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Penal e Processo Penal

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INTENSIVO I 
 Disciplina: Processo Penal 
 Prof.: Renato Brasileiro 
 Data: 16.05.2009 
 Aula n°12 
 
 
 
- 1 – 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
1. Artigos Correlatos 
1.1. Lei nº. 11.690/2008 e provas ilícitas. Conceito e inadmissibilidade 
1.2. A reforma do Código de Processo Penal e a polêmica da inadmissibilidade das provas ilegítimas 
2. Assista! 
2.1 Pode o juiz indeferir uma prova com base num prognóstico? 
3. Simulados 
 
 
1. ARTIGOS CORRELATOS 
 
1.1. Lei nº. 11.690/2008 e provas ilícitas. Conceito e inadmissibilidade 
 
Luiz Flávio Gomes. Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de 
Madri, mestre em Direito Penal pela USP, secretário-geral do Instituto Panamericano de Política Criminal 
(IPAN), consultor, parecerista, fundador e presidente da Cursos Luiz Flávio Gomes (LFG) - primeira rede 
de ensino telepresencial do Brasil e da América Latina, líder mundial em cursos preparatórios 
telepresenciais. 
 
São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos - CF, art. 5º, inc. LVI. Nesse 
dispositivo constitucional reside o princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas que, finalmente, 
foram devidamente disciplinadas pela legislação ordinária (por força da Lei 11.690/2008). 
 
Provas ilícitas, em virtude da nova redação dada ao art. 157 do CPP pela Lei 11.690/2008, são "as 
obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". Em outras palavras: prova ilícita é a que viola 
regra de direito material, constitucional ou legal, no momento de sua obtenção (confissão mediante 
tortura, v.g.). Essa obtenção, de qualquer modo, sempre se dá fora do processo (é, portanto, sempre 
extraprocessual). 
 
O art. 32 da Constituição portuguesa bem exemplifica o que se entende por prova ilícita: "São nulas 
todas as provas obtidas mediante tortura, coação, ofensa da integridade física ou moral da pessoa, 
abusiva intromissão na vida privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações". 
 
Como se vê, o tema das provas ilícitas tem total afinidade com o dos direitos fundamentais da pessoa. 
Todas as regras que disciplinam a obtenção das provas são, evidentemente, voltadas para os órgãos 
persecutórios do Estado, que não podem conquistar nenhuma prova violando as limitações 
constitucionais e legais existentes. Descobrir a verdade dos fatos ocorridos é função do Estado, mas isso 
não pode ser feito a qualquer custo. 
 
Prova ilegítima é a que viola regra de direito processual no momento de sua obtenção em juízo (ou seja: 
no momento em que é produzida no processo). Exemplo: oitiva de pessoas que não podem depor, como 
é o caso do advogado que não pode nada informar sobre o que soube no exercício da sua profissão (art. 
207, do CPP). Outro exemplo: interrogatório sem a presença de advogado; colheita de um depoimento 
sem advogado etc. A prova ilegíma, como se vê, é sempre intraprocessual (ou endoprocessual). 
 
O fato de uma prova violar uma regra de direito processual, portanto, nem sempre conduz ao 
reconhecimento de uma prova ilegítima. Por exemplo: busca e apreensão domiciliar determinada por 
autoridade policial (isso está vedado pela CF, art. 5º, X, que nesse caso exige ordem judicial assim como 
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pelo CPP - art. 240 e ss.). Como se trata de uma prova obtida fora do processo, cuida-se de prova ilícita, 
ainda que viole concomitantemente duas regras: uma material (constitucional) e outra processual. 
 
Conclusão: o que é decisivo para se descobrir se uma prova é ilícita ou ilegítima é o locus da sua 
obtenção: dentro ou fora do processo. De qualquer maneira, combinando-se o que diz a CF, art. 5º, inc. 
LVI ("São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos) com o que ficou assentado no 
novo art. 157 do CPP ("ilícitas são as provas obtidas em violação a normas constitucionais ou legais"), se 
vê que umas e outras (ilícitas ou ilegítimas) passaram a ter um mesmo e único regramento jurídico: são 
inadmissíveis (cf. PACHECO, Denílson Feitoza, Direito processual penal, 3. ed., Rio de Janeiro: Impetus, 
2005, p. 812). 
 
