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Penal e Processo Penal

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INTENSIVO I 
 Disciplina: Direito penal processual 
 Prof.: Renato Brasileiro 
 Data: 27 e 29.05.2009 
 Aula n°14 
 
 
 
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MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
1. Artigos Correlatos 
1.1 Breves considerações sobre a controvertida natureza jurídica do interrogatório criminal 
Elaborado em 12.2008. 
2. Jurisprudência 
2.1 HC 94016 
2.2 RHC 17679/DF 
2.3 HC 47.318 
2.4 HC 90900 
2.5 HC 90688 
2.6 HC 85.176 
ASSISTA! 
3.1 Marcos Valério negocia delação premiada 
4. Simulados 
 
 
1. ARTIGOS CORRELATOS 
 
1.1 Breves considerações sobre a controvertida natureza jurídica do interrogatório criminal 
Elaborado em 12.2008. 
 
Mario Cesar Felippi Filho - Graduado em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau. 
Pós-graduando em Direito Penal e Processual Penal pela Escola de Preparação e Aperfeiçoamento do 
Ministério Público do Estado de Santa Catarina em convênio com a Universidade do Vale do Itajaí. 
Advogado regularmente inscrito nos quadros da OAB/SC. 
 
1 Noções gerais 
 
Um dos atos processuais mais importantes, conforme assevera Fernando da Costa Tourinho Filho, "é, 
sem dúvida, o interrogatório, por meio do qual o juiz ouve do pretenso culpado esclarecimentos sobre 
a imputação que lhe é feita e, ao mesmo tempo, colhe dados importantes para o seu 
convencimento."1 
 
De acordo com Adalberto José Q. T. De Camargo Aranha, o interrogatório "não é uma peça 
inquisitória, nem uma análise psicanalítica" 2. Ao fazer tal afirmação, esclarece o mencionado autor 
que "O interrogatório do acusado não é uma experiência feita num objeto, mas uma observação feita 
num sujeito. O réu não é coisa, é pessoa. O processo é uma relação jurídica, de que um dos sujeitos é 
o réu" 3. 
 
Por conta desta relação jurídica existente, muito bem ensina o renomado autor René Ariel Dotti que "o 
interrogatório é ato do processo e não um assunto particular entre o juiz e o réu" 4. 
 
Deste modo, consiste em "declarações do réu resultantes de perguntas formuladas para 
esclarecimento do fato delituoso que se lhe atribui e de circunstâncias pertinentes a esse fato." 5 
 
Contudo, instaurada a ação penal com o recebimento da denúncia, cabe ao magistrado designar, 
desde logo, conforme leciona Eugênio Pacelli de Oliveira, "o interrogatório do acusado, que é, por 
assim dizer o primeiro contato do réu com o direito penal"6. 
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Ressalta o digníssimo autor7, no entanto, que existem exceções, como por exemplo, o rito previsto na 
Lei de Tóxicos, em que é previsto inicialmente a notificação do réu para apresentar defesa prévia, por 
escrito, no prazo de 10 dias, conforme disposição do artigo 55 da referia lei. 
 
Todavia, com as alterações introduzidas no procedimento do processo criminal pela Lei 11.719, de 20 
de junho de 2008, o magistrado ao receber a denúncia ou a queixa, iniciando, conseqüentemente, o 
processo criminal, ordenará a citação do réu para responder a acusação por escrito, no prazo de 10 
dias. O interrogatório foi transferido para o final da audiência de instrução e julgamento, devendo, 
para tanto, ser o acusado intimado a comparecer. 
 
Verifica-se, deste modo, que as antigas exceções apontadas por Eugênio Pacelli de Oliveira tornaram-
se regra na atual conjuntura procedimental, não provocando, no entanto, qualquer abalo a sua 
importância ou prejuízo a sua obrigatoriedade. 
 
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2 conceituação 
 
De Plácido e Silva, em sua obra, conceitua o interrogatório da seguinte maneira: 
 
Interrogatório. Do latim interrogatorius, de interrogare (perguntar, interrogar, inquirir), literalmente, 
significa a soma de perguntas ou indagações, promovidas pelo juiz, no curso de um processo, a uma 
das partes litigantes, ao acusado ou, mesmo, a pessoas estranhas. 8 
 
Nestes termos, o interrogatório é o ato de interrogar, inquirir, conforme expõe Deocleciano Torrieri 
Guimarães. É o "conjunto de perguntas articuladas, feitas verbalmente pelo juiz ao acusado e por este 
respondidas, para se obterem novos elementos de prova, sua identidade, e peculiaridades do fato 
ilícito a ele imputado." 9 
 
Fernando Capez conceitua o interrogatório como sendo "o ato judicial no qual o juiz ouve o acusado 
sobre a imputação contra ele formulada".10 Segue o nobre autor expondo ser um "ato privativo do 
juiz e personalíssimo do acusado, possibilitando a este último o exercício da sua defesa, da sua 
autodefesa." 11 
 
De acordo com Alexandre Cebrian Araújo Reis e Vitor Eduardo Rios Gonçalves, "O interrogatório é o 
ato em que o juiz ouve o acusado acerca da imputação que lhe é feita. O interrogatório tem natureza 
mista, pois é o meio de prova e também meio de defesa." 12 
 
A audiência de interrogatório, conforme expõe Julio Fabbrini Mirabete, 
 
[...] constitui ato solene, formal, de instrução, sob a presidência do juiz, em que este indaga do 
acusado sobre os fatos articulados na denúncia ou queixa, deles lhe dando ciência, ao tempo em que 
lhe abre oportunidade de defesa. 13 
 
Guilherme de Souza Nucci denomina o interrogatório judicial como sendo: 
 
[...] o ato processual que confere oportunidade ao acusado de se dirigir diretamente ao juiz, 
apresentando a sua versão defensiva aos fatos que lhe foram imputados pela acusação, podendo 
inclusive indicar meios de prova, bem como confessar, se entender cabível, ou mesmo permanecer em 
silêncio, fornecendo apenas dados de qualificação. 14 
 
