K ou que contenham vitamina K A vitamina K pode ser obtida a partir dos alimentos ou sintetizada pelo ciclo de vitamina K. Alguns fitoterapêuticos, tais como, Thymus vulgaris e Allium sativum, podem impedir que a flora intestinal sintetize vitamina K, reforçando o efeito da varfarina. Diversos fitoterapêuticos, com por exemplo o chá verde podem conter 15 grandes quantidades de vitamina K, que também podem resultar em interações com a varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4.6. Interferência com o ciclo da vitamina K Algumas plantas, como Lapachol, afetam enzimas, tais como a epóxido redutase da vitamina K (VKOR), regulando a quantidade de vitamina K, in vivo, interagindo assim com a varfarina. A varfarina é um derivado sintético da Dicumarol, um derivado da cumarina. Embora a cumarina não tenha propriedades anticoagulantes é transformada noanticoagulante natural Dicumarol em várias espécies de fungos. Portanto, produtos fitoterapêuticos que contenham cumarina ou os seus derivados podem exibir efeitos anticoagulantes semelhantes aos da varfarina. A administração concomitante de varfarina com estas plantas apresenta um risco adicional de hemorragia (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.2.4.7. Interferência com a cascata de coagulação Algumas plantas, por exemplo, Danshen (Salvia miltiorrhiza), podem afetar a expressão da trombomodulina (fator de coagulação) e alterar a coagulação do sague, interagindo assim com a varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3. RESULTADOS Foram listados trinta e oito produtos fitoterapêuticos, incluindo fitoterapêuticos clinicamente comprovados para interagir com a varfarina; fitoretapêuticos pré-clínicos evidenciaram afetar a farmacocinética ou farmacodinâmica da varfarina; fitoterapêuticos que contêm vitamina K ou cumarina; e fitoterapêuticos com ações farmacológicas semelhantes ou opostas às da varfarina. Com base nesta descrição, os efeitos e gravidade de cada um que propõem a interação produtos fitoterapêuticos- varfarina, bem como a possibilidade e o potencial mecanismo para as interações, foram resumidos na (Tabela 2), que se encontra no (ANEXO II) (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 16 2.3.1. Ervas ocidentais 2.3.1.1. Boldo (Peumus boldus) O Boldo foi tradicionalmente utilizado para a dispepsia, perturbações digestivas, obstipação e reumatismo. As pesquisas mais recentes têm mostrado que a boldina (principal componente ativo do boldo) é um potente antioxidante. O boldo também contém cumarinas naturais, mas não está esclarecido se tem alguma atividade anticoagulante. O mecanismo da interação Boldo-varfarina permanece desconhecido e a interação foi definida como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.2. Cannabis (Cannabis sativa L.) Cannabis Medicinal é utilizada para tratar doenças crónicas, incluindo dor adjunta ou neuropática. Não há evidências experimentais da interação entre a varfarina e cannabis. No entanto, um caso clínico descreve um aumento do INR e hemorragia de um paciente que fumava cannabis, enquanto tomava varfarina. A interação entre cannabis e varfarina foi definida com possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.3. Camomila (Matricaria recutita) A Camomila é utilizada para a dispepsia, flatulência e catarro nasal. Um estudo in vitro descobriu que o extrato de camomila inibe o citocromo P450 isoenzima CYP3A4. A interação entre Camomila e a varfarina foi definida como possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.4. Quitosano (Swertia Chirayita) O quitosano é utilizado como um suplemento dietético para a obesidade e hipercolesterolemia. É um intensificador de absorção que aumenta a permeabilidade de fármacos hidrofílicos através da mucosa intestinal e epitélios. O quitosano pode prejudicar a absorção de vitaminas lipossolúveis, onde se inclui a vitamina K. A interação entre o quitosano e a varfarina parece ser possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.5. Coenzina Q10 (Theobroma cacao) A coenzima Q10 é obtida a partir da salsa, brócolos, amendoim e uva. É frequentemente tomada como um suplemento para auxiliar o tratamento de insuficiência cardíaca 17 congestiva, angina e hipertensão. Um estudo realizado em ratos mostrou que a coenzima Q10 reduziu o efeito anticoagulante da varfarina e aumentou a depuração dos dois enantiómeros da varfarina. Um relatório descreveu a diminuição dos efeitos da varfarina em pacientes que tomam a coenzima Q10 (30 mg por dia durante duas semanas), com uma redução do INR de 2,5-1,4. No entanto o mecanismo de interação entre a coenzima