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Sistema Renal Reabsorção, Secreção, Concentração e Diluição Reabsorção, Secreção Tubular e Mecanismo de Concentração e Diluição Urinária (mecanismo de contra-corrente) Anatomia dos Rins • Anatomia Macroscópica dos Rins • Anatomia Interna dos Rins Anatomia Macroscópica dos Rins Os rins são recobertos na sua porção superior pelas últimas costelas, sendo o rim direito mais baixo que o esquerdo. Anatomia Interna dos Rins Internamente observam-se as pirâmides renais, com os chamados cálices, os quais drenam nas extremidades de cada pirâmide, sendo, então, a confluência dos ductos coletores dos néfrons que compõem aquela pirâmide. Os cálices confluem para a pelve renal. Cálculos renais na região dos cálices podem provocar aumento da pressão hidrostática dos canalículos, retrogradamente aumentando a pressão na cápsula do Bowman, que acaba por dificultar a filtração glomerular. Nesse caso, o comprometimento da eliminação de excretas pode provocar uma insuficiência renal pós-renal. A função renal pode ser comprometida por fatores pré, pós, ou presentes no parênquima renal (néfrons). A urolitíase (formação de cálculo) é o principal fator de insuficiência de fator pós-renal; um outro fator pode ser um tumor de retroperitônio, que co mesmo tipo de obstrução. Dentre os fatores pré-renais, pode-se destacar a insuficiência mprima os ureteres provocando o 1 Sistema Renal Reabsorção, Secreção, Concentração e Diluição cardíaca, quando a incapacidade de geração de fluxo renal suficiente dificulta a filtração e eliminação de excretas. Esse quadro é chamado de síndrome cardio-renal. A baixa perfusão renal pode ser também provocada por uma estenose ou ateresia (hipodesenvolvimento) da artéria renal; nesse caso, a insuficiência só existe em casos de estenose bilateral; caso contrário, a filtração no outro rim, que hipertrofia, compensa aquele comprometido. Uma causa importante de insuficiência renal é o choque circulatório, que ocorre quando há uma hipovolemia, como em grandes hemorragias ou desidratação, ou num choque cardiogênico, decorrente de infarto agudo do miocárdio (IAM), com diminuição importante do débito cardíaco, ou no choque séptico, quando uma infecção bacteriana disseminada provoca vasodilatação generalizada, e descontrole na pressão e fluxo sangüíneos; nesses casos, pode-se, então, comprometer a perfusão renal, configurando uma insuficiência renal aguda pré-renal. A baixa perfusão do parênquima pode também levar a uma isquemia do mesmo, que pode então evoluir para um quadro de insuficiência renal de causa renal. A Formação da Urina O rim recebe de 20 a 25% do débito cardíaco em repouso; entretanto, a perfusão renal tem como principal função a filtração, e não a vascularização, que é suprida por uma pequena parte do volume de sangue que o irriga. Apesar de a pressão arterial variar ao longo do dia e em diversas circunstâncias adversas, a pressão e o fluxo glomerular tendem a se manter constantes através de mecanismos de auto-regulação (miogênico, renina-angiotensina). A taxa de filtração glomerular é de aproximadamente 125 ml/min, cerca de 20% do plasma passam para a cápsula de Bowman, sendo que 99% desse líquido é reabsorvido, produzindo, em média, 2 litros de urina por dia. Essa grande passagem de líquido pelos néfrons permite regular a concentração de diversas substâncias no sangue, principalmente excretas e eletrólitos, bem como controlar o volume sangüíneo. O que é excretado (eliminado na urina) é o resultado da combinação do que é: 1. Filtrado; 2. Reabsorvido; 2 Sistema Renal Reabsorção, Secreção, Concentração e Diluição 3. Secretado (do interstício peritubular ativamente para a luz dos canalículos); A combinação desses processos determina a concentração das substâncias na urina. Normalmente, não existe glicose na urina (glicosúria), pois ela é filtrada e reabsorvida. Alguns medicamentos, como a penicilina, análogos