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O referido autor traz em sua obra o conceito de interrogatório policial, que, para fins de distinção, 
seria o ato realizado "durante o inquérito, quando a autoridade policial ouve o indiciado, acerca da 
imputação indiciária." 15 
 
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3 natureza jurídica 
 
A respeito da natureza jurídica do interrogatório, há uma grande divergência de entendimentos entre 
os autores pátrios, ocasionado o surgimento de várias correntes doutrinárias. Dentre elas, veja-se as 
principais correntes: 16 
 
a) a primeira, que considera o interrogatório apenas como meio de defesa; 
 
b) a segunda, que considera como meio de prova, podendo acidentalmente ser usada como defesa; 
 
c) a terceira, que entende ser meio de defesa e, secundariamente, meio de prova; e 
 
d) a quarta, esta majoritária e dominante, que entende ter o interrogatório natureza mista, sendo 
tanto meio de defesa como meio de prova. 
 
Para Fernando da Costa Tourinho Filho, adepto da primeira corrente, o interrogatório é meio de 
defesa, muito embora a sua posição topográfica dentro do Código de Processo Penal seja diversa, pois 
se encontra no capítulo referente às provas. 
 
Contudo defende o nobre doutrinador que "se o acusado pode calar-se, ficando o Juiz obrigado a 
respeitar o silêncio, erigido à categoria de direito fundamental, não se pode dizer seja o interrogatório 
um meio de prova." 17 Suas conclusões decorrem do artigo 5°, inciso LXIII, da atual Carta Magma, 
que reconheceu o direito de silêncio ao réu. 
 
Assim, entendeo referido autor que, embora o magistrado possa formular no interrogado uma série de 
perguntas que lhe pareçam oportunas e úteis, aproveitando o ato para obter novas provas, o certo é 
que a atual Constituição Federal consagrou o direito ao silêncio, não sendo o réu obrigado a responder 
às perguntas que lhe são formuladas. 18 
 
Desse modo, o autor defende seu entendimento afirmando que "se não há lei que obrigue o réu a falar 
a verdade, é induvidoso que o interrogatório (melhor seria denominá-lo declaração) é meio de defesa 
e não de prova." 19 
 
A despeito do entendimento de Fernando da Costa Tourinho Filho, o autor Adalberto José Q. T. De 
Camargo Aranha, adepto da segunda corrente, defende ser o interrogatório "induvidosamente um 
meio de prova, podendo acidentalmente ser usado como meio de defesa, como igualmente atuar como 
elemento incriminador." 20 Desta maneira, o interrogatório serviria apenas como fonte de prova, 
indicando os elementos de defesa. 
 
Ao defender seu posicionamento, expõe quatro pontos que demonstram ser o interrogatório 
primordialmente um meio de prova: 
 
Em primeiro lugar, porque colocado no Código entre as provas e como tal considerado pelo julgador ao 
formular sua convicção; depois, porque as perguntas podem ser feitas livremente, apenas 
obedecendo-se às diretrizes do art. 188; em terceiro, porque pode atuar tanto contra o acusado, no 
caso da confissão, como em seu favor; e, finalmente, porque o silêncio, a recusa em responder às 
perguntas, pode atuar como um ônus processual (arts. 186 e 191). 21 
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Já para o renomado autor Damásio E. de Jesus, seguidor da terceira corrente, o "interrogatório do 
acusado é meio de defesa e, secundariamente, meio de prova."22 Para tanto, esclarece o seguinte: 
 
A nova disciplina do interrogatório lhe confere preponderantemente caráter de meio de defesa. No 
entanto, o fato do seu conteúdo poder ser utilizado como elemento na formação da convicção do 
julgador, lhe outorga, secundariamente, a característica de meio de prova. O STF possui decisão 
anterior a Lei 10.792, de 1°.12.2003, em que fundado no caráter do interrogatório como meio de 
defesa, permitiu ao defensor técnico, constituído ou dativo, considerá-lo dispensável, de acordo com 
as circunstâncias do caso concreto (STF, RTJ 73/760). 23 
 
Seguindo entendimento muito semelhante ao de Damásio E. de Jesus, o autor Andrey Borges de 
Mendonça, também defensor da terceira corrente, baseia-se na nova sistemática trazida pela Lei 
11.719, de 20 de junho de 2008, para justificá-la. Para o referido autor, o fato de que a realização do 
interrogatório apenas ocorrerá ao final da audiência, após toda a produção da prova, demonstra por si 
só, que para o legislador o interrogatório é visto como meio de defesa, embora eventualmente possa 
ser, também, meio de prova, como ocorre no caso de confissão24. 
 
Contudo, em contrapartida aos anteriores entendimentos, a quarta corrente, adotada aparentemente 
por Fernando Capez, Julio Fabbrini Mirabete, José Frederico Marques e Eugênio Pacelli de Oliveira (este 
ultimo, porém, não muito claro em suas conclusões), seguida pela jurisprudência mais atualizada aos 
"novos postulados ideológicos informativos do processo penal" 25, defende que o interrogatório 
"constitui meio de autodefesa, pois o acusado fala o que quiser e se quiser, e meio de prova, posto 
que submetido ao contraditório." 26; 27 
 
Ao defender seu entendimento sobre o assunto, Julio Fabbrini Mirabete explica que: 
 
[...] quando o acusado se defende no interrogatório, não deixa de apresentar ao julgador elementos 
que podem ser utilizados na apuração da verdade, seja pelo confronto com provas existentes, seja por 
circunstâncias e particularidades das próprias informações prestadas. Mesmo o silêncio do acusado, 
que não importa em confissão e não pode ser interpretado em prejuízo do réu, pode contribuir, na 
análise das provas já existentes ou que vierem a ser produzidas, para a formação da convicção íntima 
do juiz. Conceitualmente, portanto, o interrogatório é meio de prova e oportunamente de defesa do 
acusado. Tem, portanto, esse caráter misto afirmado pela doutrina dominante. 28; 29 
 
Na mesma linha de raciocínio, o respeitado autor Fernando Capez30 aduz que, mesmo com as 
inovações introduzidas pela Lei n° 10.792, de 1° de dezembro de 2003, ao Código de Processo Penal, 
o interrogatório conservou sua natureza de meio de defesa, ressalvando-se que restou garantida 
expressamente a possibilidade de o réu entrevistar-se com seu advogado previamente, com o objetivo 
de melhor estabelecer a melhor estratégia para a sua autodefesa, conforme expresso no artigo 185, § 
2°, do referido dispositivo legal. 
 
