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23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 1/7 P á g i n a I n i c i a l C o m i s s ã o O r g a n i z a d o r a A B I N H A A c e s s i b i l i d a d e P r o g r a m a ç ã o P r é e v e n t o P ó s e v e n t o C o n f e r ê n c i a s e D u e t o s R e g r a s P r a z o s I n s c r i ç õ e s Fe i r a d e L i v r o s L a n ç a m e n t o d e L i v r o s C o m u n i c a ç õ e s C o o r d e n a d a s G r u p o s d e Tr a b a l h o M e s a s - r e d o n d a s S i m p ó s i o s Es p e c i a i s M i n i c u r s o s O f i c i n a s P r ê m i o s P r ê m i o P i e r r e V e r g e r P r ê m i o L é v i - S t r a u s s E x p o s i ç õ e s M o s t r a s N o t í c i a s S o b r e a A B A M o n i t o r i a S o b r e N a t a l / R N P a c o t e s p r o m o c i o n a i s E n t r e e m c o n t a t o E n g l i s h Boletim Informativo Nome* Email* Cadastrar Remover OK Você está em: Página inicial » 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo Coordenador/a: João Pacheco de Oliveira Filho (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Isabelle Braz Peixoto da Silva (Universidade Federal do Ceará) O processo de formação nacional (state building) é marcado pela exclusão de índios e negros, cuja presença na vida social e política, bem como sua relevância econômica e identitária , é negada de forma sistemática. Os trabalhos de antropólogos e historiadores desenvolvidos nas últimas décadas aportaram informações antes desconhecidas (ou desconsideradas em termos analíticos) sobre estratégias e impactos das populações subalternizadas na organização da sociedade brasileira, propiciando o surgimento de um conjunto bastante representativo de trabalhos inovadores. O objetivo deste GT, evitando o isolamento dos estudos indígenas daqueles da população afrodescendentes, seja focalizando a escala local e regional ou estudando fenômenos nacionais ou transnacionais, é permitir um debate sobre as pesquisas recentes ou em andamento, de maneira a estimular a reflexão e propiciar a exploração de eixos analíticos novos relacionados ao domínio de uma antropologia do colonialismo. Programação Sessão 1 Aquilombamento contemporâneo no Maranhão: estratégias de luta por direitos territoriais quilombolas Autores/as: Marivania Leonor Souza Furtado, Marivania Leonor Souza Furtado Com a promulgação da chamada Constituição Cidadã, em 1988, mudanças no plano formal foram desencadeadas no tratamento das populações negras e indígenas, agora entendidas como integrantes do processo civilizatório da nação brasileira, sendo garantidas a estas a manutenção e proteção de suas práticas culturais, além de garantias constitucionais específicas quanto à titulação dos territórios aos remanescentes de quilombos. No presente contexto, em que se consolidaram as lutas políticas em torno de territórios sociais etnicamente configurados, as comunidades tradicionais se mobilizam politicamente, passando de uma existência atomizada para uma existência coletiva. No que diz respeito às demandas das comunidades quilombolas, tal passagem da invisibilidade da condição de “quilombo em si, para a condição de quilombo para si”, tem sido possibilitada pelo movimento sócioterritorial que defino como aquilombamento. Tal conceito seria uma ressemantização do termo cunhado nos períodos colonial e imperial que designava o processo histórico de formação de territórios livres da escravidão. Da mesma forma que o conceito de quilombo careceu de uma ressemantização para que sua aplicabilidade na atualidade abarcasse uma gama de situações sociológicas específicas, a inserção das comunidades quilombolas no processo de luta por direitos territoriais e sociais específicos impõe uma redefinição do que se entenderia por aquilombamento no contexto atual, o que possibilita entender a dinâmica da construção de uma cidadania diferenciada dentro dos marcos de um Estado nação “póscolonial” efetivada pelo protagonismo das comunidades quilombolas. O aquilombamento contemporâneo tem revelado uma tensa e contraditória relação dos povos e comunidades tradicionais com o poder público, uma vez que rediscute a terra como mercadoria, apresenta processos de territorialização específicos e aponta novas identidades afrodescendentes. A partir do trabalho etnográfico da comunidade quilombola do Rio Grande (entre os anos de 2008 a 2011) e do Movimento Quilombola do Maranhão – MOQUIBOM verificouse a passagem da condição daquela comunidade de quilombo “em si” para a condição de “quilombo para si”, assim como se pode constatar nas ações estratégicas do MOQUIBOM, sobretudo nos anos de 2010 a 2012, a retomada da pauta pela titulação de territórios étnicos quilombolas o que tem colocado em questão a estrutura concentradora de terras no Maranhão. Download do Trabalho Colonialismo do Poder: a subjetividade estatal na negação da presença indígena no Ceará e a construção sociohistórica do território Tremembé de Queimadas, em AcaraúCE. Autores/as: Ronaldo de Queiroz Lima O conflito entre populações indígenas e latifundiários no Brasil vem se intensificando nos últimos anos, apesar de nas últimas décadas o movimento indígena ter conquistado avanços significativos na demarcação de terras. A ocupação da Câmara federal em 2013 que ficou conhecida como “abril indígena” mostrou a força da articulação nacional do movimento, que teve resposta do Estado brasileiro meses depois com a paralisação de todas as demarcações de terras. A articulação política entre líderes da bancada ruralista, Ministério da Agricultura, EMBRAPA (Empresa brasileira de pesquisa e agropecuária) e Gleisi Hoffmann, exministra da casa civil, resultou na necessidade de criar novas regras para a demarcação de terra indígena incluindo membros dos órgãos supracitados. Essa proposta rompe com a exclusividade constitucional da FUNAI (Fundação Nacional do Índio) no procedimento demarcatório, o que é uma ofensiva ao direito originário a terra. Essa conjuntura deu novo fôlego para o Projeto de Emenda Constitucional 215/2000 sair da gaveta e caminhar no Congresso. Então, o