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Apresentacão Paleontologia

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Relatório de campo - 
Planície costeira do rio grande do sul
Carline T., Melania W. e Paula T.
Paleoecologia e Biogeografia - 2010/2
Prof.: Renata G. Netto
Introdução
		A planície costeira do Rio Grande do Sul é uma das mais extensas e contínuas praias arenosas do mundo (Tomazelli & Villwock, 1992). Segundo o modelo evolutivo para a formação desta planície, proposto por Villwock (1984) e Villwock et al (1986), considera-se que o seu crescimento se deu durante o final do Terciário e, principalmente, durante o Quaternário, vinculado a um sistema de leques aluviais, ocupando uma faixa contínua ao longo da parte mais interna da planície costeira, e quatro sistemas deposicionais do tipo laguna-barreira, relacionados a quatro eventos transgressivos, seguidos de eventos regressivos do nível do mar.
		Afim de conhecer e estudar esta regiao, foi realizada uma saída de campo nos dias 13 e 14 de Outubro de 2010, da disciplina de Paleoecologia e Biogeografia, com a Professora Renata Guimaraes Netto, onde foram visitadas três áreas, com objetivo de analisar e descrever perfis e bioestruturas, utilizando-se do conhecimento teórico adquirido em sala de aula e observações em campo.
Geologia Regional
		Considerada uma das quatro províncias geomorfológicas do estado (Carraro et al., 1974), a Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRS) é uma ampla área de terras baixas que se destaca pelo bom grau de preservação do registro sedimentar Quaternário, além de outros fatores como a alta disponibilidade de sedimentos arenosos, a marcante ação das ondas e correntes a elas associadas e o significativo trabalho do vento.
		A linha de costa da PCRS estende-se por cerca de 620 km, desde a desembocadura do Rio Mampituba, ao norte, até a foz do Arroio Chuí, ao sul, mantendo sua orientação NE-SW (Tomazelli e Villwock, 2000).
		Segundo, Tomazelli e Villwock (2000), os depósitos sedimentares acumulados na PCRS são provenientes da erosão de duas áreas fontes principais: na porção central e sul, as fontes são representadas pelas rochas ígneas e metamórficas pré-cambrianas do Escudo Uruguaio-Sul-Riograndense, e, na porção norte da planície, as fontes principais são as rochas sedimentares e vulcânicas da Bacia do Paraná, de idade paleozóica e mesozóica.
		O regime de ventos é um dos agentes mais importantes na morfogênese da planície costeira. Este regime é de alta energia, sendo caracterizado por sua natureza bimodal. O vento dominante, proveniente das bordas do Anticiclone do Atlântico Sul, incide de NE e torna-se mais ativo nos meses de primavera e verão. O vento secundário, associado à atividade do Anticiclone Móvel Polar, incide de W-SW e torna-se mais importante nos meses de outono e inverno (Tomazelli, 1993).
		
		Os sistemas deposicionais desta planície seguem o modelo evolutivo proposto por Villwock (1984) e Villwock et al (1986), que apresenta basicamente dois tipos de sistemas: o Sistema de Leques Aluviais e o Sistema tipo Laguna-Barreira. 		A idade relativa dos diversos sistemas laguna-barreira fica bastante clara em sua disposição espacial: o sistema mais antigo (Sistema Laguna-Barreira I) é o mais interiorizado e a idade decresce no sentido mais externo (Sistema Laguna-Barreira IV) (Holz & De Ros, 2000).
		Nas áreas em estudo, é possível identificar os depósitos pertencentes ao sistema deposicional do tipo Laguna Barreira: Barreira III e Barreira IV.
		A Barreira III, está associada ao último interglacial ocorrido há 125 mil anos, sendo a que apresenta melhor preservação dentre os sistemas pleistocênicos. Os depósitos a ela correlacionáveis se estendem, de maneira quase contínua, ao longo de toda a planície costeira, desde Torres, ao norte, até o Chuí, ao sul. Assim, o desenvolvimento da Barreira III possibilitou a formação dos grandes corpos lagunares que ainda se destacam na paisagem desta região costeira (Lagoa dos Patos e Lagoa Mirim). 
		O mais jovem sistema deposicional do tipo laguna-barreira da PCRS desenvolveu-se durante o Holoceno. Com a desaceleração da subida do nível do mar, nos estágios finais da última Transgressão Pós-Glacial, a evolução costeira passou a ser influenciada fortemente pela topografia antecedente, tanto na configuração da morfologia da costa no máximo transgressivo, atingido há cerca de 5 ka, como também na determinação do tipo de barreira formada.
Área de Estudo
Dia 13/10/2010
AMBIENTE RECENTE
 