Além disso, esclarece o nobre doutrinador que o artigo 186, caput, do mencionado Código, 
regulamentando o direito constitucional ao silêncio, obriga o magistrado a informá-lo, antes de iniciar 
o interrogatório, da prerrogativa de permanecer calado, bem como de não responder os 
questionamentos que lhe forem formulados. Esclarece também que o silêncio não importará em 
confissão, nem poderá ser interpretado em prejuízo da defesa, de acordo com o parágrafo único do 
referido dispositivo. 
 
"Ficou, portanto, reforçada a sua natureza jurídico-constitucional de autodefesa, pelo qual o acusado 
apresenta sua versão, fica em silêncio ou faz o que for mais conveniente." 31 
 
Por fim, demonstra claramente Fernando Capez que "paralelamente, tal o ato constitui também um 
meio de prova, na medida em que, ao seu final, as partes poderão perguntar." 32 Deve-se, contudo, 
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salientar que "tais indagações feitas por técnicos só podem ser feitas em caráter complementar, ao 
final do ato," 43 não obrigando ao magistrado a formulá-las, podendo, no entanto, indeferi-las quando 
irrelevantes ou impertinentes, de acordo com o disposto no artigo 188 do Código de Processo Penal. 
 
Comungando com o entendimento da duplicidade da natureza jurídica do interrogatório, José Frederico 
Marques defende que "mais aceitável é o ensinamento de Lincoln Prates, de que o interrogatório é, 
concomitantemente, meio de prova e ato de defesa"34. Comenta, ainda, em sua obra, ser inaceitável 
a posição de autores como Bento de Faria e Edgar Costa, que conceituam o interrogatório como sendo 
unicamente ato de defesa (cf. primeira corrente) tendo em vista a estruturação e forma que tem o 
instituto na atual legislação de processo penal vigente no país. 
 
Insta salientar, por oportuno, o entendimento de Eugênio Pacelli de Oliveira, quanto à natureza 
jurídica do interrogatório. Sobre o tema, expõe: 
 
Que continue a ser uma espécie de prova, não há maiores problemas, até porque as demais espécies 
defensivas são também consideradas provas. Mas o fundamental, em uma concepção de processo via 
da qual o acusado seja um sujeito de direitos, e no contexto de um modelo acusatório, tal instaurado 
pelo sistema constitucional das garantias individuais, o interrogatório do acusado encontra-se inserido 
fundamentalmente no princípio da ampla defesa. Trata-se, efetivamente, de mais uma oportunidade 
de defesa que se abre ao acusado, de modo a permitir que ele apresente a sua versão dos fatos, sem 
se ver, porém, constrangido ou obrigadoa fazê-lo. 35 
 
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4 Considerações finais 
 
Data máxima venia, em que pesem os entendimentos contrários dos nobres doutrinadores defensores 
das três primeiras correntes, o interrogatório, salvo melhor juízo, deve ser considerado 
concomitantemente como meio de prova para a instrução processual e como um meio de defesa do 
acusado, especialmente no que diz respeito a sua autodefesa. 
 
Deste modo, o melhor entendimento é no sentido de que tal ato processual é portador de natureza 
dúplice, conforme defendido pela quarta corrente doutrinária analisada. 
 
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Referências: 
 
1. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de processo penal. 3º vol. 30 ed. São Paulo: Saraiva, 
2008, p. 275. 
 
2. ARANHA, Adalberto José Q. T. De Camargo. Da prova no processo penal. 7. ed. revisada e 
atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 103. 
 
3. ARANHA, Adalberto José Q. T. De Camargo. Op. Cit., p. 103. 
 
4. DOTTI, René Ariel. A presença do defensor no interrogatório. Revista de estudos criminais n. 10, de 
2003, p. 153. 
 
5. MARQUES, José Frederico. Elementos de direito processual penal. 2º vol. Campinas: Millennium, 
2003, p. 387. 
 
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6. OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Curso de processo penal. 9. ed. Rio de Janeiro:Lumen Juris, 2008, p. 
316. 
 
7. OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Op. Cit., p. 316. 
 
8. SILVA, De Plácido e. Vocabulário Jurídico. 22. ed. Rio de Janeiro: Forence, 2003, p. 765. 
 
9. GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário técnico jurídico. 7. ed. São Paulo: Rideel, 2005, p. 
369. 
 
10. CAPEZ, Fernando. Curso de processo penal. 15. ed. revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2008, 
p. 332. 
 
11. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 332. 
 
12. REIS, Alexandre Cebrian Araújo; GONÇALVES, Vitor Eduardo Rios. Processo penal: parte geral. 
Coleção Sinopses Jurídicas. 14º vol. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 126. 
 
13. MIRABETE, Julio Fabbrini. Processo penal. 18 ed. São Paulo: Atlas, 2006, p. 272. 
 
14. NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de processo e execução penal. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2005, p. 381. 
 
15. NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 381. 
 
16. O autor Guilherme de Souza Nucci, traz em sua obra, quatro posições (correntes) diferentes 
acerca da natureza jurídica do interrogatório, dividindo-se em: a) meio de prova; b) meio de defesa; 
c) meio de prova e de defesa; d) meio de defesa, primordialmente; em segundo plano, é meio de 
prova. (NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 381). 
 
17. TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Op. Cit., p. 277. 
 
18. "Nos Estados Unidos se o réu quiser manter-se calado, respeitar-se-á esse direito, mas se for 
vontade sua prestar esclarecimentos, sujeitar-se-á ao compromisso. Seu defensor lhe formula 
perguntas (direct examination) e a seguir a Acusação (cross examinaion). Se faltar com a verdade, 
haverá perjúrio. Entre nós, não. O réu, se quiser ser interrogado, poderá mentir à vontade. Nada lhe 
acontece, salvo se fizer uma auto-acusação falsa." (TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Op. Cit., p. 
278 e 279). 
 
19 .TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Op. Cit., p. 278. 
 
20. ARANHA, Adalberto José Q. T. De Camargo. Op. Cit., p. 98. 
 
21. ARANHA, Adalberto José Q. T. De Camargo. Op. Cit., p. 98. 
 
22. JESUS, Damásio E. de. Código de processo penal anotado. 22. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 
177. 
 
23. JESUS, Damásio E. de. Op. Cit., p. 177. 
 
24. Mendonça, Andrey Borges de. Nova reforma do Código de processo penal: comentada artigo por 
artigo. São Paulo, Método, 2008, p. 294. 
 
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25. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 333. 
 
26. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 335. 
 
27. "O Código de Processo Penal, ao tratar do interrogatório do acusado no capítulo concernente à 
prova, fez clara opção por considerá-lo verdadeiro meio de prova, relegando a segundo plano sua 
natureza de meio de autodefesa do réu (Francisco Campos, Exposição de Motivos do Código de 
Processo Penal, item VII). Entretanto, a doutrina mais avisada, seguida pela jurisprudência mais 
sensível aos novos postulados ideológicos informativos do processo penal, tem reconhecido o 
interrogatório como meio de defesa, i. e., como ato de concretização de um dos momentos do direito 
de ampla defesa, constitucionalmente assegurado, qual seja, o direito de auto-defesa, na espécie de 
audiência. Desse modo, tem prevalecido a natureza mista do interrogatório, sendo aceito como meio 
de prova e de defesa. Nesse sentido: STJ, 6ª T., Resp 60.067-7/SP, rel Min Luiz Vicente Cernicchiaro, 
v.u., DJ, 5 fev. 1996." (CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 333). 
 
28. MIRABETE, Julio Fabbrini. Op. Cit., p. 272. 
 
29. Muito embora o referido autor tenha conceituado a interrogatório como meio de prova e 
oportunamente de defesa, o que, por si só, enquadrá-lo-ia como adepto da segunda corrente, ao final 
concluiu pelo caráter misto, característico da quarta corrente. 
 
30. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 334. 
 
31. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 335. 
 
32. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 335. 
 
