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VV II II SS EE MM EE AA DD AA DD MM II NN II SS TT RR AA ÇÇ ÃÃ OO GG EE RR AA LL BALANCED SCORECARD E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS: A IMPORTÂNCIA DOS MAPAS ESTRATÉGICOS Luís Eduardo de Carvalho Mestrando em Administração de Empresas pela PUC/SP Rua Miranda de Azevedo, 1251 ap. 84 CEP 05027-000 São Paulo – SP CEP: 05027-000 E-mail: luisedu@symnetics.com.br Telefone: (11) 9317-9255 Marcos Roberto Piscopo Mestrando em Administração pela PUC/SP Rua Capitão Macedo, 314, apto. 51, Vila Mariana, Cep.04021-020, São Paulo – SP. E-mail: piscopo@piscopo.com.br Moacir de Miranda Oliveira Junior Doutor em Administração pela FEA-USP Rua Mateus Grou, 365 apto. 111 Pinheiros São Paulo - SP CEP 05415-050 E-mail:mmiranda@fgvsp.com.br Telefone: (11) 9603-6625 Resumo Este artigo analisa como o Balanced Scorecard, conceito criado pelos professores Kaplan e Norton em 1992, auxilia na implementação de estratégias genéricas através de modelos de representações gráficos chamados mapas estratégicos (Kaplan e Norton, 2004). É traçado um histórico do conceito do Balanced Scorecard, em sua concepção original, como ferramenta de mensuração de desempenho e suas evoluções posteriores, ferramenta de alinhamento e comunicação e modelo de gestão estratégica. A seguir, são tratadas as estratégias genéricas, conforme proposta de Porter (1980), seu desdobramento na forma de disciplinas de valor (Treacy e Wiersema, 1995) e o Modelo Delta (Hax e Wilde II, 2001). Por fim, ilustra-se como os diferentes aspectos intrínsecos a cada estratégia genérica adotada resultam em diferentes mapas estratégicos. 2 Palavras-chave: balanced scorecard, estratégia e mapas estratégicos. Balanced Scorecard e Implementação de Estratégias Competitivas: A Importância dos Mapas Estratégicos I. Introdução O presente trabalho tem por objetivo analisar como o Balanced Scorecard, conceito criado pelos professores Kaplan e Norton em 1992, auxilia na implementação de estratégias genéricas através de modelos de representações gráficos chamados mapas estratégicos e, para isso, está estruturado em três partes. Na introdução, é apresentada uma visão geral do trabalho. Na segunda parte apresenta-se o Problema e o Objetivo da Pesquisa. Na terceira parte é realizada a Revisão Bibliográfica, apresentando o conceito do Balanced Scorecard como foi concebido inicialmente e suas evoluções posteriores, a seguir, abordam-se as idéias de Porter (1980) que desenvolveu o conceito de estratégias competitivas genéricas, na seqüência, trata-se da abordagem da disciplina dos líderes de mercado de Treacy e Wiersema, e discute-se o Modelo Delta desenvolvido por Hax e Wilde II (2001), detalhando seus aspectos mais importantes. Ainda nesta parte, contribuição do Balanced Scorecard na implementação das estratégias genéricas é ressaltada através da apresentação de mapas estratégicos referenciais, que explicitam os processos críticos e recursos organizacionais a serem desenvolvidos por empresas que adotam cada uma das opções estratégias escolhidas. Na Quarta Parte é apresentada a Análise dos Resultados e na Quinta Parte a Bibliografia. II. Problema da Pesquisa e Objetivo Para os criadores do Balanced Scorecard, o alcance de resultados superiores requer que as empresas descrevam, mensurarem e realizem a gestão de suas estratégias. (Kaplan, 2004 p. XI). A descrição da estratégia trata das várias opções estratégicas possíveis, a mensuração, trata sobretudo dos indicadores nas quatro perspectivas de negócio: financeira, clientes , processos e aprendizado e crescimento, por fim, a gestão da estratégia, trata dos princípios ligados a sua implementação. É objetivo deste artigo a descrição da estratégia e o problema que se coloca é o seguinte: com base nas principais opções estratégicas que uma empresa pode adotar (estratégias genéricas), quais são os requerimentos em termos de processos internos e aprendizado organizacional que suportam o alcance destas estratégias ? III. Revisão Bibliográfica Para responder a questão colocada no Problema da Pesquisa, a revisão bibliográfica irá discutir na primeira parte, o conceito do Balanced Scorecard, sua origem e evoluções, e na segunda parte, será traçada uma perspectiva evolutiva das estratégias competitivas genéricas desde a concepção inicial de Porter, e suas evoluções através das Disciplinas de Valor e o Modelo Delta. 