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29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) 049

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23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
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049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
       
049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do
Colonialismo
Coordenador/a: João Pacheco de Oliveira Filho (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Isabelle Braz Peixoto da
Silva (Universidade Federal do Ceará)
O processo de formação nacional (state building) é marcado pela exclusão de índios e negros, cuja presença na vida
social e política, bem como sua relevância econômica e identitária , é negada de forma sistemática. Os trabalhos de
antropólogos  e  historiadores  desenvolvidos  nas  últimas  décadas  aportaram  informações  antes  desconhecidas  (ou
desconsideradas em termos analíticos) sobre estratégias e impactos das populações subalternizadas na organização
da sociedade brasileira, propiciando o surgimento de um conjunto bastante representativo de trabalhos inovadores. O
objetivo  deste  GT,  evitando  o  isolamento  dos  estudos  indígenas  daqueles  da  população  afrodescendentes,  seja
focalizando a escala local e regional ou estudando fenômenos nacionais ou transnacionais, é permitir um debate sobre
as  pesquisas  recentes  ou  em  andamento,  de  maneira  a  estimular  a  reflexão  e  propiciar  a  exploração  de  eixos
analíticos novos relacionados ao domínio de uma antropologia do colonialismo.
Programação
Sessão 1
Aquilombamento  contemporâneo  no  Maranhão:  estratégias  de  luta  por  direitos  territoriais
quilombolas
Autores/as: Marivania Leonor Souza Furtado, Marivania Leonor Souza Furtado
Com  a  promulgação  da  chamada  Constituição  Cidadã,  em  1988,  mudanças  no  plano  formal  foram
desencadeadas  no  tratamento  das  populações  negras  e  indígenas,  agora  entendidas  como  integrantes  do
processo civilizatório da nação brasileira, sendo garantidas a estas a manutenção e proteção de suas práticas
culturais, além de garantias constitucionais específicas quanto à titulação dos territórios aos remanescentes de
quilombos.  No  presente  contexto,  em  que  se  consolidaram  as  lutas  políticas  em  torno  de  territórios  sociais
etnicamente  configurados,  as  comunidades  tradicionais  se  mobilizam  politicamente,  passando  de  uma
existência  atomizada  para  uma  existência  coletiva.  No  que  diz  respeito  às  demandas  das  comunidades
quilombolas, tal passagem da invisibilidade da condição de “quilombo em si, para a condição de quilombo para
si”, tem sido possibilitada pelo movimento sócioterritorial que defino como aquilombamento. Tal conceito seria
uma ressemantização do termo cunhado nos períodos colonial e imperial que designava o processo histórico de
formação  de  territórios  livres  da  escravidão. Da mesma  forma  que  o  conceito  de  quilombo  careceu  de  uma
ressemantização  para  que  sua  aplicabilidade  na  atualidade  abarcasse  uma  gama  de  situações  sociológicas
específicas,  a  inserção  das  comunidades  quilombolas  no  processo  de  luta  por  direitos  territoriais  e  sociais
específicos  impõe  uma  redefinição  do  que  se  entenderia  por  aquilombamento  no  contexto  atual,  o  que
possibilita entender a dinâmica da construção de uma cidadania diferenciada dentro dos marcos de um Estado­
nação  “pós­colonial”  efetivada  pelo  protagonismo  das  comunidades  quilombolas.  O  aquilombamento
contemporâneo tem revelado uma tensa e contraditória  relação dos povos e comunidades  tradicionais com o
poder  público,  uma  vez  que  rediscute  a  terra  como  mercadoria,  apresenta  processos  de  territorialização
específicos  e  aponta  novas  identidades  afrodescendentes.  A  partir  do  trabalho  etnográfico  da  comunidade
quilombola  do  Rio  Grande  (entre  os  anos  de  2008  a  2011)  e  do  Movimento  Quilombola  do  Maranhão  –
MOQUIBOM verificou­se a passagem da condição daquela comunidade de quilombo “em si” para a condição de
“quilombo para si”, assim como se pode constatar nas ações estratégicas do MOQUIBOM, sobretudo nos anos
de 2010 a 2012, a retomada da pauta pela titulação de territórios étnicos quilombolas o que tem colocado em
questão a estrutura concentradora de terras no Maranhão.
 
 
Download do Trabalho
Colonialismo  do  Poder:  a  subjetividade  estatal  na  negação  da  presença  indígena  no  Ceará  e  a
construção sociohistórica do território Tremembé de Queimadas, em Acaraú­CE.
Autores/as: Ronaldo de Queiroz Lima
O conflito entre populações indígenas e latifundiários no Brasil vem se intensificando nos últimos anos, apesar
de nas últimas décadas o movimento indígena ter conquistado avanços significativos na demarcação de terras.
A  ocupação  da  Câmara  federal  em  2013  que  ficou  conhecida  como  “abril  indígena”  mostrou  a  força  da
articulação nacional do movimento, que teve resposta do Estado brasileiro meses depois com a paralisação de
todas  as  demarcações  de  terras.  A  articulação  política  entre  líderes  da  bancada  ruralista,  Ministério  da
Agricultura, EMBRAPA (Empresa brasileira de pesquisa e agropecuária) e Gleisi Hoffmann, ex­ministra da casa
civil,  resultou na necessidade de criar novas  regras para a demarcação de  terra  indígena  incluindo membros
dos órgãos supracitados. Essa proposta rompe com a exclusividade constitucional da FUNAI (Fundação Nacional
do  Índio) no procedimento demarcatório, o que é uma ofensiva ao direito originário a  terra. Essa conjuntura
deu novo fôlego para o Projeto de Emenda Constitucional 215/2000 sair da gaveta e caminhar no Congresso. 
Então,  o  conflito  em  torno  do  direito  originário  a  terra  não  está  somente  na  dimensão  fundiária,  mas,
sobretudo,  no  patamar  dos  projetos  políticos  para  o  campo  que  auxiliam,  predominantemente,  pequenos  e
grandes produtores, de tal forma, que atropelam o direito indígena a terra. Aquela articulação política reflete o
plano econômico brasileiro de desenvolvimento que objetiva a expansão da fronteira agrícola e a ampliação da
matriz energética hidroelétrica. Este projeto estatal vem atingindo terras indígenas (TI) de distintas etnias, por
vezes  diminuindo  o  perímetro  das  TIs  ou  impedindo  o  acesso  a  elas.  Essas  realidades  sobrepujam  a
Constituição de 1988, especialmente o artigo 231 que regulamenta o direito originário a terra para a população
indígena brasileira. O projeto do desenvolvimento brasileiro, simbolizado pelo PACs (Programas de aceleração
do  crescimento),  na  prática  fere  regimentos  internacionais  dos  quais  o  Brasil  é  signatário,  tais  como  a
resolução  169  da  Organização  Internacional  do  Trabalho  (OIT),  no  que  tange  a  consulta  das  populações
indígenas e tribais no caso de construção em seus territórios, e a Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas
da Organizaçãodas Nações Unidas (ONU).