conflito em torno do direito originário a terra não está somente na dimensão fundiária, mas, sobretudo, no patamar dos projetos políticos para o campo que auxiliam, predominantemente, pequenos e grandes produtores, de tal forma, que atropelam o direito indígena a terra. Aquela articulação política reflete o plano econômico brasileiro de desenvolvimento que objetiva a expansão da fronteira agrícola e a ampliação da matriz energética hidroelétrica. Este projeto estatal vem atingindo terras indígenas (TI) de distintas etnias, por vezes diminuindo o perímetro das TIs ou impedindo o acesso a elas. Essas realidades sobrepujam a Constituição de 1988, especialmente o artigo 231 que regulamenta o direito originário a terra para a população indígena brasileira. O projeto do desenvolvimento brasileiro, simbolizado pelo PACs (Programas de aceleração do crescimento), na prática fere regimentos internacionais dos quais o Brasil é signatário, tais como a resolução 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), no que tange a consulta das populações indígenas e tribais no caso de construção em seus territórios, e a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU). 03 a 06 de agosto de 2014 03/08 Abertura no Centro de Convenções de Natal-RN 04 a 06/08 no Campus Central da UFRN Área do Inscrito Entre em contato PÁGINA INICIAL INSCRIÇÕES PROGRAMAÇÃO PRAZOS ÁREA DO INSCRITO CONTATO Imprimir Email Solicite Informações 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 2/7 O cenário político econômico brasileiro contemporâneo reflete uma trajetória histórica colonial de ocupação e produção nas terras brasílicas que só foram possíveis através de aliança com vários povos indígenas. No Ceará, se destaca a aliança com o povo Tabajara como força militar na luta para dominar os índios rebeldes, os Tapuias, e expulsar invasores franceses e holandeses, conquistando o respectivo território. A lei de terras no século XIX reconfigura a organização fundiária no Brasil tornando as populações indígenas invisíveis aos olhos do produtivismo agrário que se compunha com a força do Estado imperial ao reconhecer as terras brasileiras como propriedades produtivas e individuais, distanciandose da realidade indígena de uso coletivo dos recursos naturais. O relatório provincial de 1863, no Ceará, somou força à política fundiária nacional ao negar a existência de índios na respectiva província, o que abriu as portas para o monopólio do uso individualizado da terra para fim de produção agropecuária. Contudo, Estado brasileiro, na esfera nacional, estadual e municipal, desenvolveu uma subjetividade que compreende o solo como meio para produção agrícola, o que elucida a operação da lógica capitalista no uso da terra, o que incidiu na própria ocupação geográfica do território nacional. Outro fator que compôs a subjetividade colonial do estado brasileiro reflete a inferiorização do modo indígena de uso da terra, sendo ele compreendido como atrasado e retrógrado. Esse é o reflexo da intelectualidade do século XIX onde as ideias da ciência moderna positivista na classificação dos “primitivos” e “selvagens” gerou uma ideologia de progresso com a eliminação dos índios, representação do retrógrado. Por outro lado, a cosmovisão indígena compreende a terra como meio para viver, cujas relações com o solo, com as águas disponíveis e as matas têm uma dimensão corpórea e extracorpórea, espiritual. Essa última, por sua vez, corresponde a tradições culturais ancestrais impressas no território que ocupam e se chocam com o capitalismo agrário brasileiro, a pedra fundamental da economia nacional. Então, este trabalho visa desenvolver reflexões sobre o que é a terra segundo a compreensão indígena, e a etnia interlocutora é a Tremembé. Para tanto, a primeira parte visa localizar a trajetória histórica do povo Tremembé no Ceará e as relações com a sociedade colonizadora. No segundo momento, buscase perceber o processo migratório desse povo e a edificação de Queimadas enquanto terreno étnico em meio aos conflitos estabelecidos entre os Tremembé e uma família de fazendeiros em Acaraú, e a posterior investida do Estado no esbulho da terra de Queimadas através da implantação do Projeto "Perímetro Irrigado Baixo Acaraú", ação da política nacional de irrigação do governo Sarney. O terceiro momento visa discutir a construção cultural do território Tremembé de Queimadas através dos trabalhos espirituais de pajelança, dando ênfase a conectivos culturais desse povo com a sua terra tradicional. Dessa forma, objetivase mostrar elementos culturais Tremembé que possibilitem pensar a organização fundiária brasileira segundo uma óptica descolonial. Download do Trabalho Etnias, Fluxos e Fronteiras: Processo de Emergência Étnica de um grupo Cariri em Queimada Nova – PI Autores/as: Cinthya Valeria Nunes Motta Kos A presença indígena foi, desde o princípio da história do Piauí, invisibilizada, o estado foi um dos últimos do Brasil a reconhecer e admitir a existência de uma história indígena e considerar o ressurgimento de uma cultura autóctone. A resistência a este reconhecimento tem embasamento na ideia de extermínio total desses grupos, replicada nos registros oficiais. Os grupos que tem reivindicado recentemente o reconhecimento enquanto grupos indígenas passam por diferentes tipos de desconfianças, pelos diferentes setores da sociedade piauiense, na maioria dos casos referentes a uma "repentina" auto declaração, considerada muita das vezes baseada em critérios fictícios por não apresentarem distintividade cultural e fenotípicas que os caracterizem como indígenas, baseadas num representação da idealização do protótipo xinguano. No município de Queimada Nova no sudeste do Piauí, um grupo indígena vinculado a etnia Cariri, demanda reconhecimento pelos órgãos competentes. A localização geográfica em que esse grupo se encontra denuncia tal vinculação em uma região fronteiriça entre os estados do Pernambuco e da Bahia, área de ocorrência desses grupos. No mês mo local há também a existência de outros grupos étnicos; grupos quilombolas que detêm