1. O Balanced Scorecard – Origem e Evoluções do Conceito Em 1990 quando os professores Kaplan e Norton atuaram em um projeto de pesquisa envolvendo várias empresas e que tinha como grande objetivo “buscar novas maneiras de medir o desempenho organizacional” (Kaplan, 2003 p.VI) a percepção que havia era que sem 3 a melhoria do sistema de medição de desempenho, os executivos não mobilizavam com eficácia seus ativos intangíveis, perdendo desta forma grandes oportunidades de criação de valor. Desde sua concepção original como ferramenta para a mensuração do desempenho, o conceito passou por duas evoluções: Comunicação e Alinhamento Estratégico e um Sistema de Gestão Estratégica (COSTA,2001, pg 15-17). Na primeira, as empresas perceberam que ao sistematizar os indicadores em perspectivas criavam uma grande oportunidade de comunicar a estratégia e com isso aumentar o alinhamento interno sobre a estratégia. Na segunda evolução percebeu-se que o Balanced Scorecard estava sendo utilizado por algumas empresas, de forma bastante eficiente, como uma ferramenta de implementação de estratégias. Nesta seção trataremos da origem e da evolução do conceito de Balanced Scorecard na sua concepção inicial e nas duas evoluções subseqüentes: ferramenta de alinhamento e comunicação e sistema de gestão estratégica. 1.1 O Balanced Scorecard como mensuração de Desempenho Na versão inicial do conceito, o grande foco é a mensuração do desempenho das empresas de forma a possibilitar a geração de valor através de ativos intangíveis, mantendo-se os indicadores financeiros. Já neste momento surge o conceito das quatro perspectivas de negócio: Financeira, Clientes e Mercados, Processos Internos e Aprendizado e Crescimento. Outro conceito importante discutido então foi o de indicadores de resultado (lag indicators) que refletiam fatos já acontecidos, como retorno sobre o investimento e geração e caixa e indicadores de tendência (lead indicators), que demonstravam a criação de valor no longo prazo.(COSTA,2001, p. 12). 1.2 O Balanced Scorecard como ferramenta de Alinhamento e Comunicação Na primeira evolução do Balanced Scorecard, a grande novidade é o surgimento da ferramenta chamada mapa estratégico, “o mapa estratégico revelou-se inovação tão importante quanto o próprio Balanced Scorecard original. Os executivos consideram a representação gráfica da estratégia algo ao mesmo tempo natural e vigoroso” (Kaplan, 2004, p. XI). O mapa estratégico constitui-se de uma diagrama com as perspectivas de negócio, (ex. financeira, clientes e mercados, processo internos e aprendizado e crescimento) que apresenta objetivos estratégicos, geralmente representados por elipses conectadas por setas que representam relações de causa-efeito. Independente do conteúdo estratégico e da maneira de se definir a estratégia, “o mapa estratégico fornece uma maneira uniforme e consistente de descrever a estratégia, que facilita a definição e o gerenciamento dos objetivos e indicadores. O mapa estratégico representa o elo perdido entre a formulação e a execução da estratégia” (Kaplan, 2003, p. 10) Outro componente importante dos mapas estratégicos, situado na perspectiva de clientes e mercado é a proposição de valor. A proposição de valor procura explicitar como a empresa quer ser reconhecida perante seus clientes e é detalhadaatravés de atributos de valor, como disponibilidade, serviços adicionais, preço etc. . A perspectiva de processos internos deverá ser coerente com a proposta de valor escolhida, desta forma, uma empresa que escolher uma estratégia de liderança em produto, deverá enfatizar a excelência nos processo de inovação, as que escolherem a estratégia de baixo custo 4 total deverá enfatizar os processos de gestão operacional e a estratégia de solução total para o cliente deverá ser suportada por processos de gestão de clientes (Kaplan, 2004, p. 50). Abaixo da perspectiva de processos situa-se a perspectiva de aprendizado e crescimento, que geralmente trata de três assuntos: o desenvolvimento das competências internas, o clima organizacional e a prontidão tecnológica da empresa. 