Q10 e a varfarina não é claro. Assim, a interação entre a coenzima Q10 e a varfarina foi definida como provável (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.6. Mirtilo (Vaccinium macrocarpon) O mirtilo é comumente utilizado para o sangue e distúrbios digestivos. Estudos clínicos não encontram evidências de efeitos significativos no ser humano. No entanto, houve alguns relatos de casos de INR elevado e hemorragia significativa na administração concomitante de varfarina com o mirtilo. Num estudo controlado, foi dado sumo de mirtilo a doze indivíduos saudáveis (duas cápsulas 3 vezes ao dia) após a administração da varfarina (5 comprimidos de 5 mg de cumarin) durante 15 dias. Verificou-se um aumento do INR em 28%, enquanto que a varfarina farmacocinética não teve qualquer diferença significativa. O sumo de mirtilo não teve nenhum efeito sobre a agregação plaquetária e farmacocinética da R-Vvarfarina ou S-varfarina. A interação pode ser através de um mecanismo farmacodinâmico. A interação entre mirtilo e varfarina foi definida como altamente provável, e não foi encontrado nenhum relatório com relação dose-resposta (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.7. A garra do diabo (Harpagophytum procumbens) A garra do diabo é usada como tónico amargo para doenças inflamatórias. In vitro, o extrato da garra do diabo inibe moderadamente a atividade da CYP2C8, CYP2C9, CYP2C19 e CYP3A4. Um estudo in vitro mostrou que a garra do diabo teve o maior efeito sobre o CYP2C9 e pode aumentar os efeitos da varfarina e possíveis outras cumarinas. Evidências clínicas de interação entre garra do diabo e varfarina são limitadas a um caso de estudo relatando efeitos colaterais menores. Uma interação parece possível, mas a evidência é demasiado escassa para se fazer qualquer conclusão firme (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 18 2.3.1.8. Equinácia (Echinacea purpurea) A Equinácia é usada principalmente no tratamento e prevenção da constipação comum, gripe e outras infeções. Estudos in vitro mostraram que a equinácia não teve nenhum efeito significativo sobre o CYP2C9, CYP1A2 e CYP2D6. Um estudo clínico demonstrou um resultado correspondente, mas foi encontrada uma fraca inibição de CYP3A4. Portanto, a equinácia parece não afetra o metabolismo da varfarina. A interação entre a equinácia e a varfarina foi definida como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.9. Feno-grego (Trigonella foenum-graecum) As sementes de feno-grego são utilizadas principalmente para feridas e úlceras. Foram relatadas como tendo atividade hipoglicémica e hipocolesterolémica. Não foram ainda encontrados dados relevantes sobre a sua farmacocinética. Foi descrito um caso em que a co-administração de uma cápsula de feno-grego e 10 gotas de Boldo aumentaram o INR 2-3,4 em doentes a tomar varfarina. No entanto, as evidências para esta interação parecem ser limitadas a este estudo e foi difícil identificar qual das duas ervas é responsável pelo aumento do INR. Portanto, a interação entre feno-grego e varfarina foi definida como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.10. Alho (Allium sativum) Acredita-se que o alho possui atividade anti-trombótica e foi utilizado para infeções resoiratórias e doenças cardiovasculares. Estudos clínicos não encontram efeitos significativos de alho em isoenzimas do citocromo P450. As evidências clínicas de interação alho-varfarina eram incompatíveis umas com as outras. Alguns relatórios de casos isolados mostraram que a ingestão de alho pode causar aparentemente, um aumento do INR e causar hemorragia em doentes a tomar varfarina. A interação entre varfarina e alho foi definida como possível. As interações graves parecem improváveis entre varfarina e alho (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.11. Ginkgo (Ginkgo biloba) Os efeitos do Ginkgo em isoenzimas do citocromo P450 foram bem estudadas. Parece que a fração flavonóide do Ginkgo tem mais efeitos sobre as isoenzimas do citocromo P450 que o terpeno lactones e estes efeitos desaparecem rapidamente quando Ginkgo é 19 interrompido.Evidências de estudos farmacológicos em pacientes e indivíduos saudáveis não mostraram interação entre Ginkgo e varfarina. No entanto, uma hemorragia intracerebral foi relatada numa mulher idosa após o uso concomitante de Ginkgo e varfarina num caso isolado. A interação entre varfarina e ginkgo foi assim definida com possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.12. Gengibre (Zingiber officinale Roscoe) O gengibre apresenta propriedades antiplaquetárias, antiplasmódicas e anti.inflamatórias. Os