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INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 1 – MATERIAL DE APOIO - MONITORIA Índice 1. Artigos Correlatos 1.1 O recebimento da denúncia e a interrupção da prescrição na nova sistemática processual penal 2. Jurisprudência 2.1 RE 135.328 2.2 HC 90.838 2.3 HC 88143 2.4 RE 464893 / GO 2.5 INQ - 1968 2.6 HC 84568/PE 2.7 HC 93224 / SP 2.8 Inq 1939 3. Assista! Qual o papel do Ministério Público na ação penal privada subsidiária da pública? - Marcio Pereira 4. Simulados 1. ARTIGOS CORRELATOS 1.1 O recebimento da denúncia e a interrupção da prescrição na nova sistemática processual penal Elaborado em 01.2009. Michel Bertoni Soares - Acadêmico de Direito da Fundinop/UENP - Jacarezinho - PR e Estagiário do Mi- nistério Público do Estado de São Paulo 1. Introdução: o Direito e a necessidade intrínseca de mudança Como produto cultural destinado à busca pela justiça e à pacificação social, o direito necessita ser adequado às relações travadas pelos atores sociais, correspondendo aos seus anseios e necessidades, sob pena de se tornar incapaz de realizar os fins a que se propõe. Desta maneira, considerando que as modificações sociais se dão de forma vertiginosa no mundo globalizado, é inegável que o ordenamento jurídico precisa ser constantemente atualizado e readequado, tanto por intermédio da atividade inter- pretativa, como por meio da edição de novas leis que atendam aos reclamos sociais. No Brasil as mudanças se fazem ainda mais necessárias. Vivemos em um país inserido no contexto da modernidade tardia, que não passou pelo Estado da Providência e que, não obstante, possui uma das Constituições mais modernas do mundo. Todos esses ingredientes demonstram a tarefa árdua em que consiste dar efetividade à nossa Lei Maior. O Código de Processo Penal brasileiro (Decreto-Lei nº 3.689/41) foi editado sob a égide da Consti- tuição de Federal de 1937, a qual tinha conteúdo ditatorial e "restringiu direitos e garantias individu- ais" [01], suprimindo institutos importantíssimos como o mandado de segurança e permitindo a pena de morte. Isso ocorreu, pois a Carta Constitucional em questão foi promulgada no Governo Vargas e influenci- INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 2 – ada pelo totalitarismo e o fascismo da Constituição Polonesa [02], bem como das idéias de Mussolini e de Hitler. Deste modo, o Código de Processo Penal refletia as idéias da Constituição da época, sendo necessá- ria a sua reforma, talvez até mesmo a edição de um novo Código, a fim de adequá-lo à nova ordem constitucional, calcada na garantia dos direitos fundamentais. Como exemplo do caráter autoritário que permeou o código, podemos citar a redação original de seu artigo 186 que assim dispunha: "Antes de iniciar o interrogatório, o juiz observará ao réu que, embora não esteja obrigado a res- ponder às perguntas que lhe forem formuladas, o seu silêncio poderá ser interpretado em prejuízo da própria defesa". Com a promulgação da Constituição de 1988, inquestionável que o ônus processual mencionado, decorrente do silêncio do acusado, passou a conflitar com o princípio da presunção da inocência (CF, art. 5º, inciso LVII) e também com o direito do preso em flagrante delito permanecer calado (CF, art. 5º, inciso LXIII). Bem por isso, a Lei 10.792/2003 deu nova redação ao artigo 186 e incluiu-lhe parágrafo único para assegurar que o direito do réu em permanecer calado em seu interrogatório não lhe acarretará prejuí- zos processuais. Ressalte-se que a referida modificação não é um fato isolado. Considerando o longo período de de- corrido desde a sua promulgação e o fato de que projetou sua vigência por três Constituições distintas (1946, 1967/1969 e 1988), o Código de Processo Penal passou por várias modificações e revogações de artigos. Entretanto, faltava e, mesmo após às recentes alterações, ainda falta [03] muito a ser a- dequado em vista do processualismo moderno, bem como do garantismo derivado da Constituição de 1988. Contudo, é justamente esse dinamismo que torna o Direito fascinante. 