1.3 O Balanced Scorecard como um Sistema de Gestão Estratégica A segunda evolução aconteceu de forma inesperada até mesmo para os criadores de conceito, “Constatamos que as empresas adeptas estavam usando o BSC para a solução de um problema muito mais importante do que a mensuração do desempenho na era da informação. A questão da qual francamente não estávamos conscientes quando concebemos o Balanced Scorecard consistia em como implementar novas estratégias” (Kaplan 2001, p.8). No decorrer das várias implementações das quais participaram, os criadores puderam identificar um padrão comum que buscaram traduzir em 5 princípios das Organizações Orientadas à Estratégia, que são eles: 1) Mobilização da Liderança - trata sobretudo de três aspectos, estabelecer o senso de urgência para com a estratégia, criar o time de líderes e desenvolver a visão e a estratégia. 2) Tradução da Estratégia em termos Operacionais – trata da importância de, uma vez definida a estratégia, possibilitar a explicitação dos desafios, sobretudo com a construção do mapa estratégico, indicadores, metas e projetos. 3) Alinhamento para ganhar sinergias - trata de questões importantes: o papel da corporação, o desdobramento para unidades de negócio e o desdobramento para unidades de serviços. 4) Fazer da Estratégia tarefa de todos – trata da comunicação da estratégia a toda a organização e do alinhamento dos programas de remuneração variável à estratégia. 5) Fazer da Estratégia um processo contínuo - trata da realização de reuniões de análise estratégica e o vínculo do Balanced Scorecard com o orçamento. 2. Estratégias Competitivas: Tipologias e Mapas Estratégicos Nesta seção, apresenta-se a evolução do pensamento estratégico, abordando-se as teorias elaboradas pelos estudiosos de estratégia e seus impactos nas empresas. Os modelos discutidos são: Estratégias Competitivas Genéricas de Porter (1980), Disciplinas de Valor de Treacy e Wieserma (1995) e o Modelo Delta, de Hax e Wilde II (2001). A seguir, procura-se ilustrar através de mapas estratégicos referenciais, como seriam representadas as principais estratégias relatadas 2.1 Estratégias Genéricas de Competição de Porter. Porter defendeu que a competição não depende exclusivamente da atuação dos concorrentes, sendo que o grau de rivalidade é conseqüência de cinco forças competitivas básicas que ele denominou “forças que dirigem a concorrência na indústria: rivalidade entre as empresas existentes, ameaça de novos entrantes, ameaça de produtos substitutos, poder de negociação dos fornecedores e poder de negociação dos compradores” (PORTER, 1980, p. 23). Ocorre que tais forças, além de determinarem o grau de concorrência em uma indústria, também influenciam o retorno sobre os investimentos realizados pelas empresas, e têm elevada importância no processo de definição de estratégias. Para defender sua posição contra os concorrentes e influenciar as forças competitivas a seu favor, a empresa dispõe de três 5 abordagens estratégicas genéricas: “liderança no custo total, diferenciação e enfoque” (PORTER, 1980, p. 53). A estratégia de liderança no custo total procura atingir o menor custo possível através da utilização de políticas e processos que orientem a companhia para suas atividades fins. Este tipo de estratégia exige que a empresa possua grande capacidade instalada para atender elevadas demandas, o que proporcionará economias de escala e reduções de custo em virtude da experiência adquirida. Ainda que os atributos de qualidade e atendimento ao cliente sejam