um amplo reconhecimento nos movimento sociais por sua organização política. Este trabalho tem como objetivo investigar as condições locais que favoreceram tal situação de "etnogênese", analisando o papel das relações intersocietárias (com grupos quilombolas) na formação de uma identidade étnica, considerando a peculiaridade do espaço geográfico onde estas se desenrolam e os limites físicos e simbólicos (fronteiras físicas e étnicas) no qual estão inseridos. Download do Trabalho Indios, Negros e Mestiços nas Aldeias e Sertões do Rio de Janeiro: classificações étnicas e relações políticosociais Autores/as: Maria Regina Celestino de Almeida Pesquisas interdisciplinares recentes têm abordado as culturas e as etnicidades de diferentes povos indígenas e africanos como produtos históricos, dinâmicos e flexíveis que continuamente se transformam através da experiência dos agentes sociais em contato, o que conduz à idéia de identidades plurais e à percepção de que as categorias étnicas são historicamente construídas e adquirem significados distintos conforme os tempos, os espaços e os agentes sociais em contato. Neste trabalho pretendese refletir sobre alguns significados das categorias de índios, negros e mestiços, enfocando prioritariamente os índios aldeados do Rio de Janeiro, em suas relações de conflito e negociação com os demais grupos étnicos e sociais com os quais interagiam. O período priorizado é o das reformas pombalinas até o século XIX, quando as interações entre os aldeados e os não índios tornaramse mais intensas e as propostas de mestiçagem para a incorporação das populações indígenas às sociedades (colonial e póscolonial) passaram a integrar as políticas indigenistas. As classificações étnicas e seus respectivos significados para os diferentes agentes constroemse e alteramse de forma referencial entre os sujeitos e grupos que interagem. Apesar das lacunas, alguns indícios em diferentes tipos de fontes (correspondência oficial, relatos de viajantes, censos, documentos cartoriais e paroquiais, documentos sobre conflitos, incluindo petições dos grupos subalternos) apontam para a preocupação dos diferentes atores com as classificações nas diversas categorias que lhes davam um lugar na hierarquia social de suas sociedades, podendo trazerlhes prejuízos ou ganhos. A problematização das contradições presentesnos documentos nos permite pensar sobre as formas como essas identificações podiam ser vistas, usadas e apropriadas pelos vários agentes envolvidos, incluindo registradores e registrados. É essencial refletir sobre as possíveis compreensões que os próprios grupos tinham a respeito das categorias utilizadas para classificálos, considerando as intensas relações estabelecidas entre eles. Africanos e afrodescendentes interagiam com os índios de diferentes formas nas aldeias, vilas, sertões e provavelmente quilombos do Rio de Janeiro e lhes davam importante referencial de identificação. Este trabalho enfoca basicamente os índios aldeados do Rio de Janeiro, procurando pensar como eles se viam em relação aos demais grupos com os quais interagiam, especialmente negros e mestiços, analisando suas relações políticas e sociais, bem como a construção de discursos sobre suas identidades e lugares sociais. O Negro como “Problema”: A Escravidão no Conselho de Estado (18411889) Autores/as: Ricardo Bruno da Silva Ferreira No decorrer do século XIX, a abolição se tornara um assunto premente na imprensa, na opinião pública e nos círculos políticos. A importância da escravidão para a economia nacional, as pressões internacionais sofridas pelo Brasil e a radicalização dos movimentos emancipatórios demandavam uma solução a ser encontrada pelos estadistas do Império. Tendo em vista a gama de interesses em jogo, o Conselho de Estado se reuniu durante décadas para tratar da temática escravista dispondo de propostas pontuais para equacionar o problema. O colegiado rejeitava a adoção de ações radicais que pusessem em risco a estabilidade política e econômica do Império. A entidade não se mostrou insensível ao crescimento dos anseios abolicionistas na sociedade 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 3/7 monárquica, sendo responsável pela criação do projeto que deu origem a lei do Ventre Livre, em 1871. A proposta por ações graduais visava atender minimamente às demandas abolicionistas dentro e fora do Brasil, sem, no entanto, perder importante base de apoio político, os senhores de terras e de escravos. Conforme observamos nas Atas do Conselho de Estado, não havia uma preocupação por parte dos membros da entidade na integração futura dos negros à sociedade monárquica. Neste artigo, abordamos a temática abolicionista no que concerne ao Conselho de Estado de D. Pedro II, que teve funcionamento no período que se estende de 1841 a 1889. Composta por eminentes políticos do Império, o Conselho de Estado operou como um órgão consultivo destinado a auxiliar o Imperador em assuntos de relevância nacional. Diversas foram as questões tratadas pelo Conselho ao longo do Segundo Reinado, com destaque para as reformas eleitorais, as disputas diplomáticomilitares com os países fronteiriços e a abolição. O referencial civilizatório para este seleto colegiado era a Europa, notadamente, a Inglaterra e a França. O Brasil estaria, para muitos, em descompasso com as luzes do século, com parâmetros mínimos de civilidade e de respeito às liberdades civis ao perpetuar em sua ordem social o flagelo da escravidão. A questão abolicionista se configurava como uma questão de complexa solução, em que o negro não era tomado como parte ingressante da sociedade futura, mas como problema. Em nossa investigação, fazemos uso de fontes primárias, como a leitura e a análise das Atas do Conselho de Estado, bem como a produção textual de indivíduos que integraram a instituição. Recorremos também à bibliografia acadêmica acerca do tema e a uma série de arquivos históricos. Download do Trabalho Participação política indígena na Cabanada: índios cabanos e “fiéis governistas”. Pernambuco e Alagoas, 18321835. Autores/as: Mariana