2. Do Recebimento da Denúncia à Luz da Lei nº 11.719/08 Com a entrada em vigor da Lei 11.719/08 ocorrida em 22 de agosto de 2008, a qual entre várias medidas alterou a forma dos procedimentos previstos no Código de Processo Penal, inúmeras questões passaram a ser discutidas no âmbito jurídico, sendo talvez uma das mais importantes a que se cir- cunscreve ao recebimento da denúncia nos procedimentos ordinário e sumário. Não obstante seja um instituto de direito material, uma vez que é causa extintiva de punibilidade e se encontra prevista no Código Penal, a prescrição mantém estreita relação com o processo, pois a o- corrência de determinados atos processuais poderá interromper ou suspendê-la. Entre suas causas in- terruptivas encontra-se o recebimento da denúncia (CP, art. 117, I), daí a importância do tema posto em discussão. Uma interpretação literal dos artigos 396 e 399 do CPP leva à conclusão de que atualmente nos procedimentos ordinário e sumário há dois recebimentos da denúncia. Entretanto, tal modalidade in- terpretativa é por demais simplista e no caso em análise demonstra-se incapaz, se utilizada isolada- mente, de revelar verdadeiro sentido da lei, visto que a linguagem dos artigos mencionados é passível de dúvida. Diante disto, deve-se lançar mão da interpretação em suas modalidades, sistemática e his- tórica [04], a fim de complementar a interpretação gramatical. Ressalte-se, desde já, conforme se verá pelas razões expostas, que continua a haver um único ato INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 3 – de recebimento da denúncia e interruptivo da prescrição nesta fase processual, qual seja, o previsto no artigo 396, caput do CPP. 2.1 Da interpretação sistemática Antes de receber a denúncia e adotar as demais providências elencadas no art. 396 o juiz deve ana- lisar se ela não é inepta, se estão presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, bem como se há justa causa para a persecução penal, conforme determinam os incisos do artigo 395 do Código de Processo Penal. Não atendidos quaisquer desses requisitos, a inicial acusatória deverá ser rejeitada liminarmente. Portanto, a novatio legis assemelhou em muito a rejeição da denúncia por meio do artigo 395 do CPP às hipóteses de indeferimento da inicial e extinção do processo sem resolução de mérito previstas no Código de Processo Civil. Bem por isso, a rejeição da inicial acusatória não faz coisa julgada materi- al, nada impedindo que, sanadas as falhas, venha a ser proposta novamente. Ressalte-se que o julgador ao proceder à análise determinada pelo artigo 395 do CPP e seus incisos e entender que não é o caso de rejeição da inicial, realizou um juízo abstrato e superficial, porém con- cluiu pela viabilidade da propositura da ação penal, bem como que há indícios de autoria e prova da existência do crime (justa causa), portanto,deve passar à fase do artigo 396, recebendo a denúncia e ordenando a citação do acusado para apresentação da resposta escrita. A citação ocorre para a apresentação de resposta escrita e não de defesa preliminar, deste modo, pressupõe o recebimento anterior da denúncia. Com efeito, por defesa prévia entende-se aquela exercida pelo denunciado ou querelado após o ofe- recimento da inicial acusatória, mas antes de seu recebimento. Em tais hipóteses, o julgador não apre- cia a inicial. Antes, ordena que seja autuada e determina a notificação do denunciado ou querelado pa- ra que se manifeste sobre a acusação. Tal procedimento é previsto, por exemplo, no artigo 55, da Lei 11.343/06 que é claro ao afirmar que primeiro procede-se à notificação do denunciado para apresen- tação da defesa preliminar e, posteriormente à sua apresentação dá-se o recebimento da denúncia, com fundamento no artigo 56, do referido diploma legal. Por seu turno, o artigo 396 estabelece que primeiro o julgador recebe a inicial acusatória, após, manda citar o acusado para apresentação da resposta escrita. Consideradas todas estas razões, não há dúvidas de que a Lei 11.719/08 não instituiu defesa preli- minar e, sim, resposta escrita, a qual necessita do recebimento da denúncia para ser deflagrada. Ofertada a resposta escrita e verificada qualquer das hipóteses previstas nos incisos do artigo 397 do CPP, o julgador deverá absolver sumariamente o acusado. Instituiu-se, desta maneira, no âmbito do Direito Processual Penal a possibilidade, taxativa, diga-se de passagem, de julgamento antecipado da lide. A pretensão punitiva para ser julgada improcedente por meio da absolvição sumária do réu necessi- ta do recebimento prévio da denúncia. Do contrário que ação seria improcedente? Mais uma razão pa- ra apontar-se a fase do artigo 396 como ato receptivo da inicial e interruptivo do lapso prescricional. Demais disso, o artigo 363, caput do CPP dispõe que após a citação do acusado o processo terá completado a sua formação. Ora, para que se repute completa a relação processual imprescindível o recebimento da denúncia. Como a citação ocorre na fase do artigo 396, inegável que o recebimento da INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 4 – vestibular acusatória também. Desta feita, completada a relação processual após o recebimento da denúncia e a citação do acusa- do com fundamento nos artigos 363 e 396 ambos do Código de Processo Penal, incabível operar-se novo recebimento com fulcro no artigo 399. 