		Localizado na Planície Costeira do Rio Grande do sul, na região de Tramandaí, este ambiente pertence ao Sistema Laguna-Barreira IV, o mais jovem Sistema Deposicional do tipo laguna-barreira, que teve seu desenvolvimento durante o Holoceno.
		Constituído pela linha litoral do Rio Grande do Sul, este ambiente é formado por um regime de ventos dominantemente de direção nordeste (NE) e uma hidrodinâmica com regime de micromarés dominados pela ação das ondas e correntes litorâneas.
		Dentro deste ambiente, foram identificados e analisados três depósitos: Shoreface (Superior), Foreshore e Backshore.
 
	SHOREFACE SUPERIOR (20m)
		Este ambiente é influenciado principalmente pelo regime das ondas normais e de tempestade, proveniente da ação de correntes litorâneas, ventos regionais de direção leste e ventos locais de direção nordeste.
		A sedimentologia é caracterizada, predominantemente, por grãos de tamanho areia fina.
		Neste ambiente foram coletados moluscos, como: Donax hanleyanus (Bivalvia) e Conchas de Amiantis purpuratus(Bivalvia).
	FORESHORE (43m)
		É um ambiente de alta energia que sofre a ação direta das ondas normais. É a porção da praia que esta entre o nível da maré baixa e o da maré alta, portanto, sofre normalmente a ação das marés e os efeitos do espraiamento e refluxo da água.
		Neste ambiente, os sedimentos encontram-se úmidos, aumentando a sua coesão.
 
BACKSHORE (44m)
		Esta zona é dividida em campo de dunas e interdunas úmido.
		Os campos de dunas (dunas frontais) são acumulações de areia eólica em meio a vegetação pioneira acima da zona de pós-praia. Podem ser divididas em dois tipos principais: incipientes e estabilizadas, dentro das quais pode haver grandes modificações morfológicas e ecológicas. As dunas frontais incipientes são formadas por areia eólica recém depositada em meio a vegetação pioneira. As dunas frontais estabilizadas desenvolvem-se a partir de frontais incipientes e podem ser distintas pelo crescimento de vegetação secundaria e pela maior complexidade de forma, altura e largura.
Neste ambiente, foram coletadas amostras de plantas das espécies Gunnera herteri (Família Haloragaceae) e Hydrocotyle bonariensis (Família Araliaceae), ambas pertencentes as zonas frontais.
	As interdunas são áreas aproximadamente planas situadas entre dunas *transversais/*barcanóides, onde a deflação pode predominar sobre a deposição eólica. Caracterizam-se por apresentar-se constantemente úmidas, periodicamente alagadas e com vegetação pioneira esparsa.
*Dunas Transversais − formas de leito com orientação transversal ao vento efetivo, com crista linear retilínea.
*Dunas barcanas − formas de leito em formato de meia-lua,com concavidade apontado para o rumo do vento efetivo.
é caracterizado por um ambiente eólico, com predominância de ventos locais de direção nordeste. As dunas podem apresentar até 2 metros de altura.
Dia 14/10/2010
PALEOAMBIENTE
 
		Localizado na Planície Costeira do Rio Grande do sul, na região de Osório, este ambiente pertence ao Sistema Laguna-Barreira III, associada ao último interglacial ocorrido há 125 mil anos. Dentre todos os Sistemas Pleistocenicos é a que apresenta a melhor preservação.
		A barreira é formada por fácies arenosas praiais recobertas por areias eólicas. Em alguns locais, as areias praiais apresentam uma alta concentração de tubos de Ophiomorpha, formados, provavelmente, por crustáceos do gênero Callichirus (Villwock & Tomazelli, 2000).
JAZIDA TATUÍRA
		A Jazida Tatuíra é um local de exploração de areia branca lavada, areia regular e areia média.
		O afloramento em questão (foto
3) possui uma altura de 2,8 metros, constituído por areias de granulometria fina, sendo que, aproximadamente a cada 60cm, é possível identificar lentes de solo de 5cm cada. O afloramento apresenta paleoalterações e rizobiortubação (raízes) muito bem evidenciadas. Conforme aproximação do topo, mais solidificado é o solo.
		A caracterização do perfil se encontra em anexo.
 
