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Aplicação de TI na Logística de Suprimentos

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1
Aplicação de sistemas de informação para a otimização da integração 
de processos logísticos em cadeias de suprimento 
 
 
Marcelo Bronzo, Ph.D. 
Professor Adjunto 
Departamento de Ciências Administrativas 
Centro de Pós-Graduação e Pesquisas em Administração 
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG 
 
 
Marcos Paulo Valadares de Oliveira 
Bacharel em Administração pela Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG. 
Professor Substituto do Departamento de Ciências Administrativas da UFMG. 
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG 
 
 
Resumo 
 
Este artigo analisa as novas aplicações da Tecnologia da Informação (TI) no 
planejamento colaborativo em cadeias de suprimentos, especialmente na gestão 
operacional das empresas e no aperfeiçoamento de suas funções logísticas, na 
gestão dos canais de marketing, no incremento dos níveis de serviço e no aumento 
da lucratividade dos negócios. O artigo vem desenvolvido em três partes. Em 
primeiro lugar, discute-se a interface entre os ciclos da logística de suprimento, de 
produção e de distribuição física e os demais processos funcionais, destacando-se a 
contribuição dos sistemas ERP (Enterprise Resources Planning) para os objetivos de 
integração interna das funções empresariais. Em um segundo momento, o artigo faz 
referência à importância das soluções EDI (Eletronic Data Interchange) para a 
coordenação dos processos de negócios na cadeia de valor. Por fim, o artigo 
apresenta três categorias de análise para a solução de problemas de integração em 
ambientes e-business: segurança do fluxo das informações, custos de 
implementação e respaldo legal. São utilizadas como base argumentativa as 
normatizações da RFC2510 e as tecnologias de certificação digital baseadas em 
sistemas de código do tipo PKI (Public Key Infrastructure), destacando-se sua 
importância para uma maior eficiência dos processos logísticos. 
 
 
1. Introdução 
 
Durante as três últimas décadas, inúmeros avanços nos campos da Tecnologia da 
Informação (TI) e das Telecomunicações vêm afetando diretamente o setor de 
operações das empresas e, conseqüentemente, contribuindo para elevar o 
desempenho e o controle de certos processos organizacionais, especialmente 
aqueles vinculados aos ciclos logísticos de suprimento, produção e distribuição física 
dos bens. 
 
 
 
Aplicação de sistemas de informação para a otimização da integração de processos logísticos em cadeias de suprimento
Marcelo Bronzo Ladeira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 2
Dois cenários explicam fundamentalmente o impacto desses avanços para as 
empresas e para as redes de suprimentos. Em primeiro lugar, o ambiente 
concorrencial tem exigido maior redução dos custos operacionais, o incremento dos 
níveis de serviços associados ao desempenho logístico (velocidade, confiabilidade, 
consistência, freqüência e disponibilidade) e um planejamento colaborativo entre 
participantes de um mesmo canal de marketing, ou seja, a integração das decisões e 
dos fluxos de recursos e informações entre os agentes na cadeia de valor 
(fornecedores, atacadistas, varejistas, operadores logísticos, por exemplo). Em 
segundo lugar, e especificamente no que se refere ao setor de operações, observa-
se nas últimas décadas um persistente movimento de desverticalização das 
atividades de produção e de inovação nas organizações, exigindo das grandes 
empresas a sincronização de ações com seus fornecedores e clientes e a definição 
de estratégias orientadas para uma maior integração e coordenação das atividades 
logísticas em toda a cadeia de suprimentos a montante e a jusante. 
 
A economia informacional crescentemente em rede também tem exigido das 
empresas competências distintivas no gerenciamento dos vínculos de 
relacionamento com os outros agentes que participam de uma mesma cadeia de 
valor (Cooke e Morgan, 1998; Ebers, 1997; Dubois e Hakansson,1997). Aqui 
também as novas tecnologias da TI têm tido um papel decisivo no atendimento de 
novas demandas, quantitativas e qualitativas, percebidas local e globalmente, nos 
mercados intermediários e finais, garantindo uma administração compartilhada de 
processos-chave e a superação de barreiras organizacionais e inter-organizacionais. 
Essas barreiras são resultantes de uma visão gerencial com baixo potencial 
sistêmico e com pouco compromisso do ponto de vista da integração das várias 
funções críticas a serem desempenhadas. A TI, nesse contexto, possibilita às 
organizações a utilização de soluções apropriadas para diferentes trade-offs: 
compras, estoque, transporte, armazenagem e administração de pedidos. 
 
Portanto, a coordenação e a integração dos processos logísticos internos e externos 
às empresas definem o escopo maior deste paper, estruturado em três grandes 
seções. Em primeiro lugar, busca-se demonstrar a importância da TI no alinhamento 
estratégico das atividades logísticas das empresas e dos demais agentes na cadeia 
de valor. Em um segundo momento, discute-se uma tecnologia já bastante 
conhecida, o EDI (Eletronic Data Interchange), argumentando-se sobre a 
importância da troca eletrônica dos dados nos processos de suprimento e sobre os 
benefícios de sua inserção em diferentes setores econômicos. Também nessa 
segunda parte é ressaltado o poder da Internet para a convergência de interesses e 
para a celeridade nos negócios entre os agentes econômicos. As soluções de e-
business estão modificando a expectativa de clientes a respeito de seus 
fornecedores, sendo este um fenômeno percebido tanto nos mercados finais (entre 
varejistas e fornecedores industriais) quanto nos mercados industriais intermediários 
(empresas clientes e fornecedores industriais e de serviços). Na terceira e última 
parte do artigo, a ênfase desloca-se para três categorias de análise úteis à 
integração de soluções de TI no gerenciamento dos fluxos inter-organizacionais: a 
segurança do fluxo das informações, os custos de implementação da solução e, por 
fim, o respaldo legal necessário às transações. A solução proposta foi dividida em 
duas perspectivas, complementares: em primeiro lugar, a identificação dos agentes 
Aplicação de sistemas de informação para a otimização da integração de processos logísticos em cadeias de suprimento
Marcelo Bronzo Ladeira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 3
e de seus vínculos de relacionamento; em segundo, a identificação da natureza da 
operação e os procedimentos para a troca das mensagens entre os agentes da 
cadeia de valor. Para isso são feitas referências às normatizações da RFC2510 e ao 
uso crescente de tecnologias de certificação digital baseadas em sistemas de código 
do tipo PKI (Public Key Infrastructure), destacando-se a importância desses 
elementos para a integração dos sistemas de informação no espectro mais amplo 
das cadeias de suprimento. Seguem, ao final, as conclusões e as referências 
bibliográficas. 
 