importantes, o foco desta estratégia é o custo baixo para conquistar os clientes sensíveis ao preço. (PORTER, 1980). A estratégia de diferenciação procura diferenciar a oferta da empresa das ofertas dos concorrentes através da criação de um diferencial competitivo, que pode ocorrer sob as formas de marcas e atendimento personalizado, dentre outras dimensões. Esta estratégia não considera grandes volumes e preço baixo. Ao contrário, a estratégia de diferenciação busca atender um número menor de clientes de uma forma mais personalizada, o que inviabiliza a conquista de grande participação de mercado. Desta forma, a empresa cria barreiras de entrada aos concorrentes em virtude da lealdade obtida dos consumidores. Além disso, o poder de barganha dos compradores diminui à medida que os mesmos são menos sensíveis ao preço e também por causa da escassez de alternativas que atendam às suas necessidades de forma satisfatória. (PORTER, 1980). A estratégia de enfoque busca centrar as forças em um grupo específico de compradores, ou em uma determinada área geográfica, e assim, o enfoque pode ocorrer de formas variadas. Normalmente as estratégias de custo baixo e diferenciação são aplicadas com ampla abrangência em todo o setor. Entretanto, a estratégia de enfoque procura atender um alvo específico com alta eficiência e, para que este objetivo seja atingido, todos os processos são definidos em conformidade com este tipo de estratégia. Isto ocorre porque a empresa entende que é possível atender com maior precisão as necessidades de um público-alvo mais específico do que procurar atender às necessidades da indústria como um todo. (PORTER, 1980). 2.2 Abordagens Alternativas à de Porter (1980): Disciplinas de Valor e Modelo Delta Vários casos de empresas de sucesso são explicados de acordo com as estratégias competitivas genéricas de Porter (1980), entretanto, outros não podem ser analisados e compreendidos utilizando-se somente a referida tipologia. Um exemplo bastante fiel a esta situação é a empresa Microsoft, que tem domínio absoluto do mercado mundial de softwares, mas seu sucesso não é atribuído às estratégias de liderança no custo total, diferenciação ou enfoque. Portanto, para explicar a performance dessas empresas, vamos discutir duas abordagens teóricas que trazem contribuições importantes ao debate: a abordagem das Disciplinas de Valor e a abordagem do Modelo Delta. 2.2.1 As Disciplinas de Valor Michael Treacy e Fred Wiersema (1995) desenvolveram abordagens alternativas àquelas elaboradas por Porter (1980). Conforme os dois primeiros autores, “o sucesso das empresas é uma simples conseqüência de elas estarem vendendo aquilo que seus clientes desejam, ou seja, pelo menos um componente de valor que é oferecido em nível de excelência e que os concorrentes não conseguem oferecer” (Treacy e Wiersema, 1995, p. 19). Os componentes de valor abordados são: preço, tempo, atendimento diferenciado e qualidade. Cada componente de valor impacta diferentes grupos de consumidores de forma específica, ou seja, naqueles 6 atributos em que eles apresentam sensibilidade. Um estudo realizado pelos autores envolveu oitenta empresas líderes de mercado, as quais foram agrupadas em “disciplinas de valor”, ou seja, conforme a proposição de valor que o cliente busca: o melhor custo total, o melhor produto ou a melhor solução total. As referidas disciplinas de valor foram denominadas: “excelência operacional, liderançaem produtos e intimidade com o cliente” (Treacy e Wiersema, 1995, p. 45). A figura I demonstra as relações entre as abordagens das “estratégias competitivas genéricas” e das “disciplinas de valor”, propostas por Porter (1980) e Treacy e Wiersema (1995), respectivamente, ressaltando-se os seguintes aspectos: · As contribuições das disciplinas de valor ficam nítidas na medida que expandem as estratégias competitivas genéricas, enfatizando-se que a “estratégia de liderança no custo total” corresponde à disciplina “excelência operacional”, e a “estratégia de diferenciação” é