 JAZIDA GOMES
 		O afloramento com aproximadamente 2,20 metros de altura, apresenta na base, areias de granulometria fina a média. Possui estratificação cruzada tangencial de alto ângulo e estratificação cruzada-planar, com alta concentração de estruturas biogênicas marinhas (ophiomorphas) (foto 2). Esta camada é característica de um ambiente dominado pela ação das ondas de pequeno porte, denominado ambiente raso.
		O topo do perfil apresenta areias de granulometria fina e média, com presença de cupinzeiro, indicando vegetação e umidade no solo. Possui estratificações cruzadas de baixo ângulo.
Análise Sedimentológica
		Para realizar a análise sedimentológica, foram coletadas amostras de quatro depósitos: Shoreface, Foreshore, Campo de dunas e Interdunas.		Através do processo de Peneiramento - separação dos sólidos, de um solo ou rocha sedimentar, em diversas frações, empregado Análise Granulométrica de Rochas Sedimentares, possibilita, por meio da descrição padronizada dos sedimentos, a interpretação dos processos de transporte e de ambientes deposicionais. 
		Neste processo, os sedimentos podem sofrer secagem, homogeneização, quarteamento, cominuição e peneiramento, sendo finalmente embalados em frações granulométricas distintas.
Fraçao
(mm)
Peso Inicial (g)
Tara do Becker
(g)
Peso Final
(g)
Campo de Dunas
2
-
27,5
54,2
1
-
34,5
0,5
-
35,8
0,250
40,2
38,6
0,125
85,2
35,2
0,062
33,6
31,0
Interdunas
2
-
27,5
56,4
1
-
34,5
0,5
-
35,8
0,250
39,9
38,6
0,125
86,6
35,2
0,062
34,7
31,0
Foreshore
2
-
27,5
51,2
1
-
34,5
0,5
-
35,8
0,250
39,5
38,6
0,125
80,0
35,2
0,062
36,5
31,0
Shoreface
2
-
27,5
52,2
1
-
34,5
0,5
-
35,8
0,250
40,4
38,6
0,125
81,9
35,2
0,062
34,5
31,0
-
-
-
-
-
Tabela 1 – Resultado da Análise Sedimentológica
Conclusões
		Diante das Bibliografias estudadas, comparando-as aos dados levantados em campo nos dias 13 e 14 de outubro de 2010, é possível concluir que as áreas em estudo estão relacionadas ao Sistema Deposicional do tipo Laguna-Barreira, Barreira III e IV, sendo a primeira de idade Pleistocênica e a segunda Holocênica.
		Além disso, as áreas estudadas apresentam características semelhantes aos dados apresentados nas Bibliografias analisadas.
		Portanto, foi possível conhecer e analisar o que consiste um Sistema Deposicional do tipo Laguna-Barreira e suas principais características, como exemplo, a presenca de estruturas biogênicas marinhas (Ophiomorphas).
Anexos
Foto 1 – Perfil Jazida Gomes
Foto 2 – Concentracao de Ophiomorfas
Foto 3 – Perfil Jazida Tatuíra
Referencias Bibliográficas
TOMAZELLI, L. J. & VILLWOCK, J. A. 1991. Geologia do Sistema Lagunar Holocênico do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. Pesquisas, 18 (1): 13-24.
 
TOMAZELLI, L. J. & VILLWOCK, J. A. 1996. Oscilações Holocênicas do Nível Relativo do Mar Registradas na Sucessão de Fácies Lagunares na Região da Laguna de Tramandaí, RS. Pesquisas, 23 (1/2): 17-24.
 
DILLENBURG, S.R.; ROY, P.S.; COWELL, P.J. & TOMAZELLI, L.J. Influence of Antecedent Topography on Coastal Evolution as Tested by the Shoreface Translation-Barrier Model (STM). Journal of Coastal Research, 16:71-81. 2000.
TOMAZELLI, L. J. & VILLWOCK, J. A. 2005. Mapeamento Geológico de Planícies Costeiras: o Exemplo da Costa do Rio Grande do Sul.
	
	J.M. DE GILBERT, ET AL. Commensal worm traces and possible juvenile thalassinidean burrows associated with Ophiomorpha nodosa, Pleistocene, southern Brazil. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology 230 (2006) 70– 84.
Gratas pela atenção!

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