2. Logística empresarial e integração de processos organizacionais 
 
Os projetos ou reprojetos de redes logísticas quase sempre envolvem atividades 
circunscritas aos ciclos de suprimento, produção e distribuição, bem como decisões 
gerenciais estratégicas e sistêmicas relativas às funções de compras, gerenciamento 
de estoques, transporte, armazenagem e administração de pedidos. Esse 
alinhamento sistêmico vem exigindo das empresas uma maior competência na 
coordenação dos recursos internos e externos à organização, sendo relevante a 
aplicação de novas tecnologias da informação para o sucesso desse esforço 
integrador (Christopher, 1997; Novaes, 2001; Bowersox et al, 1992; Kobayashi, 
2000). 
 
Em um trabalho recente, Kopczak e Johnson (2003) exploraram aspectos 
importantes relativos à gestão integrada dos processos logísticos e aos efeitos de tal 
gestão sobre a competitividade empresarial e sobreos processos de criação de 
valor em redes de suprimento. Segundo os autores, mudanças em curso estariam 
forçando as empresas a reexaminarem sua visão do negócio e a redefinirem em 
quais processos focalizar seus recursos e competências. Essa questão é 
extremamente crítica para a logística, por conta da intensidade de investimentos em 
ativos específicos e por conta da necessária utilização de recursos tangíveis e 
intangíveis nas transações comerciais. 
 
Para Kopczak e Johnson (2003), a filosofia e a prática da gestão integrada da 
cadeia de suprimentos estão relacionadas a seis grandes conjuntos de mudanças no 
pensamento empresarial. Neste conjunto de mudanças, a logística estaria sendo 
reorientada para a aquisição de vantagens competitivas a partir de uma melhor 
coordenação de suas atividades e para uma maior integração dessas atividades com 
as de outras áreas de decisão nas empresas, como finanças, marketing e 
engenharia de processos e produtos. As mudanças em curso nas estruturas e 
processos de negócio podem ser assim resumidas, segundo a interpretação de 
Kopczak e Johnson (2003): (1) a integração de processos internos e externos 
visando ao alinhamento de objetivos e tomadas de decisões com fornecedores, 
clientes e agentes facilitadores (por exemplo, um operador logístico) participantes da 
rede de suprimentos; (2) a minimização dos custos de produção e distribuição, 
adequando-se melhor as exigências de volumes e tipos de produtos entre as 
instâncias de oferta e consumo, paralelamente à redução dos custos relacionados 
aos elementos de precaução no sistema logístico (capacidade excedente, estoques 
de segurança, precificação defensiva, entre outros); (3) a busca pela antecipação do 
ponto de penetração do pedido, a partir da coleta e do tratamento de informações 
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atualizadas sobre a demanda. A partir de tal procedimento, o que as empresas 
parecem querer evitar é o efeito chicote, em que, por conta da baixa integração dos 
fluxos informacionais sobre a demanda, pequenas variações na demanda final 
provocam amplificações indesejadas a montante na cadeia de suprimentos; (4) a 
integração dos processos de inovação com fornecedores e clientes, antecipando-se 
a colaboração desses agentes nas atividades de P&D das empresas; (5) a 
integração das funções e atividades do composto de marketing e do composto 
logístico, por meio da integração entre decisões de produto, preço, promoção e 
canais de marketing às decisões logísticas relacionadas a compras, estoque, 
transporte, armazenagem e processamento de pedidos; (6) a customização de 
produtos e de serviços logísticos a partir do uso sistemático das novas tecnologias 
de informação, permitindo às empresas gerenciar melhor seus recursos e atuar pró-
ativamente no que se refere à elasticidade da demanda e às modificações 
desejadas pelos mercados em termos de especificações de produtos. 
 
A partir da perspectiva sistêmica defendida por Kopczak e Johnson (2003), entende-
se que uma coordenação logística ruim pode ser identificada quando, por exemplo, 
os setores de vendas e de distribuição resolvem adotar uma gestão mais permissiva 
de estoques de produtos finais, enquanto o que a produção objetiva é reduzir o nível 
de inventários no sistema, alegando que eles deprimem as margens e trazem piores 
resultados para a performance operacional da empresa. O problema aqui está em 
equacionar devidamente o fluxo de recursos e de informações que percorrem toda a 
cadeia de suprimentos: quanto mais reconhecidos e monitorados forem esses fluxos, 
menor será a necessidade de estoques de segurança para atender à demanda e às 
necessidades da produção (Ferrozi, Hammond e Shapiro, 1993; Christopher,1997). 
Em linhas gerais, isso significa que quanto menos informação possui a empresa, ou 
quanto mais pobres mostram-se os seus fluxos de informação com outras empresas, 
maior será a necessidade de elementos de precaução (estoques, 
fundamentalmente) para atender às flutuações na demanda, o que traz impactos 
diretos nas margens de lucros da firma. 
 