efeitos farmacológicos sugerem que o gengibre não aumenta os efeitos anticoagulantes da varfarina. Acredita-se que o gengibre interage com a varfarina com base na sua inibição na agregação de plaquetas in vitro. O entanto, os resultados dos estudos in vitro não podem ser estendidos à clínica. Apesar do gengibre ser considerado uma erva antiagregante, existem poucas evidências que sugerem que pode aumentar o efeito anticoagulante da varfarina. Assim, a interação gengibre- varfarina foi definida como provável (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.13. Ginseng O Ginseng contem componente ativos, os ginsenóides, e acredita-se que inibem a agregação das plaquetas e a formação de tromboxano. Num estudo, demonstrou-se que o ginseng (cápsulas de ginseng três vezes por dia durante duas semanas) diminuiu modestamente os efeitos anticoagulantes da varfarina (INR diminuiu 3,1-1,5), e descobriu-se que outro paciente a tomar varfarina tinha uma trombose com um INR de 1,4 (sem informação sobre a dosagem). Tem sido relatado que os ginsenósidos têm sido inibem a CYP1A2, em certa medida, e descobriu-se que outros metabolitos Ginsenosides exercem um efeito inibidor sobre a CYP3A4, CYP2D6 e CYP2E1. Estudos em ratos não conseguiram encontrar qualquer evidência de uma interação entre varfarina e ginseng. Assim, a interação entre ginseng e varfarina foi definida como possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.14. Toranja (Citrus paradisi) O sumo de toranja pode inibir a CYP3A4 e causar interações com medicamentos numa dose relativamente baixa. Um casal, ambos a tomar varfarina, tomaram algumas gotas de produtos de extrato de semente de toranja durante 3 dias. A mulher desenvolveu um 20 hematoma e o homem apresentou um INR elevado de 5,1. O mecanismo de interação foi inferido, sabendo que a toranja inibia a CYP2C9 e CYP3A4, portanto afetaria o metabolismo da varfarina. Os dados foram apoiados em dados in vitro, admitem que a toranja apresentava uma potencial interação com a varfarina, e essa interação foi definida como possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.15. Chá verde (Camellia sinensis) Tem sido relatado que a Camellia sinensis contém concentrações elevadas de vitamina K, mas evidências contrárias indicam que existem várias quantidades de vitamina K no chá verde. É verdade que a folha seca de Camellia sinensis é rica em vitamina K, que contém até 1428 μg/100 g de folhas. No entanto, o chá fabricado contém apenas cerca de 0,03 μg de vitamina K por 100 g de chá fabricado (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). Um homem de 44 anos de idade a tomar 7,5 mg de varfarina uma vez por dia para a prevenção de acidente vascular cerebral teve uma diminuição significativa do INR 3,79- 1,37, o qual foi atribuído à ingestão de chá verde (0,5-1 litros). Na descontinuação do chá verde, o INR do paciente aumentou para 2,55. Esta interação pode ser atribuída à vitamina K contida no chá. No entanto, há evidências que mostram o efeito antiplaquetário do chá verde. Os compostos, incluindo catequinas e cafeína no chá verde, podem parar a libertação de ácido araquidónico a partir das plaquetas e assim inibir a formação de coágulos de sangue. A razão para esta interação ainda não é clara, mas sugere-se que os pacientes tenham atenção a esta possível interação ao receber tratamento com varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.16. Melilot (Melilotus officinalis) Num caso, o INR de mulheres de 66 anos de idade subiu de 2-5,8 após a ingestão de Melilot com acenocoumarol durante 7 dias. Outro relatório mostrou que uma mulher desenvolveu um tempo de protrombina prolongada ao tomar grandes quantidades de um chá de ervas contendo Melilot. No entanto, não houve evidência experimental para essa interação. O mecanismo de interação não era claro. Alguns estudos inferem que as cumarinas naturais contidas no Melilot podem ser uma razão para a interação entre varfarina e Melilot. Assim, esta interação é considerada duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 21 2.3.1.17. Salsa (Petroselinum crispum) Um estudo mostrou que a salsa reduziu o teor do citocromo P450 no fígado de um rato. Não houve dados experimentais da interação entre Salsa e varfarina. Apenas um caso mostrou que um homem de 72 anos a tomar varfarina tinha um INR elevado de 4,43, e posteriormente parou a ingestão de produtos à base de plantas que continham Salsa. É, portanto, provável que a Salsa contenha vitamina K suficiente para antagonizar o efeito da varfarina. A interação entre varfarina e salsa pode ser considerada