Dizia-se que a CF, no art. 5º, LVI, somente seria aplicável às provas ilícitas ou ilícitas e ilegítimas ao 
mesmo tempo, ou seja, não se aplicaria para as provas (exclusivamente) ilegítimas. Para esta última 
valeria o sistema da nulidade, enquanto para as primeiras vigoraria o sistema da inadmissibilidade. 
Ambas as provas (ilícitas ou ilegítimas), em princípio, não valem (há exceções, como veremos), mas os 
sistemas seriam distintos. 
 
Essa doutrina já não pode ser acolhida (diante da nova regulamentação legal do assunto). Quando o art. 
157 (do CPP) fala em violação a normas constitucionais ou legais, não distingue se a norma legal é 
material ou processual. Qualquer violação ao devido processo legal, em síntese, conduz à ilicitude da 
prova (cf. Mendes, Gilmar Ferreira et alii, Curso de Direito constitucional, São Paulo: Saraiva: 2007, p. 
604-605, que sublinham: "A obtenção de provas sem a observância das garantias previstas na ordem 
constitucional ou em contrariedade ao disposto em normas fundamentais de procedimento configurará 
afronta ao princípio do devido processo legal"). 
 
Paralelamente às normas constitucionais e legais existem também as normas internacionais (previstas 
em tratados de direitos humanos). Por exemplo: Convenção Americana sobre Direitos Humanos. No seu 
art. 8º ela cuida de uma série (enorme) de garantias. Provas colhidas com violação dessas garantias são 
provas que colidem com o devido processo legal. Logo, são obtidas de forma ilícita. Uma das garantias 
previstas no art. 8º diz respeito à necessidade de o réu se comunicar livre e reservadamente com seu 
advogado. Caso essa garantia não seja observada no momento da obtenção da prova (depoimento de 
uma testemunha, v.g.), não há dúvida que se trata de uma prova ilícita (porque violadora de uma 
garantia processual prevista na citada Convenção). 
 
Não importa, como se vê, se a norma violada é constitucional ou internacional ou legal, se material ou 
processual: caso venha a prova a ser obtida em violação a qualquer uma dessas normas, não há como 
deixar de concluir pela sua ilicitude (que conduz, automaticamente, ao sistema da inadmissibilidade). 
 
Fonte: 
Site: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11466 
 
 
 
1.2. A reforma do Código de Processo Penal e a polêmica da inadmissibilidade das provas 
ilegítimas 
 
Eduardo Luiz Santos Cabette. Delegado de polícia, mestre em Direito Social, pós-graduado com 
especialização em Direito Penal e Criminologia, professor da graduação e da pós-graduação da Unisal 
 
1-INTRODUÇÃO 
 
A Lei 11.690/08 deu nova redação ao artigo 157, CPP, para tratar com mais acuidade do tema da 
inadmissibilidade e destino das provas ilícitas no Processo Penal. 
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Tornando mais efetivo o comando constitucional (artigo 5º, LVI, CF), proclama-se a inadmissibilidade 
das provas ilícitas, "assim entendidas as obtidas em violação das normas constitucionais ou legais", 
determinando-se seu desentranhamento doprocesso. 
 
Objetiva-se neste trabalho esclarecer o alcance da nova normatização, especialmente solucionando a 
dúvida sobre a aplicabilidade do comando em destaque às chamadas "provas ilegítimas". 
 
Tal desiderato será perseguido mediante a exposição da antiga celeuma quanto à abrangência da 
vedação constitucional das provas obtidas por meios ilícitos em confronto com a nova legislação. 
 
O tema é relevante, pois refere-se ao delineamento de regras básicas do devido processo legal que 
podem influir bastante na dinâmica processual e, principalmente, no desfecho de casos concretos 
submetidos à jurisdição. 
 
 
2-AS PROVAS ILEGÍTIMAS E SUA INADMISSIBILIDADE NO PROCESSO 
 
A doutrina vem tradicionalmente dividindo as "provas ilegais" em duas espécies: "ilícitas" e "ilegítimas". 
As provas ilícitas são aquelas produzidas com infração a direito material (constitucional ou penal); já as 
ilegítimas são aquelas obtidas infringindo direito adjetivo, formal ou processual. 
 