Corroborando essa perspectiva, Kobayashi (1998) entende que um dos problemas 
críticos para que as empresas possam dispor de uma coordenação logística eficiente 
na cadeia de valor está em integrar as diferentes áreas de decisão na empresa e 
todos os seus processos internos com as atividades que envolvem o relacionamento 
com fornecedores, clientes e demais agentes participantes dos canais de 
distribuição. Os processos logísticos e os processos organizacionais estão 
inextricavelmente superpostos, o que obviamente exige o desenvolvimento e a 
implementação de uma arquitetura informacional também integrada nas empresas 
(Kobayashi, 1998). 
 
As logísticas de suprimento e de produção referem-se a todas as atividades 
incluídas no processo produtivo e devem fornecer, a custos competitivos e com 
qualidade superior, os inputs necessários às operações da empresa, atendendo de 
forma tempestiva e sem grandes intervalos às exigências quantitativas e qualitativas 
dos clientes. A logística de distribuição oferece o suporte às vendas, partindo da 
gestão do estoque de produtos finais, determinando canais de distribuição e 
viabilizando a movimentação e o transporte desses produtos, de forma eficiente, do 
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estabelecimento produtor aos clientes intermediários ou à ponta final da cadeia de 
valor. A integração entre produção e vendas exige o suporte de uma eficiente rede 
de distribuição física para os produtos fabricados, além de uma revisão criteriosa dos 
métodos produtivos e da gestão de materiais na empresa, incluindo-se aí as políticas 
de compras. 
 
Uma boa coordenação logística, portanto, implica a eficiência na distribuição dos 
produtos e a resolução sistemática de problemas relativos ao suprimento de 
materiais ou à gestão de componentes no interior do processo produtivo. A 
coordenação logística eficaz implica a integração de todos esses processos, 
orientando-os decisivamente para os clientes. Isso significa, na prática, repensar 
toda a arquitetura informacional da entidade organizacional. Maior fluxo e controle 
sobre as informações relativas aos processos de vendas, por exemplo, combatem os 
efeitos negativos de lead times longos para atendimento dos pedidos, o que pode 
prejudicar o desempenho dos níveis de serviço que a empresa quer oferecer a seus 
clientes. Não é difícil compreender a motivação para o uso de soluções de TI neste 
caso: assegurar um lead time breve implica, além de maior confiabilidade e 
consistência no prazo de entrega, uma potencial redução dos custos totais de 
funcionamento do sistema logístico da empresa, uma vez que há diminuição dos 
estoques, racionalização dos espaços físicos e simplificação do processo produtivo. 
 
Desde 1970, a capacidade de processamento e a sofisticação da funcionalidade dos 
sistemas de informação vêm evoluindo significativamente, proporcionando às 
empresas soluções cada vez mais eficazes do ponto de vista da arquitetura de 
sistemas integrados de gestão. Inicialmente, porém, a evolução conjunta de 
sistemas de informação e de sistemas de computação favoreceu a otimização da 
performance em funções isoladas nas empresas. A partir dos anos 50, o foco das 
aplicações foi direcionado para a automatização de processos nas áreas financeira e 
contábil. Anos mais tarde, sistemas de informação foram sendo desenvolvidos e 
aplicados na função manufatura, especialmente através do desenvolvimento do 
MRP I (MaterialsRequeriments Planning), auxiliando o planejamento das 
necessidades de materiais para itens de demanda dependente, traduzindo a 
previsão de demanda de um programa mestre de produção em exigências líquidas 
de componentes para a montagem de produtos finais. O sistema MRP I evoluiu com 
o tempo, tendo surgido o sistema MRP II (Manufacturing Resources Planning), 
alguns anos depois da primeira geração do MRP. O MRP II parte da mesma lógica 
que fundamenta o MRP I porém busca oferecer funcionalidades para o planejamento 
da capacidade dos recursos da manufatura como um todo, incluindo não apenas 
materiais, mas também equipamentos, recursos humanos, tempo de fabricação e 
outras exigências para a produção. 
 
A evolução do MRP II, como se sabe, está no desenvolvimento dos sistemas ERP 
(Enterprise Resources Planning), cuja extensão de aplicações é significativamente 
superior aos sistemas MRP I e MRP II, pois se ocupa do planejamento de recursos 
de toda empresa. Em sistemas aplicativos de ERPs há o gerenciamento de 
processos afins não somente à função produção, mas também daqueles 
circunscritos às outras áreas de competência da empresa, como engenharia, 
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Marcelo Bronzo Ladeira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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contabilidade, finanças e controladoria, gerenciamento de projetos e gestão de 
recursos humanos. 
 
Laurindo e Pessoa (2001) entendem que os sistemas ERPs são estratégicos para as 
empresas, uma vez que proporcionam soluções específicas para cada área 
funcional utilizando-se geralmente de um único banco de dados, de uma única 
aplicação e de uma única plataforma para o gerenciamento de diferentes 
informações da empresa. Tal característica operacional do ERP confere uma 
vantagem bastante útil para a empresa no processo de tomada de decisão: sendo a 
informação armazenada em um só lugar, há a possibilidade de se ter um sistema 
verdadeiramente integrado, pelo menos internamente. Com isso, evita-se um 
problema sensível para muitas organizações que, não possuindo sistemas 
integrados de gestão, são obrigadas a conviver com diversos sistemas isolados 
criando “ilhas de informação” ou até mesmo informações de baixa qualidade, por 
estarem desatualizadas, redundantes ou conflitantes. Essa deficiência dificulta 
sobremaneira o alcance de eficácia e rapidez nos processos de tomada de decisão 
nas empresas. Uma outra vantagem dos sistemas ERP é que, a partir de tal solução, 
as empresas podem contar com um mecanismo que integra e padroniza 
informações de localizações dispersas geograficamente, permitindo às grandes 
corporações - com sistemas complexos no tocante à função produção e à função 
logística - vantagens significativas de redução de custos e de melhoria dos níveis de 
serviço aos clientes. 
 