como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.18. Abóbora (Cucurbita pepo) Um caso clínico demonstrou que um homem idoso a tomar varfarina ficou com o INR elevado (3,4), após começar a tomar produtos à base de plantas que continham abóbora durante 6 dias. O mecanismo não era claro, mas pode ser devido à quantidade de vitamina K contida na abóbora. Assim, a interação entre varfarina e a abóbora pode ser considerada duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.19. Trevo Vermelho (Trifolium pratense) Um estudo in vitro mostrou que o trevo vermelho reduziu a atividade de CYP1A2, CYP2C8, CYP2C9, CYP2D6, CYP2C19, CYP3A4, CYP2C8 e CYP2C9. Uma mulher de 53 anos desenvolveu hemorragia subaracnóidea espontânea, quando estava a tomar varfarina com suplementos à base de plantas contendo trevo vermelho, Angelica chinês, Ginseng, e outros durante 4 meses. O trevo vermelho pode potenciar o risco de hemorragia ou os efeitos da varfarina, com base no facto de que o trevo vermelho inibia a CYP2C9 e continha cumarinas naturais. Porém, não é possível identificar qual pode ter contribuído para a hemorragia. Portanto, a interação entre o trevo vermelho e a varfarina foi definida como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.20. Saw Palmetto (Serenoa repens) Os estudos in vitro sugerem que Saw Palmetto inibe algumas isoenzimas do citocromo P450, incluindo CYP2D6, CYP2C9, e CYP3A4. No entanto, os estudos clínicos descobriram que Saw Palmetto não pareceu ter um efeito clinicamente relevante sobre a maioria das isoenzimas do citocromo P450. Evidências experimentais descobriram que Saw Palmetto inibiu a CYP2C9, o que pode ser uma das razões para a interação entre 22 varfarina e Saw Palmetto. No entanto, as evidências foram limitadas a um caso de um estudo experimental de relevância clínica desconhecida, o que reduziu a possibilidade de interação. Portanto, a interação entre Saw Palmetto e varfarina foi definida como duvidosa (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.21. Soja (Glycine max Merr) Um estudo in vitro mostrou que produtos de feijão de soja inibia a CYP3A4 e CYP2C9. No entanto, os resultados dos estudos in vitro não podem ser diretamente extrapolados para situações clínicas. Produtos de feijão fermentado de soja contêm alto nível de vitamina K e pode, portanto, diminuir a atividade da varfarina e anticoagulantes relacionados. Casos clínicos mostraram uma redução acentuada dos efeitos de acenocumarol, um anticoagulante derivado da varfarina, quando co-administrado com uma comida japonesa feita a partir de soja fermentada (que contem altos níveis de vitamina K) (100 g/dia) durante duas semanas. A interaçãoentre varfarina e soja fermentada foi definida como altamente provável (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.1.22. Erva de São João (Hypericum perforatum) A Erva de São João é um medicamento à base de plantas utilizado principalmente para o tratamento da depressão. Têm sido relatadas muitas interações relacionadas com a erva de São João em relatórios clínicos (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). Os estudos in vitro demonstraram que a erva de São João inibe CYP2C9, CYP2D6 e CYP3A4. Paradoxalmente, estudos in vivo descobriram que hipericão induzia CYP2D6, CYP2E1 e CYP3A4. Há vários casos que sugerem que a administração concomitante de hipericão diminuiu os efeitos da varfarina. Foi relatado que um paciente de 85 anos a tomar 5mg de varfarina diariamente desenvolveu hemorragia digestiva alta após o início da hiperição (sem informação sobre a dosagem). Até agora, as interações potenciais entre varfarina e erva de São João não foram sistematicamente investigadas. A ingestão concomitante de hiperição foi associada a uma perda de atividade anticoagulante em pacientes estabilizados com varfarina. Apesar de não terem ocorrido episódios tromboembólicos, a diminuição da atividade anticoagulante foi considerada clinicamente significativa. A atividade anticoagulante foi restaurada quando a hiperição foi terminada ou a dose de varfarina foi aumentada. A possibilidade de interação entre a 23 erva de São João e a varfarina tem sido considerada como altamente provável (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.2. Ervas Medicina Tradicional Chinesa Entre as ervas relatadas, Ginseng, andrographis e Melilotus Officinalis também são comumente usadas na Medicina Tradicional Chinesa. Além disso, resumem-se mais algumas ervas comumente utilizadas na população chinesa que podem ter interações com a varfarina como se segue (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.2.1. Angelica