2.2 Da interpretação histórica Antes de se iniciar a interpretação histórica faz-se necessária uma ressalva: em boa parte do decor- rer deste subtítulo há menção ao recebimento da denúncia utilizando-se como referência o artigo 395 do Código de Processo Penal. Isto ocorre, pois de início a redação do atual artigo 395 encontrava-se disposta no artigo 396 e vice-versa. Contudo, após as emendas apresentadas pelo Senado sob a forma de substitutivo ao projeto que culminou na Lei 11.719/08, alterou-se a ordem os referidos artigos, pa- ra que estejam dispostos conforme a lei foi promulgada. O projeto nº 4207/2001 criado pelo Ministério da Justiça em conjunto com uma comissão de reno- mados juristas presidida por Ada Pelegrini Grinover e que resultou na promulgação da Lei 11.719/08 dispunha em sua redação original que: "Art. 395. Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou a queixa, o juiz, se não a rejeitar liminarmente, ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito no prazo de dez dias, contados da data da juntado do mandado aos autos ou, no caso de citação por edi- tal, do comparecimento pessoal do acusado ou de defensor constituído." Os parágrafos do referido artigo dispunham sobre a forma de processamento da resposta escrita. Superada esta fase, deveria ser observado o artigo 396, que continha a seguinte redação: "Art. 396. O juiz, fundamentadamente, decidirá sobre a admissibilidade da acusação, recebendo ou rejeitando a denúncia ou queixa." Deste modo, a resposta escrita teria a natureza jurídica de defesa preliminar, pois seria apresenta- da anteriormente ao recebimento da denúncia e o juízo de admissibilidade acerca da pretensão puniti- va somente realizar-se-ia após a manifestação do denunciado sobre a acusação. Poderia ainda haver dúvida, mediante a utilização da interpretação gramatical, se o recebimento da denúncia ocorreria com fundamento no artigo 396 ou no artigo 399, já que este originalmente conti- nha a expressão: "recebida a acusação". Porém, repita-se, a resposta escrita desempenharia o papel de defesa preliminar, portanto, seria anterior ao recebimento da denúncia. Contudo, não foi este o desejo do legislador. As sucessivas emendas sofridas pelo projeto de Lei 4.207/2001, tanto na Câmara dos Deputados, quanto no Senado Federal, bem como os pareceres exa- rados pelo Deputado Regis de Oliveira Fernandes na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara e a redação final dos dispositivos em questão demonstram que se pretendeu que o juízo de admissibilidade acerca da pretensão punitiva fosse efetuado de ofício pelo juiz, anteriormente ao rece- bimento da inicial acusatória, e que este ato processual, por sua vez, precedesse à citação do acusado para a resposta escrita, que, desta maneira, não mais pode ser encarada como defesa preliminar. Ve- jamos. Ao ser discutido na Câmara dos Deputados o projeto original foi alterado pelo plenário, passando o INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 5 – artigo 395 a ter a seguinte redação: "Nos procedimentos ordinário e sumário, oferecida a denúncia ou a queixa, o juiz, se não a rejei- tar liminarmente, recebê-la-á e ordenará a citação do acusado para responder à acusação, por escrito, no prazo de dez dias ou, no caso de citação por edital, do comparecimento pessoal do acusado ou do defensor constituído". Vê-se, portanto, que a intenção dos deputados federais era que o recebimento da denúncia ocorres- se antes de apresentada a resposta escrita, com fundamento no artigo 395 do Código de Processo Pe- nal. Posteriormente, no Senado Federal, aprovou-se substitutivo ao projeto advindo da Câmara dos De- putados, que, entre várias providências, excluiu o recebimento da inicial acusatória do artigo 395, tra- tando do tema tão-somente no artigo 399. Fosse o substitutivo do Senado transformado em Lei, aí sim se poderia falar na ocorrência do juízo de admissibilidade após a apresentação da resposta escrita e em recebimento da denúncia ou da quei- xa-crime com base no artigo 399. Entretanto, o projeto foi novamente alterado na Câmara dos Deputados antes de sua aprovação, trazendo o recebimento da denúncia para a fase do artigo 396, após o juízo de admissibilidade realiza- do pelo julgador com base no artigo 395, ambos do Código de Processo Penal. Portanto, o recebimento da denúncia precede a citação do acusado e a apresentação da resposta escrita. Demonstrando que esta foi a verdadeira intenção dos legisladores vale transcrever o parecer exara- do pelo relator da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara, Deputado Régis de Olivei- ra Fernandes sobreo substitutivo apresentado pelo Senado Federal com relação ao recebimento da denúncia: "Emenda nº 8: Pretende alterar no caput do art. 395, do Código de Processo Penal, o termo ‘re- cebê-la-á’, sob a justificativa de que