Ao mencionarem as novas exigências para gerações futuras dos sistemas 
integrados de gestão, Harrison e Van Hoek (2003) destacaram um ponto importante 
a respeito do ERP. A questão é singela, mas fundamental: se hoje a implementação 
de sistemas ERP permanece primordialmente orientada para a integração das 
funções internas das empresas, é muito provável que as novas gerações de 
sistemas ERP passem a “conversar” mais entre si, permitindo a integração dos 
fluxos de negócios entre os agentes econômicos e a inclusão de funcionalidades 
para se viabilizar, de fato, a “gestão eletrônica” das cadeias de suprimento em um 
futuro próximo. 
 
 
3. A importância da TI para o gerenciamento integrado de processos 
 logísticos em cadeias de suprimentos 
 
Muitas empresas utilizam informações precisas para racionalizar seus processos 
produtivos, para reduzir o lead-time e para diminuir seus estoques e demais ativos 
imobilizados (Stewart, 1998). Assim, um dos efeitos de primeira ordem das novas 
tecnologias da informação é, portanto, a substituição dos estoques por informações, 
e dos ativos fixos por conhecimento. Torna-se então necessária uma maior 
governança corporativa nos sistemas de informações. A governança corporativa 
pode ser entendida como o conjunto de responsabilidades e práticas exercidas pelas 
gerências com o objetivo de garantir uma direção estratégica à empresa, o alcance 
adequado das metas, o gerenciamento apropriado dos riscos e a verificação do uso 
responsável dos recursos da corporação (Cobit, 2000; Davenport, 1998). Ou seja: as 
empresas estão compreendendo cada vez mais que os riscos sofridos por seus 
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ativos informacionais podem vir a representar riscos para toda a corporação, bem 
como para toda a cadeia de valor. 
 
Como já foi dito, parte das exigências de integração dos processos internos vem 
sendo solucionada pela utilização crescente de sistemas ERP. Porém, no que se 
refere à integração de processos na cadeia de valor entre fornecedores, clientes e 
agentes facilitadores, as soluções mais importantes envolvem o uso das tecnologias 
de EDI (Eletronic Data Interchange) e Internet. 
 
O EDI é uma solução já reconhecida e utilizada por um número significativo de 
grandes corporações desde a década de 1980. Entretanto, uma vez que sua 
operacionalização envolve custos altos, a sua difusão – apesar de relevante – 
permanece restrita, se considerarmos o número de empresas que ainda não se 
beneficiam dessa tecnologia nos dias atuais. Porém, uma outra aplicação da TI 
capaz de atuar positivamente em um ambiente SCM é a Internet, que permite o 
surgimento de novas tecnologias, como por exemplo o PKI (Public Key 
Infraestructure) e PML (Physical Markup Language. Essas tecnologias poderão 
enriquecer o EDI, viabilizando o seu uso por empresas anteriormente excluídas do 
processo integrativo, seja em função de seu alto custo, seja em função de restrições 
quanto a confidencialidade e integridade das transações. Faz-se necessário, 
portanto, antes de uma discussão sobre essas novas tecnologias, uma breve revisão 
sobre as origens e aplicações iniciais do conceito EDI. 
 
 
3.1. Intercâmbio eletrônico de dados (Electronic Data Interchange) 
 
O uso de EDI entre fornecedores e clientes tem sido beneficiado pelo avanço 
crescente da informática e das Telecomunicações, representando uma inovação 
tecnológica singularmente estratégica para as empresas. Desde o início dos anos 
80, sua importância tem sido reconhecida não somente por empresas do setor 
industrial e de serviços, mas também por governos nacionais, entidades supra 
nacionais, órgãos reguladores, agências certificadoras, entre outros agentes 
econômicos. O uso do EDI está hoje bem disseminado em diferentes economias e 
em diferentes setores econômicos, tais como farmacêutico, automobilístico, 
alimentar, de distribuição e transporte, portuário, da agricultura, bancário, de 
seguros, de companhias aéreas e da administração pública. 
 
O emprego de tal tecnologia tem influência sensível na redução da quantidade de 
documentos em papel, na maior segurança e rapidez na transmissão de dados, na 
eliminação de entradas recorrentes nos sistemas de informação da empresa, nos 
custos de gestão dos processos de suprimento e distribuição, na redução 
progressiva do lead time e na maior visibilidade do fluxo das mercadorias na cadeia 
de valor (Harrison e Van Hoek, 2003). Antes do EDI, o processo de suprimentos era 
seguramente menos eficiente, menos controlável e menos eficaz. Um processo 
convencional, sem o emprego da tecnologia, poderia ser assim resumido: (i) 
solicitado um produto ou serviço, envia-se uma confirmação do pedido pela firma 
cliente, depois de aprovada a oferta do fornecedor; (ii) a empresa fornecedora, ao 
despacharsua mercadoria, prepara uma fatura em duas vias, uma indo para o 
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cliente e outra para a sua própria seção de contas a receber. Com as peças que 
enviou, vai também uma nota fiscal, para conferência da mercadoria no seu local de 
destino; (iii) ao chegar, a mercadoria é conferida pelo departamento responsável na 
empresa cliente, que confere a nota fiscal e prepara relatórios de recebimento dos 
itens e quantidades recebidos; (iv) o relatório segue para a seção de contas a pagar, 
e há outra entrada de dados no sistema; (v) estando tudo correto, a seção de contas 
prepara um cheque para cada fatura e emite um documento de aviso de remessa do 
pagamento; (vi) o fornecedor, ao receber o pagamento, compara-o com sua própria 
cópia da fatura. 
 
