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EFEITOS DA CONSCIENCIA COLETIVA NA SOCIEDADE

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UNIVERSIDADE FEREDAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
				
EFEITOS DA CONSCIÊNCIA COLETIVA NA SOCIEDADE
 
Sávio Costa e Silva
Belo Horizonte
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
EFEITOS DA CONSCIÊNCIA COLETIVA NA SOCIEDADE
Trabalho apresentado como recurso avaliativo na disciplina de Sociologia I, ministrada pelo professor Dimitri Fazito.	
 
Belo Horizonte
 2017
“O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida própria; podemos chamá-lo de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; ela é, por definição, difusa em toda a extensão da sociedade, mas tem, ainda assim, características específicas que fazem dela uma realidade distinta. De fato, ela é independente das condições particulares em que os indivíduos se encontram: eles passam, ela permanece. (...) ela é, pois, bem diferente das consciências particulares, conquanto só seja realizada nos indivíduos. Ela é o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de desenvolvimento, do mesmo modo que os tipos individuais, muito embora de outra maneira”. (DURKHEIM, 2010, p. 50)
A consciência coletiva, segundo Èmile Durkheim, é a força coletiva exercida sobre os indivíduos, que faz com estes ajam e vivam de acordo com as normas da sociedade na qual estão inseridos. No que diz respeito às normas e leis civis que regem uma sociedade, a consciência coletiva funciona como apoio para que essas leis sejam seguidas, uma vez que a coerção imposta por esta faz com que as pessoas inseridas nesse âmbito social ajam da forma imposta pelo sistema legislativo, evitando, assim, crimes e má conduta social, tornando o ambiente social mais agradável para todos que o compõe. Durkheim defendia que o crime não era presente em apenas na maior parte das sociedades e não o associava à cultura de um determinado povo, ele defendia a normalidade do crime, isto é, em toda sociedade haverá crime e desvio das condutas regradas e pré-estabelecidas por uma sociedade, em outras palavras, para Durkheim, uma sociedade sem crime seria uma sociedade impossível e utópica. 
A normalidade do crime estabelecida por Durkheim não anula a consciência coletiva de agir em relação a ele. Ela serve como uma balança que equilibra a sociedade, diminuindo os crimes e impedindo um estado de anomia total num ambiente social de um determinado povo.
Em contrapartida, a consciência coletiva também pode dividir uma sociedade, segregar determinados indivíduos e excluí-los do meio social que o cerca, tendo em vista que desde que nascemos estamos submetidos aos efeitos que essa consciência tem sobre nós: somos ensinados a como nos comportar, como nos vestir, como agir diante de determinadas situações, etc. Uma vez que estamos sujeitos a essas ações, não é simples esquivarmos do impacto causado por elas.
Os padrões impostos pela consciência coletiva variam em relação à cultura, gênero, religião, classe social e outros. Com a finalidade de aperfeiçoar uma sociedade atingindo uma alta coesão social, a consciência coletiva muitas vezes força os indivíduos a pré-julgar pessoas que não se encaixam em um padrão pré-estabelecido por ela, excluindo assim essas pessoas ou pressionando-as para se ajustarem nesse padrão. A heteronormatividade, as normas de etiqueta e boas maneiras, a estética corporal, a espiritualidade e o casamento são bons exemplos de padrões que a sociedade nos impõe através da consciência coletiva. 
Embora não haja punição civil, ao ignorar esses padrões impostos, a pessoa que o faz terá que lidar com desprezo, desaprovação, desconfiança, olhares de repulsa, exclusão social e muitos outros fatores que desencadeiam problemas de autoestima, problemas psicológicos e até doenças mais graves como a depressão. A consciência coletiva é rígida e não apenas exclui seus transgressores como também os agride fisicamente, verbalmente e psicologicamente. 
Pegando o bullying como um exemplo de como é representada a imposição dessa consciência coletiva, temos uma pesquisa publicada em 2015 no The British Medical Journal (BMJ), uma publicação periódica no Reino Unido e uma das mais influentes publicações sobre medicina no mundo, coordenada pela Universidade de Oxford, relacionou casos de depressão em jovens de 18 anos, com casos de bullying aos 13 anos. 3.898 participaram dessa pesquisa, respondendo aos 13 anos questionários sobre bullying, e aos 18 responderam questões sobre depressão. 