Albuquerque Dantas O objetivo principal desse trabalho é analisar as diferentes dimensões da participação política indígena na Guerra dos Cabanos, revolta ocorrida nas províncias de Pernambuco e Alagoas entre os anos de 1832 e 1835. O intuito é compreender as motivações e os interesses dos grupos indígenas de Jacuípe (Alagoas) e de Barreiros (Pernambuco) que tiveram participação mais intensa na revolta iniciada por membros das elites locais prejudicados pela abdicação de d. Pedro I em 1831. Inseridos nas contendas e nos jogos políticos locais, os índios de Barreiros e Jacuípe se envolveram nos embates armados de maneiras diferentes. Os índios de Jacuípe apresentaram um envolvimento intenso ao lado dos cabanos, estabelecendo alianças com lideranças populares como Vicente Ferreira de Paula. Por sua vez, muitos índios de Barreiros ajudaram na repressão à revolta, sendo comandados por Agostinho José Pessoa Panaxo Arcoverde. Enquanto outra parte dos índios de Barreiros liderada por Bento José Duarte se uniu aos cabanos fazendo ataques pela região em que circulavam. Assim, observamos o posicionamento de índios dos dois grupos em campos opostos dos conflitos, bem como a cisão interna do aldeamento de Barreiros, formando duas facções encabeçadas por líderes indígenas com diferentes escolhas políticas. A partir dos apoios mútuos, das rivalidades e das divisões originadas nas aldeias, observamos que é fundamental a compreensão das suas dinâmicas internas. Com isso podemos entender as motivações indígenas e também abordar aspectos sobre o seu envolvimento na formação do Estado nacional brasileiro no século XIX. A manutenção do território das aldeias diante das constantes invasões de não índios foi o principal motivo para que os indígenas se envolvessem de maneira coletiva nessa revolta. Por outro lado, interesses individuais de um chefe indígena, com grande poder de liderança na sua aldeia e influência política na localidade, poderia impulsionar seus comandados a participar de conflitos armados. Portanto, havia diferentes interesses e expectativas entre os indígenas para se envolverem nos conflitos das elites, originados no conturbado contexto do Período Regencial. A análise numa escala mais localizada deve ser, então, articulada às questões mais amplas relacionadas à formação do Estado brasileiro no período. Através dessa perspectiva tornase possível discutir as possibilidades e limites para o exercício da cidadania pelos indígenas. E também compreender as revoltas do período como elementos constituintes do processo de construção do Estado nacional, que levou à elaboração de espaços para o exercício informal da cidadania e para a participação política de diferentes grupos indígenas. Sessão 2 Insurgências em questão: movimento social quilombola e a etnização da política no Maranhão Autores/as: Igor Thiago Silva de Sousa Este trabalho apresentase como um esforço no sentido de tentar compreender as especificidades e estratégias de luta do MOQUIBOM (Movimento Quilombola do Maranhão), movimento social que se organiza em idos de 2010, ao aglutinar como ator político comunidades quilombolas, tendo em vista a garantia de direitos territoriais presentes na constituição de 1988, através de atos, manifestações e ocupações dos órgãos responsáveis pelo processo de titulação dos territórios quilombolas. Neste sentido, chama atenção suas estratégias de luta bem como a denúncia de casos de violência no campo, ao utilizar como força política pertenças de caráter étnico, trazendo a tona maneiras específicas de luta e um “fazer política”. Para isso, partiuse deuma análise macrossocial das estruturas dos movimentos sociais, com o objetivo de entendimento de suas características mais gerais, sem, no entanto, esquecerse das especificidades que cada movimento social possui, bem como os contextos históricos em que ganham destaque, onde tipo sociais encontramse historicamente despossuídos no aspecto de propriedade formal da terra, a saber, camponeses descendentes de africanos escravizados no Brasil. Analisouse o MOQUIBOM tendo em vista os marcos de representação social expressos em seus atos e protestos, bem como em reuniões junto a comunidades quilombolas onde percebeuse a presença da cruz como marco balizador interno e elemento aglutinador junto aos setores comunitários; já os toques de tambor como marco de expressão da diferença, assegurando o movimento a visibilidade como segmento social diferenciado, onde temse como característica uma mística que une fé cristã e religiosidade de matriz africana. . Para essa análise se fez uso, como instrumento metodológico, a observação direta em mobilizações, ocupações e encontros promovidos por este movimento tendo em vista, relacionar as similaridades e diferenciações na luta por efetivações de direitos entre o movimento analisado e outras entidades do movimento negro local. Assim pode ser percebido um movimento cuja dinâmica se mostra diferente dos “movimentos clássicos”, (Trotsky 2001; Luxemburgo 1976) na medida em que seu fator agregador não perpassa tão somente por uma questão de classe, nem pelos aparatos usais de consolidação dos movimentos sociais, mas pode ser entendido como um “novo movimento social”, (Melucci 2001; Almeida 2011) na medida em que se mostra tendo por base de aglutinação a autodefinição e o uso da etnicidade como forma de garantia e pressão por direitos constitucionais já pactuados. Download do Trabalho Nina Rodrigues e o discurso sobre "As raças” na formação da Nação Brasileira Autores/as: Débora de Jesus Lima Melo Tratase de uma análise sobre o discurso elaborado acerca das relações raciais no século XIX no Brasil, tendo como foco principal a produção teórica do estudioso maranhense e médico Raimundo Nina Rodrigues e sua concepção acerca das “raças humanas”. Nina Rodrigues é apresentado como parte do contexto em que está inserido, considerandose seus alinhamentos teóricos e sua ocupação institucional, o que endossa o pressuposto que sua atuação obedecia à injunções do momento, a interesses localizados e a própria situação da ciência no