33. CAPEZ, Fernando. Op. Cit., p. 335. 
 
34. MARQUES, José Frederico. Op. Cit., p. 386. 
 
35. OLIVEIRA, Eugênio Pacelli de. Op. Cit., p. 316. 
 
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=12267 
 
 
2. JURISPRUDÊNCIA 
 
2.1 HC 94016 
 
EMENTA: “HABEAS CORPUS”. ESTRANGEIRO NÃO DOMICILIADO NO BRASIL. CONDIÇÃO JURÍDICA 
QUE NÃO O DESQUALIFICA COMO SUJEITO DE DIREITOS. PLENITUDE DE ACESSO, EM 
CONSEQÜÊNCIA, AOS INSTRUMENTOS PROCESSUAIS DE TUTELA DA LIBERDADE. RESPEITO, PELO 
PODER PÚBLICO, ÀS PRERROGATIVAS JURÍDICAS QUE COMPÕEM O PRÓPRIO ESTATUTO 
CONSTITUCIONAL DO DIREITO DE DEFESA. A GARANTIA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF 
LAW” COMO EXPRESSIVA LIMITAÇÃO À ATIVIDADE PERSECUTÓRIA DO ESTADO (INVESTIGAÇÃO 
PENAL E PROCESSO PENAL). O CONTEÚDO MATERIAL DA CLÁUSULA DE GARANTIA DO “DUE 
PROCESS”. INTERROGATÓRIO JUDICIAL. NATUREZA JURÍDICA. POSSIBILIDADE DE QUALQUER DOS 
LITISCONSORTES PENAIS PASSIVOS FORMULAR REPERGUNTAS AOS DEMAIS CO-RÉUS, 
NOTADAMENTE SE AS DEFESAS DE TAIS ACUSADOS SE MOSTRAREM COLIDENTES. PRERROGATIVA 
JURÍDICA CUJA LEGITIMAÇÃO DECORRE DO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA AMPLA DEFESA. 
PRECEDENTE DO STF (PLENO). MAGISTÉRIO DA DOUTRINA. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. DECISÃO: 
Trata-se de “habeas corpus”, com pleito de ordem cautelar, impetrado contra decisão emanada de 
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eminente Ministro de Tribunal Superior da União, que, em sede de outra ação de “habeas corpus” 
ainda em curso no Superior Tribunal de Justiça (HC 100.204/SP), denegou medida liminar que lhe 
havia sido requerida em favor do ora paciente, que possui nacionalidade russa, que tem domicílio no 
Reino Unido e é portador de passaporte britânico (fls. 02). Presente tal contexto, impende verificar, 
desde logo, se a situaçãoprocessual versada nestes autos justifica, ou não, o afastamento, sempre 
excepcional, da Súmula 691/STF. Como se sabe, o Supremo Tribunal Federal, ainda que em caráter 
extraordinário, tem admitido o afastamento, “hic et nunc”, da Súmula 691/STF, em hipóteses nas 
quais a decisão questionada divirja da jurisprudência predominante nesta Corte ou, então, veicule 
situações configuradoras de abuso de poder ou de manifesta ilegalidade (HC 85.185/SP, Rel. Min. 
CEZAR PELUSO - HC 86.634-MC/RJ, Rel. Min. CELSO DE MELLO - HC 86.864-MC/SP, Rel. Min. CARLOS 
VELLOSO - HC 87.468/SP, Rel. Min. CEZAR PELUSO - HC 89.025-MC-AgR/SP, Rel. Min. JOAQUIM 
BARBOSA - HC 90.112-MC/PR, Rel. Min. CEZAR PELUSO, v.g.). Parece-me que a situação exposta 
nesta impetração ajusta-se às hipóteses que autorizam a superação do obstáculo representado pela 
Súmula 691/STF. Passo, em conseqüência, a examinar a postulação cautelar ora deduzida nesta sede 
processual. Cumpre reconhecer, desde logo, por necessário, que o fato de o paciente ostentar a 
condição jurídica de estrangeiro e de não possuir domicílio no Brasil não lhe inibe, só por si, o acesso 
aos instrumentos processuais de tutela da liberdade nem lhe subtrai, por tais razões, o direito de ver 
respeitadas, pelo Poder Público, as prerrogativas de ordem jurídica e as garantias de índole 
constitucional que o ordenamento positivo brasileiro confere e assegura a qualquer pessoa que sofra 
persecução penal instaurada pelo Estado. Isso significa, portanto, na linha do magistério 
jurisprudencial desta Suprema Corte (RDA 55/192 - RF 192/122) e dos Tribunais em geral (RDA 
59/326 - RT 312/363), que o súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena 
legitimidade para impetrar os remédios constitucionais, como o mandado de segurança ou, 
notadamente, o “habeas corpus”: “- É inquestionável o direito de súditos estrangeiros ajuizarem, em 
causa própria, a ação de 'habeas corpus', eis que esse remédio constitucional - por qualificar-se como 
verdadeira ação popular - pode ser utilizado por qualquer pessoa, independentemente da condição 
jurídica resultante de sua origem nacional.” (RTJ 164/193-194, Rel. Min. CELSO DE MELLO) Cabe 
advertir, ainda, que também o estrangeiro, inclusive aquele que não possui domicílio em território 
brasileiro, tem direito público subjetivo, nas hipóteses de persecução penal, à observância e ao 
integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do 
devido processo legal, pois - como reiteradamente tem proclamado esta Suprema Corte (RTJ 134/56-
58 - RTJ 177/485-488 - RTJ 185/393-394, v.g.) - a condição jurídica de não-nacional do Brasil e a 
circunstância de esse mesmo réu estrangeiro não possuir domicílio em nosso país não legitimam a 
adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. O fato irrecusável é 
um só: o súdito estrangeiro, ainda que não domiciliado no Brasil, assume, sempre, como qualquer 
pessoa exposta a atos de persecução penal, a condição indisponível de sujeito de direitos, cuja 
intangibilidade há de ser preservada pelos magistrados e Tribunais deste país, especialmente por este 
Supremo Tribunal Federal. Nesse contexto, impõe-se, ao Judiciário, o dever de assegurar, mesmo ao 
réu estrangeiro sem domicílio no Brasil, os direitos básicos que resultam do postulado do devido 
processo legal, notadamente as prerrogativas inerentes à garantia da ampla defesa, à garantia do 
contraditório, à igualdade entre as partes perante o juiz natural e à garantia de imparcialidade do 
magistrado processante. A essencialidade dessa garantia de ordem jurídica reveste-se de tamanho 
significado e importância no plano das atividades de persecução penal que ela se qualifica como 
requisito legitimador da própria “persecutio criminis”. Daí a necessidade de se definir o alcance 
concreto dessa cláusula de limitação que incide sobre o poder persecutório do Estado. O exame da 
garantia constitucional do “due process of law” permite nela identificar alguns elementos essenciais à 
sua própria configuração, destacando-se, dentre eles, por sua inquestionável importância, as seguintes 