o ato de recebimento da denúncia está previsto no momento des- crito no artigo 399. O instrumento que é o processo, não pode ser mais importante do que a própria relação material que se discute nos autos. Sendo inepta de plano a denúncia ou queixa, razão não há para se mandar citar o réu e, somente após a apresentação de defesa deste, extinguir o feito. Melhor se mostra que o juiz ao analisar da denúncia ou queixa ofertada fulmine relação processual infrutífera. Rejeita-se a alteração proposta pelo Senado." Por todas estas razões, de acordo a intenção dos legisladores o recebimento da denúncia ocorre com fundamento no artigo 396 do CPP e precede a citação do acusado e a resposta escrita a ser apre- sentada. 2.3 Da interpretação literal A linguagem utilizada nos artigos 396 e 399 do CPP é dúbia, conforme já ressaltado acima, de modo que se analisando isoladamente os artigos em questão conclui-se que nos procedimentos ordinário e sumário há atualmente dois recebimentos da denúncia. Entretanto, a interpretação em suas modalida- des sistemática e histórica dirime quaisquer dúvidas, demonstrando que há um único ato de recebi- mento da inicial, qual seja, o previsto no artigo 396 do CPP. INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 6 – Apesar disso, mesmo tratando do tema de forma literal, é possível afirmar que o recebimento da denúncia se dá na fase do artigo 396, pois no caput do dispositivo em questão atribui-se a denomina- ção acusado àquele que deverá ser citado para apresentar a resposta por escrito; como é sabido, a melhor técnica recomenda que só seja utilizada tal nomenclatura após o recebimento da inicial. As demais modalidades interpretativas utilizadas corroboram tal entendimento. Isto posto, conclui-se que a redação do artigo 399 do CPP foi mal formulada. Melhor seria que o le- gislador tivesse optado pela expressão: "não absolvido sumariamente o acusado" em vez de utilizar "não rejeitada a denúncia ou a queixa liminarmente". 3. Conclusões a) Antes de receber a denúncia o juiz de ofício realiza um juízo de admissibilidade visando aferir su- perficialmente se a pretensão punitiva demonstra-se viável (art. 395 do CPP); b) Sendo viável, deve recebê-la e determinar a citação do acusado para apresentação da resposta escrita (art. 396 do CPP); c) A resposta escrita difere da defesa preliminar, uma vez que possui como requisito o prévio rece- bimento da denúncia; d) Para que o réu seja sumariamente absolvido, com fundamento no artigo 397 do CPP faz-se ne- cessário o prévio recebimento da inicial acusatória. Do contrário qual pretensão punitiva seria julgada improcedente? Pois, se assim fosse, o processo sequer haveria sido iniciado. e) Citado o réu, o processo tem sua formação completada (art. 363 do CPP). A citação ocorre com fundamento no artigo 396. Como poderia a relação processual estar formada com a citação se o rece- bimento da denúncia não precedesse o ato citatório? f) Uma vez completa a relação processual (arts. 363 e 396 do CPP), mostra-se incabível novo ato de recebimento da denúncia com fulcro no artigo 399 do referido diploma legal. g) O legislador alterou o projeto original que culminou na Lei 11.719/08 para incluir o recebimento da denúncia na fase do artigo 396 do CPP; h) A linguagem utilizada nos artigos 396 e 399 do CPP é confusa, entretanto, a interpretação nas modalidades sistemática e histórica dirime eventuais dúvidas. Diante de todos estes elementos não há dúvidas de que, nos procedimentos ordinário e sumário, o recebimento da denúncia ocorre na fase do artigo 396 do Código de Processo Penal. Portanto, será com base neste ato processual que a prescrição será interrompida, conforme determina o artigo 117, inciso I do Código Penal. Referências Bibliográficas BREGA FILHO, Vladimir. Direitos Fundamentais na Constituição de 1988: Conteúdo Jurídico das Ex- pressões. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002. ESTEFAM, André. A Lei 11.719/08 não criou defesa preliminar. In: www.juridica.com.br. Acesso em 15/01/2009. INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 7 – MASSON, Cléber Rogério. Alcance e natureza jurídica do instituto previsto pelo artigo 366 do Código de Processo Penal. In: Reforma Processual Penal, volume II. Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. MOREIRA, Rômulo de Andrade. A reforma do Código de Processo Penal. In: Reforma Processual Pe- nal, volume II. Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. RIOS GONÇALVES, Victor Eduardo. O recebimento da denúncia e a Lei 11.719/08. In: Reforma Pro- cessual Penal, volume II. Escola Superior do Ministério Público de São Paulo. STRECK, Lênio Luiz. Hermenêutica Jurídica e (m) Crise. Porto Alegre: Editora Livraria do Advogado, 2007. THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2008. Notas 1. BREGA FILHO, Vladimir. Direitos Fundamentais na Constituição de 1988: Conteúdo Jurídico das Expressões. Editora Juarez de Oliveira, ano 2002, pg. 36. 