Chinesa (Angelica sinensis) As evidências experimentais mostraram que a maioria da angélica chinesa inibia CYP2C9 e CYP3A4, o que indicou o risco potencial de interação entre Angélica chinesa e uma vasta gama de medicamentos convencionais. Num caso clínico, o INR e tempo de protrombina de uma mulher de 46 anos de idade duplicou após aplicação de angelica chinesa (um comprimido de 565 mg de 1-2 vezes/dia, durante quatro semanas) e tratamento com varfarina. E esses índices voltaram ao normal quando a Angelica chinesa foi interrompida. Com base em evidências clínicas limitadas, a interação entre Angélica chinesa e varfarina não é completamente estabelecida e talvez definida como provável. No entanto, a utilização de angélica chinesa deve ser evitada, a menos que os efeitos sobre a anticoagulação possam ser monitorizados (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.2.2. Danshen (Salvia miltiorrhiza) Existem vários casos sobre a interação varfarina-danshen. Um homem de 62 anos de idade, estabilizado com varfarina tinha um INR elevado para mais de 8,4 depois de consumir extrato danshen por duas semanas (sem informação sobre a dosagem). Foram realizados estudos clínicos para investigar os efeitos de Danshen ou do seu único componente na atividade metabólica de diversas isoenzimas CYP. Uma investigação indicou que Danshen pode induzir a CYP3A e CYP1A2. Danshen ou os seus componentes também podem alterar a distribuição da varfarina. Depois de entrar no sangue, cerca de 99% de varfarina que se liga a proteínas do plasma, principalmente à albumina, para formar um complexo de albumina-varfarina que não tem qualquer efeito terapêutico. Danshen e o seu principal componente AII danshinone pode ligar-se competitivamente à albumina e, assim, inibir a ligação das proteínas da varfarina, o que 24 pode resultar em excesso de anticoagulante devido ao aumento da concentração sanguínea de varfarina. Assim, a interação entre Dashen e a varfarina pode ser considerada como altamente provável (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.3.2.3. Lycium (Lycium barbarum) Uma mulher de 71 anos teve hemorragias, hematomas e hemorragia retal, depois de 4 dias de co-administração do sumo de Lycium e varfarina. Deste modo, o Lycium pode potenciar os efeitos da varfarina. Com base nas alterações de INR em vários casos, a interação entre a varfarina e Lycium pode ser considerada como possível (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.4. DISCUSSÃO Os produtos fitoterapêuticos são misturas complexas, e existe pouca informação de confiança sobre a ocorrência e relevância de interações. A atual revisão dimensiona a gravidade clínica e fiabilidade da evidência da interação produtos fitoterapêuticos- varfarina de acordo com critérios previamente validados. O resultado pode ser prejudicial se a interação provoca um aumento no efeito de varfarina. Um exemplo potencial deste é a hemorragia relacionada com a administração concomitante de mirtilo com varfarina. No entanto, uma redução da eficácia da varfarina devido a uma interação pode, por vezes, ser tão prejudicial como um aumento. Por exemplo, a redução no efeito da varfarina causada pela Erva de São João pode levar a trombose. Perante estas evidências, torna-se extremamente perigoso para os doentes tomarem varfarina e fitoterapêuticos ao mesmo tempo. No entanto, os relatos de casos, por vezes são incompletos e não permitem inferir uma relação causal. Os seres humanos não respondem todos da mesma forma aos fármacos ou medicamentos e apresentam características diferentes que incluem o sexo, idade, doenças, ect. De entre os 38 fitoterapêuticos com evidência clínica, apenas 4 interações foram consideradas como altamente prováveis. É difícil tirar conclusões acerca de se a co-administração ou não de certos fitoterapêuticos com varfarina contribui para eventos adversos (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). Como é um fármaco terapêutica estreita, a dosagem de varfarina é ajustada de acordo com o INR do paciente. Para fins terapêuticos, o valor do INR deve ser mantido numa gama de 2 a 3, enquanto que para indivíduos saudáveis, o valor normal de INR é 0,9 a 25 1,2. Para a maioria dos estudos clínicos mencionados na avaliação atual, doses de varfarina e intensidade da anticoagulação foram estáveis antes do início dos fitoterapêuticos. Por conseguinte, a intensidade das interações foi principalmente correlacionada com a dosagem de fitoterapêuticos coadministrados. Infelizmente, a maioria dos casos existentes não mencionou a dose relevante de fitoterapêuticos que interagem. Por