O impressionante nessa descrição, além do número de fases do processo, é que em 
determinados pontos serão obrigatórias às duas empresas várias entradas de um 
mesmo dado no sistema, tais como inputs de dados nos computadores, impressão 
de documentos variados, selagem e expedição dos mesmos, entre outros. Com o 
EDI, simplifica-se a gestão do sistema, reduz-se drasticamente o lead time das 
entregas, abaixam-se os custos e o número de erros ao longo da transação: (i) o 
cliente informa ao fornecedor, com freqüência diária e por meio do disparo de 
“kanbans eletrônicos”, a necessidade de material; (ii) ao serem recebidas, com os 
respectivos cartões kanbans de códigos de barras, essas mercadorias têm suas 
informações lidas eletronicamente. O recebimento de cada item será registrado, 
passando a fazer parte do controle físico e financeiro dos estoques da contratante; 
(iii) estando tudo certo, não havendo discrepâncias dos preços e da qualidade ex–
ante negociados, o sistema transmite um comunicado eletrônico ao banco, 
permitindo a transferência automática do pagamento da conta do cliente para a do 
fornecedor. Em termos funcionais, o que ocorre é a aceleração da comunicação, a 
melhoria no controle das informações, a redução de papel e, não menos importante, 
a contenção do ímpeto burocrático típico de empresas que cresceram muito, mas 
perderam eficiência. Em termos da gestão, o EDI facilita a redução de erros no 
processo, o controle dos dados e a simplificação dos procedimentos administrativos, 
conferindo-lhes maior transparência. Também favorece a redução de estoques nas 
diferentes fases da cadeia de valor, o que poderá significar armazéns e depósitos 
menores ao longo do processo de distribuição, bem como uma força adicional ao 
êxito do JIT (Just in Time) interno e externo. 
 
No início, a utilização dos sistemas de EDI no Japão, nos Estados Unidos e em 
países europeus resultou no surgimento de diferentes padrões de mensagens, 
reconhecidos geralmente no âmbito do setor comercial ou produtivo em que eram 
utilizados. Isso ocorreu por conta de características do próprio EDI. Por representar 
uma diferente forma de linguagem, utiliza-se de nova gramática (sintaxe e regras de 
estruturação dos dados) e de um novo vocabulário, este último formado por elencos 
de dados elementares e de mensagens (Comunidade Européia, 1999; EDI-forum, 
1994). Na metade dos anos 80, porém, a diversidade de padrões levou a Comissão 
das Nações Unidas a definir normas para o uso do EDI, compreendendo um 
conjunto de standards e orientações voltados a facilitar a troca e a resolução de 
problemas no comércio internacional. As diretivas da ONU, presentes na 
normalização UN/EDIFACT, tiveram o objetivo claro de expandir o uso do EDI em 
níveis internacionais. Tanto que, pouco tempo depois, as diretivas EDIFACT 
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transformaram-se em um standard internacionalmente reconhecido em Norma ISO 
9735 (EDI-Forum, 1994). 
 
Na difusão do sistema EDI entre as empresas, existem condições e fases a serem 
respeitadas, que podem ser assim resumidas: i) definição de quais são os 
processos produtivos, os departamentos e as figuras profissionais a serem 
envolvidos; ii) definição das informações a serem transmitidas pelo sistema; iii) 
levantamento dos programas aplicativos já em uso nas diversas áreas funcionais da 
organização, com especial atenção para os processos de suprimento e de 
distribuição; iv) definição do nível de integração do EDI com os aplicativos já 
existentes na organização; v) definição dos meios de transmissão a serem utilizados; 
vi) definição do nível de segurança desejado para o sistema (EDI-Forum, 1994). 
No âmbito do comércio internacional, o uso do EDI entre importadores, 
exportadores, empresas transportadoras e agentes aduaneiros favorece a redução 
do lead time nas entregas e dos custos relativos aos processos de importação e 
exportação. Isso porque, ao serem efetuadas as transações, as empresas 
importadora e exportadora usam o EDI para enviar às autoridades competentes, em 
tempo real, informações sobre as empresas envolvidas, meio de transporte utilizado, 
empresa transportadora, licenças de importação e exportação, entre outras 
informações úteis à agilização dos trâmites legais para o desembaraço aduaneiro. A 
velocidade com que se transmite um conjunto extenso de mensagens possibilita que 
a informação chegue antes das mercadorias ao seu ponto de destino. Tal 
característica do EDI favorece, conforme dito acima, a diminuição do tempo 
necessário ao desembaraço aduaneiro, mas também pode vir a influenciar 
positivamente as atividades de movimentação e transporte nos terminais logísticos 
de portos, ferrovias, rodovias e aeroportos. 
 
Tanto na prática empresarial quanto na literatura especializada, reconhece-se que a 
utilização dos sistemas de EDI eleva, no final das contas, os níveis de serviços 
prestados ao cliente. Se utilizado em conjunto com outras tecnologias da 
informação, como a Internet, o EDI pode agregar maior valor às transações, instituir 
as bases para um relacionamento mais profícuo entre fornecedores e clientes e 
possibilitar a efetivação de uma estratégia diferenciada para as políticas de 
suprimento e distribuição na cadeia ampliada de valor. 
 
