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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Gestão da Produção Industrial Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo Aula 1 Profa. Mary Ferreira da Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Caro aluno, seja bem-vindo! Estamos iniciando a nossa disciplina de Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo! Na aula de hoje, estudaremos o conceito de comportamento organizacional e o de intraempreendedorismo. Falaremos sobre tecnologias de gestão e analisaremos o comportamento organizacional e o surgimento e valorização do intraempreendedorismo no decorrer da evolução dos modelos de gestão. Veremos as cinco principais teorias da administração das empresas: Administração Clássica; Escola de Relações Humanas; Teoria Comportamental; Administração Neoclássica; Gestão Flexível. Na administração clássica1, as empresas e seus gestores exerciam total controle sobre as pessoas, que eram absolutamente submissas e sem nenhuma autonomia. Já na administração neoclássica, que teve influência da Escola de Relações Humanas, podemos observar que o fator humano é levado em consideração dentro das organizações e o controle está mais nos processos do que nas pessoas. E, na era da informação, que teve início a partir da década de 1980, temos a Gestão Flexível, as organizações já valorizam o conhecimento, a autonomia, iniciativa e o empreendedorismo. No decorrer desta aula, vamos falar com mais detalhes sobre cada um dos modelos de gestão supracitados, como surgiram, suas características principais, seus objetivos e as razões pelas quais um modelo passa por adaptações e readaptações ou até mesmo sendo substituído por outro modelo. Assim você conseguirá entender como o Comportamento Organizacional é uma área de conhecimento importante para as novas tecnologias de gestão e que pode auxiliar muito a gestão na tarefa de cumprir os objetivos organizacionais. 1 Também conhecida como estrutural ou mecanicista. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Imagine a seguinte situação: O setor de embalagens de uma empresa é o local em que todo produto acabado vai chegar para um grupo de pessoas que tem a atividade de embalar. Para a realização dessa atividade, que é basicamente manual, há alguns equipamentos de tecnologia que são utilizados, por exemplo, a impressora de código de barras e a prensa que sela e corta. Encontramos duas pessoas trabalhando juntas nesse setor, a Maria e a Marta. Ambas são assíduas no trabalho e não apresentam nenhum problema de relacionamento com os colegas, são boas funcionárias. Maria é uma pessoa alegre, agradável, amiga e está o tempo todo verificando se o produto está de acordo com as especificações de qualidade antes de embalar, pois já tem ocorrido, embora muito raramente, de chegar até o setor de embalagens produto não conforme. Ela é muito detalhista e não admite erros, age como se fosse dona da empresa. Ela quer que as embalagens fiquem exatamente conforme o padrão estabelecido e está sempre pensando em métodos de agilizar o trabalho sem prejuízo da qualidade no processo. Se percebe alguma falha nos equipamentos, para imediatamente a fim de corrigir o erro. Marta é uma pessoa ótima, alegre, amiga. Mas, ao contrário de Maria, só pensa em quantidades, embalar o mais rápido possível, se o produto não estiver conforme, a culpa é dos outros. Seu pensamento é “cada qual na CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 sua função, eu só embalo, se o produto não estiver conforme, é problema da qualidade”. Marta não presta atenção no desempenho dos equipamentos, se acontece alguma falha, ela demora a perceber, depois todos juntos têm que retrabalhar as embalagens não conformes. Ela está o tempo todo pensando no que vai fazer depois do expediente e o tempo todo olha para o relógio que fica no alto da parede. Você saberia responder qual das duas, Maria ou Marta, é uma funcionária intraempreendedora? Vamos, durante toda esta aula, refletir sobre esse conceito e no final chegar a uma conclusão sobre o empregado intraempreendedor. Assista à videoaula a seguir, em que a professora Mary apresenta o conteúdo deste primeiro encontro. Confira no material on-line. Pesquise Comportamento Organizacional Pensando em um ambiente organizacional, independente do segmento da empresa. Reflita: Como os indivíduos se comportam dentro da empresa? Você acredita que o comportamento desses indivíduos afeta o desempenho organizacional? Como você pode perceber o envolvimento dos indivíduos com a organização? Como você pode perceber o comportamento dos indivíduos no que diz respeito às tarefas? Esses indivíduos faltam muito no trabalho? Como você percebe a gestão da empresa? Há muitos funcionários novos a cada mês, a cada seis meses ou a cada ano? O que é empresa? Podemos denominar empresa como um empreendimento, um negócio, uma sociedade, que tenha como objetivo obter lucro por meio de atuação específica na área de comércio, indústria ou serviços. Pode ser micro, pequena, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 média ou grande. Geralmente, as empresas nascem pequenas e, sendo bem gerenciadas, tornam-se grandes impérios. Há vários exemplos assim na literatura, por exemplo a história da Firestone: Um jovem empreendedor chamado Harvey Samuel Firestone fundou, em 3 de agosto de 1900, a Firestone Tire & Ruber Company, com investimento inicial de US$ 20 mil... Para saber mais sobre essa história, leia o texto disponível no link a seguir. http://www.mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/firestone-where-rubber- meets-road.html O que é organização? Para que tenhamos condições de analisar essas questões sob uma óptica mais profissional, precisamos saber o que é exatamente uma organização. Leia o trecho a seguir: O que é organização? Utilizamos muito o termo “organização” para designar qualquer tipo de empresa, seja ela com ou sem fins lucrativos. Podemos também denominar como organização pessoas e/ou grupos que se unem com um determinado objetivo, como produzir bens, serviços, ideias. No entanto, o que caracteriza uma organização são seus objetivos definidos. Para atingir os objetivos da organização, as pessoas juntas deverão compartilhar e otimizar todos os recursos disponíveis, sejam eles: tecnologia, materiais, conhecimentos, habilidades e experiências. Nas organizações, as tarefas são bem definidas e separadas entre seus membros. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Organizar-se em grupos faz parte das necessidades humanas, nos primórdios dos tempos, os homens das cavernas já saiam juntos e montavam suas estratégias de ação para realizar durante as caçadas. Assim, eles tinham um forte objetivo: alimentar suas famílias. Com a evolução da humanidade, as organizações foram se ampliando e se modificando, sem nunca ter deixado de existir, até chegarmos hoje no mundo globalizado e capitalista e termos como realidade as grandes corporações também subdivididas em organizações. Para entender melhor esse conceito, acesse o link a seguir. http://www.administradores.com.br/artigos/tecnologia/organizacoes-conceito-e- classificacao/25629/ Comportamento organizacional “Comportamento organizacional (CO) é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e aestrutura organizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional” ROBBINS; JUDGE; SOBRAL (2010, p. 7). Trata-se de uma área específica que se ocupa de pesquisar sobre três elementos básicos dentro das organizações: os indivíduos, os grupos e a estrutura organizacional. Mas por que estudar comportamento organizacional no nosso curso de Gestão da Produção Industrial? Assista ao vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=CO6TB_GnRDs De modo geral, as organizações hoje enfrentam diversos e variados desafios. A globalização fez com que a concorrência se tornasse mundial, choques culturais começassem a surgir, pessoas saindo de uma empresa para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 trabalhar em outra, muitas vezes, concorrente estrangeira. Além disso, como trabalhar a diversidade – pessoas portadoras de deficiência, idosos, etnias variadas etc. – de forma saudável e produtiva? Assista aos seguintes vídeos sobre “Discriminação no ambiente de trabalho”, divididos em três blocos. https://www.youtube.com/watch?v=xL1rpxTYwlI https://www.youtube.com/watch?v=0C1J6F6p06M https://www.youtube.com/watch?v=ifvSZ8dTQ5U Aproveite e leia a matéria a seguir sobre a diversidade racial nas organizações. http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/a-diversidade-racial-nas- organizacoes/82132/ É importante encontrar a harmonia dentro dessa diversidade para que a organização atinja seus objetivos em termos de lucratividade e produtividade. O ideal de uma boa empresa para se trabalhar é onde há respeito mútuo, comprometimento com os objetivos da organização; e, por sua vez, a organização valorizar os talentos de seus colaboradores. Quais as disciplinas que fornecem elementos para a análise do comportamento organizacional? Segundo Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 10), “o estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de diversas outras disciplinas sociais, tais como a psicologia, a psicologia social, a sociologia, a antropologia e a ciência política”. Vejamos o que eles esclarecem sobre essas ciências: Psicologia: É a “ciência que busca medir, explicar e, algumas vezes, modificar o comportamento dos seres humanos e dos animais”. Psicólogos clínicos, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 psicólogos organizacionais e psicólogos industriais contribuem somando conhecimentos à área de comportamento organizacional por meio do estudo das teorias referentes ao processo de aprendizagem e personalidade. Psicologia social: É “geralmente considerada um ramo da psicologia, mistura conceitos dessa ciência e da sociologia para focar a influência de um indivíduo sobre outros”. A “mudança” é um dos principais assuntos pesquisados pela psicologia social (implantação e redução de barreiras para aceitação). Também contribui significativamente para “mensuração, entendimento e mudança de atitudes; padrões de comunicação e o desenvolvimento da confiança”. Assim, contribui fundamentalmente para os estudos relacionados com comportamento grupal, poder e conflito. Sociologia: “Enquanto a psicologia foca suas atenções sobre o indivíduo, a sociologia estuda as pessoas em relação a seus ambientes sociais ou culturais”. A sociologia auxilia no estudo do comportamento organizacional pesquisando os comportamentos dos grupos no ambiente organizacional. São os sociólogos que “estudam a cultura organizacional, teoria e estrutura organizacional, tecnologia organizacional, comunicação, poder e conflito”. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Veja como tais disciplinas contribuem para estudarmos o comportamento organizacional. Podemos assegurar que em Comportamento Organizacional existem verdades absolutas? De acordo com Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 11-12), ciências físicas – como química, astronomia, física etc. – contêm leis consistentes e aplicáveis a diversas situações diferentes. É assim que os cientistas conseguem “generalizar os efeitos da lei da gravidade ou enviar astronautas com segurança para CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 consertar um satélite no espaço”. Já quando se trata de estudar comportamento humano, a complexidade é bem maior porque “poucos princípios simples e universais explicam o comportamento organizacional”. Cada ser humano é único e diferente, dificultando generalizações simplificadas. Geralmente duas pessoas reagem de formas diferentes a uma situação idêntica. Uma mesma pessoa pode mudar seu comportamento dependendo da situação. “Nem todas as pessoas são motivadas pelo dinheiro, e o comportamento delas em um culto religioso é diferente daquele mostrado em um churrasco” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 12). Mesmo assim, para os autores, é possível que encontremos “explicações razoavelmente precisas” em relação ao comportamento humano, inclusive elaborar previsões válidas. Mas para isso, devemos refletir nos conceitos de comportamento organizacional sobre condições situacionais ou contingenciais. “Podemos dizer que x leva a y, mas apenas sob as condições z (as variáveis contingenciais)”. O estudo do comportamento organizacional evolui por meio do uso de conceitos gerais e da alteração das suas aplicações para situações, pessoas ou grupos diferenciados. “Por exemplo, os estudiosos do comportamento organizacional evitam afirmar que todos gostam de trabalhos complexos e desafiadores (conceito geral). Por quê? Porque nem todos querem um trabalho com desafios. Algumas pessoas preferem a rotina em vez de variedades, ou o simples em vez do complexo. Um trabalho interessante para uma pessoa pode não o ser para outra, ou seja, o atrativo do trabalho depende da pessoa que o realiza” (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010, p. 12). Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 12) comentam que estudar comportamento organizacional é complexo porque as pessoas são complexas, sendo difícil encontrar relações diretas de causa e efeito. Veja, a seguir, um vídeo sobre como lidar com pessoas difíceis. https://www.youtube.com/watch?v=0o1UwQ90qGw CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Assista à videoaula em que a professora Mary explica as definições estudadas de Comportamento Organizacional. Disponivel no material on-line. Intraempreendedorismo Você já ouviu falar em intraempreendedorismo? Intraempreendedorismo é uma variante de empreendedorismo, desempenhada pelas pessoas que trabalham como funcionários das organizações. Os intraempreendedores são indivíduos que se destacam devido à sua capacidade de inovação, criação e análise de cenários, buscando sempre novas oportunidades de negócios. Essas pessoas são muito valorizadas hoje pelas organizações porque elas contribuem para as inovações, o que é básico para as empresas manterem-se competitivas. Entenda mais sobre esse conceito, assistindo ao vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=xGDQkm5lVZI Perceba que intraempreendedorismo, também conhecido como “empreendedorismo corporativo”, pode ser entendido como um tipo de empreendedorismo, só que acontece dentro das organizações onde os colaboradores podem se destacar como intraempreendedores. A implementação de novos métodos, técnicas e procedimentos, a imaginação, a inovação e a capacidade de comunicação e informação são suas principais características.Veja, a seguir, como as organizações podem estimular esse comportamento. http://www.pensandogrande.com.br/o-conceito-de- intraempreendedorismo-que-pode-ajudar-a-sua-empresa-a-vender-mais/ A inovação é a chave para o sucesso das empresas, principalmente em épocas de crise. O intraempreendedor é alguém focado em inovação, por isso, é importante entender um pouco mais sobre inovação. De acordo com Mattos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 (2008), há quatro tipos de inovação: em produtos, em processos, organizacional e no modelo de negócio. Inovação em produtos – criação de novos produtos (bens ou serviços) ou aperfeiçoamento de produtos que já são ofertados pela empresa, no sentido de adaptar-se à dinâmica do mercado (MATTOS, 2008). Inovação em processos – criação de novos métodos e processos produtivos e de distribuição (MATTOS, 2008). Inovação organizacional – criação de novas tecnologias/modelos de gestão, novos métodos de organização e estruturação do trabalho, tanto no ambiente interno da organização como nas suas relações com o mercado, fornecedores, parceiros e concorrência (MATTOS, 2008). Inovação em modelo de negócio (ou inovação de estratégia de marketing) – criação ou evolução de métodos e formas de precificação, de direcionamento de público-alvo, de design de produto, de design de embalagem, de propaganda de imagem de produto e imagem de marca, de comunicação com o cliente, novos canais de distribuição dos produtos, entre outros (MATTOS, 2008). Leia o artigo a seguir e saiba mais sobre intraempreendedorismo no mundo corporativo. http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/580 Agora, faça uma autoanálise para saber se você é uma pessoa intraempreendedora: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Sou criativo? Sou inovador? Tenho atitude de dono do negócio? Sou proativo? Sonho, planejo e executo? Assumo responsabilidades? Desejo crescer profissionalmente e evoluir dentro da empresa? Se você respondeu positivamente às perguntas acima, é porque você é uma pessoa intraempreendedora. No entanto, os intraempreendedores precisam de espaço e autonomia para darem o melhor de si para as empresas, é nesse momento que o modelo de gestão e a cultura organizacional podem contribuir ou impedir o seu desenvolvimento. Vivemos hoje em um mercado altamente competitivo. Essa competitividade deve ser enfrentada por meio de inovações, seja em produtos e serviços, métodos e tecnologias de produção e gestão. É um meio de obter vantagem competitiva sobre os concorrentes, atrair o interesse de novos clientes e manter a confiança de clientes antigos. Então, para ser competitiva, as empresas descobriram que necessitam valorizar em seus colaboradores: conhecimento experiência criatividade E mais, as organizações reconhecem que é importante ter colaboradores agindo como donos da empresa, não se restringindo às suas atividades e responsabilidades formais e rotineiras, mas buscar meios de melhorias contínuas em benefício da organização. Dessa forma, fica evidente o interesse das organizações em atrair para o seu quadro de funcionários os intraempreendedores. Agora vejamos o lado do indivíduo, o que o motiva a ser intraempreendedor? Algumas pessoas trazem esse comportamento dentro de si, faz parte da personalidade, seu jeito de ser, elas se sentem realizadas quando atuam em benefício de “sua” empresa, inovando e apresentando melhorias. Mas outras CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 pessoas podem ser estimuladas a agirem como intraempreendedores conforme a estrutura da empresa, da cultura, das políticas, de como agem as lideranças (se buscam desenvolver tal qualidade nos liderados). Acesse o link a seguir e saiba o que é exatamente um intraempreendedor. http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/afinal-de-contas-o-que-e- um-intra-empreendedor/55872/ Você sabe quais são as principais características dos intraempreendedores? Uriarte (2000) diz que a palavra intraempreendedor origina-se do termo inglês “intrapreneur”, que significa “empreendedor interno”. Refere-se aos indivíduos que possuem ideias e que, quando têm autonomia, consentimento e apoio por parte da organização onde atuam, são capazes de, com muito entusiasmo, transformar tal ideia em um produto ou serviço de sucesso. Sendo desnecessário deixar de ser empregado, como no caso do empreendedor que monta seu próprio negócio. Veja, a seguir, uma tabela com mais características: Características básicas dos intraempreendedores Motivos Principais Querem liberdade e acesso aos recursos da corporação. Orientados para metas e automotivados, mas também reagem às recompensas e ao reconhecimento. Orientação quanto ao tempo Metas finais de 5-15 anos, dependendo do tipo de empreendimento. Urgência para atender cronogramas corporativos ou autoimpostos. Ação Põem a mão na massa. Podem saber como delegar, mas quando necessário fazem o que deve ser feito. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Habilidades Muito semelhantes aos empreendedores, mas a situação exige maior capacidade para prosperar dentro da organização. Necessitam de ajuda nesse aspecto. Coragem e Destino Autoconfiantes e corajosos. Muitos são cínicos a respeito do sistema, mas otimistas quanto à sua capacidade de superá- lo. Atenção Tanto dentro como fora. Vendem aos de dentro as necessidades de risco e do mercado, mas também focalizam os clientes. Risco Gostam de riscos moderados. Em geral, não temem ser demitidos, portanto, veem pouco risco pessoal. Pesquisa de Mercado Fazem sua própria pesquisa e avaliação intuitiva do mercado, como os empreendedores. Status Consideram os símbolos de status tradicionais uma piada – preferem símbolos de liberdade. Fracasso e Erro Sensíveis à necessidade de parecerem disciplinados na corporação. Tentam ocultar os projetos arriscados, então podem aprender com os erros sem o custo político do fracasso público. Decisões Gostam de fazer os outros concordarem com sua visão. Mais pacientes e dispostos a compromissos que os empreendedores, mas ainda executores. A quem serve Agradam a si mesmo, aos clientes e patrocinadores. Atitude – relação ao sistema Não gostam do sistema, mas aprendem a manipulá-lo. Estilo de solução de problemas Resolvem problemas dentro do sistema ou passam por cima dele, sem deixá-lo. História familiar Passado de pequena empresa, profissional liberal ou agricultor. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Relacionamento com os pais Relações melhores com o pai, mais ainda instáveis. Histórico Socioeconômico Classe média Nível de instrução Com frequência alto, em particular campos técnicos. Relacionamento com os outros Transações dentro da hierarquia. Tabela 2: características dos intraempreendedores Fonte - Pinchot, 1989, apud Uriarte (2000, p. 58-60) Hoje, empresas inteligentes e competitivas querem ter funcionários com capacidade de inovação e proativos, eles são os agentes de mudança e fé em um futuro melhor. Pesquisas indicam que as empresas mais bem-sucedidas do mercado – e que estão conseguindo liderar em termos de inovação e mudanças em relação à concorrência – são as que instauraram transformações em marketing, organização ou tecnologia (URIARTE, 2000). Tanto o funcionário quanto a organização podem provocar esse entusiasmodentro da empresa. Veja, a seguir, algumas dicas para estimular esse espírito intraempreendedor nos funcionários. https://endeavor.org.br/os-dois-lados-do-intraempreendedorismo/ Conforme explica Uriarte (2000), pessoas com espírito empreendedor são fundamentais para iniciar novos negócios e também para dar energia às empresas, especialmente as grandes. É difícil acontecer a inovação em uma corporação sem que exista lá uma pessoa ou grupo dedicado e com paixão para fazer acontecer. Mas há um problema, empreendedores e grandes empresas aparentam não combinar muito bem juntos, embora precisem um do CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 outro. Há muitos casos em que o empreendedor tem necessidade de contar com recursos de uma grande empresa para poder testar suas ideias. No entanto, ele gosta de autonomia e a estrutura organizacional de uma empresa grande nem sempre dá esse espaço e liberdade. Então, a saída para esse impasse entre ambos pode estar nesta nova categoria de empreendedores, que chamamos de intraempreendedores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Qual a diferença entre empreendedor e intraempreendedor? O empreendedor pode abrir uma nova empresa no mercado e tornar-se um empresário empregando pessoas. O intraempreendedor é um empreendedor que trabalha para os outros, não deseja ter seu próprio negócio. Os 10 mandamentos do intraempreendedor (PINCHOT III, 1989, apud URIARTE, 2000): 1. Ir para o trabalho todos os dias preparado para a demissão; 2. Evitar quaisquer ordens que objetivem atrapalhar seu sono; 3. Executar qualquer atividade necessária para que seu projeto funcione, independentemente da sua descrição de cargo; 4. Encontrar pessoas dispostas a ajudá-lo; 5. Seguir sua intuição a respeito das pessoas escolhidas para trabalhar consigo, trabalhando apenas com as melhores; 6. Trabalhar clandestinamente o máximo possível, pois a publicidade mobiliza as estruturas de imunidade da organização; 7. Jamais apostar em uma corrida, a não ser que seja um dos competidores; 8. Lembrar-se de que “é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão”; 9. Ser leal às próprias metas, mas realista no modo de atingi-las; 10. Honrar seus patrocinadores. É comum que muitos funcionários intraempreendedores deixem as empresas onde trabalham por sentirem-se frustrados em seus esforços por inovar, não devido a seus salários e benefícios serem insuficientes. Eles necessitam de autonomia para as ações tanto quanto necessitam de pagamento material. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Também é comum administradores terem receio sobre a ideia de promover o intraempreendedorismo na empresa. Na verdade, deveriam ter mais receio de não incentivar porque, se um funcionário com ideias brilhantes não puder colocá-las em prática, a empresa estará perdendo oportunidades interessantes, ou pior, poderá ver tal funcionário realizar sua criação fora da empresa, para um concorrente ou tornando-se um empreendedor concorrente. Ou seja, intraempreendedorismo é um estado de espírito. Qualquer pessoa é capaz de tornar-se intraempreendedora. Para finalizar os estudos sobre o conceito de intraempreendedorismo, assista à videoaula a seguir com a professora Mary. Diponível no material on-line. Evolução dos modelos de gestão Para fazer a ligação entre comportamento organizacional e intraempreendedorismo, precisamos analisar a origem da administração, ou melhor, da teoria geral da administração e como foi, no decorrer das fases da administração, a preocupação com o comportamento organizacional. As empresas, no formato que as conhecemos hoje, existem desde a invenção da máquina a vapor, em 1776, por James Watt. Esse período ficou sendo conhecido como Revolução Industrial, iniciando-se na Inglaterra e expandindo-se rapidamente para outros países. Assim, surgiu um novo modo de entender o trabalho, o que modificou a estrutura social e comercial daquela época. Desde então, as empresas estão aperfeiçoando e readequando seus métodos de administração, no que diz respeito à estrutura organizacional, lida com funcionários, meios de comercialização e distribuição. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Assista aos seguintes vídeos: o primeiro sobre a Revolução Industrial; e, após, sobre a administração científica. https://www.youtube.com/watch?v=TtDgBoky3fo https://www.youtube.com/watch?v=FL7vrj8bPJs Os diferentes métodos ou modelos de gestão que foram aplicados ao longo da história são chamados de tecnologias de gestão. A seguir, leia a definição de tecnologias de gestão apresentada por Faria (1997, p. 30): “O conjunto de técnicas, instrumentos e estratégias utilizados pelos gestores (...) para controlar o processo de produção em geral, e de trabalho em particular, de maneira a otimizar recursos nele empregados, pondo em movimento a força de trabalho capaz de promover a geração de excedentes apropriáveis (lucro) de forma privada ou coletiva”. Há mais de cem anos, as organizações utilizam as tecnologias de gestão visando aproveitar ao máximo a sua capacidade produtiva. As primeiras tecnologias de gestão eram mais focadas no arranjo e distribuição física das atividades, como: layout, métodos e procedimentos, sequência e fluxo de produção, instruções de trabalho. Somente a partir da década de 1950, é que as tecnologias de gestão passaram a encarregar-se de questões subjetivas dos trabalhadores: comportamento, motivação e atitudes em relação ao trabalho e à empresa. Isso correu devido ao fim da Segunda Guerra Mundial, que ocasionou mudanças no cenário econômico e social de todo o planeta, resultando em maior competição entre empresas e a saturação do modelo estrutural (antigo) de gestão. Conforme explica Faria (1997), as novas tecnologias de gestão trouxeram onsigo técnicas comportamentais e ideológicas, envolvendo recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento de pessoas, mecanismos de motivação e incentivo, planos de carreira, benefícios, bonificações, criação de novos cargos compostos de atividades que proporcionassem mais satisfação ao seu titular, formas de integração entre funcionários, bem como da gestão e socialização da cultura da organização com ênfase nos seus valores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Assim, desde a Revolução Industrial, diversos modelos de gestão foram criados e utilizam tecnologias de gestão próprias. No início da década de 1900, nasceram os primeiros modelos de gestão, que hoje chamamos de Administração Clássica ou Abordagem Estrutural, com base na Organização Científica do Trabalho. Os principais formuladores dessas teorias são: Frederick Winslow Taylor, Henry Ford e Henri Fayol. Esses modelos são utilizados até hoje, mas com alterações e adaptações às mudanças sociais e econômicas manifestadas no decorrer dos anos. Para saber mais, leia os textos a seguir. http://www.infoescola.com/administracao_/administracao-cientifica/ http://www.infoescola.com/economia/fordismo/ http://www.portal-administracao.com/2014/01/fayol-e-processo- administrativo.html Após a Segunda Guerra Mundial, surgiu a Escola de Relações Humanas e a Escola Comportamental, revendo os conceitos da Administração Clássica e apresentando novos modelos de gestão chamados de Administração Neoclássica. Foi nesse período que começou a surgir a área de Comportamento Organizacional. Um marco no estudo da Escola de Relações Humanas foi a Experiência de Hawthorne(a qual veremos com detalhes no tema 5 desta aula). A partir da década de 1970, a Administração Neoclássica começou a ter dificuldades para manter-se ativa, não estava adaptando-se à instabilidade do mercado global. Por isso, como alternativa, criou um novo modelo, designado modelo de Gestão Flexível, o qual fica bem visível no Sistema Toyota de Produção. Ainda hoje, esse modelo é utilizado pelas organizações: favorece a flexibilidade, preparando as organizações para mudanças, valorizando funcionários flexíveis, multifuncionais, proativos, inventivos e inovadores, os que denominamos intraempreendedores. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 A seguir, assista ao vídeo sobre o Sistema Toyota de Produção. https://www.youtube.com/watch?v=SH8IItbvH_0 Observe que estamos falando de cinco modelos de gestão, que também podemos chamar de cinco teorias administrativas que foram sendo elaboradas no decorrer das décadas desde a Revolução Industrial, são elas: Administração Clássica Escola das Relações Humanas Teoria Comportamental Administração Neoclássica Gestão Flexível. Por que o estudo da evolução dos modelos de gestão é essencial para compreender o comportamento organizacional? Acompanhe o vídeo da professora Mary, disponível no material on-line, e entenda. Administração Clássica e Administração Neoclássica Administração Clássica A era da administração clássica surge com o processo de industrialização, período em que oficinas iam transformando-se em fábricas. Naquela época (pouco antes do ano 1900), não existia concorrência entre empresas do mesmo segmento como conhecemos hoje, pois poucas produziam produtos similares. O momento era estável e com poucas mudanças. Via-se um mercado de consumo desprovido de produtos, ou seja, alta demanda e baixa oferta. Por isso, se uma empresa produzisse algo, era fácil vender (FERREIRA et al., 2006). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Por essa razão, as empresas eram bem focadas na produção de bens duráveis. O que fosse produzido seria vendido, então, quanto maior a produção maior o lucro. Isso conduzia as empresas a terem estratégias para aumentar a produtividade utilizando a menor quantidade possível de recursos. Logo começaram a investir em tecnologias como máquinas que permitiam tornar a produção mais econômica, rápida e eficiente (FERREIRA et al., 2006). Foi nesse período que Frederick W. Taylor fez suas experiências e publicou o seu livro “Princípios de Administração Científica”, Henry Ford praticou os princípios de Taylor (que hoje conhecemos como Fordismo) na fabricação de automóveis, criando a linha de montagem. Também faz parte dessa época Henri Fayol que fez toda uma teoria focada na estrutura administrativa das organizações, elaborando princípios de gestão e funções dos gestores que são atuais até hoje (FERREIRA et al., 2006). Para saber um pouco mais sobre a contribuição desses três célebres empreendedores para o mundo corporativo, clique nos botões a seguir. Taylor Frederick W. Taylor (1856-1915) elaborou métodos e princípios para otimização da produção nas fábricas. Era favorável à racionalização do trabalho, economia de mão de obra, aumento da produtividade e corte de gastos que não fossem realmente