exemplo, o autor do relatório especulou que ginkgo pode ter contribuído para a hemorragia, no entanto, a dosagem de ginkgo não foi relatada. Todos os medicamentos à base de plantas têm efeitos secundários, mas quando é utilizada uma dosagem terapêutica no tratamento clínico, podem ser aceites como medicamentos seguros. Nesta base, os autores sugerem novos estudos com a informação correspondente da dosagem de produtos fitoterapêuticos (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 2.5. CONCLUSÕES Entre trinta e oito produtos fitoterapêuticos selecionados, 4 foram avaliados como altamente prováveis de interagir com a varfarina (Evidência de nível I), 3 eram de interação provável (Evidência de nível II), 10 de interação possível (Evidência de nível III) e 21 de interação duvidosa (Evidência de nível IV). Fitoterapêuticos definidos como altamente prováveis (mirtilo, soja, Erva de São João e Danshen) e prováveis (Coenzina Q10, Angelica Chinesa e Gengibre) não devem ser utilizadas concomitantemente com a varfarina. Relativamente às interações possíveis e duvidosas, recomenda-se o acompanhamento do INR em doentes a tomar varfarina. Os pacientes e médicos são aconselhados a utilizar medicamentos à base de plantas dentro de uma dosagem de segurança. Embora tenham sido identificadosvários mecanismos farmacocinéticos e farmacodinâmicos correspondentes a interações numa pequena quantidade de "ervas que interagem", ainda há um grande número de aspetos inexplorados de interações de fitoterapêuticos-varfarina (Ge, Zhang, & Zuo, 2014). 26 3. CONCLUSÃO A interação entre fármacos e os alimentos é muitas vezes esquecida, contudo deve ter-se em conta, uma vez que pode interferir na eficácia e segurança da terapêutica. As interações medicamento-alimento tornam-se mais prenunciadas para os medicamentos administrados por via oral, visto que é no trato gastrointestinal que ocorre a sua maioria. O facto de um alimento atrasar ou diminuir a absorção de um fármaco, e/ou acelerar ou bloquear o seu metabolismo, pode promover a ineficácia terapêutica do mesmo (Ferreira, 2012). São vários os mecanismos de interação entre fármacos e alimentos: a criação de uma barreira mecânica que provoca a não absorção do fármaco; formação de compostos químicos entre fármaco e nutriente; alteração da velocidade de dissolução do fármaco; alteração da velocidade de esvaziamento gástrico; aumento da motilidade intestinal; inibição ou indução do metabolismo do fármaco. É na fase farmacocinética que ocorrem a maioria das interações entre medicamentos e alimentos. A absorção dos fármacos pode ser condicionada pelos alimentos, quer a nível da velocidade quer a nível da quantidade (Ferreira, 2012). No que diz respeito ao metabolismo sabemos que um dos principais sistemas enzimáticos do organismo é o citocromo P450. Assim, a indução ou inibição de enzimas podem levar a fenómenos de toxicidade aumentada ou diminuição da eficácia terapêutica. É na fase farmacodinâmica que se dá a interacão entre o fármaco e o recetor. Assim, estas interações ocorrem quando o efeito do fármaco no seu local de ação é alterado pela presença de alimentos (Ferreira, 2012). 3.1. INTERAÇÕES COM ALIMENTOS E MEDICAMENTOS As interações entre a varfarina e nutrientes/fármacos são frequentes e ocorrem por diversos mecanismos. Estas devem constituir um objeto de vigilância particularmente nos consumidores de álcool, analgésicos e AINEs, antiarrítmicos, antibacterianos, antidepressivos, antiepiléticos, antiplaquetários, cisaprida, tiroxina, uricosúricos e 27 muitos outros fármacos. De seguida serão apresentadas algumas interações alimento- varfarina e fármaco-varfarina (Infarmed). 3.1.1. Interação Alimento - Varfarina 3.1.1.1. Manga – Varfarina Alguns estudos referem existir interações entre a varfarina e a manga. O mecanismo da interação é ainda desconhecido, mas os autores dos estudos referiram um aumento do efeito da varfarina após o consumo de grandes quantidades de manga (superior a duas mangas). Isto pode estar relacionado com vitamina A que poderá inibir o metabolismo da varfarina (oxidação da R-varfarina pela CYP2C9). Esta alteração é verificada através do aumento do INR (Ferreira, 2012) (Drugs.com). 3.1.1.2. Sumo de romã – Varfarina Os dados, ainda que limitados, sugerem uma interação potencial entre varfarina e sumo de romã, resultando em mudanças no INR e/ou complicações hemorrágicas. O mecanismo é desconhecido, mas pode envolver alterações no metabolismo da varfarina induzidas por flavonóides contidos no sumo de romã. Os estudos sugerem que o consumo elevado de sumo de romã (superior a 3 litros) pode inibir CYP450 2C9, a isoenzima responsável pela depuração metabólica da S-Varfarina. Verificou-se um aumento do INR nos doentes que o consumiam exageradamente. O mesmo se verificou em estudos com ratos, através da inibição da CYP450 3A4 intestinal, a insoenzima que contribui para o metabolismo da R-Varfarina (Drugs.com). 