Face à dicção constitucional, que faz referência à inadmissibilidade das provas "obtidas por meios 
ilícitos" (artigo 5º, LVI, CF), tomou corpo a discussão quanto a serem inadmissíveis somente as 
chamadas "provas ilícitas" ou também as "ilegítimas". 
 
Parte da doutrina posicionou-se pela interpretação restritiva do texto constitucional. Seriam abarcadas 
pela inadmissibilidade apregoada no texto da Magna Carta apenas as "provas ilícitas". Quanto às "provas 
ilegítimas", a infração formal conduziria ao reconhecimento de sua nulidade, conforme regula o artigo 
564, CPP. [01] 
 
De outra banda, com maior acatamento doutrinário, firmou-se uma interpretação ampliativa para a qual 
seriam inadmissíveis no processo tanto as provas ilícitas, como as ilegítimas. [02] Tal corrente de 
pensamento parece ser realmente a mais acertada, considerando o escólio de Pietro Nuvolone que 
apresenta as provas ilícitas e ilegítimas como espécies de "provas vedadas", o que eqüivale a uma opção 
tácita pela "inadmissibilidade" de ambas em consonância com o texto constitucional pátrio. [03] 
 
Nesse estágio também se indaga quanto ao destino das provas obtidas por meios ilícitos e aponta-se, 
em geral, a solução de seu desentranhamento dos autos a fim de reduzir seu potencial de influência 
sobre a consciência dos julgadores. Outra não é a orientação de Bonfim: 
 
"Certo é que as provas obtidas por meio considerado ilícito não poderão ingressar no processo. Caso já 
se encontrem nos autos, deve o julgador determinar seu desentranhamento, ou seja, sua retirada dos 
autos, de modo a evitar que essas provas, ainda que racionalmente desconsideradas pelo julgador, 
acabem por exercer influência na formação de seu convencimento. A sentença que se fundar em prova 
ilícita será nula". [04] 
 
Percebe-se, portanto, que duas indagações básicas se formulavam quanto às provas ilicitamente 
obtidas. Uma primeira quanto à abrangência da sanção de inadmissibilidade e outra versando sobre o 
destino da prova inadmissível. 
 
A Lei 11.690/08 solucionou expressamente a segunda questão. Agora, nos termos da nova redação do 
artigo 157, CPP, a prova inadmissível deve ser "desentranhada do processo". Já não subsiste a antiga 
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lacuna acerca do tema, a qual não era expressamente solucionada pela Constituição ou pela lei 
ordinária. 
 
Entretanto, quanto à problemática da abrangência da inadmissibilidade o novo dispositivo não foi tão 
claro. O artigo 157, CPP, em sua nova conformação, afirma que são inadmissíveis no processo "as 
provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais". 
 
A leitura desavisada do artigo em debate pode levar à conclusão de que de agora em diante a sanção de 
inadmissibilidade restringe-se às "provas ilícitas" e não se estende às "ilegítimas". 
 
Ao utilizar a expressão "provas ilícitas" o legislador emprega um termo técnico – jurídico bem definido 
pela doutrina, conforme demonstrado linhas volvidas. E quando a lei usa termos técnicos, estes devem 
ser interpretados em seu estrito sentido técnico. Afirma Carlos Maximiliano que "quando são 
empregados termos jurídicos, deve crer-se ter havido preferência pela linguagem técnica". [05] 
 
Ora, "provas ilícitas" são espécies de "provas ilegais" que se referem à infração a normas materiais 
(constitucionais ou penais). Elas diferem das "provas ilegítimas" que estão ligadas a violações de caráter 
processual. Por isso a incipiente doutrina sobre o tema vai se conformando de modo a afirmar que 
mesmo quando a lei se refere à "violação a normas (...) legais" (grifo nosso), tratam-se de normas de 
caráter "material". [06] 
 
Ecoando o sentido jurídico do termo "provas ilícitas", não há como negar razão a essa interpretação do 
teor da nova norma ordinária. Efetivamente, o Código de Processo Penal, por meio da alteração 
promovida pela Lei 11.690/08, considera inadmissíveis no processo e manda desentranhar as "provas 
ilícitas" e não faz menção às "provas ilegítimas". Quando usa o termo "provas ilícitas", 
conseqüentemente limita sua própria definição adiante promovida pela mesma lei, praticamente 
impedindo a interpretação ampla da palavra "legais" para pretender abranger também violações às leis 
processuais penais, alcançando as "provas ilegítimas". 
 