necessários como energia, espaço, inclusive no que se referia ao comportamento dos trabalhadores (FERREIRA et al., 2006). Sendo o pioneiro da administração, Taylor foi o responsável pela Administração Científica porque aplicava métodos científicos (objetividade, mensurabilidade e controle) para aumentar a produtividade. O estudo dos Tempo e Movimentos foi o mais importante método de Taylor, ele analisava dentro dos processos de produção: conjunto de atividades nas quais era possível decompor tal processo, em quantos movimentos cada atividade poderia ser decomposta, tempo mínimo para a execução de cada movimento. Esse método visava organizar todo o processo produtivo, desde o início até o acabamento de tal produto, analisando como isso poderia ser feito CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 com o mínimo de atividades e de movimentos possíveis e maior rapidez (FERREIRA et al., 2006). O processo era dividido em tarefas (atividades) distribuídas entre um número suficiente de pessoas que as executariam de forma mais rápida e eficiente porque cada um era o responsável por uma etapa. Assim, ficaram conhecidos como os pressupostos do modelo Taylorista: divisão do processo de trabalho em atividades, atribuição de tarefas ao longo da linha de montagem, especialização dos trabalhadores em uma ou poucas atividades específicas (TAYLOR, 1995). Na busca da eficiência, o modelo taylorista dedicava-se à seleção e treinamento de pessoas, dando preferência àqueles que demonstravam maior força física na execução do trabalho. O treinamento era pontual, rápido e específico para a atividade a ser realizada na empresa (TAYLOR, 1995). O planejamento da execução do trabalho era completamente separado, pensado pelos gestores da organização, que planejavam todos os detalhes das atividades, todos os movimentos e ritmos a serem executados por cada trabalhador em sua função. A visão era que o trabalhador só tinha que executar atividades previamente estabelecidas de acordo com a ordem, a velocidade e do modo como foi treinado (TAYLOR, 1995). No modelo de Taylor, as pessoas são vistas como seres utilitários, ou seja, trabalham em troca de alguma coisa. Por isso, na era da Administração Clássica, o foco das tecnologias de gestão estava na questão salarial, nas recompensas financeiras. Geralmente, as pessoas recebiam por número de peças produzidas ou horas trabalhadas. Ford Henry Ford (1863-1947) fundou a Ford Motor Company em 1903. Ford tinha o objetivo de produzir carros com preço acessível, pois os poucos fabricantes da época produziam por um preço muito alto e quantidade muito pequena. Sua intenção era popularizar o automóvel. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Ele aplicou o modelo taylorista em suas fábricas. Além disso, inovou utilizando esteiras móveis nas linhas de montagem, de modo que cada trabalhador, em seu posto, realizava uma única tarefa sem sair do lugar, eram as peças que se moviam de um posto para outro. Os trabalhadores tinham que seguir o ritmo das esteiras, eles eram especialistas em uma única etapa do processo produtivo, repetindo os mesmos movimentos simples durante toda sua jornada diária de trabalho, dia após dia (CHIAVENATO, 2007). Fayol Na mesma época em que Taylor e Ford atuavam em seus modelos de gestão nos Estados Unidos, Jules Henri Fayol (1841-1925) estava na Europa pesquisando e desenvolvendo ideias semelhantes. Ele escreveu “Administração Industrial e Geral”, um livro que foca na estrutura administrativa da organização e no papel do administrador. Fayol teve uma participação inovadora na Administração Clássica. Ele modelou a estrutura organizacional para alcançar a máxima eficiência na produção e na gestão. Ou seja, fixou-se tanto no lado operacional quanto no lado gerencial. De acordo com Fayol, a melhor forma de estruturar uma empresa era dividindo-a em algumas funções essenciais apontadas por ele: funções técnicas (relacionadas à produção), funções comerciais (compras e vendas), funções financeiras (captação e gerenciamento de capitais), funções de segurança (proteção do patrimônio e das pessoas), funções contábeis (inventários, balanços, entre outros) e funções administrativas (que integrava todas as funções citadas)(CHIAVENATO, 2007). Fayol apontou as cinco principais funções dos administradores, que seriam: “planejar, organizar, comandar, coordenar e controlar o trabalho na organização”. Tais princípios até hoje fazem parte da administração. Ele enfatizava que essas cinco funções eram específicas do administrador, o que fortalecia a ideia da divisão entre os que planejavam o trabalho e os que CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 executavam o trabalho, ideia muito bem aceita na era da Administração Clássica (CHIAVENATO, 2007). Ainda nessa época, a maior parte das empresas tinham uma estrutura com muitos níveis hierárquicos, comando centralizado e comunicações centralizadas, toda comunicação só era válida se viesse de cima para baixo, todo o comando que vinha da alta chefia ia sendo repassado de nível em nível hierárquico até os mais inferiores. Não havia nenhuma chance de uma ideia, conhecimento ou informação dada por um trabalhador de um cargo de nível inferior ser considerada (CHIAVENATO, 2007). Em resumo, na era da Administração Clássica, os trabalhadores tinham cargos muito rígidos, simples e nunca variava ou mudava. Cada pessoa executava poucas ou uma só atividade, seus movimentos também eram reduzidos. Isso se repetia dia após dia, mês após mês. Apenas sua força física era útil para a empresa, como um animal sem nenhuma inteligência. Desse modo, tais cargos eram sofridos e conduziam a doenças da época. Podemos constatar esse fato no filme “Tempos Modernos”, de Charlie Chaplin – repetição e monotonia geravam tristeza, tédio e desmotivação. A rotatividade de funcionários por essa razão era bastante alta. Administração Neoclássica Após o final da Segunda Guerra Mundial (1945), o mundo viveu uma época de rápido crescimento econômico, industrial e tecnológico. A década de 1950 ficou conhecida como “Anos Dourados” em virtude da prosperidade que presenciou, como os novos conceitos em administração. Por volta de 25 anos a partir dessa época, houve mudanças extraordinárias no campo social e econômico – a sociedade transformou-se. O mercado começou a mudar, havia mais ofertas de empregos, as pessoas podiam trocar de emprego quando não estavam satisfeitas. Surgiram muitas organizações concorrendo com as já estabelecidas. Havia a necessidade de travar