 
3.2. A solução de integração a partir da internet 
 
A menção feita na seção anterior ao uso do EDI não exclui o fato de que, cada vez 
mais freqüentemente, as empresas estejam operacionalizando seus processos de 
integração com o uso das tecnologias B2B e B2C, por meio da Internet. 
Especialmente no caso do comércio entre empresas, as possibilidades de que estas 
venham a se inserir nos fluxos de B2B por meio de portais que congreguem 
números crescentes de fornecedores, compradores e investidores representa uma 
oportunidade efetiva de que elas possam otimizar os processos de negociação e, 
assim, reduzir custos. Há também o uso cada vez maior da Internet para a 
efetivação dos “leilões reversos”. Nesse sistema, ao contrário do leilão tradicional, a 
empresa compradora fixa um teto para a compra desejada e passa a avaliar as 
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ofertas feitas por empresas fornecedoras em relação àquele pedido. Os 
compradores publicam, em um portal, a especificação dos produtos que desejam 
adquirir e convidam um grupo de fornecedores previamente cadastrados no sistema 
para participarem do processo. Geralmente, além do preço, existem outros critérios 
que vêm sendo requeridos e avaliados pelos grandes compradores, tais como 
pontualidade, qualidade, tecnologiae atendimento. 
 
Não há, ao menos até o presente momento, recuo histórico suficientemente amplo 
para um balanço definitivo quanto à extensão e aos reais benefícios das transações 
exclusivamente realizadas on-line. O que existe são projeções bastante otimistas 
quanto aos volumes a serem movimentados - em médio e em longo prazo – por 
diferentes setores econômicos no mercado B2B. De qualquer maneira, pode-se 
também antecipar que, no futuro próximo, ao contrário de desaparecer, o EDI 
(atuando como um protocolo ou plataforma fundamentalmente privada de 
comunicação, talvez restrita a um conjunto particular de fornecedores e clientes) 
venha a se somar - como uma tecnologia híbrida - aos benefícios incontestes das 
transações realizadas através dos portais na Internet. 
 
A Internet é, de fato, uma tecnologia revolucionária para as empresas. Sua 
capacidade de proporcionar convergência, velocidade e conectividade tem mudado 
a expectativa de muitos clientes a respeito de seus fornecedores, fenômeno este 
percebido tanto nos mercados finais quanto nos mercados industriais. Em função do 
acirramento da concorrência entre as empresas, os clientes vêm demandando 
customização dos serviços e produtos, maior velocidade e confiabilidade, além dos 
atributos competitivos relativos a preço e qualidade. 
 
Na interpretação de vários autores (Coyle, Bardi e Langley, 2003; Bowersox et al, 
1992; Markarian, 2003; Simchi-Levi, 2000), o atendimento dessas e de outras novas 
demandas nos mercados globais vem estimulando as empresas a reprojetar seus 
canais de marketing e de distribuição física. Com efeito, um importante resultado tem 
sido a substituição, pelas empresas, de suas cadeias de suprimento tradicionais por 
estruturas integradas em rede centradas no cliente, o que envolve quase sempre a 
reengenharia dos seus processos logísticos internos e inter-organizacionais. Alguns 
resultados desse esforço podem ser apresentados a seguir: i) visibilidade global e 
em tempo real das demandas qualitativas e qualitativas dos vários segmentos de 
clientes, relativamente ao produto ou às informações de fornecimento na cadeia de 
suprimento; ii) políticas de relacionamento com clientes que estimulam a 
continuidade do negócio por meio de uma logística rápida, precisa, com níveis 
superiores de serviços de apoio; iii) maior eficiência de custo; iv) infra-estrutura 
flexível a parcerias; v) avaliação analítica e otimização da movimentação de 
materiais, preço e ações de colocação de produtos sob demanda; vi) ambiente de 
tomada de decisões rápido e coordenado, que sincroniza todas as decisões ao 
longo da cadeia de suprimentos. 
 
O problema está em constatar que um bom número de empresas investe hoje 
maciçamente em tecnologia mas, de fato, trata-se de sistemas de informação que 
não favorecem a conectividade e a integração dos seus processos internos e inter-
organizativos. Na verdade, essas empresas acabam por descobrir muitas vezes que 
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construíram, eficientemente, “ilhas de informações”. Torna-se necessário então 
direcionar os esforços da gerência e, de forma mais ampla, das estruturas de 
governança da organização para o desenvolvimento de mecanismos capazes de 
prover a integração dessas ilhas ou, pelo menos, capazes de padronizar e facilitar o 
desenvolvimento desse processo a médio e a longo prazo. Isso poderá contribuir 
para que as organizações possam, de fato, se beneficiar de todas as oportunidades 
hoje reconhecidas nas transações de e-business (Simchi-Levi, 2000). 
 
Neste artigo, três categorias de análise são apresentadas para a solução de 
problemas de integração quando se utiliza a Internet: a segurança do fluxo das 
informações, os custos de implementação e, finalmente, o respaldo legal. A solução 
proposta está dividida em duas etapas: i) identificação dos atores e enlace; ii) 
identificação da natureza da operação e protocolos para envio das mensagens. 
 
Identificação dos atores e enlace 
 
Para a identificação de cada entidade na cadeia de suprimento, deve-se fazer uso 
de certificações digitais. Em março de 1999, com o objetivo de especificar a 
estrutura de utilização de chaves digitais (assinaturas) públicas e privadas, o IETF 
(Internet Engineering Task Force) e a Internet Society, por meio do Network Working 
Group, criaram a RFC2510 (Carlisle e Farrel, 1999). Baseado nessa RFC, o uso 
intensivo de tecnologias de certificação digital poderia contribuir para a identificação 
dos sistemas de informação na cadeia de suprimentos. Através da certificação 
digital, todo o processo de comunicação de dados entre os sistemas de informação 
das empresas pode ser protegido por chaves digitais. Na prática, isso significa que 
cada sistema de informação deveria possuir, portanto, uma chave digital pública e 
uma chave digital privada, segundo a infra-estrutura de chaves públicas. 
 