período em que vive. O contexto referido é marcado pela discussão da construção de uma identidade nacional brasileira, espelhada no modelo dos estados nacionais modernos eurocêntricos que surgiram, dada às especificidades de cada cenário, através da tentativa de uma homogeneização cultural para garantir a estabilidade de um governo centralizador e a impressão de formar uma única comunidade étnica, 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 4/7 cultural e social. Assim, a libertação dos escravos (1888) e a proclamação da República (1889) suscitaram muitos debates sobre a viabilidade da modernização do país e a presença no negro na sociedade. Com o objetivo de solucionar e explicar tal realidade social, é que intelectuais da época serão influenciados pelas classificações eruditas e padrões explicativos que enfatizavam determinismos ligados ao tema da “raça” e “meio geográfico”, presentes na conjuntura intelectual da Europa. O pensamento social esboçado por Nina Rodrigues integra esta demanda e revela interpretações e significados sobre as relações raciais, a estigmatização do negro e questões que ainda ecoam na sociedade brasileira. Desse modo, através da análise do discurso, buscouse esboçar o projeto criador deste autor, descrevendo sua condição de emergência, os pontos principais de sua teoria e os diálogos com outros autores e temas comuns. Para além de um discurso médicolegal, o autor articula seus estudos em um cenário de construção das ciências sociais. Download do Trabalho O discurso raciológico na literatura brasileira: Canaã de Graça Aranha. Autores/as: Ryanne Freire Monteiro Bahia, Ryanne Freire Monteiro Bahia Este estudo tem por objetivo compreender um processo que é a construção de um discurso que qualificava o ser humano pelo critério racial e mediante este havia também uma classificação social. Nosso campo será a literatura brasileira; de modo mais específico, trabalharemos com a obra Canaã, de Graça Aranha. Através dessa obra, publicada em 1902, discutiremos como a intelectualidade brasileira percebia temas importantes na época como: migração, “superioridade racial”, “civilização x barbárie”. Como nossa perspectiva é processual, passaremos pela longa duração. Adotamos livros e documentos referentes a períodos anteriores e posteriores à publicação de Canaã. Pois o livro não é um acontecimento que se encerra em si mesmo; foi influenciado por teorias, ideologias que possuem origens muito anteriores, cujas consequências estenderamse por um longo período de tempo. Metodologicamente, procedemos da seguinte forma: analisaremos o lugar social do escritor, estrutura e pertencimentos (posição) social e intelectual, bem como o ambiente e as ideologias que marcaram o período em que a obra foi publicada, além do próprio conteúdo da obra. Serão discutidos os modelos de ciência que influenciaram os intelectuais brasileiros acerca da questão racial: o darwinismo social, o positivismo de Comte em sua primeira fase e o evolucionismo de Spencer, os quais eram usados para justificar o discurso adotado como paradigma pela intelligentsia brasileira, o atraso do país estaria vinculado ao clima e a raça Ortiz (1994). Lilia Moritz Schwarcz (1993) esclarece que no segundo metade o século XIX era lugarcomum os discursos que identificavam o Brasil como um país mestiço. Contudo, a mestiçagem era observada como um elemento negativo. Ressalta Schwarcz (1993) que era frequente a presença de naturalistas, visitantes de outros países que, vinham em busca dos elementos exóticos, flora e fauna tropical e deparavamse, não sem algum assombro, com a “mistura das raças”. Tal mistura foi interpretada como uma anomalia, contribuindo para a fraqueza do corpo e da alma do brasileiro. Os personagens que compõem a trama de Canaã se constituem de posições reais, passíveis de serem achadas na estrutura social do período. Na referida obra, existe personagens que incorporam as estruturas mentais que estavam presentes nas relações sociais objetivas: o evolucionismo, o darwinismo social, a filosofia do superhomem nietzschiano e outras interpretações que direta ou indiretamente alimentaram a discussão raciológica no Brasil de início do século XX. Download do Trabalho Os negros do Saco Terra, dominação e invisibilidade em AcariRN Autores/as: Danycelle Pereira da Silva A história da expansão colonial nos sertões do Seridó no século XVIII e a fixação dos primeiros povoadores em torno das fazendas de gado e, mais tarde, da cultura do algodão, ocultou a presença afrodescendente. Por outro lado, a escravidão é vista como 'branda' e como um fenômeno secundário pelo fato de ter um reduzido número de escravos em relação ao litoral açucareiro. Porém, não se podem minimizar as marcas que deixaram mais de três séculos de dominação colonial, pois a violênciasimbólica e física ainda persistem. Esta comunicação tem como objetivo refletir sobre as causas e as consequências do silenciamento da presença afrobrasileira e da invisibilização dos núcleos familiares no município de Acari. Através das memórias das famílias Nunes, Inácio e Pereira, antigos moradores do Saco dos Pereira, pretendese refletir sobre as atividades de sobrevivência, as relações de trabalho, a propriedade da terra e os esbulhos ocorridos nos séculos XIXXX, bem como mostrar a importância das tradições familiares na elaboração dos discursos sobre o passado e das identidades diferenciadas. A metodologia utilizada durante a pesquisa teve como foco as entrevistas que contemplam as histórias de vida e as memórias dos nossos interlocutores, em particular os afrodescendentes. Os relatos colocam uma luz sobre as vivências no período algodoeiro, os ofícios realizados na fazenda (vaqueiro, louça, bordado, culinária) e mostram a importância das famílias negras para entender o cenário Acariense. Também, fotos e documentos cartoriais foram coletados para melhor compor as histórias de vidas, documentos e relatos de uma história repleta de violência e de injustiças. O estudo revela a presença de muitas famílias negras agregadas às fazendas e mostra que existe uma