analisada sob duas ênfases através das disciplinas “liderança em produtos” e “intimidade com o cliente”. · Na disciplina de “intimidade com o cliente”, os autores propõem uma abordagem cujo foco é maior no cliente e menor no produto. · A mudança de foco do produto para o cliente é explicada no “Modelo Delta”, que além de ampliar a análise de foco no cliente, sugere a posição de “lock-in do sistema”. · A abordagem das “disciplinas de valor” é consistente com a necessidade de “trade- off” defendida por Porter (1980). Figura I – Relações entre as abordagens de Porter (1980) e Treacy e Wiersema (1995). Fonte: Os Autores 2.1.1 A Disciplina Excelência Operacional e seu Mapa Estratégico A disciplina excelência operacional pode ser entendida como prover os clientes com produtos e serviços confiáveis, a preços competitivos, que são entregues com o mínimo de dificuldade ou inconveniência. As empresas que atuam com excelência operacional são aquelas que entregam uma combinação de qualidade, preço e facilidade de compra, características únicas no mercado. Tais empresas não são inovadoras em produtos e serviços, e também não são empresas que prezam relacionamentos personalizados com seus clientes. Um exemplo deste tipo de disciplina é a Dell Computer, que vende computadores de forma que os compradores não precisam sacrificar qualidade ou tecnologia de ponta para efetuar uma compra de maneira fácil e barata (Treacy e Wiersema, 1995). Diferenciação Custos Excelência Operacional PORTER TREACY & WISERMA RELAÇÕES ENTRE AS ABORDAGENS Liderança em Produtos Intimidade com o cliente 7 Para empresas que adotam esta opção estratégica, quatro processos apresentam importância alta: desenvolver e sustentar relacionamentos com fornecedores, produzir produtos e serviços distribuir e entregar produtos e serviços aos clientes e gerenciar riscos. (KAPLAN & NORTON, 2004, p.67). Como suporte a esta estratégia seriam ainda necessários: desenvolvimento das competências ligadas a melhorias de processos e gestão da qualidade total; em tecnologia da informação, o suporte a automação dos processos e em termos de capital organizacional a cultura da melhoria contínua. (KAPLAN & NORTON, 2004, p.86-87) Uma possível representação gráfica de um mapa estratégico de uma empresa que adotasse a excelência operacional seria a seguinte: Figura II – Mapa Estratégico da Estratégia Excelência Operacional Fonte: KAPLAN & NORTON, 2004, p. 69 2.1.2 A Disciplina Liderança em Produtos A disciplina liderança em produtos trata de prover produtos que redefinem o estado da arte. Assim, a empresa que adota a disciplina da liderança em produtos busca dominar o desconhecido, aquilo que ainda nenhum concorrente tentou, ou ainda, aquele tipo de satisfação que é altamente desejável pelos clientes (Treacy e Wiersema, 1995). Desta forma, tal empresa procura fazer uma oferta cujo desempenho ainda não tenha sido atingido, o que indica que a proposição de valor dos clientes, neste caso, é o melhor produto. A busca da liderança em produtos faz com que a empresa disponha de produtos de última geração ou novas aplicações para produtos ou serviços que já existem. Um exemplo de empresa líder em produtos é a 3M, pois investe pesadamente em pesquisa e desenvolvimento, sempre tentando trazer para o mercado produtos nunca antes vistos ou experimentados. Para isso, a 3M derruba todas as barreiras burocráticas que retardam a comercialização de suas idéias e sempre sai na 8 frente de seus concorrentes. O resultado disso é que a 3M é uma empresa totalmente inovadora, onde seus funcionários sentem-se muito motivados e reconhecidos pelo desenvolvimento de novas idéias. Para empresas que adotam esta opção estratégica, quatro processos apresentam relevância alta: identificar oportunidades de novos produtos e serviços, gerenciar o portfólio de pesquisa e desenvolvimento, projetar e desenvolver novos produtos e serviços, lançar novos produtos e serviços no mercado. (KAPLAN & NORTON, 2004, p.139). Esta opção estratégica requer, em termos