prerrogativas: (a) direito ao processo (garantia de acesso ao Poder Judiciário); (b) direito à citação e 
ao conhecimento prévio do teor da acusação; (c) direito a um julgamento público e célere, sem 
dilações indevidas; (d) direito ao contraditório e à plenitude de defesa (direito à autodefesa e à defesa 
técnica); (e) direito de não ser processado e julgado com base em leis “ex post facto”; (f) direito à 
igualdade entre as partes; (g) direito de não ser processado com fundamento em provas revestidas de 
ilicitude; (h) direito ao benefício da gratuidade; (i) direito à observância do princípio do juiz natural; (j) 
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direito ao silêncio (privilégio contra a auto-incriminação); (l) direito à prova; e (m) direito de presença 
e de “participação ativa” nos atos de interrogatório judicial dos demais litisconsortes penais passivos, 
quando existentes. Não constitui demasia assinalar, neste ponto, analisada a função defensiva sob 
uma perspectiva global, que o direito do réu à observância, pelo Estado, da garantia pertinente ao 
“due process of law”, além de traduzir expressão concreta do direito de defesa, também encontra 
suporte legitimador em convenções internacionais que proclamam a essencialidade dessa franquia 
processual, que compõe o próprio estatuto constitucional do direito de defesa, enquanto complexo de 
princípios e de normas que amparam qualquer acusado em sede de persecução criminal, mesmo que 
se trate de réu estrangeiro, sem domicílio em território brasileiro, aqui processado por suposta prática 
de delitos a ele atribuídos. A justa preocupação da comunidade internacional com a preservação da 
integridade das garantias processuais básicas reconhecidas às pessoas meramente acusadas de 
práticas delituosas tem representado, em tema de proteção aos direitos humanos, um dos tópicos 
mais sensíveis e delicados da agenda dos organismos internacionais, seja em âmbito regional, como o 
Pacto de São José da Costa Rica (Artigo 8º), aplicável ao sistema interamericano, seja em âmbito 
global, como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (Artigo 14), celebrado sob a égide da 
Organização das Nações Unidas, e que representam instrumentos que reconhecem, a qualquer réu, 
dentre outras liberdades eminentes, o direito à plenitude de defesa e às demais prerrogativas que 
derivam da cláusula concernente à garantia do devido processo. Reconhecido, desse modo, que o 
súdito estrangeiro, mesmo aquele sem domicílio no Brasil, tem direito a todas as prerrogativas básicas 
que derivam da cláusula constitucional do “due process of law”, passo a examinar o pedido de medida 
cautelar ora formulado nesta sede processual. E, ao fazê-lo, entendo que a magnitude do tema 
constitucional versado na presente impetração impõe que se conceda a presente medida cautelar, seja 
para impedir que se desrespeite uma garantia instituída pela Constituição da República em favor de 
qualquer réu, seja para evitar eventual declaração de nulidade do processo penal instaurado contra o 
ora paciente e em curso perante a Justiça Federal da 1ª Subseção Judiciária do Estado de São Paulo 
(São Paulo/Capital). A questão suscitada nesta causa concerne ao debate em torno da possibilidade 
jurídica de um dos litisconsortes penais passivos, invocando a garantia do “due process of law”, ver 
assegurado o seu direito de formular reperguntas aos co-réus, quando do respectivo interrogatório 
judicial. Daías razões que dão suporte à presente impetração deduzida em favor de um súdito 
estrangeiro que não possui domicílio no território brasileiro e que, não obstante tais circunstâncias, 
pretende ver respeitado, em procedimento penal contra ele instaurado, o direito à plenitude de defesa 
e ao tratamento paritário com o Ministério Público, em ordem a que se lhe garanta, por intermédio de 
seus Advogados, “(...) a oportunidade de participação no interrogatório dos demais co-réus (...)” (fls. 
04). Não foi por outro motivo que os ora impetrantes, para justificar sua pretensão, buscam, por este 
meio processual, que se permita, “(...) aos defensores de co-réu, não só a 'presença' nos 
interrogatórios dos demais co-réus, mas, igualmente, sua 'participação ativa' - nas exatas palavras do 
Plenário dessa egrégia Corte no precedente citado (AgR AP 470, Min. JOAQUIM BARBOSA) -, o 
exercício do contraditório e da ampla defesa, formulando as reperguntas que entenderem necessárias, 
ficando a critério do magistrado que preside o ato fazê-las, ou não, ao interrogando, de acordo com a 
pertinência de cada esclarecimento requerido” (fls. 20 - grifei). As razões ora expostas justificam - ao 
menos em juízo de estrita delibação - a plausibilidade jurídica da pretensão deduzida nesta sede 
processual, especialmente se se considerar o precedente que o Plenário desta Suprema Corte firmou 
no exame da matéria: “(...) AÇÃO PENAL ORIGINÁRIA (...). INTERROGATÓRIOS (...). PARTICIPAÇÃO 
DOS CO-RÉUS. CARÁTER FACULTATIVO. INTIMAÇÃO DOS DEFENSORES NO JUÍZO DEPRECADO. 
....................................................... É legítimo, em face do que dispõe o artigo 188 do CPP, que as 
defesas dos co-réus participem dos interrogatórios de outros réus. Deve ser franqueada à defesa de 
cada réu a oportunidade de participação no interrogatório dos demais co-réus, evitando-se a 
coincidência de datas, mas a cada um cabe decidir sobre a conveniência de comparecer ou não à 
audiência (...).” (AP 470-AgR/MG, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA - grifei) Ninguém ignora a importância 
de que se reveste, em sede de persecução penal, o interrogatório judicial, cuja natureza jurídica 
permite qualificá-lo, notadamente após o advento da Lei nº 10.792/2003, como ato de defesa (ADA 
PELLEGRINI GRINOVER, “O interrogatório como meio de defesa (Lei 10.792/2003)”, “in” Revista 
Brasileira de Ciências Criminais nº 53/185-200; GUILHERME DE SOUZA NUCCI, “Código de Processo 