3.1.1.3. Sumo de groselha preta e óleo de semente de groselha preta O sumo de groselha preta e o óleo de semente preta podem aumentar o risco de hemorragias ou hematomas se for tomado com anticoagulantes. O mecanismo proposto é que o sumo de groselha apresente efeitos antiplaquetários presentes no ácido gama- linolénico neste tipo de groselhas (Drugs.com). 3.1.1.4. Álcool – Varfarina A interação entre o álcool e a varfarina ocorre ao nível da farmacocinética. Perante uma situação de consumo agudo ocorre uma inibição enzimática, resultando na inibição do 28 metabolismo da varfarina. Ocorre uma potenciação do efeito da varfarina e um risco aumentado de hemorragia. Numa situação de consumo crónico excessivo ocorre uma indução enzimática, resultando no aumento do metabolismo da varfarina, reduzindo o seu tempo de semi-vida e consequentemente o seu efeito farmacológico. Esta interação foi classificada, pela American Medical Association, como altamente provável em indivíduos com insuficiência hepática (Ferreira, 2012). O álcool apresenta capacidade de alterar gradualmente a ligação da varfarina às proteínas plasmáticas, aumentando desta forma a quantidade de varfarina livre. O consumo agudo de bebidas alcoólicas inibe o metabolismo da varfarina, aumentando o seu efeito anticoagulante, o que se reflete no aumento do INR. Por outro lado, o consumo crónico de bebidas alcoólicas aumenta o metabolismo da varfarina, contribuindo para diminuir o seu efeito anticoagulante, o que se verifica com uma diminuição do INR. Os doentes a tomar anticoagulantes orais devem ser aconselhados a evitar grandes quantidades de etanol, mas o consumo moderado (uma a duas bebidas por dia) não são suscetíveis de afetar a resposta ao anticoagulante em pacientes com função hepática normal (Ferreira, 2012) (Drugs.com). 3.1.2. Interação Fármaco - Varfarina 3.1.2.1. AINEs – Varfarina A interação entre AINEs (Anti-inflamatórios Não Esteróides) e a Varfarina pode ser responsável por diversos efeitos colaterais. Nesta interação ocorre um aumento da concentração plasmática da Varfarina e consequentemente, o aumento do risco de hemorragias. Esta interação está entre as mais prevalentes com relevância clínica. Na prática clínica esta interação pode aumentar o risco de hemorragia em 5,8 vezes. Os AINEs irritam a mucosa gástrica, originando hemorragias o qual é agravado com a administração de varfarina. Entre os AINEs, o ácido acetilsalicílico inibe a agregação plaquetária, podendo potenciar os efeitos da varfarina (Schallemberger, Silva, Faganello, Colet, Heineck, & Amador, 2014). 3.2. RELEVÂNCIA DO FÁRMACO NA PRÁTICA DA DIETÉTICA A varfarina liga-se às proteínas plasmáticas. Quando existem situações de hipoproteinémia e consequentemente de hipoalbuminémia, a varfarina vai apresentar 29 uma concentração no sangue superior ao normal. Esta circunstância aumenta o efeito anticoagulante, o que origina a recomendação de uma dieta com conteúdo regular de proteínas. Há evidências de que a ingestão de gelado, superior a 1 litro, pode antagonizar os efeitos deste fármaco, recomendando-se o cuidado na ingestão de gelado, evitando grandes quantidades de gelado. Também se verificou que a ingestão de elevadas quantidades de sumo de morango, associado à redução de infeções urinárias, pode provocar um aumento de concentrações de Varfarina no organismo (Rodrigues, 2009) (Teles, Fukuda, & Feder, 2012). Existem algumas recomendações/conselhos que os doentes a tomar Varfarina devem ter em conta, como evitar álcool ou limitar o uso a pequenas quantidades, evitar mudanças drásticas na dieta, ter uma dieta equilibrada com uma quantidade quantidade de vitamina K, evitar a ingestão de grandes quantidades de alimentos que contêm elevado teor de vitamina K (por exemplo, vegetais verdes folhosos, óleos vegetais), evitar ou usar apenas pequenas quantidades de derivados de mirtilos, entre outros (Índice) (Infarmed). Porfim, podemos concluir que as interações que potenciam o efeito da varfarina, podem provocar hemorragias graves e consequentemente originar uma anemia ferropénica tendo implicações ao nível do estado nutricional de doentes administrados com varfarina. Assim, a nossa prática é muito importante, na medida em que, podemos melhor o estado nutricional destes doentes através do aconselhamento alimentar. 