de competências, o desenvolvimento de competências técnicas e de atuação multidisciplinar, em termos de tecnologia da informação, possibilitar a prototipagem e compartilhamento do conhecimento e em termos de cultura organizacional, estimular a criatividade e inovação. (KAPLAN & NORTON, 2004, p.157- 158) A Figura III ilustra um mapa estratégico de para a estratégia genérica liderança em produtos: Figura III – Mapa Estratégico da Estratégia de Liderança em Produtos Fonte: KAPLAN & NORTON, 2004, p. 141 2.1.3 A Disciplina Intimidade com o Cliente A disciplina intimidade com o cliente, considera a venda ao cliente de uma solução total e não apenas a venda de um produto ou serviço de forma isolada. Desta forma, a empresa que é intima com o cliente, não entrega a ele o valor que o mercado quer, e sim o valor ele deseja (Treacy e Wiersema, 1995). Percebe-se portanto que a empresa que entrega valor através da intimidade com o cliente tem suas atenções voltadas para os relacionamentos e não simplesmente para as transações. Tais relacionamentos são construídos por meio do grau de empenho da empresa em surpreender seus clientes, entregando aos mesmos muito mais valor 9 do que eles esperam receber. Um exemplo de empresa íntima com o cliente é a IBM, que procura oferecer uma solução completa em e-business, podendo conter hardwares, softwares aplicativos, sistemas operacionais, entre outras soluções. A empresa que optar pela estratégia de Intimidade com o Cliente terá como mais relevantes os seguintes processos: seleção de clientes, identificando os segmentos mais atraentes e elaborando propostas de valor específicas para cada segmento, conquista de clientes, comunicando seus diferenciais ao mercado e convertendo os clientes, retenção de clientes, garantindo a qualidade e corrigindo eventuais problemas e construção de relacionamentos com os clientes, aumentando a participação da empresa nas atividades de compra dos clientes alvo. Para viabilizar esta opção estratégica a empresa necessitará desenvolver em competências como, comunicação, negociação, conhecimento do contexto do cliente e solução de problemas, em tecnologia da informação, com sistemas integrados de gestão de relacionamentos (CRM) e em termos de capital organizacional, fortalecendo a cultura de orientação ao cliente e trabalho em equipe. (KAPLAN & NORTON, 2004, p.XX) Uma possível representação gráfica de um mapa estratégico de uma empresa que adotasse esta opção de intimidade com o cliente seria a seguinte: Figura IV – Mapa Estratégico da Estratégia Intimidade com o Cliente Fonte: KAPLAN & NORTON, 2004, p.110 2.2 O Modelo Delta O Modelo Delta elaborado por Arnoldo C. Hax e Dean L. Wilde II (2001) é uma abordagem nova para o desenvolvimento de estratégias de negócios destinado à economia interconectada. Ele representa uma estrutura que foi desenvolvida para enfrentar as forças econômicas mais complexas que surgem no ambiente competitivo. O tema central do modelo delta é a estratégia, tanto para a velha quanto para a nova economia. Entretanto, ao invés de considerar o processo de formulaçãode estratégia baseado na competição, o modelo delta enfatiza a amarração (bonding) que pode ser obtida entre consumidores, fornecedores, concorrentes, substitutos e complementadores. O Modelo Delta considera três formas essenciais de posicionamento competitivo, que são representadas por 10 um triângulo que em cada um de seus vértices contém uma das seguintes formas: “melhor produto, soluções totais para o cliente e lock-in do sistema” (HAX & WILDE II, 2001, p. 10). Será tratada neste artigo apenas a forma de lock-in do sistema. 