2. Razão pela qual ficou conhecido como "A Polaca". 3. Demonstrando a necessidade de novas alterações vale salientar que há outros projetos em curso visando à adequação do CPP à nova ordem Constitucional. 4. Pela interpretação sistemática busca-se refletir a questão sob a análise conjunta dos diversos dispositivos relacionados à matéria tanto no CPP, quanto na legislação correlata, e pela interpretação histórica aborda-se o tema através do material produzido na Câmara e no Senado durante a tramita- ção do projeto que deu origem à Lei 11.719/08. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12269 2. JURISPRUDÊNCIA 2.1 RE 135.328 RE 135328 / SP - SÃO PAULO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO Julgamento: 29/06/1994 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 20-04-2001 PP-00137 EMENT VOL-02027-06 PP-01164 RTJ VOL-00177-02 PP-00879Parte(s) RECTE. : ESTADO DE SÃO PAULO ADVDO. : MIRNA CIANCI RECDO. : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO Ementa INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 8 – LEGITIMIDADE - AÇÃO "EX DELICTO" - MINISTÉRIO PÚBLICO - DEFENSORIA PÚBLICA – ARTIGO 68 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL - CARTA DA REPÚBLICA DE 1988. A teor do disposto no artigo 134 da Constituição Federal, cabe à Defensoria Pública, instituição essencial à função jurisdicional do Estado, a orientação e a defesa, em todos os graus, dos necessitados, na forma do artigo 5º, LXXIV, da Carta, estando restrita a atuação do Ministério Público, no campo dos interesses sociais e individuais, àqueles indisponíveis (parte final do artigo127 da Constituição Federal). INCONSTITUCIONALIDADE PROGRESSIVA - VIABILIZAÇÃO DO EXERCÍCIO DE DIREITO ASSEGURADO CONSTITUCIONALMENTE - ASSISTÊNCIA JURÍDICA E JUDICIÁRIA DOS NECESSITADOS - SUBSISTÊNCIA TEMPORÁRIA DA LEGITIMAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Ao Estado, no que assegurado constitucionalmente certo direito, cumpre viabilizar o respectivo exercício. Enquanto não criada por lei, organizada - e, portanto, preenchidos os cargos próprios, na unidade da Federação - a Defensoria Pública, permanece em vigor o artigo 68 do Código de Processo Penal, estando o Ministério Público legitimado para a ação de ressarcimento nele prevista. Irrelevância de a assistência vir sendo prestada por órgão da Procuradoria Geral do Estado, em face de não lhe competir, constitucionalmente, a defesa daqueles que não possam demandar, contratando diretamente profissional da advocacia, sem prejuízo do próprio sustento. 2.2 HC 90.838 INFORMATIVO Nº 464 TÍTULO Deserção e Condição de Militar - 1 PROCESSO HC - 90838 ARTIGO A Turma iniciou julgamento de habeas corpus preventivo em que condenado pelo crime de deserção alega, ao argumento de não possuir mais a condição de militar, a nulidade de acórdão do STM que mantivera a sua condenação. No caso, a juíza-auditora, em face da incapacidade temporária do paciente para o serviço militar, certificada em inspeção de saúde realizada para os fins de reinclusão, determinara, com fundamento no art. 457, § 2º, do CPPM e na Enunciado 8 da Súmula do STM, o arquivamento dos autos da execução da sentença condenatória já transitada em julgado. Posteriormente, a juíza-auditora, ao acolher o parecer do Ministério Público Militar no sentido de que a execução da pena deveria prosseguir, haja vista já ter ocorrido o trânsito em julgado, reconsiderara a sua decisão. Irresignada, a Defensoria Pública da União, sustentando a prejudicialidade da execução, requerera novo arquivamento, deferido pela magistrada. Contra essa decisão, o Juiz-Auditor- Corregedor da Justiça Militar formulara representação dirigida ao Ministro- Presidente do STM contra a juíza, aduzindo que não seria válido, ao juiz da execução, declarar a nulidade de nenhuma sentença condenatória. No tribunal a quo, a representação fora autuada como correição parcial, ainda não apreciada. HC 90838/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 24.4.2006. (HC-90838) 2.3 RHC 88143 - STF EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. CRIMES CONTRA OS COSTUMES. VÍTIMA POBRE. LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA PROPOR A AÇÃO PENAL. A POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO, PELA VÍTIMA, DE DEFENSORIA PÚBLICA, NOS ESTADOS APARELHADOS A TANTO, NÃO SUPRIME A LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA O OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO. Nos crimes contra os costumes, uma vez caracterizada a pobreza da vítima, a ação penal passa a ser pública