03 a 06 de agosto de 2014
03/08 Abertura no Centro de Convenções de Natal-RN
04 a 06/08 no Campus Central da UFRN
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23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 2/7
O cenário político econômico brasileiro contemporâneo reflete uma trajetória histórica colonial de ocupação e
produção  nas  terras  brasílicas  que  só  foram  possíveis  através  de  aliança  com  vários  povos  indígenas.  No
Ceará, se destaca a aliança com o povo Tabajara como força militar na luta para dominar os índios rebeldes, os
Tapuias, e expulsar  invasores  franceses e holandeses, conquistando o respectivo território. A  lei de terras no
século XIX reconfigura a organização fundiária no Brasil tornando as populações indígenas invisíveis aos olhos
do produtivismo agrário que se compunha com a força do Estado imperial ao reconhecer as terras brasileiras
como propriedades produtivas e individuais, distanciando­se da realidade indígena de uso coletivo dos recursos
naturais.  O  relatório  provincial  de  1863,  no  Ceará,  somou  força  à  política  fundiária  nacional  ao  negar  a
existência de índios na respectiva província, o que abriu as portas para o monopólio do uso individualizado da
terra para fim de produção agropecuária. 
 Contudo,  Estado  brasileiro,  na  esfera  nacional,  estadual  e  municipal,  desenvolveu  uma  subjetividade  que
compreende o solo como meio para produção agrícola, o que elucida a operação da lógica capitalista no uso da
terra,  o  que  incidiu  na  própria  ocupação  geográfica  do  território  nacional.  Outro  fator  que  compôs  a
subjetividade colonial do estado brasileiro reflete a inferiorização do modo indígena de uso da terra, sendo ele
compreendido como atrasado e retrógrado. Esse é o reflexo da intelectualidade do século XIX onde as ideias da
ciência moderna positivista na classificação dos  “primitivos” e  “selvagens” gerou uma  ideologia de progresso
com a eliminação dos índios, representação do retrógrado. Por outro lado, a cosmovisão indígena compreende
a  terra  como meio  para  viver,  cujas  relações  com  o  solo,  com  as  águas  disponíveis  e  as  matas  têm  uma
dimensão  corpórea  e  extracorpórea,  espiritual.  Essa  última,  por  sua  vez,  corresponde  a  tradições  culturais
ancestrais  impressas  no  território  que  ocupam  e  se  chocam  com  o  capitalismo  agrário  brasileiro,  a  pedra
fundamental da economia nacional. 
 Então, este  trabalho visa desenvolver  reflexões sobre o que é a  terra segundo a compreensão  indígena, e a
etnia  interlocutora  é  a  Tremembé.  Para  tanto,  a  primeira  parte  visa  localizar  a  trajetória  histórica  do  povo
Tremembé no Ceará e as relações com a sociedade colonizadora. No segundo momento, busca­se perceber o
processo migratório desse povo e a edificação de Queimadas enquanto  terreno étnico em meio aos conflitos
estabelecidos entre os Tremembé e uma família de fazendeiros em Acaraú, e a posterior investida do Estado no
esbulho da terra de Queimadas através da implantação do Projeto "Perímetro Irrigado Baixo Acaraú", ação da
política  nacional  de  irrigação  do  governo  Sarney.  O  terceiro momento  visa  discutir  a  construção  cultural  do
território Tremembé de Queimadas através dos trabalhos espirituais de pajelança, dando ênfase a conectivos
culturais  desse  povo  com  a  sua  terra  tradicional.  Dessa  forma,  objetiva­se  mostrar  elementos  culturais
Tremembé que possibilitem pensar a organização fundiária brasileira segundo uma óptica descolonial.
  
Download do Trabalho
 
Etnias, Fluxos e Fronteiras: Processo de Emergência Étnica de um grupo Cariri em Queimada Nova – PI
Autores/as: Cinthya Valeria Nunes Motta Kos
A presença  indígena  foi,  desde o princípio da história do Piauí,  invisibilizada, o estado  foi um dos últimos do
Brasil  a  reconhecer  e  admitir  a  existência  de  uma  história  indígena  e  considerar  o  ressurgimento  de  uma
cultura autóctone. A resistência a este reconhecimento tem embasamento na ideia de extermínio total desses
grupos,  replicada  nos  registros  oficiais.  Os  grupos  que  tem  reivindicado  recentemente  o  reconhecimento
enquanto grupos indígenas passam por diferentes tipos de desconfianças, pelos diferentes setores da sociedade
piauiense, na maioria dos  casos  referentes a uma  "repentina" auto declaração,  considerada muita das vezes
baseada  em  critérios  fictícios  por  não  apresentarem  distintividade  cultural  e  fenotípicas  que  os  caracterizem
como indígenas, baseadas num representação da idealização do protótipo xinguano. No município de Queimada
Nova no sudeste do Piauí, um grupo indígena vinculado a etnia Cariri, demanda reconhecimento pelos órgãos
competentes. A localização geográfica em que esse grupo se encontra denuncia tal vinculação ­ em uma região
fronteiriça entre os estados do Pernambuco e da Bahia, área de ocorrência desses grupos. No mês mo local há
também a existência de outros grupos étnicos; grupos quilombolas que detêm um amplo reconhecimento nos
movimento sociais por sua organização política. Este trabalho tem como objetivo investigar as condições locais
que  favoreceram  tal  situação de  "etnogênese",  analisando o papel das  relações  intersocietárias  (com grupos
quilombolas) na formação de uma identidade étnica, considerando a peculiaridade do espaço geográfico onde
estas se desenrolam e os limites físicos e simbólicos (fronteiras físicas e étnicas) no qual estão inseridos. 