da testosterona, entre outros, são eliminados do organismo por secreção tubular. Sendo assim, competem pela mesma via de eliminação, podendo ficar por mais tempo na circulação em função disso, o que pode provocar um prolongamento da sua meia-vida biológica, e conseqüente aumento da concentração plasmática da substância, que pode ser prejudicial (tóxico). A Probenicida é um medicamento que inibe o transporte transmembrana de forma generalizada no organismo, particularmente no rim, diminuindo a reabsorção e a secreção. É utilizado, por exemplo, em indivíduos com altos índices de ácido úrico, normalmente filtrado, e reabsorvido; com a Probenicida ele não será mais reabsorvido, evitando o acúmulo do ácido úrico, que provoca doenças como gota (acúmulo nas articulações). Durante a Segunda Guerra, a Probenicida foi utilizada em conjunção com a penicilina, para que seu efeito fosse mais efetivo, com uma menor dose. Halterofilistas já usaram Probenicida para maximizar o efeito de esteróides anabolizantes, ficando mais tempo na circulação, além de não serem eliminados na urina, burlando o exame antidopping. A creatinina é um metabólito que é filtrado, entretanto, não é reabsorvido nem secretado, sendo assim é um bom referencial para os níveis de filtração glomerular. A glicose é filtrada e reabsorvida completamente por co-transporte de sódio. Pode-se ocorrer glicosúria pela diminuição da reabsorção de glicose, ou o que é mais comum, a hiperglicemia, saturando a capacidade de reabsorção tubular. Proteínas e aminoácidos também são reabsorvidos, não ocorrendo proteinúria fisiologicamente; quando a parede glomerular sofre um desarranjo de cargas elétricas, a filtração de proteínas pode exceder o normal, ocorrendo micro ou macroproteinúria, dependendo do nível de desequilíbrio, eventualmente provocado por algum processo inflamatório. 3 Sistema Renal Reabsorção, Secreção, Concentração e Diluição Processos Globais de Transporte Tubular O ultrafiltrado glomerular tem uma composição muito semelhante ao plasma, com menor concentração de proteínas. No túbulo contornado proximal a atividade de reabsorção hidrossalina é muito intensa; cerca de 75% do ultrafiltrado retorna ao plasma, voltando principalmente íon cloreto e água. A reabsorção ocorre através das células, por proteínas de membrana (canais) ou por espaços intercelulares (“tight junctions”). Na membrana basolateral (voltada para o interstício) ocorre reabsorção ativa de sódio (cloreto de sódio), com aumento da osmolalidade, provocando reabsorção de água passivamente, bem como outros íons (magnésio, potássio, etc.). O gradiente de sódio criado permite a difusão de sódio e glicose, e proteínas de membrana (porinas) facilitam a difusão dessas substâncias; o co-transporte de sódio e glicose permite que a última entre na célula ainda que contra o gradiente, já que o gradiente de sódio gera a “força” necessária para tal. Pequenos aminoácidos são reabsorvidos por co-transporte de sódio na membrana luminal; proteínas maiores são fagocitadas, digeridas e, então, da membrana basolateral, caem na circulação. O princípio básico dos processos de reabsorção ocorridos no túbulo contornado proximal é a reabsorção ativa de sódio na membrana basolateral, que diminui a concentração intracelular, permitindo sua reabsorção na membrana luminal (em contato com a luz do túbulo), facilitando a reabsorção de glicose, gerando um ambiente hiperosmótico no interstício e produzindo osmose via espaços intercelulares, com a água carregando outros íons. Segmento descendente da Alça de Henle – somente permeável à água Segmento ascendente da Alça de Henle – somente permeável a íonsA capacidade do rim de gerar uma medula hiperosmótica, em relação ao canalículo, permite trazer água do túbulo coletor, e é o que permite aos organismos que vivem fora d’água não desidratarem gravemente. (Mecanismo de Contra-Corrente) 4
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