condicionada à representação, tendo o Ministério Público legitimidade para oferecer a denúncia. Inteligência do art. 225, § 1º, do Código Penal. Não afasta tal titularidade o fato de a vítima ter à sua disposição a Defensoria Pública estruturada e aparelhada. Opção do legislador, ao excepcionar a regra geral contida no artigo 32 do Código de Processo Penal e possibilitar a disponibilidade da ação penal, tão-somente, até o oferecimento da INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 9 – denúncia. Recurso improvido. (RHC 88143, Relator: Min. JOAQUIM BARBOSA, Segunda Turma, julgado em 24/04/2007, DJe-032 DIVULG 06-06-2007 PUBLIC 08-06-2007 DJ 08-06-2007 PP-00049 EMENT VOL-02279-02 PP-00378 RT v. 96, n. 864, 2007, p. 496-500) 2.4 RE 464893 / GO RE 464893 / GO Relator: Min. Joaquim Barbosa Julgamento: 20/05/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma Recte.(s): Delfino Oclécio Machado Adv.(a/s): Sérgio Ferreira Wanderley e Outro (a/s) Recdo.(a/s): Ministério Público do Estado de Goiás EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. PENAL. PROCESSUAL PENAL. MINISTÉRIO PÚBLICO. OFERECIMENTO DE DENÚNCIA COM BASE EM INQUÉRITO CIVIL PÚBLICO. VIABILIDADE. RECURSO DESPROVIDO. 1. Denúncia oferecida com base em elementos colhidos no bojo de Inquérito Civil Público destinado à apuração de danos ao meio ambiente. Viabilidade. 2. O Ministério Público pode oferecer denúncia independentemente de investigação policial, desde que possua os elementos mínimos de convicção quanto à materialidade e aos indícios de autoria, como no caso (artigo 46, §1°, do CPP). 3. Recurso a que se nega provimento. 2.5 INQ - 1968 Informativo nº. 325 Título Ministério Público e Poder de Investigação Processo INQ - 1968 Artigo Iniciado o julgamento de inquérito em que se pretende o recebimento de denúncia oferecida contra deputado federal pela suposta prática de fraudes contra o Sistema Único de Saúde - SUS, levantadas a partir de investigações efetivadas no âmbito do Ministério Público Federal. O denunciado, em sua defesa, alega a atipicidade da conduta, a inépcia da denúncia, bem como a falta de justa causa para a ação penal, porquanto o Ministério Público Federal não deteria competência para proceder à investigação de natureza criminal, incumbindo-lhe apenas, a teor do disposto no inciso VIII do art. 129 da CF, requisitar diligências e a instauração de inquérito policial. O Min. Marco Aurélio, relator, considerando que os elementos que serviram de base à denúncia provêm exclusivamente de dados obtidos em investigação criminal realizada pelo Ministério Público, proferiu voto no sentido de rejeitar a denúncia, por entender que o Ministério Público, embora titular da ação penal, não possui competência para realizar diretamente investigações na esfera criminal, mas apenas de requisitá-las à autoridade policial competente, no que foi acompanhado pelo Min. Nelson Jobim. Após, o julgamento foi adiado em face do pedido de vista do Min. Joaquim Barbosa (CF, art. 129: "São funções institucionais do Ministério Público: ... VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais;"). Inq 1.968- DF, rel. Min. Marco Aurélio, 15.10.2003.(INQ-1968) Informativo nº. 359 Título Ministério Público e Poder de Investigação - 2 Processo Inq – 1968 Artigo O Tribunal retomou julgamento de inquérito em que se pretende o recebimento de denúncia oferecida contra deputado federal e outros pela suposta prática de crime de estelionato (CP, art. 171, §3º), consistente em fraudes, perpetradas por médicos que trabalhavam na clínica da qual os denunciados eram sócios, que teriam gerado dano ao Sistema Único de Saúde - SUS, as quais foram apuradas por meio de investigações efetivadas no âmbito do Ministério Público Federal. Na sessão de 15.10.2003, o INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 10 – Min. Marco Aurélio, relator, rejeitou a denúncia, por entender que o órgão ministerial não possui competência para realizar diretamente investigações na esfera criminal, mas apenas de requisitá-las à autoridade policial competente, no que foi acompanhado pelo Min. Nelson Jobim - v. Informativo 325. Em voto-vista, o Min. Joaquim Barbosa divergiu desse entendimento e recebeu a denúncia. Afirmou, inicialmente, não ter vislumbrado, na espécie, verdadeira investigação criminal por parte do Ministério Público.Salientou que o parquet, por força do que dispõe o inciso III, do art. 129 da CF, tem competência para instaurar procedimento investigativo sobre questão que envolva interesses difusos e coletivos (no caso a proteção do patrimônio público) e que essa atribuição decorre não da natureza do ato punitivo que resulta da investigação, mas do fato a ser investigado sobre bens jurídicos cuja proteção a CF lhe conferiu. Esclareceu