Download do Trabalho
Indios, Negros e Mestiços nas Aldeias e Sertões do Rio de  Janeiro:  classificações étnicas e  relações
político­sociais
Autores/as: Maria Regina Celestino de Almeida
Pesquisas interdisciplinares recentes têm abordado as culturas e as etnicidades de diferentes povos indígenas e
africanos  como  produtos  históricos,  dinâmicos  e  flexíveis  que  continuamente  se  transformam  através  da
experiência dos agentes sociais em contato, o que conduz à idéia de identidades plurais e à percepção de que
as categorias étnicas são historicamente construídas e adquirem significados distintos conforme os tempos, os
espaços  e  os  agentes  sociais  em  contato.  Neste  trabalho  pretende­se  refletir  sobre  alguns  significados  das
categorias de índios, negros e mestiços, enfocando prioritariamente os  índios aldeados do Rio de Janeiro, em
suas  relações  de  conflito  e  negociação  com  os  demais  grupos  étnicos  e  sociais  com  os  quais  interagiam. O
período priorizado é o das reformas pombalinas até o século XIX, quando as interações entre os aldeados e os
não  índios  tornaram­se  mais  intensas  e  as  propostas  de  mestiçagem  para  a  incorporação  das  populações
indígenas às sociedades (colonial e pós­colonial) passaram a integrar as políticas indigenistas. As classificações
étnicas  e  seus  respectivos  significados  para  os  diferentes  agentes  constroem­se  e  alteram­se  de  forma
referencial entre os sujeitos e grupos que interagem. Apesar das lacunas, alguns indícios em diferentes tipos de
fontes  (correspondência oficial,  relatos de viajantes, censos, documentos cartoriais e paroquiais, documentos
sobre conflitos, incluindo petições dos grupos subalternos) apontam para a preocupação dos diferentes atores
com  as  classificações  nas  diversas  categorias  que  lhes  davam  um  lugar  na  hierarquia  social  de  suas
sociedades,  podendo  trazer­lhes  prejuízos  ou  ganhos.  A  problematização  das  contradições  presentesnos
documentos  nos  permite  pensar  sobre  as  formas  como  essas  identificações  podiam  ser  vistas,  usadas  e
apropriadas pelos vários agentes envolvidos, incluindo registradores e registrados. É essencial refletir sobre as
possíveis compreensões que os próprios grupos tinham a respeito das categorias utilizadas para classificá­los,
considerando as  intensas  relações estabelecidas entre eles. Africanos e afrodescendentes  interagiam com os
índios  de  diferentes  formas  nas  aldeias,  vilas,  sertões  e  provavelmente  quilombos  do  Rio  de  Janeiro  e  lhes
davam importante referencial de identificação. Este trabalho enfoca basicamente os índios aldeados do Rio de
Janeiro,  procurando  pensar  como  eles  se  viam  em  relação  aos  demais  grupos  com  os  quais  interagiam,
especialmente  negros  e  mestiços,  analisando  suas  relações  políticas  e  sociais,  bem  como  a  construção  de
discursos sobre suas identidades e lugares sociais. 
O Negro como “Problema”: A Escravidão no Conselho de Estado (1841­1889)
Autores/as: Ricardo Bruno da Silva Ferreira
No decorrer do século XIX, a abolição se tornara um assunto premente na imprensa, na opinião pública e nos
círculos políticos. A  importância da escravidão para a economia nacional,  as pressões  internacionais  sofridas
pelo Brasil e a radicalização dos movimentos emancipatórios demandavam uma solução a ser encontrada pelos
estadistas do Império. Tendo em vista a gama de interesses em jogo, o Conselho de Estado se reuniu durante
décadas  para  tratar  da  temática  escravista  dispondo  de  propostas  pontuais  para  equacionar  o  problema.  O
colegiado rejeitava a adoção de ações radicais que pusessem em risco a estabilidade política e econômica do
Império.  A  entidade  não  se  mostrou  insensível  ao  crescimento  dos  anseios  abolicionistas  na  sociedade
23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
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monárquica,  sendo  responsável  pela  criação  do  projeto  que  deu  origem  a  lei  do  Ventre  Livre,  em  1871.  A
proposta por ações graduais visava atender minimamente às demandas abolicionistas dentro e fora do Brasil,
sem,  no  entanto,  perder  importante  base  de  apoio  político,  os  senhores  de  terras  e  de  escravos.  Conforme
observamos nas Atas do Conselho de Estado, não havia uma preocupação por parte dos membros da entidade
na integração futura dos negros à sociedade monárquica. Neste artigo, abordamos a temática abolicionista no
que  concerne ao Conselho de Estado de D. Pedro  II,  que  teve  funcionamento no período que  se estende de
1841  a  1889.  Composta  por  eminentes  políticos  do  Império,  o  Conselho  de  Estado  operou  como  um  órgão
consultivo destinado a auxiliar o  Imperador em assuntos de  relevância nacional. Diversas  foram as questões
tratadas pelo Conselho ao  longo do Segundo Reinado, com destaque para as reformas eleitorais, as disputas
diplomático­militares  com  os  países  fronteiriços  e  a  abolição.  O  referencial  civilizatório  para  este  seleto
colegiado era a Europa, notadamente, a Inglaterra e a França. O Brasil estaria, para muitos, em descompasso
com as luzes do século, com parâmetros mínimos de civilidade e de respeito às liberdades civis ao perpetuar
em  sua  ordem  social  o  flagelo  da  escravidão.  A  questão  abolicionista  se  configurava  como  uma  questão  de
complexa  solução,  em que o negro não era  tomado  como parte  ingressante da  sociedade  futura, mas  como
problema.  Em nossa  investigação,  fazemos  uso  de  fontes  primárias,  como  a  leitura  e  a  análise  das  Atas  do
Conselho  de  Estado,  bem  como  a  produção  textual  de  indivíduos  que  integraram  a  instituição.  Recorremos
também à bibliografia acadêmica acerca do tema e a uma série de arquivos históricos. 
  
Download do Trabalho
 
Participação  política  indígena  na  Cabanada:  índios  cabanos  e  “fiéis  governistas”.  Pernambuco  e
Alagoas, 1832­1835.
Autores/as: Mariana Albuquerque Dantas
O  objetivo  principal  desse  trabalho  é  analisar  as  diferentes  dimensões  da  participação  política  indígena  na
Guerra dos Cabanos, revolta ocorrida nas províncias de Pernambuco e Alagoas entre os anos de 1832 e 1835.
O  intuito  é  compreender  as  motivações  e  os  interesses  dos  grupos  indígenas  de  Jacuípe  (Alagoas)  e  de
Barreiros (Pernambuco) que tiveram participação mais intensa na revolta iniciada por membros das elites locais
prejudicados pela abdicação de d. Pedro  I em 1831.  Inseridos nas contendas e nos  jogos políticos  locais, os
índios  de  Barreiros  e  Jacuípe  se  envolveram  nos  embates  armados  de  maneiras  diferentes.  Os  índios  de
Jacuípe apresentaram um envolvimento  intenso ao  lado dos  cabanos,  estabelecendo alianças  com  lideranças
populares como Vicente Ferreira de Paula. Por  sua vez, muitos  índios de Barreiros ajudaram na  repressão à
revolta, sendo comandados por Agostinho José Pessoa Panaxo Arcoverde. Enquanto outra parte dos índios de
Barreiros liderada por Bento José Duarte se uniu aos cabanos fazendo ataques pela região em que circulavam.