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Penal Comentado”, p. 387, item n. 3, 6ª ed., 2007, RT; DAMÁSIO E. DE JESUS, “Código de Processo 
Penal Anotado”, p. 174, 21ª ed., 2004, Saraiva; DIRCEU A. D. CINTRA JR., “Código de Processo Penal 
e sua Interpretação Jurisdicional”, coordenação: ALBERTO SILVA FRANCO e RUI STOCO, p. 1.821, 2ª 
ed., 2004, RT; FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO, “Processo Penal”, vol. 3/269-273, item n. 1, 
28ª ed., 2006, Saraiva, v.g.), ainda que passível de consideração, embora em plano secundário, como 
fonte de prova, em face dos elementos de informação que dele emergem. Essa particular qualificação 
jurídica do interrogatório judicial, ainda que nele se veja um ato simultaneamente de defesa e de 
prova (JULIO FABBRINI MIRABETE, “Código de Processo Penal Interpretado”, p. 510, item n. 185.1, 
11ª ed., 2007, Atlas, v.g.), justifica o reconhecimento de que se revela possível, no plano da 
persecutio criminis in judicio, “(...) que as defesas dos co-réus participem dos interrogatórios de outros 
réus (...)” (AP 470-AgR/MG, Rel. Min. JOAQUIM BARBOSA, Pleno - grifei) Esse entendimento que o 
Plenário do Supremo Tribunal Federal firmou no precedente referido reflete-se, por igual, no 
magistério da doutrina, como resulta claro da lição de EUGÊNIO PACELLI DE OLIVEIRA (“Curso de 
Processo Penal”, p. 29, item n. 3.1.4, 9ª ed., 2008, Lumen Juris): “Embora ainda haja defensores da 
idéia de que a ampla defesa vem a ser apenas o outro lado ou a outra medida do contraditório, é bem 
de ver que semelhante argumentação peca até mesmo pela base. É que, da perspectiva da teoria do 
processo, o contraditório não pode ir além da 'garantia de participação', isto é, a garantia de a parte 
poder impugnar - no processo penal, sobretudo a defesa - toda e qualquer alegação contrária a seu 
interesse, sem, todavia, maiores indagações acerca da concreta efetividade com que se exerce aludida 
impugnação. E, exatamente por isso, não temos dúvidas em ver incluído, no princípio da ampla 
defesa, o direito à participação da defesa técnica - do advogado - de co-réu durante o interrogatório 
de 'todos os acusados'. Isso porque, em tese, é perfeitamente possível a colisão de interesses entre os 
réus, o que, por si só, justificaria a participação do defensor daquele co-réu sobre quem recaiam 
acusações por parte de outro, por ocasião do interrogatório. A ampla defesa e o contraditório exigem, 
portanto, a participação dos defensores de co-réus no interrogatório de 'todos os acusados'.” (grifei) 
Esse mesmo entendimento, por sua vez, é perfilhado por ANTONIO SCARANCE FERNANDES (“Prova e 
sucedâneos da prova no processo penal”, “in” Revista Brasileira de Ciências Criminais nº 66, p. 224, 
item n. 12.2): “(...) Ressalta-se que, em virtude de recente reforma do Código, o advogado do co-réu 
tem direito a participar do interrogatório e formular perguntas.” (grifei) Igual percepção do tema é 
revelada por AURY LOPES JR (“Direito Processual e sua Conformidade Constitucional”, vol. I/603-605, 
item n. 2.3, 2007, Lumen Juris): “No que tange à disciplina processual do ato, cumpre destacar que - 
havendo dois ou mais réus - deverão eles ser interrogados separadamente, como exige o art. 191 do 
CPP. Aqui existe uma questão muito relevante e que não tem obtido o devido tratamento por parte de 
alguns juízes, até pela dificuldade de compreensão do alcance do contraditório inserido nesse ato, por 
força da Lei nº 10.792/2003, que alterou os arts. 185 a 196 do CPP. Até essa modificação legislativa, o 
interrogatório era um ato pessoal do juiz, não submetido ao contraditório, pois não havia qualquer 
intervenção da defesa ou acusação. Agora a situação é radicalmente distinta. Tanto a defesa como a 
acusação podem formular perguntas ao final. Isso é manifestação do contraditório. Nessa linha, 
discute-se a possibilidade de a defesa do co-réu fazer perguntas no interrogatório. Pensamos que, 
principalmente se as teses defensivas forem colidentes, deve o juiz permitir o contraditório pleno, com 
o defensor do outro co-réu (também) formulando perguntas ao final. Ou seja, deve o juiz admitir que 
o defensor do interrogando formule suas perguntas ao final, mas também deve permitir que o 
advogado do(s) outro(s) co-réu(s) o faça. Contribui para essa exigência o fato de que à palavra do co-
réu é dado, pela maioria da jurisprudência, o valor probatório similar ao de prova testemunhal.” 
(grifei) As razões que venho de expor, como precedentemente já havia salientado nesta decisão, 
convencem-me da absoluta plausibilidade jurídica de que se acha impregnada a pretensão deduzida 
pelos ilustres impetrantes. Concorre, por igual, o requisito concernente ao “periculum in mora”, que foi 
adequadamente demonstrado na presente impetração (fls. 23/24). Sendo assim, e em face das razões 
expostas, defiro o pedido de medida liminar, em ordem a suspender, cautelarmente, até final 
julgamento da presente ação de “habeas corpus”, o andamento do Processo-crime nº 
2006.61.81.008647-8, ora em tramitação perante a 6ª Vara Criminal Federal da 1ª Subseção 
Judiciária do Estado de São Paulo. Comunique-se, com urgência, encaminhando-se cópia da presente 
decisão aoE. Superior Tribunal de Justiça (HC 100.204/SP), ao E. Tribunal Regional Federal da 3ª 
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Região (HC nº 2008.03.00.001033-6) e ao MM. Juiz da 6ª Vara Criminal Federal da 1ª Subseção 
Judiciária do Estado de São Paulo (Processo nº 2006.61.81.008647-8). 2. Oficie-se ao MM. Juiz Federal 
da 6ª Vara Criminal Federal da 1ª Subseção Judiciária do Estado de São Paulo, para que esclareça em 
que fase se acha, presentemente, o Processo- -crime nº 2006.61.81.008647-8. Publique-se. Brasília, 
07 de abril de 2008. Ministro CELSO DE MELLO Relator (HC 94016 MC, Relator: Min. CELSO DE MELLO, 
julgado em 07/04/2008, publicado em DJe-064 DIVULG 09/04/2008 PUBLIC 10/04/2008) 
 
