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A construção do Direito moderno em decisões judiciais IED

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A construção do Direito moderno em decisões judiciais.
A era moderna se caracteriza por mudanças e progressos nas diversas áreas da sociedade, o Direito por estar diretamente ligado as relações humanas também está sujeito a modificações constantes, a fim de: superar paradigmas e dogmas ultrapassados que já não correspondem mais a atual realidade social.
O direito de família, por exemplo, se apresenta de forma dinâmica, uma vez que, as configurações familiares se transformam juntamente com os diferentes estilos de vida presentes em um determinada comunidade.
Para corresponder essa necessidade de representação de uma determinada realidade o Direito moderno vale-se de diversos artifícios de seu ordenamento, como: leis, decretos, jurisprudência, princípios fundamentais e etc.
Em uma apelação cível no estado do Rio Grande do Sul (nº 70022775605) o TJRS reconheceu oficialmente uma dúplice união: o casamento e uma união paralela. Ainda sim a possibilidade da tripartidação de bens entre um cujus e duas companheiras. 
O caso versa sobre um pedido de reconhecimento de união estável, formulado por ALDA, paralela ao casamento e a uma segunda união estável (que se seguiu ao casamento) de CARLOS.
A autora ALDA alega que manteve união estável com CARLOS por um período de 35 anos, desde os idos de 1975 até 2005. Referiu que ajudava Carlos na sua atividade rural e que, no período da união, Carlos sempre proveu seu sustento, custeando suas despesas gerais mais água, luz e IPTU, as quais eram debitadas diretamente na conta corrente do requerido.
O caso apresentado retrata uma situação que teoricamente teria um impedimento perante a lei: ( “O ordenamento civil, consubstanciado no princípio da monogamia, não reconhece efeitos à união estável quando um do par ainda mantém íntegro o casamento (art. 1.723, §1º, do Código Civil).) porém, utilizou-se de outros critérios para se obter uma decisão mais justa.
O juiz responsável pelo caso afirmou que a duplicidade de núcleos é uma realidade recorrente na sociedade brasileira e que cabe ao estado e ao judiciário auxiliar e tutelar os agentes envolvidos nessa situação. O contrário seria violar princípios fundamentais, como:
a) O principio da igualdade :uma vez, que trata-se de forma desigual pessoas que escolheram viver de forma diferente do padrão imposto pela cultura vigente.
b) O principio da dignidade: pois pressupõe que as famílias paralelas não são dignas de reconhecimento judicial. E no caso apresentado acima, a partilha de bens possibilitou a requisitante (ALDA) a se manter de forma digna considerando que ela depende do cujus para manter suas necessidades básicas. O não reconhecimento legal a deixaria desamparada financeiramente.
c) A pluralidade de formas de família, definido pela jurisprudência: hoje a entidade familiar não é mais limitada pela previsão jurídica (casamento, união estável e família monoparental). O requisito para definição é unicamente fático: família é onde o afeto se faz presente.
Conclui-se então que o Direito moderno se constroe de forma precisa a fim de atender a necessidade especifica de cada caso em seu determinado contexto preenchendo as lacunas deixadas pela norma. Tem como objetivo alcançar a justiça por meio da equidade: tratando os “desiguais” de formas desiguais sem desobedecer a hierarquia do ordenamento.

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