2.2.1 Opção Estratégica do Lock-in do Sistema A opção estratégica do lock-in do sistema tem um escopo mais amplo. Nesta opção a empresa não foca somente o produto ou o cliente, mas também leva em conta os outros atores do sistema, que contribuem para a criação de valor econômico. Portanto, a posição de lock-in do sistema representa a forma mais forte de amarração e uma parte que merece especial atenção é chamada de “complementador”. O complementador não é necessariamente um competidor ou um fornecedor, na realidade ele pode ser entendido como um provedor de serviços que realça direta ou indiretamente a oferta da empresa e assim interfere na demanda de seus produtos e serviços. Para atrair, satisfazer e reter os clientes, a empresa necessita também atrair, satisfazer e reter os complementadores, o que eleva o valor do sistema, em virtude da maior participação dos componentes, e desta forma todos ingressam em uma zona econômica de retornos e expansão crescentes (HAX & WILDE II, 2001). Os Processos críticos para a empresa que adota esta opção estratégica são: Inovação, Gestão de Complementadores, Gestão de Clientes, Gestão Operacional, Gestão de Processos Regulatórios e Sociais (KAPLAN & NORTON, 2004, p.348-351). Os Principais requerimentos são: em termos de capital humano, os relacionados as atividades que aprimorem o produto e o padrão exclusivo, em termos do capital da informação, aumentar o conhecimento sobre os clientes e fornecer uma plataforma conveniente para clientes e complementadores e em termos de capital organizacional, oferecer benefícios aos clientes e complementadores (KAPLAN & NORTON, 2004, p.353-354). Uma possível representação gráfica de um mapa estratégico de uma empresa que adotasse a opção de lock-in do sistema seria a seguinte: Figura V – Mapa Estratégico da Estratégia Lock-in do Sistema 11 Fonte: KAPLAN & NORTON, 2004, p. 346 IV. Análise dos Resultados Este trabalho discutiu as tipologias para formulação de estratégias competitivas e a sua implementação a partir do Balanced Scorecard. Para isso foi realizada uma revisão teórica dos dois temas. Foram consideradas três perspectivas para a análise das estratégias competitivas: (1) o trade-off custos versus diferenciação de Porter (1980); (2) as disciplinas de valor (Treacy e Wiersema, 1995), que representam um desdobramento das estratégias competitivas genéricas, e (3) o Modelo Delta de Hax e Wilde II (2001), que permite a busca simultânea de liderança em custo e diferenciação, através da análise de dimensões não estudadas por outros autores. Foram a seguir apresentados mapa estratégicos que podem orientar a implementação de cada uma das estratégias descritas nas tipologias apresentadas. Com isso espera-se estar contribuindo para a discussão acerca das tipologias estratégicas e principalmente para o desafio da implementação dessas estratégias por parte das empresas. V. Referências Bibliográficas COSTA, A. P. P.. Contabilidade Gerencial: Um estudo sobre a Contribuição do Balanced Scorecard. São Paulo: Dissertação de Mestrado. Fea / Usp, 2001. KAPLAN, Robert S. e NORTON, David P. A Estratégia em Ação: Balanced Scorecard. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1997. 12 KAPLAN, Robert S. e NORTON, David P. Organização Orientada à Estratégia. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2001 KAPLAN, Robert S. e NORTON, David P. Mapas Estratégicos: Convertendo Ativos Intangíveis em Resultados tangíveis. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 2004. HAMBRICK, D. C. High profit strategies in mature capital goods industries: a contingency approach. Academy of Management Journal. v. 26, n. 4, p. 687-707, December, 1983. HAX, Arnoldo C.; WILDE II, Dean L. The delta project: discovering new sources of profitability in a networked economy. New York: Palgrave, 2001. PORTER, Michael E. 1996. What is Strategy? Harvard Business Review, p. 61-78, November/December, 1996. PORTER, Michael E. Competitive advantage: creating and sustaining superior performance. New York: The Free Press, 1985. PORTER, Michael E. Competitive strategy: techniques for analyzing industries and competitors. New York: The Free Press, 1980. TREACY, Michael; WIERSEMA, Fred. A disciplina dos líderes de mercado: escolha seus clientes, direcione seu foco, domine seu mercado. 3. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.
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