Assim, observamos o posicionamento de índios dos dois grupos em campos opostos dos conflitos, bem como a
cisão  interna  do  aldeamento  de  Barreiros,  formando  duas  facções  encabeçadas  por  líderes  indígenas  com
diferentes escolhas políticas. A partir dos apoios mútuos, das rivalidades e das divisões originadas nas aldeias,
observamos que é  fundamental a compreensão das suas dinâmicas  internas. Com isso podemos entender as
motivações  indígenas e também abordar aspectos sobre o seu envolvimento na formação do Estado nacional
brasileiro no século XIX. A manutenção do território das aldeias diante das constantes invasões de não índios
foi o principal motivo para que os indígenas se envolvessem de maneira coletiva nessa revolta. Por outro lado,
interesses individuais de um chefe indígena, com grande poder de liderança na sua aldeia e influência política
na  localidade,  poderia  impulsionar  seus  comandados  a  participar  de  conflitos  armados.  Portanto,  havia
diferentes interesses e expectativas entre os indígenas para se envolverem nos conflitos das elites, originados
no conturbado contexto do Período Regencial. A análise numa escala mais localizada deve ser, então, articulada
às questões mais amplas relacionadas à formação do Estado brasileiro no período. Através dessa perspectiva
torna­se possível discutir as possibilidades e  limites para o exercício da cidadania pelos  indígenas. E também
compreender  as  revoltas  do  período  como  elementos  constituintes  do  processo  de  construção  do  Estado
nacional,  que  levou  à  elaboração  de  espaços  para  o  exercício  informal  da  cidadania  e  para  a  participação
política de diferentes grupos indígenas. 
Sessão 2
Insurgências em questão: movimento social quilombola e a etnização da política no Maranhão
Autores/as: Igor Thiago Silva de Sousa
Este trabalho apresenta­se como um esforço no sentido de tentar compreender as especificidades e estratégias
de  luta do MOQUIBOM  (Movimento Quilombola do Maranhão), movimento  social  que  se organiza  em  idos de
2010, ao aglutinar como ator político comunidades quilombolas, tendo em vista a garantia de direitos territoriais
presentes na constituição de 1988, através de atos, manifestações e ocupações dos órgãos responsáveis pelo
processo de titulação dos territórios quilombolas. Neste sentido, chama atenção suas estratégias de  luta bem
como a denúncia de casos de violência no campo, ao utilizar como força política pertenças de caráter étnico,
trazendo  a  tona  maneiras  específicas  de  luta  e  um  “fazer  política”.  Para  isso,  partiu­se  deuma  análise
macrossocial das estruturas dos movimentos sociais, com o objetivo de entendimento de suas características
mais gerais, sem, no entanto, esquecer­se das especificidades que cada movimento social possui, bem como os
contextos históricos em que ganham destaque, onde tipo sociais encontram­se historicamente despossuídos no
aspecto  de  propriedade  formal  da  terra,  a  saber,  camponeses  descendentes  de  africanos  escravizados  no
Brasil. Analisou­se o MOQUIBOM tendo em vista os marcos de representação social expressos em seus atos e
protestos,  bem  como  em  reuniões  junto  a  comunidades  quilombolas  onde  percebeu­se  a  presença  da  cruz
como marco balizador interno e elemento aglutinador junto aos setores comunitários; já os toques de tambor
como  marco  de  expressão  da  diferença,  assegurando  o  movimento  a  visibilidade  como  segmento  social
diferenciado, onde tem­se como característica uma mística que une fé cristã e religiosidade de matriz africana.
.  Para  essa  análise  se  fez  uso,  como  instrumento  metodológico,  a  observação  direta  em  mobilizações,
ocupações  e  encontros  promovidos  por  este  movimento  tendo  em  vista,  relacionar  as  similaridades  e
diferenciações  na  luta  por  efetivações  de  direitos  entre  o  movimento  analisado  e  outras  entidades  do
movimento  negro  local.  Assim  pode  ser  percebido  um  movimento  cuja  dinâmica  se  mostra  diferente  dos
“movimentos  clássicos”,  (Trotsky  2001;  Luxemburgo  1976)  na  medida  em  que  seu  fator  agregador  não
perpassa tão somente por uma questão de classe, nem pelos aparatos usais de consolidação dos movimentos
sociais, mas pode ser entendido como um “novo movimento social”, (Melucci 2001; Almeida 2011) na medida
em  que  se  mostra  tendo  por  base  de  aglutinação  a  auto­definição  e  o  uso  da  etnicidade  como  forma  de
garantia e pressão por direitos constitucionais já pactuados. 
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Nina Rodrigues e o discurso sobre "As raças” na formação da Nação Brasileira
Autores/as: Débora de Jesus Lima Melo
Trata­se de uma análise sobre o discurso elaborado acerca das relações raciais no século XIX no Brasil, tendo
como  foco  principal  a  produção  teórica  do  estudioso maranhense  e médico  Raimundo  Nina  Rodrigues  e  sua
concepção acerca das  “raças humanas”. Nina Rodrigues é apresentado  como parte do  contexto em que está
inserido,  considerando­se  seus  alinhamentos  teóricos  e  sua  ocupação  institucional,  o  que  endossa  o
pressuposto que sua atuação obedecia à injunções do momento, a interesses localizados e a própria situação
da  ciência  no  período  em  que  vive.  O  contexto  referido  é  marcado  pela  discussão  da  construção  de  uma
identidade  nacional  brasileira,  espelhada  no  modelo  dos  estados  nacionais  modernos  eurocêntricos  que
surgiram, dada às especificidades de cada cenário, através da tentativa de uma homogeneização cultural para
garantir  a estabilidade de um governo  centralizador e a  impressão de  formar uma única  comunidade étnica,
23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
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cultural  e  social.  Assim,  a  libertação  dos  escravos  (1888)  e  a  proclamação  da  República  (1889)  suscitaram
muitos  debates  sobre  a  viabilidade  da  modernização  do  país  e  a  presença  no  negro  na  sociedade.  Com  o
objetivo  de  solucionar  e  explicar  tal  realidade  social,  é  que  intelectuais  da  época  serão  influenciados  pelas
classificações  eruditas  e  padrões  explicativos  que  enfatizavam  determinismos  ligados  ao  tema  da  “raça”  e
“meio  geográfico”,  presentes  na  conjuntura  intelectual  da  Europa.  O  pensamento  social  esboçado  por  Nina
Rodrigues  integra  esta  demanda  e  revela  interpretações  e  significados  sobre  as  relações  raciais,  a
estigmatização do negro e questões que ainda ecoam na sociedade brasileira. Desse modo, através da análise
do  discurso,  buscou­se  esboçar  o  projeto  criador  deste  autor,  descrevendo  sua  condição  de  emergência,  os
pontos principais de sua teoria e os diálogos com outros autores e temas comuns. Para além de um discurso
médico­legal, o autor articula seus estudos em um cenário de construção das ciências sociais. 