No Brasil, no dia 24 de agosto de 2001, o então presidente Fernando Henrique 
Cardoso instituiu a Medida Provisória nº 2.200-2, sobre a Infra-Estrutura de Chaves 
Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O objetivo, entre outros, foi o de garantir a 
autenticidade, a integridade e a validade jurídica de documentos em forma 
eletrônica, de aplicações de suporte e de aplicações habilitadas que utilizem 
certificados digitais, bem como a realização de transações eletrônicas seguras. 
 
Um sistema de código baseado em PKI (Public Key Infrastructure), base tecnológica 
utilizada pela ICP-Brasil, utiliza duas chaves de decodificação diferentes: uma para 
cifrar a mensagem e outra, correlata, para decifrá-la. A chave pública é distribuída a 
todos, e a chave privada permanece na posse do criador, para que ele seja o único 
a ter acesso aos dados criptografados após digitar a "frase de acesso" correta. O 
funcionamento adequado de um sistema de código baseado em PKI envolve o 
trabalho de uma Autoridade Certificadora (Certificate Authority) e de uma Autoridade 
Registradora (Registration Authority). Cabe às CAs, entidades credenciadas a emitir 
certificados digitais vinculando pares de chaves criptográficas ao respectivo titular, a 
competência para emitir, expedir, distribuir, revogar e gerenciar os certificados, 
colocar à disposição dos usuários listas de certificados revogados e outras 
informações pertinentes, bem como manter registro de suas operações. Às RAs, 
entidades operacionalmente vinculadas a determinada AC, compete identificar e 
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cadastrar usuários na presença destes, encaminhar solicitações de certificados às 
ACs e manter registros de suas operações (Carlisle e Farrel, 1999). 
 
Para prevenir ataques e permitir que uma CA/RA cheque propriamente a validade da 
ligação entre uma entidade final e um par de chaves, as operações de 
gerenciamento de PKI especificadas no Proof of Possession (PoP) tornam possível, 
para uma entidade, provar que ela tem a posse da chave privada (ou seja, que está 
apta a utilizá-la) correspondente à chave pública para a qual o certificado é 
requisitado. O método PoP pode ser utilizado tanto diretamente quanto 
indiretamente. Sugere-se aqui o método indireto, que funciona através do envio de 
uma mensagem criptografada para a entidade final. A entidade final demonstra, 
então, a habilidade de descriptografar a mensagem como confirmação positiva. 
 
Identificação da natureza da operação e o envio da mensagem 
 
De acordo com a perspectiva defendida por Radjou (2002), para dinamizar a 
integração e a coordenação na cadeia de valor é necessáriocriar uma nova 
arquitetura de TI, com três novas classes de serviços NET-Residents, construídos 
nas aplicações existentes. Essas três novas classes que formarão as bases para a 
integração podem ser sumarizadas: i) integração de parceiros; ii) monitoramento de 
objetos; iii) planejamento adaptável. 
 
É na primeira classe, a integração de parceiros, que a identificação da natureza da 
operação e o envio da mensagem são tratados. A primeira alternativa tecnológica a 
considerar no âmbito da integração de parceiros é o conhecido XML (Extensible 
Markup Language). O XML é uma forma flexível de criar formatos comuns de 
informação e compartilhá-los, ambos os formatos e os dados, na Internet, Intranet ou 
em qualquer lugar. Apesar do XML contar com a recomendação formal do World 
Wide Web Consortium W3C, ele não possui nativamente todo o tratamento 
necessário de informações e padronização de dados para SCM. 
 
Como alternativa ao XML, em junho de 2001, o MIT AUTO-ID CENTER 
(Massachusetts Institute of Technology) publicou um artigo divulgando uma 
linguagem chamada PML – Physical Markup Language (BROCK et al, 2001). A PML 
foi criada para ser uma linguagem comum para descrever objetos físicos, processos 
e ambientes. De acordo com tal artigo, as aplicações da PML variam desde controle 
de inventários, automatização de transações, gerenciamento da cadeia de 
suprimentos, controle de máquinas e comunicação objeto a objeto. 
 
A PML existe como parte de uma estrutura inteligente. Essa estrutura inteligente 
automaticamente integra objetos, pessoas e informação através da Internet e está 
baseada em quatro componentes básicos: identificação eletrônica, Electronic 
Product Code (EPC), Physical Markup Language (PML) e Object Naming Service 
(ONS). A PML envolve o desenvolvimento de um conjunto de componentes que 
abrangem todos os limites externos à aplicação e que são independentes de 
indústrias verticais. As pessoas, o espaço, seu movimento e sua localização são 
críticos para o comércio e para a indústria. Produtos têm valores atribuídos a 
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benefícios, custos, preço e propriedade. O objetivo da PML é proporcionar esse 
conjunto de componentes que irão conter tais propriedades básicas. 
 
A PML propõe um padrão segundo o qual o conhecimento sobre objetos físicos é 
transformado da forma tácita para a explícita em uma rede de informações (Stewart, 
1998). Assim, toda a complexidade da descrição e da classificação de objetos foi 
retirada da etiqueta do objeto e inserida nas transações eletrônicas PML. A intenção 
é capturar e descrever o estado, em tempo real, do ambiente físico. Assim, a PML 
expande as fronteiras das outras iniciativas anteriormente citadas, que estavam 
restritas aos mecanismos e à documentação das transações de negócio. 
 