Resta saber se a nova dicção da lei ordinária tem o poder de invalidar a interpretação doutrinária 
prevalecente quanto à inadmissibilidade das provas ilegítimas, bem como se impede que estas sejam 
igualmente desentranhadas do processo. 
 
Entende-se que permanece válida a conclusão de que são inadmissíveis no processo tanto as provas 
ilícitas, como as ilegítimas. A nova redação do artigo 157, CPP, somente explicita no nível ordinário 
aquilo que já era estabelecido mais amplamente pela ordem constitucional. A Constituição não é 
limitativa , referindo-se à inadmissibilidade das provas obtidas por quaisquer meios ilícitos, ou seja, 
mediante violações constitucionais, penais ou processuais. Se a lei ordinária agora faz referência 
expressa às provas ilícitas, tanto melhor, mas seu silêncio (ou melhor, sua omissão) quanto às provas 
ilegítimas não pode retirar a eficácia do ditame constitucional. Afinal, são as normas ordinárias que 
estão submetidas verticalmente à Constituição e não o contrário. A vedação constitucional é soberana e 
não pode ser limitada pela lei ordinária. 
 
Canotilho destaca a privilegiada posição hierárquico – normativa da Constituição no ordenamento 
jurídico: 
 
"A Constituição é uma lei dotada de características especiais. Tem um brilho autônomo expresso através 
da forma, do procedimento de criação e da posição hierárquica das suas normas. Estes elementos 
permitem distingui-la de outros actos com valor legislativo presentes na ordem jurídica. Em primeiro 
lugar, caracteriza-se pela sua posição hierárquico – normativa superior relativamente às outras normas 
do ordenamento jurídico. Ressalvando algumas particularidades do direito comunitário, a superioridade 
hierárquico – normativa apresenta três expressões: (1) as normas constitucionais constituem uma lex 
superior que recolhe o fundamento de validade em si própria (autoprimazia normativa); (2) as normas 
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da Constituição são normas de normas (normaenormarum) afirmando-se como uma fonte de produção 
jurídica de outras normas (leis, regulamentos, estatutos); (3) a superioridade normativa das normas 
constitucionais implica o princípio da conformidade de todos os actos dos poderes públicos com a 
Constituição". [07] 
 
Frise-se ainda que mesmo diante do silêncio da Constituição e da lei ordinária, já apontava a doutrina a 
solução do desentranhamento das provas ilegais (ilícitas e ilegítimas), solução esta que só ganha reforço 
com a nova redação do artigo 157, CPP, embora referente somente às provas ilícitas. Se as provas 
ilícitas devem ser desentranhadas, agora por força de lei expressa, o que justificaria destino diverso 
para as provas ilegítimas, espécie do mesmo gênero das primeiras? 
 
Afinal, tanto a norma constitucional como a ordinária têm propósitos éticos e pedagógicos bem 
definidos, especialmente no que tange ao Processo Penal: "a vedação das provas ilícitas atua no controle 
da regularidade da atividade estatal persecutória, inibindo e desestimulando a adoção de práticas 
probatórias ilegais por parte de quem é o grande responsável pela sua produção". [08] 
 
Assim também a solução do desentranhamento visa preservar a consciência do julgador da influência 
psicológica espúria daquelas provas inadmitidas. 
 
Nesse passo, se uma confissão obtida por meio de tortura (prova ilícita) deve ser desentranhada; por 
que um reconhecimento pessoal realizado fora dos padrões previstos no artigo 226, CPP (prova 
ilegítima), deveria permanecer nos autos, com o risco de influir psicologicamente na decisão do Juiz? 
 