outra versão da história local, tendo como protagonistas àqueles cuja memória foi silenciada e que ficam marcados pelo estigma da escravidão. Povos Indígenas, novas Territorialidades e os (Des)Caminhos) da Lei Do Diretório na Capitania da Paraíba Autores/as: Juciene Ricarte Apolinário A proposta dessa comunicação é apresentar o resultado das nossas recentes pesquisas sobre o processo de implantação da Lei do Diretório dos Índios na capitania da Paraíba, enquanto capitania anexa a de Pernambuco, especialmente no processo de desestruturação de doze aldeamentos indígenas para a criação de apenas cinco “Vilas de Índios. O conhecimento históricoantropológico sobre o protagonismo dos grupos étnicos das famílias linguísticas Tarairiú, Kariri e Tupi que passaram pelos processos de territorialidades quando transferidos dos antigos aldeamentos para as novas vilas e povoados na capitania da Paraíba ainda é incipiente. A documentação inicial que arrolamos para a presente pesquisa nos possibilita verificar que apesar de todo o investimento da administração colonial, deslocando grupos étnicos diferenciados de seus antigos aldeamentos do sertão semiárido paraibano para as longínquas paragens da Mata Atlântica, não conseguiram anular as práticas das culturas políticas indígenas em plena tentativa de efetivação da Lei do Diretório do Índios. “VIVENDO ENTRELUGARES”: A Trajetória dos Grupos Étnicos no Litoral Sul Paraibano Autores/as: Amanda Christinne Nascimento Marques Os grupos indígenas, conforme é possível interpretar a partir das narrativas de viagens do debate historiográfico sofreram um processo de incorporação e assimilação provenientes dos valores herdados do contato com os europeus. Pelo mesmo processo de silenciamento passaram os negros africanos, que despatrializados foram utilizados como mãodeobra escrava. Embora esses grupos étnicos tenham vivenciado essas diferentes formas de violência, por meio desses processos que eles passam a construir territorialidades, laços de parentesco e relações de resistência que os permitiram permanecer resistindo na atualidade. Considerando essas narrativas, buscamos neste artigo, discutir a trajetória dos estudos póscoloniais no sentido de entender o desenvolvimento dessas teorias, bem como analisar o processo histórico de territorialização do litoral sul paraibano considerando o processo colonial e as relações de subalternidade dos grupos étnicos que se identificam na atualidade como indígenas e quilombolas. O artigo foi produzido a partir de pesquisa documental e bibliográfica, realizadas em acervos particulares, nas bibliotecas central e setoriais da Universidade Federal da Paraíba, arquivo público do Estado da Paraíba, arquivo da Biblioteca Nacional e Portal da Capes. Utilizamos como referencia, autores como Said (2011), Spivak (2003;1994), Hall (2003;2006) e 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 5/7 Bhabha (1998). Cabe destacar que essas relações subalternas de escravidão e servidão, permitiram que houvessem, mesmo que perversamente: relação de reciprocidade; mistura étnica – formação de laços de parentesco comum e resistência territorial. Vivendo entrelugares, esses grupos estabeleceram relações recíprocas, como as que se deram por meio do sincretismo religioso negro e indígena do litoral sul, a partir a introdução do uso da Jurema nos rituais religiosos dos negros. Esses mesmos grupos foram denominados no século XIX como homens pobres livres, observada como estratégia de permanência da condição de subalternidade. Download do Trabalho Sessão 3 "Você está no lugar errado": a fronteira entre harmonia e tensão racial no Brasil Autores/as: Nathalia de Ávila Duarte Este trabalho trata da questão do lugar social dos negros e negras na sociedade brasileira. Analiso o imaginário a respeito do lugar socialmente determinado para negros e negras historicamente, com ênfase em três ideologias racialistas dominantes no Brasil em diferentes períodos, começando pelo racismo científico de finais do século XIX, passando pelo posterior ideal de branqueamento e terminando com a ideia de democracia racial – que apesar de formulada na década de 40, é muito presente no imaginário brasileiro até os dias atuais. Para atualizar a discussão, alio à revisão histórica, a análise de notícias de casos recentes de racismo, nos quais é possível perceber a centralidade da questão do lugar simbólico dos negros e negras nos momentos de eclosão de tensões raciais. Importante ressaltar que “lugar” é entendido aqui como espaço físico propriamente dito, mas também como lugar de submissão, lugares estes construídos historica e socialmente e muito marcados pelo passado escravista do país. Os casos analisados indicam que a democracia racial brasileira é tão mais democrática quanto mais os(as) negros(as) se encontram nos lugares sociais a que são relegados. A transgressão de tais lugares, no entanto, gera situações de tensão racial, que assumem diferentes formas segundo a situação. Comum a todos os casos analisados é o fato de que a tensão racial é iniciada por brancos(as) que se sentem incomodados com a presença de negros(as) em um determinado lugar ou com a atitude de insubordinação dos(as) mesmos(as). Este trabalho pensa o racismo como um fenômeno complexo e multidimencional e não se pretende conclusivo no que tange à discussão do lugar dos(as) negros(as) no sistema racial brasileiro, mas busca abrir caminhos e esboçar respostas para a questão da eclosão da tensão racial na nossa sociedade e, consequentemente, fornecer elementos para a discussão sobre políticas públicas que visam a superação da discriminação racial. Download do Trabalho Afrodescendencia y decolonialidad. Aportes para la construcción de otro relato antropológico. Autores/as: Milena Annecchiarico En este trabajo me propongo presentar algunos debates teóricos en relación a la afrodescendencia en América Latina, a partir de estudios antropológicos significativos que se realizaron en Argentina y en Cuba en el siglo XX. El propósito de esteejercicio teórico es intentar articular la teoría decolonial con