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O discurso raciológico na literatura brasileira: Canaã de Graça Aranha.
Autores/as: Ryanne Freire Monteiro Bahia, Ryanne Freire Monteiro Bahia
Este estudo tem por objetivo compreender um processo que é a construção de um discurso que qualificava o
ser humano pelo critério  racial e mediante este havia  também uma classificação social. Nosso campo será a
literatura  brasileira;  de modo mais  específico,  trabalharemos  com  a  obra  Canaã,  de  Graça  Aranha.  Através
dessa obra, publicada em 1902, discutiremos como a intelectualidade brasileira percebia temas importantes na
época como: migração,  “superioridade  racial”,  “civilização x barbárie”. Como nossa perspectiva é processual,
passaremos pela longa duração. Adotamos livros e documentos referentes a períodos anteriores e posteriores
à publicação de Canaã. Pois o livro não é um acontecimento que se encerra em si mesmo; foi influenciado por
teorias,  ideologias  que possuem origens muito  anteriores,  cujas  consequências  estenderam­se  por  um  longo
período de tempo. Metodologicamente, procedemos da seguinte forma: analisaremos o lugar social do escritor,
estrutura e pertencimentos (posição) social e intelectual, bem como o ambiente e as ideologias que marcaram
o  período  em  que  a  obra  foi  publicada,  além  do  próprio  conteúdo  da  obra.  Serão  discutidos  os modelos  de
ciência que influenciaram os intelectuais brasileiros acerca da questão racial: o darwinismo social, o positivismo
de Comte em sua primeira fase e o evolucionismo de Spencer, os quais eram usados para justificar o discurso
adotado como paradigma pela intelligentsia brasileira, o atraso do país estaria vinculado ao clima e a raça Ortiz
(1994).  Lilia  Moritz  Schwarcz  (1993)  esclarece  que  no  segundo  metade  o  século  XIX  era  lugar­comum  os
discursos que  identificavam o Brasil  como um país mestiço. Contudo, a mestiçagem era observada como um
elemento negativo. Ressalta Schwarcz (1993) que era frequente a presença de naturalistas, visitantes de outros
países que, vinham em busca dos elementos exóticos, flora e fauna tropical e deparavam­se, não sem algum
assombro,  com  a  “mistura  das  raças”.  Tal mistura  foi  interpretada  como  uma  anomalia,  contribuindo  para  a
fraqueza do corpo e da alma do brasileiro. Os personagens que compõem a trama de Canaã se constituem de
posições  reais,  passíveis  de  serem  achadas  na  estrutura  social  do  período.  Na  referida  obra,  existe
personagens que  incorporam as  estruturas mentais  que estavam presentes nas  relações  sociais  objetivas:  o
evolucionismo, o darwinismo social, a filosofia do super­homem nietzschiano e outras interpretações que direta
ou indiretamente alimentaram a discussão raciológica no Brasil de início do século XX. 
 
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Os negros do Saco ­ Terra, dominação e invisibilidade em Acari­RN
Autores/as: Danycelle Pereira da Silva
A história da expansão colonial nos sertões do Seridó no século XVIII e a fixação dos primeiros povoadores em
torno  das  fazendas  de  gado  e, mais  tarde,  da  cultura  do  algodão,  ocultou  a  presença  afrodescendente.  Por
outro lado, a escravidão é vista como 'branda' e como um fenômeno secundário pelo fato de ter um reduzido
número de escravos em relação ao litoral açucareiro. Porém, não se podem minimizar as marcas que deixaram
mais  de  três  séculos  de  dominação  colonial,  pois  a  violênciasimbólica  e  física  ainda  persistem.  Esta
comunicação  tem  como  objetivo  refletir  sobre  as  causas  e  as  consequências  do  silenciamento  da  presença
afro­brasileira  e  da  invisibilização  dos  núcleos  familiares  no  município  de  Acari.  Através  das  memórias  das
famílias  Nunes,  Inácio  e  Pereira,  antigos  moradores  do  Saco  dos  Pereira,  pretende­se  refletir  sobre  as
atividades  de  sobrevivência,  as  relações  de  trabalho,  a  propriedade  da  terra  e  os  esbulhos  ocorridos  nos
séculos XIX­XX, bem como mostrar a importância das tradições familiares na elaboração dos discursos sobre o
passado  e  das  identidades  diferenciadas.  A  metodologia  utilizada  durante  a  pesquisa  teve  como  foco  as
entrevistas  que  contemplam  as  histórias  de  vida  e  as memórias  dos  nossos  interlocutores,  em  particular  os
afrodescendentes. Os relatos colocam uma luz sobre as vivências no período algodoeiro, os ofícios realizados
na fazenda (vaqueiro, louça, bordado, culinária) e mostram a importância das famílias negras para entender o
cenário Acariense. Também, fotos e documentos cartoriais foram coletados para melhor compor as histórias de
vidas, documentos e relatos de uma história repleta de violência e de injustiças. O estudo revela a presença de
muitas  famílias negras agregadas às  fazendas e mostra que existe uma outra versão da história  local,  tendo
como protagonistas àqueles cuja memória foi silenciada e que ficam marcados pelo estigma da escravidão. 