Os motivos para a inadmissibilidade e o desentranhamento são os mesmos e, como ensina desde 
antanho o brocardo latino, "ubi eadem legis ratio, ibi eadem legis dispositio", pois que "os fatos de igual 
natureza devem ser regulados de modo idêntico". [09] 
 
Portanto, quanto à questão da inadmissibilidade e do desentranhamento de provas obtidas por meios 
ilícitos, o artigo 157, CPP, não pode ofertar isoladamente a completa solução do problema. Impõe-se 
uma interpretação sistemática, principalmente tendo em conta o artigo 5º, LVI, CF. 
 
Mister se faz a atenção para não incidir no erro de interpretar um dispositivo legal descontextualizado. 
Por isso é relevante a interpretação sistemática que "atende à conexidade entre as partes do dispositivo, 
e entre este e outras prescrições da mesma lei, ou de outras leis; bem como à relação entre uma, ou 
várias normas, e o complexo das idéias dominantes na época. A verdade inteira resulta do contexto, e 
não de uma parte truncada, quiçá defeituosa, mal redigida, examine-se a norma na íntegra, e mais 
ainda: o Direito todo, referente ao assunto. Além de comparar o dispositivo com outros afins, que 
formam o mesmo instituto jurídico, e com os referentes a institutos análogos; força é, também, afinal 
pôr tudo em relação com os princípios gerais, o conjunto do sistema em vigor". [10] Em suma, trata-se 
de colocar em prática a velha metáfora de não se deixar iludir pela visão muito próxima e isolada de 
uma só árvore, sob pena de perder a noção do que seja a floresta. 
 
Ao fim e ao cabo, tudo se resume ao árduo exercício de buscar, para além das palavras frias, o sentido 
profundo das leis, seu verdadeiro espírito. Conforme leciona Ferrara, "o texto da lei não é mais do que 
um complexo de palavras escritas que servem para uma manifestação de vontade, a casca exterior que 
encerra um pensamento, o corpo de um conteúdo espiritual" [11], por isso "é preciso que a norma seja 
entendida no sentido que melhor responda à consecução do resultado que se quer obter". [12] 
 
Obviamente que toda essa empreitada que supera a mera interpretação literal também tem limites. Não 
é aceitável que nesse caminho o intérprete se perca e passe a violar princípios básicos e direitos e 
garantias fundamentais da pessoa. Mas, o que se passa no caso enfocado é justo o oposto: pretende-se 
dar aos textos legais a interpretação e a aplicação que ensejam a mais ampla defesa dos Princípios 
Constitucionais correlatos ao tema e dos direitos e garantias fundamentais respectivos. 
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Não obstante, quanto à inadmissibilidade e desentranhamento das "provas ilegítimas", cabe uma 
ressalva: 
 
Sendo a prova ilegítima aquela que viola norma processual, há que distinguir, com bom senso e 
equilíbrio, aqueles casos em que a forma preconizada pela lei, ao ser desobedecida, acarreta prejuízos 
substanciais aos objetivos visados pela norma, daqueles casos em que a inobservância da forma 
legalmente prevista não produz prejuízos consideráveis ao escopo da lei. Exemplificando: 
 
1)Retomando o exemplo da normatização do reconhecimento pessoal no artigo 226, CPP, constata-se 
que a inobservância do procedimento pode ocasionar sérios prejuízos como identificações induzidas, 
equívocos etc. 
 
2)Por outro lado, a falta da formalidade do compromisso na oitiva de testemunhas ou o deferimento 
indevido desse mesmo compromisso, não tem o efeito de prejudicar o conteúdo dos depoimentos 
prestados, razão pela qual boa parte da doutrina considera tal falha no cumprimento do artigo 203, CPP, 
"mera irregularidade do ato". [13] 
 
É dizer que a avaliação da inadmissibilidade e a decisão quanto ao desentranhamento das provas 
ilegítimas devem ser orientadas por mais um critério, o qual não se impõe no caso das provas ilícitas, 
qual seja, o "Princípio da Instrumentalidade das Formas". Enquanto para as provas ilícitas a 
inadmissibilidade é quase absoluta, não encontrando abrandamento a não ser muito excepcionalmente 
no "Princípio da Proporcionalidade" [14], no caso das provas ilegítimas sempre deve ser levada em conta 
a "instrumentalidade das formas". Desse modo, se a falta de certa formalidade legal não prejudicar o 
escopo da norma, não há falar-se em nulidade ou inadmissibilidade e, por conseqüência, em 
desentranhamento da prova. 
 