que a outorga constitucional, ao parquet, da titularidade da ação penal implicaria a dos meios necessários ao alcance do seu múnus, estando esses meios previstos constitucional (CF, art. 129, IX) e legalmente (LC 75/93, art. 8º, V; Lei 8.625/93, art. 26). Asseverou que, apesar do Ministério Público não ter competência para presidir o inquérito policial, de monopólio da polícia, a elucidação dos crimes não se esgotaria nesse âmbito, podendo ser efetivada por vários órgãos administrativos, tendo em conta o disposto no parágrafo único do art. 4º do CPP. Ressaltou que a premissa de que o art. 144, §1º, IV, da CF teria estabelecido monopólio investigativo em prol da polícia federal poria em cheque várias estruturas administrativas e investigativas realizadas por diversos órgãos no sentido de combater uma série de condutas criminosas. Concluiu, dessa forma, quanto à questão preliminar, pela existência de justa causa para recebimento da denúncia. Os Ministros Eros Grau e Carlos Britto acompanharam a divergência. Após, o Min. Cezar Peluso pediu vista dos autos. (CF, art. 129: "São funções institucionais do Ministério Público:.. III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos;... VIII – requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas..."; LC 75/93: "Art. 8º Para o exercício de suas atribuições, o Ministério Público da União poderá, nos procedimentos de sua competência:... V - realizar inspeções e diligências investigatórias..."; Lei 8.625/93: "Art. 26. No exercício de suas funções, o Ministério Público poderá: I - instaurar inquéritos civis e outras medidas e procedimentos administrativos pertinentes e, para instruí-los..."; CPP: "Art. 4º A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria. Parágrafo único.A competência definida neste artigo não excluirá a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função."). Inq 1968/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 1º.9.2004. (Inq- 1968) 2. 6 HC 84568/PE HC 84568/PE – STJ PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO CIRCUNSTANCIADO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA. EXCESSO DE PRAZO. INEXISTÊNCIA. INSTRUÇÃO CRIMINAL ENCERRADA. SÚMULA 52/STJ. NEGATIVA DE AUTORIA. IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA. 1. A concessão de Habeas Corpus em razão da configuração de excesso de prazo é medida de todo excepcional, somente admitida nos casos em que a dilação (1) seja decorrência exclusiva de diligências suscitadas pela acusação; (2) resulte da inércia do próprio aparato judicial, em obediência ao princípio da razoável duração do processo, previsto no art. 5o., LXXVIII da Constituição Federal; ou (3) implique em ofensa ao princípio da razoabilidade. 2. O período de 81 dias, fruto de construção doutrinária e jurisprudencial, não deve ser entendido como prazo peremptório, eis que subsiste apenas como referencial para verificação do excesso, de sorte que sua superação não implica necessariamente um constrangimento ilegal, podendo ser excedido com base em um juízo de razoabilidade. 3. Neste caso, a demora no término da instrução probatória pode ser atribuída, entre outras causas, à pluralidade de denunciados e defensores, sendo que dois dos acusados estão foragidos, tendo sido INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 11 – necessária, inclusive, a citação por edital. Ademais, conforme as informações por último prestadas, o feito encontra-se em fase de alegações finais (art. 500 do CPP), o que atrai a incidência da Súmula 52/STJ. 4. O Habeas Corpus não se revela a via própria para o exame da negativa de autoria, diante da necessidade de dilação probatória. Precedentes. 5. O MPF manifesta-se pela denegação do writ. 6. Habeas Corpus denegado. (HC 84568/PE, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 04.09.2007, DJ 24.09.2007 p. 349) 2.7 RHC 81326 / DF RHC 81326 / DF - DISTRITO FEDERAL RECURSO EM HABEAS CORPUS Relator(a): Min. NELSON JOBIM Julgamento: 06/05/2003 Órgão Julgador: Segunda Turma Publicação DJ 01-08-2003 PP-00142 EMENT VOL-02117-42 PP-08973 Parte(s) RECTE. : MARCO AURÉLIO VERGÍLIO DE SOUZA ADVDO. : SEBASTIÃO JOSÉ LESSA RECDO. : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL Ementa EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. MINISTÉRIO PÚBLICO. INQUÉRITO ADMINISTRATIVO. NÚCLEO DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL E CONTROLE EXTERNO DA ATIVIDADE POLICIAL/DF. PORTARIA. PUBLICIDADE. ATOS DE INVESTIGAÇÃO. INQUIRIÇÃO. ILEGITIMIDADE. 1. PORTARIA. PUBLICIDADE A Portaria que criou o Núcleo de Investigação Criminal e Controle Externo da Atividade Policial no âmbito do Ministério Público do Distrito Federal, no que tange a publicidade, não foi examinada no STJ. Enfrentar a matéria neste Tribunal ensejaria supressão de instância. Precedentes. 