los estudios afro, moviéndome en estos dos contextos de producción, Cuba y Argentina, desde donde desarrollo mi investigación actual de doctorado. La africanía y la africanidad, han sido elaboradas en Cuba a partir de los estudios de Fernando Ortiz a mediados del siglo XX, y han sido sucesivamente recuperadas por los intelectuales cubanos, para resignificar las experiencias de resistencias culturales y políticas en seno de la Revolución Socialista. Mientras, en Argentina son escasos los estudios sobre la población afro, dada por desaparecida, con la notable y brillante excepción de Néstor Ortíz Oderigo, quien dejará una amplia obra escrita sobre los múltiples aportes de los afroargentinos a la cultura nacional. Luego, desde los años ’90 y los 2000, en un contexto internacional de multiculturalismo globalizado de derechos culturales y de racismo persistente, se comienza a reflexionar en Cuba sobre la cuestión racial y en Argentina sobre la presencia de los afrodescendientes en la actualidad, siendo ambas cuestiones bastante marginales en las producciones científicas locales, así como en los debates públicos. En estos últimos años finalmente, emergen estudios desde las Ciencias Sociales latinoamericanas que conforman lo que se definió como teorías decoloniales, que se proponen entre otras cosas, una renovación del lenguaje teórico así como de los paradigmas políticos en la época actual, explorando para ello las ontologías alternativas a las dominantes (cfr. Lander Edgardo comp., La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Perspectivas latinoamericana. Buenos Aires: CLACSO 2000; Santiago CastroGómez y Ramón Grosfoguel comp., El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores 2007). Me propongo entonces tratar de articular las reflexiones producidas desde los estudios afro en Argentina y en Cuba y la teoría decolonial, en relación a dimensiones de la experiencia afrolatinoamericana. Os Postos e as Aldeias: Lugares para estar e viver Autores/as: Lucybeth Camargo de Arruda O recorte espacial desta comunicação está situado no movimento das ações amiúdes, captadas pelas lentes dos fotógrafos da Seção de Estudos do Serviço de Proteção aos Índios, que moviam os espaços de alguns postos indígenas no Estado de Mato Grosso. O exercício parte das imagens produzidas pelos fotógrafos da Seção de Estudos do Serviço de Proteção aos Índios e segue a documentação textual do próprio Serviço e etnografias da época. Ao deslocar o olhar para o que está fragmentado nas imagens, num plano indiciário, deparamos com questões e situações que estão para além da construção imagética do índio selvagem versus o índio caboclo e assimilado aldeados nos postos. A hipótese caminha no sentido de que o índio que morava ou visitava o posto indígena, seja do Córrego Grande, do Posto Taunay, Cachoeirinha, São Lourenço ou Simões Lopes, estava a todo o momento, ativo e participativo, muito além da dicotomia selvagem/assimilado. Ele estava literalmente na fronteira, perfazendo mobilidades dentro e/ou fora da delimitação do posto. As imagens nos dão conta de um Bororo, Terena ou Bakairi em trânsito, indo e vindo, trocando, comprando, vendendo, trabalhando, estudando, dançando, agindo e atuando, enfim, vivendo. Em muitas situações, revela um índio presente que está compondo e constituindo o posto indígena, mas, também, revela sinais de atividade e criatividade nesse ato de estar e fazer parte do posto. Download do Trabalho Quilombos na “Terra da luz”: identidade e territorialidade de comunidades negras rurais no Ceará Autores/as: Luciana Dalmeida Chermont Kaminski A história dos negros no Ceará tem sido marcada por conflitos e pela violência, desde um passado escravista, de um projeto colonizador e incompatível com a presença de tais povos, até um presente de negação de direitos sociais básicos a essas populações. O estado do Ceará é conhecido como a "Terra da Luz" por ter sido a primeira província brasileira a abolir a escravidão em março de 1884, quatro anos antes da lei Áurea, em maio de 1888. O Instituto Histórico e Geográfico do Ceará criou o imaginário que a estrutura econômica do Estado baseada em pequenas lavouras e criação de gado bovino, não favorecia o emprego de mãodeobra cativa em larga escala. Dessa forma, os pensadores desta instituição chegaram à conclusão que a população negra estava em pequena quantidade e tenderia a desaparcer com os processos de miscigenação. O silenciamento e a negação seriam estratégias adotadas por um longo período. No entanto, com o advento do “artigo 68” e com a intensa mobilização de atores internos e externos em todo 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 6/7 país pela regularização dos territórios quilombolas, iniciase no Ceará um processo de mobilização de algumas comunidades em torno dos direitos étnicos e territoriais, rompendo com o silêncio que a historiografia oficial havia imposto e reafirmando suas identidades étnicas como estratégia na luta pelo direito ao território. Nesse contexto, a proposta do artigo é analisar como conceitos de quilombo, identidade étnica e territorialidade são construídos e acionados pelas comunidades negras rurais no Ceará, a partir de uma perspectiva pós colonial. A perspectiva crítica adotada é inspirada, entre outras referências teóricas, na questão da subalternidade porposta por Spivak (2010) considerando o debate contemporâneo sobre as relações raciais, na problematização do Hall (2008, p. 58) da construção da identidade como “uma onda de similaridades e diferenças, que recusa a divisão em oposições binárias fixas”, e na noção de “territorialização” proposta por Pacheco de Oliveira (2004) de pensar o território como dimensão estratégica na incorporação de populações etnicamente diferenciadas dentro de um Estadonação. É importante ressaltar que, no Ceará não existe nenhum território com titulação definitiva e apenas 17 procedimentos administrativos abertos no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O movimento quilombola, CERQUICE (Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Ceará), aponta