Povos  Indígenas,  novas  Territorialidades  e  os  (Des)Caminhos)  da  Lei  Do  Diretório  na  Capitania  da
Paraíba
Autores/as: Juciene Ricarte Apolinário
A proposta dessa comunicação é apresentar o  resultado das nossas  recentes pesquisas sobre o processo de
implantação da Lei do Diretório dos Índios na capitania da Paraíba, enquanto capitania anexa a de Pernambuco,
especialmente no processo de desestruturação de doze aldeamentos indígenas para a criação de apenas cinco
“Vilas de Índios. O conhecimento histórico­antropológico sobre o protagonismo dos grupos étnicos das famílias
linguísticas Tarairiú,  Kariri  e  Tupi  que  passaram  pelos  processos  de  territorialidades  quando  transferidos  dos
antigos  aldeamentos  para  as  novas  vilas  e  povoados  na  capitania  da  Paraíba  ainda  é  incipiente.  A
documentação  inicial  que  arrolamos  para  a  presente  pesquisa  nos  possibilita  verificar  que  apesar  de  todo  o
investimento da administração colonial, deslocando grupos étnicos diferenciados de seus antigos aldeamentos
do  sertão  semiárido  paraibano  para  as  longínquas  paragens  da  Mata  Atlântica,  não  conseguiram  anular  as
práticas das culturas políticas indígenas em plena tentativa de efetivação da Lei do Diretório do Índios.
 
“VIVENDO ENTRE­LUGARES”: A Trajetória dos Grupos Étnicos no Litoral Sul Paraibano
Autores/as: Amanda Christinne Nascimento Marques
Os  grupos  indígenas,  conforme  é  possível  interpretar  a  partir  das  narrativas  de  viagens  do  debate
historiográfico  sofreram  um  processo  de  incorporação  e  assimilação  provenientes  dos  valores  herdados  do
contato  com  os  europeus.  Pelo  mesmo  processo  de  silenciamento  passaram  os  negros  africanos,  que
despatrializados foram utilizados como mão­de­obra escrava. Embora esses grupos étnicos tenham vivenciado
essas diferentes formas de violência, por meio desses processos que eles passam a construir territorialidades,
laços  de  parentesco  e  relações  de  resistência  que  os  permitiram  permanecer  resistindo  na  atualidade.
Considerando essas narrativas, buscamos neste artigo, discutir a trajetória dos estudos pós­coloniais no sentido
de entender o desenvolvimento dessas teorias, bem como analisar o processo histórico de territorialização do
litoral sul paraibano considerando o processo colonial e as relações de subalternidade dos grupos étnicos que
se  identificam  na  atualidade  como  indígenas  e  quilombolas.  O  artigo  foi  produzido  a  partir  de  pesquisa
documental  e  bibliográfica,  realizadas  em  acervos  particulares,  nas  bibliotecas  central  e  setoriais  da
Universidade Federal da Paraíba, arquivo público do Estado da Paraíba, arquivo da Biblioteca Nacional e Portal
da  Capes.  Utilizamos  como  referencia,  autores  como  Said  (2011),  Spivak  (2003;1994),  Hall  (2003;2006)  e
23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
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Bhabha  (1998).  Cabe  destacar  que  essas  relações  subalternas  de  escravidão  e  servidão,  permitiram  que
houvessem,  mesmo  que  perversamente:  relação  de  reciprocidade;  mistura  étnica  –  formação  de  laços  de
parentesco  comum  e  resistência  territorial.  Vivendo  entre­lugares,  esses  grupos  estabeleceram  relações
recíprocas, como as que se deram por meio do sincretismo religioso negro e indígena do litoral sul, a partir a
introdução do uso da Jurema nos rituais religiosos dos negros. Esses mesmos grupos  foram denominados no
século  XIX  como  homens  pobres  livres,  observada  como  estratégia  de  permanência  da  condição  de
subalternidade. 
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Sessão 3
"Você está no lugar errado": a fronteira entre harmonia e tensão racial no Brasil
Autores/as: Nathalia de Ávila Duarte
Este trabalho trata da questão do lugar social dos negros e negras na sociedade brasileira. Analiso o imaginário
a  respeito  do  lugar  socialmente  determinado  para  negros  e  negras  historicamente,  com  ênfase  em  três
ideologias racialistas dominantes no Brasil em diferentes períodos, começando pelo racismo científico de finais
do século XIX, passando pelo posterior ideal de branqueamento e terminando com a ideia de democracia racial
– que apesar de formulada na década de 40, é muito presente no imaginário brasileiro até os dias atuais. 
Para  atualizar  a  discussão,  alio  à  revisão  histórica,  a  análise  de  notícias  de  casos  recentes  de  racismo,  nos
quais é possível perceber a centralidade da questão do lugar simbólico dos negros e negras nos momentos de
eclosão de tensões raciais. Importante ressaltar que “lugar” é entendido aqui como espaço físico propriamente
dito,  mas  também  como  lugar  de  submissão,  lugares  estes  construídos  historica  e  socialmente  e  muito
marcados pelo passado escravista do país.
Os  casos  analisados  indicam  que  a  democracia  racial  brasileira  é  tão mais  democrática  quanto mais  os(as)
negros(as) se encontram nos lugares sociais a que são relegados. A transgressão de tais lugares, no entanto,
gera situações de tensão racial, que assumem diferentes formas segundo a situação. Comum a todos os casos
analisados  é  o  fato  de  que  a  tensão  racial  é  iniciada  por  brancos(as)  que  se  sentem  incomodados  com  a
presença de negros(as) em um determinado lugar ou com a atitude de insubordinação dos(as) mesmos(as). 
Este trabalho pensa o racismo como um fenômeno complexo e multidimencional e não se pretende conclusivo
no que tange à discussão do lugar dos(as) negros(as) no sistema racial brasileiro, mas busca abrir caminhos e
esboçar  respostas  para  a  questão  da  eclosão  da  tensão  racial  na  nossa  sociedade  e,  consequentemente,
fornecer elementos para a discussão sobre políticas públicas que visam a superação da discriminação racial. 
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Afrodescendencia y decolonialidad. Aportes para la construcción de otro relato antropológico.
Autores/as: Milena Annecchiarico
En este trabajo me propongo presentar algunos debates teóricos en relación a la afrodescendencia en América
Latina, a partir de estudios antropológicos significativos que se realizaron en Argentina y en Cuba en el siglo
XX.  El  propósito  de  esteejercicio  teórico  es  intentar  articular  la  teoría  decolonial  con  los  estudios  afro,
moviéndome en estos dos contextos de producción, Cuba y Argentina, desde donde desarrollo mi investigación
actual de doctorado. 