2. INQUIRIÇÃO DE AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. ILEGITIMIDADE. A Constituição Federal dotou o Ministério Público do poder de requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial (CF, art. 129, VIII). A norma constitucional não contemplou a possibilidade do parquet realizar e presidir inquérito policial. Não cabe, portanto, aos seus membros inquirir diretamente pessoas suspeitas de autoria de crime. Mas requisitar diligência nesse sentido à autoridade policial. Precedentes. O recorrente é delegado de polícia e, portanto, autoridade administrativa. Seus atos estão sujeitos aos órgãos hierárquicos próprios da Corporação, Chefia de Polícia, Corregedoria. Recurso conhecido e provido. 2.8 HC 93224 / SP HC 93224 / SP - SÃO PAULO HABEAS CORPUS Relator(a): Min. EROS GRAU Julgamento: 13/05/2008 Órgão Julgador: Segunda Turma INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 12 – Publicação DJe-167 DIVULG 04-09-2008 PUBLIC 05-09-2008 EMENT VOL-02331-01 PP-00168 Parte(s) PACTE.(S): SAULO DE CASTRO ABREU FILHO IMPTE.(S): MANUEL ALCEU AFFONSO FERREIRA E OUTRO(A/S) COATOR(A/S)(ES): SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. ABUSO DE PODER: MANUTENÇÃO DE PRISÃO SEM FLAGRANTE DELITO OU ORDEM FUNDAMENTADA DA AUTORIDADE JUDICIÁRIA COMPETENTE. DENÚNCIA INEPTA. INOCORRÊNCIA. MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL. ARTIGO 18, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LC 73/95 E ARTIGO 41, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LEI N. 8.625/93. INVESTIGAÇÃO CONDUZIDA PELO PARQUET. LEGALIDADE. AÇÃO PENAL. TRANCAMENTO. EXCEPCIONALIDADE. 1.A denúncia que descreve de forma clara, precisa, pormenorizada e individualizada a conduta praticada por todos e cada um dos co-réus, viabilizando o exercício da ampla defesa, não é inepta. Está na peça acusatória que o paciente ordenou --- verbo nuclear do tipo relativo ao delito de abuso de poder --- que o Delegado de Polícia mantivesse, abusivamente, a prisão de pessoas, conduzindo-as à delegacia policial, sem flagrante delito ou ordem fundamentada da autoridade judiciária competente. 2. Sendo o paciente membro do Ministério Público Estadual, a investigação pelo seu envolvimento em suposta prática de crime não é atribuição da polícia judiciária, mas do Procurador-Geral de Justiça [artigo 18, parágrafo único, da LC 73/95 e artigo 41, parágrafo único, da Lei n. 8.625/93]. 3. O trancamento da ação penal por falta de justa causa, fundada na inépcia da denúncia, é medida excepcional; justifica-se quando despontar, fora de dúvida, atipicidade da conduta, causa extintiva da punibilidade ou ausência de indícios de autoria, o que não ocorre na espécie. Ordem denegada. 2.9 Inq 1939 Inq 1939 / BA - BAHIA INQUÉRITO Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE Julgamento: 03/03/2004 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 02-04-2004 PP-00011 EMENT VOL-02146-02 PP-00258 RTJ VOL 00192-02 PP-00542 Parte(s) QTE.(S) : GEDDEL QUADROS VIEIRA LIMA ADV.(A/S) : YURI CARNEIRO COÊLHO E OUTRO (A/S) QDO.(A/S) : ANTÔNIO CARLOS PEIXOTO DE MAGALHÃES ADV.(A/S) : ALFREDO VENET LIMA ADV.(A/S) : JOSÉ GERARDO GROSSI EMENTA: I. Ação penal: crime contra a honra do servidor público, propter officium: legitimação concorrente do MP, mediante representação do ofendido, ou deste, mediante queixa: se, no entanto, opta o ofendido pela representação ao MP, fica-lhe preclusa a ação penal privada: electa una via... II. Ação penal privada subsidiária: descabimento se, oferecida a representação pelo ofendido, o MP não se INTENSIVO I Disciplina: Direito penal processual Prof.: Renato Brasileiro Data: 11 e 12.02.2009 Aula n°03 - 13 – mantém inerte, mas requer diligências que reputa necessárias. III. Processo penal de competência originária do STF: irrecusabilidade do pedido de arquivamento formulado pelo Procurador-Geral da República, se fundado na falta de elementos informativos para a denúncia. 3. ASSISTA! Qual o papel do Ministério Público na ação penal privada subsidiária da pública? - Marcio Pereira http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090116112142125 4. SIMULADOS 1. Quanto as questões abaixo, marque as alternativas incorretas e as corretas: a) A sentença que decreta a falência, concede a recuperação judicial ou concede a recuperação extrajudicial de que trata o art. 163 desta Lei é condição objetiva de punibilidade das infrações penais descritas nesta Lei. correta b) A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para o oferecimento da denúncia. correta. c) É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do Ministério Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. correta
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