As "provas ilícitas" ferem invariavelmente os fins do Direito, na medida em que violam seu conteúdo 
material (constitucional ou penal). Já as "provas ilegítimas" podem satisfazer os objetivos do Direito 
quando a forma violada não atinge o conteúdo do material probatório, falando Élio Fazzalari em um 
"Princípio de Anistia" a reger tais casos e emprestar validade à prova, sempre que ela satisfaz 
plenamente, inobstante a falha formal, o "fim prático do processo", de modo a não haver "sentido em 
‘anular’ o ato". [15] 
 
O processo moderno não mais se coaduna com formalidades estéreis de modo que o "Princípio da 
Instrumentalidade das Formas" se impõe como elemento de ponderação racional, estabelecendo "que só 
sejam anulados os atos imperfeitos se o objetivo não tiver sido atingido (o que interessa, afinal, é o 
objetivo do ato, não o ato em si mesmo)" , (vide artigo 563, CPP). [16] 
 
 
3- CONCLUSÃO 
 
No decorrer deste trabalho analisou-se o tratamento dado às provas obtidas por meios ilícitos no 
ordenamento brasileiro em nível constitucional e ordinário, especialmente após o advento da Lei 
11.690/08, com a alteração promovida no artigo 157, CPP. 
 
O principal foco de questionamento foi aquele que versa sobre o alcance da vedação das provas obtidas 
por meios ilícitos, procurando-se solucionar a dúvida quanto à proibição somente das "provas ilícitas" ou 
destas e das "provas ilegítimas". Também foi posta em discussão a questão do destino a ser conferido a 
tais provas. 
 
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Para tanto, procedeu-se a uma revisão da doutrina sobre a distinção entre "provas ilícitas" (produzidas 
com infração a direito material) e "provas ilegítimas" (produzidas com infração a direito formal ou 
processual), enquanto espécies do gênero "provas ilegais". 
 
Constatou-se que a doutrina, mediante interpretação do dispositivo constitucional que rege a matéria 
(artigo 5º, LVI, CF), tem advogado preponderantemente pela inadmissibilidade tanto das "provas 
ilícitas", como das "provas ilegítimas", ambas consideradas modalidades de "provas vedadas" pelo 
ordenamento jurídico. Também, mesmo antes do advento da Lei 11.690/08, tem –se defendido o 
desentranhamento das provas ilegais dos autos. 
 
Como se vê, a interpretação acima exposta se conformou em relação ao mandamento constitucional, 
dando-lhe o devido alcance e colmatando a lacuna quanto ao destino das provas consideradas ilegais. 
Portanto, embora o artigo 157, CPP, na nova conformação propiciada pela Lei 11.690/08, faça menção 
somente às "provas ilícitas" como inadmissíveis no processo penal, devendo ser desentranhadas dos 
autos, não produz invalidação quanto às interpretações anteriores no que tange às "provas ilegítimas", 
as quais seguem inadmitidas por força de ditame constitucional superior. Além disso, também devem 
ser desentranhadas do processo pelos mesmos motivos que inspiram a determinação expressa na lei 
ordinária, que doravante reforça o entendimento doutrinário formado com o objetivo de dar efetividade 
ao comando constitucional que era lacunoso a esse respeito. 
 
Finalmente, procedeu-se a uma necessária ponderação quanto à necessidade de temperar a 
inadmissibilidade e o desentranhamento das "provas ilegítimas" com a consideração atenciosa do 
"Princípio da Instrumentalidade das Formas", em semelhante medida ao que ocorre com as "provas 
ilícitas" e o "Princípio da Proporcionalidade". 
 
 
4- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
AVOLIO, Luiz Francisco Torquato. Provas Ilícitas. 3ª ed. São Paulo: RT, 2003. 
 
BONFIM, Edilson Mougenot. Código de Processo Penal Anotado. São Paulo: Saraiva, 2007. 
 
__________. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2006. 
 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 
2003. 
 
CARVALHO, Djalma Eutímio de. Curso de Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2007. 
 
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria 
Geral do Processo. 8ª ed. São Paulo: RT, 1991. 
 
CRUZ, Rogério Schietti Machado. Com a palavra, as partes. São Paulo: Boletim IBCCrim. n. 188, jul., p. 
17 – 18, 2008. 
 