2.2 RHC 17679/DF 
 
Interrogatório. Lei nº 10.792/03 (aplicação). Defensor (ausência). Nulidade (caso). 
1. Com a alteração do Cód. de Pr. Penal pela Lei nº 10.792/03, assegurou-se, de um lado, a presença 
do defensor durante a qualificação e interrogatório do réu; de outro, o direito do acusado de entrevista 
reservada com seu defensor antes daquele ato processual. 
2. Por consistirem tais direitos em direitos sensíveis – direitos decorrentes de norma sensível –, a 
inobservância pelo juiz dessas novas regras implica a nulidade do ato praticado. 
3. Caso em que o réu foi interrogado sem a assistência de advogado, tendo dispensado a entrevista 
prévia com o defensor nomeado pelo juiz. 
4. Recurso provido a fim de se anular o processo penal desde o interrogatório do acusado. 
(RHC 17679/DF, Rel. Ministro NILSON NAVES, SEXTA TURMA, julgado em 14/03/2006, DJ 20/11/2006 
p. 362) 
 
2.3 HC 47.318 
 
HC 47318 / AL 
HABEAS CORPUS 
2005/0142215-2 
Relator(a) 
Ministro GILSON DIPP (1111) 
Órgão Julgador 
T5 - QUINTA TURMA 
Data do Julgamento 
21/02/2006 
Data da Publicação/Fonte 
DJ 13/03/2006 p. 347 
Ementa 
CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. NULIDADES. INTERROGATÓRIO. 
AUSÊNCIA DE MEMBRO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. COMPROVAÇÃO DA INTIMAÇÃO. 
VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO. INOCORRÊNCIA. PREJUÍZO CONCRETO NÃO COMPROVADO. 
ILEGITIMIDADE PARA ARGÜIR A NULIDADE. ORDEM DENEGADA. 
Hipótese em que os pacientes foram condenados por furto qualificado e a defesa técnica pede a 
anulação do processo por ausência do Promotor de Justiça no interrogatório de um dos acusados. 
O não comparecimento do representante do Ministério Público ao interrogatório de um dos co-réus, 
por si só, não enseja nulidade, pois depende da comprovação de prejuízo. Precedente. 
No processo penal, não se declara nulidade de ato, se dele não resultar prejuízo comprovado para o 
réu. Incidência do art. 563 do Código de Processo Penal e da Súmula n.º 523 da Suprema Corte. 
Falta de legitimidade para argüir nulidade referente à formalidade processual, a parte cuja observância 
só à parte contrária interessa. 
Ordem denegada. 
 
2.4 HC 90900 
 
O Tribunal, por maioria, concedeu habeas corpus impetrado em favor de condenado pela prática do 
delito previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP, e declarou, incidenter tantum, a inconstitucionalidade 
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formal da Lei paulista 11.819/2005, que previu a utilização de aparelho de videoconferência nos 
procedimentos judiciais destinados ao interrogatório e à audiência de presos — v. Informativo 518. Na 
espécie, o interrogatório do paciente, a despeito da discordância de sua defesa, realizara-se sem a 
presença do paciente na sala da audiência, por meio da videoconferência. Entendeu-se que a norma 
em questão teria invadido a competência privativa da União para legislar sobre direito processual (CF, 
art. 22, I). Vencidos, em parte, os Ministros Carlos Britto e Marco Aurélio, que também consideravam 
caracterizada a inconstitucionalidade material do diploma examinado. Vencida a Min. Ellen Gracie, 
relatora, que indeferia o writ, por não vislumbrar vício formal, já que o Estado de São Paulo não teria 
legislado sobre processo, e sim sobre procedimento (CF, art. 24, XI), nem vício material, haja vista 
que o procedimento instituído teria preservado todos os direitos e garantias fundamentais, bem como 
por reputar não demonstrado qualquer prejuízo na realização do interrogatório do paciente. HC 
90900/SP, rel. orig. Min. Ellen Gracie, rel. p/ o acórdão Min. Menezes Direito, 30.10.2008. (STF, 
Informativo 526 - HC 90900) 
 
2.5 HC 90688 
 
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ACORDO DE COOPERAÇÃO. DELAÇÃO 
PREMIADA. DIREITO DE SABER QUAIS AS AUTORIDADES DE PARTICIPARAM DO ATO. 
ADMISSIBILIDADE. PARCIALIDADE DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO. SUSPEITAS FUNDADAS. 
ORDEM DEFERIDA NA PARTE CONHECIDA. I - HC parcialmente conhecido por ventilar matéria não 
discutida no tribunal ad quem, sob pena de supressão de instância. II - Sigilo do acordo de delação 
que, por definição legal, não pode ser quebrado. III - Sendo fundadas as suspeitas de impedimento 
das autoridades que propuseram ou homologaram o acordo, razoável a expedição de certidão dando fé 
de seus nomes. IV - Writ concedido em parte para esse efeito. (HC 90688, Relator: Min. RICARDO 
LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 12/02/2008, DJe-074 DIVULG 24-04-2008 PUBLIC 25-
04-2008 EMENT VOL-02316-04 PP-00756) 
 
2.6 HC 85176 
 
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENA DE MULTA. MATÉRIA NÃO SUSCITADA NAS INSTÂNCIAS 
PRECEDENTES. NÃO CONHECIMENTO. CO-RÉU BENEFICIADO COM A DELAÇÃO PREMIADA. EXTENSÃO 
PARA O CO-RÉU DELATADO. IMPOSSIBILIDADE. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. INTUITO COMERCIAL. 
ELEMENTO INTEGRANTE DO TIPO. 1. A questão referente à nulidade da pena de multa não pode ser 
conhecida nesta Corte, por não ter sido posta a exame das instâncias precedentes. 2. Descabe 
estender ao co-réu delatado o benefício do afastamento da pena, auferido em virtude da delação 
viabilizadora de sua responsabilidade penal. 3. Sendo o intuito comercial integrante do tipo referente 
ao tráfico de entorpecentes, não pode ser considerado como circunstância judicial para exasperar a 
pena. Ordem concedida, em parte, para, mantido o decreto condenatório, determinar que se faça nova 
dosimetria da pena, abstraindo-se a referida circunstância judicial. (HC 85176, Relator: Min. MARCO 
AURÉLIO, Relator p/ Acórdão: Min. EROS GRAU, Primeira Turma, julgado em 01/03/2005, DJ 08-04-
2005 PP-00026 EMENT VOL-02186-02 PP-00307 RTJ VOL-00195-02 PP-00553) 
 
 
__________________________________________________________________________________ 
 
3. ASSISTA! 
 
3.1 Marcos Valério negocia delação premiada 
 
http://www.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090323094124873 
 
 
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4. SIMULADOS 
 
4.1 Assinale a alternativa correta ou errada: 
 
I – O curador ao menor de 21 anos não existe mais. 
 
Correta 
 
II – Incide na proibição legal se, durante o julgamento do júri, e sem prévio conhecimento da parte 
contrária, o defensor fizer a leitura e exibição de prova sem estar nos autos. 
 
Correta 
 
III – Interrogatório por videoconferência depende de decisão fundamentada da autoridadejudiciária. 
 
Correta.

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