30 4. BIBLIOGRAFIA Botton, M. R. (2010). Farmacogenética da Varfarina: Proposta de um algoritmo para a predição de dose. Porto Alegre. Carvalho, J. F., & Klack, K. (2006). Vitamina K: Metabolismo, Fontes e Interação com o Anticoagulante Varfarina. Drugs.com. (s.d.). Obtido em Março de 2016, de http://www.drugs.com/food- interactions/warfarin.html Ferreira, S. M. (Novembro de 2012). A Importância das Interacções Medicamento- Alimento no Controlo da Terapêutica com Varfarina. Lisboa. Funçdação Portuguesa Do Pulmão. (s.d.). Défice de Alfa 1 antitripsina. Obtido em 04 de 2015, de www.fundacaoportuguesadopulmao.org/alfa1.html/ Ge, B., Zhang, Z., & Zuo, Z. (2014). Updates on the clinical evidenced herb-warfarin interactions. Índice. (s.d.). Obtido em Março de 2016, de https://www.indice.eu/pt/INDICEonline/DCI/varfarina/ Infarmed. (2006). Resumo das Características do Medicamento. Infarmed. (s.d.). Infomed. Obtido em Março de 2016, de https://www.infarmed.pt/infomed/lista.php Infarmed. (s.d.). Prontuário terapêutico. Obtido em Março de 2016, de https://www.infarmed.pt/infomed/lista.php Moura, M. R., & Reyes, F. G. (2002). Interação fármaco-nutriente: uma revisão. Campinas. Rodrigues, A. E. (2009). Importância do conhecimento das interações f´ramco- nutrientes. Porto. Schallemberger, J. B., Silva, J. L., Faganello, L., Colet, C. F., Heineck, I., & Amador, T. A. (2014). Interação medicamentosa entre os Anti-inflamatórios não esteróides e a varfarina: revisão. Teles, J. S., Fukuda, E. Y., & Feder, D. (2012). Varfarina: perfil farmacológico e interações medicamentosas com antidepressivos. Warfarin: pharmacological profile and drug interactions with antidepressants. ANEXOS ANEXO I – Grau de severidade clínica das interações produtos fitoterapêuticos- Varfarina Tabela 1 - Grau de severidade clínica das interações produtos fitoterapêuticos-varfarina Severidade Clínica Potenciação Inibição Grave Morte, hemorragia grave, interromper definitivamente o tratamento de varfarina Ocorrência de trombose Moderada - Aumento do INR, ajustamento definitivo na dosagem de varfarina - Aumento do INR para mais de 5.0 - Aumento do INR de mais de 1.5 unidades - Diminuição do INR, ajustamento definitivo na dosagem de varfarina - Diminuição do INR para menos de 1.5 - Diminuição do INR de mais de 1.5 unidades Ligeira - Aumento do INR, mas não é necessária alteração da dosagem de varfarina - Aumento do INR para não mais de 5.0 - Aumento do INR de menos de 1.5 unidades - Diminuição do INR, mas não é necessária alteração da dosagem de varfarina - Diminuição do INR para não menos de 1.5 - Diminuição do INR de menos de 1.5 unidades Não clínica Sem alterações no INR Sem alterações no INR ANEXO II – Resumo das interações produtos fitoterapêuticos-Varfarina apoiadas por evidências clínicas Tabela 2 - Resumo das interações produtos-fitoterapêuticos-varfarina apoiados por evidências clínicas Produtos fitoterapêuticos (nome comum) Efeitos Clínicos Severidade Fiabilidade das evidências Mecanismos PK FD Mirtilo Soja Erva de São João Danshen Potenciação Inibição Inibição Inibição Grave Moderada Grave Moderada I I I I F F F F D B --- A,C Coenzima Q10 Angélica Chinesa Gengibre Inibição Potenciação Potenciação Ligeira Moderada Moderada II II II --- F --- B C A Camomila Quitosano Canabis Garra do diabo Ginkgo Alho Ginseng Toranja Chá verde Lycium Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Inibição Potenciação Inibição Potenciação Grave Moderada Grave Moderada Grave Grave Moderada Grave Moderada Grave III III III III III III III III III III F --- F F F F F F --- F --- B --- --- --- A A --- B --- Boldo Equinácea Feno-grego Melilot Salsa Abóbora Trevo Vermelho Saw palmetto Potenciação Inibição Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Potenciação Ligeira Ligeira Ligeira Moderada Moderada Ligeira Grave Ligeira IV IV IV IV IV IV IV IV --- F --- --- F --- F F C --- B,C C B B --- --- Nota: (1) Conforme os mecanismos de interação fitoterapêuticos-varfarina, os fatores PD (farmacodinâmicos), incluem o seguinte: A: interferência com a função plaquetária; B: alterando a síntese intestinal de vitamina K ou que contenham vitamina K; C: interferência com o ciclo de vitamina K; D: interferência com a cascata da coagulação. Os fatores PK (farmacocinéticos), incluem o seguinte: E: interferência com a absorção de varfarina; F: interferência com enzimas de metabolização da varfarina; G: interferência com a ligação proteíca da varfarina. (2) Outros fitoterapêuticos evidenciados não clínicos definidos como duvidosos foram excluídas desta tabela.
Compartilhar