FAZZALARI, Élio. Instituições de Direito Processual. Trad. Elaine Nassif. Campinas: Bookseller, 2006. 
 
MAGNO, Levy Emanuel. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2005. 
 
MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999. 
 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2006. 
 
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MOSSIN, Heráclito Antônio. Comentários ao Código de Processo Penal. Barueri: Manole, 2005. 
 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal. 4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005. 
 
QUEIJO, Maria Elizabeth. O tratamento da prova ilícita na reforma processual penal. São Paulo: Boletim 
IBCCrim. n. 188, jul., p. 18 – 19, 2008. 
 
 
5. Notas 
 
MOSSIN, Heráclito Antônio. Comentários ao Código de Processo Penal. Barueri: Manole, 2005, p. 351. 
MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo Penal. 18ª ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 253 – 254. OLIVEIRA, 
Eugênio Pacelli de. Curso de Processo Penal.4ª ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2005, p. 296. CARVALHO, 
Djalma Eutímio de. Curso de Processo Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2007, p. 263. MAGNO, Levy 
Emanuel. Processo Penal. São Paulo: Atlas, 2005, p. 101. 
AVOLIO, Luiz Francisco Torquato. Provas Ilícitas. 3ª ed. São Paulo: RT, 2003, p. 42. 
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 292 – 293. Também 
defendendo o desentranhamento em face da nulidade absoluta da prova ilicitamente obtida, que seria 
uma espécie de "não – prova" ou "ato processual inexistente", cf. CARVALHO, Djalma Eutímio de. Op. 
Cit., p.263. 
Hermenêutica e Aplicação do Direito. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1999, p. 109. 
Neste sentido: CRUZ, Rogério Schietti Machado. Com a palavra, as partes. São Paulo: Boletim IBCCrim. 
n. 188, jul., 2008, p. 17. QUEIJO, Maria Elizabeth. O tratamento da prova ilícita na reforma processual 
penal. São Paulo: Boletim IBCCrim. n. 188, jul., 2008, p. 18. 
CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 7ª ed. Coimbra: Almedina, 
2003, p. 1147. 
OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Op. Cit., p. 275 – 276. 
MAXIMILIANO, Carlos. Op. Cit., p. 209. 
Op. Cit., p. 129 – 130. 
FERRARA, Francesco. Como aplicar e interpretar as leis. Trad. Joaquim Campos de Miranda. Belo 
Horizonte: Líder, 2002, p. 33. 
Op. Cit., p. 35. 
BONFIM, Edilson Mougenot. Código de Processo Penal Anotado. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 359. 
O exemplo mais festejado é o da "Prova Ilícita pró – réu". 
Instituições de Direito Processual. Trad. Elaine Nassif. Campinas: Bookseller, 2006, p. 520 – 521. 
CINTRA, Antonio Carlos de Araújo, GRINOVER, Ada Pellegrini, DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria 
Geral do Processo. 8ª ed. São Paulo: RT, 1991, p. 306. 
 
Fonte: 
Site: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=11632 
 
 
2. ASSISTA! 
 
2.1 Pode o juiz indeferir uma prova com base num prognóstico? 
 
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090417092603708 
 
 
 
3. SIMULADOS 
 
3.1. No que diz respeito às provas no processo penal, julgue os itens a seguir. 
 INTENSIVO I 
 Disciplina: Processo Penal 
 Prof.: Renato Brasileiro 
 Data: 16.05.2009 
 Aula n°12 
 
 
 
- 9 – 
 
I. Os fatos axiomáticos são objetos de prova no processo penal. 
 
Resp: E 
 
 
II. Entende o STJ que é lícita a prova consistente em gravação de conversa telefônica realizada pela 
amásia de réu que for um dos interlocutores, sem a ciência do outro interlocutor, para fins de responsa-
bilizar este pelo homicídio da vítima. 
 
Resp: E 
 
 
III. Os indícios e presunções são meios de provas validamente admitidos no processo penal, podendo 
fundamentar uma sentença penal condenatória, ainda que não haja expressa previsão legal para tanto. 
Quanto às nulidades no processo penal, julgue os itens subseqüentes. 
 
Resp: E

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