De acordo com esses questionários, 638 adolescentes que disseram ter sofrido bullying frequentemente, 14,8% apresentaram depressão aos 18 anos. Dos 1.446 adolescentes que foram vítimas de bullying, porém não com a mesma frequência, 7,1% apresentaram depressão aos 18 anos. Apenas 5,5% dos adolescentes que nunca foram vítimas de bullying apresentaram depressão nessa idade.
O padrão que relaciona o bullying e a depressão continuou forte mesmo quando os especialistas levaram em conta fatores como bullying prévio na infância, histórico familiar, problemas mentais e comportamentais e eventos estressantes na vida. Ademais, a proporção foi a mesma entre meninos e meninas. No fim, os especialistas concluíram que 30% dos casos de depressão podem ser relacionados ao bullying na adolescência.
Vale a pena observar como as regras sociais influem na nossa concepção de vida. Somos instruídos a aceita-las e eventualmente fica quase impossível diferenciar o que realmente gostamos daquilo que fomos ensinados a gostar. Nossos objetivos nos são instruídos a todo momento, dentro e fora de casa, independente da idade.
Convencionou-se um padrão de felicidade em nossa cultura, onde devemos nos casar e constituir uma família para sermos pessoas realizadas e, aqueles que escolher por não se adaptarem a essa formula de felicidade fabricada, ficam vulneráveis ao julgamento social; encalhado ou homossexual se optar por não casar e frustrado ou egoísta se optar por não ter filho. Libertar-se desses paradigmas fica cada vez mais difícil, pois são reforçados diariamente e a todo momento, principalmente pela mídia. 
A mídia é a ferramenta mais poderosa quando se trata de reforçar esses padrões, pois está em todos os lugares e acessível para todas as pessoas: televisão, jornais, revistas, anúncios, outdoors, internet, rádio. Vemos propagandas de margarinas com famílias sorridentes e alegres, mostrando que a felicidade é necessariamente casar-se e ter filhos. Vemos as modelos, mostrando que o corpo ideal é ser magra, alta e ter curvas acentuadas. Vemos propagandas de escolas e cursinhos, mostrando que o padrão de sucesso e realização pessoal é ter no mínimo uma graduação. 
O oportunismo da mídia promove uma sensação de insegurança na população, visando que essa insegurança faça com que esses indivíduos busquem algum tipo instrução do que fazerem, o que encontram na própria mídia. Somos instruídos ao que comprar e quando comprar, ao que vestir e quando vestir, somos influenciados a questionar nosso próprio estilo de vida, a questionar nosso corpo, nossas maneiras, como criar nossos filhos. Tentamos, a todo momento, mesmo que inconscientes, nos adaptar a esses padrões, e isso vem causando, na nossa sociedade, series de problemas psicológicos, distúrbios alimentares, e transtornos e compulsões ao longo do tempo.
Por fim, é possível afirmar que a consciência coletiva não apenas auxilia para melhorar a vida civil de uma sociedade, mas também atua como um fator prejudicial para a vida social e privada dos indivíduos que compõe um determinado grupo social. Quanto mais forte for a consciência coletiva, mais o individuo é absorvido pelas opiniões e tendências dela. Questionar as normas dessa força coercitiva sobre nós, isto é, não se deixar acorrentar nos padrões impostos, pode trazer uma certasensação de liberdade, uma vez que possamos fazer nossas escolhas baseadas no que realmente queremos e buscar uma felicidade autentica, diferente da felicidade genérica que nos é condicionada pela consciência coletiva.
Referências
DURKHEIM, E. Da divisão do trabalho social. WMF Martins Fontes, São Paulo, 2010
PORTAL MINHA VIDA. Um terço dos casos de depressão em jovens adultos está ligado a bullying na adolescência. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/saude/galerias/18628-um-terco-dos-casos-de-depressao-em-jovens-adultos-esta-ligado-a-bullying-na-adolescencia-aponta-estudo/> Acesso em: 10 de novembro de 2017
DEMOLINARI, SIMONE. A Sociedade e suas imposições. Disponível em: <http://hojeemdia.com.br/opinião/colunas/simone-demolinari-1.334203/a-sociedade-e-suas-imposições-1.369241> Acesso em: 11 de novembro de 2017

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