La africanía y la africanidad, han sido elaboradas en Cuba a partir de los estudios de Fernando Ortiz a mediados
del  siglo  XX,  y  han  sido  sucesivamente  recuperadas  por  los  intelectuales  cubanos,  para  resignificar  las
experiencias de  resistencias  culturales y políticas en  seno de  la Revolución Socialista. Mientras, en Argentina
son escasos los estudios sobre la población afro, dada por desaparecida, con la notable y brillante excepción de
Néstor Ortíz Oderigo, quien dejará una amplia obra escrita sobre los múltiples aportes de los afroargentinos a
la  cultura  nacional.  Luego,  desde  los  años  ’90  y  los  2000,  en  un  contexto  internacional  de multiculturalismo
globalizado  de  derechos  culturales  y  de  racismo  persistente,  se  comienza  a  reflexionar  en  Cuba  sobre  la
cuestión  racial  y  en  Argentina  sobre  la  presencia  de  los  afrodescendientes  en  la  actualidad,  siendo  ambas
cuestiones bastante marginales en las producciones científicas locales, así como en los debates públicos. 
En  estos  últimos  años  finalmente,  emergen  estudios  desde  las  Ciencias  Sociales  latinoamericanas  que
conforman lo que se definió como teorías decoloniales, que se proponen entre otras cosas, una renovación del
lenguaje  teórico así  como de  los paradigmas políticos en  la época actual, explorando para ello  las ontologías
alternativas a  las dominantes (cfr. Lander Edgardo comp., La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias
sociales.  Perspectivas  latinoamericana.  Buenos  Aires:  CLACSO  2000;  Santiago  Castro­Gómez  y  Ramón
Grosfoguel comp., El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global.
Bogotá: Siglo del Hombre Editores 2007). Me propongo entonces tratar de articular  las reflexiones producidas
desde  los  estudios  afro  en  Argentina  y  en  Cuba  y  la  teoría  decolonial,  en  relación  a  dimensiones  de  la
experiencia afrolatinoamericana. 
 
Os Postos e as Aldeias: Lugares para estar e viver
Autores/as: Lucybeth Camargo de Arruda
O  recorte  espacial  desta  comunicação  está  situado no movimento das  ações  amiúdes,  captadas pelas  lentes
dos  fotógrafos  da  Seção  de  Estudos  do  Serviço  de  Proteção  aos  Índios,  que moviam  os  espaços  de  alguns
postos  indígenas  no  Estado  de  Mato  Grosso.  O  exercício  parte  das  imagens  produzidas  pelos  fotógrafos  da
Seção  de  Estudos  do  Serviço  de  Proteção  aos  Índios  e  segue  a  documentação  textual  do  próprio  Serviço  e
etnografias  da  época.  Ao  deslocar  o  olhar  para  o  que  está  fragmentado  nas  imagens,  num  plano  indiciário,
deparamos com questões e situações que estão para além da construção imagética do índio selvagem versus o
índio caboclo e assimilado aldeados nos postos. A hipótese caminha no sentido de que o índio que morava ou
visitava o posto  indígena,  seja do Córrego Grande, do Posto Taunay, Cachoeirinha, São Lourenço ou Simões
Lopes,  estava  a  todo  o  momento,  ativo  e  participativo,  muito  além  da  dicotomia  selvagem/assimilado.  Ele
estava literalmente na fronteira, perfazendo mobilidades dentro e/ou fora da delimitação do posto. As imagens
nos  dão  conta  de  um Bororo,  Terena  ou Bakairi  em  trânsito,  indo  e  vindo,  trocando,  comprando,  vendendo,
trabalhando,  estudando,  dançando,  agindo  e  atuando,  enfim,  vivendo.  Em muitas  situações,  revela  um  índio
presente  que  está  compondo  e  constituindo  o  posto  indígena,  mas,  também,  revela  sinais  de  atividade  e
criatividade nesse ato de estar e fazer parte do posto. 
Download do Trabalho
Quilombos na “Terra da luz”: identidade e territorialidade de comunidades negras rurais no Ceará
Autores/as: Luciana Dalmeida Chermont Kaminski
A história dos negros no Ceará tem sido marcada por conflitos e pela violência, desde um passado escravista,
de  um  projeto  colonizador  e  incompatível  com  a  presença  de  tais  povos,  até  um  presente  de  negação  de
direitos sociais básicos a essas populações.
O estado do Ceará é  conhecido  como a  "Terra da Luz" por  ter  sido a primeira província brasileira a abolir  a
escravidão em março de 1884, quatro anos antes da lei Áurea, em maio de 1888. 
O Instituto Histórico e Geográfico do Ceará criou o  imaginário que a estrutura econômica do Estado baseada
em pequenas  lavouras e  criação de gado bovino, não  favorecia o emprego de mão­de­obra  cativa em  larga
escala. Dessa forma, os pensadores desta instituição chegaram à conclusão que a população negra estava em
pequena quantidade e tenderia a desaparcer com os processos de miscigenação. O silenciamento e a negação
seriam estratégias adotadas por um longo período.
No entanto, com o advento do “artigo 68” e com a intensa mobilização de atores internos e externos em todo
23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 6/7
país pela regularização dos territórios quilombolas, inicia­se no Ceará um processo de mobilização de algumas
comunidades em torno dos direitos étnicos e  territoriais,  rompendo com o silêncio que a historiografia oficial
havia imposto e reafirmando suas identidades étnicas como estratégia na luta pelo direito ao território.
 Nesse contexto, a proposta do artigo é analisar como conceitos de quilombo, identidade étnica e territorialidade
são  construídos  e  acionados  pelas  comunidades  negras  rurais  no  Ceará,  a  partir  de  uma  perspectiva  pós­
colonial.
 A  perspectiva  crítica  adotada  é  inspirada,  entre  outras  referências  teóricas,  na  questão  da  subalternidade
porposta  por  Spivak  (2010)  considerando  o  debate  contemporâneo  sobre  as  relações  raciais,  na
problematização  do  Hall  (2008,  p.  58)  da  construção  da  identidade  como  “uma  onda  de  similaridades  e
diferenças, que  recusa a divisão em oposições binárias  fixas”,  e na noção de  “territorialização” proposta por
Pacheco de Oliveira  (2004) de pensar o  território  como dimensão estratégica na  incorporação de populações
etnicamente diferenciadas dentro de um Estado­nação. 
 É  importante  ressaltar  que,  no  Ceará  não  existe  nenhum  território  com  titulação  definitiva  e  apenas  17
procedimentos  administrativos  abertos  no  INCRA  (Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma  Agrária).  O
movimento  quilombola,  CERQUICE  (Coordenação  Estadual  das  Comunidades  Quilombolas  do  Ceará),  aponta
para mais de 100 comunidades quilombolas. Diante da lentidão nos processos legais de regularização fundiária
e  do  avanço  proprietários,  posseiros  e  da  especulação  imobiliária  em  seus  territórios  essas  comunidades
resistem, elaboram suas estratégias de sobrevivência e manutenção de seus territórios.