estratégias competitivas para vencer os concorrentes, para isso era CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 importante manter os funcionários mais eficazes e produtivos e também procurar por funcionários já com experiência, mais qualificados e competentes. Nesse contexto, surgiu a administração neoclássica ou teoria neoclássica – uma nova forma de ver a teoria clássica. Ela contém elementos da teoria clássica adaptados aos novos modelos de organização. Nessa época já existiam grandes corporações mundiais que evoluíram das pequenas e primitivas organizações oriundas da era da Revolução Industrial. Essas corporações necessitavam de um gerenciamento mais sólido. Foi quando surgiram grandes teóricos da administração, entre eles Peter Drucker e Michael Porter, os mais lidos nessa área. Os autores neoclássicos enfatizam que: “de nada adianta uma teoria sem a sua prática, pois organização alguma vive de teorias se estas não forem aplicadas ao seu cotidiano”. Desse modo, a administração serve “para suprir de ferramentas úteis os gestores das organizações” (SCATENA, 2011, p. 82). Assista ao vídeo a seguir e saiba mais sobre a teoria neoclássica. https://www.youtube.com/watch?v=MBNBgXWBYRU A partir da teoria neoclássica, ficaram estabelecidas as quatro funções dos administradores: planejamento, organização, direção e controle. Ela apresenta também quatro princípios básicos, clique em cada um para entender essa abordagem neoclássica. A divisão do trabalho ajuda a aumentar a produtividade, reduzir custos e auxiliar na eficiência dos processos. Como resultado da divisão do trabalho, tem-se a especialização, que implica na simplicidade, especificidade da tarefa, que faz do trabalhador um especialista naquela atividade. A hierarquia também é consequência da divisão do trabalho porque, tendo as tarefas todas subdivididas, é preciso ter um comando para unificar as partes de modo eficiente e eficaz. Segundo Scatena (2011, p. 83), “a autoridade, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 a responsabilidade e a delegação são ferramentas para o gestor controlar a produção ou serviços”. Na abordagem neoclássica: A autoridade é o direito que o gestor ou líder tem de tomar decisões, dar ordens, fazer usos de recursos para tornar possível o cumprimento dos objetivos da empresa e a responsabilidade é o comprometimento do subordinado em executar a tarefa que lhe foi delegada. (SCATENA, 2011, p. 83) Por amplitude da função administrativa entendemos que há uma relação com o número de indivíduos subordinados a um administrador. Na amplitude extensa temos o administrador responsável por muitos subordinados, caracterizando uma estrutura larga ou achatada, isto é, poucos níveis hierárquicos. E, na amplitude estreita, há muitos níveis hierárquicos, cada administrador com um número menor de subordinados, caracterizando uma estrutura mais alta ou alongada. Na teoria neoclássica, é feito um comparativo entre a centralização e a descentralização de poder quanto aos níveis hierárquicos. No entanto, ela não diz se a centralização é melhor que a descentralização, nem o contrário. Cabe a cada organização analisar qual das duas será mais eficaz com base nas características do negócio, do tamanho e de sua complexidade. O quadro a seguir mostra as diferenças entre centralização e descentralização: Quadro 1: Centralização versus descentralização Fonte: Scatena (2011, p. 84-85) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 Agora veja essa abordagem das teorias clássicas e neoclássicas sob a óptica da professora Mary. Não perca! Vídeo disponível no material on-line. Escola das Relações Humanas e Escola Comportamental Essas duas linhas do pensamento em administração são muito influenciadas pela psicologia. Trata-se de dois grupos de teorias que estudam temas referentes aos aspectos socioemocionais e comportamentais dos indivíduos no ambiente de trabalho. Dentre os temas estão: personalidade, emoções e relações – fatores que levam os trabalhadores a terem ou não mais responsabilidade ou comprometimento com a empresa onde atuam. Um grande marco dos estudos da Escola de Relações Humanas foi a experiência de Hawthorne. Era o ano de 1927, o Conselho Nacional de Pesquisas dos Estados Unidos deu início a uma pesquisa em uma fábrica de relés de telefone, com o objetivo de apresentar a relação entre a intensidade da iluminação e a produtividade dos trabalhadores. No departamento de montagem dos relés trabalhavam somente mulheres. Uma das principais conclusões da experiência de Hawthorne foi que as pessoas produzem melhor quando são valorizadas e tratadas com dignidade. Ou seja, o que realmente causou o aumento da produção foi o fato das trabalhadoras perceberem que pessoas de fora as estavam observando, então elas sentiram-se importantes, privilegiadas por estarem participando de uma pesquisa. Em resumo, fatores emocionais, psicológicos e sociais influenciam na produtividade, sem deixar de lado as condições físicas do ambiente organizacional. Foi essa descoberta que alavancou novas pesquisas em psicologia organizacional e em administração. Sobre a experiência de Hawthorne, assista ao vídeo a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=gzFImRjr2ywCCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 Desde as primeiras empresas criadas até hoje, uma verdade é absoluta: a finalidade da iniciativa privada é obter lucro. A escola das Relações Humanas, juntamente com a Teoria Comportamental, só contribuiu para essa “obtenção de lucro” quando passou a levar em conta as emoções, motivações e atitudes dos empregados no ambiente de trabalho, buscando meios de envolvê- los em ações importantes como planejamento, organização, direção e controle do trabalho deles mesmos, o que antes era inconcebível. Também se começou a estimular o desenvolvimento de equipes e trabalho, acreditando na força criativa e inovadora de várias pessoas, atuando juntas em prol de objetivos comuns. Como surgiu a Abordagem Comportamental da Administração? Há um grande teórico e pesquisador da Escola de Relações Humanas chamado Kurt Lewin, que desenvolveu trabalhos voltados à dinâmica de grupos. Em seguida, George Homans desenvolveu estudos sobre sociologia funcional de grupo. E, por último, Herbert Simon com suas pesquisas sobre comportamento administrativo. Esses foram os principais propulsores da abordagem comportamental. Tais teóricos moldaram uma nova configuração da administração a partir da década de 1950. Eles introduziram novos conceitos e novas variáveis que apontaram para uma nova perspectiva da teoria da administração fundamentada no comportamento humano nas organizações (FERREIRA et al., 2006). A abordagem comportamental teve origem dentro das ciências comportamentais, principalmente, na psicologia organizacional. Analisa, por meio das ciências, o comportamento na teoria administrativa, a busca de soluções mais democráticas e mais flexíveis para dilemas organizacionais. A partir da abordagem comportamental, a preocupação que antes se tinha com a estrutura passou a ser voltada para os processos e a dinâmica organizacional. A ênfase maior passou a ser nas pessoas dentro do ambiente organizacional. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 Dentro da abordagem comportamental é que encontramos a Teoria Comportamental2, também conhecida como Teoria Behaviorista, a qual apontou um novo caminho e novo foco no conjunto das teorias administrativas: a questão das ciências comportamentais; a renúncia às posições normativas e prescritivas de teorias precedentes; e a adesão a posições explicativas e descritivas. Ou seja, o mais importante fator de produtividade são as pessoas. A teoria comportamental surgiu de dentro da Escola de Relações Humanas, foi uma evolução desta. Ela pregava a valorização do trabalhador e baseava-se em estudos comportamentais realizados em áreas diversas, como antropologia, psicologia e sociologia. A teoria comportamental adotou para a administração conceitos que anteriormente só eram utilizados por essas outras áreas de conhecimento, com o objetivo de entender com mais profundidade o que motiva as pessoas para se comportarem ou apresentarem determinadas atitudes, como fazem certas coisas especificamente no ambiente de trabalho. Por que é importante para nós o estudo da Teoria Comportamental? A Teoria Comportamental é a base para a nossa disciplina, pois a estudaremos nas próximas aulas. Veremos a motivação humana e algumas teorias da motivação, entre elas, a mais conhecida que é a pirâmide das necessidades de Maslow. 2 Alguns nomes importantes da teoria comportamental são: Kurt Lewin, Rensis Likert, Douglas McGregor, Chris Argyris, Herbert Simon, J.G.March. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 32 Na nossa disciplina “Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo”, vamos estudar conteúdos que começaram a se desenvolver a partir dessa época, por meio de pesquisas sobre comportamento nas organizações, personalidade, motivação, liderança, tomada de decisão, comprometimento, dinâmica de grupos, comunicação, entre outros, que hoje são comumente adotados e praticados em administração. Enfim, vamos rever o conceito de Comportamento Organizacional descrito por Robbins, Judge e Sobral (2010, p. 7): “Comportamento organizacional (CO) é um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura organizacional têm sobre o comportamento das pessoas dentro das organizações, com o propósito de utilizar esse conhecimento para melhorar a eficácia organizacional”. Vamos conferir a videoaula a seguir, em que a professora Mary apresenta os conceitos da Escola das Relações Humanas e Escola Comportamental. Vídeo disponível no material on-line. TROCANDO IDEIAS Chegou o momento de trocar ideias com os seus amigos! Você conhece ou já ouviu falar de uma empresa que está há muito tempo no mercado, mantendo-se relativamente bem ou até mesmo em crescimento, onde ela não tem nenhuma preocupação com os aspectos socioemocionais das pessoas, tanto que seus trabalhadores se sentem oprimidos, desmotivados e não gostam de trabalhar nessa empresa, apenas continuam ali por falta de outra oportunidade? Se conhece, como você explicaria o fato de ela manter-se ou até mesmo crescer no mercado? Ela estaria agindo corretamente? Coloque suas ideias no nosso fórum. Participe! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 33 Na Prática Vamos voltar ao início da aula! Lembra da historinha de Maria e Marta que trabalham juntas no setor de embalagens de uma empresa. Então, qual das duas é a intraempreendedora? Você respondeu Maria? Isso mesmo! Maria é inovadora, criativa, comprometida e quer o melhor para a sua empresa. Então, veremos a partir de hoje, como as pessoas agem ao pertencer a uma organização e o modo como seu comportamento interfere no desempenho da organização. Para finalizar esse tema, assista ao vídeo sobre “A Fábula do Rato e o Ambiente de Trabalho” no link a seguir. https://www.youtube.com/watch?v=AvVcScaKsyk Síntese Na aula de hoje vimos alguns conceitos, tais como: organização, empresa, comportamento organizacional. Vimos também que algumas disciplinas servem de apoio para o comportamento organizacional, são elas: psicologia, sociologia, psicologia social, antropologia e ciência política. Estudamos sobre intraempreendedorismo, analisamos os modelos de gestão, importante para que nós possamos entender como foi que as teorias da administração chegaram ao estudo do Comportamento Organizacional e Intraempreendedorismo. Depois veio a Escola de Relações Humanas e a Escola Comportamental, mudando o foco da administração para o fator humano nas organizações. A partir da abordagem comportamental, a preocupação que antes se tinha com a estrutura passou a ser voltada para os processos e a dinâmica organizacional. A ênfase maior passou a ser nas pessoas dentro do ambiente organizacional. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 34 Acompanhe, a seguir, a videoaula em que a professora Mary aponta suas principais considerações sobre os conceitos vistos nesta aula. Vídeo disponível no material on-line. Referências CHIAVENATO, Idalberto. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. FARIA, J. H. de. Tecnologia e Processo de Trabalho. UFPR, Curitiba, 1997. FERREIRA, Victor Claudio P. et al. Modelos de Gestão. 2.ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006. MATTOS, J. F. C. Manual de Inovação. Movimento Brasil Competitivo. Brasília/DF, 2008. ROBBINS, S. P.; JUDGE, T. A.; SOBRAL, F. Comportamento Organizacional: teoria e prática no contexto brasileiro.14.ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. SCATENA, Maria Inês C. Ferramentas para a moderna gestão empresarial: teoria, implementação e prática. 2.ed. Curitiba: IBPEX, 2011. TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 1995. URIARTE, Luiz Ricardo. Identificação do Perfil Intraempreendedor. Florianópolis, 2000. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, UFSC, 2000.
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