para mais de 100 comunidades quilombolas. Diante da lentidão nos processos legais de regularização fundiária e do avanço proprietários, posseiros e da especulação imobiliária em seus territórios essas comunidades resistem, elaboram suas estratégias de sobrevivência e manutenção de seus territórios. Quilombos na “terra da luz”: identidade e territorialidade de comunidades negras rurais no ceará. Autores/as: Daniele Cristine Gadelha Moreno, Luciana D’Almeida Chermont Kaminski (UFC/CE) A história dos negros no Ceará tem sido marcada por conflitos e pela violência, desde um passado escravista, de um projeto colonizador incompatível com a presença de tais povos, até um presente de negação de direitos sociais básicos a essas populações. O estado do Ceará é conhecido como a "Terra da Luz" por ter sido a primeira província brasileira a abolir a escravidão em março de 1884, quatro anos antes da lei Áurea, em maio de 1888. O Instituto Histórico e Geográfico do Ceará criou o imaginário que a estrutura econômica do Estado baseada em pequenaslavouras e criação de gado bovino, não favorecia o emprego de mãodeobra cativa em larga escala. Dessa forma, os pensadores desta instituição chegaram à conclusão que a população negra estava em pequena quantidade e tenderia a desaparcer com os processos de miscigenação. O silenciamento e a negação seriam estratégias adotadas por um longo período. No entanto, com o advento do “artigo 68” e com a intensa mobilização de atores internos e externos em todo país pela regularização dos territórios quilombolas, iniciase no Ceará um processo de mobilização de algumas comunidades em torno dos direitos étnicos e territoriais, rompendo com o silêncio que a historiografia oficial havia imposto e reafirmando suas identidades étnicas como estratégia na luta pelo direito ao território. Nesse contexto, a proposta do artigo é analisar como conceitos de quilombo, identidade étnica e territorialidade são construídos e acionados pelas comunidades negras rurais no Ceará, a partir de uma perspectiva pós colonial. A perspectiva crítica adotada é inspirada, entre outras referências teóricas, na questão da subalternidade porposta por Spivak (2010) considerando o debate contemporâneo sobre as relações raciais, na problematização do Hall (2008, p. 58) da construção da identidade como “uma onda de similaridades e diferenças, que recusa a divisão em oposições binárias fixas”, e na noção de “territorialização” proposta por Pacheco de Oliveira (2004) de pensar o território como dimensão estratégica na incorporação de populações etnicamente diferenciadas dentro de um Estadonação. É importante ressaltar que, no Ceará não existe nenhum território com titulação definitiva e apenas 17 procedimentos administrativos abertos no INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O movimento quilombola, CERQUICE (Coordenação Estadual das Comunidades Quilombolas do Ceará), aponta para mais de 100 comunidades quilombolas. Diante da lentidão nos processos legais de regularização fundiária e do avanço proprietários, posseiros e da especulação imobiliária em seus territórios essas comunidades resistem, elaboram suas estratégias de sobrevivência e manutenção de seus territórios. Download do Trabalho “Sobre a remessa da petição do Vig.º José Ferreira de Lima Sucupira, advogado dos Indios”: questão de terras e reivindicações indígenas no Ceará provincial Autores/as: Eloi dos Santos Magalhães O estudo que apresento busca enfocar a “unidade de compreensão” (Simmel, 2011) constituída pelo conjunto de fenômenos relacionados com a atuação do vigário José Ferreira de Lima Sucupira como mediador das reivindicações indígenas dirigidas ao governo imperial, e, obviamente, refletidas no âmbito local da província do Ceará (século XIX). Para tanto, no âmbito de uma antropologia histórica (Oliveira, 1999), utilizo ofícios ministeriais e provinciais, além de outras fontes históricas, a partir de uma postura crítica e interpretativa, de modo a refletir sobre quadros interativos particularizados. Essa pesquisa faz parte de esforços de análise desenvolvidos nos últimos anos por antropólogos e historiadores interessados em processos étnicos obscurecidos e manipulados por um discurso legitimador oficial. “Visualidades da Dança do Espontão” Danças Afrobrasileiras como Possibilidade de uma Educação Multicultural Autores/as: Suély Gleide Pereira de Souza As práticas educativas referentes à vivência cotidiana dos povos africanos, pautados nas crenças, nas produções artísticas, na expressividade verbal e não verbal, na religiosidade e nas relações familiares, precisam ser evidenciadas, dentro da escola. Sob a perspectiva de considerar esses conhecimentos importantes substratos para formulação de políticas educacionais que valorizem os saberes desse grupo étnico que participou ativamente na formação da sociedade brasileira. Essa pesquisa propõe intervenções nos currículos das escolas de dois municípios do Rio Grande do Norte Parelhas e Jardim do Seridó, pleiteando para que sejam inclusos novos conteúdos nos programas para a Educação Básica que envolvam, eficazmente, a cultura afrobrasileira, propiciando, desta forma, meios de recuperar e desvelar elementos estéticos desta tradição, presentes nestas comunidades do Seridó Potiguar. A elaboração e composição de narrativas, a partir das visualidades da dança do Espontão da comunidade quilombola da Boa Vista, em Parelhas, no Rio Grande do Norte/RN, que se apresenta até hoje para a comunidade seridoense, principalmente na cidade de Jardim do Seridó/RN, como sinal de afirmação étnica e de mobilização política, possibilitará a reflexão sobre o poder simbólico desse fenômeno de representação coletiva para a construção de identidades. Essas narrativas podem ser vistas como forma de interação social, ou seja, revitalização e perpetuação das danças como fenômeno identitário da comunidade afrobrasileira. 23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 7/7 Compartilhe | Desenvolvido por Dype Soluções REALIZAÇÃO APOIO
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