  
Quilombos na “terra da luz”: identidade e territorialidade de comunidades negras rurais no ceará.
Autores/as: Daniele Cristine Gadelha Moreno, Luciana D’Almeida Chermont Kaminski (UFC/CE)
A história dos negros no Ceará tem sido marcada por conflitos e pela violência, desde um passado escravista,
de um projeto colonizador incompatível com a presença de tais povos, até um presente de negação de direitos
sociais básicos a essas populações.
O estado do Ceará é  conhecido  como a  "Terra da Luz" por  ter  sido a primeira província brasileira a abolir  a
escravidão em março de 1884, quatro anos antes da lei Áurea, em maio de 1888. 
O Instituto Histórico e Geográfico do Ceará criou o  imaginário que a estrutura econômica do Estado baseada
em pequenaslavouras e  criação de gado bovino, não  favorecia o emprego de mão­de­obra  cativa em  larga
escala. Dessa forma, os pensadores desta instituição chegaram à conclusão que a população negra estava em
pequena quantidade e tenderia a desaparcer com os processos de miscigenação. O silenciamento e a negação
seriam estratégias adotadas por um longo período.
No entanto, com o advento do “artigo 68” e com a intensa mobilização de atores internos e externos em todo
país pela regularização dos territórios quilombolas, inicia­se no Ceará um processo de mobilização de algumas
comunidades em torno dos direitos étnicos e  territoriais,  rompendo com o silêncio que a historiografia oficial
havia imposto e reafirmando suas identidades étnicas como estratégia na luta pelo direito ao território.
Nesse contexto, a proposta do artigo é analisar como conceitos de quilombo, identidade étnica e territorialidade
são  construídos  e  acionados  pelas  comunidades  negras  rurais  no  Ceará,  a  partir  de  uma  perspectiva  pós­
colonial.
A  perspectiva  crítica  adotada  é  inspirada,  entre  outras  referências  teóricas,  na  questão  da  subalternidade
porposta  por  Spivak  (2010)  considerando  o  debate  contemporâneo  sobre  as  relações  raciais,  na
problematização  do  Hall  (2008,  p.  58)  da  construção  da  identidade  como  “uma  onda  de  similaridades  e
diferenças, que  recusa a divisão em oposições binárias  fixas”,  e na noção de  “territorialização” proposta por
Pacheco de Oliveira  (2004) de pensar o  território  como dimensão estratégica na  incorporação de populações
etnicamente diferenciadas dentro de um Estado­nação. 
É  importante  ressaltar  que,  no  Ceará  não  existe  nenhum  território  com  titulação  definitiva  e  apenas  17
procedimentos  administrativos  abertos  no  INCRA  (Instituto  Nacional  de  Colonização  e  Reforma  Agrária).  O
movimento  quilombola,  CERQUICE  (Coordenação  Estadual  das  Comunidades  Quilombolas  do  Ceará),  aponta
para mais de 100 comunidades quilombolas. Diante da lentidão nos processos legais de regularização fundiária
e  do  avanço  proprietários,  posseiros  e  da  especulação  imobiliária  em  seus  territórios  essas  comunidades
resistem, elaboram suas estratégias de sobrevivência e manutenção de seus territórios.
 
 
 
 
Download do Trabalho
“Sobre a remessa da petição do Vig.º José Ferreira de Lima Sucupira, advogado dos Indios”: questão
de terras e reivindicações indígenas no Ceará provincial
Autores/as: Eloi dos Santos Magalhães
O estudo que apresento busca enfocar a “unidade de compreensão” (Simmel, 2011) constituída pelo conjunto
de  fenômenos  relacionados  com  a  atuação  do  vigário  José  Ferreira  de  Lima  Sucupira  como  mediador  das
reivindicações  indígenas dirigidas ao governo  imperial, e, obviamente,  refletidas no âmbito  local da província
do  Ceará  (século  XIX).  Para  tanto,  no  âmbito  de  uma  antropologia  histórica  (Oliveira,  1999),  utilizo  ofícios
ministeriais e provinciais, além de outras fontes históricas, a partir de uma postura crítica e interpretativa, de
modo  a  refletir  sobre  quadros  interativos  particularizados.  Essa  pesquisa  faz  parte  de  esforços  de  análise
desenvolvidos  nos  últimos  anos  por  antropólogos  e  historiadores  interessados  em  processos  étnicos
obscurecidos e manipulados por um discurso legitimador oficial. 
“Visualidades  da  Dança  do  Espontão”  Danças  Afro­brasileiras  como  Possibilidade  de  uma  Educação
Multicultural
Autores/as: Suély Gleide Pereira de Souza
As práticas educativas referentes à vivência cotidiana dos povos africanos,
pautados nas crenças, nas produções artísticas, na expressividade verbal e não verbal, na
religiosidade e nas relações familiares, precisam ser evidenciadas, dentro da escola. Sob a
perspectiva de considerar esses conhecimentos importantes substratos para formulação de
políticas educacionais que valorizem os saberes desse grupo étnico que participou
ativamente na formação da sociedade brasileira.
Essa pesquisa propõe intervenções nos currículos das escolas de dois municípios
do Rio Grande do Norte ­ Parelhas e Jardim do Seridó, pleiteando para que sejam inclusos
novos conteúdos nos programas para a Educação Básica que envolvam, eficazmente, a
cultura afro­brasileira, propiciando, desta forma, meios de recuperar e desvelar elementos
estéticos desta tradição, presentes nestas comunidades do Seridó Potiguar.
A elaboração e composição de narrativas, a partir das visualidades da dança do
Espontão da comunidade quilombola da Boa Vista, em Parelhas, no Rio Grande do
Norte/RN, que se apresenta até hoje para a comunidade seridoense, principalmente na cidade
de Jardim do Seridó/RN, como sinal de afirmação étnica e de mobilização política,
possibilitará a reflexão sobre o poder simbólico desse fenômeno de representação coletiva
para a construção de identidades. Essas narrativas podem ser vistas como forma de interação
social, ou seja, revitalização e perpetuação das danças como fenômeno identitário da
comunidade afro­brasileira.
 
23/01/2017 29ª Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) ­ 049. INDIOS E NEGROS NA FORMAÇÃO DO BRASIL: Estudos em Antropologia do Colonialismo
http://www.29rba.abant.org.br/trabalho/view?q=YToyOntzOjY6InBhcmFtcyI7czozNToiYToxOntzOjExOiJJRF9UUkFCQUxITyI7czozOiIxMzMiO30iO3M6… 7/7
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