Parece oportuna, assim, a proposição de um padrão para integração de sistemas de 
informação em cadeias de suprimentos, fundamentalmente baseado na certificação 
digital para a identificação e para a criptografia de dados por meio da linguagem 
PML, com um vocabulário único e padronizado entre os sistemas de informação na 
cadeia de suprimentos. Portanto, o desenvolvimento de novas aplicações da TI, 
entre elas a linguagem PML, contribui para o aperfeiçoamento dos processos de 
negócios entre as empresas por meio de uma gestão totalmente eletrônica e 
integrada nas cadeias de suprimento. As novas tecnologias favorecem o melhor 
desempenho organizacional em atividades de controle de custos e na busca por 
maior qualidade, velocidade e flexibilidade dos processos produtivos e logísticos, 
atributos que se mostram hoje extremamente valorizados pelos clientes 
intermediários e finais em uma cadeia de valor. 
 
4. Conclusões 
 
Os sucessivos avanços nos campos da Tecnologia da Informação e das 
Telecomunicações influenciam significativamente a arquitetura dos sistemas 
integrados de gestão nas empresas. Ao longo das últimas décadas, o uso conjunto 
dessas tecnologias vem capacitando as organizações, pouco a pouco, a atingirem o 
objetivo maior de integração dos seus processos internos, bem como das suas 
atividades e processos externos com outros agentes da cadeia de valor. Porém, 
diferentemente de um passado não muito longínquo, as soluções tecnológicas 
necessárias ao aumento exponencial da qualidade da informação e à efetiva 
coordenação de recursos tangíveis e intangíveis na cadeia de valor, em tempo real, 
estão disponíveis a custos decrescentes, o que favorece naturalmente a sua rápida 
difusão e uso pelas empresas. De fato, reconhece-se hoje que a excelência de 
qualquer projeto logístico depende diretamente da disponibilidade de informações 
sobre inúmeros fatores relevantes presentes no ambiente operacional das 
organizações, incluindo-se aí, primordialmente, elementos e conteúdos 
informacionais relativos às operações de empresas fornecedoras, clientes e agentes 
facilitadores nos canais de marketing, como, por exemplo, os operadores logísticos. 
 
Nos mercados intermediários, o uso compartilhado de informações estratégicas e 
em tempo real, bem como a dinamização dos fluxos de materiais e produtos 
acabados ao longo das cadeias produtivas (envolvendo inúmeras atividades críticas 
para a logística integrada – suprimentos, estoque, transporte, armazenagem, 
administração de pedidos) estão permitindo às empresas impulsionarem os seus 
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padrões de competitividade em mercados globais complexos, crescentemente 
exigentes e marcadamente instáveis e turbulentos. 
 
Neste artigo, foram feitas referências ao problema da coordenação logística no 
contexto da supply chain management, evidenciando-se o papel-chave das novas 
tecnologias no favorecimento de tal coordenação. De uma participação fragmentada 
e isolada funcionalmente, os atuais sistemas de informação passaram a garantir os 
níveis de integração necessários à maior eficiência dos processos logísticos, com 
impactos positivos sobre os custos operacionais, a customização da oferta de 
produtos e a prestação de níveis superiores de serviços garantindo velocidade, 
confiabilidade, consistência e flexibilidade às operações logísticas entre empresas 
participantes de uma mesma cadeia de valor. 
 
No que diz respeito à coordenação de atividades e processos externos de 
suprimento, este artigo fez referência a duas tecnologias fundamentais, o EDI e a 
Internet. Neste último caso, foram considerados três elementos importantes para a 
solução e-business: segurança do fluxo de informações, custos de implementação e 
respaldo legal. A solução de integração através do e-business foi apresentada 
discutindo-se a utilização de chaves digitais (assinaturas) públicas e privadas, de 
sistemas de código baseados em PKI e da linguagem PML, esta última 
extremamente útil à descrição de objetos físicos e à integração de pessoas, 
processos e informações por meio da Internet. 
 
Tendo-se em vista que uma grande parte das atividades logísticas nas cadeias de 
suprimento ocorre em antecipação a necessidades futuras, e que uma prospecção 
imprecisa pode resultar em baixa eficiência dos processos logísticos – tais como 
falta ou excesso de estoques, posicionamento inadequado de inventário e outras 
disfunções relativas às funções de transporte e armazenagem -, pesquisas recentes 
vêm se dedicando a detectar e a quantificar os impactos da qualidade da informação 
para o bom funcionamento das redes de suprimento, qualidade esta que se mostradependente da disponibilidade e do compartilhamento, em tempo real, dos ativos 
informacionais entre as empresas. Tal questão é evidente, uma vez que cada erro 
na composição dos fluxos de informação entre os agentes cria uma provável 
disfunção e ruptura na cadeia de valor, com impactos diretos sobre os custos e 
sobre os níveis de serviço prestados. Este artigo defende, portanto, que as novas 
tecnologias não representam apenas uma condição necessária para viabilizar uma 
maior eficiência dos processos logísticos e das transações nos canais de marketing, 
mas, sobretudo, um elemento antecedente e condicionante fundamental para o 
desenvolvimento da “inteligência competitiva” na gestão desses processos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aplicação de sistemas de informação para a otimização da integração de processos logísticos em cadeias de suprimento
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Aplicação de sistemas de informação para a otimização da integração de processos logísticos em cadeias de suprimento
Marcelo Bronzo Ladeira
	Marcelo Bronzo, Ph.D.
	Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
	Resumo
	Identificação dos atores e enlace
	Identificação da natureza da operação e o envio da mensagem

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